-ÉTICA NA POLíTICA BRASILEIRA
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B C H - U F :- :·
P E R iÓ D IC O S
yxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA
A
o se pretender falar
so-bre a relação entre ética
e política, é quase ine-vitável discutir-se seu
distanciam ento progressivo no cenário político
brasilei-ro. A o contrário dos antigos,
cujo estudo da política não se dissociava da ética,
atu-alm ente essas duas esferas * D o u to ra , P ro fe s s o ra A d ju n ta d o D e p a rta m e n to d e
ivem tensões perm anentes, C iê n c ia P o lític a d a U n B .
na m aioria das vezes percebidas com o dim ensões
antagônicas, excludentes, de difícil conciliação.
N a percepção social contem porânea, a
autonom ização dos dois cam pos conduz ao
discur-so desqualificador da política, trazendo ao quoti-diano geral- não raro para a academ ia - discussões
contra" a política, não "sobre" política.
C onsiderada lugar próprio para os escalabros do funcionam ento dos governos, ou
oa falta de decoro de governantes e políticos, zdm ínístradores e funcionários, a política
paula-aaarnente se torna um lugar que poucas
"pesso-- de bem " freqüentam .
N a consciência difusa da sociedade, ser
:::" o, agir eticam ente, corresponde a bem saber
separar interesses individuais de coletivos,
_ enciar as instituições públicas longe de am i-::: e não usar os fam iliares na partilha de
re-_~ os públicos: o que diferencia "casa e rua".' A pesar de ganhar vigor na m ídia,
particu-rm ente após a abertura dem ocrática, a
indis-ição entrePONMLKJIHGFEDCBAé t i c a e p o l í t i c a não é nova na
iedade brasileira.
Sérgio B uarque de H olanda, para quem "a ocracia foi sem pre um lam entável m
al-en-dido no B rasil", em R a í z e s d o B r a s i l expressa
a incapacidade secular
des-ta cultura de separar vida pública de vida privada.
Entendendo o
"ho-m e"ho-m cordial" co"ho-m o
exacer-bação de afeto, desconhecer qualquer form a de convívio
não ditada por um a ética de
fundo em otivo representa
um aspecto em que raros es-trangeiros penetram com
facilidade. Tão característica a m aneira brasileira de ser, que tais sentim entos não suprim em o con-vívio fam iliar, inclusive na vida pública.ê
B oa parte do m al-estar expressa-se no im
a-ginário nacional ao se elegerem "o jeitinho bra-sileiro", "o rouba m as faz", "a lei de G érson", na
tentativa de retratar as m azelas da vida social, política e afetiva configuradas por D a M atta na
expressão "V ocê sabe com quem está falandor"> Em bora aparentem ente se rechace a tradi-ção clássica de pensar a ética dissociada da po-lítica, ao se aprofundar a reflexão sobre os apelos
atuais expressos pelo clam or por "ética na
polí-tica", se resgata o conceito aristotélico da p ó l i s
-ou do Estado, no sentido m oderno da palavra -em que a questão ética se funda na sobreposíção
do interesse com um aos interesses privados. N a prática, a sociedade brasileira
partici-pa de dois m ovim entos aparentem ente contra-ditórios: se por um lado ela desqualifica a política, por outro ela reclam a um a associação entre
éti-ca e polítiéti-ca.
R etom ando as categorias - público e
pri-vado - H annah A rendt cham a a atenção para
dois fenôm enos que se m anifestam na vida con-tem porânea: a indiferença contra a política e a MARILDE LOIOLA DE MENEZES*
R E S U M O
O a rtig o d is c u te a re la ç ã o e n treéticaepolítican o B ra s il. P re s s u p o n d o q u e to d a p rá tic a p o lític a s e a n c o ra n u m a v is ã o m o ra l, é tic a , e s te tra b a lh o re to m a a re la ç ã o e n tre e s s a s d u a s e s fe ra s , a n a lis a n d o re g ra s d e c o n v iv ê n c ia , n o rm a s , le is , c o s tu m e s e p rá tic a s c o n s titu tiv a s d o c a m -p o -p o lític o b ra s ile iro .
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destruição da esfera pública pelos governosto-talitários. O s preconceitos contra a política, a
concepção de a política ser "um a teia feita de velhacaria de interesses m esquinhos e de
ideo-logias m ais m esquinhas ainda'" , podem ter com o conseqüência im ediata a perda de controle,
pe-los cidadãos, dos rum os da política.
O interesse da nossa pesquisa em usar essa elaboração teórica de A m dt é exatam ente para
ex-pressar o perigo a que podem os ficar expostos, caso
os cidadãos icorporem o desprezo pela política.
Em lugar de aboli-Ia se há de conseguir
um a form a de dom inação despótica am pliada ao extrem o, na qual o abism o entre dom ina dores
e dom inados assum a dim ensões tão gigantescas
que não possibilite rebeliões nem controle de dom inadores sobre dom inados. O s governos
totalitários, com o todas as tiranias, representam
o testem unho do desprezo à política expresso na destruição da esfera pública pelo isolam ento dos hom ens de suas capacidades polítícas?
A com preensão da política para a qual A rendt
alerta vincula-se a idéias de liberdade,
espontanei-dade e convivência entre diferentes. A ruína da política indica que se chegou a um a situação em
que não se sabe m over-se politicam ente, ao m e-nos até então. Sendo a política vinculada à
conser-vação da vida e da liberdade, ao se pensarPONMLKJIHGFEDCBAé t i c a e
p o l í t i c a com o esferas estanques, corre-se risco de
sucum bir ante quem , com o caracteriza W eber, "vive
'da' política", não" 'para a' política"."
Entretano, a desconfiança geral na políti-ca e em seus representantes não é algo im
agina-do por sociedades tidas com o "catastróficas" e "derrotistas". A o contrário, é um fato da m aior
realidade, visível todos os dias se forem lidas
(ou escutadas) notícias que constatam denúnci-as e escândalos na vida política.
Se parecem discutíveis p o l í t i c a e é t i c a com o
com patíveis entre si nas condições m odernas, questiona-se se o distanciam ento entre as duas
esferas - em term os teóricos e em term os
práti-cos - pode ser a principal causa do desconforto no trato das condições fundam entais desta
épo-ca, na vida privada, pública ou social.
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R E V IS T A D E C I~ N C IA S S O C IA IS V.33 N .1Presum indo que a prática política se
sus-tenta num a visão m oral, ética, retom a-se a
rela-ção entre é t i c a ep o l í t i c a nas discussões sobre o cenário político do B rasil, subm etendo à análise
regras de convivência, norm as, leis, costum es e
práticas constitutivas do cam po político, não a experiência aética da política.
Para reform ular o problem a investiga-se, dessa form a, não o v a z i o da ética na política,
m as se a ética que constitui o cam po político
brasileiro condiz com as leis que regem o deco-ro parlam entar na C âm ara de D eputados e no Senado Federal.
A idéia de levar " à praça pública" as
dis-cussões que regem as norm as éticas form adoras
do cam po político brasileiro não pretende
esta-belecer com o projeto m oral para a sociedade, tam pouco em "pesquisa-denúncia".
Estabelece que a separação ingênua de é t i
-c a e p o l í t i c a , longe de convite à "m oralização
na política", representa inverter valores que
fun-dam entam o cam po político e lhe justificam a
existência. A perspectiva essencial de êxito na pesquisa é perseguir o que B ourdieu realiza, na
análise de Fritsch: "pensar a política sem pensar politicam ente". 7
ÉTICA NO LEGISLATIVO (FUNDAMENTOS TEÓRICOS
METODOLÓGICOS)
A tendendo aos objetivos deste trabalho,
a pesquisa em pírica buscou identificar na le-gislação os docum entos que expressam o
códi-go de ética do cam po político brasileiro. A análise perm itiu conhecer o que é passível de
penalidades e as norm as form ais circunscritas
num a "fórm ula geral de m oralidade" no inte
rior do C ongresso N acional, a partir da C onsti-tuinte de 1988.
N o segundo m om ento exam inaram -se os
processos referentes a perda de m andato. Isto é,
a aplicação legal configurada no(s) código(s) de ética, a partir de absolvições ou penalidades
aplicadas em casos de perda de m andato.
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C om posição e trâm ites legais dessespro-cessos foram tam bém fontes im portantes de
in-terpretação do fenôm eno estudado, um a vez que
a instalação das com issões depende, em alguns casos, do "peso" da representação parlam entar
nas duas casas.
D iante disto analisou-se tanto o resum o dos caracteres essenciais que apresentam as norm as
m orais do cam po político - ou o "tipo ideal'" de
m oral determ inada - quanto a tradução dessa m oral em processos envolvendo penalidades
apli-cadas nos casos de perda de m andato.
Sem entrar no debate sobre a
representa-ção ideológica do conjunto de leis e práticas
sociais, a quem servem e que legitim ação
ten-tam resgatar, presum e-se que o conjunto desse
universo - a lei em expressão form al e prática -forneça indicadores de análise para se desenhar
um form ato m oral aproxim ado do cam po políti-co brasileiro.
D o ponto de vista teórico-m etodológico
se pretende alicerçar a análise do cam po políti-co brasileiro segundo a ética vigente, por m eio
das categorias desenvolvidas por Pierre B ourdieu,
em especial as noções de "cam po social" e
PONMLKJIHGFEDCBA
b a b i t u s apresentadas em seu trabalho sobre as
características do cam po cientifico.?
Partindo dos conceitos da sociologia da
ciência, principalm ente do postulado de que a "verdade do produto" é um cam po social com o
outro qualquer, para B ourdieu relações de força e m onopólios, lutas e estratégias, interesses e
lucros são encontráveis inclusive no "universo
puro" da m ais "pura ciência".
A noção de "cam po" em bute a idéia do
lugar onde se estabelece luta concorrencial. O m onopólio da com petência cientifica é
social-m ente outorgado a um agente ou a um grupo
detentor da hegem onia no interior do cam po. N o caso, afirm ar ser o cam po social lugar
de lutas é rom per com a idéia de um a lógica
hom ogeneizadora consensualm ente sobreposta
os form adores do cam po político.
A m etodologia perm ite ver, assim , que um a ética form adora do cam po político representa
não o c o n s e n s o dos agentes, m as a expressão hegem ônica de determ inada fração que im põe,
no cam po político, regras éticas, m orais, num m om ento histórico.
A ética no cam po político seria
considera-da não com o situação de uniform idade, com o sugere a idéia de classes sociais ou de classe
política, m as expressão de luta concorrencial
entre pares ou facções políticas form adoras do
que o autor denom ina b a b i t u s .
"sistem a de disposições duráveis e transponíveis que integrando as experiências
passadas funciona com o m atriz de percepções,
apreciações e ações que se form am no interior do cam po'i.l?
O b a b i t u s representa as práticas sociais
desenvolvidas, que sem razões explícitas nem intenções de agente singular são consideradas
"sensatas", "razoáveis", "objetivam ente"
orques-tradas no interior do cam po.
D ito doutra form a, representa regras m o-rais duráveis ou "m odos de engendram entos"
que im põem definições diferentes e fazem com
que alguns sintam com o "naturais" práticas que outros sentem im pensáveis, escandalosas.
N o jogo de relações configuradas pela
m ediação entre a m o r a l fo r m a l - expressa por
leis e códigos de ética - e a a p l i c a ç ã o q u o t i d i a
-n a d e s s a p r á t i c a m o r a l , a pesquisa analisa as
características éticas dom inantes no cam po po-lítico brasileiro desde a C onstituição de 1988.
A té aqui procuram os expor os principais
fun-dam entos teóricos m etodológicos da pesquisa.
A gora vam os passar para os dados que ,
até agora, obtivem os na nossa pesquisa
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,
SENADO E CÂMARA
E m 1993 criaram -se no Senado as
resolu-ções n.º 17 e n.º 20, que instituíram a corregedoria e o código de ética e decoro parlam entar,
res-pectivam ente.
À corregedoria com pete prom over a m
a-nutenção da ordem , do decoro e da disciplina
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no âm bito do Senado Federal, e apurardenún-cias referentes a atos ilícitos de senadores,
den-tro da casa.
T ais atos são regulam entados pela
resolu-ção n.2 20, de 1993, que institui o código de ética e decoro parlam entar.
N o exercício do m andato o senador aten-de às prescrições constitucionais e regim entais
e às contidas no código de ética, sujeitando-se
aos procedim entos disciplinares previstos.
C onform e o capítulo I - resolução n.2 20, de 1993, "D os D everes Fundam entais do
Sena-dor", constituem deveres fundam entais a
pro-m oção e a defesa dos interesses populares, o zelo pelo aprim oram ento da ordem
constitucio-nal e legal e o exercício digno do m andato
par-lam entar, assim com o apresentar-se ao Senado em sessões legislativas, com issões etc.
O capítulo V , "D as M edidas D isciplinares",
refere-se a ações incom patíveis com a ética e o
decoro parlam entar:
• abuso das prerrogativas constitucionais
asseguradas aos m em bros do C ongres-so N acional (C onstituição Federal, art.
n.2 55, parágrafo 1.2);
• percepção de vantagens indevidas com o doações, benefícios ou cortesias
de em presas, grupos econôm icos ou au-toridades públicas;
• prática de irregularidades graves no de-sem penho do m andato ou de encargos
decorrentes com o atribuição de dota-ção orçam entáriaPONMLKJIHGFEDCBAs o b form a de subven-ções sociais, auxílios ou outras rubricas
a entidades ou instituições de que par-ticipem o senador, seu cônjuge, com
-panheira ou parente, bem com o pessoa
jurídica indiretam ente por eles
contro-lada;
• ou ainda que aplique os recursos rece-bidos em atividades que não
correspon-dam rigorosam ente a suas finalidades
estatutárias.
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• É vedado tam bém criar ou autorizar
en-cargos que possam resultar em
aplica-5 4
R E V IS T A D E C I~ N C IA S S O C IA IS v .3 3 N . 1ção indevida de recursos públicos. A s
m edidas disciplinares são advertência,
censura, perda tem porária do exercício
do m andato, perda do m andato.
A transgressão de qualquer um a dessas norm as será apreciada através da aplicação das
m edidas disciplinares do capítulo V I - "D o
Pro-cesso D isciplinar".
A perda do m andato será decidida pelo
plenário, em escrutínio secreto e por m aioria
absoluta de votos, m ediante iniciativa da m esa,
do conselho de ética e decoro parlam entar ou de partido político representado no C ongresso N acional.
R esum indo:
A representação de abertura de processo
contra o senador (por qualquer parlam entar,
cidadão, ou pessoa jurídica, não vale denún-cias anônim as) sujeita-o à perda de m andato
ou à perda tem porária do exercício do m andato,
será inicialm ente.
• encam inhada pela m esa ao C onselho de ética e decoro parlam entar.
• R ecebida a representação, o C onselho observará os seguintes procedim entos:
sem pre que considerar necessário, o
presidente do conselho designará três
m em bros titulares para com porem a
com issão de inquérito destinada a pro-m over apurações de fatos e
responsabi-lidades; enviará cópia da representação ao senador indiciado, que terá o prazo
de cinco sessões ordinárias para
apre-sentar defesa escrita e provas;
• esgotado o prazo sem apresentação de defesa, o presidente do conselho
no-m eará uno-m "defensor dativo",
oferecen-do-lhe o m esm o prazo de defesa para o processo.
• A presentada a defesa, quando for o caso, o con elho ou a com issão de in-quérito procederá às diligências e à
instrução probatória que entender
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cessárias, findas as quais proferirápa-recer no prazo de cinco sessões ordi-nárias do Senado, que concluirá pela
procedência ou pelo arquivam ento da
representação.
• Em caso de perda de m andato, o pare-cer do conselho de ética e decoro
par-lam entar será encam inhado à C om issão de C onstituição, Justiça e C idadania para
exam e dos aspectos constitucional,
le-gal e jurídico, no prazo de cinco ses-sões ordinárias.
• C oncluída a tram itação no conselho de ética e decoro parlam entar e na C om
is-são de C onstituição, Justiça e C
idada-nia, o processo será encam inhado à
m esa do Senado.
• A sanção ao Senador será decidia pelo Plenário, em escrutínio secreto e por
m aioria sim ples.
• U m a vez lido no expediente, será pu-blicado no D iário do C ongresso N
acio-nal e distribuído em avulsos para inclusão em ordem do dia. A o senador
é facultado, em qualquer caso,
consti-tuir advogado para sua defesa, assegu-rando-se-lhe atuar em todas as fases do
processo.
• D enúncias contra senadores podem ser feitas perante o conselho de ética e
decoro parlam entar por cidadãos, pes-soas jurídicas ou parlam entares. N ão se
aceitam denúncias anônim as.
A s atribuições do conselho de ética e decoro
parlam entar são regulam entadas pelo capítulo V II
- "D o C onselho de Ética e D ecoro Parlam entar".
O conselho é constituído por quinze m em -ros titulares e igual núm ero de suplentes,
elei-para m andato de dois anos, cum prindo-se,
ando possível, o princípio da proporcionalidade
partidária e o rodízio entre partidos políticos ou
ocos parlam entares não representados.
O s líderes partidários subm etem à m esa
nom es dos senadores que pretendem indicar
para integrar o conselho, na m edida das vagas que couberem a seu partido. A com panham as
indicações as declarações atualizadas de cada
senador, esclarecendo onde constarão as infor-m ações referentes a bens, fontes de renda,
ativi-dades econôm icas e profissionais.
Tam bém se faz acom panhar um a
declara-ção assinada pelo presidente da m esa, que
cer-tifica inexistirem , em arquivos e anais do Senado,
registros de prática de atos ou irregularidades,
independentem ente da legislatura.
A m esa providenciará, de fevereiro a m
ar-ço, da prim eira à terceira sessão legislativa de cada legislatura, a eleição dos m em bros do
con-selho, que sob pena de im ediato desligam ento
e substituição deverão m anter a discrição e o sigilo inerentes à natureza de sua função.
Será autom aticam ente desligado do
con-selho o m em bro que não com parecer, sem justi-ficativa, a três reuniões (consecutivas ou não);
igual desligam ento para o que faltar, em bora
justificadam ente, a m ais de seis reuniões,
du-rante a sessão legislativa.
O corregedor do Senado participa das
de-liberações do conselho de ética e decoro
parla-m entar com direito a voz e voto. C om pete-lhe prom over as diligências de sua alçada,
necessá-rias aos esclarecim entos dos fatos investigados.
CÂMARA
Em relação à C âm ara dos D eputados, ao contrário do Senado, não há legislação
específi-ca para controle do decoro parlam entar.
Existe apenas um projeto de resolução
na C âm ara (n.º 106, de 1992) que aprova o
código de ética e decoro parlam entar ( PR C
106/92) e que perm anece desde m aio de 1999 na com issão especial de reform a do regim ento
interno.
O docum ento form al que rege as
ques-tões ligadas à ética na C âm ara dos D eputados é o regim ento interno da C âm ara dos D eputados,
com respaldo da C onstituição Federal.
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o
art. n.Q 54 da C onstituição da R epúblicaFederativa do B rasil im pede que os deputados,
desde a expedição do diplom a:
• firm em ou m antenham contrato com pessoa jurídica de direito público,
autarquia, em presa pública, sociedade
de econom ia m ista ou em presa
conces-sionária de serviço público.
• D a m esm a form a, o deputado fica im -pedido de aceitar ou exercer cargo,
fun-ção ou em prego rem unerado; ser
proprietário, controlador ou diretor de em presa que goze de favor decorrente
de contrato com pessoa jurídica de
di-reito público, ou nela exerça função
re-m unerada.
Perderá o m andato (art. n.? 55) o deputado:
• cujo procedim ento for declarado incom -patível com o decoro parlam entar.
• Tam bém aquele que deixar de com pare-cer à terça parte das sessões ordinárias da
casa, salvo licença ou m issão autorizada.
• A inda se incluem em casos de perda de m andato deputados cujos direitos políticos
forem cassados ou suspensos quando de-cretar a Justiça Eleitoral, ou se sofrerem
condenação crim inal em julgado.
Do PROCESSO DISCIPLINAR
• N a C âm ara dos D eputados, o respon-sável pela análise das questões
referen-tes ao parecer inicial sobre qualquer
processo de cassação de m andato dos
parlam entares é o 2.Q vice-presidente
da C âm ara, que concom itantem ente as-sum e a função de corregedor da C
â-m ara dos D eputados, a de responsável pela apuração de denúncias contra
de-putados.
• R ecebida a denúncia, o processo vai para o corregedor
• A pós o parecer do corregedor, o proces-so é encam inhado à m esa diretora, que
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R E V IS T A D E C ltN C IA S S O C IA IS v .3 3 N . 1decide sobre encam inhar (ou não) a
de-núncia, enviando a apuração à C om
is-são de constituição, justiça e redação.
• C aso o deputado seja condenado (com o aquele que infringe proibições
constan-tes do art. n.? 54 da C onstituição
Fede-ral), a C om issão de constituição, justiça
e redação tornará público seu parecer,
sob form a de projeto de resolução, que um a vez lido no expediente, publicado
no D iário do C ongresso N acional e
dis-tribuído em avulsos será incluído na
ordem do dia.
• O deputado terá o prazo de cinco se-m anas para apresentar defesa escrita e
indicar provas.
• Se a defesa não for apresentada, o pre-sidente da com issão nom eará defensor
dativo para oferecê-Ia no m esm o prazo.
• A presentada a defesa, a com issão pro-cederá às diligências e à instrução probatória que entender necessárias,
findas as quais proferirá parecer no
pra-zo de cinco sessões, concluindo pela
procedência da representação ou pelo
arquivam ento.
• Se a representação for procedente, a co-m issão oferecerá tam bém o projeto de
resolução, no sentido da perda do m an-dato (art. n.? 240-regim ento interno).
- O plenário da C âm ara decidirá, em
vo-tação secreta e por m aioria absoluta
(atualm ente 257 votos), se aceita o
pe-dido de cassação.
Segundo o regim ento interno, art. n.?
240, parágrafo 2.Q
, incisos I1I, IV e V, a
m esa declarará a perda de m andato m
e-diante ofício ou provocação de qualquer deputado ou partido com representação no C ongresso aciona!. A lém da perda
de m andato, o art. n.Q 244 do regim ento
interno da C âm ara dos D eputados
defi-ne com o infrações e penalidades
adver-tência, censura e perda tem porária do exercício do m andato.
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pÉTICA FORMAL E SUBÉTICAyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA
Prelim inarm ente se infere que, de acordo
om as regras estabelecidas pelo C ongresso, a ética constitutiva do cam po político brasileiro
opera, em nível form al, através da separação nítida do "público" e do "privado";
distingue com perfeição o uso da
autori-de parlam entar em nom e dos interesses
ge-rais da nação; m antém distância de instituições ãnanceíras controladas pelo Poder Público;
veda possíveis abusos decorrentes das prerrogativas constitucionais asseguradas aos
em bros do C ongresso N acional; legisla em
om e de interesses populares e nacionais;
recusa vantagens ou doações advindas de pos econôm icos ou autoridades públicas;
participa das reuniões do Senado e da C âm ara;
e torna pública a avaliação de seu patrim ônio e
íe seus rendim entos.
A os critérios form ais de regulam entação da
'· ca no Senado e na C âm ara seguem -se ações
itivas aos que transgredirem as norm as vigentes. A punição pode estender-se da
advertên-à perda definitiva do m andato.
O órgão autorizado para proceder às
ab-_ lvições ou às punições é o C onselho de Ética,
jos integrantes são senadores que se
desta-cam pela integridade no cum prim ento das nor-éticas.
N o caso da C âm ara, é a C om issão de C ons-ruição, Justiça e R edação.
Em am bos os casos, vota-se em
plená-o plená-o parecer das duas instâncias, para
aprová-o aprová-ou desapraprová-ová-I o na indicação de cassação
~O m andato.
N o que tange ao conjunto de regras que
rm atizam o cam po político brasileiro,PONMLKJIHGFEDCBAp o l í t i c a e
sica
não são esferas autonom izadas. N o Senado Federal e na C âm ara dos D eputados as esferas seconfundem , presentes em todos os regulam entos
e dizem respeito ao decoro parlam entar.
A preocupação form al de separar a esfera
rblíca e a privada com o bases fundam entais para
nter um regim e dem ocrático torna-se
expres-siva na m edida em que a pe quísa dem onstra que o conjunto de regras estabelece não som
en-te q u e m está autorizado a exercer m andato
pú-blico, m as q u a i s os procedim entos éticos
essenciais ao exercício de m andato parlam entar.
Sabe-se, um dos princípios fundam entai da dem ocracia, além da regra fundam ental de
m aioria, é elim inar o que se cham a "poder invi-sível"!' , asseverando que a ação dos hom ens
públicos deve ser desenvolvida publicam ente.
D o contrário, enfraquece-se a dem ocracia, os eleitores deixam de se sentir representados
pelos políticos e expressam tal sentim ento ao denunciar que a classe política tem som ente
objetivos de poder e de enriquecim ento pessoal.
A o se avançar na pesquisa, para
apreen-der a ética no cam po político brasileiro a partir
da aplicação prática das norm as, a proposição torna-se m ais problem ática.
A o lado da política form al internam ente
regulam entada convive outra ética - a s u b é t i c a
-que em m uitos casos direciona, decide o encam
i-nham ento m oral das "norm as".
Trata-se da é t i c a i n v i s í v e l que predom ina
no interior do cam po político, que, m uitas
ve-zes) se sobrepõe às norm as vigentes e estabele-ce os contornos m orais do cam po.
A expressividade da é t i c a i n v i s í v e l , da
s u b é t i c a , fica patente quando a pesquisa m ostra
que na C âm ara, de 163 pedidos form ais de
licen-ça para abertura de processos contra deputados (98812000), em som ente 6 % dos casos os
pedi-dos foram concedipedi-dos. D estes, apenas a m etade
foi julgada. O s dem ais foram arquivados.
A análise revela que 64% dos pedidos de licença para abertura de processo contra
depu-tados provêm do
Supremo
Tribunal Federal.
O s dem ais vêm da m esa diretora, salvo dois: um caso de um m em bro da casa; outro, da
com issão de constituição e justiça.
Logo, a m aioria dos pedidos de abertura
de processo advém do Poder Judiciário, que
quanto à técnica de julgam ento e à aplicação da
lei pressupõe-se um dos m ais autorizados no discernim ento do que é passível de investigação.
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M esm o considerada aorigem
dadenún-cia, o C ongresso nega o pedido de licença para abertura de processo, sugerindo ser o parlam en-tar inocentePONMLKJIHGFEDCBAp o r q u e é p a r l a m e n t a r , não a partir da investigação do ato que gerou a denúncia.
Sem poderem ser investigados clara e
trans-parentem ente, os processos não chegam a ser
abertos, m uito m enos julgados. São arquivados na com issão de constituição e justiça.
Em bora os resultados desta pesquisa
ain-da não avancem na análise da n a t u r e z a do
pro-cesso, o índice de "arquivam entos" denota a força
da s u b é t i c a .
Suspeita-se que os parlam entares se
en-contrem subm etidos a um com prom isso de "ca-valheiros", estabelecido no interior do cam po
político m ais do que às regras do jogo dem
ocrá-tico consideradas consensuais para o conjunto
da sociedade.
O s resultados levam a avançar-se na
hipóte-se de que a bahipóte-se m oral da s u b é t i c a reside na cren-ça de que sóé e s c a n d a l o s o oq u e s e t o r n a p ú b l i c o .
Em bora sem dados ainda consolidados
para testar a hipótese, se forem analisados os processos nos últim os anos, haverá pistas
passí-veis de investigação das suspeitas.
Punições, nas duas casas, só ocorreram
quando o assunto escapou do interior do C
on-gresso e ganhou m anchetes nos m eios de co-m unicação, casos de Luiz Estêvão (Senado) e
H ildebrando Pascoal, Talvane A lbuquerque e Sérgio N aya (C âm ara Federal).
Se esta proposição tornar-se verdadeira,
(só é escandaloso o que se se torna público) pelo aprofundam ento ou regularidade do
fenô-m eno em pauta, o trâm ite dos processos éticos
precisará ser im pulsionado pela ação dos m eios
de com unicação e de grupos da sociedade civil
organizada.
Se ninguém "reclam ar" ou acom panhar as
transgressões, o processo poderá ser arquivado ou não seguir o fluxo norm al.
A pesar de em princípio haver reclam os por
justiça, feita a denúncia precisa-se acom
panhá-Ia e exigi-panhá-Ia passível de julgam ento.
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R E V IS T A D E C IÊ N C IA S S O C IA IS V.33
N . 1A suspeita seguida da denúncia de
trans-gressão das norm as internas do C ongresso não
habilita
julgar o processo no sentido de punirou inocentar o parlam entar.
Isto fere os princípios gerais do código de
ética ou do regulam ento interno, que diz que
todos devem ser julgados e passíveis de conde-nação (ou absolvição) com todos os direitos de
defesa assegurados em lei.
N o presente estudo este processo não se
finaliza; interrom pe-se o processo.
A ética no cam po político se configura, na
prática, com o algo a ser construído pela
socie-dade, destacando-se os m eios de com unicação com o fiscalizadores principais do cum prim ento
m oral-ético das duas casas.
A aplicação das norm as éticas no cam po polí-tico brasileiro deve, assim , ser com partilhada pela
sociedade civil, para se obter êxito em investigações.
Esquece-se tudo aquilo que não é
recla-m ado, que não se torna público. O s processos se desenvolvem à m edida que a transgressão
escapa e tem um lugar no cenário político naci-onal. Senão, inverte-se a esfera pública,
conce-bendo-a conceitualm ente com o esfera privada,
a ninguém com petindo julgar ou reclam ar. Esta análise possibilita investigar se a
aplicação da norm a depende m ais da fi g u r a
do transgressor do que da n a t u r e z a da
infra-ção com etida.
O peso político do parlam entar na casa m ostra-se expressivo ao se instaurar um a com
is-são de ética. Esse peso político, ou o que
B ourdieu cham aria da "posição do agente no interior do cam po,,12, devido à im portância
nu-m érica do partido ou à im portância individual,
confere ao infrator um a m argem de
possibilida-de para transgredir as norm as internas.
Em relação à quebra de decoro parlam en-tar, a pesquisa pretende assim , se interrogar se
acordos e fidelidades partidárias sobrepõem -se à aplicação ética das norm as em vigor no C on-gresso N acional.
C onfirm ando-se tal proposição, o cam po
político brasileiro - cam po de força e cam po de
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lutas (B ourdieu) - engendra um a dinâm icapró-pria interna. N a concorrência entre "agentes" se dem arca a aplicação ética. A autonom ia do cam
-po -político em relação às norm as éticas previstas
pelo C ongresso fica reforçada: m ais subordinada à lógica interna de funcionam ento do cam po
político, m enos às norm as form ais da casa.
O fecham ento do cam po em si m esm o, cujo funcionam ento dependeria m uito m ais da com
po-ição m ajoritária vigente - definidora de um aPONMLKJIHGFEDCBAé t i c a
b e g e m ô n i c a - do que das norm as form ais
previs-em lei e regulam entos internos conduziria à
luta pelo poder entre "profanos e indiciados", para se estabelecer o m o n o p ó l i o d a é t i c a no interior do cam po": A capacidade de m obilização estaria
li-gada à posse do capital político, quer em nom e pessoal, quer pela delegação partidária, ou sim
-plesm ente pela "corporação".
Esta análise aponta a coexistência de duas
éticas no cam po político brasileiro: um a é t i c a
o r m a l , expressa a partir de regras jurídicas
legi-tim adas pelos preceitos da ordem dem ocrática
ontidos na C onstituição, nos códigos de ética e
em regim entos internos; e um a s u b é t i c a , cujo - ncionam ento se dá pelas regras internas
infor-m ais ou invisíveis estabelecidas no interior do cam po. A dissocíação dessas duas éticas
perrni-te ao senso com um apelar "por m ais ética na política". C om o conseqüência advém a
descren-na ação m oral dos parlam entares.
M esm o considerando que a ação dos ho-ens políticos im plica na perseguição de
inte-ses reais em relação a eleitores e m andatos, o o em análise nos leva a suspeitar que tais
teresses estariam m ais vinculadas às norm as visíveis da s u b é t i c a do cam po do que às
re-form ais definidoras de com portam entos
éti-co , m orais, contidos nos regulam entos que em o decoro parlam entar.
N ão problem atizados em term os éticos, os ltados dessas ações fixam -se em interesses
pecíficos de "profissionais da política".
Por m eio do jogo duplo de satisfação a
elei-o res (quando o assunto se torna público) e à
rporação (se o assunto perm anece privado), a
política dissocía-se progressivam ente de seus
con-tornos éticos. Tal dissociação é fundam ental à
com preensão do cam po político brasileiro. A apli-cação dessa lógica indica a existência de
interes-ses específicos não redutíveis aos interesinteres-ses gerais
da sociedade. Essa é um a das razões pela quais o cam po político se fecha progressivam ente.
Parece assim , confirm ar-se a tese de
B ourdieu de que, no cam po político, "as
pesso-as podem falar ou fazer coisas que são determ
i-nadas não pela relação direta com os votantes, m as com os outros m em bros do cam po.l"
A tendência de autonom ização do cam po
político em relação a preceitos éticos, m orais, é
resultado de um processo: quanto m ais se
autonom iza o cam po político, m ais avança a
lógica da s u b é t i c a . A o funcionar conform e
inte-resses inerentes à com posição partidária do cam
-po e não de acordo com os interesses gerais da
nação, acentua-se a ruptura entre a política e a sociedade.
O cam po político, contudo, tem um a
par-ticularidade: não poder autonornízar-se com
ple-tam ente em relação à ética vigente ou às
dem andas de sua clientela, por deterem elas a
últim a palavra em regim es dem ocráticos.
D essa form a, a descrença geral na política
em função do descrédito nos políticos com o
pesso-as m orais pode em breve conduzir a sociedade não ao desencanto em relação à política, m as a discutir
o conteúdo positivo da idéia dem ocrática.
D enunciar o arbítrio, o segredo de
Esta-do, o poder invisível e a sobre posição de
inte-resses particulares a interesses públicos reforça o prognóstico de B obbio: "A dem ocracia não
goza no m undo de ótim a saúde, m as não está à beira do túrnulo't.l?
NOTAS
1 Term os utilizados por R oberto D aM ana com o cate-gorias de análise da sociedade brasileira. (R oberto D a M ana, A C a s a ea R u a - e s p a ç o , c i d a d a n i a , m u
-l h e r e m o r t e n o B r a s i l . R i o de Janeiro, R oeco, 1997).
fedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA
DOSSIÊ
yxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA
érgio B . de H olanda,PONMLKJIHGFEDCBAR a í z e s d o B r a s i l , São Paulo, C om panhia das Letras, 1997, p.139/152.
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H annah A rendt, O q u e é a P o l í t i c a ? , R io de janei-ro, Editora B ertrand B rasil, 1998, p. 26.
H annah A rendt, O r i g e n s d o T o t a l i t a r i s m o , São Pau-lo, C om panhia das Letras, 1998.
Para W eber, aquele que vive -ílparall- a política coloca-se a serviço de um a causa que dá significa-ção a sua vida. O s que vivem -da- política, ao con-trário, vêem a política com o um a perm anente fonte
de rendas.
fedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA
( M a x W eber, C i ê n c i a e P o l í t i c a - d u a sL O c a ç õ e s ,B rasília, Editora U niversidade de B rasília,
1968, p. 64/65).
Frase contida na introdução de Philippe Fritsch ao livro P r o p o s s u r l e C b a m p P o l i t i q u e , de Pierre B ourdieu, Lyon, Presses U niversitaires de Lyon, p.9.
tradução da autora).
W eber propõe a construção de -típos ideais- a par-Ir da necessidade de se estabelecer novo procedi-m ento m etodológico que garanta qualificação científica às ciências histórico-sociais, sobretudo à sociologia. D esigna -ideal- com o conceito abstra-to, ante a realidade da qual fazem parte- norm as-, valores- e o -dever-ser-, o plano em pírico, os
pos ideais definem o que é ou não o -dever-ser-,
M a x W eber, M e t o d o l o g i a e m C i ê n c i a s S o c i a i s ,São Paulo, C ortez Editora, 1993.
P ie r r e B ourdieu, - L e C ham p scientifique-, in A c t e s
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n.Q 3, jun.1976, pp. 88-104.
C onceitos explicitados por Pierre B ourdieu em
Cbarnp d u pouuoir, c b a m p i n t e l l e c t u e l e t h a b i t u s
de c l a s s e , Paris, colíes, 1, 1971, pp.7-26.
(tradu-ão da autora).
R E V IS T A D E C IÊ N C IA S S O C IA IS V.
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N . 111 V er N orberto B obbio, F u t u r o d a D e m o c r a c i a - u m a
d e fe s a d a s r e g r a s d o j o g o . R io de janeiro, Paz e
Terra, 1997.
12 V er Pierre B ourdieu, P r o p o s s u r l e C b a m p P o l i t i q u e ,
Lyon, Presses U niversitaires de Lyon, 2000.
13Pierre B ourdieu, op. cit, 2000
14 Pierre B ourdieu, op. cit., 2000, p. 57. (tradução da autora)
15N orberto B obbio, op. cit.,1997.
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