O PRECONCEITO NA ÁREA
DA SAÚDE MENTAL
Brevíssima perspectiva
Histórica da Psiquiatria no
contexto ocidental
PATRIMÔNIO DO
HOMEM
LOUCURA NA ANTIGUIDADE
1-Paradigma Teológico
A doença era vista como “ um dom”.
Loucura era a manifestação divina, o que era dito pelo “louco” era ouvido como um saber necessário;
A Loucura tinha espaço para expressão
pois era necessária a compreensão das
mensagens divinas
Idade média (1231)- Sec.XIII
Apogeu da igreja
Paradigma Demonológico
Pensamento contra a igreja:
Hereges- feiticeiros-loucos
O exorcista: figura poderosa
O louco: “aquele que tinha o diabo no corpo”
Idade média (1231)- Sec.XIII
Exorcismo Orações Visita à igrejajejuns
Idade média - Sec.XIV
ao XV
Caça
Tortura
Transição da idade média para a Idade
Moderna- sec.XVI
X
Loucura como reverso da razão absoluta;
Conjunto de vícios como preguiça e
avareza, algo desqualificante ganhando.
(caráter moral
)
• Período de
“limpeza”
das
cidades
estendeu-se até a Revolução Francesa
em
1789
com
o
lema
“liberdade,
igualdade e fraternidade”
o que não
comungava com a exclusão que ocorria;
Transição da idade média
para
a
Idade
Moderna-sec.XVI
-Razão própria
-Não tem o diabo no corpo
-Perigosos, improdutivos,
Ociosos, vagabundos
Idade Moderna
A
Revolução Industrial teve início no século
XVIII, na Inglaterra, com a mecanização dos
sistemas de produção.
2ª metade do sec. XVIII
-Disciplina médica
-Hospital Psiquiátrico
-Influências marcantes
SEC. XIX- Idade contemporânea
Revolução Industrial- capitalismo (final do sec.XVIII e início do sec. XIX)
A cura da força de trabalho : restabelecimento e manutenção da mão-de-obra produtiva
Medicina no poder
Influências: Philippe Pinel (1745-1826)
Preconizou o tratamento moral: disciplina
O doente : tinha uma razão errada/abuso da liberdade
Isolamento é fundamental: segurança para o doente, família e sociedade.
Influências: Esquirol (1772-1840)
Precursor da Psiquiatria, integrou a escola francesa iniciada por Pinel.
Idade Contemporânea
(Sec. XIX)
Influências: Emil
Kraepelin (1855-1926)
Integrou a corrente
organicista alemã.
Influências: Emil Kraepelin (1855-1926) Cria sistema organizado de sinais e sintomas Linguagem própria (científica) para descrever o que se passa na mente
Faz com que a Psiquiatria se afirme como ciência médica
Idade Contemporânea (Sec. XIX) Concepção organicista Insulinoterapia malarioterapia Eletroconvulsoterapia Injeções de cardizol Lobotomia
SEC. XIX
A corrente elétrica é aplicada no cérebro através de dois
eletrodos colocados nas áreas temporais do crânio.
O esperado : que o paciente entre numa convulsão
generalizada, o que o tiraria da crise.
SEC. XIX
Técnica cirúrgica que, ao destruir a substância branca dos
lobos temporais do cérebro, provoca uma alteração da
personalidade.
Provoca uma deterioração cerebral irreversível.
•CENÁRIO DA ÉPOCA
•Podridão dos esquemas antigos e DESvalorizaÇÃO Da relação respeitosa profissional-cliente
•IMPOSIção das relações institucionais
•NEGAÇÃO DOS Direitos e Da preservação da identidade •Estrutura hospitalar desagregadora e cronificadora
•INSTITUIÇÃO (asilos cheios e precários/ piora do quadro)
Influências: Franco Basaglia (1924-1980)
Um dos psiquiatras mais discutidos no mundo,
propõe uma nova visão.
Faz crítica à sociedade
Discute o sofrimento e as diferenças do doente mental
Influências: Franco Basaglia (1924-1980)
-Acabou com as medidas institucionais de repressão
-criou condições para reuniões entre médicos e pacientes
-devolveu ao doente mental a dignidade de cidadão.
-reinvenção das práticas X confronto com a sociedade
-com a solidariedade -respeito as diferenças
1978
Criado o Movimento de Trabalhadores em Saúde Mental (MTSM), um grupo de profissionais de saúde que começa a pensar em alternativas para :
-acabar com a instituição psiquiátrica; levar ao paciente uma forma mais humana de sobrevivência; como sujeito de direito, como sujeito biopsicossocial, pois só assim seria possível ter saúde mental.
O objetivo era criar novos dispositivos de tratamento para extinguir os manicômios e os hospitais psiquiátricos e assim estreitar os laços entre o paciente, a família e a sociedade.
Os TSM (trabalhadores em Saúde Mental) pensaram no bem estar do paciente após a desinternação e sua preocupação foi além, pois em parceria com assistentes sociais buscaram também outros benefícios para o paciente, tais como: aposentadoria, moradia, reinserção à sociedade e ao seio familiar.
MARCO DA HISTÓRIA DA PSIQUIATRIA
1989 Projeto de Lei Paulo Delgado propõe a
regulamentação dos direitos da pessoa com
transtornos mentais e a extinção progressiva dos
manicômios no país – reforma psiquiátrica no
legislativo e normativo;
após 12 anos de tramitação no Congresso
Nacional
POLÍTICA DE SAÚDE MENTAL BRASIL Lei 10.216 (06/04/2001)
• “Dispõe sobre a proteção e os direitos das pessoas
portadoras de transtornos mentais e redireciona o
modelo assistencial em saúde mental”.
– Impetra ao Estado o papel de implantação de rede completa de serviços em Saúde Mental–CAPS.
– Limita a expansão de leitos de internação psiquiátrica para a iniciativa privada, mas não institui mecanismos claros para a extinção dos manicômios;
– Redireciona a assistência em saúde mental privilegiando serviços comunitários,
CAPS
• Oferece atendimento à população de sua área de abrangência;
• Realiza o acompanhamento clínico com abordagem psicossocial;
•
• Reinserção social dos usuários pelo acesso ao trabalho, lazer, exercício dos direitos civis e fortalecimento dos laços familiares e comunitários;
• Substitutivo às internações em hospitais psiquiátricos.
A rede de atenção à saúde mental brasileira cuidados
na comunidade
• é parte integrante do SUS, organizada com ações e
serviços públicos de saúde, instituída no Brasil por
Lei Federal na década de 90.
• A construção de uma rede comunitária de
cuidados é fundamental para a consolidação da
Reforma Psiquiátrica
BARREIRAS ATITUDINAIS
O transtorno psiquiátrico provoca estranheza, desorganiza, mobiliza
foge do esperado provoca a hegemonia do emocional sobre o racional.
O diferente se apresenta a nós como uma ameaça, pois contraria aquilo que definimos como padrão de perfeito, belo, harmônico.
Frente à ameaça da DIFERENÇA
observam-se duas formas de reação
:
Ataque:
enfrenta-se o inimigo
atacando-o e, se patacando-ossível, destruindatacando-o -atacando-o
Fuga: rejeição
1. Abandono- Explícito
- Implícito: falta de investimento (amor, dedicação,
oportunidade) – com o qual no deparamos muitas vezes na vida profissional
2. Super-proteção
- transforma o afeto em seu contrário – o
protagonista da situação é sempre o protetor, destituindo o protegido do papel de sujeito.
3. Negação:
destitui o sujeito do direito de ser o que é, pois o que é, é visto como negativo. Pode aparecer de três formas:
* atenuação: nega-se a questão com a frase do tipo: poderia ser pior... não é tão grave...
O transtorno psiquiátrico é muito ruim, mas como não quero olhá-lo de frente, atenuo a condição
* compensação: “mas” – é uma pessoas com transtorno psiquiátrico, mas tão inteligente...
O transtorno é muito ruim, por isso preciso atribuir ao sujeito uma característica desejável compensatória.
•simulação: nem parece que tem transtorno
O transtorno é muito ruim, por isso preciso “fazer de conta” que ela não existe.
Preconceito
:trata-se de uma atitude anterior ao conhecimento – o preconceito nos afasta do fenômeno em si, nos impede
de olhar o sujeito a partir do que ele é e nos faz olhá-lo a partir de suposições pré-concebidas.
“O preconceito diz respeito a um mecanismo
desenvolvido pelo indivíduo para poder se defender de ameaças imaginárias, e assim é um falseamento
da realidade, a qual o indivíduo foi impedido de enxergar...”
Estereótipo
:
julgamento qualitativo, baseado no
preconceito;
generalização indevida;
tira o sujeito de seu lugar e o inclui em
uma categoria.
Estigma
:Atributo avaliado como negativo por um
grande número de pessoas.
“VALOR”
O estigma se estabelece nas relações
interpessoais, por isso é um atributo,
sempre desvalorizador, sempre
depreciativo.
Condições de estigmatização
A pessoa com TRANSTORNO PSIQUIÁTRICO é o desacreditado, ou seja, aquele que traz exposta a marca que o coloca na categoria de estigmatizado; por
isso é socialmente olhado como alguém com menos valor – incapaz, coitado, dependente...
A COMPREENSÃO HUMANA
O que favorece a compreensão do outro: O bem pensar: a condição objetiva do ser humano
A COMPREENSÃO HUMANA
O que favorece a compreensão do outro: O bem pensar: a condição subjetiva do ser humano
Eu penso assim...