AS ASSOCIAÇÕES E A LIDERANÇA
1. À medida que se acumulam as experiências ao longo da história, as perspectivas de poder pela segurança tendem a se transformar em perspectivas de poder pelo bem estar.
2. As perspectivas são expressas através das lideranças.
Liderança é o "controle interno e a representação externa de um grupo por um ou algum de seus membros que derivam seu poder de:
Prestígio Autoridade delegação Idade
Ou investidura sobrenatural
A atuação do líder tem o poder de provocar:
Interação social Interação mental Interação ideológica
3. líder, como órgão de interação, detém consigo considerável parcela da experiência coletiva e fará prevalecer os conceitos de representação coletiva resultantes do acervo que detém consigo enquanto este acervo representar instrumento válido e adequado de sobrevivência e adesão coletivas, para os liderados.
Quando dizemos sobrevivência e adesão queremos nos referir aos objetivos do indivíduo conjugados com sua existência dentro do grupo.
Na realidade o líder surge, predomina, cria, institui, orienta, luta, vence ou é vencido dentro do processo dialético de extensão do conceito de sobrevivência ou seja, dentro do processo dinâmico pelo qual este se desenvolve e com ele o líder se identifica.
A extensão do conceito de sobrevivência também acompanha a extensão do conceito de número, como se verá a seguir:
NÚMERO SOBREVIVÊNCIA
Concreto Longevidade (veneração)
Abstrato Força
Absoluto Autoridade Relativo Prestígio Inteiro Discriminação Fracionário Acumulação
Racional Reserva (abastança) Irracional Subsistência
Real Representação
Imaginário Liberdade
Complexo Desenvolvimento
O processo de extensão progressista do conceito de sobrevivência deu origem a expressões significativas do contexto de liderança, como sejam:
- venerável ancião
- força militar - autoridade real
- a mais distinta nobreza - judeu avaro
- abastado comercial - regime de subsistência - representação condigna - livre pensador
- desenvolvimento
4. A experiência recomendou a criação e institucionalização de agrupamentos válidos para a preservação dos critérios de sobrevivência: são as instituições.
As instituições têm os seguintes graus e correspondências:
1º concreto: Município Empresa 2º abstrato : Estado
Fundação 3º absoluto : País
Superintendência 4º relativo: ONU
Fundo rotativo
No campo oposto ou configurado como "de geral consenso", ora descrito, existe outro, o campo do contradomínio, isto é, aquele das futuras instituições latentes, e que são:
- Departamento, entre empresa e fundação - Cooperativa, entre fundação e superintendência - C.E.C.A, entre superintendência e fundo rotativo.
Os modelos atualmente existentes se comportam diversamente, dentro de um quadro de competição ideológica.
Assim, as mais antigas instituições associativas eram precípuamente escravocratas e servis;
hoje são patronais e operárias. As antigas eram oriundas de poder despótico; os modernos do poder limitado, ou melhor, auto-limitado.
Os lideres controlam as associações, mediante detenção pessoal de:
a. Idéia de quantidade:
Conjunto de pessoas Cálculo de relações Perspectivas de ação;
b. Idéia de qualidade:
Tipo de instituição:
Conselho Campanha Paço Feudo Sindicato Partido Câmara Universidade
Cooperativa.
5. No mundo atual as perspectivas da coletividade para sobrevivência dos indivíduos, giram em torno da experiência de:
- classe: adquirida nos sindicatos;
- comunidade: adquirida nos partidos;
- massa: adquirida nas cooperativas.
As categorias de liderança abrangidas neste quadro institucional moderno para a sobrevivência e ação socais são as seguintes:
- banqueiro - burguês - proletário - político - humanista - companheiro.
6. Para o líder são princípios de ação:
a. Todo sistema é dogmático;
b. A cooperação é um fato concreto;
c. A massa se rege por reflexos condicionados;
d. equilíbrio institucional é abstrato;
e. A informação dialética propicia o companheirismo, estimula o desenvolvimento e propõe um sistema de bem estar.
Em último termo, tende-se para um limite em que - "um por todos, todos por um"; ou
- "todo membro da comunidade é responsável pelo bem estar coletivo".
7. As lideranças e as associações unem esforços para planejar ou planificar a ação social em termos de segurança e de bem estar.
Os conceitos de segurança e bem estar são desiguais em seu significado valorativo, porém estão sempre aparelhados, dois a dois, nos pontos de curva representativa da evolução social.
Tendo em vista suas concepções de segurança e bem estar, - o ancião planeja o costume
- o militar planeja a campanha
- o rei planeja o direito divino, a ordenação, a dinastia - o conselheiro planeja a jurisprudência
- o nobre planeja a hierarquia - o banqueiro planeja o crédito - o burguês planeja o negócio - o operário planeja a união
- o político planeja a representação - o humanista planeja a paz
- o companheiro planeja a cooperação.
De infinitas ações de planejamento resultam:
Clã Dinastia
Casta Classe Comunidade Massa
Modelos típicos de ações desta natureza são:
Invasão Legitimação
Acordo ou compromisso Concentração
Integração.
Nestas formas de ação sempre lideradas, está implícita a logística - do grego logistikos - que sabe calcular.
8. Ao longo da história o vocábulo aparece com os seguintes sentidos:
- em grego, o que sabe calcular
- em latim, o administrador ou intendente dos exercícios romanos e bizantinos (logista);
- em ciência antiga, sistema de calcular praticamente com números, em contraposição às máquinas que representam o método cientifico de calcular;
- Cf. Vieté (1591), distinguiam-se:
- logística numerosa para cálculo numérico
- logística especiosa para cálculo por meio de letras.
- Cf. Boursherd (1782), logística era estratégia;
- Cf. Lloyd (1813) e Cambray (1829/30): filosofia da guerra;
- Cf. barão de Jomini, em seu compendio A arte da guerra, divide esta em três partes:
I. A estratégia II. A tática III. A logística.
Esta era:
a. Arte prática de mover exércitos;
b. Arte de dispor os pormenores materiais das marchas e formações;
c. Estabelecimento de acampamentos e acantonamentos, sem atrincheirar.
- Cf. Almirante e Rustow,
a. exército é um organismo completo;
b. a tática é a idéia da idéia de ação;
c. a logística é a arte de execução das operações de guerra;
d. a logística é a ciência do Estado Maior.
- Cf. autores modernos, a logística é o mesmo que lógica matemática:
a. transcrição algébrica do raciocínio;
b. também chamada lógica teórica lógica simbólica
álgebra da lógica cálculo lógico
algoritmo lógico.
c. Acentuadas tendências formalisticas;
d. Construção metodológica à base do máximo número de pessoas puramente formais;
e. Momentos históricos:
Leibnitz: "De arte combinatória"
Raymundo Lullo: "Ars magna et ultima"
Kircher: "Ars magna sciendi"
Máquina de pensar (R. Lullo) Tabuada de Pythagoras Triângulo de Pascal f. Marcel Boll:
I. Elementos de Lógica Cientifica, 1942;
II. Manual de Lógica Cientifica, 1948.
9. Em Atenas, logista era nome de um membro de uma comissão de dez cidadãos, eleita anualmente, com o encargo de verificar as contas dos magistrados que deixavam os seus cargos.
O termo provinha de logos, conta.
Assim também logística era a designação antiga de uma parte da álgebra na qual se tratava das primeiras operações, isto é, da soma, subtração, etc.
Veio, pois, a significar a aplicação à lógica formal de símbolos algébricos ou análogos aos da álgebra, com o nome de "lógica nova" e outros já citados.
Foi no Congresso de Filosofia de Genebra (setembro de 1904) que Itelson, Lalande e Couturat propuseram a adoção do termo logística em lugar daqueles nomes.
De tudo se conclui que os líderes, valendo-se da logística, calculam taticamente as ações, em seus modelos típicos, e planejam estrategicamente as instituições de segurança e Bem Estar.
A praxis gera as formas de sociabilidade.