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EMPREENDEDORISMO E O PERFIL DO EMPREENDEDOR

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Academic year: 2021

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INSTITUTO SUPERIOR DE CIÊNCIAS ECONÓMICAS E EMPRESARIAS

LICENCIATURA EM CONTABILIDADE E ADMINISTRAÇÃO RAMO: ADMINISTRAÇÃO E CONTROLO FINANCEIRO

EMPREENDEDORISMO E O PERFIL DO EMPREENDEDOR

Anilton César Delgado

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INSTITUTO SUPERIOR DE CIÊNCIAS ECONÓMICAS E EMPRESARIAS

LICENCIATURA EM CONTABILIDADE E ADMINISTRAÇÃO RAMO: ADMINISTRAÇÃO E CONTROLO FINANCEIRO

EMPREENDEDORISMO E O PERFIL DO EMPREENDEDOR

Anilton César Delgado

Orientadora: Dra. Isa Neves

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Dedicatória

Dedico este trabalho ao meu filho Dérick.

Sei que acabei privando-te da minha companhia e dedicação como Pai na fase tão linda dos teus cinco anos. Eu amo-te muito e espero que um dia compreendas as minhas razões.

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Agradecimentos

Correndo o risco de esquecer pessoas importantes nesta aventura que me conduziu a este curso e mais especificamente a elaboração deste trabalho, agradeço, em especial,

 à orientadora Dr.ª Isa Neves, pela paciência, apoio e orientação no trabalho;  ao ISCEE, pelo acolhimento durante estes quase cinco anos;

 aos meus colegas de grupo Deolindo Neves e Odair Fernandes pela partilha dos momentos mais difíceis dos três primeiros anos deste curso;

 à todos os meus colegas da turma de Contabilidade e Administração via ensino;  à todos os docentes que contribuíram para o meu progresso académico;

 aos colegas da Licenciatura, pela partilha das alegrias e dificuldades;

 à todos os empresários da ilha de São Vicente que responderam prontamente ao questionário;

 aos responsáveis do projecto de reforço do ensino técnico (PRET);

 à todos os meus alunos com quem tenho partilhado o prazer de ensinar e aprender;

 aos inúmeros empresários cabo-verdianos que empenham no dia a dia em gerar riquezas e emprego, contribuindo para o potencial crescimento deste país;  à todos os que de uma forma directa ou indirecta me auxiliaram na realização

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“Alguns homens vêem as coisas como são, e perguntam: “Por quê?”. Eu sonho com as coisas que nunca existiram e pergunto: “Por que não?”

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Resumo

Actualmente é cada vez mais visível a vontade e o interesse dos países em verem suas economias crescer. Não obstante este interesse e vontade, muitos são os países que não têm conseguido alcançar os objectivos pré-estabelecidos.

É perante este cenário que surge o empreendedorismo como uma estratégia de sustentabilidade económica, quer através dos postos de trabalho que pode proporcionar, quer ainda pelo dinamismo e a consequente competitividade que este traz para o mercado.

O presente trabalho objectiva o estudo do empreendedorismo na abrangência e relevância, demonstrando, na primeira parte, a evolução dos conceitos de empreendedorismo e de empreendedor.

Na segunda parte o objectivo é tentar mostrar que para além dos empreendedores inatos também existem pessoas que conseguem aprender as principais habilidades dos empreendedores. Ainda na segunda parte aponta-se as características mais comuns do empreendedor que diferencia-o do gestor.

Na terceira parte demonstra-se a importância do fenómeno empreendedorismo no crescimento económico e na geração de emprego e analisa-se o impacto da cultura no empreendedorismo.

Finalmente, na última parte faz-se um estudo de caso sobre a situação do empreendedorismo na ilha de São Vicente e se analisa os dados provenientes da aplicação de um questionário.

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Índice

Resumo...VI Lista de Abreviaturas...VIII Lista de Quadros...IX Lista de Gráficos...IX 1 Introdução...1 2 Enquadramento Teórico...3 2.1 História do Empreendedorismo...3

2.1.1 Um panorama sobre os seus antecedentes históricos...3

2.1.2 Definições de empreendedorismo...4

2.1.3 Empreendedor...6

2.1.3.1 Conceitos de empreendedor...6

2.1.3.2 Como surgem os empreendedores...9

2.1.3.3 Características do empreendedor...10

2.1.3.4 Análise comparativa entre gestor e empreendedor...14

2.2 Importância económica do empreendedorismo...15

2.2.1 Relação entre o empreendedorismo e o Crescimento/Desenvolvimento Económico...17

2.2.2 Empreendedorismo e desemprego...20

2.2.2.1 Empreendedorismo contribui para a diminuição da taxa de desemprego?...21

2.3 Cultura e empreendedorismo...22

3 Estudo de caso – A ilha de São Vicente e o empreendedorismo...24

3.1 Caracterização da ilha...24

3.2 Fomento e apoio do empreendedorismo na ilha...25

3.3 Metodologia da pesquisa...26

3.4 Análise dos resultados...27

4 Conclusões e recomendações...35

5 Referências Bibliográficas...37

6 Anexos...39

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Lista de Abreviaturas

CCIASB – Câmara de Comercio, Indústria, Agricultura e Serviços de Barlavento CI – Agência Cabo-verdiana de Investimentos

EUA – Estados Unidos da América

GAE – Gabinete de Apoio ao Empreendedor GEM – Global Entrepreneurship Monitor PIB – Produto Interno Bruto

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Lista de Quadros

Quadro 1 - Desenvolvimento da teoria do empreendedorismo e do termo empreendedor...9

Quadro 2 – Comparação entre gestor e empreendedor...15

Lista de Gráficos Gráfico 1 – Razões para criação da empresa...27

Gráfico 2 – Experiência anterior...28

Gráfico 3 – Idade...28

Gráfico 4 – Ramo de actividade...29

Gráfico 5 – Nível de escolaridade...30

Gráfico 6 – Número de trabalhadores...31

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1 Introdução

É senso comum que Cabo Verde é um país com uma economia aberta, sensível ao fenómeno da globalização e dependente das importações, factos que colocam desafios cada vez mais exigentes ao nível da satisfação dos consumidores e da promoção de produtos nacionais. Perante tal situação não resta outra alternativa às empresas nacionais se não a adopção de estratégias que lhes permitem actuar numa economia de mercado global.

Também, é unânime que uma abordagem mais abrangente possível de aspectos ligados ao empreendedorismo traz benefícios económicos para o crescimento e desenvolvimento de qualquer economia.

Perante estas constatações, é evidente que apostar na promoção do empreendedorismo é fundamental para qualquer país que tenha ambições de crescimento e desenvolvimento económico sustentáveis.

O fenómeno empreendedorismo começou a despontar-se na economia cabo-verdiana na década de 1990. Nessa altura iniciou-se um amplo programa de privatização de várias empresas nacionais, dando voz à iniciativa privada no contexto da economia nacional. Porém, ainda subsiste a necessidade de um trabalho árduo, contínuo e consistente para que o empreendedorismo possa ganhar o dinamismo necessário e possa contribuir para o crescimento e desenvolvimento no nosso país.

A escolha do tema prende-se com o facto de em Cabo Verde existir uma crescente necessidade de apostarmos na criatividade, na inovação e na criação de novos negócios, para melhor enfrentarmos a competitividade externa. Por outro lado, este fenómeno é pouco divulgado no seio dos cabo-verdianos e, sobretudo, a nível académico.

Assim com a elaboração deste trabalho pretende-se:

 Aflorar a importância que o empreendedorismo tem no crescimento e desenvolvimento das economias;

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 Chamar a atenção das instituições governamentais para a necessidade urgente de se criarem incentivos para estimular e apoiar o empreendedorismo;

 Demonstrar o impacto que o empreendedorismo tem no crescimento e desenvolvimento económico, nomeadamente no aumento do produto nacional bruto (PNB) e do produto interno bruto (PIB), no aumento das receitas fiscais arrecadadas pelo Estado, na diminuição da taxa de desemprego, na redução do nível da pobreza e na melhoria das condições de vida das populações.

 Promover o surgimento de novos empreendedores.

Em termos de metodológicos, pretende-se desenvolver o trabalho apoiando em resultados de investigações sobre a matéria, assim como em bibliografias especializada, nomeadamente livros, revistas, manuais, relatórios de economia e websites.

O trabalho encontra-se estruturado em quatro capítulos. No primeiro capítulo faz-se a introdução do tema, onde é definido os objectivos do trabalho, a sua estrutura, a metodologia utilizada e justifica-se a escolha do mesmo; no segundo capítulo desenvolve-se um enquadramento teórico e histórico dos conceitos de empreendedorismo, e empreendedor; no terceiro capítulo faz-se uma análise da situação do empreendedorismo na ilha de São Vicente, com dados provenientes da aplicação de um questionário aos empresários locais; o quarto capítulo será composto pelas conclusões e recomendações.

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2 Enquadramento Teórico

2.1 História do Empreendedorismo

2.1.1 Um panorama sobre os seus antecedentes históricos

Em termos académicos o empreendedorismo é um campo muito recente, com menos de três décadas, mas tem verificado um aumento acentuado do número de cursos nessa área. Em 1975 nos Estados Unidos da América (EUA) existiam cerca de cinquenta cursos. Em 1999 já havia mais de mil universidades e escolas secundárias ensinando o empreendedorismo. (Dolabela, 1999 a)1

Segundo Dolabela este ramo de conhecimento, apesar de dinâmico em termos de pesquisa e publicações, demorará algum tempo para atingir uma base científica. (Dolabela, 1999 a)2

Tal facto é devido à inexistência de padrões definidos, princípios gerais ou fundamentos que possam assegurar a consolidação dos conhecimentos nessa área.

A palavra empreendedorismo (entrepreuneur) foi utilizada pela primeira vez na língua francesa no início do século XVI, para designar os homens envolvidos na coordenação de operações militares.

A definição preliminar do termo empreendedorismo pode ser atribuído a Marco Pólo, o qual tentou estabelecer uma rota comercial para o Oriente, assinando um contrato com um investidor para vender as mercadorias deste. Nesta época o capitalista era alguém que assumia riscos de forma passiva, somente fornecia o capital, enquanto o aventureiro empreendedor assumia um papel activo, correndo todos os riscos económicos e físicos.

1, 2Apud Cruz, Carlos Fernandes.(2005), Os motivos que dificultam a acção empreendedora conforme o

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A primeira relação efectiva entre assumir riscos e empreendedorismo deu-se no século XVII, onde era estabelecido acordos entre governantes e empreendedores para a execução de serviços e/ou fornecimento de produto. Nessa mesma época Richard Cantillon foi considerado um dos criadores do termo empreendedorismo, ao diferenciar o empreendedor, aquele que assumia riscos, do capitalista, aquele que fornecia o capital. Com o início da industrialização ocorrida no século XVIII, o capitalista e o empreendedor foram finalmente diferenciados. Nessa época muitos pesquisadores só puderam desenvolver as suas experiências com o auxílio de investidores, os quais financiavam seus projectos. Sendo assim, ficou definido como empreendedor o utilizador do capital e o fornecedor era um investidor de risco, que fazia grandes investimentos a partir de um determinado valor de capital próprio para com isso obter uma alta taxa de retorno do investimento.

Finalmente, o momento actual pode ser denominado da era do empreendedorismo, pois são os empreendedores estão eliminando barreiras comerciais e culturais, encurtando distâncias, globalizando e renovando os conceitos económicos, criando novas relações de trabalho e novos empregos, quebrando paradigmas e gerando riqueza para a sociedade.

(Dornelas, 2001, p. 21)3

2.1.2 Definições de empreendedorismo

O empreendedorismo é uma revolução silenciosa, que será para o século XXI mais do que a revolução Industrial foi para o século XVIII. (Timmons, 1990 apud Dolabela, 1999a)4.

3, 4 Apud Cruz, Carlos Fernandes.(2005), Os motivos que dificultam a acção empreendedora conforme o

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A definição de empreendedorismo a nível mundial é antiga. Entretanto, houve várias interpretações para o conceito: desde a concepção de empreendedor como ser social que fugia dos padrões determinantes até a visão actual em que o empreendedor é visto como um ser extremamente importante para o desenvolvimento económico e social da humanidade.

Hoje não podemos admitir uma sociedade sem empreendedores.

Desde o aparecimento deste fenómeno, vários são os autores que se dedicam à pesquisa do tema e com os benefícios que o empreendedorismo pode trazer à economia de um país.

De acordo com Dolabela o empreendedorismo significa fazer coisas novas, ou desenvolver maneiras novas de fazer as coisas.

Segundo Dornelas (2001)5, o empreendedorismo consiste em reconhecer a criatividade e

a inovação de cada indivíduo, fazendo com que as motivações e capacidades de cada um convergem no único sentido - produção de produtos/serviços ou, ainda, a criação de estímulos para o crescimento económico do país.

Ângelo, E.(2003)6 defende que o empreendedorismo é a forma de criação de valor que

os indivíduos encontram para implementar suas ideias, recorrendo a aplicação da criatividade, a capacidade de transformar e a coragem de assumir risco.

Empreendedorismo é o processo de criar algo novo, com valor, dedicando o tempo e os esforços necessários, assumindo os riscos financeiros, psicológicos e sociais correspondentes e recebendo as consequentes recompensas da satisfação e independência económica e pessoal. (Hirich, 2004, p. 29).

Esta definição ressalta quatro aspectos básicos do empreendedorismo. Primeiro envolve um processo de criação que tenha valor para o empreendedor e para o destinatário. Segundo, o processo empreendedor exige a dedicação do tempo e dos esforços necessários para a criação de algo novo. Assumir riscos, sejam eles financeiros,

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psicológicos ou sociais, é o terceiro aspecto do empreendedorismo. Finalmente, temos o quarto aspecto, o qual, envolve as recompensas e retornos pelo facto de assumirmos os riscos de um empreendimento.

2.1.3 Empreendedor

Empreender é uma atitude mental que engloba a motivação e a capacidade de um indivíduo, isolado ou integrado numa organização para identificar uma oportunidade e para a concretizar com o objectivo de produzir um novo valor ou um resultado económico.

2.1.3.1 Conceitos de empreendedor

O empreendedor é a pessoa que inicia e/ou opera seu próprio negócio. É visto como uma pessoa que assume riscos necessários numa economia em crescimento produtivo.

Existem várias definições para o termo empreendedor, conforme pesquisadores de diversas áreas, os quais utilizam princípios de suas próprias áreas para elaborar um conceito. Para o economista, um empreendedor é aquele que combina recursos, mão-de-obra e matéria-prima, com o objectivo de agregar mais valor ao produto final. Para um psicólogo, o empreendedor é uma pessoa geralmente impulsionada por certas forças, como a necessidade de obter ou conseguir algo, experimentar, realizar ou a vontade de escapar das imposições de um superior.

Alguns homens de negócios defendem que os empreendedores constituem uma ameaça, um concorrente agressivo, enquanto outros encaram o empreendedor como um aliado, um cliente ou alguém capaz de criar riqueza para os outros, bem como aquele que descobre as melhores formas de utilizar recursos, reduzir os desperdícios e produzir empregos tão desejados por outras pessoas. Hisrich (2004, p. 29).

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O economista Cantillon (1755) definiu o empreendedor como sendo a pessoa que comprava matérias-primas, geralmente um produto agrícola, e as vendia a terceiros, depois de processá-las, identificando, portanto, uma oportunidade de negócios e assumir riscos. Já o economista francês Jean-Baptiste Say (1803), dizia que o empreendedor é aquele que transfere recursos económicos de um sector de produtividade mais baixa para um sector de produtividade mais elevada e de maior rendimento.

Nos Estados Unidos, conforme Drucker (1987), o empreendedor é frequentemente definido como sendo aquele que começa o seu próprio, novo e pequeno negócio.

Louis Jacques Fillion (1991 apud Dolabela, 1999a, p. 28) define empreendedor de forma simples e abrangente. Segundo ele, um empreendedor é uma pessoa que imagina, desenvolve e realiza visões. A imaginação é necessária para que se tenham visões; a visão é a habilidade de estabelecer e alcançar objectivos.

O economista Joseph Shumpeter, pioneiro na introdução do conceito de inovação na definição de empreendedorismo, definiu o empreendedor como sendo “o agente do processo de destruição criativa, que é o impulso fundamental que acciona e mantém em marcha o motor capitalista, constantemente criando novos produtos, novos métodos de produção, novos mercados e, implacavelmente, sobrepondo-se aos antigos métodos menos eficientes e mais caros” (Shumpeter, 1983 apud Degen, 1989, p. 1).

Sob o ponto de vista do professor José Dornelas (2001) os empreendedores são pessoas diferenciadas, que possuem motivação singular, apaixonadas pelo que fazem, não se contentam em ser mais um na multidão, querem ser reconhecidos e admirados, referenciados e imitados. Ele ainda caracteriza o empreendedor como sendo aquele que faz as coisas acontecerem, que se antecipa aos factos e tem uma visão futura da organização.

Por último, convém destacar a posição de Dolabela. Segundo o autor, a palavra empreendedor num contexto mais amplo é utilizada para designar as actividades de

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quem se dedica à geração de riquezas, seja na transformação de conhecimentos em produtos ou serviços, na geração do próprio conhecimento ou na inovação em áreas como marketing, produção e organização.

Para ele o empreendedor é caracterizado como alguém que sabe o que quer fazer e em que contexto será feito. Dedica-se intensamente aos projectos, já que trabalho para ele se confunde com prazer. Acrescenta ainda que o empreendedor, ao definir o que vai fazer, leva em consideração seus sonhos, desejos, preferências, e o estilo de vida que quer ter. (Dolabela, 1999a)

A dificuldade de se encontrar uma definição universal dos termos empreendedorismo e empreendedor ou definições que se aproximam é grande. Cada autor tenta contextualizar estes termos de acordo com as suas experiências e época em que viveu. Assim sendo, no quadro 1 faz-se um desenvolvimento da teoria do empreendedorismo e do termo empreendedor, em datas distintas.

Quadro 1 - Desenvolvimento da teoria do empreendedorismo e do termo empreendedor

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Século XVII Pessoa que assumia riscos de lucro (ou prejuízo) num contrato de valor fixo com o governo.

1725 Richard Cantillon – pessoa que assume riscos é diferente da que fornece capital. 1803 Jean Baptiste Say – lucros do empreendedor separados dos lucros de capital.

1876 Francis Walker – distinguiu entre os que fornecem fundos e recebiam juros e aqueles que obtinham lucro com habilidades administrativas.

1934 Joseph Schumpeter – o empreendedor é um inovador que desenvolve tecnologia ainda não testada.

1961 David McClelland – o empreendedor é alguém dinâmico que corre riscos moderados. 1964 Peter Drucker – o empreendedor maximiza oportunidades.

1975 Albert Shapero – o empreendedor toma iniciativa, organiza alguns mecanismos sociais e económicos e aceita riscos de fracasso.

1980 Karl Vésper – o empreendedor é visto de modo diferente por economistas, psicólogos, negociantes e políticos.

1983 Gifford Pinchot – o intra-empreendedor é um empreendedor que actua dentro de uma organização já estabelecida.

1985 Robert Hisrich – o empreendedorismo é o processo de criar algo diferente e com valor, dedicando o tempo e o esforços necessários, assumindo os riscos financeiros, psicológicos e sociais correspondentes e recebendo as consequentes recompensas da satisfação económica e pessoal

Fonte: Hisrich (1986, p. 96)

2.1.3.2 Como surgem os empreendedores

Ainda se discute se o empreendedor nasce ou se um indivíduo pode ter uma formação que o leve a adquirir os requisitos necessários a se transformar num empreendedor.

Alguns autores defendem que o espírito empreendedor é inato, dependendo da personalidade de cada indivíduo, pelo que o empreendedorismo não pode ser ensinado. Outros, como Dolabela, defendem que os requisitos para se tornar empreendedor podem ser aprendidos e desenvolvidos ao longo da vida dos indivíduos.

Dolabela (1999) defende que apesar de não ser uma tarefa fácil, o empreendedorismo pode ser ensinado. Defende também que a forma como os professores transmitem as suas experiências e conhecimentos dessa área e o interesse dos alunos sobre o tema, constituem factores determinantes da sua aprendizagem.

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Já o professor José Dornelas refere esta questão como sendo polémica.

Segundo ele, por um lado, existem aqueles indivíduos que já nascem com o espírito empreendedor, e por outro lado existem aqueles que conseguem ter sucesso a partir conhecimentos e experiências adquiridas em universidades ou na vida ao identificarem uma oportunidade de negócio. Dornelas diz que existe tanto aqueles que nascem prontos, como aqueles que podem aprender as saídas para se tornar um empreendedor.

Apesar destas discussões, já faz parte do senso comum que o empreendedorismo pode ser ensinado, pelo que hoje várias universidades dedicam uma atenção especial ao ensino do referido tema, nomeadamente nos EUA, no Brasil e, mais recentemente,em Portugal. De acordo com Cohen, a universidade tida como referência é a Babson College, nos EUA, reconhecida a nível internacional pela sua primazia no ensino do empreendedorismo.

2.1.3.3 Características do empreendedor

Conforme Filion apund Dolabela (1999a) as características dos empreendedores variam de acordo com as actividades que o empreendedor executa numa determinada época ou em função do estágio de crescimento da empresa. Sendo assim, as características empreendedoras podem ser adquiridas e desenvolvidas.

Os estudos sobre este aspecto são recentes, não existem padrões definidos, princípios gerais ou fundamentos que possam garantir de forma efectiva o conhecimento na área. No entanto, da literatura consultada, chega-se à conclusão que as características a seguir indicadas são de extrema importância para o sucesso de qualquer empreendedor, sendo as características mais comuns:

 Auto-confiança – acredita em si mesmo por isso arrisca mais e está mais apto para realizar tarefas desafiadoras.

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 Auto motivação, entusiasmo e energia – os empreendedores não precisam de prémios para se sentirem motivados; são capazes de auto motivarem-se com desafios e tarefas em que acreditam. Sua motivação permite-lhes entusiasmar-se com suas ideias e projectos. Seu entusiasmo e motivação dão-lhes a energia necessária para se lançarem em novas realizações que usualmente exigem esforços iniciais intensos.

 Capacidade de decisão e assumir responsabilidades – o empreendedor não fica à espera que os outros decidam por ele, deve ser capaz de tomar decisões correctas no momento exacto, estar bem informado, analisar bem as situações e avaliar as alternativas para poder escolher a solução mais adequada. Ele responsabiliza-se sempre pelas consequências.

 Disposição para assumir riscos – o empreendedor aceita riscos. Os empreendedores, ao iniciar seus próprios negócios assumem riscos financeiros, isto é, investem dinheiro próprio ou fazem empréstimos, riscos de suas carreiras pois abandonam o emprego estável e riscos psicológicos, isto é, enfrentam a possibilidade de fracasso nos negócios.

 Liderança e dinamismo – dentro e fora da empresa, o homem de negócios faz contratos com clientes, fornecedores e empregados. Assim, a liderança tem que ser uma qualidade sempre presente no empreendedor. Ele deve saber definir objectivos, orientar tarefas, combinar métodos e procedimentos práticos, estimular as pessoas rumo às metas traçadas e favorecer relações equilibradas dentro da equipa de trabalho.

 Iniciativa – o empreendedor não fica à espera que os outros, governo, empregados ou familiares, venham resolver os seus problemas. Face aos problemas ele age, arregaça as mangas e parte para a solução.

 Ambição – o empreendedor procura fazer sempre mais e melhor, nunca se contentando com o que já atingiu, quer sempre chegar um pouco mais além do que da última vez.

 Optimismo – o empreendedor é optimista e nunca deixa de ter a esperança de ver seus sonhos realizados. Ele tem confiança em seu desempenho profissional,

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acredita nas oportunidades que o mundo oferece e na possibilidade de resolução dos problemas.

 Conhecimento da área – é importante que o empreendedor tenha conhecimento da área em que vai actuar e saiba reunir as competências necessárias para levar o projecto ou ideia adiante. Quanto mais dominar o ramo em que pretende actuar, maiores são as probabilidades de sucesso. O empreendedor deve ter experiência no sector que quer actuar.

 Persistência – este é uma das características mais importante do empreendedor, isto é por ele estar motivado, convicto, entusiasmado e crente nas possibilidades de sucesso, é capaz de persistir até que as coisas comecem a funcionar como ele deseja. Esta característica é dinamizada por alguém que esta em busca de um sonho.

 Saber aproveitar oportunidades – o empreendedor deve estar sempre atento e deve ser capaz de perceber, no momento certo, as oportunidades de negócio que o mercado oferece.

 Independência – o empreendedor precisa abrir seus próprios caminhos, decidir o rumo de sua vida, enfim, ser seu próprio patrão.

 Flexibilidade – isto é o empreendedor deve estar apto a adaptar-se as circunstancias que o rodeiam, pois se algo correr diferente do planeado, ele não deve desistir, mas sim alterar seus planos de modo a adapta-los as actuais circunstancias para alcançar os objectivos previamente fixados.

 Não ter medo de errar – para o empreendedor a empresa é uma espécie de laboratório. Ele fará tudo para não fracassar, mas ele não tem medo do fracasso. Comete muitos erros mas “aprende fazendo”. Para ele o fracasso é um resultado como outro qualquer, através do qual ele tem muito a aprender.

 Capacidade de organização – o empreendedor deve ter senso de organização e capacidade de utilizar recursos materiais, humanos e financeiros de forma harmoniosa e racional, pois a organização economiza tempo e dinheiro e facilita o trabalho.

 Capacidade de concentração – deve ser capaz de esquecer os demais problemas, de forma a mergulhar em um só assunto de cada vez. Tem que ser capaz de

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esquecer dos demais assuntos e concentrar em um único aspecto como se este fosse a coisa mais importante do mundo.

 Capacidade de verticalização – ser capaz de tratar os assuntos não de forma superficial, mas com a adequada profundidade, isto é, terá de ter a capacidade de organizar os detalhes em um todo coerente, indo do geral para o específico, detalhando o específico e refazendo a visão do todo.

 Criatividade – antes de descrever esta característica, convêm salientar que a criatividade só desponta em um ambiente de liberdade no qual se pode errar. O empreendedor deve ser muito criativo, isto porque à medida que aumenta a concorrência, a necessidade de se criar coisas novas no mercado também aumenta. Ele terá de conseguir ver as oportunidades onde os outros não as vêem, conseguindo definir algo a partir do nada.

 Capacidade de estabelecer relações – uma característica importante do empreendedor é a sua capacidade de estabelecer relações com pessoas que podem contribuir para o sucesso de seu negócio, pelo que ele deve ter a capacidade de escolher as pessoas adequadas, isto é, deve criar equipas, delegar poder, acreditar nos outros e assim conseguir resultados por meio de outros indivíduos.

 Capacidade de ser polivalente – numa empresa em crescimento, onde reina a escassez de recursos, o empreendedor tem que estar preparado para fazer tudo, desde pagar a conta de electricidade até a fabricação do próprio produto ou prestação do serviço. O empreendedor terá de ter uma polivalência acima da média, pois ele terá de lidar com todos que relacionam com a empresa, isto é com empregados, advogados, instituições financeiras, clientes, fornecedores e sindicatos.

 Aberto a opiniões – o empreendedor humildemente deve ouvir a opinião dos outros sobre o seu produto ou serviço, sobre a sua empresa e até mesmo sobre a sua própria pessoa. Ele terá de ter a tarefa de criar um clima propício, onde as pessoas se sintam desinibidas em emitirem suas opiniões, para que ele consiga autoavaliar-se e se conhecer profundamente no sentido de aumentar as probabilidades de sucesso da empresa.

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 Instinto empresarial – ele deve possuir um forte instinto empresarial, uma boa percepção de negócio, isto é, um dom empresarial e daí seguir os caminhos para o sucesso e para a realização de seus sonhos.

Não obstante as características acima referidas, há que destacar a posição de Casson (1982) que descreve as qualidades associadas ao empreendedor de sucesso como sendo a imaginação e a visão, qualidades, segundo ele, escassas e que, consequentemente, conferem uma vantagem competitiva a quem as possui.

2.1.3.4 Análise comparativa entre gestor e empreendedor

No final do século XIX e início do século XX, de acordo com Dornelas (2001), os empreendedores foram confundidos com os gestores. Esta confusão, sob o ponto de vista económico, permanece até os dias actuais, sendo os empreendedores definidos como aqueles que desempenham as funções de planear, organizar, dirigir e controlar as acções desenvolvidas na organização.

A diferença entre estas duas personagens do palco empresarial tem causado muita confusão. Essa diferença é estudada por Dolabela (1999a, p. 120) no que diz respeito a forma de abordar a empresa, no comportamento, nas atitudes e visão do mundo.

Segundo o autor acima citado, pode-se fazer uma análise comparativa entre o gestor e o empreendedor, apresentada no quadro 2.

Quadro 2 – Comparação entre gestor e empreendedor

Gestor Empreendedor

Tenta optimizar os recursos para atingir metas.

Estabelece uma visão e objectivos, depois localiza os recursos.

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estrutura na organização. Busca a aquisição de conhecimentos e

técnicas de gestão.

Apoia-se na auto-imagem geradora de visão e inovação. Busca adquirir o know-how. A chave é se adaptar às mudanças. A chave é iniciar as mudanças.

Seu padrão de trabalho implica análise racional.

Seu padrão de trabalho implica inovação e criatividade.

Trabalho centrado em processos que se apoiam no meio em que ele se desenvolve.

Trabalho centrado no planeamento de processos que resultam de uma visão diferenciada do meio.

Apoiado na cultura da afiliação. Apoiado na cultura da liderança. Centrado no trabalho em grupo e na

comunicação entre estes.

Centrado na evolução individual. Desenvolve padrões para a busca de regras

gerais e abstractas. O gerente está em busca de princípios que possam transformar-se em comportamentos empresariais de eficácia.

Lida com situações concretas e específicas. Uma oportunidade é única, é um caso diferente de outros e deve ser tratada de forma diferenciada.

Baseia-se no desenvolvimento do conceito de si, com ênfase na adaptabilidade.

Baseia-se no desenvolvimento do conceito de si, com ênfase na perseverança.

Voltado para a aquisição de know-how em a gestão de recursos e da área da própria especialização.

Voltado para a aquisição de know-how para definir contextos que levem à ocupação do mercado.

Fonte: Dolabela (1999 b).

2.2 Importância económica do empreendedorismo

Desde o início da teoria económica, com Adam Smith até muito recentemente, os economistas explicavam o desenvolvimento das nações como resultado de três variáveis: mão-de-obra barata, matéria-prima abundante e capital disponível para investimentos. Hoje sabe-se que existem mais duas variáveis, provavelmente mais importantes que as demais: a tecnologia e o empreendedorismo.

É fácil compreender a importância do empreendedorismo no desenvolvimento actual das economias e na alteração da nossa forma de vida. Hoje, tudo o que se consome resulta do espírito criativo dos empreendedores. É difícil conseguir-se imaginar a vida sem telefones, automóveis, aviões, telemóveis, computadores, televisão, rádio, ou coisas mais simples como esferográficas, agrafadores, lapiseiras escova de dentes, corta-unhas,

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fio dental ou ainda sem cinema, concertos, teatros, discotecas e restaurantes. Tudo isto é graças aos empreendedores que transformaram as suas ideias em projectos. Ideias essas que continuarão a surgir, com mais ou menos sucesso e outras ainda falharão.

Apesar das dificuldades com que deparamos no empreendedorismo afirmar-se cientificamente, ele é considerado o meio mais eficiente na ligação da ciência ao mercado, através da criação de empresas e levando novos produtos ou serviços ao mercado. A actividade empreendedora é extremamente importante na economia, pois é capaz de construir e manter a base económica e gerar riqueza. Essa riqueza, quando tratada da melhor forma, contribui para o desenvolvimento económico.

Por outro lado, o aumento significativo que se tem verificado na publicação de investigações sobre o empreendedorismo acaba por ser um reconhecimento da importância que o fenómeno assume no desenvolvimento das economias, nomeadamente no aumento do produto interno bruto (PIB), no aumento das receitas fiscais, na diminuição da taxa de desemprego, na redução do nível da pobreza e na melhoria das condições de vida das populações. Este facto foi sublinhado por Schumpeter (1949), há mais de cinquenta anos.

Essa importância é também reconhecida pelo poder político. Desde o governo socialista francês até aos governos conservadores dos E.U.A, passando pelo governo inglês, todos têm sublinhado a importância estratégica do empreendedorismo para o desenvolvimento económico e social de seus países. (Raposo e Silva, 2000)

HenreKson (2002) e Coulter (2003) apontam como explicação para a importância atribuída a este fenómeno a três razões principais: a criação de emprego, a inovação e a criação de riqueza.

Reynolds, Storey e westhead (1994) acrescentam uma quarta. Segundo eles a criação da própria empresa constitui-se como uma importante escolha de carreira para uma parte significativa da força de trabalho.

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Hoje, como Schumpeter havia afirmado, o empreendedorismo traz consigo a capacidade de desencadear o crescimento económico. Isto significa que, através da actividade empreendedora, é possível que se tenha a iniciativa de liderar e coordenar esforços no sentido do indivíduo ou comunidade alcançar o crescimento económico. (Dolabela, 1999a)

Todas estas razões colocam em evidência a importância considerável do empreendedorismo como motor essencial para o desenvolvimento económico e social, sustento de uma região e até mesmo de um país.

2.2.1 Relação entre o empreendedorismo e o Crescimento/Desenvolvimento Económico

Actualmente não há dúvida que o empreendedorismo constitui a fonte do crescimento económico das economias.

Quanto à relação entre estes conceitos, pode-se afirmar que, se por um lado, é verdade que muitas vezes o crescimento acelerado de algumas economias deve-se à iniciativa privada de seus empreendedores, por outro lado, é correcto afirmar que nem sempre existe uma relação directa e inequívoca entre estes.

Esta posição pode ser comprovada com a opinião de alguns autores, que seguidamente se menciona.

Sobre este aspecto, Henderson (2002) considera que o valor do empreendedor é evidente tanto a nível nacional como regional.

Quanto às nações, ele verificou que aquelas que apresentam uma taxa mais elevada da actividade empreendedora têm, também, um crescimento do PIB mais elevado, afirmando mesmo que o empreendedorismo é o responsável por um terço da diferença de crescimento verificado entre os países.

Ele ainda considera que, quanto maior é a dependência de uma nação do comércio internacional, mais visível é a relação entre o empreendedorismo e o crescimento económico.

(27)

Por sua vez, a autora Coulter (2003) confirma o trabalho de Schumpeter (1942) que há mais de cinquenta anos viu a figura do empreendedor como o principal “activador” do desenvolvimento económico, graças a sua função de inovador. Verifica que nos países do G7 se confirma a existência de uma forte relação entre o nível da actividade empreendedora e o crescimento económico anual. A autora, baseando-se no relatório da Global Entrepreneurship Monitor (GEM), fornece evidência conclusiva de que promover o empreendedorismo e a dinâmica empreendedora dum país devia ser uma componente da acção de qualquer governo que queira estimular o crescimento e desenvolvimento económico.

Analisando o outro verso da moeda, há que realçar o trabalho de Audretsch e Fritsch (2003), onde se sustenta que não existe uma relação directa e inequívoca entre o empreendedorismo e crescimento económico. Segundo estes autores, essa relação pode ser diferente em diferentes sistemas económicos e em épocas diferentes.

Defendendo a posição acima mencionado, os autores remetem-nos à análise da seguinte experiência: enquanto os estudos realizados na Alemanha nos anos oitenta não identificaram uma relação directa entre o nível de empreendedorismo e o crescimento económico (Audretsch e Fritsch, 1996, Fritsch, 1996 e 1997), os estudos de Reynolds (1999) sobre os E.U.A, chegaram a uma conclusão completamente diferente, identificando uma relação clara e positiva entre as duas variáveis.

Entretanto, nos anos noventa, usando o mesmo modelo na Alemanha, os resultados foram completamente diferentes, indicando que as regiões com uma taxa mais elevadas de criação de novas empresas exibiram uma taxa de crescimento económico claramente mais elevada. Segundo estes autores, tal facto é devido às alterações verificadas na estrutura da economia alemã.

Sobre este aspecto, Baumol (1995) conclui que o mais importante para o desenvolvimento económico-social de uma sociedade não é quantidade de empreendedores existentes, mas sim a sua distribuição entre diferentes actividades.

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No mesmo sentido, ainda há que referir a posição de Wennekers et al (2005), que defende que esta relação entre o empreendedorismo e o crescimento económico varia conforme a estatura do país, ou seja, para os países mais desenvolvidos a forma de incentivar o crescimento passará por estimular o empreendedorismo, enquanto nos países em vias de desenvolvimento se torna mais viável obter este crescimento através de, por exemplo, uma maior exploração de economias de escala ou da atracção de grandes investimentos estrangeiros.

Outra visão sobre este assunto é a de Sturzenegger e Tommasi (1994), concluindo que a alocação dos recursos dos empreendedores para actividades menos produtivas é responsável pelo fraco crescimento económico de alguns países.

Quando há uma relação directa entre o empreendedorismo e o crescimento e desenvolvimento económico, ela pode ser analisado e explicado da seguinte forma: o empreendedorismo traz inovação e criatividade para o país; a inovação traz mudança para estrutura empresarial e causa o surgimento de novos produtos e serviços, traduzindo na melhoria dos rendimentos obtidos.

Os lucros podem ser distribuídos aos accionistas e/ou aos trabalhadores, fazendo com que estes melhorem a sua condição económico-sociail. Se não forem distribuídos, podem ser reinvestidos na própria empresa, com o objectivo de melhorar a sua capacidade produtiva e, consequentemente, os resultados obtidos através do aumento do volume de vendas. O aumento da capacidade produtiva, por vezes, pode traduzir-se num aumento do número de postos de trabalho, fazendo com que a taxa de desemprego diminua, melhorando assim o nível de vida da população.

Quanto ao Estado, este também beneficia porque quanto maior for o rendimento (lucro) alcançado pelas empresas, maior é o volume das receitas fiscais. Estas receitas poderão ser investidas na criação de infra-estruturas, nomeadamente estradas, estruturas de saúde, de educação e habitação social, para aumentar o salário dos funcionários públicos, trazendo mais bem-estar social para todos.

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Todos estes rendimentos fazem com que o PIB e o produto nacional bruto (PNB) aumentem, traduzindo automaticamente num aumento do crescimento económico do país. Se este crescimento repercutir nas várias camadas sociais, dará lugar à observância de um maior desenvolvimento económico.

2.2.2 Empreendedorismo e desemprego

Anualmente muitos são os jovens que terminam o seu processo académico e profissional e que anseiam ingressar no mercado de trabalho. Mas, a concorrência é elevada e nem todos conseguem ter uma oportunidade na sua área de formação e outros em área nenhum. Este problema tende a agravar ainda mais nos países em vias de desenvolvimento onde o mercado de trabalho é pequeno para absorver o número de profissionais que formam durante o ano. Este problema faz com que a taxa de desemprego aumente dia após dia.

Por outro lado, há que referir aspectos como a globalização, a evolução tecnológica e o aparecimento da internet, como sendo factores relevantes nesta análise, no sentido de que estes foram os responsáveis para fazer com que as grandes empresas, antes abarrotadas de mão-de-obra, reduzissem seus custos na procura de produtos mais baratos e competitivos, gerando assim um enorme contingente de população activa desempregada.

Perante este cenário, para escapar do desemprego e garantir o sustento próprio e o da família, muitas pessoas optam por iniciar o seu próprio negócio, muitas vezes sem experiência, mas com algum optimismo de que dias melhores virão.

Neste contexto, conclui-se que a taxa de desemprego vária na razão inversa com a taxa de actividade empreendedora, ou seja, o desemprego é uma forma de incentivar acções empreendedoras, principalmente quando o sistema económico de um país tem a tendência de oferecer cada vez menos oportunidades de emprego.

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2.2.2.1 Empreendedorismo contribui para a diminuição da taxa de desemprego?

Respondendo a esta questão, conclui-se que se partirmos da ideia de que o empreendedorismo resume apenas na abertura de um negócio então é insuficiente para fazer com que a taxa de desemprego diminua. Isto porque a criação de emprego pelas novas empresas decorre em paralelo com o possível encerramento de empresas antigas, ultrapassadas e vencidas pelas novas. Ou seja, se por um lado se cria emprego, a abertura de novas empresas leva também a perda de outros postos de trabalho.

Ainda sobre esta questão, se centrarmos em todos os componentes do termo empreendedorismo, nomeadamente os conceitos de criatividade e de inovação destacamos as evidências empíricas de Baptista, Escária e Madruga (2004) que comprovam que a criação de novas empresas tem efeitos directos na criação de emprego, mas também efeitos indirectos, através do aumento da concorrência, da eficiência e da inovação. No entanto, estes efeitos indirectos fazem-se sentir com um desfasamento temporal de cerca de oito anos, ou seja, a criação de novas empresas tem também uma influência de longo prazo na criação de emprego.

2.3 Cultura e empreendedorismo

Além dos aspectos económicos e sociais, a cultura é considerada um elemento de grande influência na actividade empreendedora. Partindo da ideia de que os empreendedores são indivíduos e não organizações e que estes são definidos como um ser social, produto do meio em que vivem, é natural que as pessoas sejam influenciadas por aspectos culturais relacionados com o contexto em que vivem, pelo que se uma pessoa estiver inserida num ambiente em que ser empreendedor é visto como algo positivo, terá maior motivação para a criação e manutenção do seu próprio negócio.

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Analisando as várias definições de empreendedorismo e do empreendedor, pode-se concluir que as regiões em que existe uma maior percepção em relação a conceitos como o risco, a competição e o individualismo, como é o caso dos E.U.A e alguns países da Europa Ocidental, observa-se um nível maior de empreendedorismo do que países como o Japão e outros em que estas características não são tão acentuadas. Tal facto nos alerta de que o empreendedorismo também é visto como um fenómeno regional, ou seja, existem cidades, regiões, países mais ou menos empreendedores do que outros.

Segundo Dolabela (1999a), se no passado era incutido nos filhos e alunos valores como emprego, estabilidade financeira e nível universitário como meios fundamentais de realização pessoal, existe agora a obrigação de educar as crianças e jovens no sentido de estes terem valores como autonomia, independência, capacidade de gerar o próprio emprego, de inovar e gerar riqueza, capacidade de assumir riscos e crescer em ambientes instáveis, porque, perante as condições reais do ambiente, são estes os valores sociais capazes de conduzir um país ao desenvolvimento.

Culturalmente, o cabo-verdiano está bastante arraigado ao conceito de emprego e salário. O sistema de ensino vigente no país, tradicionalmente vem preparando os estudantes para serem empregados e não empregadores.

Um outro aspecto de extrema relevância para a análise do nível de empreendedorismo no país, prende-se com o facto de os cabo-verdianos terem uma fraca cultura da poupança e investimento e, consequentemente, fraca inteligência financeira. A baixa percentagem que faz alguma poupança prefere guardar o seu dinheiro e viver de juros ou rendimentos seguros a arriscar em grandes negócios. Estes têm receio de abrir mão da estabilidade e segurança económica e financeira para assumirem os riscos associados a um negócio próprio.

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3 Estudo de caso – A ilha de São Vicente e o empreendedorismo

Com o presente estudo de caso, pretende-se fazer uma pequena análise da situação do empreendedorismo na Ilha de São Vicente, procurando identificar o perfil dos empreendedores da ilha, os motivos que os levaram a criar o seu próprio negócio, os apoios obtidos, os constrangimentos encontrados na abertura do negócio, o espírito de criatividade e a capacidade inovadora que cada um possui dentro da sua organização.

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São Vicente é a segunda ilha mais populosa de Cabo Verde, localizada no grupo do Barlavento, a noroeste do arquipélago. O canal de São Vicente separa-a da vizinha ilha de Santo Antão. O Aeroporto de São Pedro localiza-se a sul da cidade do Mindelo, o principal centro urbano da ilha e segunda maior cidade do país, onde se concentra grande parte da população da ilha que no seu todo conta com 74.136 habitantes. A cidade do Mindelo é frequentemente considerada informalmente a capital cultural de Cabo Verde.

A economia da ilha sempre se baseou quase exclusivamente no comércio e nos serviços. Devido à falta de chuvas, a agricultura é de subsistência. A pesca tem alguma relevância, mas apresenta condições para ser uma actividade de maior importância, não só pelas capturas, mas também pelas indústrias derivadas: conservas, seca e salga de peixe e construção naval.

No sector industrial, a ilha apresenta abundância de mão-de-obra, se bem que pouco qualificada, resultado do êxodo de habitantes de outras ilhas para São Vicente. Cerca de 27% da população empregada exerce profissões sem grande qualificação. Empregados altamente qualificados, nomeadamente os quadros superiores de empresas e da administração pública e os que exercem funções de gestão e direcção, não chegam a 2% das profissões exercidas.

Segundo o censo de 2000, São Vicente é a ilha que apresenta a maior taxa de desemprego do país (23 %), enquanto a média nacional se fica pelos 17%. O desemprego afecta mais as mulheres do que os homens. O parque industrial da ilha (Zona Industrial do Lazareto) concentra diversas unidades fabris, essencialmente de investimento estrangeiro, nas actividades do calçado, confecções e transformação de pescado.

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Apesar da consciencialização por parte dos governos central e local com relação à importância do tema em estudo para o crescimento e desenvolvimento da economia do nosso país, pouco ou nada se tem feito no sentido de estimular o surgimento de empreendedores.

Das pesquisas efectuadas, encontramos um único programa de apoio ao empreendedorismo em São Vicente, coordenado pela Câmara de Comercio, Industria, Agricultura, e Serviços de Barlavento (CCIASB), com a denominação de Gabinete de Apoio ao Empreendedor (GAE).

O GAE nasceu da necessidade de apoio aos investimentos privados na região de Barlavento, com o intuito de reduzir os constrangimentos de ordem jurídico-administrativa enfrentados pelos empreendedores nacionais e estrangeiros, constrangimentos esses que tornam a fase do pré-investimento morosa e custosa. Neste sentido, a CCIASB procura cada vez mais consolidar a sua rede de relações institucionais, buscando acordos com as Câmaras Municipais, Chefias Intermédias, Gabinetes de Consultorias e Instituições Bancárias do país.

O GAE tem estrutura operacional em todas as ilhas da região de Barlavento com competências nas seguintes áreas:

 Criação de sociedades em qualquer área de actividade económica;

 Coordenação de processos de obtenção de licenças diversas (comercial, industrial, investidor externo, utilidade turística, etc.);

 Assessoria técnica em matéria fiscal, financeira e laboral;

 Coordenação de estudos técnicos e de viabilidade económico-financeira para a fase de pré-investimento;

 Coordenação de estudos de prospecção de mercados;  Selecção e recrutamento de pessoal;

 Coordenação de formação específica e especializada intra-empresa.

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 Câmaras Municipais Nacionais;

 CI – Agência Cabo-verdiana de Investimentos;

 Ministério de Economia, Crescimento e Competitividade;  Gabinetes Técnicos de Consultoria.

3.3 Metodologia da pesquisa

Dos 98 empresários inquiridos, somente 77 responderam prontamente ao questionário e/ou entrevista realizada, pelo que a análise de resultados é feita com base na opinião destes 77 empresários da ilha de São Vicente. O questionário é exploratório, composto por perguntas objectivas e descritivas e foi aplicado durante o mês de Maio de 2009.

3.4 Análise dos resultados

Com base nas respostas obtidas durante a pesquisa e entrevista junto aos empresários, é apresentado abaixo os resultados, para melhor visualizar o perfil do empreendedor pesquisado.

Na primeira questão, perguntou-se aos empreendedores qual a principal razão para a criação da sua empresa.

(36)

Fonte: Dados da pesquisa

Conforme pode ser observado no gráfico 1 acima, identificou-se que 62% dos empreendedores apontam a percepção de oportunidade de mercado como o principal factor motivacional para a criação da empresa. Isto demonstra que a maioria dos entrevistados iniciou seus negócios pelo facto de terem uma visão ampla de mercado. Há que também fazer referência aos 29% de empreendedores que deram inicio ao negócio pelo facto de estarem numa situação de crise, o que demonstra que na ilha há presença do chamado empreendedorismo por necessidade.

Na segunda pergunta, conforme gráfico 2 abaixo, abordou-se o tempo de experiência anterior dos empreendedores no ramo de actividade em que actuam.

Gráfico 2 – Experiência anterior

(37)

Verifica-se que 39% dos inquiridos possuem de um a cinco anos de experiência. Por outro lado, ainda observou-se que uma percentagem relevante de empreendedores entrevistados apontam ter mais de 10 anos de experiencia (29%). Ainda sobre esta questão, constata-se que, dos 18% que apontam não ter qualquer experiência antes do início do negócio a maioria (64%) faz parte dos que iniciaram o negócio por causa de uma crise pessoal. Este facto nos leva a concluir que na presença de uma crise pessoal o são vicentino está disposto a correr todos os riscos de um empreendimento.

Na sequência, buscou-se identificar qual a idade das pessoas ao iniciarem seus próprios negócios.

Gráfico 3 – Idade

Fonte: Dados da pesquisa

Percebe-se que a grande maioria dos empreendedores inquiridos (44%), deu início ao seu negócio entre 31 a 40 anos de idade. A pesquisa ainda revela que 9% se encontra na faixa etária de 18 a 25 anos; 29% de 26 a 30 anos e 18 acima dos 40 anos.

Os dados obtidos nesta questão não vão muito além dos resultados a nível mundial, uma vez que a literatura mostra que em diversos países do mundo a faixa etária dos 25 a 35 anos é a predominante entre as pessoas que criam o próprio negócio e que a partir dos 40 anos as pessoas são menos propensas a se arriscarem em negócios próprios.

Analisando a pequena percentagem que consta na faixa etária dos 18 a 25 anos (9%), constata-se que nesta idade os jovens da ilha estão mais preocupados em encontrar um emprego do que auto-empregarem-se. Isto nos alerta para a necessidade, da

(38)

implementação de um sistema de ensino que prepare os jovens no sentido de estes serem empregadores e não somente empregados, para que quando estes terminarem os estudos académicos não se questionem onde é que vão arranjar emprego, mas sim como é que vão criar o próprio emprego.

No que diz respeito ao tipo de actividade, perguntou-se em que ramo de negócios o empreendedor actua.

Gráfico 4 – Ramo de actividade

Fonte: Dados da pesquisa

Sendo São Vicente, a exemplo das outras ilhas, caracterizada pelo elevado nível de importações e fracas exportações, os resultados obtidos nesta questão, não poderiam ser tão diferentes dos esperados. A grande percentagem dos inquiridos (57%) aponta o comércio, 25% aponta o sector dos serviços, 12% opta pelos dois sectores e uma

minoria de 6% investe no sector da indústria, conforme pode-se observar no gráfico 4 acima.

A escolha da actividade do comércio, deve-se ao facto desta área ser mais ampla, oferecendo assim mais oportunidades de negócio, como por exemplo lojas de roupa, calçado, supermercados, drogarias, bares entre tantas outras opções.

Quanto aos serviços, estes englobam a educação, saúde, advocacia, turismo, segurança, limpeza, assistência técnica e os transportes, sendo que a última rubrica apresenta com a maior fatia deste sector, constituindo um total de 37%.

Ainda procura-se saber o grau de escolaridade de cada um dos empreendedores.

(39)

Fonte: Dados da pesquisa

A pesquisa revela que 29% dos empreendedores da ilha de São Vicente possuem o nível superior, pouco mais de um terço (41%) se encontra em um nível primário e secundário de educação, e o ensino médio aparece com 12%. Os restantes (18%) não concluíram o ensino superior.

Os resultados demonstram que a importância do estudo superior está em baixa, isto é, muitos dos empresários não se importam em incrementar o seu nível de escolaridade, pois já com seu negócio montado resolvam se acomodar.

A análise dos resultados também revela que 85% daqueles que apontam a realização pessoal como a razão para a criação de sua empresa são pessoas que possuem o ensino superior e que sempre sonharam em ter seu próprio escritório ou consultório.

Na oitava questão, procura-se analisar até que ponto as empresas existentes na ilha contribuem para a criação de postos de trabalho.

Gráfico 6 – Número de trabalhadores

(40)

Perante os dados obtidos, não se pode deixar de sinalizar um dos resultados mais expressivos desta pesquisa, onde se revela que mais de metade das empresas (62%) empregam menos de 10 trabalhadores e 27% acolhem de 11 a 20 trabalhadores no seu seio. Este facto nos leva a concluir que, das empresas existentes, um leque muito elevado pertence à categoria de pequenas e médias empresas.

A inexistência de empresas com mais de 50 trabalhadores pode estar subjacente ao facto do questionário ser aplicado somente às empresas de carácter regional.

Ainda, sobre o emprego há que destacar a resposta dada por alguns empresários, na décima terceira questão, onde manifestam a intenção de empregar mais pessoas, mas não o fazem porque a estrutura de custos na lhes permite.

“Para mim a maior satisfação seria ver o meu negócio prosperar até se transformar numa grande empresa, ao ponto de garantir um posto de trabalho a muitos dos nossos jovens que estão desempregados e perdidos no seio da nossa sociedade”. (Anónimo)

Ao analisarmos as respostas obtidas na nona questão, temos a oportunidade de constatar que muitos dos empresários da ilha provêm de outras ilhas, nomeadamente da ilha de Santo Antão, da ilha do Fogo e da ilha de Santiago, constituindo um total de 41% dos respondentes, sendo que somente 32% destes têm origem em S. Vicente. Este facto que tem como uma das principais razões a fraca cultura da poupança que se depara no seio dos são vicentinos, fazendo com que estes não tenham recursos financeiros que muitas vezes é exigido para se iniciar um negócio.

Estando a analisar apenas empresas de carácter regional, não é estranho a baixa percentagem de empreendedores estrangeiros no universo dos inquiridos (27%). Isto porque os investidores estrangeiros estão mais interessados em fazer grandes investimentos, carácter nacional, do que investimentos em pequenos negócios.

(41)

Fonte: Dados da pesquisa

No que se refere ao financiamento ou obtenção do investimento inicial, para o evento empreendedor, a pesquisa revela que a maioria dos nossos pequenos empresários tem como principal fonte de financiamento o capital próprio (51%) e como segunda fonte em importância de recursos os empreendedores recorrem aos familiares (16%). Como terceira fonte de apoio financeiro eles utilizam recursos provenientes de uma indemnização ou aposentadoria (14%).

Esta questão serve também para desvendar a seguinte realidade – existência de uma elevada restrição dos bancos comerciais e entidades financeiras quanto ao financiamento de empreendimentos de pequeno porte, sendo que este constitui a fonte de financiamento de apenas 10% dos inquiridos. No que se refere a apoios de instituições governamentais, somente dois empresários inquiridos dizem ter recebido qualquer apoio de instituições governamentais (englobado na rubrica de outra fonte).

Paralelamente a esta questão, surge a questão número 11, onde se tem a oportunidade de verificar que 84% dos empresários que obtiveram um financiamento bancário, tiveram que apresentar como garantia um bem pessoal ou um avalista. Os restantes 16% obtiveram alguma facilidade porque a comparticipação das instituições bancárias nos seus projectos era de longe inferior ao que eles iram aplicar no projecto.

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Assim, partindo para a parte descritiva, na décima segunda questão do questionário, quisemos saber se os empreendedores sentiram alguma dificuldade para montar seu próprio negócio. Com base nas respostas constatamos que as dificuldades foram de vária ordem, nomeadamente falta de apoios financeiros, falta de experiência na área de actuação, a burocracia da administração pública, falta de orientação etc.

“Eu recebi uma indemnização de uma empresa onde trabalhei durante 17 anos, eu queria investir, mas eu não tinha a noção de onde investir” (Paulino Gomes)

“A maior dificuldade que eu tive foi conseguir familiarizar com as operações inerentes ao meu negócio”. (Anónimo)

“Para mim a maior dificuldade foi conseguir todos os documentos legais para a abertura da minha empresa. Tive um atraso de quase quatro meses em relação ao tempo que eu tinha previsto para a abertura”. (Anónimo)

Já outros empreendedores (19% dos inquiridos) dizem que não tiveram qualquer dificuldade ao iniciarem seu próprio negócio, conforme ilustra-se na resposta seguinte.

“Não senti nenhuma dificuldade quando iniciei o meu negócio, pois já tinha trabalhado um bom tempo em negócios semelhantes ao meu e assim adquiri conhecimento e experiência na área”. (Armindo Ramos)

Perguntou-se na décima terceira questão descritiva qual seria a maior satisfação pessoal após o inicio do negócio. A maioria dos empreendedores indica a autonomia financeira e o reconhecimento pessoal como sendo a maior satisfação.

“Ao montar meu próprio negócio, parei de depender financeiramente dos meus pais”. (Ana Fernandes)

“Para mim a maior de todas as recompensas é o facto de hoje ser uma pessoa muito reconhecida no comércio”. (Anónimo)

Com o intuito de finalizar a pesquisa, quisemos com a décima quarta questão avaliar o nível de criatividade e inovação dos nossos empreendedores.

Chegamos à conclusão que estes são pouco inovadores e que a resposta predominante foi “ aumentamos as nossas instalações e contratamos mais pessoal”.

(43)

Esta fraca capacidade de inovação pode ser ainda comprovada com a sexta questão, onde tivemos a oportunidade de verificar que cerca de 61% dos inquiridos dedica menos de oito horas diária a seus negócios. Naturalmente, quanto menos tempo dedicam ao negócio, menor é a probabilidade de criarem coisas novas nas empresas.

Perante tal situação, é nossa opinião que as nossas empresas só estão a ter sucesso porque estão inseridas num mercado pouco competitivo e de pouca agressividade.

Não obstante esta situação do empresariado da ilha, há que destacar a existência de um nível considerado de comércio informal, que constitui a fonte de sustento de muitas famílias. Estás pessoas normalmente têm as suas próprias ideias e um certo nível de criatividade, mas lhes falta o apoio e o incentivo necessários para criarem as suas pequenas empresas e assim contribuírem para o PIB do país.

4 Conclusões e recomendações

Da literatura consultada sobre o tema constata-se que aspectos como a inovação, o desafio, a criação de negócio, o risco e a criatividade são comuns em definições que autores diferentes utilizam para o termo empreendedorismo. Este facto que nos leva a concluir que estes aspectos são os pilares do fenómeno do empreendedorismo.

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O empreendedorismo constitui um elemento importante para o crescimento/desenvolvimento económico de qualquer nação, pelo que apostar no empreendedorismo pode ser a solução para muitos dos problemas enfrentados pelas actuais sociedades.

Se analisarmos atentamente o que esta a acontecer em torno do tema “Empreendedorismo”, nomeadamente instituições de ensino a incorporarem esta disciplina nas suas estruturas curriculares e a promoverem cursos sobre o tema, instituições governamentais a disponibilizarem incentivos, indivíduos empreendedores a criarem novos negócios, a sociedade a encarar o fenómeno como uma fonte de geração de emprego, não restam dúvidas de que Timmons estava certo ao afirmar que o empreendedorismo é uma revolução silenciosa que será para o século XXI mais do que a Revolução Industrial foi para o século XVIII.

Com a graduação de Cabo Verde a País de Desenvolvimento Médio e com a sua entrada na Organização Mundial do Comércio, as ajudas externas tendem a diminuir de forma gradual. Perante tal cenário, Cabo Verde ganhará o desafio do desenvolvimento se conseguir desenvolver uma boa base exportadora, seja de bens ou de serviços.

Para que isso aconteça o empresário cabo-verdiano e o são vicentino, em particular, terá que ser competitivo como o estrangeiro, apostando na criatividade e na inovação (intra-empreendedorimo) e o Governo terá de ser capaz de criar um bom ambiente de negócio.

Neste contexto, é recomendável que os governos, central e local, criem incentivos para estimular e apoiar os actuais e potenciais empreendedores.

Para tal é necessário:

 Rever as fontes de financiamentos do empresariado nacional;

 Criar organizações para orientar as pessoas que tem desejos de investir;  Atribuir prémios monetários aos melhores projectos empreendedores;

(45)

 Dinamizar a inserção da sua economia no contexto internacional, privilegiando sectores como o turismo, os transportes e as comunicações, os serviços financeiros, as pescas e a indústria ligeira virada para a exportação;

 Reformar a administração pública, no sentido de reduzir o elevado nível de burocracia existente;

 Criar políticas de apoio às sociedades de capital de risco;

 Promover um sistema educativo que prepara os jovens para serem empregadores.

5 Referências Bibliográficas

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http://pt.wikipedia.org/wiki/Ilha_de_S%C3%A3o_Vicente_(Cabo_Verde) (Consult. Maio de 2009)

6 Anexos

6.1 Anexo 1: Guião do questionário aplicado aos empresários

QUESTIONÁRIO

Observação: Os dados fornecidos permanecerão em anonimato após a conclusão da pesquisa. Todo o questionário deve ser respondido pelo empreendedor e/ou proprietário da empresa.

P1. Qual foi a principal razão para a criação da sua empresa? Realização pessoal

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