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Subbacias hidrográficas do Alto Jaguaribe (TauáCE): ante a incidência de degradação desertificação

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Academic year: 2018

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(1)

PROGRAMA REGIONAL EM DESENVOLVIMENTO E MEIO AMBIENTE MESTRADO EM DESENVOLVIMENTO E MEIO AMBIENTE

ROSÂNGELA MARIA PAIXÃO PINHEIRO

SUB-BACIAS HIDROGRÁFICAS DO ALTO JAGUARIBE (TAUÁ-CE): VULNERABILIDADES ANTE A INCIDÊNCIA DE DEGRADAÇÃO /

DESERTIFICAÇÃO

(2)

ROSÂNGELA MARIA PAIXÃO PINHEIRO

SUB-BACIAS HIDROGRÁFICAS DO ALTO JAGUARIBE (TAUÁ-CE): vulnerabilidades ante a incidência de degradação / desertificação

Dissertação apresentada à Universidade Federal de Ceará como parte das exigências do Programa Regional em Desenvolvimento e Meio Ambiente, ao Curso de Mestrado em Desenvolvimento e Meio Ambiente, área de concentração em Ecologia e Organização do Espaço, linha de pesquisa Análise da Paisagem, como um dos pré-requisitos para obtenção do título de Mestre.

Orientadora

Profª Drª Vládia Pinto Vidal de Oliveira

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P722 m PINHEIRO, Rosângela Maria Paixão

Sub-bacias Hidrográficas do Alto Jaguaribe Tauá-CE: vulnerabilidades ante a incidência de degradação / desertificação / Rosângela Maria Paixão Pinheiro. -- Fortaleza, 2003.

193 f.: il.

Orientadora: Vládia Pinto Vidal de Oliveira – Drª

Dissertação (Mestrado em Desenvolvimento e Meio) - Universidade Federal do Ceará.

Bibliografia.

1. Análise da Paisagem. 2. Análise Morfométrica. 3. Bacias Hidrográficas – Semi-árido. I. Universidade Federal do Ceará. II. Título.

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Rosângela Maria Paixão Pinheiro

SUB-BACIAS HIDROGRÁFICAS DO ALTO JAGUARIBE (TAUÁ-CE):

vulnerabilidades ante a incidência de degradação / desertificação

Dissertação apresentada à Universidade Federal de Ceará como parte das exigências do Programa Regional em Desenvolvimento e Meio Ambiente, ao Curso de Mestrado em Desenvolvimento e Meio Ambiente, área de concentração em Ecologia e Organização do Espaço, linha de pesquisa Análise da Paisagem, como um dos pré-requisitos para obtenção do título de Mestre.

Aprovada em 02 de julho de 2003

BANCA EXAMINADORA

________________________________________________________ Profª Drª Vládia Pinto Vidal de Oliveira UFC

Orientadora

_____________________________________________________ Prof. Dr.Antonio Jeovah de Andrade Meireles UFC

_________________________________________________________ Prof. Dr. Marcos José Nogueira de Souza UECE

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O trabalho de dissertação é apenas um dos caminhos na estrada do conhecimento científico-tecnológico. Nesta estrada o pesquisador busca seus objetivos em leituras, palestras, conferências e jornadas de campo, dedica-se na utópica caminhada para o desenvolvimento sustentável. Muitas percepções e sentimentos rodeiam-lhe até alcançar proposições (como estes!).

Rosângela Paixão

A Estrada

Você não sabe o Quanto eu caminhei

Pra chegar até aqui Percorri milhas e Milhas antes de dormir

Eu não cochilei Os mais belos montes escalei

Nas noites escuras De frio chorei A vida ensina e O tempo traz o tom Pra nascer uma canção

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À minha família.

Em especial à minha avó Otília que sempre me deu lições de vida como as primeiras noções para viver em harmonia com a natureza através do plantio e cuidados com as plantas no quintal de sua casa.

Aos meus pais, Julia Elena e José Mário pelo amor incondicional que sempre me têm dedicado, colocando-se como verdadeiros anjos durante minha trajetória pela vida e, mais uma vez, durante essa caminhada de buscar ampliação de meus conhecimentos científicos.

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AGRADECIMENTOS

A Deus, por permitir-me chegar até aqui.

À Professora doutora Vládia Pinto Vidal de Oliveira, pela atenção, apoio constante e inegável capacidade para orientar. A segurança de sua amizade nos momentos de dúvida e incerteza, o reconhecimento nas situações de avanço e conquista fizeram com que este esforço tivesse um resultado produtivo.

Aos professores doutores Marcos José Nogueira de Souza e Antonio Jeovah de Andrade Meireles, pelas contribuições como participantes da banca examinadora.

À Universidade Federal do Ceará (UFC) através de todos os professores da rede PRODEMA em Fortaleza os quais de alguma forma contribuíram para meu amadurecimento profissional nas discussões dos questionamentos e reflexões, que culminaram com o desenvolvimento deste trabalho, como também aos servidores dos seus Departamentos de Geografia e Economia Agrícola.

Às instituições e pessoas que contribuíram para elaboração deste trabalho. Ao CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico), pelo financiamento da pesquisa. Ao Programa WAVES, que contribui para o desenvolvimento desta pesquisa, especificamente à equipe Ecologia da Paisagem, que disponibilizou infra-estrutura para deslocamento nos trabalhos de campo e documentação cartográfica.

Ao Sr.Vicente Fialho, pela boa vontade, em nos hospedar.

Aos professores e funcionários da Escola Agrícola de Tauá, na localidade de Cachoeirinha, pelo apoio e indicações valiosas para o desenvolvimento de trabalhos em campo.

À Prefeitura Municipal de Tauá, pelo apoio durante a coleta de informações em campo.

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Ribeiro, Luiz Carlos dos Santos, Rosalva Reis e Adelina Alves. Aos amigos e mestres Conceição Marques de Oliveira, Lucy Rosana da Silva e Alan de Castro Leite que me mostraram perspectivas para buscar experiências e amadurecimento profissional através do programa de mestrado.

Aos colegas do Mestrado em Desenvolvimento e Meio Ambiente da UFC, pelo convívio e trocas de experiências. Em especial a Raimundo Lenilde, Ana Maria Gonçalves, Eliedir Trigueiro, Evanildo Cardoso e Gilvaniere Batista.

Aos amigos Jackson Gonçalves, Gustavo Gomide, Denilson, e Gilvaniere Batista pelo apoio incondicional nos momentos difíceis, colocando-se como verdadeiros irmãos em Fortaleza.

A “Vida”, pelo companheirismo e carinhos dedicados mesmo à distância. Também pela disponibilidade em formatar figuras e quadros deste trabalho.

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LISTA DE FIGURAS

01 Fluxograma Metodológico ... 52

02 Localização do Município ... 55

03 Microbacias em Estudo no Município de Tauá ... 57

04 Mapa Geológico do Município de Tauá ... 60

05 Dobramentos Suaves no Riacho Cipó ... 62

06 Rede de Drenagem do Município de Tauá ... 69

07 Perfil Longitudinal do Rio Jaguaribe (Tauá /CE) ... 71

08 Mapa das PrincipaisAssociações de Solos (Tauá / CE) ... 84

0 9 Mapa da Cobertura Vegetal – Sub-bacia do Riacho Cipó ... 90

10 Mapa da Cobertura Vegetal – Sub-bacia do Riacho Carrapateiras 92 11 Mapa da Cobertura Vegetal – Sub-bacia do Riacho Trici ... 94

(10)

LISTA DE QUADROS

01 Síntese Litoestatigráfica das Sub-bacias Hidrográficas ...

63

02 Temperaturas Médias Anuais ... 73

03 Insolação, Evaporação, Umidade do Ar e Pluviometria – Tauá/CE 76 04 Principais Associações de Solos nas Sub-bacias Hidrográficas ... 81

05 Principais Espécies da Cobertura Vegetal – Tauá/CE ... 87

06 População Absoluta nas Áreas de Abrangências das Sub-bacias Hidrográficas ... 100 07 Distribuição da População nas Áreas Rural e Urbana – Tauá/CE 101

08 Efetivo de Rebanhos – Tauá/CE ... 103

09 Principais Produtos Agrícolas - Tauá/CE ... 105

10 Evolução do Extrativismo Vegetal - Tauá/CE ... 108

11 Dados Lineares ... 111

12 Dados Areal ... 112

13 Índices de Forma ... 114

14 Extensão do Percurso Superficial ... 117

15 Relação do Escoamento superficial-infiltração ... 119

16 Síntese da Compartimentação Geoambiental – Sub-bacia do Riacho Cipó ... 129

17 Síntese da Compartimentação Geoambiental – Sub-bacia do Riacho Carrapateiras ... 132

(11)

19 Síntese da Compartimentação Geoambiental – Sub-bacia do Riacho

Catumbi ... 142 20 Matriz de Vulnerabilidades – Sub-bacia do Riacho Cipó ... 145 21 Matriz de Vulnerabilidades – Sub-bacia do Riacho Carrapateiras .... 147 22 Matriz de Vulnerabilidades – Sub-bacia do Riacho Trici ... 150 23 Matriz de Vulnerabilidades – Sub-bacia do Riacho Catumbi ... 152

(12)

LISTA DE GRÁFICOS

01 Médias das Temperaturas ºC – Tauá/CE ... 74

02 Curso Anual da Temperatura ºC – Tauá/CE ... 75

03 Insolação Total - Tauá/CE ... 77

04 Evaporação (%) - Tauá/CE ... 77

05 Umidade Relativa do Ar - Tauá/CE ... 78

06 Médias Pluviométricas Anuais - Tauá/CE ... 79

07 Distribuição Absoluta (% por Distritos) - Tauá/CE ... 101

08 Efetivo Percentual de Rebanhos - Tauá/CE ... 104

09 Produtos Agrícolas de Maior Produção - Tauá/CE ... 106

10 Importância Agrícola por Área Ocupada - Tauá/CE ... 107

(13)

ANEXOS

ANEXO A Mapa Geomorfológico - Tauá/CE ... 169

ANEXO B Documentação Fotográfica ... 170

1 Aspectos gerais do canal no Riacho Cipó ... 171

2 Aspectos gerais do canal no Riacho Carrapateiras ... ... 171

3 Vista da fisionomia aberta da caatinga – Áreas de Abrangências nas Sub-bacias dos Riachos Cipó e Carrapateiras ... 172

4 Aspectos da vegetação com cactáceas – Facheiro - Áreas de Abrangências nas Sub-bacias dos Riachos Cipó e Carrapateiras ... 173

5 Aspectos da associação vegetal - Áreas de Abrangências nas Sub-bacias dos Riachos Cipó e Carrapateiras ... 175

6 Aspectos de alterações na cobertura vegetal - Áreas de Abrangências nas Sub-bacias dos Riachos Cipó e Carrapateiras ... 175 7 Vista 01 – Cobertura vegetal - Áreas de Abrangências nas Sub-obacias dos Riachos Trici e Catumbi ... 176

8 Vista 02 – Cobertura vegetal - Áreas de Abrangências nas Sub-bacias dos Riachos Trici e Catumbi ... 177 9 Vista 03 – Cobertura vegetal - Áreas de Abrangências nas Sub-bacias dos Riachos Trici e Catumbi ... 178

(14)

APÊNDICES

A Mapa de Compartimentação do Relevo – Tauá/CE ... 180 B Mapa da Compartimentação Geoambiental e Nível de Vulnerabilidade

Ambiental na Sub-bacia do Riacho Cipó ...

182 C Mapa da Compartimentação Geoambiental e Nível de Vulnerabilidade

Ambiental na Sub-bacia do Riacho Carrapateiras ...

184 D Mapa da Compartimentação Geoambiental e Nível de Vulnerabilidade

Ambiental na Sub-bacia do Riacho Trici ...

186 E Mapa da Compartimentação Geoambiental e Nível de Vulnerabilidade

Ambiental na Sub-bacia do Riacho Catumbi ...

(15)

RESUMO

(16)
(17)

ABSTRACT

(18)
(19)

SUMÁRIO

LISTA DE FIGURAS ... x

LISTA DE QUADROS ... xi

LISTA DE GRÁFICOS ... xiii

LISTA DE ANEXOS ... xiv

LISTA DE APÊNDICES ... xv

RESUMO ... xvi

ABSTRACT ... xvii

1 INTRODUÇÃO ... 18

2 REVISÃO DE LITERATURA ... 23

3 METODOLOGIA E PROCEDIMENTOS TÉCNICOS ... 38

3.1 Fundamentação Teórico Metodológica ... 38

3.2 Procedimentos Técnicos e Metodológicos ... 42

4 CONTEXTUALIZACAO GEOGRÁFICA E SOCIOECONÔMICA DO ALTO JAGUARIBE ... 53

4.1 Localização no Sistema Geográfico ... 53

4.2 Caracterização Físico-ambiental ... 58

(20)

4.2.2 Aspectos geomorfológicos ... 63

4.2.3 Aspectos hidrográficos ... 65

4.2.4 Aspectos climáticos ... 72

4.2.5 Aspectos pedológicos ... 79

4.2.6 Aspectos da vegetação natural ... 85

4.3 O Contexto Socioeconômico ... 97

4.3.1 Ocupação populacional e a prática agropecuária ... 97

4.3.2 Aspectos demográfico e econômico atual ... 99

4.3.2.1 Aspectos demográficos ... 100

4.3.2.2 Aspectos econômicos ... ... 102

5 RESULTADOS E DISCUSSÕES ... 110

5.1 Análise Geoambiental em Sub-bacias Hidrográficas do Alto Vale do Rio Jaguaribe ... 110 5.1.1 Características hidrológicas e processos dinâmicos ... 110

5.1.1.1 hierarquização fluvial ... 111

5.1.1.2 análises de forma ... 113

5.1.1.3 dinâmica do escoamento superficial ... 116

5.1.1.4 relação escoamento superficial –infiltração ... 118

(21)

5.1.3 Compartimentação geoambiental ... 126

5.1.3.1 Compartimentação geoambiental da sub-bacia do riacho Cipó ... 126

5.1.3.2 Compartimentação geoambiental da sub-bacia do riacho Carrapateiras... 130 5.1.3.3 Compartimentação geoambiental da sub-bacia do riacho Trici ... 135

5.1.3.4 Compartimentação geoambiental da sub-bacia do riacho Catumbi ... 139

5.2 – Vulnerabilidades Ambientais em Sub-bacias Hidrográficas do Alto Vale do Rio Jaguaribe ... 143 6 – CONSIDERAÇÕES FINAIS ... 154

7 – CONCLUSÕES ... 158

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA ... 160

ANEXOS ... 168

(22)

Como importante elemento natural, a água é estudada em diferentes perspectivas científicas e tecnológicas. Sua movimentação no ciclo hidrológico, quantificação de balanços e fluxos é área de atuação da Hidrologia.

Na Ciência Geográfica, especificamente na Geomorfologia, a água é estudada como agente modelador da superfície terrestre. Essa atuação é proveniente de fluxos canalizados em fundos de vales como escoamentos superficiais em bacia de drenagem.

Em discussão sobre a importância da água, PINTO (1995) assinala que esse papel é facilmente compreensível quando relacionado à vida humana. Mas lembra que através dos efeitos catastróficos de grandes cheias e estiagens, constata-se o inadequado domínio do homem sobre as leis naturais que regem os fenômenos hidrológicos.

Neste contexto, outros campos científicos como a Engenharia Agronômica e a Engenharia Civil concentraram estudos, visando a obter maior aproveitamento da água em benefício das atividades agropecuárias e em obras hidráulicas, respectivamente.

Vem dos primórdios da civilização o emprego da água entre as práticas humanas, inicialmente no cultivo de plantas e na criação de animais, até chegar aos usos múltiplos em quase todas as atividades. Este é seu caráter como recurso natural.

Como recurso, a água é tão importante que sua escassez, por fenômenos naturais ou induzidos por ações antrópicas, pode influenciar o desenvolvimento de uma região e evidenciar problemas socioeconômicos. Regiões como o Semi-Árido do Brasil buscam enfrentar a situação, através do confinamento da água em reservatórios, com barramentos e açudagem. Mas, ainda assim, apresentando sérios problemas na disponibilidade de água, condicionam entraves ao desenvolvimento socioeconômico.

(23)

grandes rebanhos; emprego na aqüicultura e em usos essenciais, como consumo humano e atividades de lazer.

Concomitante ao avanço tecnológico, percebe-se também grande incremento no ritmo e nas dinâmicas de uso da água, bem como dos demais recursos naturais. Isso fez emergir gravemente os problemas de conservação da água relacionados a quantidade e qualidade. Mas estes não podem ser resolvidos independentemente da conservação dos outros recursos naturais.

Nesta perspectiva, emergem e são fortalecidas discussões e metodologias voltadas a identificar e analisar causas e efeitos da extração descontrolada de recursos naturais. Perspectivas negativas, de colapso e rupturas no sistema ambiental, são evidenciadas como problemas relacionados à redução na oferta de água em virtude da poluição e do assoreamento de corpos d’água. Neste contexto, as ciências passam a desenvolver estudos diagnósticos e prognósticos apoiados em bases filosóficas de percepção integrada, sistêmica, holística entre os processos naturais, efeitos das intervenções tecnológicas e as conseqüências sobre a sociedade.

A abordagem holística e interdisciplinar é outro direcionamento possível em estudos ambientais, abrangendo aspectos de caráter natural, econômico e social. Demonstra a necessidade de aplicação integrada de conhecimentos afins, para a recuperação ou conservação de ambientes de exploração dos recursos naturais e, ao mesmo tempo, garantindo o desenvolvimento da sociedade.

Para LEFF (2001), a interdisciplinaridade surge como necessidade prática de articulação dos conhecimentos. Desse modo, formaliza as interações e relações dos objetos empíricos. Assim os fenômenos são captados pela interação das partes constitutivas de um todo visível.

(24)

importância de resguardar a variação de espécies nos ecossistemas, como indicativos de equilíbrio ambiental.

No aproveitamento dos recursos naturais, a sustentabilidade está fundamentada na integração de aspectos que considerem a viabilidade (eficiência) econômica e a prudência ambiental, e que estejam voltados à eqüidade social, atendendo às necessidades da população do presente, com preservação de garantias às gerações futuras.

Em face do que está posto, a bacia hidrográfica é uma unidade geoambiental adequada para a compreensão e discussão das questões relativas ao melhor aproveitamento da água e demais elementos naturais aí existentes.

A água movimenta-se entre formas da superfície terrestre, como encostas, topos e cristas, fundo de vales, canais etc. constituindo uma bacia de drenagem. É caracterizada como um espaço geográfico limitado por divisores (interflúvios), dividindo o fluxo hídrico para os níveis topográficos mais baixos dos fundos de vales.

Como unidade do espaço geográfico, os elementos naturais da bacia hidrográfica constituem recursos para a população aí residente. Sobre esta propagam-se efeitos de alterações; que por vezes, catastróficos. Por esta razão, é uma unidade da paisagem, na qual o entendimento das ações e processos hidrogeomorfológicos podem levar, através de análise e planejamento, ao impedimento ou solução de problemas ambientais.

O Estado do Ceará tem cerca de 91% do território sob condições semi-áridas, segundo a FUNCEME (1993), e vários diagnósticos têm assinalado que a incrementação da fragilidade ambiental está associada às condições indevidas de exploração dos recursos naturais.

O Município de Tauá, disposto entre aqueles de maior índice de aridez, ou seja, maior ou menor vulnerabilidade ao desencadeamento da desertificação, segundo SOARES et al (1995), têm suas terras drenadas pela bacia hidrográfica do alto Jaguaribe.

(25)

Com fundamento nas considerações procedidas a pouco, o presente estudo partiu das seguintes hipóteses: o uso indiscriminado dos recursos naturais nas bacias hidrográficas do Município de Tauá consiste em vulnerabilidade ambiental, com desgaste de recursos renováveis, declínio da capacidade de suporte dos recursos naturais, tornando-as susceptíveis à degradação/desertificação; as condições hidrológicas, de escoamento superficial e densidade de drenagem elevada nas bacias hidrográficas do Município, potencializam processos erosivos intensos; o uso indiscriminado da água, do solo e da vegetação, em práticas inadequadas, intensifica a alteração da dinâmica natural nas bacias hidrográficas, com redução gradativa do tempo de permanência da água nos canais fluviais.

O presente estudo tem como objetivo maior desenvolver análise geoambiental, classificando e apresentando as condições hidrológicas, com vistas a expressar os cenários de vulnerabilidade e buscando subsidiar cenários futuros para a sustentabilidade dos recursos naturais renováveis em sub-bacias do alto Jaguaribe, diante da incidência da degradação/desertificação.

Na primeira parte, fez-se considerações gerais acerca da importância da água na natureza, como recurso em suas múltiplas funções. Deu-se ênfase aos estudos ambientais na unidade paisagística de maior referência, a fim de resguardar não só a água como também os demais elementos naturais inter-relacionados em uma bacia hidrográfica.

A segunda parte consiste em revisão bibliográfica, expressando-se discussões relacionadas a recursos naturais em bacias hidrográficas; faz-se breve análise sobre a legislação ambiental pertinente, entre outras relacionadas ao semi-árido cearense.

Na terceira realizam-se discussões com fundamentação teórico-metodológica sobre a aplicação de parâmetros quantitativos em análise de bacia de drenagem, e a importância em correlacionar tais discussões com a abordagem sistêmica em estudos de análise da paisagem, considerando a bacia hidrográfica como unidade de destaque para o planejamento ambiental.

(26)

Os resultados primários estão na quinta parte do presente estudo, onde são apresentadas as análises dos parâmetros morfométricos e físicos (geológicos, pedológicos e cobertura vegetal), através da setorização de áreas diferenciadas, culminando com a identificação dos aspectos de vulnerabilidades nas sub-bacias hidrográficas estudadas.

Com base nas inter-relações das componentes, foi possível apresentar um cenário atual da base física-ambiental e descrição das principais vulnerabilidades (fenômenos de fragilidade).

(27)

2 REVISÃO DE LITERATURA

A bacia hidrográfica apresenta elementos interligados de maneira hierarquizada, com entrada e saída de materiais detríticos ou solúveis a um ponto comum; pode ser desmembrada em unidades de tamanhos variados, hierarquizadas em sub-bacias ou microbacias (COELHO NETTO: 1995).

Com esta estrutura interdependente e fluxos de energia, a bacia hidrográfica constitui um sistema aberto, onde mudanças e alterações significativas entre seus componentes conduzem a auto-ajuste das formas e processos. E assim, como atestou GILBERT (1877) “(...) um membro do sistema pode influenciar todos os demais, como também cada membro é influenciado por todos os outros” conforme ressalva feita por CHORLEY (1962), nas citações de COELHO NETO (op.cit.).

Na busca de auto-ajuste, ocorrem alterações significativas na composição ambiental em cada porção de uma bacia hidrográfica, podendo afetar áreas a jusante e manifestar-se como problemas à dinâmica natural.

Os conflitos de uso dos recursos hídricos e demais recursos em bacias hidrográficas tem provocado, em nossos dias, grandes discussões, no sentido de alcançar-se um cenário de menor desperdício e melhor aproveitamento de tais bens em regiões de clima úmido e, mais ainda, em regiões de clima seco, onde há maior escassez.

No que se refere à utilização de recursos naturais em bacias hidrográficas, além da água, dentro do gerenciamento trabalha-se em perspectiva de manejo, geralmente vinculado às bacias rurais. Manejo em bacia hidrográfica é definido por Hernández-Becerra como

(28)

Neste sentido, a origem do manejo de sub-bacias, de acordo com LANNA (op.cit), pode ser estabelecida em duas iniciativas paralelas e independentes: ações na região dos Alpes, ao final do século XIX, voltadas ao desenvolvimento econômico e para a recuperação de terras e correção de cursos torrenciais. Em 1930 nos E.U.A. estudos eram direcionados para o manejo da vegetação, conservação do solo e dos recursos hídricos, com objetivos de proteção e conservação dos recursos naturais em bacias hidrográficas. Essa concepção mais tarde foi expandida para os países em desenvolvimento após a Segunda Guerra, com objetivo de proteger grandes estruturas hidráulicas e projetos de cultivo ou de assentamento humano.

As iniciativas internacionais foram concebidas para bacias hidrográficas com pouca ou nenhuma atividade antrópica. Por essa razão, obtiveram resultados consideráveis. Nos países em desenvolvimento, foram implementadas em regiões já bastantes povoadas e de alta concentração populacional. Tais decisões tomaram caráter complexo, tornando necessário orientar na redução dos impactos ambientais, propagados via cursos d’água, bem como a função de criar condições para produção e sustento dessa população alijada socialmente, pela própria política econômica vigente.

As evoluções das dinâmicas de usos levam também ao desenvolvimento das concepções de administração, conservação e preservação dos recursos naturais das bacias hidrográficas em todo o mundo. As experiências precursoras mostram ser este um processo longo, com fortes decisões governamentais e cooperações de segmentos da sociedade.

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Tais órgãos estaduais constituem empresas públicas com plenos poderes para planejar, construir e operar projetos com múltiplos propósitos, vinculados aos recursos ambientais de interesse, e atingir metas de desenvolvimento econômico e social, portanto, com atribuições normativas, deliberativas e executivas.

São empresas de grande autonomia, com fontes de financiamentos específicos no orçamento do Governo ao qual estão subordinadas. Por essa razão, verifica-se não existir integração participativa, porque não trabalhavam com a negociação política nem por outro lado, queriam perder poderes e autonomia.

Estas experiências tidas como precursoras no Brasil mostram que a continuação destas ações resultou em superposições de atribuições entre os órgãos criados para trabalhar recursos ambientais para o desenvolvimento. Assim a Companhia Hidrelétrica do São Francisco (CHESF), com o objetivo de explorar o potencial hidrelétrico da bacia; a Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste (SUDENE) para promoção econômica e social da região; o Departamento Nacional de Obra Contra as Secas (DNOCS) e ainda a CODEVASF (Companhia de Desenvolvimento do Vale do São Francisco), que usam os recursos hídricos para a irrigação, entraram em constantes conflitos de interesse.

A consolidação de posturas para melhor uso, preservação e conservação dos recursos naturais nas bacias hidrográficas, no mundo e no Brasil, tem como base os momentos de organização social no final dos anos 1960, que, buscando formas alternativas de comportamento, acabam por configurar a chamada “primeira onda ambiental”. Isso resulta em preocupações gerais sobre o meio ambiente, no contextol mundial, como expressa SETTI (1995).

(30)

A Constituição Federal trata de forma direta ou indireta sobre recursos hídricos e, para efeito deste estudo, destaca-se do Título III, que trata “Da Organização do Estado”, o capítulo II – “Da União”: artigos 20, 21, 22, 23 e 26.

De maneira simplificada, o artigo 20 faz referências aos bens da União, considerando assim, todo o corpo de água em seus limites territoriais. Do artigo em seqüência, fez-se destaque dos itens XVIII e XIX, que determinam como de competência da União:

O artigo 22 expressa que a legislação sobre a água compete privativamente à União. Mas, em parágrafo único autoriza os Estados a comporem a lei complementar para legislar sobre questões específicas acerca dessa matéria, em que o Estado do Ceará se destaca por ter sido um dos primeiros a tratar do assunto pois, já em 1987, a lei estadual nº 11.306, de 01 de abril, criou a Secretaria de Recursos Hídricos, dando início às questões específicas da água.

Faze-se evidência do artigo 23 por expressar a necessidade de que as esferas do poder público (União, estados Distrito Federal e os municípios), realizem esforços comuns para:

XVIII – planejar e promover a defesa permanente contra as calamidades públicas, especialmente as secas e as inundações;

XIX - instituir sistema nacional de gerenciamento de recursos hídricos e definir critérios de outorga de direitos de seu uso (BRASIL,1988:23).

VI – proteger o meio ambiente e combater a poluição em qualquer de suas formas;

XI – registrar, acompanhar e fiscalizar as concessões de direitos de pesquisa e exploração de recursos hídricos e minerais em seu território;

(31)

E, por fim, o artigo 26 vem reafirmar a competência dos rstados em resguardar seus recursos hídricos, pois inclui entre os seus bens:

Ainda da Constituição Federal, há o Título VIII, que trata “Da Ordem Social”, em seu capítulo VI, que cuida do Meio Ambiente, relacionando-se ao artigo 225. Considera-se esse um disposto dos mais importantes para as questões dos recursos hídricos na região semi-árida e particularmente para o Ceará. Isto porque, sendo as bacias hidrográficas do Ceará constituídas naturalmente por fluxos sazonais (intermitentes ou efêmeros), a problemática acerca da disponibilidade de recursos hídricos é iminente, com questões complexas e múltiplas, como a “seca” e as migrações em períodos de calamidades. Portanto, devem ser tratadas no contexto das questões ambientais, como expressa o artigo 225 da Constituição Federal, transcrito a seguir:

Para complementar com maior rigor, organização e validade funcional as questões acerca de recursos hídricos presentes na Constituição Federal, em 1997 foi promulgada a lei nº 9433, de 8.01.97 relativa à Política Nacional dos Recursos Hídricos considerada pelo então Ministro do Meio Ambiente – Gustavo Krause - como :

I – as águas superficiais ou subterrâneas, fluentes, emergentes em depósito, ressalvadas, neste último caso, na forma da lei, as decorrentes de obras da União (BRASIL, 1988:29).

Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à qualidade de vida, impondo-se ao poder público e a coletividade o dever de defende-lo para as presentes e futuras gerações.

§1º Para assegurar a efetividade desse direito, incumbe ao Poder Público:

I – Preservar e restaurar os processos ecológicos essenciais e promover o manejo ecológico das espécies e ecossistemas;

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De maneira geral, são ali ressaltados alguns aspectos desta Política, associando-se com à problemática comumente enfrentada por comunidades no semi-árido cearense. No Capítulo I, tratando sobre os fundamentos da Política Nacional de Recursos Hídricos, o artigo 1º expressa que no item III, que :

No Capítulo II que menciona os objetivos, o artigo 2º expressa, entre outras decisões:

E, para implementação, no Capítulo III, tratando das diretrizes gerais de ação, o artigo 3º expressa :

... um novo marco institucional no País. Incorporando princípios, normas e padrões de gestão das águas, envolvendo múltiplos usos e diferentes formas de compartilhamento. Vai operar em verdadeira revolução não apenas na gestão hídrica, como também na própria questão ambiental como um todo (...) (BRASIL, 1997:02).

... em situações de escassez, o uso prioritário dos recursos hídricos é o consumo humano e a dessedentação de animais (BRASIL,1997:12).

II - a utilização racional e integrada dos recursos hídricos, incluindo o transporte aqüaviário, com vistas ao desenvolvimento sustentável;

III - a prevenção e a defesa contra eventos hidrológicos críticos de origem natural ou decorrente do uso inadequado dos recursos naturais (BRASIL,1997:13).

II - a adequação da gestão dos recursos hídricos às diversidades físicas, bióticas, demográficas, econômicas, sociais e culturais das diversas regiões do País;

III – a integração dos recursos hídricos com a gestão ambiental;

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No Capítulo VI, destacam-se os artigos 31 e 32, que tratam, respectivamente, da integração das políticas locais de saneamento básico, de uso, conservação, e ocupação do solo e do meio ambiente com as políticas federal e estadual de recursos hídricos; e da necessidade de planejar, regular e controlar o uso para a preservação e conservação; também os artigos 37 38, o primeiro voltando-se à importância dos comitês de bacias e colocando como área de atuação as sub-bacias hidrográficas de tributários do curso de água principal da bacia, enquanto o 38, refere-se à competência destes comitês, correspondendo a:

No contexto, a esfera do Poder público estadual passa a buscar também a organização administrativa das águas sob seu domínio, aprovando leis próprias.

No que se refere ao gerenciamento dos recursos hídricos no Estado do Ceará, já em 1987, pode-se dizer que com a lei nº 11.306 de 01 de abril, que cria a sua Secretaria de Recursos Hídricos, dá o início para as questões específicas da água. O art. 6º dessa lei traz as incumbências deste órgão:

Para desenvolver suas atividades a contento a SRH/CE tem estrutura organizacional interligada com outros órgãos criados no plano estadual, e que constituem um sistema inter-ligado, a saber:

- SOHIDRA (Superintendência de Obras Hidráulicas), criada pela lei de nº 11.380, de 15 de dezembro de 1987;

- SIGERH (Sistema Integrado da Gestão dos Recursos Hídricos), instituída pela lei nº 11.996, de 24 de julho de 1992;

Promover o aproveitamento racional e integrado dos recursos hídricos do Estado, coordenar, gerenciar e operacionalizar estudos, pesquisas, programas, projetos, obras, produtos e serviços tocantes a recursos hídricos, e promover a articulação dos órgãos e entidades do setor com os federais e municipais (CEARÁ,1994:06).

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- FUNORH (Fundo Estadual de Recursos Hídricos), criado pela lei de nº 12.245 de 30 de dezembro de 1993;

- COGERH (Companhia para Gestão dos Recursos Hídricos do Ceará), criada em 18 de novembro de 1993, pela lei nº 12.217.

Dentro dessa estrutura, cabe ressaltar que existem outras instituições atuantes no Estado que auxiliam em questões técnicas, como por exemplo, a FUNCEME (Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos), IPLANCE (Fundação Instituto de Planejamento do Ceará), SEMACE (Superintendência Estadual do Meio Ambiente), entre outras.

Relacionado especificamente ao contexto da bacia hidrográfica em que está inserido o presente estudo, ou seja, para a bacia hidrográfica do rio Jaguaribe, existem alguns trabalhos técnicos institucionais e técnico-científicos realizados, uma vez que é a maior e a mais importante bacia hidrográfica do Estado do Ceará.

Entre os estudos e documentos gerados, tem destaque o Plano Estadual dos Recursos Hídricos do Estado do Ceará, pois diante das condições físico-climáticas desfavoráveis, busca-se o desenvolvimento de setores estratégicos (agropecuária, energético e industrial), organizando-se um planejamento global para cada bacia hidrográfica. Entre elas, está a bacia hidrográfica do Jaguaribe, constando diagnóstico, estudo de base e estudos de planejamento.

O Plano de Gerenciamento das Águas do Rio Jaguaribe elaborado pela COGERH (Companhia da Gestão dos Recursos Hídricos do Ceará) faz parte da política e estratégias contidas no documento relacionado a pouco. Buscou planejar e gerenciar, de forma integrada, descentralizada e participativa, o uso, o controle, conservação, proteção e preservação dos recursos hídricos do referido rio e seus tributários Deste documento resulta o diagnóstico, planejamento e programas de ação.

Para o Estado do Ceará, os antecedentes históricos da política da água mostram sempre associação com os problemas decorrentes dos fenômenos da seca, que, de maneira geral, correspondem a:

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Ao longo de mais de três séculos, o fenômeno da seca leva a população a enfrentar sérios problemas de suprimento d’água, uma vez que se, tornam insuficientes à germinação das sementes, com ressecamento da cobertura vegetal, para o desenvolvimento das culturas e da atividade criatória em razão do rareamento das pastagens.

Através das considerações de GUERRA (1981), pode-se dar indícios dos cenários políticos que envolveram ações de combate às secas no Nordeste do País, entre os séculos XVIII ao meados do séc. XX.

Desde o processo histórico de colonização no Brasil, os padres jesuítas registraram a ocorrência de longos períodos sem chuva nesta região do Brasil Tem-se os primeiros registro através dos padres Fernão Cardim em1583, da Companhia de Jesus, e do também Jesuíta Serafim Leite em 1959.

No séc. XVII, ocorreram quatro secas, em 1603, 1614, 1645 e 1642, com registros do Senador Thomás Pompeu de Souza Brasil, Ildefonso Albano e Barão de Studart. No séc. XVIII tem-se o registro de dez secas, com períodos e intensidade diferenciada entre os Estados da Região (1711, 1721 - 25, (1723-27), 1736-37, 1745-46, 1754, 1760, 1766, 1772, 1777-1778 e1781-93). E com o incremento populacional os problemas vão se tornando mais graves, notificando-se a ocorrência de fome.

No séc. XIX, já ocorriam incursões de cientistas pelo NE a fim de obter-se informações seguras acerca do fenômeno para busca de soluções, tão requeridas pela população e políticos da época. Foram registrados no Estado do Ceará secas em 1809, 1810, 1824-25, 1844-45, 1877-79 e 1900. Este período foi de grande atuação do senador Pompeu e do médico farmacêutico Rodolfo Teófilo.

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Ao longo destas etapas, alguns fatos marcaram as decisões políticas, por muito tempo, a perspectiva de assistência foi o caráter dado para enfrentar o problema da seca. Até 1845 eram distribuídas esmolas. Em 1877, na seca calamitosa de grandes seqüelas sociais, econômicas e de saúde, com a ocorrência de flagelos, aglomeração, epidemias, violência, e muitos óbitos, D. Pedro II intervém, com a criação de trabalhos na construção de cadeias e igrejas.

A partir dessa catástrofe e das pressões sociais e políticas, começa-se a cogitar em medidas definitivas de combate aos efeitos das secas. Foi criada, então, pelo Governo Imperial, uma comissão para estudar o assunto, dando início às incursões de pesquisadores pelo semi-árido nordestino.

Ao longo do séc. XIX, até algumas décadas do séc. XX, os relatórios deixados pela primeira e as demais comissões nortearam as tomadas de decisões políticas contra a seca.

Assim, segue-se com planos para instalação de barragens e açudes por todo o semi-árido do Nordeste do Brasil, tanto por meio de políticas públicas como por iniciativa privada, em parceria com a administração provincial.

Mas os resultados não corresponderam ao esperado, ou seja, não levaram à irrigação das terras, pois não foi traçada uma política voltada para essa atividade. Ainda assim, tais intervenções políticas atenuam as calamidades que traziam muitas mortes e, a partir de 1942, sente-se tal resultado, quando a população passa a contar com água saudável em reservatórios, peixes, produtos alimentares e forrageiras que minoravam o sofrimento das comunidades.

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Secas graves constituem problemática mundial, mesmo assim, onde ocorrem a população sobrevive e aproveita ativamente as terras nestas regiões. Neste contexto, faz-se destaque das discussões em alguns estudos neste âmbito.

BRUK & POKSHISHEVSKI (1987), tratando sobre problemas de la población em las zonas Áridas e Semiáridas del Mundo expressam que no transcurso de milênios a humanidade aproveita ativamente as terras secas no Velho Continente, através de métodos de baixo rendimento por unidade de superfície, em razão dos fatores negativos do clima. Mesmo assim há casos com focos de centros ilhados de economia rentável, baseados na extração de petróleo, gás e outros minerais. Historicamente, as terras secas (áridas e semi-áridas) têm baixos rendimentos econômicos, determinados por sua pequena capacidade absoluta de fixação do homem. Sobre o modo de vida das populações nestas áreas, os autores assinalam que problemas de desertificação podem ser aguçados, diante de todos os problemas sociais e econômicos.

ARU (1996) desenvolveu estudo integrado de desertificação e uso da terra na região do Mediterrâneo, especificamente no rio Santa Lucia. De maneira geral, apresentou considerações como os problemas relacionados à desertificação na região em destaque foram formados ao longo dos anos, quando os recursos renováveis podem tornar-se não renováveis ou de recuperação extremamente longa.Os estudos voltam-se a problemas de larga escala, como queimadas em florestas, erosão, perda de solo por expansão urbana, intrusão de água salgada em aqüíferos, salinização de solos irrigados. As conseqüências são sentidas através de efeitos como assoreamento de rios, introdução de espécies exóticas, poluição por metais pesados e ainda atividades industriais, sem gerenciamento ambiental.O Projeto MEDALUS I selecionou a área do rio Sta. Lucia, em razão da existência de vastas áreas degradadas, perda de seus recursos naturais, número de florestas exóticas, minas abandonadas, extensas e intensas utilizações do solo por atividades urbano-turísticas e agrícolas. Essa variedade de cenários permite comparações de situações similares existentes nas regiões da Sardenha e do Mediterrâneo.

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Desenvolvimento do Semi-árido (ICID), quando foi discutida, também, a desertificação no Nordeste brasileiro, com tratamento das suas principais causas e dando-se uma estimativa da população afetada.

Um dos resultados da Conferência foi a produção de trabalhos técnico-científicos acerca da situação no Estado do Ceará entre os quais se evidenciam GASQUES et al (1995); RODRIGUES et al (1995) e SOARES et al (1995).

O primeiro trabalho ora citado apresenta diagnóstico, cenários e projeções dos anos 2000 a 2020 para o Nordeste brasileiro. Dentro de suas conclusões os autores ressaltam a análise da base natural revelou, além de grandes extensões de clima semi-árido, regiões com pequenas proporções de solos com fertilidade natural (em áreas calcárias do embasamento cristalino e faixas de deposição aluvial), como também grande variabilidade das precipitações. Identificaram unidades de paisagens mais sensíveis às mudanças climáticas onde a ocorrência de secas leva a grandes perdas (50% a 90%) na produção agrícola.

RODRIGUES et al (op.cit), entre outros aspectos discute como é tratada a desertificação no cenário científico e político nacional. Entre suas conclusões, afirmam que uma proposta de desenvolvimento ecologicamente sustentável para o NE somente é possível com atenção especial para o sertão semi-árido, compreendendo as regiões rurais secas, com os piores índices socioeconômicos do País, pois, dos investimentos nacionais e internacionais, quase nada chega à região. Relatam ainda, que:

Neste contexto, SOARES et al (op.cit) desenvolvem trabalho a fim de indicar e mapear as áreas dos municípios e microrregiões homogêneas do Estado do Ceará

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suscetíveis aos processos de desertificação, tomando por base o critério de áreas semi-áridas adotado pela ONU (1991) e a ocorrência nestas áreas de evidências de degradação dos fatores físicos e biológicos detectadas na análise de imagens orbitais, através do uso de técnicas de sensoriamento remoto.

Municípios como Irauçuba, Tauá, Independência, Parambu, Novo Oriente e outros aparecem entre aqueles de índice de aridez mais críticos.

Procurou-se ainda tecer considerações socioeconômicas quanto à problemática estudada, além de proceder-se a um diagnóstico generalizado das condições geoambientais das áreas afetadas, buscando-se, desta forma, um conhecimento mais abrangente.

Atualmente, a discussão sobre o fenômeno da seca no Nordeste brasileiro está relacionada não só com questões de preservação dos recursos hídricos mas também com a problemática ambiental da desertificação.

O conceito de desertificação foi adotado internacionalmente a partir Convenção das Nações Unidas de Combate à Desertificação, em 1977, que compreende:

As decisões tomadas e adotadas nesta convenção, teve seu reconhecimento e fortalecimento na Agenda 21, importante documento resultante da Conferência Mundial do Rio de Janeiro (ECO-92) que, em seu capítulo 12, trata do manejo de ecossistemas frágeis, na luta contra a desertificação e a seca, fornecendo base para o combate à desertificação, utilizando-se da perspectiva de desenvolvimento sustentável, dessa forma relacionando-se à preservação e à conservação dos recursos naturais em bacias hidrográficas em regiões semi-áridas, como no caso do Estado do Ceará.

Em estudos ambientais, a fragilidade de organismos no ambiente pode ser discutida através do conceito de fatores limitantes. ODUM (1988:143), os apresenta como um conceito valioso, uma “porta de entrada” para estudos de situações complexas. Ao se

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estudar determinada situação, isto proporciona a descoberta de prováveis elos fracos nas condições ambientais com maiores chances de serem críticas ou limitantes.

Para o autor, a análise ambiental deve atingir objetivos importantes, como descobrir quais os fatores operacionalmente significativos e determinar como estes afetam o indivíduo (no caso o ambiente). Assim, pode-se predizer com certa precisão o efeito de perturbações ou alterações ambientais.

Ao trabalhar a importância da avaliação ambiental MACEDO (1995) expressa que esta permite a identificação das potencialidades de uso, de não-uso, de ocupação, das vulnerabilidades e o desempenho futuro de uma região. E conceitua vulnerabilidade ambiental como:

Em estudos sobre as Bases Naturais e Esboço do Zoneamento Geoambiental do Estado do Ceará SOUZA (2000:12) busca definir as vulnerabilidade ambientais das unidades de paisagem através de critérios de definição das categorias de ambientes e da tipologia da vulnerabilidade ambiental, baseando-se nos critérios de TRICART (1977). E assim classificou as unidades de paisagem do Estado quanto à vulnerabilidade ambiental, como ambientes estáveis, ambientes de transição e ambientes fortemente instáveis.

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3 METODOLOGIA E PROCEDIMENTOS TÉCNICOS

3.1 Fundamentação Teórico-metodológica

Os conflitos de uso dos recursos hídricos e demais recursos em bacias hidrográficas provocam na atualidade discussões, no sentido de alcançar-se um cenário de menor desperdício e de seu melhor aproveitamento, em regiões de clima úmido e mais ainda naquelas regiões de clima seco, onde há maior escassez desses bens.

Neste sentido, a realização de estudos analíticos em bacia hidrográfica é importante, tanto para a caracterização do meio físico quanto para a compreensão de sua dinâmica.

A análise do presente estudo está apoiada nas orientações metodológicas de abordagem quantitativa para bacias de drenagem, inter-relacionada com esboços metodológicos de estudos geoambientais, desenvolvidos no âmbito do Estado do Ceará, a fim de tratar sobre a fragilidade ambiental em bacias hidrográficas do semi-árido do Brasil.

Sendo a área do estudo proposto relacionada às condições gerais para o semi-árido, torna-se possível a utilização desta técnica em unidades geoespaciais, como bacias, sub-bacias e microsub-bacias hidrográficas. Através de interações de fatores morfopedológicos, de cobertura vegetal e hidrográficos, por exemplo, apresenta as condições temporais do ambiente, quanto à dinâmica natural e/ou vulnerabilidade em razão de interferências antrópicas.

A quantificação morfométrica em bacias hidrográficas é uma concepção metodológica, divulgada inicialmente em ROBERT E. HORTON (1945), que logo recebe várias contribuições, através de pesquisas de seguidores, como STRAHLER (1952); V. C. MILLER (1953); WISLER & BRATER (1964); SHERE (1966); SCHEIDEGGER (1968); WAY (1978), citados em CHRISTOFOLETTI (1980) e Ministério de Obras Públicas y Urbanismo – Madrid (1972).

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planejamento em bacias hidrográficas, envolvendo o vale do Jaguaribe, pela SUDENE/ASMIC (1967); CAVALCANTE et al (1990); outros.

Os parâmetros quantitativos em bacias hidrográficas constituem um meio de análise das condições hidrológicas que, associadas a outros elementos de sua estrutura, permitem a compreensão das dinâmicas naturais e evolução de fenômenos decorrentes das intervenções antrópicas. Assim, KLOFFER (1976) analisou o comportamento de padrão de drenagem através de imagens fotogramétricas e orbitais, além de utilizar parâmetros quantitativos, como densidade de drenagem e freqüência de rios em análise de solos originários do Arenito Bauru, dos Municípios de Lins e Marília (SP) e no Planalto Ocidental do Planalto de São Paulo.

Com o objetivo de fundamentar o uso de índices morfométricos, CHRISTOFOLETTI (1980) relaciona a hierarquização fluvial, que estabelece a classificação dos cursos d'água; a análise linear, relacionada às medições efetuadas ao longo das linhas de escoamento; a análise de área, que corresponde às medições planimétricas e lineares; e análise hipsométrica, referidas às proporções ocupadas por determinados tipos de rochas, em relação às faixas altimétricas.

Na avaliação das influências litológicas e topográficas na classificação de bacias hidrográficas no Planalto Ocidental Paulista, CESAR (1982) ressalta que os estudos relacionados à drenagem fluvial podem levar à compreensão de numerosos problemas, notadamente de caráter geomorfológico, em função de constituírem processos morfogenéticos dos mais ativos na esculturação da paisagem.

VERISSÍMO et al (1996), na bacia do rio Passaúna-PR, utilizou parâmetros de densidade de drenagem e densidade de rios, inter-relacionados com características físicas e de uso do solo, para obtenção de características ambientais nos diferentes compartimentos, e a partir daí, demonstrou a potencialidade de erosão de cada um deles.

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Nesta perspectiva, a análise sistêmica foi introduzida no contexto das ciências ambientais que trabalham com elementos da natureza, a fim de melhor se compreender a evolução dos processos físicos e biológicos que mantêm o equilíbrio de determinado sistema ambiental, e assim subsidiando análise de possíveis evoluções decorrentes da dinâmica natural, em associação com as interferências do homem, por meio de práticas que proporcionam sobrevivência e desempenho econômico.

Dentre os estudos sistemáticos, destaca-se os de BERTRAND (1972), com classificação taxonômica de paisagens, através da análise interativa dos complexos naturais e sociais, indicando os seis níveis hierárquicos para as unidades de paisagens superiores (zona, domínio e região natural) e inferiores (geossistemas, geofácies e geótopo).

TRICART (1977) tratou da análise ecodinâmica, demonstrando que a “gestão dos recursos devem ter por objetivo à avaliação do impacto de inserção da tecnologia humana no ecossistema”. Ele explicita que se deve, verificar a sustentabilidade do ambiente à extração de recursos ou ainda determinar as medidas de exploração com maior produtividade, sem degradação ambiental.

Neste contexto, o estudo integrado em bacia hidrográfica torna-se um instrumento de grande valia no planejamento de uso múltiplo de seus recursos. Corroborando o pensamento CHRISTOFOLETTI (1979), esta funciona como um sistema geoambiental não isolado, recebendo constantes fluxos de água e detritos que levam ao seu funcionamento. A estrutura do sistema determina sua evolução e arranjo, os quais, inter-relacionados aos processos e fatores naturais e antrópicos, refletem alterações contínuas e processuais em escala têmporo-espacial.

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No que diz respeito à aplicação de estudos de abordagem sistêmica no Estado do Ceará, destacam-se as contribuições de SOUZA (1981; 1983; 1998 e 2000), OLIVEIRA (1989); GOMES et al (1995); OLIVEIRA et al (1990, 2000 e 2001) entre outros.

SOUZA (1981) em estudos sobre as principais implicações geomorfológicas para a caracterização ambiental, propõe esboço de zoneamento dos geossistemas nas bacias hidrográficas do Acaraú-Coreaú. Na verdade, expressa um “misto de conceitos de geossistemas e geofácies que podem ser enriquecido com pesquisas interdisciplinares”.

De acordo com este pesquisador, o zoneamento dos geossitemas “representa o principal subsídio para que sejam procedidas as discussões relacionadas com as unidades de manejo e as limitações do potencial ecológico” (op. cit. p:159).

Em contribuição à visão conjunta da realidade territotial e sócio-espacial para o Estado do Ceará, SOUZA et al (2000) apresentaram critérios modernos do zoneamento físico e da visão integrada da gestão do território, sendo mostrados as bases naturais e um esboço de zoneamento geoambiental, levando em consideração regiões naturais do Estado. Assim, levantaram para o Sertão dos Inhamuns e Alto Jaguaribe as seguintes condições e vulnerabilidades – “ambiente de transição com tendência à instabilidade nos setores mais densamente degradados; vulnerabilidade moderada a alta; com evidências isoladas de processos de desertificação”.

Ainda dentro das contribuições, OLIVEIRA (1990) realizou estudo com zoneamento geoambiental no Município de Quixeramobim – CE, e ressaltou a importância do uso desta técnica, quanto ao estabelecimento de diagnóstico dos recursos naturais e para a avaliação de potencialidades e limitações em uma área qualquer.

Identificou geossistemas, sob a perspectiva de fatores morfopedológicos, relacionando diretamente elementos e condições lito-estratigraficas, geomorfológicas e pedológicas, estabelecendo 10 unidades geoambeintais que receberam denominações a partir da topomínia local.

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o Município de Tauá; com valores de 1 – baixos, para área de 341, 64 km2; 2 – médio, com 1.435,96 km2; 3 – alto, para 1.197.04 km2 de área, e 4- muito alto, com 42.43 km2 de área.

Em estudo na serra de Uruburetama no Ceará, OLIVEIRA (2001) interrelaciona abordagem metodológica usual em estudos edafológicos com técnicas de análise da paisagem e delimitações de unidades cartográficas. Apresenta os solos existentes na região, analisando sua variabilidade e distribuição espacial e fatores determinantes, para compreender a dinâmica e suas relações de interdependência com os demais componentes da paisagem regional.

3.2 Procedimentos Técnicos e Metodológicos

A base teórico-metodológica aplicada nesta pesquisa está fundamentada na abordagem quantitativa das bacias de drenagem e interrelacionada com aspectos de análise sistêmica em unidades de paisagem.

Para entender a estrutura e a dinâmica na bacia hidrográfica, torna-se importante expressar suas características em termos quantitativos. Neste sentido, vários índices foram desenvolvidos, alguns aplicáveis à bacia toda, enquanto outros relativos a apenas algumas características do sistema (LIMA – 1986:53).

A bacia hidrográfica corresponde a um sistema complexo. Por esta razão, a abordagem sistêmica dentro dos aspectos utilizados na presente pesquisa torna-se um instrumento lógico de que se dispõe para estudar os problemas do meio ambiente.

Na figura 01, pode-se visualizar de maneira simplificada as etapas dos procedimentos aplicados no presente estudo.

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e à revisão bibliográfica pertinentes à exploração dos recursos naturais e análise ambiental, direcionados à região semi-árida.

Os materiais e dados disponibilizados consistem em: cartas planitimétricas na escala de 1:100.000 da DSG (Divisão de Serviços Cartográficos do Exército Brasileiro), de 1973; referentes às folhas: SB.24-Y-B-I (Tauá); SB.24-V-D-IV (Várzea do Boi); SB.24-V-D-V (Mombaça); SB.24-V-D-I (Independência); SB.24-Y-B-II (Catarina); SB.24-V-C-VI (Novo Oriente); SB.24-N-I (Parambu); carta de solos, da cobertura vegetal e uso da terra, da geologia e geomorfologia do Município de Tauá, escala de 1:250.000; do Programa WAVES (Water Availability and Vulnerability of Ecosystems and Society in Semi-arid Northeast Brazil), de 2001; cartas geomorfológicas da SUDENE\ASMIC (Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste\Association pour L’organisation dês Missions de Cooperation Technique), folhas S24H; S 24I; SB24N; SB24O, de 1973. Dados climatológicos do INEMET (Instituto Nacional de Meteorologia) no período de 1961 a 1990; dados censitários do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) sobre a população, de 2000, além de indicativos econômicos do Anuário Estatístico do Ceará, ano de 2000.

Ainda nesta etapa, seguem-se como análise preliminar a triagem e a formação de um banco de dados do material disponibilizado, o qual subsidiou levantamentos de dados quantitativos (índices morfométricos), qualitativos (características dos elementos físico-naturais e socioeconômicos) referentes às sub-bacias hidrográficas selecionadas.

As cartas planimétricas da DSG serviram para obtenção do mapa básico da rede de drenagem e posterior setorização em sub-bacias hidrográficas no Município, a partir dos divisores de águas superficiais.

Sobre o overlay do mapa básico, várias medições foram realizadas, subsidiando a quantificação dos parâmetros de morfometria com medições ao longo da linha de escoamento (lineares), medições de área e planimétricas.

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As medições de áreas, nesta e demais etapas, foram obtidas por leituras do planímetro polar modelo ZOIZUMI, tipo KP27, e aplicadas em fórmula a seguir relacionada, apresentada em DUARTE (1980), para obtenção do valor levantado.

Ainda nesta etapa, realizou-se a hierarquização da rede de drenagem de acordo com a proposição de STRAHLER (1957), citado por CRHISTOFOLETTI (op. cit.: 1980); elaborou-se o perfil topográfico longitudinal dos principais riachos, através do método explicado em SANCHEZ (1975). E por fim, foi organizado overlay das curvas de níveis das sub-bacias, que subsidiou dados para cálculo de declividade média das mesmas.

A segunda etapa corresponde aos tratamentos aplicados sobre as componentes levantadas na fase anterior. Consiste na composição de dados para a análise morfométrica, ensejando as devidas classificações e interpretações dos processos hidrológicos dinâmicos; análise dos parâmetros qualitativos referentes aos aspectos físico-ambientais e socioeconômicos.

Nesta fase, a análise morfométrica e a caracterização hidrológica das sub-bacias, basearam-se nos estudos de ROCHA (1997:75), aplicando os parâmetros quantitativos que mais se relacionam com a deterioração ambiental – comprimento de vazão superficial, densidade de drenagem, índice de circularidade, índice de forma, declividade média das sub-bacias e coeficiente de rugosidade.

Na busca de corroborar alguns resultados, foram incluídos, indicadores quanto à forma, o índice de compacidade, e quanto à densidade da rede de drenagem e de densidade de rios.

A caracterização hidrológica e as dinâmicas possíveis de ocorrência em cada microbacia são discutidas e classificadas dentro dos padrões de classes dos parâmetros nos devidos métodos aplicados sendo as fórmulas aplicadas apresentadas a seguir:

Onde:

L –leitura no planímetro;

D2 – denominador da escala ao quadrado; K – valor da constante para a escala utilizada.

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• extensão do percurso superficialapresentado por CHRISTOFOLETTI (1980), através da fórmula abaixo; cujo resultado expressa, “a metade do recíproco do

valor da densidade de drenagem”.

• Comprimento médio dos canais de cada ordempelo método de HORTON (1945), através da expressão abaixo.

• Comprimento do eixo da baciaque pode ser medido de várias maneiras, optando-se por utilizar a maior distância medida em linha reta, entre o ponto de deflúvio e determinado ponto ao longo do perímetro da bacia. O resultado é expresso em quilômetros.

• Forma da bacia observando-se a representação de bacias hidrográficas em um plano, estas apresentam-se, de maneira geral, com a forma semelhante a uma pera. Mas a determinação da forma, através da quantificação, revela as diferenciações geométricas. Neste sentido, vários índices foram criados e, de acordo com CHRISTOFOLETTI (1980), guardam subjetividade na interpretação. Por esta razão, neste estudo, foram aplicadas três fórmulas, na perspectiva de atenuar esse caráter. São expressas a seguir:

Onde:

Eps – extensão do percurso superficial Dd – densidade de drenagem.

Onde:

Lm = comprimento médio dos canais

Lu = comp. dos canais em cada ordem

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- índice de circularidade, de V. C. MILLER (1953), citado por J. Sales Mariano da ROCHA (1997), através da expressão abaixo.

- Fator de forma, de HORTON (1932) e o índice de compacidade apresentado por LIMA (1986), com as expressões abaixo relacionadas.

• Densidade de rios e densidade de drenagem, pelo método de HORTON (1945). Os resultados das expressões abaixo são apresentados respectivamente, em km e km/km2.

onde:

IC= índice de circularidade A = área da bacia

AC = área do círculo de igual perímetro.

Onde:

Kc – índice de compacidade P – perímetro da bacia A – área da bacia. onde:

Ff – fator de forma A – área da bacia

L - comprimento do eixo da bacia.

Onde:

Dr – densidade de rios Nr = número de rios A = área da bacia.

Onde:

Dd – densidade de drenagem

Lt = comprimento total de rios na bacia

A = área da bacia. A Ic= AC A Ff= L2 P Kc = 0,2821

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• Declividade média nas sub-bacias, a fim de “relacionar com o tempo de escoamento superficial e de concentração da precipitação nos leitos dos cursos d’água”. Foi obtida a partir do método mínimos quadrados (Pitágoras) citado em ROCHA (1997). As fórmulas são as seguintes:

• Coeficiente de rugosidade, índice proposto por MELTON (1957) citado por CHRISTOFOLETTI (1980) utilizado para “expressar aspectos da análise dimensional da topografia”, através da fórmula abaixo.

Na terceira etapa, trabalha-se com a integração das cartas temáticas para individualização de unidades e subunidades no interior das sub-bacias, a fim de buscar melhor análise acerca de condições naturais nas sub-bacias hidrográficas em estudo.

Partiu-se de conceitos e aspectos de abordagem sistêmica, integralizando informações das cartas de geologia, compartimentação do relevo, associações de solos e da cobertura vegetal, além de informações sobre aspectos socioeconômicos.

onde

1CN = comprimento da curvas de níveis

∆h = eqüidistância das curvas de níveis (hm ou m)

A = área da bacia (hm ou m).

Onde:

Cr = coeficiente de rugosidade Dd = densidade de drenagem Dm = declividade média da bacia. Σ 1CN x ∆ h

A x 100

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A base inicial foi a carta de classificação morfológica da SUDENE\ASMIC –1973 (ANEXO A), e o cruzamento de informações do mapa geomorfológico do WAVES (2001), prosseguindo com as demais cartas temáticas. Estas foram reduzidas para a escala de 1:100.000 através de pantógrafo Tridente – 40 cm. Nesta fase, também utilizou-se materiais como papel vegetal, canetas 0,5; 0,3; 0,2, dentre outros, para a confecção de overlays para cada microbacia.

Os overlays posteriormente foram digitalizados e editados a partir de software apropriado, nas escalas devidas, compondo parte dos resultados apresentados em cartas especiais.

Dentro das duas etapas anteriores, foram realizadas jornadas de campo, inicialmente para reconhecimento da área de estudo, levantamentos e amostragens pedológicas para checagem de características da vegetação, de acordo com o material cartográfico existente. Nas demais, foram realizadas observações in loco para checagem dos resultados obtidos e para levantamento de condições ambientais nas sub-bacias em estudo, tendo-se utilizado entre os materiais: GPS 45 (Sistema de Posicionamento Global Via Satélite) - Garmin internacional (1994); máquina fotográfica – Yashica MG-motor 36 mm; fichas de campo, sacos plásticos para amostragem e escala métrica.

Os aspectos socioeconômicos, inicialmente,foram abordados de modo generalizado. Nesta etapa vieram compor discussões acerca da evolução e dinâmica socioambiental atual, com ênfase na relação homem-natureza, quanto ao modo de exploração dos recursos ambientais nas sub-bacias estudadas.

Neste contexto, foram utilizados dados do Anuário Estatístico do Ceará – 1999 e 2000 e dados censitários da população a partir do Instituto de Geografia e Estatística.

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A aplicação de análises na perspectiva geossistêmica subsidiou a identificação dos fatores ambientais de maiores impactos, associados aos principais fenômenos e possíveis problemas ocorrentes nas sub-bacias em estudo. Pelo cruzamento dos fatores e fenômenos, com os indicadores de vulnerabilidades identifica-se o grau de vulnerabilidade entre elas.

Adaptando-se as técnicas às condições ambientais prevalecentes na região das sub-bacias, os graus de sensibilidade foram definidos nas seguintes categorias: baixa, média baixa, média média, média alta e alta.

A matriz-síntese foi estruturada com os fatores de impactos negativos e os respectivos fenômenos distribuídos nos eixos das abscissas, enquanto os indicadores de vulnerabilidades compuseram o eixo das ordenadas. Do cruzamento destes, a categoria do grau de vulnerabilidade foi expressa em palheta de cores.

Por fim, a quinta etapa é a composição do relatório final, que advém de todo o processo da discussão e interrelações dos resultados anteriores. Nessa fase, fez-se uso de materiais como: papel A4, computador, impressora, cartucho de tinta, e programas editor de texto, editor de planilhas e editor de fotografias.

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DADOS QUANTITATIVOS PARÂMETROS QUALITATIVOS 4 ª E t ap a 1 ª E t ap a 2ª Eta p a

FORMAÇÃO DE BANCO DE DADOS

OBJETIVO Análise geoambiental e

Sub-bacias do Alto do

Dados Climáticos Material Bibliográfico Parâmetros Morfométricos Condições Climáticas Dados Termopluviométric Bases Cartográficas Aspectos Socioeonômic FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICO-METODOLÓGICA

Abordagem Quantitativa em Bacias

Dados Censitário da População Documentação Cartográfica Solos, Associações e Características Geomorfologia Unidades Geomorfológicas Geologia Crono-litoestratigrafia Vegetação Unidades Fitoecológicas CARACTERÍSTICAS HIDROLÓGICAS E EVOLUÇÃO E DINÂMICA COMPARTIMENTAÇÃO GEOECOLÓGICA NÍVEIS DE VULNERABILIDADES

DIAGNÓSTICO AMBIENTAL DAS SUB-BACIAS

Eta

p

a

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4 CONTEXTUALIZAÇÃO GEOGRÁFICA E SOCIOECONÔMICA DO ALTO JAGUARIBE

4.1 Localização da Área de Estudo

De maneira geral, as sub-bacias em estudo distribuem-se nos setores norte e oeste do Município de Tauá que, por sua vez, está localizado na Microrregião Sertão dos Inhamuns, na parte SW do Estado do Ceará. Insere-se entre as coordenadas geográficas de 05º 25’48”S na parte norte; 06º 19’ 27” S ao sul; 39º 48’ 38” W a leste; e 40º 42’ 09” W, ao oeste (FIGURA 02) distando 344 km de Fortaleza.

Limita-se ao norte pelas serras do Logradouro e São Domingos; ao sul pelas serras Cachoeirinha, Branca e Serra do Arraial; na parte leste pelas serras de Marruás, Guaribas, das Almas e do Urubu; e na parte oeste pela serra da Joanhinha.

As serras ora destacadas constituem os principais divisores de águas superficiais para este setor no alto curso da bacia hidrográfica do Jaguaribe, onde quatro (04) sub-bacias foram selecionadas para este estudo, estando delimitadas na FIGURA 03.

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BRASIL

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4.2 Caracterização Físico-ambiental

De maneira geral, as sub-bacias em estudo apresentam dinâmicas físico-ambientais relacionadas aos processos naturais antigos e recentes registrados na evolução da região natural em que está inserido o Município de Tauá.

Por esta razão, é necessário apresentar os aspectos físicos mais relevantes dessa região, partindo-se da base física de Tauá, gerando subsídios para a compreensão, análise e discussão acerca de condições físico-ambientais das sub-bacias dos riachos Trici, Catumbi, Cipó e Carrapateiras. Posteriormente serão interrelacionados aos parâmetros básicos de análise do presente trabalho, a fim de compor cenários atuais de vulnerabilidades e ambientais para as unidades em estudo.

4.2.1 Aspectos geológicos

A geologia correspondente as sub-bacias em análise caracteriza-se pela presença de coberturas sedimentares cenozóicas e terrenos cristalinos posicionados no Pré-Cambriano inferior ao superior, sendo composta basicamente pelas seguintes unidades litoestratigráficas, de acordo com RADAM-BRASIL (1980), conforme a FIGURA 04.

• Cenozóico (Quaternário) – Sedimentos Aluvionares.

• Pré-cambriano (Proterózoico) – Complexo Pedra Branca e Complexo Nordestino

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Imagem

FIGURA 05 - Dobramentos Suaves no Riacho Cipó
GRÁFICO 01 – Médias das Temperaturas º C – Tauá/CE
GRÁFICO 02 – Curso Anual da Temperatura Média ºC – Tauá/CE
GRÁFICO 03 - Insolação Total – Tauá/CE
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Referências

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