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A PESQUISA EM ENSINO DE SISTEMÁTICA E TAXONOMIA BIOLÓGICA: MAPEANDO TRABALHOS DO ENEBIO ENTRE OS ANOS DE 2010 E 2014

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A PESQUISA EM ENSINO DE SISTEMÁTICA E TAXONOMIA BIOLÓGICA: MAPEANDO TRABALHOS DO ENEBIO ENTRE OS ANOS DE 2010 E 2014

Thalita Quatrocchio Liporini (Programa de Pós Graduação em Educação para a Ciência, Faculdade de Ciências, Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”, Bauru). Renato Eugênio da Silva Diniz (Programa de Pós Graduação em Educação para a Ciência, Faculdade de Ciências, Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”, Bauru).

Resumo:O objetivo do presente estudo foi identificar e caracterizar as pesquisas em ensino de Sistemática e Taxonomia Biológica em um evento da área de ensino de Biologia, a fim de responder ao seguinte questionamento: como tem ocorrido e se organizado as pesquisas em ensino de Sistemática e Taxonomia Biológica? Caracterizada como um “estado do conhecimento ou da arte”, a coleta de dados se deu a partir dos trabalhos apresentados nas três últimas edições do Encontro Nacional de Ensino de Biologia (ENEBIO). Os dados obtidos foram organizados em seis categorias temáticas, entre elas as temáticas abordadas, os conteúdos citados e a relação existente dos trabalhos com as outras áreas da Biologia. Verificou-se um reduzido número de trabalhos que abordam o ensino de Sistemática e Taxonomia Biológica.

Palavras-chave: ensino de Biologia, ensino de Sistemática e Taxonomia Biológica, estado da arte.

Introdução

O objetivo do presente estudo foi identificar e caracterizar as pesquisas em ensino de Sistemática e Taxonomia Biológica em um evento da área de ensino de Biologia, a fim de responder ao seguinte questionamento: como tem ocorrido e se organizado as pesquisas em ensino de Sistemática e Taxonomia Biológica, no que se diz respeito aos temas e conteúdos trabalhados e ao nível de integração com as outras áreas que o ensino da disciplina Biologia contempla?

Este estudo faz parte de um recorte de uma pesquisa de dissertação de Mestrado que verificou como se dá a organização, o entendimento e o trabalho em sala de aula, referentes ao ensino de Sistemática e Taxonomia Biológica, a partir da perspectiva de professores efetivos da rede estadual de ensino de um município localizado no interior do estado de São Paulo.

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pesquisas que identificam trabalhos com o tema e as possíveis articulações com as outras áreas que constituem a disciplina Biologia são relevantes pois nos mostram tendências e possibilidades para o ensino da respectiva disciplina. Além disso, percebe-se uma extrema carência de pesquisas sobre o assunto na área de ensino de Biologia (LIPORINI, 2016).

O ensino de Sistemática e Taxonomia Biológica como parte integrante e centralizadora do ensino de Biologia

Muitos estudos caracterizam o ensino de Biologia como aquele que trabalha os conteúdos de modo descontextualizado, fragmentado, de forma que os alunos somente memorizem os mesmos (SELLES; FERREIRA, 2005; PEDRANCINI et al., 2007; KRASILCHIK, 2011; CARVALHO et al., 2011). Partindo desta compreensão, considera-se que o ensino de Sistemática e Taxonomia dentro da disciplina de Biologia nos anos que compreendem o Ensino Médio pode ser norteador e necessário para que haja a contextualização e a compreensão de tais conteúdos, bem como o entendimento das demais áreas abrangidas pela Biologia, como a compreensão das características gerais dos grupos que compõem o Reino Animal e o Reino das Plantas, os conceitos atribuídos à Evolução, entre outros.

A fim de romper com tais características que minam a relação sistêmica da disciplina Biologia, Krasilchik (2011) aponta algumas perspectivas para o futuro do ensino de Biologia, sendo que o estudo da biodiversidade apreendendo toda a sua classificação e Taxonomia é citado pela autora. Partindo disso, a pesquisadora ainda relata alguns tópicos que deveriam ser propostos dentro de uma perspectiva de ensino de Biologia, entre eles o conceito de filogênese e a noção de biodiversidade (KRASILCHIK, 2011).

Por meio desta concepção trazida, Liporini (2016) considera que dentro de um contexto de ensino de Sistemática e Taxonomia Biológica na disciplina de Biologia, existem “conceitos estruturantes que delimitam, norteiam e centralizam toda a aprendizagem do conhecimento biológico” (LIPORINI, 2016, p. 33). Não necessariamente ensinados nesta ordem, são eles: árvores filogenéticas, conceito de espécie, critérios de classificação e caracterização geral dos cinco Reinos dos seres vivos (LIPORINI, 2016).

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Ainda neste sentido, Simpson (1962) também institui que a Ecologia e a Genética estão igualmente relacionadas com a Sistemática, visto que a última pode comparar e estudar os diversos tipos de relação entre os distintos seres vivos, atribuindo também a problemática do conceito de espécie a situações detalhadas pela Genética, respectivamente (SIMPSON, 1962).

No que se diz respeito a relação da Sistemática e Taxonomia com a Biologia Molecular e afins, Simpson (1962) ressalta:

Os dados da biologia molecular, quando comparados a qualquer nível (quer dentro ou entre populações), decididamente entram na sistemática – a distribuição das várias hemoglobinas é apenas um exemplo entre numerosos vincadamente pertinentes. A sistemática, por sua vez, aplica-se à totalidade do campo de acção da biologia molecular, fornecendo uma das várias maneiras pela qual os resultados daquela atividade podem ser explicados ou ordenados de modo significativo (SIMPSON, 1962, p. 11).

Amorim (2002) destaca a Sistemática como a ciência da diversidade biológica e ressalta alguns objetivos desta ciência, entre eles:

(1) descrever essa diversidade;

(2) encontrar que tipo de ordem existe na diversidade (se existir); e

(3) compreender os processos que são responsáveis pela geração dessa diversidade. [...] Contudo, mais que apenas descrever a diversidade, a Sistemática expressa a ordem encontrada em um sistema de nomes, as classificações biológicas. Essa é, na verdade, uma quarta função da Sistemática, qual seja, a de:

(4) apresentar um sistema geral de referência sobre a diversidade biológica (AMORIM, 2002, p. 16).

Estabelece-se, neste sentido, a Taxonomia como uma ciência adjunto e interior à Sistemática, sendo que a primeira pode ser considerada como “o estudo teórico da classificação, incluindo as respectivas bases, princípios, normas e regras” (SIMPSON, 1962, p. 14).

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Metodologia

Este trabalho caracteriza-se como uma pesquisa do tipo “estado da arte ou do conhecimento”. De acordo com Ferreira (2005) essa forma de pesquisa “parecem trazer em comum o desafio de mapear e de discutir uma certa produção acadêmica em diferentes campos do conhecimento, tentando responder que aspectos e dimensões vêm sendo destacados e privilegiados em diferentes épocas e lugares” (FERREIRA, 2005, p. 258).

Foi selecionado para análise um evento científico da área de ensino de Biologia dos anos de 2010 a 2014 e o critério para a seleção do respectivo evento fundamenta-se na importância e amplitude que tal evento possui para as pesquisas acadêmicas na área de ensino de Biologia.

Sendo assim, o evento escolhido para a análise é o Encontro Nacional de Ensino de Biologia (ENEBIO). Este evento é bienal, isto é, ocorre a cada dois anos e é promovido pela Associação Brasileira de Ensino de Biologia (SBenBio), e tem como objetivo a reunião de profissionais que pesquisam e trabalham com o ensino de Biologia. Este trabalho analisou os artigos que foram apresentadas nas edições III, IV e V do evento, realizados respectivamente nos anos de 2010, 2012 e 2014.

Foram analisados todos os trabalhos apresentados em todos os eixos temáticos do evento e, como critério de seleção, foi utilizado descritores que possuem articulação com o tema, isto é, sobre o ensino de Sistemática e Taxonomia Biológica, a saber: sistemática biológica, taxonomia biológica, classificação biológica, árvores filogenéticas, filogenia, cladogramas.

Após a seleção dos trabalhos, ocorreu a leitura dos mesmos para o estabelecimento de categorias de análise de acordo com os dados que foram encontrados. As categorias de análise foram as seguintes: instituições de ensino, eixos temáticos, temáticas abordadas, nível de ensino em que ocorreu a pesquisa, conteúdos citados e áreas da Biologia relacionadas ao ensino de Sistemática e Taxonomia Biológica.

Resultados e discussão

Os trabalhos encontrados que tratam do ensino de Sistemática e Taxonomia Biológica foram nomeados com a legenda T1, T2, T3 e assim sucessivamente.

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Tabela 1 –Distribuição dos trabalhos de acordo com ano do evento

Segundo o que nos mostra a Tabela 1, é visível e preocupante a falta de trabalhos que tem como temática principal assuntos pertencentes ao ensino de Sistemática e Taxonomia Biológica. Neste sentido, tais dados vão ao encontro do que foi encontrado por Teixeira e Megid Neto (2012), que diagnosticaram que a grande parte das pesquisas na área de ensino de Biologia oriundas de teses e dissertações preconizam estudos que tem como temática principal o ensino de Ecologia e Genética.

No que tange às pesquisas direcionadas ao ensino de Genética localizadas em eventos e periódicos da área de ensino de Biologia, Oliveira et al. (2011) constataram um número considerável de trabalhos que tinham como assunto o ensino de conteúdos referentes à Genética. Dentro deste contexto, o ensino de Ecologia também é direcionado como uma crescente, pois de acordo com Slongo (2004) e Teixeira (2008) as temáticas referentes ao meio ambiente impulsionaram as pesquisas nas instituições de ensino e educação.

Em relação ao reconhecimento das instituições de ensino nas quais foram realizados tais trabalhos, a Tabela 2 abaixo nos mostra o cenário encontrado:

Tabela 2 – Instituições que realizaram os trabalhos sobre ensino de Sistemática e Taxonomia Biológica

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De forma geral, a maioria das instituições de ensino superior que fomentaram os trabalhos analisados são universidades públicas, sendo que apenas uma delas é verificada como uma Universidade Estadual e as demais, como Universidades Federais. Neste sentido, duas das instituições federais apontadas na Tabela 2 foram aquelas que mais realizaram trabalhos com o tema pesquisado, com duas pesquisas cada.

Embora Teixeira e Megid Neto (2012) tenham certificado que as produções no ensino de Biologia concentram-se majoritariamente no eixo Sul-Sudeste, os dados encontrados nos mostram parcialmente isso: a maioria dos trabalhos analisados neste estudo advém de uma instituição de ensino de superior localizada na região Nordeste do país: a Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN).

No que se diz respeito aos eixos temáticos em que os trabalhos analisados foram alocados dentro das três edições do evento que foram examinadas neste estudo, a Tabela 3 abaixo destaca que a maioria deles está concentrado no eixo temático intitulado “processos de ensino e aprendizagem em Ciências e Biologia”:

Tabela 3 – Eixos temáticos em que os trabalhos foram inseridos

Eixo temático Trabalhos Total

Processos de ensino e aprendizagem em Ciências e Biologia T1, T2, T4, T5, T6 5 Desenvolvimento de estratégias didáticas para o ensino de Ciências e Biologia T3, T7, T8 3 Relação entre Educação, Ciências e Culturas T9 1

Dentro da perspectiva apontada pela Tabela 3, procuramos delimitar, de forma mais aprofundada, quais os temas tratados em cada um dos trabalhos analisados. Os dados encontrados foram organizados conforme a Tabela 4:

Tabela 4 – Temáticas encontradas nos trabalhos analisados

Tema Trabalhos Total

1. Concepções espontâneas, prévias e alternativas dos alunos

T1, T4, T6 3

2. Análise de livros didáticos T2, T5 2

3. Metodologias, estratégias e recursos didáticos

T3, T7, T8 3

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Os temas referentes a “concepções dos alunos” e a “metodologias, estratégias e recursos didáticos” foram as categorias com maior quantidade de trabalhos apresentados no evento analisado.

Em relação a primeira categoria apontada na Tabela 4, elucida-se que a mesma preocupa-se com os mecanismos de ensino e aprendizagem dos alunos e que geralmente são permeados por ideias oriundas de outros momentos da trajetória escolar. Neste sentido, todos os trabalhos que encontram-se nesta categoria estavam preocupados em investigar e detectar dificuldades e problemáticas apresentadas pelos alunos, a fim de possibilitar “a construção de atividades que sejam capazes de mobilizar os conhecimentos prévios dos estudantes e assim gerar um ensino, e consequentemente um aprendizado, capaz de sanar estas problemáticas” (COSTA; WAIZBORT, 2010, p. 590).

Destaca-se a categoria “análise de livros didáticos” com um número relevante de trabalhos dentro do tema pesquisado, sendo que em ambos os documentos encontrados (T2 e T5) é notória a preocupação em analisar como os conceitos tratados pela Sistemática e Taxonomia Biológica estão sendo trazidos e conduzidos em livros didáticos amplamente utilizados pelos professores. De acordo com Lopes e Vasconcelos (2012) a análise de livros didáticos de Biologia torna-se “indispensável para inferir que tipo de informação o aluno recebe e quais escolhas de transposição didática estão agregadas na maneira de abordar a sistemática biológica” (LOPES; VASCONCELOS, 2012, p. 152).

Em se tratando do público alvo atingido durante a realização das pesquisas que culminaram os trabalhos analisados, a Tabela 5 nos mostra em qual nível de ensino os respectivos se deram:

Tabela 5 – Nível de ensino no qual o trabalho foi realizado

Nível de ensino Trabalhos Total

Ensino Fundamental (anos finais) T4, T5 2 Ensino Médio T1, T2, T3, T8 4 Ensino Superior T7, T9 2 Outros T6 1

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básica, pois a disciplina Biologia é ministrada durante os anos que compreendem tal nível (KRASILCHIK, 1986; SELLES; FERREIRA, 2005).

Por sua vez, a “baixa” quantidade de trabalhos analisados que foram destinados nos anos finais do Ensino Fundamental pode ser justificada por meio do caráter interdisciplinar dos conteúdos dentro da disciplina de Ciências, uma vez que a mesma preocupa-se com o trabalho dos conhecimentos biológicos, físicos e químicos.

Com a finalidade de mapear quais os conteúdos da Sistemática e Taxonomia Biológica citados nos trabalhos encontrados dentro de uma perspectiva de ensino, o Quadro 1 a seguir nos mostra quais conteúdos foram citados em cada um dos dez trabalhos que foram analisados.

Quadro 1 –Conteúdos citados nos trabalhos analisados

Conteúdos T1 T2 T3 T4 T5 T6 T7 T8 T9 Total 1. Critérios de classificação X X X X X X 6 2. Regras de nomenclatura X 1 3. Categorias taxonômicas X 1 4. Conceito de espécie 0 5.Caracterização geral dos cinco Reinos e níveis de organização X X X X 4 6. Árvores filogenéticas X X X X X X 6

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Os conteúdos mais vezes citados nos trabalhos analisados são os denominados “critérios de classificação” e “árvores filogenéticas”. Os respectivos conteúdos estão inseridos dentro de uma perspectiva de abordagem hierárquica de todo o conhecimento biológico (MEGLHIORATTI et al., 2009), ou seja, “oferecem suporte conceitual para tal modelo de abordagem hierárquica” (LIPORINI, 2016, p. 33).

Contudo, destaca-se a ausência de trabalhos que mencionam o conteúdo “conceito de espécie”, também atribuído pela última autora como um conteúdo que admite conceitos que possibilitam uma abordagem hierárquica de todo o conhecimento biológico (LIPORINI, 2016).

No que concerneà definição geral dos conteúdos mais citados, Liporini (2016, p. 34) mensura os critérios de classificação como aqueles capazes de “elencar as principais características dos organismos que dão suporte para a ordenação dos mesmos em categorias taxonômicas (a nível escolar, chamamos aqui os táxons superiores, ou seja, o Reino, o Filo e a Classe)” (LIPORINI, 2016, p. 34). Já as “árvores filogenéticas” evidenciam “hipóteses transitórias sobre as relações de parentesco, baseadas em conjuntos particulares de dados” (SANTOS; CALOR, 2007, p. 1), podendo ser trabalhadas junto a outro conteúdo muito bem citado nos trabalhos: “caracterização geral do 5 Reinos dos seres vivos e níveis de organização”.

Neste sentido, ressaltamos a necessidade de pesquisas que investiguem a natureza e o ensino desses conteúdos, visto que eles potencializam um ensino integrador não só dentro da Sistemática e da Taxonomia Biológica, mas também dentro de toda a esfera do ensino da disciplina Biologia.

A fim de preconizar a importância da sistematização e integração dos conteúdos da Biologia, a Tabela 6 nos apresenta a relação existente dos trabalhos analisados sobre o ensino de Sistemática e Taxonomia Biológica com as demais áreas que o ensino de Biologia contempla, a saber:

Tabela 6 –Áreas relacionados ao ensino de Sistemática e Taxonomia Biológica

Áreas Trabalhos Total

1. Evolução T1, T2, T3, T5, T6, T8 6

2. Zoologia T1, T3, T4 3

3. Botânica T7 1

4. Genética T3 1

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Segundo a Tabela 6, a Evolução é a área da Biologia que mais se relaciona com os conteúdos trazidos pela Sistemática e Taxonomia Biológica dentro do universo de trabalhos analisados por este estudo.

A existência de uma correspondência entre as duas áreas se dá pela característica de complementariedade, isto é, na medida em que a Sistemática e a Taxonomia, respectivamente, descrevem e classificam a biodiversidade, a Evolução possibilita um ordenamento dessa diversidade segundo caracteres similares e/ou distintivos. Neste sentido, Mayr (1998) evidencia as contribuições da teoria da Evolução de Charles Darwin para os conhecimentos atribuídos a classificação biológica: “pela sua teoria de descendência comum, ele forneceu uma teoria explicativa para a existência da hierarquia lineana [...]; e restaurou, [...] em princípio, o conceito de continuidade entre os grupos de organismos” (MAYR, 1998, p. 246).

Ainda de acordo com a Tabela 6, as áreas da Biologia que dizem respeito aos caracteres gerais e específicos que são atribuídos aos seres vivos que compõe o Reino Animal e Vegetal (Zoologia e Botânica, respectivamente) também são relacionadas à Sistemática e Taxonomia Biológica. Uma vez que o ensino desses caracteres permitem a elaboração de critérios de classificação e a posterior montagem de cladogramas ou árvores filogenéticas por parte dos alunos, é plausível que tais áreas apareçam nos dados analisados, mesmo porque a maioria dos trabalhos identificados abordam esses tipos de modelo de ensino.

Considerações finais

A partir da pesquisa e análise dos trabalhos apresentados em três edições de um evento da área de ensino de Biologia, este estudo verificou um reduzido número de trabalhos que abordam o ensino de Sistemática e Taxonomia Biológica.

Estudos anteriores detectaram que a insuficiência de pesquisas na área de ensino de Biologia com ênfase no ensino de Sistemática e Taxonomia Biológica se dá também em periódicos e programas de Pós-Graduação, isto é, não limita-se apenas aos eventos da área (LIPORINI, 2016).

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De forma geral, a maioria dos trabalhos concentraram-se em um mesmo eixo temático e as abordagens de que foram utilizadas nos respectivos trabalhos estão alocadas dentro de um contexto de aprendizagem dos alunos e metodologias de ensino para a prática em sala de aula. A respeito dos conteúdos citados, enumera-se aqueles que possibilitam uma visão sistêmica e integrada da disciplina de Biologia, contribuindo assim para a não fragmentação do ensino da mesma. Por fim, elucida-se a nítida relação dos conteúdos trazidos pela Sistemática e a Taxonomia Biológica com os versados pela Evolução, intensificando o caráter integrador que as áreas da Biologia podem exercer.

Portanto, para a compreensão das limitações da área de ensino de Biologia, ressalta-se a importância de estudosde natureza bibliográfica e descritiva, a fim de sanar tais problemáticas, bem como a realização de outras pesquisas que procurem investigar as atuais concepções de ensino e aprendizagem da disciplina, metodologias, formação inicial e continuada de professores, entre outros.

Referências bibliográficas

AMORIM, D. S. Fundamentos de sistemática filogenética. Ribeirão Preto: Editora Holos, 2002.

CARVALHO, I. N.; NUNES-NETO, N. F.; EL-HANI, C. N. Como selecionar conteúdos de Biologia para o Ensino Médio? Revista de Educação, Ciências e Matemática, Rio de Janeiro, v.1, n.1, p. 67-100, 2011.

COSTA, L. O.; WAIZBORT, R. F. Concepções espontâneas sobre classificação biológica em uma turma do segundo ano do Ensino Médio. Revista da SBEnBio, n.3, p. 583-592, 2010. FERREIRA, N. S. A. As pesquisas denominadas “estado da arte”. Revista Educação & Sociedade, Campinas, n. 79, p. 257-272, 2002.

KRASILCHIK, M. Perspectivas do ensino de Biologia. In: II Encontro – Perspectivas do Ensino de Biologia, 1986. Coletânea. São Paulo, 1986, p. 5-14.

KRASILCHIK, M. Práticas de ensino de Biologia. 4ª ed. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 2011.

LIPORINI, T. Q. O ensino de Sistemática e Taxonomia Biológica no ensino médio da rede estadual no município de São Carlos, SP. 2016. 186f. Dissertação (Mestrado em Educação para a Ciência). Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho, campus Bauru, São Paulo, 2016.

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MAYR, E. O desenvolvimento do pensamento biológico: diversidade, evolução e herança. Tradução de Ivo Martinazzo. Brasília, DF: Editora Universidade de Brasília, 1998.

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OLIVEIRA, T. B.; SILVA, C. S. F.; ZANETTI, J. C. Pesquisas em Ensino de Genética (2004-2010). In: ENCONTRO NACIONAL DE PESQUISA EM EDUCAÇÃO EM CIÊNCIA, 2011. Atas do VIII ENPEC. Campinas, 2011.

PEDRANCINI, V. D.; CORAZZA-NUNES, M. J.; GALUCH, M. T. B.; MOREIRA, A. L. O. R.; RIBEIRO, A. C. Ensino e aprendizagem de Biologia no ensino médio e a apropriação do saber científico e tecnológico. Revista Electrónica de Ensenãnza de lasCiencias, Barcelona, v.6, n.2, p. 299-309, 2007.

SANTOS, C. M. D.; CALOR, A. R. Ensino de Biologia Evolutiva utilizando a estrutura conceitual da sistemática filogenética II. Revista Ciência & Ensino, Piracicaba, v.1, n.2, p.1-8, 2007.

SELLES, S. E.; FERREIRA, M. S. Disciplina Escolar Biologia: entre a retórica unificadora e as questões sociais. In: MARANDINO, M.; FERREIRA, M. S.; AMORIM, A. C. Ensino de Biologia: conhecimentos e valores em disputa. Niterói: EDUFF, p. 50-62, 2005.

SIMPSON, G. G. Princípios da Taxonomia Animal. 2ª ed. Tradução de Fernando Albano Ilharco. Lisboa: Fundação CalousteGulbenkian, 1962.

SLONGO, I. I. P. A produção acadêmica em Ensino de Biologia: um estudo a partir de teses e dissertações. 2004. 349f. Tese (Doutorado em Educação). Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2004.

TEIXEIRA, P. M. M. Pesquisa em Ensino de Biologia no Brasil (1972-2004): um estudo baseado em dissertações e teses. 2008. 413f. Tese (Doutorado em Educação). Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 2008.

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