Era uma vez no Oriente um Samurai que era um guerreiro muito orgulhoso. Um dia foi ter com um Mestre Zen. Embora fosse muito famoso, ao olhar para o Mestre, para a sua beleza, para o seu encanto, o samurai sentiu-se repentinamente infe-rior. Então disse ao Mestre:
– Porque é que me estou a sentir inferior? Ainda há um momento atrás, tudo estava bem. Mas, quando aqui entrei, subitamente senti-me inferior o que nunca tinha acontecido antes. Encarei a morte muitas vezes, mas nunca experimentei medo algum. Porque me estou a sentir assustado agora?
O Mestre disse:
– Espera um pouco. Quando todos tiverem partido, respon-derei.
Durante todo o dia chegavam pessoas para ver o Mestre, e o samurai já estava a ficar cansado de esperar. Ao anoitecer, quando o quarto ficou vazio, o samurai perguntou novamente:
– E agora, pode responder-me por que me sinto inferior? O Mestre levou-o para fora. Era uma noite de lua cheia, e a lua estava justamente a surgir no horizonte.
– Olha para estas duas árvores, disse o Mestre: a árvore alta e a árvore pequena, ao seu lado. Estão juntas ao lado da minha janela há anos, e nunca houve problema algum. A árvore menor jamais disse à maior: “ Porque me sinto inferior diante de ti? “
– Então não precisas de me perguntar. Já sabes a resposta. Quando não comparas, toda a inferioridade e superioridade desaparecem. Cada um é o que é, e simplesmente existe. Um pequeno arbusto ou uma grande e alta árvore, não importa, cada um é aquilo que é. Uma folhinha de relva é tão necessária como a maior das estrelas. O canto de um pássaro é tão necessário como qualquer Buda, pois o mundo será menos rico se este canto desaparecer.
Olha simplesmente à tua volta. Tudo é necessário e tudo se encaixa. É uma unidade orgânica: ninguém é mais alto ou mais baixo, ninguém é superior ou inferior. Cada um é incompara-velmente único. Cada um é necessário e basta. Na Natureza, o tamanho não é diferença. Tudo é expressão igual de vida!
Autor desconhecido
Sugestões de trabalho:
ã Depois de ler o texto, perguntese qual é a sua espe cificidade, ou seja, que coisa em particular tem para dar ao mundo e que ninguém mais pode dar. Pelo menos da mesma forma…
ã Se fizer parte de um grupo (e todos fazemos parte dum), observe os que o cercam e procure detectar aquilo que é específico de cada um.
Era uma vez um grupo de caminhantes. Lado a lado, per-sistentemente, lá iam galgando quilómetros um passo depois do outro.
– Desapareceram as indicações, diz um a certa altura. – Pois… devem reaparecer mais à frente.
E lá continuaram, atentos a um novo marco que lhes con-firmasse a certeza do caminho.
– E agora? – diz outro. Há aqui um cruzamento e nada de indicações. Por onde seguimos?
– Seguimos por um e, se nos enganarmos, voltamos atrás, diz outro.
E lá continuaram por um desses caminhos ao acaso. Logo à frente encontraram a indicação que esperavam.
– É como na vida, continua um outro mais calado e atento a estas conversas. Também ela é feita de inseguranças e incerte-zas, de falta de indicações, de passos à frente a recuos, à procura de caminhos perdidos. É feita de cansaços, de obstáculos, mas também de paisagens magnificas como a que se observa daqui, de regatos cantantes, de pássaros esvoaçando e chil reando, e de tantas outras coisas que vão adoçando a caminhada.
Comentário
“Muitas pessoas são notoriamente fascinadas pela expe riência de estarnocaminho que o caminhar lhes proporciona e distinguem nisso um símbolo para a sua vida. A vida é um caminho. Passo a passo, cada um segue a sua estrada; cada qual carregando o seu fardo. Há caminhos errados desvios, trechos áridos. Cami nhos árduos e brandos. E nós caminhamos uns com os outros; aproximamonos uns dos outros. Andamos por caminhos anteriormente percorridos por outros que deixaram sinais, para que encontrássemos o nosso.” (Grün, Anselm, em A Caminho, Ed. Vozes, 2009, p.8)