Relatório de Viagem – Hochschule
Merseburg
Tudo começou quando entrei na universidade, assim que entrei, passei pela série de palestras inerentes ao início da faculdade e durante uma destas palestras eu recebi a informação da
possibilidade de intercâmbio acadêmico pela PUC-Rio. Até o momento eu nunca havia viajado para fora do país e tinha uma enorme vontade de conhecer outros países e culturas, ali eu vi essa possibilidade, e como estava começando o curso de Engenharia Química e a Alemanha é
reconhecidamente um país de excelência nesta e em outras áreas, eu escolhi este país como destino. Foi então que quando contei a minha inteção aos meus pais, eles no mesmo momento me disseram que se eu queria ir para a Alemanha, eu deveria primeiramente aprender a falar o idioma, pois ninguém é obrigado a nos entender fora do idioma dele, além do mais é sabido que alemães não gostam de falar outro idioma a não ser o alemão, assim eu, mesmo sabendo falar inglês, comecei o curso de alemão. O tempo foi passando e a vontade de sair para intercâmbio só aumentava, pois via que aprender sobre o ponto de vista de uma única instituição não era o suficiente e eu deveria ter outras visões da engenharia.
Passados 2 anos, eu me inscrevi no programa Ciência sem Fronteiras e fui selecionado para realizar o intercâmbio, realizando assim meu sonho. Tá bem, mas e agora, quais seriam os preparativos necessários para ir? O primeiro passo antes de ir para um país na Europa é a preocupação com visto. Na época que viajei, brasileiros não precisavam de visto para entrar na Europa com fins de turismo (isto é, com período de viagem menor de 3 meses). Caso o motivo da viagem fosse intercâmbio acadêmico, necessita-se de um visto anterior adquirido no Brasil. Entretanto, caso o destino seja Alemanha e o voo de partida seja direto (sem escalas ou conexões) Brasil –na Alemanha, o estudante não precisa se preocupar com o visto no Brasil, e deve faze-lo na Alemanha num prazo de três meses. Já se houver alguma escala ou conexão, o estudante deve providenciar uma autorização de viagem junto ao consulado alemão no Brasil e mais o visto na Alemanha em até no máximo 3 meses. Esse foi um fator muito importante na compra do voo, e os próprios funcionários do consulado alemão no Rio de Janeiro, indicam voos diretos. Escolhi a empresa Lufthansa que tinha vôos diretos saindo do Rio de Janeiro.
Com tudo comprado e os preparativos todos finalizados, meus pais fizeram uma festa de despedida 3 dias antes da minha partida, para comemorar o meu êxito em conseguir alcançar esse meu objetivo de estudar fora. A festa foi maravilhosa, mas foi no dia seguinte que começou o pesadelo.
Acordamos ainda cansados da festa e lá pro fim da tarde / começo da noite uma amiga da família disse que era pra arrumar as malas já para não ficar em cima da hora, foi então que arrumando a mala percebemos que todos os meus documentos haviam desaparecido. Procuramos por toda a casa e nada, como não havia tempo de conseguir outro passaporte, fomos à poícia registrar boletim de ocorrência e explicamos toda a situação, nos disseram para dar entrada num passaporte de emergência para que conseguisse viajar. Resumindo a história, depois de muito esforço,
conseguimos o passaporte de emergência e tivemos que comprar outra passagem porque a outra já havia passado o dia .
Viajei no dia 01/03/2014 à noite, onde no aeroporto encontrei Gabriela Alves, uma menina que estava viajando pelo mesmo moivo que eu e coincidentemente para o mesmo país e cidade que eu, nos aproximamos durante o vôo pela coincidência, esta mesma Gabriela no futuro viria a ser a minha namorada. O vôo atrasou por uma hora porque os comissários e pilotos pegaram congestionamento devido ao carnaval. Chegamos lá no dia seguinte, e a primeira barreira foi entender o policial do equivalente à polícia federal e explicar o motivo pelo qual estávamos entrando no país dele, pois o mesmo não queria nos deixar entrar porque ficaríamos mais de 3 meses e não tínhamos visto. No fim das contas depois de 10 minutos, ele ligou para seu superior que nos liberou a entrada no país deles. E agora havia outro problema, encontrar as malas, o aeroporto era bastante grande e estávamos seguindo as placas e nada de achá-las, pedimos informação e descobrimos que a minha mala havia ido pra um lugar e a dela pra outro porque compramos passagens diferentes, a minha tinha trem
incluso para Colônia e a dela era só o avião até Frankfurt e depois ela tinha que comprar a passagem de trem, então as malas dela estavam na esteira de malas e as minhas estavam no guichê da
empresa na parte ferroviária do aeroporto. Depois dos 2 encontrarem suas malas, fomos até o Starbucks para ter acesso à internet e dizer que chegamos bem aos nossos familiares e fomos comprar a passagem de trem dela.
Cheguei um pouco antes dela em Colônia depois de andar pela primeira vez em um trem de alta velocidade (ICE), lá haviam pessoas nos esperando para nos levar até nossas residências, que até então não sabíamos onde era. Chegamos em pleno carnaval alemão e as ruas estavam super lotadas era difícil até de se encontrar mas tudo ocorreu bem.
Primeiro nos levaram ao curso para sabermos onde era, deram algumas informações e nos levaram para casa, coincidência ou não morávamos no mesmo prédio eu e Gabi dentre tantas localidades possíveis por toda a cidade. As aulas começaram e logo nas primeiras semanas resolveram o problema da falta de visto, conta em banco, registro na cidade (porque lá todas as pessoas que moram numa cidade precisam ser registrados naquela cidade) e de como pagar o transporte (comprávamos um bilhete mensal que na época na cidade de Colônia custava 66,70 euros). Morei por 6 meses em Colônia onde fiz amigos de diversas partes do Brasil e do mundo, incluindo Turquia, Japão, Malásia, Indonésia, entre outros. Foi o período mais importante do intercâmbio, pois foi no qual eu aprendi a me virar sozinho, nunca havia morado longe dos meus pais. Tive que
cozinhar, limpar casa, lavar roupa, comprar minha comida, coisas que até então minha mãe e meu pai faziam por mim, foi um aprendizado enorme, criei muita responsabilidade e aprendi a ser independente. Além de aprender a administrar meu próprio dinheiro 400 euros mensais.
A minha escolha relativa a universidade no intercâmbio teve de ponderar alguns pontos importantes: meus objetivos pessoais, a qualidade do ensino e o custo de vida. À época, eu estava cursando o 7º período de Engenharia na PUC-Rio e já havia trabalhado com polímeros. Eu gostaria de escolher uma universidade que me oferecesse exatamente boas cadeiras nesses tópicos e por isso escolhi a Hochschule Merseburg (HoMe). Sem nem ao menos termos combinado, eu e Gabi, que cursamos Engenharia Química, fomos para a mesma universidade. Ficamos nos famosos Wohnheime ou WGs (dormitórios) administrados pelo Studentenwerk (serviços de estudantes), meu aluguel em
Merseburg tinha o valor de 214 euros mensais e neste momento eu recebia 870 euros mensais. Cursei todos as matérias que queria cursar, estagiei na BRASKEM-Europe na área de segurança do processo por 3 meses que foi mais uma experiência incrível, principalmente porque é uma empresa de polímeros.
Além de todas essas experiências, vivi muitas outras. Viajei por inúmeros países pela Europa, Ásia e África, essa foi a coisa mais espetacular que aconteceu na minha vida pois consegui fazer tudo que me propus profissionalmente, na parte educacional e da diversão também, mas lembrando sempre que tudo tinha seu tempo e que a ordem das coisas não podiam ser atropeladas. E assim foi meu 1 ano e meio na Alemanha.
