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CÂMARA DOS DEPUTADOS

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Academic year: 2021

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PROPOSTA DE FISCALIZAÇÃO E CONTROLE Nº 36, DE 2007

RELATÓRIO PRÉVIO

Propõe à Comissão de Fiscalização Financeira e Controle, realizar fiscalização dos atos de gestão que levaram o Poder Executivo a aumentar para 100% a preferência tarifária outorgada ao item “Ácido Tereftálico - PTA”, registrado na coluna 4 do Anexo I, do Acordo de Complementação Econômica nº 53 entre o Brasil e o México.

Autor: Dep. Eduardo da Fonte Relator: Dep. Vanderlei Macris

I – Relatório

I – 1 Introdução

O nobre Deputado Eduardo da Fonte apresentou proposta para que esta Comissão realize “fiscalização dos atos de gestão que levaram o Poder Executivo a

aumentar para 100% a preferência tarifária outorgada ao item “Ácido Tereftálico -PTA”, registrado na coluna 4 do Anexo I, do Acordo de Complementação Econômica nº 53 entre o Brasil e o México”.

Cumpre-nos, de início, esclarecer que PTA (sigla do inglês Purified Terephthalic Acid – ácido tereftálico purificado) é o principal insumo para a fabricação de PET (sigla do inglês Polyethylene Terephthalate – tereftalato de polietileno), um polímero termoplástico muito demandado, em variados graus de resistência, para a fabricação de embalagens plásticas, principalmente para comercialização de produtos líquidos, e de fibras têxteis, principalmente para produção de tecidos sintéticos.

A preferência tarifária conferida ao PET mexicano, estabelecido inicialmente em 40% (quarenta por cento), tem seu fundamento no Acordo de Complementação Econômica N° 53 – ACE/53, celebrado entre o Brasil e o México em 3 de julho de 2002 e internalizado pelo Decreto N° 4.383, de 23 d e setembro de 2002.

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Importação para vários produtos comercializados entre os dois países, com o objetivo de incrementar suas pautas de exportações mútuas e equilibrar a balança comercial bilateral, conforme suas vantagens comparativas.

O mencionado Acordo sofreu alterações por três Protocolos Adicionais. O primeiro Protocolo Adicional, celebrado em 3 de julho de 2002 e internalizado pelo Decreto N° 5.953, de 31 de outubro de 2006, introdu z o Regime de Solução de Controvérsias a ser adotado na interpretação, na aplicação ou no não cumprimento das disposições do Acordo. O segundo Protocolo Adicional, celebrado em 31 de março de 2003 e internalizado pelo Decreto N° 4.690 , de 7 de maio de 2003, impõe que, em cada país, a entidade certificadora da origem de mercadorias importadas indique no formulário do Certificado de Origem, para as mercadorias cujas preferências tarifárias estejam sujeitas a quotas, quais as preferências tarifárias aplicáveis a cada montante da mercadoria importada, segundo a quota consignada no Acordo. Por fim, o terceiro Protocolo Adicional, celebrado em 4 de maio de 2007 e internalizado pelo Decreto N° 6.121, de 13 de jun ho de 2007, efetua o questionado aumento de preferência tarifária, concedido em bases evidentemente não recíprocas, exclusivamente favoráveis ao México.

Em sua justificação, o nobre autor narra fatos e apresenta razões, que sustenta justificarem a conveniência e a oportunidade da fiscalização proposta, essencialmente consistentes no que se segue:

1) em agosto de 2007, o grupo italiano Mossi & Grisolfi - M&G decidiu interromper a fabricação de 250 (duzentos e cinqüenta) mil toneladas por ano de PTA em sua fábrica no estado de São Paulo, que produzia 75% do insumo nacional;

2) a fábrica de PET localizada no estado de Pernambuco, do mesmo grupo italiano M&G, foi instalada com benefícios federais e estaduais que superam o investimento recente deste conglomerado empresarial no país;

3) o aumento da preferência tarifária, concedida unilateralmente ao PTA importado do México, de 40% (quarenta por cento) para 100% (cem por cento), que se traduz na redução a zero do seu Imposto de Importação, acarreta a inviabilização da implantação de uma planta petroquímica para fabricação deste produto no estado de Pernambuco;

4) tal planta petroquímica comporia uma cadeia integrada PTA-PET para a produção não apenas de embagens plásticas mas principalmente de fibras poliéster, por meio da união entre a Petrobras Química S.A. - Petroquisa, subsidiária da Petróleo Brasileiro S.A. - Petrobrás, e a Companhia Integrada Têxtil do Nordeste - Citene, resgatando o mercado têxtil nacional, dominado atualmente por produtos importados, notadamente oriundos da China, e criando mais de 200.000 (duzentos mil) empregos neste setor, apenas no estado de Pernambuco;

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5) tal planta petroquímica traria benefícios, não apenas para o Nordeste brasileiro, mas também para todo o país, destacando-se: a substituição da importação de PTA, com economia anual de 600 (seiscentos) milhões de dólares; a criação inicial de 1.600 (mil e seiscentos) empregos diretos, entre próprios e terceirizados, e 15.000 (quinze mil) empregos indiretos; o expressivo aumento na arrecadação de impostos federais, estaduais e municipais; a revitalização do setor têxtil nacional, com o surgimento de novas empresas e o aumento de oportunidades de emprego, especialmente para mulheres; atendimento da demanda por PTA de ambos os setores, têxtil e de embalagens; maior competição no mercado interno, fomentando incremento de produtividade e redução de preços; e aumento da competitividade de produtos nacionais no mercado externo.

Cooperando para um melhor entendimento prévio das circunstâncias que cercaram a decisão de majorar unilateralmente a preferência tarifária concedida ao PTA mexicano, a Consultoria de Orçamento e Fiscalização Financeira da Casa apurou, informalmente junto aos órgãos ministeriais envolvidos na decisão, os seguintes fatos adicionais:

1) a Petrobrás alega atualmente que a concessão de preferência de 100% (cem por cento) às exportações mexicanas de PTA prejudica a rentabilidade de uma planta petroquímica para a fabricação desse insumo em Pernambuco;

2) a elevação unilateral da preferência concedida pelo Brasil está em consonância com o que já ocorria com as concessões efetuadas ao México pelos demais países do Mercosul;

3) a solicitação para elevação da preferência às exportações mexicanas de PTA foi apresentada pelo grupo M&G;

4) por ocasião da solicitação que formulou, o grupo M&G já que havia adquirido a fábrica de PTA em São Paulo/SP da Rhodia Ster, tornando-se produtor de 75% (setenta e cinco por cento) do insumo nacional, vindo posteriormente a interromper seu funcionamento;

4) por ocasião da solicitação que formulou, o grupo M&G já havia iniciado a construção de uma fábrica de PET em Suape/PE, com capacidade de produção de 450.000 (quatrocentas e cinqüenta mil) toneladas anuais, totalizando investimentos superiores a 300 milhões de dólares americanos, cujo funcionamento iniciou-se já em 2007;

5) por ocasião da solicitação que formulou, o grupo M&G já havia iniciado negociações com a Petrobrás sobre a construção de uma fábrica de PTA em Suape/PE, além da posterior construção de uma fábrica de PX (sigla de Paraxileno), insumo para produção de PTA, parceria que, no entanto, não foi concluída, permacendo a Petrobrás como a única empreendedora;

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6) após o recebimento da solicitação formulada pelo grupo M&G, foi efetuada consulta por órgãos ministeriais ao setor produtivo, possivelmente por intermédio da Abiquim – Associação Brasileira da Indústria Química, que não manifestou oposição; 7) paralelamente à majoração, foram tomadas medidas adicionais destinadas a complementar o abastecimento do consumo de PTA pelo mercado brasileiro, tendo em vista a insuficiência da quantidade do insumo exportada pelo México ao Brasil; 8) com a interrupção das negociações entre a Petrobrás e a M&G relativas à viabilização do projeto conjunto para implantação da cadeia produtiva XP-PTA-PET em Suape/PE, a estatal manifestou a necessidade de retorno da preferência tarifária concedida pelo Brasil ao PTA mexicano dos atuais 100% (cem por cento) para os anteriores 40% (quarenta por cento);

9) o Acordo não permite a alteração unilateral de concessões de preferências tarifárias, sem que acarrete a sua denúncia, o que requer a concordância do Governo mexicano, tendo sido realizadas várias rodadas de negociações desde então, inclusive com opções de reduções graduais e de compensações comerciais, sem sucesso até o presente;

10) no momento, apenas restam a avaliação de alternativas para a desoneração da produção de PTA pela Petrobrás e a expectativa de oportunidade para alcançar uma solução satisfatória quando de possível retomada das negociações para aprofundamento do Acordo.

I – 2 Da oportunidade e conveniência da Proposta

Este Relator crê ser oportuna e conveniente a presente Proposta de Fiscalização, tendo em vista a necessidade de se esclarecer as circunstâncias em que se deu a aludida majoração de preferência tarifária a tão importante insumo, dificultando a viabilização sua produção nacional, localizar possíveis falhas de controle da gestão e identificar eventuais responsabilidades. Outrossim, cremos constituir também uma excelente oportunidade para discutir-se os critérios objetivos mínimos que devam ser observados quando da concessão de preferências tarifárias, em futuros acordos de complementação econômica.

I – 3 Da competência desta Comissão

A esta Comissão, com base no artigo 32, inciso V, do Regimento Interno desta Casa, cabe o exame das relações de consumo e as medidas de defesa do consumidor. O art. 60, II, e o art. 61 do Regimento Interno fundamentam a competência desta Comissão no exercício da fiscalização de temas que sejam

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pertinentes a ela, tal como no presente caso, envolvendo decisões que possam propiciar a dominação dos mercados de insumos básicos para setores da indústria nacional, com evidente impacto potencial sobre os preços de seus produtos ao consumidor.

I – 4 Do alcance jurídico, administrativo, político, econômico, social e orçamentário

Quanto ao alcance político e social, torna-se impreterível a ação do Poder Legislativo no sentido de se apurar os atos de gestão que conduziram ao aludido aumento de preferência tarifária, de modo a adotar medidas que melhorem o controle externo sobre a influência de atuações que possam prejudicar os interesses da sociedade brasileira, em especial, a geração de emprego e renda.

Quanto ao alcance jurídico e administrativo, é fundamental que sejam discutidos os critérios que foram utilizados na tomada de decisão da mencionada majoração de preferência tarifária, inclusive como paradigma para a formulação de critérios objetivos mínimos a serem adotados em futuras concessões da espécie.

Com respeito aos aspectos econômico e orçamentário, é relevante para esta Comissão conhecer as implicações econômicas e orçamentárias da majoração da preferência tarifária concedida, com vistas à adoção de medidas orçamentárias corretivas de seus efeitos econômicos negativos.

I – 5 Plano de execução e metodologia de avaliação

O Plano de Execução da proposta de fiscalização compreende as seguintes etapas:

1. Realização de audiência pública com o Secretário titular da Secretaria de Comércio Exterior – SECEX do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior – MDIC, Sr. Welber Oliveira Barral, o Presidente-Executivo da Abquim, Sr. Nelson Pereira dos Reis, o Presidente da Petroquisa, Sr. Paulo Cezar Amaro Aquino, e o então Presidente da Mossi & Grisolfi Polímeros do Brasil S.A., Sr. Darcio Silva.

2. Elaboração de estudos legislativos e consequente elaboração de projeto de lei para adequar a legislação vigente especialmente quanto aos critérios objetivos mínimos que devam ser adotados na concessão de preferências tarifárias e de suas majorações.

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4. Encaminhamento dos resultados e conclusões desta PFC nos termos do art. 37 do Regimento Interno da Câmara dos Deputados.

II – VOTO

Em face do relatado, voto pela implementação da Proposta de

Fiscalização e Controle nº 36, de 2007, na forma descrita no Plano de Execução e na Metodologia de Avaliação acima apresentados.

Sala da Comissão, Brasília, de de 2010.

Deputado Vanderlei Macris Relator

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