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O processo de inserção em psicologia comunitária: ultrapassando o nível dos papéis

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o

P R O C E SSO D E IN SE R Ç Ã O E M P SIC O L O G IA C O M U N IT Á R IA :

u ltra p a ssa n d o o n ív el d o s p a p éis*

R o g é r i o d azyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBACosta A r a ú j o

-RESUMO

O

mlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBAe r tig o p a r te d o p r e s s u p o s to d e q u e oc o n c e ito d e C o m u n id a d e é o m a r c o te ó r ic o d e r e fe r ê n c ia d o p r o c e s s o d e in s e r ç ã o e m P s ic o lo g ia C o m u n itá r ia . P r o b le m a tÍz a or e fe r id o p r o c e s s o e m d u a s d im e n s õ e s p r in c

i-p a is : u m a , e i-p is te m o lo g ic e , o n d e s e d is c u te a q u e s tã o d a a p r e e n s ã o d a r e a lid a d e c o m u n itá r ia e a r e la ç ã o s a b e r

c ie n tífic o X s a b e r p o p u la r ; o u tr a , m e to d o ló g ic a , e m q u e s e a p r e c ia a m u ltid is c ip lin a r id a d e q u e p e r m e ie a c o m

-p r e e n s ã o e a p r á tic a d o p r o c e s s o d e in s e r ç ã o b e m c o m o a s v ia s d e a c e s s o àc o m u n id a d e - a !n s tÍtu c io n a l e a

M u n ic ip a l. A fir m a , e m c o n c lu s ã o , q u e o p r o c e s s o d e in s e r ç ã o te m c o m o o b je tiv o s p r im o r d ia is to m a r o p s ic ó lo g o

c o m u n itá r io s ig n ific a tiv o p a r a a c o m u n id a d e , u ltr a p a s s a n d o , d e s s e m o d o , a s im p le s r e p r e s e n ta ç ã o d e p a p é is ,

a lé m d e d e ix a r e n tr e v e r ; n o s e u d e c o r r e r ; a tr ilh a d a in te r v e n ç ã o a s e r a d o ta d a p a r a o d e s e n v o lv im e n to d a

c o m u n id a d e e d o s s u je ito s c o m u n itá r io s .

P a la v r a s c h a v e : P s ic o lo g ia C o m u n itá r ia , p r o c e s s o d e in s e r ç ã o , e p is te m o lo g ie , m e to d o lo g ia .

ABSTRACT

T h is e r tic le is b e s e d o n tb e c o n c e p t o fC o m m u n ity a s a th e o r e tic e l la n d m a r k o fr e fe r e n c e to th e in s e r tio n

p r o c e s s in C o m m u r iity P s y c h o lo g y .!t a p p r o a c h e s tb e p r o c e s s in tw o m e in d im e n s io n s : e n e p is te m o lo g ic a .l o n e ,

in w h ic h th e m e tte r o f c o m m u n ity r e a lity e p r e h e n s io n a n d th e r e le tio n b e tw e e n s c ie n titic a n d p o p u la r k n o w le d g e s

a r e d is c u s s e d ; a n d a m e th o d o lo g íc a .l o n e , ín w h ic h b o th th e r n u k id is c ip lin e r u y . w h ic h u n d e r lie s tb e c o m p r e h e n s io n

a n d th e p r o c e s s c fin s e r tio n , a n d tb e e c c e s s r o u te s to c o m m u n ity -ln s tltu tio n s l a n d M in ic ip a l- a r e s tu d ie d . A s a

c o n c lu s io n , th e s r tic le s te te s th e t th e p a r a m o u n t p u r p o s e s o f th e in s e r tio n p r o c e s s a r e to m e k e th e c o m m u n ity

p s y c h o lo g is t s ig n ific a tiv e to th e c o m m u n ity , s u r p e s s in g , th e r e fo r e , th e s im p le r e p r e s e n te tio n o f r o le s , a n d to

e llo w , d u r in g its c o u r s e , th e p e r c e p tio n o fth e p a th to th e Ín te r v e n tio n to b e a d o p te d fo r th e d e v e lo p m e n t o fth e

c o m m u n ity a n d o f th e c o m m u n ity s u b je c ts .

K e y \% .n :fs : C o m m u n ity P s y c h o lo g y , ia s e r tio n p r o c e s s , e p is te m o lo g y . m e th o d o lo g y .

o Trabalho, em suas reflexões iniciais, apresentado durante o 11Simpósio de Psicologia Comunitária, promovido e realizado pelo Núcleo de Psicologia Comunitária - No/COM - UFC, de 07 a 11 de outubro de 1996, em Fortaleza, Ceará.

o. Graduado em psicologia pela UFC, colaborador do No/COM - UFC, membro do Instituto de Estudos, Pesquisas e Promoção do Desenvolvimento Humano e Social - Instituto ParticipAção.ZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA

(2)

I n t r o d u ç ã ozyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA

Podemos iniciar esta problematização afirmando, por um lado, que a investigação científica que se dá no processo de inserção encaminha-se no sentido de apre-ender a vida cotidiana da Comunidade. Em outros ter, mos, falar de vida comunitária, essência do conceito de Comunidade, é o mesmo que falar de vida cotidiana da

Comunidade.

A

Psicologia Comunitária, especificando

um pouco mais, está interessada na experiência subjeti-va que os moradores têm da vida cotidiana do lugar / comunidade onde moram e ao qual se sentem mais ou

menos pertinentes. Esta afirmação tem implicações

prá-ticas:ZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBAI .Não podemos conhecer o cotidiano da

cornu-nidade se não participarmos deste cotidiano.

2.

Não

podemos compreender a vida cotidiana comunitária

so-mente pelas vias formais, mas pelamlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBAc o n -v iv ê n c ia com o

povo do lugar / comunidade, com especial atenção aos

processos interativos e comunicativos.I3 . Não pode,

mos reduzir a vida comunitária à vida dos grupos

institucionalizados.

A

lógica que perpassa a vida

comu-nitária, a ser captada no processo de inserção, acontece em todos os espaços, não só nos grupais. No entanto, os grupos são um importantíssimo espaço de manejo e intervenção na vida comunitária.

Portanto, o conceito de Comunidade é marco

teórico de referência do processo de inserção em

Psi-cologia Comunitária.

A

Comunidade, em suas nuances

fundamentais, é o contexto primordial a ser transitado pelo psicólogo que se insere satisfatoriamente.

Por outro lado, a abordagem da Psicologia Co-munitária enquanto atividade coCo-munitária, modo de inserção e ação na comunidade, apresenta-se em

cin-co etapas básicas:

1.

Escolha e entrada na com unida'

de; 2. Diagnóstico-Ação: 3. Auto-sustentação: 4. Con-tinuidade e ampliação; e 5. Desligamento Progressivo.

Situado propriamente na primeira etapa do trabalho

do psicólogo comunitário, o processo de inserção exerce influência sobre todas as etapas posteriores da sua atu-ação, sendo o marco de uma nova relação geradora de autonomia, consciência de si e do mundo e

cons-trução de identidades comunitárias. (Cf. GÓIS, 1 9 9 4 )

Além disso, podemos afirmar que o processo de

inser-ção estende-se às etapas subsequentes, especialmente no momento de ampliação, acontecendo concomitante a elas. De outra forma, um processo de inserção inici-almente inviesado dificilmente permitirá alcançar re-sultados satisfatórios, podendo gerar desgastes de di, versas naturezas e permanência do quadro de apatia e

dominação na comunidade. É justamente por isto que

se torna extremamente relevante problernatizá-lo

epistemológica e metodologicamente.

P r o b le m a t iz a ç ã o E p is t e m o ló g ic a : a p r e e n s ã o d a r e a lid a d e

Na dimensão episternológica, apresenta-se-nos

inicialmente a questão da apreensão da realidade da

vida comunitária. Como é possível ao psicólogo co-munitário apreender uma realidade psicossocial a qual

não pertence, uma "realidade sua por empréstimo",

como diria Paulo Freire? Em outras palavras, como

caracterizar satisfatoriamente o lugar / comunidade

onde vai atuar?

Por um lado é necessário compreender que a

co-munidade reflete a sociedade onde está inseri da com

u m a d in â m ic a p r ô p r is . Representa, por isto mesmo,

u m p r o c e s s o s o c ia lBAp r á p r io , u m m o d o d e s e r p e c u lia r ,

em suma, u m a r r a n jo p a r tic u la r d o c o tid ia n o . (GÓIS,

1 9 9 4 . Grifos nossos). Por outro lado, a realidade, e n

-quanto objeto cognoscível, requer um esforço de

desvelamento por parte do sujeito cognoscente. R e

-quer também que tal esforço aconteça junto com ou' tros sujeitos, visto que a elaboração crítica do mundo é

um processo intersubjetivo. (FREIRE, 1 9 7 9 ) Toda a

complexidade da análise do processo de inserção, no que diz respeito à questão levantada, advém justarnen-te desjustarnen-tes dois aspectos. Sendo o psicólogo comunitário um estrangeiro, e portanto, um "exilado", como apre-ender os nexos fundamentais do lugar / comunidade codificados culturalmente que lhe permitam atuar com profundidade, sensibilidade e efetividade ?

Podemos relacionar as reflexões acerca da expe-riência do exílio desenvolvidas por Paulo Freire ao tema de nossas reflexõesê, o que nos levará a dois caminhos:

ICom efeito, a vida cotidiana apresenta-se como uma realidade interpretada pré-cien ca e quase-cientificamente pelos homens e subjetivamente dotada de sentido e coerência. A objetivação ordenada dos objetos dos diversos e:nclaves desta realidade acontece por meio da linguagem, no curso de interações e comunicações, que são con . - 'pria existência dos homens comuns.

Aeste respeito confira: BERGER E LUCKMANN AConstrução Social da Realidade: Tr.ua.do de Sociologia do Conhecimento. Petrópolis: Vozes, 1 9 8 3 .

2 "Todo exilado éconfrontado com um dilema. Sua realidade imediata éU : : lla f1ea3=:e a esta realidade sob pena de ficar historicamente esquizofrênico. de

não faça com que olvide definitivamente a sua realidade anteri VIVendo e aprendendo: experiências do Idac em educação

(3)

no primeiro, o psicólogo comunitário nega suas ori-gens, suas diferenças e estabelece uma relação de "ade-rência" com a nova realidade. Neste caso, torna-se

inviável sua "ad-miração" da realidade. Ao invés de

inserir-se, há um processo de imersão que prejudica o

desvelamento da realidade e sua apreciação crítica.

Além disso, a nova roupagem cultural que tenta vestir jamais atingirá a pretensa autenticidade que busca. Per~ derá sua caracterização enquanto cientista. No segun-do caminho, o profissional não se permite um rnergu-lho profundo na nova realidade, sobretudo nas suas facetas estranhas ao seu mundo e, com isto, perrnane-ce na superficialidade. Como muito bem observa RIOS ( 1987), a comunidade, enquanto objeto a ser

conheci-do, possui infinitos aspectos que nenhuma pesquisa

conseguirá jamais exaurir. Representa, sob esta ótica, inesgotável fonte de investigação. O caminho da in-serção deve buscar a tênue trilha entre as duas propos-tas apresentadas acima: não deve mergulhar nos dera-lhes infinitosda vida comunitária, esquecendo de ater-se

aos nexos fundamentais que lhe permitirão ter uma

imagem ativa da sua área de trabalho nem evitar um contato íntimo e profundo com tal realidade a ponto de permanecer na superficialidade. Sem a imagem clara da comunidade em seu espírito, dificilmente nenhum profissional realizará um trabalho profundo.

Este é o ângulo do profissional. Num outro ân-guio, o processo de inserção deve investigar como as pessoas do lugar percebem sua realidade, isto é, como se dá a apreensão da realidade pelos próprios morado-res.' Portanto, não se trata apenas de perceber as

es-truturas e organizações sociais que constituem a co~

munidade, mas como as pessoas estão nela inseridas, como estão se construindo e em que direção esta cons-trução aponta, se na direção da emergência do sujeito frente a uma realidade construída pelos homens ou da submissão resignada a uma realidade compacta e imu-tável, alheia à ação humana. Neste ponto podemos en-xertar reflexões advindas de duas importantes teorias do quadro conceptual da Psicologia Comunitária: a Teoria da Atividade, com especial ênfase nos processos de

subjetivação do mundo e objetivação do ser, e aZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBAT E

das Representações Sociais, bem como elementos Sociologia do Conhecimento.

A importância de analisar esta questão também

por este ângulo (o dos moradores) deve-se aoconcein

de realidade concreta segundo o entende ldac". En o-ba tanto a noção de realidade objetiva como a

percep-ção desta realidade por quem nele vive. É na

es-consideração deste fato conceptual que se baseia :>

parte do fracasso das ações sociais realizadas s instituições sociais seja pelo poder público. Oriemara-se

apenas pelos dados da realidade objetiva,c o n í u n d m c c

-a com -a re-alid-ade concret-a. Aqui, pelo contrári

ressa-nos uma aproximação profunda da realidade c:or.•..

ereta da comunidade.

Éexatamente a teoria da Atividade (LEO

1978) que interliga a cooperação e o diálogo, a consciência, a transformação do mundo o do mundo subjetivo dando-se num único processo. convivência que acontece no processo de inserção possível conhecer as principais atividades com rias, compreendidas em termos de ações instrurn e processos comunicativos. Em cada atividade nitária entra em jogo uma configuração de forças ais e subjetivas, que se distribui em tarefas di .

-(cada uma com sua complexidade e sua exigência

tecnológica), posições específicas de poder e relações

particulares acontecendo entre os atores sociais, que

refletem o modo de vida mais geral da comunidade. Cada um desses aspectos colabora (ou dificulta) com uma força própria para o processo de construção da identidade comunitária e pessoal em determinado sen-tido. O contato com as pessoas, durante o processo de inserção, traz à tona também o sistema de

representa-ções sociais", que, alimentado pelas relarepresenta-ções face à

face da vida cotidiana, integra e ordena elementos

ide-ológicos, cognitivos, valorativos, informativos e

imagéticos numa visão de mundo total, coerente e co-esa, orientadora de atitudes concretas frente aos diver ~ sos aspectos da vida interpessoal e social. BERGER e LUCKMANN (1983) contribuem de forma crucial para

J Devemos notar que os dois ângulos aqui analisados dizem respeito a uma única questão filosófica, qual seja: como é possível

apreender o real 7 Porém, enveredar por este caminho foge dos objetivos aqui perseguidos.

4Instituto de Ação Cultural (do qual participam Paulo Freire, Rosiska Darcy de Oliveira, Miguel Darcy de Oliveira, Claudius Ceccon)

é um centro de pesquisa e intervenção pedagógica criado em 1 9 7 0 em Genebra, Suíça, por um grupo de brasileiros que os caminhos do exílio levaram a se reencontrar. Cf.: FRElREmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBAe t a 1 ii5 a 1 io e Id e n tid a d e : A trsie tá ris: d e d e z a n o s d o Id a cIN: FRElRE et

a lii O p . c ito

5Cf.: BOMFIM, Z. A. C. &-ALMEIDA, S.F.C. R e p r e s e n ta ç ã o S o c ia l:c o n c e itu e ç ê o , d im e n s õ e s e fú n ç õ e s . IN: Revista de Psicolo-gia,9 ( I / 2 ) , 1 0 ( I / 2 ) , jan/dez, 1 9 9 1 / 2 .

(4)

a compreensão da sociedade como uma realidade ao

mesmo tempo objetiva e subjetiva, reconhecida no

pro-cesso dialético que comporta três momentos

essenci-ais: exteriorização, objetivação e interiorização. Volta,

remos a este autor ainda neste texto.

Problematização Epistemológica: saber

científico x saber popular

Um outro aspecto que entra em jogo no

preces-so de inserção, ainda na dimensão epistemolôgica, é a

da relação entre saber científico e saber popular. Que atitudes e posturas adotar frente ao povo quando este

deposita no profissional uma expectativa mitologizada

de ser ele representante legítimo do

Saber-Iodo-Pede-roso? Que fazer o profissional ao deparar-se com

co-nhecimentos populares gestados no ventre de

tradi-ções religiosas, por exemplo?

Há dois caminhos antagonicamente distintos e

ingênuos, que devemos evitar ao lidar com esta ques-tão. No primeiro, o cientista assume o mito do saber

absoluto e estabelece uma relação essencialmente

desqualificadora do saber popular. Desrespeita a

cultu-ra e as práticas populares em nome da superioridade

do conhecimento e da técnica acadêmicos. Esmaga a

possibilidade de qualquer construção de identidades

comunitárias com base na autonomia e no

auto-reco-nhecimento dos cidadãos enquanto produtores sociais

de saber. Gera dependência e uma mentalidade

resig-nada e salvacionista frente ao saber técnicc-científico.

No segundo, o cientista envolve o povo numa áurea

mistificada de sabedoria intocável. Esquece a

dirnen-são reprodutiva e, portanto, ideologizada do saber

po-pular. Intimida-se frente a possibilidade de introduzir

novas reflexões sobre problemas crônicos e práticas

tradicionais ou mesmo novos temas de reflexões,

ca-pazes de gerar apropriações qualitativamente distintas

da realidade comunitária. Omite-se diante do desafio

de colocar a consciência dos moradores da

cornunida-de em trânsito, rumo àapreciação crítica do mundo.

Não contribui para a desmitificação da absolutização

do saber e da ignorância ("Eu sei tudo. Você não sabe

nada."), um dos mitos de que se nutre toda prática

dominadora (FREIRE,ZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA1 9 7 9 ) . Karel KOSIK ( 1 9 7 6 ) já

tão bem considerou que o conhecimento se realiza

como separação de fenômeno e essência, os quais no

mundo da pseudoconcreticidade aparecem como

ca-tegorias indistintas, isto é, os produtos do homem

ga-nham existência autônoma (fetiche) e o próprio

ho-mem se reduz ao nível da práxis utilitária. Destruir esta

pseudoconcreticidade é construir conceitos (ao invés

de representações) que captem as leis dos fenômenos

e a estrutura real das coisas, o que se dá num processo dialético de união entre sujeito e objeto, onde os

ho-mens se sabem produzindo a realidade

humano-soei-ai. Desse modo gesta-se um novo saber, para além dos

aspectos pseudoconcretos do saber popular eBAIou do

saber científico.

A perspectiva a ser adotada quanto a esta

ques-tão, portanto, é a da relação integrativa entre saber

popular e saber científico, onde há um enriquecirnen-to mútuo e constante de ambos, tendo a realidade

ccn-ereta como mediadora. Ao deparar-se com identifica,

ções mitificadas por parte da comunidade, o profissional

não deve, de início, agir apressadamente,

desqualifi-cando a relação, sob pena de cair no descrédito. Deve

compreender que a comunidade está reproduzindo um

padrão viciado produzido ao longo de anos de colo,

nialismo cultural e dominação. Antes, porém, partindo

de um momento de diferenciação e diretividade, deve

agir pedagogicamente com as pessoas, valorizando-as

no seu conhecimento do cotidiano, para, em cima de

fatos concretos e simples, facilitar uma nova compre'

ensão do saber e imprimir na relação um clima

integrativo e de valorização mútua das especificidades

dos saberes diversos necessários àvida social. Isto

pa-rece muito simples. Porém, a prática tem mostrado

inúmeras dificuldades que requerem sensibilidade e

preparo profissional para atingir um efeito transforma,

dor e construtivo. Reconhecer-se enquanto sujeito

cognoscente, capaz de conhecer o mundo e nele atuar,

é uma expressão importante de poder pessoal, rei e,

vante para a construção da identidade, com

autono-mia frente ao mundo e frente a si mesmo.

Cornpreen-der a relação da consciência com as condições

sócio-históricas em que se vive é pressuposto para

re-pensar conteúdos ideológicos limitadores da expressão

do humano e construir-se como sujeito da realidade.

Recobrar a dimensão da aprendizagem significativa

decorrente da prática coletiva da construção dos

so-nhos sociais é uma dimensão avançada deste processo.

Problematização Epistemológica: conclusão

Portan '. em afirmar que a noção básica,

em termos e;>1~'~::lc"':'Sgi· ,cos, que orienta o processo de

inserção unitária é a de que oco'

nhecimen a relação entre os sujeitos

~ :'> .~ S 1 . anais ou moradores,

ten-• =:'~'-A::: :::::x:;:!~á._a.corno objeto mediador desta

esza relação (os sujeitos e o

(5)

dos se forem tomados dicotomicamente, como

reali-dades mutuamente excludentes."QPONMLKJIHGFEDCBA

P r o b le m a t iz a ç ã o M e t o d o ló g ic a : m u lt id is c

i-p lin a r id a d e

Na dimensão metodológica, o processo de in-serção necessariamente aproxima a Psicologia Cornu-nitária de disciplinas como a Etnografia, a Antropolo-gia, a Sociologia e a História Oral. Não podemos deixar

de incluir neste rol a Observação- Participante, a

Fes-quisa-Farticipanre e a Pesquisa-Ação,

Todas estas disciplinas afogarão a Psicologia

Co-munitária num mar de indeterminações quanto à sua

identidade científica se não tivermos clareza da articu-lação entre as diversas estratégias metodológicas e seu corpo teórico, especialmente o problema conceptual a que as diversas estratégias tentam responder. Sem isso poderemos mergulhar num ecletismo incoerente e in-consistente do ponto de vista do rigor científico ou mesmo num tecnicismo com roupagem moderna e boa

aparência, porém superficial e espontaneísta. Desse

modo parece-nos relevante, antes de mais nada, for-mu\ar tal problema.

P r o b le m a t iz a ç ã o M e t o d o ló g ic a : e s t r a t é g ia s

d e in v e s t ig a ç ã o

O processo de inserção ocorre numa via de mão dupla. Por um lado, há uma investigação científica. Por outro, uma interação humana.

Com o intuito de conhecê-lo. podemos cate-gorizar o cotidiano da comunidade em vários termos:

manhã, tarde e noite; homens e mulheres; dias da se-mana e fins de sese-mana; velhos, adultos, jovens e crian-ças; grupos formais e informais; atividades produtivas, artísticas, religiosas, festivas; e assim por diante. Cada um destes recortes nos mostrará determinadas facetas do cotidiano da comunidade que não devem ser toma-das isoladamente.

RIOS (1987) apresenta várias orientações meto-dológicas para caracterizar a comunidade investigan-do suas principais funções e estruturas, quais sejam, a estrutura econômica, o espaço geográfico, a

popula-ção e seus problemas, a divisão da propriedade, a

es-trutura de classe e os níveis de vida, as instituições básicas, a recreação e expressão estética, os meios e conteúdo da comunicação, as crenças e práticas relari-vas à saúde física e mental (especialmente em traba-lhos sanitários).

A Etnografia, a partir das monografias de

MALINOWSKI, avançou na compreensão de que a

observação participante é um recurso metodológico importante no esforço dirigido para captar toda a

ri-queza de significados da vida social.7

A observação participante, que tende a se trans-formar em participação observante," representa um pas-so importante na ultrapassagem do limite formal entre sujeito e objeto imposto às metodologias de inspiração cartesiana.

Além disso, mesmo a participação observante, mais diretamente relacionada ao processo de inserção,

tende a avançar paramlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBAp e s q o is e -p s r tic ip e n te ep e s q u is e -BA

a ç ã o 9, no decorrer do processo de intervenção. Ou

seja, o processo de inserção não se dá gratuitamente. Visa à intervenção prática.

6 A adoção de determinados postulados epistemológicos, por um lado, apresenta implicações políticas, como o atestam as discussões

acerca do mito da neutralidade científica. Por outro lado, embora ainda inexploradas, comporta implicações a nível da subjetivida-de do cientista. Com efeito, subjetivida-determinados paradigmas epistemológicos protegem o cientista de situações cuja complexidade exigi-riam dele uma habilidade para lidar com conflitos de diversas naturezas e uma disponibilidade para correr riscos, pondo à prova seus valores e pré-conceitos,ZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA

7 " O fú n d a m e n to d e s s a té c n ic a [ o b s e r v a ç ã o p a r tic ip a n te } r e s id e n u m p r o c e s s o d e 's c u ltu r e ç io ' d o o b s e r v a d o r q u e c o n s is te n a

a s s im ila ç ã o d a s c a te g o r ia s in c o n s c ie n te s q u e o r d e n a m ou n iv e r s o c u ltu r a l as e r in v e s tig a d o . A tr a v é s - d e s te p r o c e s s o , oin v e s tig a d o r a p r e e n d e u m a 'to ts h d e d e in te g r a d a ' d e s ig n ific a d o s . "{DURHAM, E. R. V r d a e O b r a d e M a lin o w s k i IN: MALINOWSKI, Cole-ção Os Pensadores, São Paulo: Abril Cultural, 1984, p. XII).

8 Na observação participante a ênfase assenta-se na o b s e r v a ç ã o , sendo a participação apenas condição necessária a que a mesma ocorra. Na participação observante, tendência predominante na pesquisa antropológica de populações urbanas (sociedades con-temporâneas), a ênfase recaí sobre p a r tic ip a ç ã o e reveste-se de especial importância os aspectos subjetivos do pesquisador - a experiência, os sentimentos, os conflitos íntimos, a identificação com a população estudada são amplamente descritos e analisados. Confira: DURHAM, E. R.A p e s q u is a a n tr o p o ló g ic a c o m p o p u la ç õ e s u r b a n a s : p r o b le m s s e p e r s p e c tiv a s lN: CARDOSO, R. C. L. (Org.) A Aventura Antropológica: Teoria e Pesquisa - Rio de Janeiro: Paz e Terra, J986.

9 Sobre Pesquisa Participante e Pesquisa-ação, cf.: BRANDÃO, C. R. Repensando a pesquisa participante - São Paulo: Brasiliense,

1984.

93

(6)

A partir dos conhecimentos em História Oral10,

podemos indicar a investigação de biografias de

mo-radores da Comunidade como um recurso

meto-dológico relevante ao conhecimento do modo de vida do lugar / comunidade. De fato, o modo de vida não é algo alheio aos indivíduos concretos. Além disso, no interior da unidade dialética constituída pela formação social e pela formação individual, as diversas formas históricas de individualidade espalhadas no espaço

so-cial comunitário só se constituem comomlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBAs is te m a nas

v id a s in d iv id u a is . Ou seja, é nas vidas individuais que

se experimentam a coerência ou a incoerência, a via-bilidade ou a inviavia-bilidade humana da própria

forma-ção social. (Cf.: SEVE, Lucien A P e r s o n a lid a d e e m

G e s ta ç ã .o IN : SILVEIRA, P. e DORAY, B. (Org.). Ele~ mentos para uma Teoria Marxista da Subjetividade ~São Paulo: Vértice, Ed. Revista dos Tribunais, 1989)

Em outros termos, o sistema de valores, as re-presentações sociais, o nível de consciência, as ideolo-gias, os sonhos coletivos e pessoais, a visão de futuro, os conhecimentos e experiências, os laços de solidarie-dade, as frustreções, os mitos acerca da realisolidarie-dade, tudo isto se faz presente nos indivíduos a nível de caráter (REICH, 1979) e vem à tona num discurso revestido de dramaticidade, colorações emocionais e conteúdos existenciais, tanto mais o psicólogo comunitário saiba como abordar estas questões, num clima de respeito, abertura e confiança. Num encontro com as pessoas da comunidade, onde se possa realizar uma

apresenta-ção dos participantes um pouco mais cuidadosa e

demorada, cada nova pessoa, ao se apresentar aos de-mais, traz um aspecto novo de qual é o modo de vida daquele lugar / comunidade. O grupo, a partir do

rela-to biográfico dos participantes, funciona como

sinalizador do modo de vida mais geral e dos próximos passos do processo de inserção. O acesso às biografias pode acontecer fora do contexto grupal, num mornen-to mesmo inesperado e informal. Em mornen-todo caso, é

ab-solutamente importante realizar uma escuta autêntica e facilitadora da expressão da identidade nestes mo-mentos. A pergunta in erna de relevância para o tema aqui abordado é a seguinte: o que esta vida me diz da vida desta comunidade 7

No avançar do processo do trabalho comunitá-rio, o conhecimento biográfico dos moradores, em el-gum momento, pode ser valioso para a compreensão de diversos nexos e tramas de relações que permeiam a vida comunitária em questão.

Desta forma, estam os especificando a utilização deste recurso pela Psicologia Comunitária, articulan-do-c a sua estrutura con ceptu ai, tarefa extremamente necessária. Sem isto, as histórias de vida aparecerão apenas como um monte de fragmentos desconexos,

incoerentes e ambíguos ou representarão um convite

sedutor à confusão teórica e ética entre Psicologia Co-munitária e Psicologia Clínica.

Por outro lado, podemos dizer que a interação humana que ocorre no processo de inserção mobiliza toda a identidade do psicólogo comunitário. A inser-ção torna-se inviável se não há uma abertura para vivenciar, para interagir, para se relacionar, para ouvir, para dialogar, para se comunicar, para estabelecer vín-culos saudáveis, numa palavra, para fazer-se presen-ça. Ao mesmo tempo, atitudes distanciadoras ou que provoquem estranheza por serem pertinentes a outro contexto cultural devem ser evitadas. A confiança, ne-cessária para o trabalho, brota da relação, sobretudo quando há autenticidade e respeito mútuo. A ansieda-de em querer saber não ansieda-deve nunca jamais invadir os

moradores com perguntas inadequadas!' nem

transformá-lcs em fichário de consulta. As situações de informalidade e as visitas domiciliares representam um valioso terreno para a emergência de um clima arnisto-so e colaborativo. Numa palavra: a pesarnisto-soa deve

preva-lecer sobre o cargo, a função, a coisa.ZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA1 2

1 0 Com efeito, esta disciplina tem utilizado o relato de histórias de vida com o objetivo de reconstruir a história de instituições e apresentar uma interpretação histórica alternativa a que é estabelecida oficialmente, de forma hegernônica. Dialogando com as pessoas, sem categorias conceiniais prontas, os historiadores têm acesso a informações a que dificilmente teriam pela vias formais, o que os leva a relativizar pressupostos conceituais e a fazer emergir outras dimensões dos fatos históricos. A este respeito confira: DEBERT.G. G.P r o b le m a s r e la tiv o s àu tílíz a ç ã o d a . h istó ria . d e v íd z e 'ria .onlll : CARDOSO, R. C. L (Org.) o p . c íe .

e seu inquérito tem de parar, onde a pergunta direta tem ta que não deve fazer.~ (RIOS, 1987, p. 85)

1 1BAM O pesquisador, embora perpétuo indiscreto, deve, no entan ,saber de ser substituída por simples indução. Sobretudo, tem de SUl· a

1 2O enfoque dado aqui não deve obscurecer a impo • consulta às fOntesoficiaís de infOrmação acerca da Cornuni-dade, tais como agência do IBGE, Prefeitura. cartórios,sa>::erdlc:= eregistro da paróquia, coletorias, delegacias de polícia, agências

de bancos, centro de saúde ou unidade SAMária. e, postos agropecuários / EMATER, agente da estação de

(7)

Processo de inserção: vias de acesso à

Comunidade

A Comunidade, enquanto conceito e enquanto

espaço psicossocial concreto, é o campo de atuaçãomlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA

s u i g e n e r is d a Psicologia Comunitária, e, portanto,

des-tino final do processo de inserção.

No entanto, pode-se ter várias vias de acesso ~

portas de entrada, a ela. Vejamos as duas principais: a

via institucional'? e a via municipal.

A primeira via refere-se aqui a instituições,

go-vemamentais ou nâo-governarnentais, que atuam no

âmbito social localizadas dentro ou fora do espaço ge-ográfico da comunidade.ZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBAÉ o caso, por exemplo, de

uma ONG que quer realizar determinado projeto

numa comunidade específica e solocita a assessoria do

psicólogo comunitário.

Neste caso, é preciso atinar para três aspectos

centrais: I. O psicólogo comunitário deve situar-se

numa posição de onde possa visualizar e intervir no

corpo do projeto como um todo; 2. A comunidade

deve ser o parâmetro avaliativo fundamental de onde

devem emergir as críticas e modificações necessárias

ao andamento do projeto, inclusive no que diz

respei-to à necessidade ou não de sua implernentação, em

função da opção da comunidade; 3. A inserção do

psi-cólogo na comunidade e da comunidade, facilitada por

ele, no processo condutor da realização do projeto, deve

levar ao gerenciamento autônomo do mesmo pela

cc-munidade (ação-participante).

Portanto, é inviável teórica e praticamente fazer

Psicologia Comunitária em instituições que não têm a

Comunidade como referência de suas ações

correre-tas, seja pelo limite do alcance de suas ações, seja pela

postura ensimesmada, seja pelo seu isolamento de

ou-tras instituições ou por não' conseguir se desvencilhar

do paternalisrno!". Pensar nesta possibilidade é

con-fundir Psicologia Comunitária com Psicologia

Orga-nizacional ou com Psicologia dos Grupos, disciplinas

de suma 'importância para aque\a, que al'iás as UúY1Za

como parceiras em muitos momentos, mas cada uma

delas com um m o d u s o p e r s n d u s específico.

A outra importante via de acesso às

cornunida-des é a via municipal, seja por intermédio da

Prefeitu-ra, seja através de uma entidade de alcance muni .

(um Conselho Municipal ou Federação de Associa,

ções, como exemplos). É sabido que os Municípios,

ao lado das ONG' s, estão se tomando cada vez mais

relevantes para a vida política nacional (ou mundial 7). Haja vista o contraditório e vacilante, porém irreversível, processo de municipalização.

O processo de inserção na vida municipal

ad-mite também algumas considerações imprescindíveis:

I . Em vez de uma comunidade, são várias, com graus

de articulação, aproximação, distanciamento,

colabo-ração, rivalidade, indiferença, conhecimento e

inter-câmbio variáveis entre si. Isto requer um poder de

mobilidade e um esforço de articulação maior por parte

do psicólogo comunitário; 2. Como acertadamente

assinala RIOS ( 1 9 8 7 ) , as formas de associação entre

as pessoas deixam de ser especificamente radicadas num

território comum, podendo se dar independentemente

deste, seja por atividade ou classe comum, seja por

uma afinidade qualquer. Ganham evidência, com isso,

as categorias sociais (professores, estudantes, artistas,

artesâos, comerciantes, aposentados, etc) do Municí~

pio, cada uma delas com um nível de consciência e

organização, bem como um certo poder de pressão e

interferência potencial ou real na vida municipal. Em

função disso, surgem também entidades

representati-vas que dificilmente se fazem presentes numa

cornuni-dade. Entram em cena, com maior evidência, os ato,

res do Movimento Social. Portanto, a complexidade

aumenta. Isto se reflete no processo de inserção e

re-quer instrumentos de intervenção que atendam a esta

complexidade crescente. Tanto quanto seja possível, a

atuação deve contar com parcerias nas diversas institui,

ções não-governamentais, bem como no poder público.

Processo de inserção: conclusões

Aatuaçâo em Psicologia Comunitária tem como

objetivo maior, numa palavra, facilitar a construção da

'iàenúàaàe humana, posta como metamcrfcse e

ex-pressão singular da vida social e comunitária.

CIAMPA ( 1 9 8 7 ) destaca três importantes

aspec-tos da produção da identidade: I. Aspecto R e p r e s e n

-te c io n e l, isto é, cada indivíduo, por ser continente do

IJ O leiror interessado em enriquecer esta discussão pode consultar NASC1UITI, Jacyara C. R.A /n s tíl1 J iç ã o c o m o v ia d e a c e s s o à C o m u n id a d e lN : CAMPOS, R. H. de F. (Org.) Psicologia Social Comunitária: Da solidariedade à autonomia - Petrópolis: Vozes, 1996.

1 1Mesmo no caso de uma inserção direta na comunidade, tal inserção suporte da inserção inicial.

95

(8)

desenvolvimento filogenético, da humanidade enquanto

totalidade, e por estar submetido a diversas

determina-ções, aparece perante o outro sempremlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBAr e p r e s e n ta n d o a

si mesmo; 2.Aspecto O p e r e tiv o , ou seja, paraZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBAm o v e r

-se no mundo cotidiano, represento p a p é is ~rituais

so-ciais; 3 .Aspecto C o n s titu tiv o , isto é, re~apresento~me

num processo contínuo de identificação do que tenho

sido perante o mundo. Neste último aspecto está a

chave do processo de metamorfose da identidade, ou,

da id e r u id e d e -m e te r n o r to s e .

Sendo assim, enquanto estiver compreendendo

o processo de inserção apenas e tão somente como

representação de papéis (aspecto operativo) ~ que ao

me identificar me determina e, por isso, me nega

na-quilo que seu-sem-estar-sendo. o psicólogo

comunitá-rio estará ainda re-produzindo os ts tu s q u o social. Ao

fazer -se presença perante o outro ~ apresentar -se como

estar-sendo, como dando-se ~ imediatamente o outro

é mobilizado, no processo interativo, a trilhar o

rnes-mo caminho.

Este processo torna o psicólogo comunitário

s ig n ific a tiv o para o outro. Com efeito, s e m s e to r -n a r s ig -n ific a tiv o - corolário do processo de inser-ção - n ã o é p o s s ív e l in te r v ir n o s p r o c e s s o s d e c o r -r e n te s d a s o c ia liz a ç ã o p r im á r ia I5 e a fa c ilita ç ã o d a

c o n s tr u ç ã o d a id e n tid a d e d o s u je ito c o m u n itá r io e s b a r r a r á e m o b s tá c u lo s in tr a n s p o n ív e is .

Ademais, u m p r o c e s s o d e in s e r s ã o p r o fU n d o d e ix a e n tr e v e r a o lo n g o d o p r o c e s s o a tr ilh a c la r a d a

in te r v e n ç ã o a s e r a d o ta d a . Ou seja, deixa nítidos os

pontos cruciais a serem tocados com o objetivo de

alavancar o processo de desenvolvimento da vida

comunitária.

Com base no que foi exposto, podemos qualificar

de profundo, crítico e gerador de crescimento tanto no

psicólogo comunitário como nas pessoas ao seu redor, o

processo de inserção que ultrapassar o nível dos papéis.QPONMLKJIHGFEDCBA

R e f e r ê n c ia s B ib lio g r á f ic a

I. BERGER, P .Como ser um membro da sociedade

IN: FORACCHL M. A & - MARTINS, J. S. 5 0 '

c io lo g ía e S o c ie d a d e : L e itu r a s d e in tr o d u ç ã oBAàS o c io

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Científicos Ed. S.A , 1 9 7 7 .

2. BERGER. P. e L CKMANN, T A C o n s tr u ç ã o

S o c ia l d a R e a líd a d e - Rio de Janeiro: Vozes, 1 9 8 3 .

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1 5A socialização primária é o processo por meio do qual a criança se transforma te da sociedade. Com efeito, a criança é socializada não só para um mundo específico, mas também para detJ=s-..a.:::a c.::Nii:::u.;Mide, que se harmonize com os ideais e necessidades dessa sociedade. Éneste processo que o mundo pode ser. e • apresentado como imutável, como

natural, como absoluto, como alheio à produção humana, o que se coni ~ e negadoras do valor e do

poder das pessoas, geradoras de caráter oprimido (GÓIS, 1995), aspeaos ituiçâodo sujeito

sôcio-histôri-co. Sobre socialização confira: BERGER, P. C o m o s e r u m m e m b r o , M. A. ê - MARTINS, J . S.

Referências

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