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EXMO. SR. JUIZ DE DIREITO DA VARA EMPRESARIAL DA COMARCA DA CAPITAL- RJ

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Academic year: 2021

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EXMO. SR. JUIZ DE DIREITO DA VARA EMPRESARIAL DA COMARCA DA CAPITAL-

RJ

A COMISSÃO DE DEFESA DO CONSUMIDOR DA ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO, vem, pela presente, por seus procuradores que esta subscrevem (M.I.), de acordo com o artigo 5º, inciso II, da Lei 7.347/85, c/c os artigos 82, inciso III e, 83 ambos do CDC, propor a presente

AÇÃO CIVIL PÚBLICA COM PEDIDO DE LIMINAR

em face de GOLDEN CROSS S.A, à Rua Moraes e Silva, n.º 40, Maracanã, Rio de Janeiro – RJ, com fundamento nos artigos 6º, inciso VI; 14, incisos 39, V e X e 51, inciso X, todos da Lei n.º 8.078/90 (Código de Defesa do Consumidor)e artigo 273 do CPC, nos termos a saber:

DA LEGITIMIDADE DO PÓLO ATIVO:

Prevê o artigo 63 da Constituição Estadual: “O Consumidor tem o direito à proteção do Estado.”, por sua vez este mesmo artigo, em seu Parágrafo Único, dispõe que : “A proteção far-se-á entre outras medidas criadas em lei, através de : I – Criação de Organismos de defesa do Consumidor, VIII – Assistência Jurídica integral e gratuita ao consumidor, curadorias de proteção no âmbito do Ministério Público e Juizados Especiais Cíveis, obrigatórios nas cidades com mais de duzentos mil habitantes”.

Por sua vez, o art. 82, inciso III, da lei 8.078/90 (Código de Defesa do Consumidor) concede legitimidade aos órgãos da administração pública, ainda que sem personalidade jurídica, mas que se destinem, especificamente, aos interesses e direitos por ela protegidos, para a representação em juízo na defesa de tais interesses.

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outros, e integra o Sistema Nacional da Defesa do Consumidor, nos termos do disposto no decreto federal nº2.181, de 20 de março de 1997.

DA LEGITIMIDADE DO PÓLO PASSIVO:

A operadora de plano e seguro saúde GOLDEN CROSS S.A, acima qualificada, com fundamento nos artigos 6º, inciso VI; 14, incisos 39, V e X e 51, inciso X, todos da Lei n.º 8.078/90 (Código de Defesa do Consumidor) e artigo 273 do CPC, integra o pólo passivo da presente demanda, uma vez que vem aumentando de forma abusiva os valores das mensalidades de seus associados de forma a desequilibrar as relações de consumo.

A empresa ré, como operadora de planos e seguros de saúde, desempenha atividade descrita no caput do art.3º do Código de Defesa do Consumidor e especificada em seu par. 2º, detendo, portanto, a condição de fornecedora de serviços.

Art.3º: “Fornecedor é toda pessoa física ou jurídica, pública ou privada, nacional ou estrangeira, bem como os entes despersonalizados que desenvolvem atividades de produção, montagem, criação, construção, transformação, importação, exportação, distribuição ou comercialização de produtos ou prestação de serviços.

Par.2º: Serviço é qualquer atividade fornecida no mercado de consumo mediante remuneração, inclusive as de natureza bancária, financeira, de crédito e securitária, salvo as decorrentes das relações de caráter trabalhista.”

Desta feita, sendo a demanda verdadeira protagonista de relação de consumo, está legitimada a figurar no pólo passivo da ação ora aforada.

DOS FATOS

Inicialmente, antes de adentrar nos fatos, cumpre esclarecer que os contratos (seguro saúde) ora em discussão são regidos pela Lei 8.0878/90 (Código de Defesa do Consumidor), bem como pelas cláusulas neles inseridas, tendo em vista que os mesmos foram estabelecidos antes de a Lei 9656/98 entrar em vigor, e pela condição dos associados de consumidores finais dos serviços, de acordo com o artigo 2º do CDC, e pela condição de fornecedoras das rés, conforme artigo 3º do mesmo diploma legal.

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de dar cobertura aos procedimentos médicos utilizados (internações em hospital, consultas médicas...), de acordo com as cláusulas contratuais.

De acordo com as cláusulas contratuais, as mensalidades poderiam ser reajustadas de duas formas: anualmente, de acordo com as necessidades (ou pelo índice previsto nas cláusulas contratuais), e sempre que os segurados ingressassem nas faixas etárias previstas nos contratos.

Os meios de comunicação vinham divulgando, exaustivamente, o fato de que o valor das consultas médicas, bem como das internações hospitalares, não eram reajustadas há 07 anos. Os segurados, inclusive, em razão deste fato, estavam na iminência de não terem suas consultas e internações cobertas pelos seus respectivos planos ou seguros, devido à ameaça de paralisação no atendimento aos segurados da ré feita por médicos e estabelecimentos de saúde credenciados. O atendimento só seria feito aos pacientes que pagassem por tais serviços.

Todavia, a ré, anualmente, jamais deixou de aplicar os reajustes previstos nos contratos, sempre de acordo com os índices oficiais responsáveis pela medição da inflação (IGPM, IPCA...), ou pelo índice previsto nas cláusulas contratuais.

Ocorre que, a ré, unilateralmente conforme reclamações em anexo, reajustou as mensalidades em 20,5%.

Tal aumento está muito além dos índices oficiais (ou dos índices previstos nos contratos), sendo que a operadora tenta justifica-lo com o fraco argumento de que o mesmo se deu em razão dos aumentos das despesas com hospitais e médicos.

Ademais, conforme foi recentemente divulgado pelos meios de comunicação, a ré, de acordo com parecer dado pela ANS e órgãos de defesa do consumidor, só poderia aplicar o reajuste de, no máximo, 11,75%. Um aumento acima deste percentual, que está de acordo com os índices que medem a variação da inflação, portanto, é considerado abusivo.

DO DIREITO

O contrato de plano ou seguro saúde é contrato cativo de longa duração, onde o consumidor, devido a vários fatores (como o prazo de carência já cumprido, a possibilidade de, em razão da idade, ter que pagar, em caso de mudança de operadora, mensalidades com valor bem mais elevado, e o estado de semifalência da saúde pública), torna-se extremamente dependente dos serviços prestados pelas operadoras e seguradoras, chegando ao ponto de não conseguirem mais se desvencilhar do contrato, sujeitando-se, inclusive, a imposições, por vezes abusivas, do fornecedor, conforme ensina a renomada autora Cláudia Lima Marques em sua obra “Contratos no Código de Defesa do Consumidor”:

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a) Descrição do fenômeno – Desde a segunda edição deste livro, pareceu-nos necessário incluir, nesta seção dedicada à análise da nova realidade contratual massificada, algumas observações sobre um fenômeno que se observa no mercado brasileiro atual. Trata-se de uma série de novos contratos ou relações contratuais que utilizam os métodos de contratação de massa (através de contratos de adesão ou de condições gerais dos contratos), para fornecer serviços especiais no mercado, criando relações jurídicas complexas de longa duração, envolvendo uma cadeia de fornecedores organizados entre si e com uma característica determinante: a posição de ‘catividade’ ou ‘dependência’ dos clientes, consumidores”.(Pág. 78/79)

“Esta posição de dependência ou, como aqui estamos denominando, de ‘catividade’, só pode ser entendida no exame do contexto das relações atuais, onde determinados serviços prestados no mercado asseguram (ou prometem) ao consumidor e sua família status, ‘segurança’, ‘crédito renovado’, ‘escola ou formação universitária certa e qualificada’, ‘moradia assegurada’ ou mesmo ‘saúde’ no futuro. A catividade há de ser entendida no contexto do mundo atual, de indução ao consumo de bens materiais e imateriais, de publicidade massiva e métodos agressivos de marketing, de graves e renovados riscos na vida em sociedade, e de grande insegurança quanto ao futuro”. (Pág. 79) “Os exemplos principais destes contratos cativos de longa duração são as novas relações banco-cliente, os contratos de seguro-saúde e de assistência médico-hospitalar, os contratos de previdência privada, os contratos de uso de cartão de crédito, os seguros em geral, os serviços de organização e aproximação de interessados (como os exercidos pelas empresas de consórcios e imobiliárias), os serviços de transmissão de informações e lazer por cabo, telefone, televisão, computadores, assim como os conhecidos serviços públicos básicos, de fornecimento de água, luz e telefone por entes públicos ou privados”. (Pág. 79)

“Nestes contratos de trato sucessivo a relação é movida pela busca de uma segurança, pela busca de uma futura prestação, status ou de determinada qualidade nos serviços, o que reduz o consumidor a uma posição de cativo – cliente do fornecedor e de seu grupo de colaboradores ou agentes econômicos. Após anos de convivência, da atuação da publicidade massiva identificando o status de segurado, de cliente ou de conveniado a determinada segurança para o futuro, de determinada qualidade de serviços, após anos de contribuição, após atingir determinada idade e cumprir todos os requisitos exigidos, não interessa mais o consumidor desvencilhar-se do contrato”. (Pág.

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expectativas. Em outras palavras, para manter o vínculo com o fornecedor aceitará facilmente qualquer nova imposição por este desejada” (Pág. 90)

Esta dependência coloca o consumidor em posição extremamente vulnerável em relação ao fornecedor. Em razão desta vulnerabilidade o legislador expressamente previu que as relações de consumo são regidas pelo princípio da boa fé e da equidade, considerando que, conforme previsto em vários dispositivos do Código, diversas práticas são consideradas abusivas.

As práticas consideradas abusivas são vetadas pelo Código de Defesa do Consumidor. De acordo com seu artigo 39, incisos V e X, a elevação sem justa causa do preço dos produtos ou serviços, bem como a exigência ao consumidor de vantagem manifestamente excessiva, é considerada prática abusiva.

O reajuste nas mensalidades dos planos e seguros de saúde dos consumidores, acima do previsto pelos índices oficiais que medem a variação da inflação, ou do índice aceito pelos órgãos de defesa do consumidor em conjunto com a ANS (11,45%), até que seja comprovada a real necessidade, é considerado abusivo, portanto, deve ser vetado. Este reajuste, da forma com está sendo imposto aos consumidores que assinaram contrato antes de dezembro de 1999, fere o princípio da boa fé (pode ser interpretado como uma rescisão unilateral indireta do contrato, por talvez não interessar mais ao fornecedor continuar com a relação contratual), da função social do contrato e da equidade (pois coloca o fornecedor em posição extremamente vantajosa).

O comportamento adotado pela ré é totalmente contrário a boa fé, da função social do contrato e da equidade, já que praticamente força os consumidores a abandonarem seus planos ou seguros (ou migrar para um plano regido pela lei 9656/98, ou adaptar à mencionada lei), frustrando suas expectativas, despertadas pela oferta da demandada quando da adesão aos contratos, de, pagando mensalidades com valor justo (observando o dever de transparência) e dentro de suas possibilidades, poder contar com assistência a saúde sempre que necessário, principalmente no futuro.

Além da obrigação de não reajustar a mensalidade dos planos e seguros dos consumidores que assinaram seus contratos antes de dezembro de 1999 acima do índice não considerado abusivo, deve a ré ser compelida pagar, em dobro, todos os valores pagos acima do permitido, conforme redação dada ao parágrafo único do artigo 42 do CDC.

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justificável

DA ANTECIPAÇÃO DA TUTELA

De acordo com lição do insigne José Carlos Barbosa Moreira, “geralmente, precisa o autor aguardar a prolação da sentença para obter, caso se lhe reconheça fundamento à pretensão, a tutela jurisdicional pleiteada. A seu requerimento, contudo, e presentes certos pressupostos, pode o juiz, nos termos do art. 273 e seus parágrafos, antecipar, total ou parcialmente, os efeitos dessa tutela (por exemplo: suspender a eficácia do ato cuja anulação se pede). Para tanto é necessário que:

a) existindo prova inequívoca, se convença o órgão judicial da verossimilhança da alegação do autor; e, além disso, alternativamente,

b) haja fundado receio de dano irreparável ou de difícil reparação, ou então c) fique caracterizado o abuso do direito de defesa ou manifesto propósito protelatório do réu”. “Exclui-se a possibilidade da antecipação quando houver perigo de mostrar-se irreversível a situação resultante da decisão antecipatória. Esta será obrigatoriamente fundamentada ‘de modo claro e preciso’ e sempre passível de revogação ou modificação (...)”. (Novo Processo

Civil Brasileiro, 19ª edição, Ed. Forense, pág. 87).

Acostada à presente há prova indiciária robusta, que permite concluir, com segurança, pela verossimilhança das alegações da autora. Está perfeitamente claro que a ré reajustou as mensalidades dos planos de forma abusiva, pois, do contrário, não teriam, respeitados órgãos de defesa do consumidor, em conjunto com a ANS, se manifestado contra um reajuste acima de 11,75%, por falta de justificativas concretas.

Em não havendo qualquer justificativa, não podem as rés, unilateralmente, aplicar reajustes acima dos índices que acompanham a variação da inflação ou o do percentual sugerido por órgãos de defesa do consumidor em conjunto com a ANS.

Ademais, conforme já foi mencionado anteriormente, as mensalidades dos planos e seguros dos consumidores (notificações em anexo) vinham sendo reajustados, de acordo com os índices que medem a variação da inflação, anualmente, enquanto que os valores repassados aos profissionais e estabelecimentos credenciados não eram reajustados há 07 anos. E é justamente em razão da pressão feita por esses profissionais e estabelecimentos, que ameaçaram paralisar o atendimento aos segurados da ré caso não houvesse reajuste nos valores que lhes são repassados, que “justifica” o reajuste pretendido.

Os valores das mensalidades da ré foram reajustados em todos os anos, os valores repassados aos profissionais e estabelecimentos credenciados não eram reajustados há 07 anos. Mesmo assim, pretende a ré, objetivando obter vantagem manifestamente excessiva às custas dos consumidores, repassar os custos gerados por um erro seu.

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que esperar o julgamento da lide, não poderem os consumidores contar com a cobertura da ré caso seja necessário, tendo em vista que, o reajuste injustificado, pode impossibilitar os segurados que assinaram seus contratos antes de dezembro de 1999 a continuarem com seus planos, por não poderem pagar as mensalidades.

A antecipação da tutela pretendida não é capaz de gerar a ré um dano irreversível, já que, caso venha a ser considerado justo o reajuste pretendido, poderá vir a ser cobrado futuramente.

Por outro lado, como já foi dito, a ré não demonstrou que o reajuste é necessário.

Portanto, estão preenchidos todos os requisitos necessários para a antecipação da tutela pretendida.

DOS PEDIDOS

Pelo acima exposto requer o que se segue abaixo:

01. Seja reconhecido que o reajuste acima de 11,75%, que se encontra de acordo com os índices que medem a variação da inflação e com o parecer dos órgãos oficiais de defesa do consumidor e da ANS, é abusivo;

02. Seja a ré obrigada a não aplicar o reajuste acima de 11,75% e, em conseqüência, envie novo boleto com o valor correto, bem como dar quitação àqueles consumidores que efetuaram o pagamento de suas mensalidades via depósito extrajudicial

03. Seja concedida antecipação da tutela em relação aos pedidos 01 e 02;

04. Caso seja concedida a medida antecipatória, seja fixada multa por cada vez que a ré não cumprir com o determinado;

05. A condenação da ré à obrigação de publicar, às suas custas, em dois jornais de grande circulação desta Capital, em quatro dias intercalados, sem exclusão do domingo, em tamanho mínimo de 20cmx20cm, a parte dispositiva de eventual sentença de procedência, para que os consumidores dela tomem ciência, oportunizando, assim, a efetiva proteção de direitos lesados, a qual deve ser introduzida pela seguinte mensagem; “ Acolhendo pedido veiculado em ação coletiva de consumo ajuizada pela Comissão de Defesa do Consumidor da Assembléia Legislativa do Estado do Rio de janeiro, o juízo da ( )ª Vara Empresarial condenou as operadoras de planos e seguros de saúde Bradesco Saúde S.S e Sul América Seguro Saúde S.A a reajustarem as mensalidades dos segurados em no máximo 11,75%.”;

06. Seja a ré condenada, na forma do parágrafo único do artigo 42 do CDC, a pagar em dobro todos os valores pagos indevidamente pelos consumidores;

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Dá-se a causa o valor de R$ 10.500,00 (dez mil e quinhentos reais).

Rio de Janeiro, 23 de julho de 2004.

ADRIANA MONTANO LACAZ OAB/RJ N.º 78.460

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