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DIREITO ADMINISTRATIVO

Prof. Lucas Martins

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Aula 03

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Direito Administrativo

AULA 3

Eaí pessoal, bom dia! Hoje a gente vai ver um outro tema dentro da organização administrativa do Estado que é saber quem pertence a administração direta e administração indireta, saber diferenciar autarquia de fundação, de empresa pública e de sociedade de economia mista, saber diferenciar centralização e desconcentração, entes de órgãos, hierarquia de vinculação, pois são questões que sempre aparecem em prova, são pontos muito batidos em concurso, mas que continuam tendo incidência muito alta nas provas, tá legal? É um tema longo, mas é legal de estudar e é para entender como que o Estado se organiza para desempenhar aquela sua função administrativa.

(...) Vimos que para o Estado trabalhar de forma eficiente ele vai trabalhar com a sua administração direta e administração indireta e para ser eficiente ele pode se especializar internamente criado órgãos ou externamente criando novos entes, descentralizando as funções. Vimos que a administração pública direta também chamada de administração centralizada é composta pela União, os estados-membros, o Distrito Federal e os municípios. Eu falei assim: quando eles estiverem exercendo função política eles estão atuando como governo, Governo Federal, Governo do Estado do Rio Grande, Governo Municipal de Porto Alegre, mas quando estiverem exercendo a função administrativa eles não estão mais atuando como governo, mas sim como administração pública. Vamos ter aqui no outro lado a chamada administração pública indireta, descentralizada, pois a administração direta é quando os próprios entes federativos exercem a sua função administrativa e como a Constituição Federal coloca nas mãos de cada um desses entes uma série de atribuições se cada um deles faz tudo ao mesmo tempo não faz com eficiência, então ela pode criar novas pessoas jurídicas e colocar nas mãos de cada uma dessas novas pessoas uma única atribuição buscando mais eficiência, se especializando para fora. Quem compõe a administração indireta são as autarquias, as fundações, as sociedades de economia mista e as empresas públicas. Elas são fruto de descentralização administrativa do Estado.

Como o nosso preparatório é para o INSS vamos ficar com o exemplo da União Federal. A União Federal tem, por exemplo, de empresa pública por ela criada a Caixa Econômica Federal, como sociedade de economia mista federal eu tenho como exemplo aí o Banco do Brasil e a Petrobrás, como fundação temos a Fundação Nacional do Índio (Funai) e temos a Funasa, por exemplo, Fundação Nacional de saúde. São todos órgãos da administração indireta. Cada ente tem seus órgãos, mas o INSS não é um órgão pertencente à União Federal como é o caso da Receita Federal e o caso da Polícia Rodoviária Federal, o INSS é um novo agente, uma nova pessoa jurídica que tem os seus direitos e obrigações.

A organização administrativa do Estado presta serviços públicos, exerce o poder de polícia e isso decorre diretamente do princípio da eficiência que é um dos princípios que está expresso na Constituição Federal e do princípio da especialidade que não está expresso na Constituição

Federação, é um princípio implícito né, mas o princípio da especialidade decorre do princípio da eficiência, pois o Estado buscando uma maior eficiência na sua atuação administrativa ele acaba tendo que se especializar. O que fundamenta a organização administrativa do Estado é o princípio da eficiência e o princípio que desdobra dela que é o da especialidade.

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(...) Por exemplo, nós temos a União Federal e nós temos o órgão máximo que é a Presidência da República no topo da hierarquia do poder executivo federal, embora não pareça esse órgão tem muita coisa para fazer e eu tenho uma única pessoa, que é o Presidente da República, imagina se o presidente fizesse as atribuições da presidência sozinho não iria ter eficiência, mas há, embaixo da Presidência da República, os ministérios e embaixo do Ministério da Economia, por exemplo, eu vou ter a Receita Federal, embaixo do Ministério da Justiça vou ter a Polícia Federal, embaixo do Ministério da Saúde vou ter o SUS, então é tudo uma especialização só que aqui não é uma especialização de dentro para fora do ente União Federal é uma especialização para dentro, interna, então quando a especialização é interna é criado órgãos e quando a especialização é externa é criado entes.

Temos 4 entes da administração direta e 4 entes da administração indireta.

Quando a administração direta (centralizada) está criando um ente da indireta (descentralizada)

Descentralização

Quando dentro do mesmo ente eu tenho a criação de órgãos → Desconcentração

E centralização e a concentração? É o caminho inverso, por exemplo, durante muito tempo a

União pegou o serviço público de gestão dos benefícios previdenciários e também o serviço público de fiscalização e arrecadação da contribuição previdenciária e descentralizou esses dois serviços para a autarquia INSS, mas quando você estuda direito previdenciário você aprende que a fiscalização e a arrecadação tributária voltaram para as mãos da União. O INSS, hoje, cuida apenas da gestão dos benefícios não mais da fiscalização e arrecadação de contribuição previdenciária, isso voltou para União Federal que o faz por meio do órgão da Receita Federal, então a atividade de fiscalização e arrecadação tributária foi descentralizada para a autarquia INSS, mas depois a União pegou de volta, ou seja, centralizou. É o caminho inverso. A

Presidência criou um ministério e aí depois à Presidência incorporou novamente a atribuição, houve uma concentração.

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INSS (Superação) – Direito Administrativo – Prof. Lucas Martins

Afinal, o que é órgão e ente?

Para a gente entender fica a dica: sempre que você pensar em ente ou entidade, tanto da ad-ministração direta ou indireta, lembra que ele tem personalidade jurídica. Quem não possui personalidade jurídica é o órgão.

Quando eu falo que tem personalidade jurídica é porque tem aptidão de ter direitos e obriga-ções próprias. Todos nós aqui somos pessoas para o direito, pois nós temos personalidade jurí-dica, nós temos a aptidão de titularizar direitos e obrigações. Se eu estou aqui, hoje, é porque eu tenho a obrigação de prestar o serviço de dar aula para vocês, mas depois eu vou ter um direito que é o de receber pelo serviço prestado, porque eu sou uma pessoa, porque eu tenho personalidade jurídica. Órgão público não tem personalidade jurídica. Um órgão jamais vai titu-larizar direitos e obrigações, quem tem é a pessoa jurídica a quem ele pertence e não o órgão, por exemplo, você sai aqui do curso aí vem um carro do INSS com um servidor dirigindo o carro e te atropela, o servidor é do INSS, e o INSS é uma autarquia, é um ente, então ele tem persona-lidade jurídica e tem direitos e obrigações, então você pode entrar com uma ação contra o INSS e o juiz condenar o INSS, mas se quem atropelou você fosse a Receita Federal, Receita Federal é um órgão da União, não tem obrigações nem direitos, então você pode entrar com uma ação contra a União e ela sim pode responder o processo.

(...) Se um brigadiano te causa um dano, a Brigada Militar é um órgão, então você só pode en-trar com uma ação contra o Estado do Rio Grande do Sul. Órgão público é despersonalizado, não tem personalidade jurídica e da mesma forma que não tem personalidade jurídica ele não tem personalidade judiciária, ele não pode entrar com ação contra ninguém, pois nós podemos ser autores em ações, porque nós podemos ter um sentimento de que alguém violou um di-reito nosso, mas o órgão não, em regra, porque tem ressalva. Órgão público não tem persona-lidade jurídica, aptidão para titularizar direitos e contrair obrigações, mas, excepcionalmente, alguns órgãos, podem ter a chamada personalidade judiciária, podem ser autores em ação judi-cial, por exemplo, o Ministério Público não tem direito nem obrigação nenhuma, quem tem é a União Federal ou Estadual, mas o Ministério Público em virtude das suas atribuições institucio-nais pode entrar com uma ação civil pública de improbidade contra um prefeito. O Ministério Público é o autor da ação, mas defendendo um direito coletivo. Os órgãos não possuem per-sonalidade jurídica embora, em alguns casos, possam ter perper-sonalidade judiciária (capacidade processual ativa), ou seja, a possibilidade de ser autor numa relação processual.

Houve um caso jurisprudencial que em um determinado município o prefeito estava fazendo vá-rias represálias, estava ameaçando a Câmara dos Vereadores, impedindo que os vereadores tra-balhassem, então a prefeitura e Câmara de Vereadores, que são dois órgãos que pertencem ao mesmo município, dois órgãos da mesma pessoa, então o que aconteceu nesse caso? Como um órgão estava tendo as suas atribuições impedidas por conta de outro órgão possibilitaram que a própria Câmara dos Vereadores entrasse com ação judicial contra o município. Esse é um caso de órgão, que não tem personalidade jurídica, tendo personalidade judiciária para defender suas atribuições profissionais que estão ameaçadas por outro órgão da mesma pessoa jurídica.

Hierarquia X Vinculação

A União Federal tem um quarto ministério que é o Ministério da Previdência e também temos o INSS que mexe com a previdência social, então posso dizer que o INSS está subordinado ao Ministério da Previdência, que é um órgão pertencente à União? Claro que não, porque não há

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subordinação entre entes. A subordinação é apenas interna, dentro de um mesmo ente, por exemplo, o SUS está subordinado ao Ministério da Saúde, a Receita Federal está subordinada ao Ministério da Economia e a Polícia Federal está subordinada ao Ministério da Justiça, mas eu não tenho subordinação entre administração direta e indireta, o que eu tenho é vinculação,

então, por exemplo, você não vai dizer que o Ibama, que é uma autarquia federal, está subor-dinado ao Ministério do Meio Ambiente, ou que o INSS está suborsubor-dinado ao Ministério da Pre-vidência, não está subordinado, porque não há hierarquia entre pessoas jurídicas diferentes,

entre entes diferentes, o que eles tem é vinculação, o INSS está vinculado ao Ministério da Pre-vidência. Não há hierarquia entre administração direta e indireta só existe hierarquia dentro de um mesmo ente, só dentro de uma mesma pessoa jurídica. O que temos entre administração direta e indireta é vinculação.

Se você é servidor da Receita Federal e é controlado por alguém que trabalha no Ministério da Economia, como há uma hierarquia entre o controlador e o controlado, quando o controle da administração pública é feito dentro do mesmo ente, no caso a União Federal, eu vou ter aqui o chamado controle hierárquico, também chamado controle por subordinação,

quando o controlador está acima do controlado hierarquicamente, pois estão no mesmo ente. Quando você é um servidor de autarquia INSS e tem os seus atos controlados pelo Ministério da Previdência, que é um órgão de outro ente, entre vocês não haverá subordinação, então quando a União controla o INSS isso é o controle finalístico, controle por vinculação, tutela administrativa ou posso chamar também de supervisão ministerial quando um ente da

administração direta controla um ente da administração indireta. Também é chamado de supervisão ministerial, pois quando o INSS está sendo controlado pela União Federal, qual é o órgão dentro da União que está controlando os atos do INSS? O Ministério da Previdência, é sempre um ministério da pasta correspondente que vai estar controlando os atos de um ente da indireta. Esse nome supervisão ministerial ele só existe no âmbito Federal, é o controle finalístico feito pela União, pois quando é feito pelo Estado do Rio Grande do Sul eu não tenho ministério eu tenho secretaria e quando feito pelo Município de Porto Alegre eu também não tenho ministério eu tenho secretarias municipais. Então nos âmbitos estaduais e municipais eu não tenho ministérios e sim secretarias estaduais e municipais. Os outros nomes (controle finalístico, controle por vinculação e tutela administrativa) podem ser usados em todos os âmbitos.

Cuidar com autotutela X tutela. Autotutela é o que vai fundamentar o controle interno da

administração pública, então falar isso é falar que a administração pública não só pode como deve controlar internamente os seus próprios atos, e a tutela é o controle de administração

direta sobre a indireta.

Recurso hierárquico próprio X recurso hierárquico impróprio

É uma manifestação da hierarquia, por exemplo, você vai lá no INSS e negam o teu benefício e você recorreu só que você recorreu para outro órgão, um superior, então você recorreu com um recurso hierárquico, só que eles negaram de novo, então você pode recorrer de novo agora para uma terceira instância no caso o Ministério da Previdência, que é um órgão pertencente a União Federal e não é mais um órgão da autarquia INSS,o problema é que a legislação também chama esse recurso de recurso hierárquico impróprio, pois entre entes diferentes não há hierarquia apenas vinculação, por isso que é recurso hierárquico impróprio.

Recurso hierárquico impróprio – Interposto para outra pessoa jurídica, outro ente e aí de forma

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INSS (Superação) – Direito Administrativo – Prof. Lucas Martins

Recurso hierárquico próprio – Dentro do mesmo ente, da mesma pessoa jurídica.

Nós já sabemos que órgão não tem personalidade jurídica e ente tem, mas a personalidade ju-rídica pode ser de direito privado e de direito público

Os 4 entes da administração direta são de direito público, mas na administração indireta é pos-sível que sejam de direito público e privado. A autarquia é de direito público já as empresas

públicas e as sociedades de economia mista, mesmo pertencendo a administração pública, são de direito privado. A empresa pública pelo fato de seu capital social ser público é que ela é

chamada de empresa pública, não por ela ser de direito público. Um exemplo que temos de empresa pública é a Caixa Econômica. A Fundação pode ser instituída como uma pessoa de direito público ou como uma pessoa direito privado, quem define é a lei que vem a criar cada Fundação. Na prática a maioria das Fundações Públicas são de direito público, mas eu tenho al-gumas Fundações públicas que são de direito privado, um exemplo é a funpresp executivo que é uma Fundação Pública de direito privado que cuida da previdência complementar do servidor federal do executivo e como fundações públicas de direito público temos a Funai e a Funasa. A Fundação Xuxa Meneghel, Fundação Ayrton Senna e Fundação Roberto Marinho não são Fun-dações Públicas, são funFun-dações privadas, não pertencem ao Estado.

Nós temos 3 tipos de fundação:

(...) Quando você pega vários bens, dinheiro e móveis e destina a um fim social sem fins lucra-tivos você está criando uma fundação. Se os bens utilizados para criar essa fundação são bens do Lucas, de um particular, eu tenho fundação privada, que não pertence ao Estado, como a

Fundação Ayrton Senna. Quando a União Federal pega os seus bens públicos para criar uma fundação chamada Funai, criada com patrimônio público, temos uma fundação pública.

Essa Fundação Pública pode ser de direito público ou de direito privado e aí é outra história, uma coisa é saber primeiro se a fundação é privada ou pública dai se verifica o patrimônio usa-do para constituir a fundação, se for de um particular temos uma fundação privada e se for pa-trimônio público a fundação é pública. Agora essa Fundação Pública formada por bens públicos ela pode ou não ter prerrogativas, enquanto estiver atuando e tiver prerrogativas é de direito público se a fundação pública não tem prerrogativas enquanto estiver atuando é uma fundação pública de direito privado.

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Exemplos: vamos supor que você entra com ação contra a Uol Audiotech, que é uma pessoa jurídica de direito privado, vamos supor que ela está te devendo um dinheiro, você pode pedir ao juiz que penhore alguma conta da Uol, mas se você estiver entrando com ação contra a autarquia INSS, que é uma pessoa de direito público, então você não pode pedir para o juiz penhorar algum bem do INSS, porque a pessoa pública tem bens públicos e os bens públicos não estão suscetíveis a penhora judicial ou a usucapião, A pessoa de direito público tem prerrogativas que as pessoas de direito privado não tem. A Uol Audiotech precisa pagar impostos já a União Federal, que é uma pessoa pública, não paga imposto, ela tem a chamada imunidade tributária recíproca, pois um ente federativo não pode cobrar impostos de um outro ente (...) Não pagar imposto é uma prerrogativa de quem é de direito público.

Você entra com uma ação contra a Uol Audiotech, ela perde e vai ter um tempo para recorrer. Agora se você entrar com ação contra a União Federal ela não tem o mesmo prazo para recorrer ela tem um prazo em dobro para recorrer a sentença. As pessoas públicas tem prazo dobrado para contestar uma ação e para recorrer a uma ação, mais uma prerrogativa.

Se você entrar com uma ação contra a Uol Audiotech e ela é condenada, juiz irá condenar ela a te pagar o quanto antes. Você se entrar com ação contra a União Federal você vai demorar mais pra receber o dinheiro, porque as pessoas públicas têm a prerrogativa de pagar os seus débitos judicialmente constituído por um negócio chamado precatório.

Se você trabalha em uma Fundação Pública de direito público você é estatutário, ocupa cargo, agora se você trabalha em uma Fundação Pública de direito privado você é celetista, tem emprego público.

A pessoa jurídica de direito público tem uma série de prerrogativas que a pessoa direito privado a princípio não tem. Prerrogativas tributárias, prerrogativas contratuais, as causas exorbitantes, prerrogativas quanto ao regime de bens e por aí vai. Quase todas as pessoas da administração pública são de direito público menos as empresas públicas, as sociedades de economia mista e com a ressalva de que as fundações também podem, dependendo da lei que vem a criá-las. Como é que ocorre a criação dos entes da administração pública indireta?

A criação ocorre sempre mediante lei específica e nunca por ato infralegal. Lei específica é uma lei que não pode tratar de qualquer outro assunto, no caso que não seja a criação desses entes, não pode fugir do tema central e nesse caso basta uma lei ordinária, pois a Constituição só exige lei complementar quando ela pede expressamente.

Lá no direito constitucional vocês aprendem que eu tenho a lei complementar e a lei ordinária. A lei complementar é mais difícil de ser aprovada, porque a Constituição exige quórum de maioria absoluta, ou seja, para aprovar uma lei complementar eu tenho que ter mais da metade de todos os membros da casa legislativa. Já a lei ordinária é mais fácil de ser aprovada, não precisa mais da metade de todos os integrantes da casa basta mais da metade dos que foram votar na sessão, mais da metade dos presentes na votação (maioria simples).

(...) A Constituição fala que lei especifica irá criar autarquia e autorizar a criação dos demais. Quando a pessoa publicou a lei de criação de pessoas de direito público como autarquia a gente diz que a lei já é criadora agora quando esses entes estão criando pessoas de direito privado a lei é meramente autorizativa. Para que a pessoa de direito privado seja efetivamente criada é necessário uma providência chamada registro.

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INSS (Superação) – Direito Administrativo – Prof. Lucas Martins

Imagina que hoje entraram em vigor duas leis a lei A e a lei B. A lei A visa criar uma autarquia federal, a lei B visa criar uma empresa pública federal, a autarquia é uma pessoa de direito público, então basta a lei para criar ela, já a empresa pública é uma pessoa de direito privado, então não basta a lei autorizativa para ela ser criada é necessário que os atos constitutivos dela, por exemplo, o estatuto se ela for uma S.A ou um contrato social se ela for limitada forem devidamente registrados na junta comercial. Já a fundação pode ser de pessoa de direito público e privado, se for de direito público a lei já é criadora e se for de direito privado só estará criada quando estiver devidamente registrada não na junta comercial, pois uma fundação não tem fins lucrativos nem exerce comércio, então não posso registrar em uma junta comercial eu registro isso no cartório de pessoa jurídica. A fundação de direito público vai ter as mesmas prerrogativas de uma autarquia, quando for de direito público.

Pessoa de direito público – Lei criadora (lei por si só basta).

Pessoa de direito privado – Lei autorizativa (lei por si só não basta é necessário mais o registro).

(...) A Constituição exige uma lei complementar que serve apenas para definir as áreas de

atuação das Fundações Públicas, por exemplo, entrou em vigor uma lei complementar dizendo a partir desta lei a União apenas poderá criar Fundações Públicas para as áreas de educação e saúde, mas ela não quer criar hoje uma Fundação Pública, ela apenas delimitou as áreas, quando ela quiser criar uma Fundação Pública, por exemplo, daqui há 1 ano, ela pode fazer isso mediante lei ordinária. A lei complementar não vai criar nem autorizar nenhuma fundação, ela apenas delimita as áreas para as quais, um dia, a União vai poder criar uma.

Outorga x Delegação

(...) Nem toda descentralização vai ensejar a criação de entes, ainda pode haver descentralização contratando particulares, descentralizando aos particulares um determinado serviço público, por exemplo, não é a União que presta serviço de telecomunicação, já foi um dia, mas quem faz isso hoje são empresas privadas, são empresas privadas que receberam por essa descentralização o serviço de telecomunicação como a TIM, a Claro e a Oi. Da década de 90

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para cá o Estado começou a se desestatizar para privatizar uma série de serviços públicos. A União precisou criar novos entes para isso, ela descentralizou contratando particulares para executar esse serviço pelo contrato de concessão ou por um contrato de permissão daí esse

particular que recebe a atividade vai ser chamado de concessionário ou permissionário. Por

exemplo, quando eu vim para cá de Fortaleza eu peguei um avião. Quem foi que prestou serviço foi a própria Aviação Civil? Foi a própria União Federal? Não. Há muito tempo esse serviço foi privatizado, então eu tenho empresas privadas que receberam da União federal esse serviço, mas não pertencem ao Estado. Empresas como a Azul e a Avianca. Você pega ônibus aqui em Porto Alegre quem está prestando serviço de transporte coletivo na cidade são empresas privadas de ônibus e aí esse particular contratado pelo Município presta serviço de transporte a você, por isso que a empresa é chamada de concessionária, porque é por meio desse contrato de concessão que o município de Porto Alegre vai descentralizar um serviço. Então a descentralização é quando pegam determinada atividade e passam para as mãos de uma outra pessoa seja criando um ente ou pela contratação de particulares.

Tanto a outorga como a delegação são formas de descentralização e a diferença entre as duas está na personalidade jurídica, se a descentralização ocorre para uma pessoa de direito público essa descentralização ocorre por meio da chamada outorga se a descentralização ocorre para

uma pessoa de direito privado seja ente indireto, seja para um particular não é mais por outorga vai ser agora por meio de delegação. A delegação pode ocorrer tanto por meio de lei como por

meio de contrato, contrato com os particulares, pois essa empresa privada é pré-existente, então vai ser por meio de contrato de concessão ou contrato de permissão, mas a outorga sempre vai ser por meio de lei, pois é com pessoa de direito público. Para descentralizar para a administração indireta é necessário sempre uma lei, mas para descentralizar para particulares basta um contrato. Na outorga é transferido tanto a prestação como a titularidade do serviço e na delegação a gente transfere apenas a prestação a titularidade não vai. Quando a União Federal, por meio de uma lei, cria a autarquia INSS, ela não apenas pode prestar serviço como ela é a dona do serviço, será titular do serviço, pois na outorga eu descentralizo não apenas a prestação da atividade, mas a própria titularidade. Na delegação, quando o Município de Porto Alegre descentraliza o serviço de transporte para uma empresa particular de ônibus, a empresa vai prestar o serviço, mas a empresa não vai ser a dona do serviço, porque na delegação eu transfiro apenas a execução da atividade e não a sua titularidade.

Outorga – Para pessoa de direito público, por meio de lei (legal), transferência da prestação e

da titularidade.

Delegação – Para pessoa de direito privado, por meio de lei (legal) ou contrato (contratual),

transferência apenas da prestação.

Por desencargo de consciência tem alguns pontos que tem doutrinador que diz que é de um jei-to aí tem doutrinador que descreve de outro jeijei-to, só que tem uma doutrinadora muijei-to conhe-cida, a prof8essora Di Pietro que muda um pouquinho isso. O que nós aprendemos é a primeira corrente, geralmente adotada pela CESPE, mas tem outra corrente adotada, por exemplo, pela FCC. Então eu vou mostrar pra vocês essa outra forma de pensar esse assunto. A professora Maria Sylvia Zanella di Pietro diz que quando ocorre descentralização para qualquer ente da administração indireta, seja pessoa pública ou pessoa privada, isso ocorrerá por outorga, para ela a delegação apenas ocorreria para particular. Ela não faz diferença quanto à personalidade jurídica e sim quanto ao fato de ser ou não da administração indireta, diferentemente da pri-meira corrente que aprendemos que classifica quanto à personalidade jurídica.

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INSS (Superação) – Direito Administrativo – Prof. Lucas Martins

Maria Sylvia Zanella di Pietro chama outorga de descentralização por serviço e delegação

de descentralização por colaboração. Essa seria a segunda corrente de entendimento sobre

outorga e delegação. A CESPE geralmente cobra o primeiro entendimento

(...) O nosso objetivo aqui não é estudar a administração direta isso você vai ver nas aulas de direito constitucional, então aqui vamos ver os órgãos que estão dentro da União, dos estados e municípios, pois isso é matéria do direito administrativo, mas o fato de eu estar trabalhando os órgãos da administração direta não quer dizer que os entes da indireta, internamente, não possam criar seus órgãos, por exemplo, o INSS, que é uma autarquia, tem seu órgão de aposentadoria, de direção, então, como a doutrina mais atual diz, órgãos da administração indireta também podem se desconcentrar desde que sejam de direito público, pessoas de direito privado criam departamentos, setores, órgãos não.

Órgão público é um centro especializado de competências de atribuições, por exemplo, a Polícia Federal é um centro de competências e atribuições focadas na área de segurança pública no nível federal. A criação e extinção de órgãos também ocorre por meio de lei específica, assim como a criação e extinção de entidades. Órgão não tem personalidade jurídica, mas pode ter personalidade judiciária.

Classificação dos órgãos públicos

A doutrina vai trazer aqui algumas classificações quanto aos órgãos. A primeira classificação dos órgãos é quanto à hierarquia. Vamos supor a União Federal e aí como a gente já sabe o órgão que tá no topo do Poder Executivo Federal é a Presidência da República, abaixo da Pre-sidência eu tenho, por exemplo, o Ministério da Economia, abaixo do Ministério da Economia eu tenho a Receita Federal e na Receita Federal eu tenho um órgão de recursos humanos, o RH da Receita, então eu coloquei aqui quatro órgãos dentro da União Federal. A Presidência da

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República, por ser o órgão que está no topo, é chamado de órgão independente e o Ministério

da Economia, como qualquer outro ministério, não é independente, pois tem a Presidência aci-ma dele, então o Ministério da Economia é chaaci-mado de órgão autônomo, pois os ministérios

têm autonomia financeira e administrativa e são órgãos que estão imediatamente abaixo da Presidência da República. A Receita Federal não é órgão autônomo, porque não tem autono-mia financeira e administrativa, pois quem decide por ela é o Ministério da Econoautono-mia só que embora a Receita não tenha autonomia ela ainda tem poder de comando, de poder de decidir dentro daquela área técnica para qual ela foi criada (autonomia técnica), que é basicamente fiscalização e arrecadação de tributo federal, então a chamamos de órgão superior. O órgão de

Recursos Humanos da Receita Federal é um órgão de mera execução, nem autonomia técnica tem, então chamamos ele de órgão subalterno. Essa foi a classificação com relação à

hierar-quia, levando em consideração a posição em que o órgão está.

Ainda posso classificar os órgãos em órgãos compostos ou simples. Órgão composto é aquele

órgão formado a partir de outros órgãos, por exemplo, o Congresso Nacional é composto, pois não existe o órgão Congresso sem o órgão Senado e sem o órgão Câmara dos Deputados, já um

órgão simples não depende de nenhum outro órgão para sua existência.

Podemos classificar órgãos conforme a sua manifestação, o órgão que depende apenas de um agente público para se manifestar, como a Presidência da República que depende só do presi-dente, é um órgão singular, já a Câmara dos Deputados precisa de várias pessoas para se

mani-festar, pois é um órgão colegiado.

Outra classificação é a do órgão local e do órgão central. O órgão local tem atuação em apenas

parte do território da pessoa jurídica a qual ele pertence e o órgão central tem atuação em

todo território da pessoa jurídica a qual ele pertence. Por exemplo, a Secretaria de Segurança Pública do Estado do Rio Grande do Sul é um órgão central ou local? Central, pois o parâmetro é sempre a pessoa jurídica a qual o órgão pertence, ele tem atuação em todo o Estado do Rio

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INSS (Superação) – Direito Administrativo – Prof. Lucas Martins

Grande do Sul assim como a Guarda Municipal que atua em todo o Município de Porto Alegre. O Segundo Departamento da Polícia já é um órgão local, pois ele é do Estado do Rio Grande do Sul, mas não atua em todo o estado.

Quando, pelo princípio da impessoalidade, você está atuando não é a tua pessoa física atuando é o órgão ao qual você pertence que está atuando, por exemplo, se eu sou um brigadiano não é o Lucas que está atuando é o órgão Brigada Militar do RS que está atuando, se eu sou servidor do TJRS não é o Lucas quem está atuando é o órgão Tribunal de Justiça que está atuando. Várias teorias tentaram explicar esse fato, tivemos a teoria do mandato depois tentaram explicar pela teoria da representação só que essas explicações não vingaram de modo que hoje se explica como um órgão público atua por meio de uma pessoa física. Hoje o que temos é a teoria do órgão, também chamada teoria da imputação volitiva. Essa teoria que explica como é que um

órgão público atua por meio de uma pessoa física. É com base nessa teoria e não na teoria do mandato e na teoria da representação que eu explico o seguinte quando você está atuando eu pego essa sua atuação, essa sua vontade que você manifesta ao atuar e não imputo a você eu imputo ao órgão ao qual você pertence, por isso que é a teoria da imputação volitiva.

Referências

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