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Colóquio Internacional Marcadores Discursivos: o Português como Referência Contrastiva

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Colóquio Internacional Marcadores

Discursivos: o Português como

Referência Contrastiva

Faculdade de Letras da Universidade do Porto

13 e 14 de dezembro de 2018

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Programa

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13 de dezembro (quinta-feira)

9:30 Abertura (Sala de Reuniões 1)

10:00-11:00 Conferência (Sala de Reuniões 1)

Ana Cristina Macário Lopes (Universidade de Coimbra): Repensar os MD: um estudo

de caso

11:00-11:30 Intervalo

11:30-13:00 Sessões de comunicações

Sala de Reuniões 1 Sala de Reuniões 2

11:30-12:00 Para uma comparação dos marcadores discursivos bem e bom em português europeu com well em

inglês

Fátima Oliveira Fátima Silva

Tradução de Marcadores Discursivos portugueses para alemão: ‘na verdade’, o que se ganha e o que se perde? Conceição Carapinha Cornelia Plag

12:00-12:30 A contrastive analysis of “well” and its translations in TV interpreting discourse: the case of the 2016 US presidential debates

Elena Zagar Galvão Isabel Galhano-Rodrigues Lilian Pulido

Marcadores discursivos em folhetos informativos de medicamentos: um olhar contrastivo entre o alemão e o português europeu

Joana Guimarães

12:30-13:00 Conversational discourse markers in stand-up comedy: you know and

sabem

Milana Morozova

Le marquage de l’ajout linguistique en portugais européen et en

allemand :

à propos de e, (e) aliás, (e) até / (e)

inclusivamente et leurs équivalents

Sibylle Sauerwein Spinola 13:00-14:30 Almoço

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14:30-16:00 Sessão de comunicações Anfiteatro 2

14:30-15:00 Sobre alguns marcadores discursivos em português e seus equivalentes em francês: caracterização semântico-pragmática, tendências e graus de explicitação

Helena Carreira

15:00-15:30 Os emojis como marcadores discursivos nas redes sociais: análise contrastiva em Português e em Francês Isabel Seara

Isabel Sebastião Isabelle Marques

15:30-16:00

Pois e os seus principais equivalentes funcionais em Francês car, parce que, donc, en effet, eh bien: contributos para uma análise contrastiva

Pierre Lejeune Amália Mendes

16:00-17:00 Conferência (Sala de Reuniões 1)

Wiltrud Mihatsch (Eberhard Karls Universität Tübingen): El análisis contrastivo de marcadores discursivos a base de mapas semánticos: el ejemplo del complejo atenuación/ejemplificación/cita

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14 de dezembro (sexta-feira)

10:00-11:00 Sessões de comunicações

Sala de Reuniões 1 Sala de Reuniões 2

10:00-10:30 Autonomia e interdependência linguística no uso dos marcadores discursivos por falantes poliglotas em línguas românicas

Christian Koch

Allora e Então: uma primeira análise pragmática

Francesco Morleo

10:30-11:00 Les marqueurs déictiques à l’oral : perspective contrastive roumain-portugais

Liana Pop

Veronica Manole

Marcadores discursivos do Português Europeu na tradução literária: uma comparação de marcadores discursivos em

romances de José Saramago e suas respectivas traduções para o italiano e o sueco

Thomas Johnen 11:00-11:30 Intervalo

11:30-12:30 Sessões de comunicações

Sala de Reuniões 1 Sala de Reuniões 2

11:30-12:00

Compreendendo os marcadores discursivos para preservar a naturalidade na tradução de diálogos: uma proposta contrastiva

Sérgio Duarte Julião da Silva

Vão é limpar floresta.... - estudo de

uma construção marcadora de valor discursivo

Helena Topa Valentim Matilde Gonçalves

12:00-12:30 Contributo para o estudo das construções é + adjetivo + que X como marcadores argumentativos Alexandra Pinto

Sónia Valente Rodrigues

Marcadores discursivos na narrativa medieval: continuidade ou ‘mudança de cenário’

Clara Barros 12:30-14:30 Almoço

14:30-16:00 Sessões de comuncações

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14:30-15:00 Marcadores discursivos e processos de reformulação: contributos para o trabalho terminológico

Manuel Célio Conceição

El discurso oral en la clase: un estudio contrastivo entre el portugués y el español Marta Lira

15:00-15:30 Marcadores do discurso e plano de texto. A estruturação discursiva em artigos científicos publicados na Revista Principia

Tamires Sousa

Maria Aldina Marques

Marcadores discursivos com ora e as suas correspondências em espanhol

Isabel Margarida Duarte Rogelio Ponce de León

15:30-16:00 Dos rutas funcionales con distinto destino: el caso del marcador discursivo digamos en español y portugués. Sincronía y diacronía Shima Salameh Jiménez

16:00-17:00 Conferência (Sala de Reuniões 1)

Salvador Pons Borderia (Universitat de València): La combinación de marcadores del

discurso: resultados para el español e hipótesis para el portugués

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Livro de resumos

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Conferências

Repensar os MD: um estudo de caso

Ana Cristina Macário Lopes Universidade de Coimbra

O objetivo desta comunicação é definir de forma rigorosa o que são Marcadores Discursivos (MD), perspetivando-os como sinalizadores de relações de coerência no plano textual (Sanders et al. 2000, Fischer (ed.) (2006), Taboada, 2006, e.o.). Argumentar-se-á que os MD são relevantes para o reconhecimento das relações semânticas ou semântico-pragmáticas que interligam enunciados, i.e., unidades discursivas configuradoras de diferentes atos de fala. Consequentemente, propor-se-á uma distinção clara entre MD, por um lado, e conjunções ou locuções conjuncionais, por outro, sendo estas últimas responsáveis pela articulação de orações no âmbito da frase complexa que, ao ser enunciada, corresponde a um só ato de fala. O segmento discursivo que hospeda o MD será analisado em termos de suplemento, na esteira de (Huddleston & Pullum 2002), ou seja, uma predicação prosodicamente autónoma e sintaticamente não integrada na sua âncora, mas semântica ou pragmaticamente relacionada com ela.

A argumentação basear-se-á em dados empíricos recolhidos no CETEMPúblico e envolverá a análise de construções que ilustram paradigmaticamente o funcionamento dos MD, as construções consequenciais que envolvem a ocorrência dos MD consequentemente, de forma que, daí (que), de modo que, por isso, assim. Serão apresentados testes que demonstram o estatuto de suplemento do enunciado que hospeda os MD em apreço. Do ponto de vista semântico, trata-se de construções que expressam a relação discursiva de Resultado ou Consequência, reconhecida em todos os quadros teóricos focados na questão da coerência discursiva ou textual. Tais construções podem sempre ser parafraseadas por construções causais, embora exibam comportamentos distintos, do ponto de vista sintático e pragmático.

El análisis contrastivo de marcadores discursivos a base de mapas semánticos: el ejemplo del complejo atenuación/ejemplificación/cita

Wiltrud Mihatsch

Eberhard Karls Universität Tübingen

En el ámbito de las expresiones gramaticales como los pronombres indefinidos, las expresiones impersonales o la voz media varios autores han optado por un análisis a base de mapas semánticos (Haspelmath 2003). Los mapas semánticos visualizan las redes y conexiones entre las distintas funciones de expresiones polisémicas que comparten un complejo funcional desde una perspectiva comparativa o tipológica.

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Además de las relaciones conceptuales o discursivas en la sincronía, las configuraciones de un mapa semántico reflejan senderos de gramaticalización. El fenómeno de la polisemia (o de la multifuncionalidad) es particularmente tajante en el campo de los marcadores discursivos. No obstante, para los marcadores discursivos, el concepto de los mapas semánticos no ha sido explotado – o solo de manera implícita –, a pesar del auge de los trabajos comparativos y contrastivos en los últimos años.

En mi ponencia aplicaré el método clásico de los mapas semánticos (cf. van der Auwera 2008) a partir de una red idealizada de tipos de funciones a un complejo de marcadores altamente polifuncionales que expresan aproximación, atenuación, citación, ejemplificación y focalización, a saber el portugues tipo (como también los marcadores equivalentes en varias lenguas románicas, eslavas y escandinavas), el español como (y en menor medida en otras lenguas románicas), el francés genre, el inglés like y varios marcadores altamente coloquiales (véase por ejemplo Kolyaseva 2018, Kornfeld 2013, Mihatsch 2018, Voghera 2014). Presentaré las distintas funciones, las relaciones entre ellas, y estableceré un mapa semántico para estos marcadores a partir de datos de corpus y de juicios de aceptabilidad.

A base del mapa semántico intentaré establecer los senderos de pragmaticalización de los marcadores de este complejo que surgieron en la segunda mitad del siglo XX. Concluiré con unas reflexiones generales sobre los problemas y ventajas de aplicación de los mapas semánticos a los marcadores discursivos.

Referencias

Haspelmath, M. (2003): „The geometry of grammatical meaning: Semantic maps and cross-linguistic comparison“, in: M. Tomasello (ed.), The New Psychology of Language,

Vol. II: Cognitive and functional approaches to language structure, 211-242. Mahwah,

NJ: Erlbaum.

Kolyaseva, A. (2018): „The ‘new’Russian quotative tipa: Pragmatic scope and functions“, Journal of Pragmatics 128, 82-97.

Kornfeld, L. (2013). “Atenuadores en la lengua coloquial argentina”, Lingüística 29: 17-49.

Mihatsch, W. (2018): „From ad hoc category to ad hoc categorization: The proceduralization of Argentinian Spanish tipo“, in Special Issue: Linguistic strategies

for the construction of ad hoc categories: synchronic and diachronic perspectives, Guest Editors: Caterina Mauri and Andrea Sansò. Folia Linguistica, 52(s39-1), 147-176.

(doi:10.1515/flih-2018-0009)

van der Auwera, J. (2008): „In defense of classical semantic maps“, Theoretical

Linguistics 34 (1): 39-46.

Voghera, M. (2014): „Da nome tassonomico a segnale discorsivo: una mappa delle costruzioni di tipo in italiano contemporaneo“, Studi di grammatica italiana XXIII, 197-221.

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La combinación de marcadores del discurso: resultados para el español e hipótesis para el portugués

Salvador Pons Borderia Universitat de València

Esta conferencia establece una serie de guías para el análisis de la combinación de marcadores del discurso en conversaciones (coloquiales). Usará para ello el modelo Val.Es.Co. de unidades discursivas desarrollado durante los últimos años (Briz y Grupo Val.Es.Co 2003, Grupo Val.Es.Co. 2014, Pons 2016). Como resultado del análisis de unas doce mil palabras, se establecerá un modelo de combinaciones de marcadores; se distinguirá entre combinación, adyacencia y lexicalización, y se localizarán las posiciones de la conversación más proclives a la presencia de marcadores combinados.

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Comunicações

Marcadores discursivos na narrativa medieval: continuidade ou ‘mudança de cenário’

Clara Barros

Universidade do Porto / Centro de Lingística da Universidade do Porto

O tema desta comunicação é a descrição e análise de alguns marcadores discursivos do português medieval, em textos da tradição discursiva narrativa.

É característico desta tradição o uso de operadores discursivos que marcam a continuidade, sendo frequentes, além dos morfemas resumptivos, as conjunções copulativas e os conetores que traduzem nexos temporais e causais. Mas surgem também, nos textos narrativos analisados, marcadores discursivos não de continuidade, mas de ‘mudança de cenário’. Proponho-me fazer a análise e descrição deste uso de diversos conectores com função de marcadores discursivos de mudança de orientação da narrativa, pela introdução de novo tópico, ou retoma de um tema anteriormente abandonado. De facto, surgem com alguma frequência mudanças e acréscimos de informação introduzidos por morfemas contrastivos, isolados ou em correlação, que introduzem cenários reformulativos alternativos ou novas direções da narrativa.

Os usos e valores detetados serão confrontados com valores analisados em trabalhos anteriores, em que estudei alguns aspetos específicos da organização discursivo-textual de textos medievais de diferentes tradições discursivas e de tipologia variada. Para o estudo da história dos conectores e operadores textuais é importante a análise de um corpus diacrónico multidimensional, porque as formas e os seus usos/valores surgem em textos específicos e emergem em diferentes cronologias até persistirem na língua.

Procederei ao confronto dos usos e valores aqui analisados com os que se observam em sincronias posteriores da língua portuguesa, tentando estabelecer uma cronologia e identificar as tradições discursivas em que surgem.

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Tentarei igualmente estabelecer relações de semelhança ou de contraste com outras línguas, nomeadamente as românicas, atendendo a que têm uma origem comum e percursos históricos com algumas afinidades. Poderá haver marcadores com usos e valores análogos, que no entanto não surgem simultaneamente, nem no mesmo tipo de textos, nem com a mesma frequência nas diferentes línguas, podendo mesmo não estar atualizados em algumas delas.

Palavras-chave: conectores, tradição discursiva narrativa, Português medieval, história do português.

Bibliografia

BARROS, Clara (2010). Versões Portuguesas da Legislação de Afonso X. Estudo

Linguístico-Discursivo. Porto: Uporto editorial.

BARROS, Clara (2018). «Percursos de gramaticalização dos contrastivos em português: análise em diversas tradições discursivas». In: Roberto Antonelli et al. (eds.). Atti del XXVIII Congresso internazionale di linguistica e filologia romanza (Roma,

18-23 luglio 2016). Strasbourg: ELiPhi.

BARROS, Clara (2018). «A importância das tradições discursivas para a análise da evolução de conectores no português medieval». In :João Veloso et al.(eds.). A

Linguística em Diálogo. Volume Comemorativo dos 40 Anos do Centro de Linguística da Universidade do Porto. Porto: Centro de Linguística da Universidade do Porto

KABATEK, Johannes (2006). «Tradições discursivas e mudança linguística». In: Norma ALMEIDA et al. (eds.). Para a História do Português Brasileiro, Vol. VI. Novos dados, novas análises. Tomo II. Salvador, Bahia: EDUFBA.

KABATEK, Johannes (2008). «Introducción». In: Johannes KABATEK (ed.). Sintaxis

histórica del español y cambio lingüístico: Nuevas perspectivas desde las Tradiciones Discursivas. Frankfurt a.M. / Madrid.

OESTERREICHER, Wulf (1997). «Zur Fundierung von Diskurstraditionen». In: Thomas Haye et al. (eds.). Gattungen mittelalterlicher Schriftlichkeit.Tübingen: Narr. PINTO DE LIMA, José (1997). «Caminhos Semântico-Pragmáticos da Gramaticalização: o caso de embora». In: Ana Maria BRITO et al. (orgs.). Sentido que a

Vida Faz - Estudos para Óscar Lopes. Porto: Campo das Letras.

ZAFIU, Rodica (2010). «L’evolution des connecteurs adversatifs du roumain en perpective romane». In: Maria Iliescu et al. (eds.). Actes du XXVe Congrès International

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Tradução de Marcadores Discursivos portugueses para alemão: ‘na verdade’, o que se ganha e o que se perde?

Conceição Carapinha, Cornelia Plag Universidade de Coimbra / CELGA-ILTEC

Os estudos contrastivos sobre pares de marcadores discursivos (MDs) em contexto de tradução podem contribuir para um conhecimento mais apurado do uso destes itens na língua fonte (Noёl, 2003; Aijmer et al., 2006). Neste trabalho, propomo-nos fazer uma análise contrastiva do MD ‘na verdade’, em contexto de tradução, no par de línguas Português→Alemão. Partiremos das definições lexicográficas propostas por dicionários de referência e recorreremos a um conjunto de enunciados autênticos, recolhido na imprensa escrita quotidiana [disponível on-line em http://acdc.linguateca.pt], para avaliar os diferentes sentidos contextualmente ativados pela expressão ‘na verdade’ na atual sincronia do português. Partindo desta base, passaremos depois para a análise de algumas ocorrências desta partícula no

corpus Europarl. Cotejando os enunciados originais, produzidos por oradores

portugueses, com a sua tradução para alemão neste contexto particular, o objetivo deste estudo é múltiplo: (i) avaliar se os equivalentes dicionarizados para os pares de línguas correspondem ou não às opções dos tradutores; (ii) listar o conjunto das correspondências lexicais do MD ‘na verdade’ nos discursos traduzidos para alemão; (iii) identificar dificuldades de tradução e soluções desviantes (entre outros, casos de ‘omissão’ e ‘divergência’). Os resultados do estudo indicam que, para o português, para além do valor de reforço argumentativo, apresentado pelos dicionários e já assinalado por Zorraquino e Portolés (1999) e por Marques (2011), o MD apresenta outros valores contextualmente ativados (especificativo; explicativo; adversativo; conclusivo). No caso do alemão, verifica-se alguma dispersão no atinente aos equivalentes identificados (sete soluções distintas) e evidencia-se que os equivalentes alemães apresentam usos apenas parcialmente coincidentes com os do item em português. Estas conclusões estão em linha com a abordagem polissémica proposta por vários autores (Fischer, 2006; Mosegaard-Hansen, 2008), a qual postula a existência de diferentes usos sincronicamente atestados para cada MD, ainda que inter-relacionados de alguma forma.

Palavras-chave: ‘na verdade’; marcadores discursivos; tradução; corpus Europarl Referências bibliográficas:

Aijmer, K. (2008). Translating discourse particles: a case of complex translation. In: G. Anderman e M. Rogers (Eds.), Incorporating corpora: The linguist and the

translator. Clevedon: Multilingual Matters Ltd, pp. 95-116.

Aijmer, K. e Simon-Vandenbergen, A.-M. (Eds.), (2006). Pragmatic Markers in

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Cartoni, B., Zufferey, S. e Meyer, T. (2013). Annotating the meaning of discourse connectives by looking at their translation: The translation-spotting technique. In:

Dialogue & Discourse, 4 (2), pp. 65-86.

Fischer, K. (2006). Towards an understanding of the spectrum of approaches to discourse particles: introduction to the volume. In: K. Fischer (Ed.), Approaches to

Discourse Particles. Amsterdam: Elsevier, pp. 1-20.

Furkò, B. P. (2014). Perspectives on the Translation of Discourse Markers. A case study of the translation of reformulation markers from English into Hungarian. In:

Acta Universitatis Sapientiae, Philologica, 6 (2), pp. 181-196.

Hauge, K. R. (2014). Found in translation – discourse markers out of the blue. In: S. O. Ebeling, A. Grønn, K. R. Hauge & D. Santos (Eds.). Corpus-based Studies in

Contrastive Linguistics, Oslo Studies in Language 6 (1), pp. 43–52.

Marques, M. A. (2011). Argumentação e(m) discursos. In: I. M. Duarte e O. Figueiredo (Orgs.), Português, Língua e Ensino. Porto: Universidade do Porto Editorial, pp. 267-309.

Martín Zorraquino, M. A. e Portolés Lázaro, J. (1999). Los marcadores discursivos. In: I. Bosque e V. Demonte (Dir.), Gramática descriptiva de la lengua española. Madrid: Espasa-Calpe, pp. 4051-4213.

Mosegaard-Hansen, M.-B. (2008). Particles at the Semantics/Pragmatics Interface:

Synchronic and Diachronic Issues. Amsterdam: Elsevier.

Noёl, D. (2003). Translations as evidence for semantics: an illustration. In:

Linguistics, 41 (4), pp. 757-785.

Sobre alguns marcadores discursivos em português e seus equivalentes em francês: caracterização semântico-pragmática, tendências e graus de explicitação.

Helena Carreira

Université Paris 8 – Vincennes Saint-Denis

A comparação de diferentes domínios do português e do francês revela-nos com frequência uma tendência para uma maior explicitacão em francês, de que a obrigatoriedade de presença morfológica do sujeito é um exemplo paradigmático, e uma tendência, em português, para uma expressão da subjetividade e das relacões interlocutivas, que o sistema ternário da deixis ilustra e molda.

O presente estudo centrar-se-á em marcadores discursivos do

português particularmente orientados para usos interlocutivos, tais como "olhe (cá / lá); veja lá (bem); vá lá; olha, olha; que quer?; essa então; isso agora, ai ele é isso; pois sim; aí está" e seus equivalentes em francês.

Numa perspetiva fundamentalmente semântico-pragmática, baseada na teoria semântica de Bernard Pottier, nos estudos sobre interação verbal desenvolvidos em

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particular por Catherine Kerbrat-Orecchioni e na sequência da investigação que tenho desenvolvido sobre enunciação, modalização linguística, situação de interlocução, comparação entre o português e o francês proporei uma análise comparativa

(português/ francês) dos marcadores escolhidos, com vista a articular os seguintes níveis de estruturação : organização conceptual, expressão linguística e funções dicursivas . Além do aporte para uma melhor compreensão do funcionamento dos marcadores discursivos em língua e em discurso , este estudo pretende contribuir para afinar a reflexão e a prática da tradução.

Referências

Carreira, Maria Helena Araújo ,1997 : Modalisation linguistique en Situation d' Interlocution : Proxémique verbale et Modalités en Portugais, Louvain - Paris , Peeters .

Kerbrat-Orecchioni , Catherine , 1992: Les interactions verbales T.II, Paris, Armand Colin.

Pottier, Bernard, 2000: Représentations mentales et catégorisations linguistiques, Louvain- Paris , Peeters

Pottier, Bernard ,2012: Images et modèles en sémantique, Paris, Champion.

Marcadores discursivos e processos de reformulação: contributos para o trabalho terminológico

Manuel Célio Conceição

Universidade do Algarve / Centro de Linguística da Universidade Nova de Lisboa A análise de corpora, ditos de especialidade, no quadro do trabalho em terminologia (ou eventualmente em lexicografia de especialidade) não se pode cingir ao estudo dos termos, uma vez que a construção significativa, que expressa a estruturação cognitiva, o saber, a dita especialidade, decorre do encadeamento discursivo e da respetiva tessitura, ou seja, de marcadores discursivos.

Nesta comunicação, que situamos numa ótica teórico-metodológica da terminologia textual e com fins comunicativos, pretendemos abordar uma tipologia de marcadores, os conetores de reformulação, e analisar a sua relevância para o trabalho terminológico. Focaremos as implicações a) na harmonização /fixação dos termos; b) na estruturação de esquemas concetuais dos domínios ou áreas do saber e a consequente estruturação lexical; c) na recolha de informação conceptual verbalizada no contexto reformulativo para posterior redação/ validação de definições terminológicas.

Em função dos marcadores estudados, tipificaremos as relações entre o reformulado e a reformulação com o intuito de contribuir para a caracterização de cada

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marcador.

Palavras chave: reformulação, marcador, terminologia.

Marcadores discursivos com ora e as suas correspondências em espanhol

Isabel Margarida Duarte, Rogelio Ponce de León

Universidade do Porto / Centro de Linguística da Universidade do Porto

Na sequência de trabalhos anteriores dos autores (Ponce de León & Duarte 2013; Duarte & Ponce de León 2015; Duarte & Ponce de León 2017; Duarte & Ponce de León 2018), a comunicação tem como objetivo analisar os valores discursivos da forma portuguesa ora – estudados com pormenor por (Duarte, 1989; Gonçalves, 2004; Marques & Rei [no prelo]) – e as suas correspondências com partículas discursivas do espanhol. O trabalho é dividido em três partes:

a) Na primeira parte, são apresentados de forma sumária os usos intraoracionais da forma objeto da comunicação e são analisados, numa perspetiva sincrónica e diacrónica, os diferentes valores discursivos que assume a forma, predominantemente no discurso oral, com base em recursos gramaticográficos, lexicográficos, bem como em corpora do português.

b) Na segunda parte, são determinadas as correspondências dos valores analisados de ora com expressões do espanhol, tendo como ponto de partida as formas ora e

ahora. São utilizados, para estabelecer as correspondências, estudos de referência

no âmbito das partículas discursivas (Martín Zorraquino & Portolés 1999; Montolío 2001; Santos Río 2003; Briz, Pons Bordería & Portolés 2008; Fuentes 2009; Loureda & Acín 2010). São ainda analisadas de forma crítica as correspondências da forma portuguesa ora, apresentada na lexicografia bilingue português-espanhol.

c) Na terceira parte, são estudadas as correspondências de ora num corpus de textos literários portugueses e das suas respetivas traduções para espanhol, tratando de dilucidar a aceitabilidade das diversas soluções de tradução para espanho para cada valor do português ora.

Palavras-chave: ora; partículas discursivas; pragmática contrastiva português-espanhol

Bibliografia

Azeredo, J.C. (2008). Gramática Houaiss da Língua Portuguesa. São Paulo: Publifolha. Briz Gómez, A., Pons Bordería, S., & Portoles Lázaro, J. (Coords.) (2008). Diccionario

de partículas discursivas del español. Disponível em www.dpde.es.

Duarte, I. M. & R. Ponce de León (2015). Los marcadores assim mesmo (mesmo assim) / asimismo en portugués y en español. In S. Azzopardi & S. Sarrazin (Dirs.), Langage

et dynamiques du sens. Études de linguistique ibéro-romane (pp. 125-141). Bern:

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Duarte, I. M., & R. Ponce de León (2017). Todavía / todavía: análisis contrastivo de los valores y de contextos de traducción en español y en portugués. In E. Hernández Socas, J. J. Batista Rodríguez, C. Sinner (Eds.), Clases y categorías lingüísticas en

contraste. Español y otras lenguas (pp. 37-52). Berlin: Peter Lang.

Duarte, I. M., & Ponce de León, R. (2018). Valeurs de ainda [encore] en portugais et leurs équivalents en espagnol. Studia Universitatis Babes-Bolyai. Philologia, 4, 63-76 Duarte, I.M. (1989). Alguns operadores de agulhagem comunicativa (na prosa

narrativa de Eça de Queirós e José Cardoso Pires). Porto: Faculdade de Letras

(dissertação de Mestrado).

https://repositorio-aberto.up.pt/bitstream/10216/56179/2/tesemestisabelduarte000129063.pdf Fuentes Rodríguez, C. (2009). Diccionario de conectores y operadores del español. Madrid: Arco/Libros.

Gonçalves, M. (2004). “Conectores opositivos e conectores de ruptura enunciativa do discurso: or, ahora, e ora bem”, em Oliveira, F. e Duarte, I. M. (orgs.): Da Língua e

do Discurso. (pp. 383-401). Porto: Campo das Letras.

Loureda, O. & E. Acín (Coords) (2010). Los estudios sobre marcadores del discurso en

español, hoy (pp. 524-615). Madrid: Arco/Libros.

Marques, M.A. & Rei, X. M. S (no prelo). De Ora e Ora Bem a Ahora e Ahora Bien:

Especificidades dos marcadores discursivos e ensino da língua.

Martín Zorraquino, M. A., & Portolés Lázaro, J. (1999). Los marcadores del discurso. In I. Bosque & V. Demonte (Eds.), Gramática Descriptiva del español (pp. 4051-4213). Madrid: Real Academia Española/Espasa Calpe. 3 vols.

Montolío, Estrella, 2001, Conectores de la lengua escrita. Contraargumentativos,

consecutivos, aditivos y organizadores de la información, Barcelona, Ariel.

Ponce de León, R. & I. M. Duarte (2013). Aliás/alias: diferencias de empleo en portugués y en español. In N. Delbecque, M.-F. Delport & D. M. Maturana (Orgs.), Du

signifiant minimal aux textes. Études de linguistique ibéro-romane (pp. 135-152)

Limoges, Lambert-Lucas.

Santos Río, L. (2003). Diccionario de partículas. Salamanca: Luso-Española de Ediciones.

Dicionários

Academia das Ciências de Lisboa (2004). Dicionário da Língua Portuguesa

Contemporânea (2 volumes). Lisboa: Verbo.

(1952). Dicionário Etimológico da Língua Portuguesa, 3ª ed.

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Houaiss, A. (2001). Grande Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa. Rio de Janeiro: Editora Objetiva.

Machado, J.P (1977). Dicionário Etimológico da Língua Portuguesa. 3ª ed. Lisboa: Livros Horizonte.

Morais, Silva, A. M. (1959). Grande dicionário da língua portuguesa. Lisboa: Confluência. 12 vols.

VVAA (2006). Grande Dicionário da Língua Portuguesa. Porto: Porto Editora Corpus

CETEMpublico http://www.linguateca.pt/cetempublico/

CRPC: Corpus de Referência do Português Contemporêno

http://www.clul.ul.pt/pt/recursos/183-reference-corpus-of contemporary-portuguese-Corpus

Davies, Mark and Michael Ferreira. (2006-) Corpus do Português: 45 million words,

1300s-1900s. Available online at http://www.corpusdoportugues.org.

Perfil sociolinguístico da Fala bracarense.

https://sites.google.com/site/projectofalabracarense

Corpus literário

Eça de Queirós, O Primo Basílio. Lisboa: Livros do Brasil, s.d. (1878)

Eça de Queirós, El primo Basilio. Madrid: Ediciones Cultura Hispánica. 1997 (prólogo Elena Losada).

Eça de Queirós, Os Maias. Lisboa. Livros do Brasil, s.d. (1888). Eça de Queirós, Los Maias, Valencia, Pre-Textos. 2003.

A contrastive analysis of “well” and its translations in TV interpreting discourse: the case of the 2016 US presidential debates

Elena Zagar Galvão (Universidade do Porto / Centro de Linguística da Universidade do Porto), Isabel Galhano-Rodrigues (Universidade do Porto / Centro de Linguística da Universidade do Porto), Lilian Pulino (Universidade do Porto)

The goal of this paper is to contribute to a better understanding of the use of discourse markers (DM) in the discourse produced by interpreters working live on Portuguese television. Indeed, very little is known about DMs in European Portuguese (EP) interpreted discourse, most likely as the result of an almost complete lack of data/corpora of interpreted speeches in EP. This first exploration was conducted by using video-recorded data from the 2016 US presidential debates, which were bradcast live with voice-over interpreting on the Portuguese TV channel SIC Notícias. The fluent transcriptions of both the original debates and their

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interpretations were organized into a parallel corpus. The analysis of the source texts revealed that the most frequently used DM is well, almost always in initial position. The contrastive analysis of these instances of well, considering their prosodic features for the identification of their pragmatic functions, and their translations into EP shows that the interpreters rendered this marker less than half of the times it appeared in the original; that the most frequent translations were

bom, followed by bem, also in initial position; and that the interpreters tend to reveal

personal strategies when dealing with DMs.

Marcadores discursivos em folhetos informativos de medicamentos: um olhar contrastivo entre o alemão e o português europeu

Joana Guimarães

Universidade do Porto / Centro de Linguística da Universidade do Porto

Tendo como objetivo último a defesa dos interesses dos consumidores, e dando continuidade ao trabalho já realizado sobre a compreensibilidade de textos instrutivos (Guimarães, 2013), o presente estudo centrou-se na análise do contributo dos marcadores discursivos (MD) para a compreensibilidade1 dos

folhetos informativos de um conjunto de medicamentos em português e em alemão, a partir do modelo de compreensibilidade de Karlsruhe (Göpferich, 2009).

Interessou-nos, além de verificar a frequência de utilização dos diferentes tipos de MD em ambas as línguas, analisar o seu papel na orientação das expectativas do leitor, enquanto facilitadores do trabalho de estruturação da informação a assimilar2.

Sendo este género textual tão fortemente regulamentado, quer a nível nacional quer internacional3, constatou-se que o produtor textual /tradutor dispõe de uma

margem considerável para conseguir, através de uma utilização consciente e sistemática dos MD reforçar a coesão textual e concomitantemente melhorar a compreensibilidade deste género textual e otimizar a motivação do leitor para a sua leitura.

Referências:

GÖPFERICH, S. (2009) «Comprehensibility Assessment using the Karlsruhe Comprehensibility Concept» In: JoSTrans - The Journal of Specialized Translation 11. GUIMARÃES, M. J. (2013) Dar instruções: para uma gramática do texto de especialidade. Tese de Doutoramento (FLUP).

1 Entendemos compreensibilidade no sentido em que Göpferich a define no âmbito do seu modelo de

Karlsruhe (2009).

2 Os advance organizers de que Göpferich (2009) fala.

3 Cfr. a título ilustrativo o documento Guidelines on the readability of the labelling and package leaflet of

medicinal products for human use.[ https://ec.europa.eu/health/sites/health/files/files/eudralex/vol-2/c/2009_01_12_readability_guideline_final_en.pdf]

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Marcadores discursivos do Português Europeu na tradução literária: uma comparação de marcadores discursivos em romances de José Saramago e suas respectivas traduções para o italiano e o sueco

Thomas Johnen

Westsächsische Hochschule Zwickau

O objetivo desta comunicação é de analisar de maneira qualitativa e exemplar os resultados de uma comparação da tradução de marcadores discursivos em dois romances de José Saramago (O Evangelho segundo Jesus Cristo, 1991, e Ensaio sobre

a cegueira, 1995) para uma língua românica (o italiano) e uma língua germânica (o

sueco).

A escolha deste autor nos parece relevante no caso da tradução literária, não somente porque os marcadores discursivos são presentes tanto na voz do narrador quanto nos diálogos, mas também por causo do estilo de fluxo contínuo, que é típico para os romances de José Saramago, neste contexto, os marcadores exercem uma função essencial de estruturação do fluxo, às vezes também visualmente. Portanto, a tradução dos marcadores discursivos, no caso dos romances de José Saramago representa um desafio específico, por ser intrinsecamente ligada ao estilo do autor o qual a tradução deve tentar recriar na língua de chegada.

Além disso, uma comparação entre três línguas – duas românicas e uma não-românica, revelará convergências e divergências interessantes que podem contribuir para um melhor entendimento dos marcadores. Assim, por exemplo, um

então conclusivo é traduzido para o italiano por allora (ambos marcadores

possuindo uma etimologia de dêixis temporal), para o sueco pelo marcador discursivo då que possui uma etimologia de dêixis espacial, vindo admitindo no decorrer do seu processo de gramaticalização também contextos de dêixis temporal. Considerando que conforme a teoria da gramaticalização, as expressões gramaticalizadas continuam mantendo traços semânticos do seu lexema de fonte, a convergência acima evocada mostra que, no contexto do exemplo, isto é na conclusão marcada por então, a dêixis continua possuindo certa relevância, mesmo sendo em um nível cognitivo diferente.

A análise qualitativa apresentada nesta comunicação concentrar-se-á nas equivalências menos esperadas, portanto focalizará casos onde as traduções possuem um valor heurístico para a melhor compreensão dos marcadores discursivos portugueses.

Palavras-chave: Marcadores discursivos, comparação de tradução português – italiano – sueco, tradução literária, romances de José Saramago.

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Compreendendo os marcadores discursivos para preservar a naturalidade na tradução de diálogos: uma proposta contrastiva

Sérgio Duarte Julião da Silva

CET Academic Programs / Pontifícia Universidade Católica de São Paulo

O que nos incomoda em certos filmes dublados? O que nos causa aquela sensação de artificialidade quando lemos diálogos em obras traduzidas? Se nos propusermos a ler em voz alta alguns diálogos traduzidos, não raro teremos a impressão de que os interlocutores utilizam-se de técnicas, palavras ou expressões que, em uma conversação real, talvez jamais ocorressem. Assim, questionamo-nos até que ponto a tradução das interações verbais simplesmente reflete meras preocupações lexicais ou se, de fato, transcende a rigidez da norma culta e demonstra as reais estratégias dos interlocutores no universo mais amplo do discurso, atuando como uma espécie de “fotografia linguística” de como as pessoas exercem ações e expressam intenções quando falam. Ao interagirem verbalmente, as pessoas recorrem a procedimentos regulares através dos quais tornam explícitas as marcas de planejamento de seu discurso e as estratégias de gestão dos turnos de conversação, das relações estabelecidas e da interação verbal em si (Schiffrin, 1994; Castilho, 2002; Julião da Silva, 2010).

Ao se transitar entre o inglês e o português nas conversações, deve-se estar preparado, portanto, para reconhecer a gramática da conversação dos marcadores discursivos: nos textos a serem traduzidos, os personagens utilizarão estratégias tais como pausas comunicativas, auto e heterointerrupção, hesitação, auto e heterocorreção, parafraseamento, parentetização e marcas de presença dos sujeitos, dentre outros. Utilizando-me do arcabouço teórico a Análise da Conversação (Marcuschi, 2007), discutirei a utilidade de se considerar o processo da interação – e não somente as palavras – ao se traduzir um diálogo. O que está por trás de estruturas como you know, actually, I mean, sei lá, e percebe? Se, ingenuamente, efetuarmos uma tradução literal dessas estruturas ou uma aproximação sem prévia análise das estratégias da conversação, correremos o risco de trair a verdadeira essência dos diálogos.

Palavras-chave: Análise da Conversação, marcadores discursivos, língua falada, interação verbal, tradução.

Referências

Castilho, A.T. A língua falada no ensino de português. São Paulo: Contexto, 2002. Julião da Silva, S.D. Análise e exploração de marcadores discursivos no ensino de

Português Língua Estrangeira (PLE) no Brasil. Tese de doutorado apresentada à

Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo (FFLCH-USP), 2010.

Marcuschi, L.A. Análise da conversação. 6 ed. São Paulo: Ática, 2007. Schiffrin D. Approaches to discourse. Oxford: Blackwell; 1994.

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Autonomia e interdependência linguística no uso dos marcadores discursivos por falantes poliglotas em línguas românicas

Christian Koch Universität Siegen

O termo ‘poliglota’ designa pessoas com competência ativa num certo número de línguas estrangeiras. Num projeto mais extenso, dedico-me às particularidades linguísticas de poliglotas românicos, às suas estratégias de aprendizagem e de manutenção, assim como às suas estratégias para distinguir as semelhanças das línguas irmãs.

Em narrações gravadas em áudio em quatro ou mais línguas românicas, os falantes usam marcadores de discurso para vários processos de estruturação, de reformulação e de hesitação, para expressar incerteza e para confirmar a si mesmos. Os marcadores revelam como um falante se comporta numa língua e por isso são de interesse particular para a análise das habilidades linguísticas individuais. Além disso, a maneira de lidar com os marcadores discursivos em funções adequadas e a variedade no repertório de formas são indicadores válidos da proficiência e fluência linguística (cf. Hasselgren 2002: 151). Podem-se discutir várias hipóteses para explicar o uso dos marcadores discursivos nas diferentes línguas românicas como L2 (cf. Koch 2016: 164sq., Koch/Thörle, em impressão):

1) como fenômeno universal da estruturação discursiva, incluindo usos particulares da interlíngua,

2) como transferência de estruturas discursivas da L1 e das línguas mais avançadas às menos avançadas como parte da hipótese contrastiva,

3) como estruturas específicas de uma língua, efetivamente adquiridas, 4) como fenómeno da proximidade tipológica das línguas românicas.

No corpus de falantes poliglotas com quatro ou mais idiomas por pessoa, será mostrado até que nível o uso de marcadores discursivos se assemelha ou distingue em cada idioma, ou seja, se se apercebe autonomia ou dependência entre as línguas de um falante. As constelações linguísticas múltiplas constituem uma nova abordagem metodológica para o campo de pesquisa em interação linguística e em aquisição de marcadores discursivos.

Keywords: marcadores discursivos em L2, adquisição de marcadores discursivos, comparação múltipla de repertórios linguísticos

Referências

Hasselgren, A. (2002): Learner copora and language testing. Smallwords as markers of learner fluency. In: D. Granger, J. Hung/S. Petch-Tyon (eds): Computer Learner

Corpora, Second Language Acquisition and Foreign Language Teaching.

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Koch, C. (2016): Sí, sí, estudio Lehramt, sí. El uso de los marcadores de afimación en el español de estudiantes germanohablantes. In: Testi e linguaggi 10, 159-172. Koch, C./Thörle, B. (em impressão): The Discourse Markers sí, claro and vale in Spanish as a Foreign Language. In I. Bello, M. V. Calvi, and E. Landone (eds): Cognitive

Insights in Discourse Markers in Second Language Acquisition. Bern: Lang.

Pois e os seus principais equivalentes funcionais em Francês car, parce que, donc, en effet, eh bien: contributos para uma análise contrastiva

Pierre Lejeune (Universidade de Lisboa), Amália Mendes (Centro de Linguística da Universidade de Lisboa)

O conetor discursivo pois tem sido objeto de análises sintáticas (Lobo 2003, Colaço e Matos 2016), semânticas (Lopes 2012) e diacrónicas (Lima 2002, Cândido 2009, Paiva e Braga 2013).

Com o valor causal de enunciação (Lopes 2012), a natureza da relação sintática entre os termos ligados pelo conetor pois é controversa, sendo classificada como estrutura de subordinação, coordenação ou suplementação (Lobo 2003; Lopes 2012; Mendes 2013; Colaço & Matos 2016).

Por outro lado, pois assume vários valores enquanto marcador discursivo (Lima 2002), em configurações de tipo Arg 1 pois Arg 2, em que Arg 1 pode pertencer ao texto anterior (eventualmente do interlocutor) ou até ao contexto situacional, enquanto Arg 2 pode ser implícito (valor fático). O valor conclusivo, em posição interna ou final de oração (Cunha & Cintra 1984) é apenas um desses valores. Em posição inicial, destacam-se os valores interpessoais dialogais (6) ou dialógicos (7). Partindo de dados do Corpus de Referência do Português Contemporâneo – CRPC online (Généreux et al. 2012) e do corpus paralelo EuroParl (Koehn 2005), interessa-nos usar as equivalências funcionais locais com marcadores franceses como car, parce que, donc, en effet e eh bien como revelador dos principais valores de pois e das suas condições de uso (os exemplos abaixo pertencem ao CRPC). (1) No entanto , os líquenes aparecem pouco nas grandes cidades , pois (car, en effet,

parce que explicativo) são gravemente afectados pela poluição atmosférica.

(3) De qualquer modo não te preocupes pois (car, parce que, *en effet justificativo) mesmo no dia em que chegares se arranja sitio.

(4) O sangue, circulando pelo aparelho respiratório, liberta CO2 - e parte da água sob a forma de vapor. A nível dos rins, através dos tubos uriníferos, são eliminados os produtos tóxicos azotados como ureia e ácido úrico, o excesso de água e ainda alguns sais minerais. O sangue é, pois (donc conclusivo > reformulação), o veículo dos materiais essenciais que intervêm no metabolismo celular assim como dos produtos resultantes desse metabolismo.

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(5) Vamos à pesagem. Despe tudo, filho. E descalcinho, pois (donc conclusivo > consequência).

(6) -O Sr. Deputado Corregedor da Fonseca diz que o diploma foi aprovado à pressa. - Pois (en effet de confirmação) foi, Sr. Deputado.

(7) Então vossemecê ainda aí está , senhora ? À espera do seu rapaz ? Pois (*car, *en

effet, eh bien com valor «inesperado») ele não está cá.

Palavras-chave: conetor discursivo; análise contrastiva; relação discursiva; causais de enunciação; marcador discursivo

Referências

Cândido, F. M. (2009) Os diferentes padrões das construções com “pois”. Araraquara, UNEP, Dissertação de Mestrado.

Charolles, M. & Fagard, B. (2012) “En effet en français contemporain : de la confirmation à la justification / explication”. Le Français Moderne, 80, 2, pp. 171-197. Colaço, M. & G. Matos (2016) “A natureza paratática das causais explicativas em português”. Revista da Associação Portuguesa de Linguística, 1, 10/2016, pp. 233-259.

Culioli, A. (1989) “Donc”. Contrastive Linguistics”, 14, 5, pp. 16-20.

Cunha, C. & L. Cintra (1984) Nova Gramática do Português Contemporâneo. Lisboa: Edições Sá da Costa.

Généreux, M., I. Hendrickx, A. Mendes (2012) “A Large Portuguese Corpus On-Line: Cleaning and Preprocessing”. In Caseli, H. et al. (eds.) Computational Processing of the Portuguese Language. Proceedings of the 10th International Conference

PROPOR1012, pp. 113-120. Berlin-Heidelberg, Springer-Verlag (2012).

Koehn, P. (2005) Europarl: “A parallel corpus for statistical machine translation”. In Conference Proceedings: the tenth Machine Translation Summit, pp. 79– 86, Phuket, Thailand. AAMT, AAMT.

Lefeuvre, F. (2012) “Eh bien comme évaluateur de discours” Travaux de linguistique, 65, pp. 123-143.

Lima, J. P. de (2002) “Grammaticalization, subjectification and the origin of phatic markers”. In Wischer, Ilse e Diewald, Gabriele (eds.) New reflections on

Grammaticalization. John Benjamins.

Lobo, M. (2003) Aspetos da sintaxe das orações subordinadas adverbiais. Tese de doutoramento. Lisboa: Faculdade de Ciências Sociais e Humanas, Universidade Nova de Lisboa.

Lopes, A. C. M. (2012) “Contributos para uma análise semântico-pragmática das causais de enunciação no português europeu contemporâneo”. Alfa, 56:2, pp. 451-468.

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Mendes, A. (2013) “Organização textual e articulação de orações”. In Raposo, Eduardo B. P., M. Fernanda Bacelar do Nascimento, M. Antónia Coelho da Mota, Luísa Segura, Amália Mendes (orgs) Gramática do Português, vol. II. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, pp. 1691-1755.

Nazarenko, A. (2000) La cause et son expression en français. Gap : Ophrys.

Paiva, M. da C. & Braga, M. L. (2013) “Gramaticalização e especialização funcional: o caso do conector pois”. Diacrítica , 27, 1, pp. 197-218.

Zufferey, S. (2012) “Car, parce que, puisque revisited: three empirical studies on French causal connectives”. Journal of Pragmatics, 44, 2, pp. 138-153.

El discurso oral en la clase: un estudio contrastivo entre el portugués y el español

Marta Lira

Universidade do Porto

El presente trabajo tiene como objetivo presentar, brevemente, un estudio contrastivo entre el portugués y el español, basándose en el análisis lingüístico de transcripciones orales de alumnos de la Enseñanza Secundaria Obligatoria, durante algunos meses.

Las teorías del Análisis de Errores, del Análisis Contrastivo y de la Interlengua, aunque presentan diferencias en lo que concierne al eje diacrónico, al método, a los datos utilizados, a los resultados obtenidos y a sus implicaciones pedagógicas, se presentarán como los grandes presupuestos teóricos de este proyecto ya que, a pesar de sus diferencias ideológicas, las tres buscan profundizar y perfeccionar el conocimiento y aprendizaje en el proceso de adquisión de una L2.

En un primer momento, se hará una contextualización histórica y metodológica de las tres referidas vertientes de la Lingüística Contrastiva; después, se hará una breve comparación entre las diferencias fonéticas más significativas entre el portugués y el español; a continuación, se explicará la importancia de un estudio que incide sobre el discurso oral y sus componentes; en seguida, se explicará la importancia del enfoque comunicativo en la enseñanza de una LE.

El análisis lingüístico de los discursos orales de los estudiantes, tanto espontáneos como planificados, será una de las cuestiones centrales de este estudio: en este momento se comentarán los errores más significativos y se presentarán las estrategias de remediación.

En la parte final, se reflexionará sobre la importancia del error en el contexto pedagógico y las ventajas de avanzarse con un proyecto investigativo con esta temática.

Palabras Clave: Lingüística Contrastiva, Interlengua, Análisis de Errores, Teorías Comunicativas, Discurso Oral.

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Allora e Então: uma primeira análise pragmática.

Francesco Morleo Università del Salento

É possível individuar alguns paralelismos entre as funções pragmáticas de alguns marcadores discursivos das línguas românicas durante a troca conversacional. É o caso do italiano Allora e do português Então, que, embora não totalmente sobreponíveis, podem desempenhar as mesmas funções pragmático-conversacionais numa interação dialógica. O presente trabalho coloca-se no âmbito dos estudos contrastivos dos marcadores discursivos nas línguas românicas, delineando uma primeira análise dos dois principais advérbios de tempo, e marcadores discursivos, do italiano e do português.

Na linha do proposto pela literatura científica neste âmbito, o presente trabalho analisará os principais usos dos dois elementos linguísticos, partindo da sua função gramatical temporal para chegar ao seu uso pragmático nas interações dialógicas. A fim de traçar um paralelismo entre o italiano e o português europeu, a presente análise considerará apenas a variante europeia da língua portuguesa. Para uma análise qualitativa dos marcadores discursivos nas interações serão analisados dados de língua espontânea e, posteriormente, dados ficcionais extraídos de produtos audiovisuais (italianos e portugueses) para confrontar a realidade pragmático-interacional de uma língua com a representação metalinguística dos seus principais mecanismos interacionais.

Palavras chave: Português; Italiano; Oralidade; Marcadores discursivos.

Conversational discourse markers in stand-up comedy: you know and sabem

Milana A. Morozova

Universidade Nova de Lisboa

In this study, conversational discourse markers (e.g. well, you know, bem, sabes, etc.) are seen as a genre parameter of stand-up comedy, i.e. a characteristic trait that constitutes the genre’s identity (Coutinho 2007). This assumption is based on the fact that stand-up comedy is typically described as a conversational, intimate form of art (Attardo 2001; Brodie 2014; Double 2014; Rutter 1997; Greenbaum 1999), and, therefore, similar to any interactive spoken practice, it is rich in discourse markers.

Assuming that discourse markers function on two levels, the textual and the interpersonal level (Halliday 1976, 2014; Brinton 1996; Erman 2001; Schiffrin 1987; Fischer & Drescher 1996; Östman 1981), the study seeks to analyze the functional range of you know and sabem within these two levels in the genre of stand-up in American English and European Portuguese.

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The nature of the textual and interpersonal functions identified in the course of the textual analysis is predominantly literature-based (mostly, Brinton 1996). However, new functions were also found: three new functions of you know (e.g. to anticipate a shift between direct/indirect modes of speech, to signal personal experience and to address the audience) and one new function of sabem (to signal personal experience). These newly emerging functions are closely related to the specificity of the genre stand-up comedy, namely, its narrative, autobiographical and interactive nature, respectively. This conclusion indicates a direct relationship between genre and discourse markers’ configuration.

The study is based on both English and Portuguese corpora of recorded and transcribed performances. Each corpus consists of 25 transcripts, which correspond to comedian’s individual performances. The transcripts comprise a total of around 80,000 words. All the samples were organized according to specially elaborated transcription conventions (based on Discourse Transcription, Dubois, 1991, 2004; C-ORAL-ROM Project and CHAT Transcription Format, MacWhinney, 2000).

Key words: discourse markers, stand-up comedy, genre. References

Attardo, Salvatore. (2001). Humorous Texts: A Semantic and Pragmatic Analysis. Berlin/New York: Mouton de Gruyter.

Brinton, Laurel J. (1996). Pragmatic Markers in English: Grammaticalization and Discourse Functions. Berlin/New York: Mouton de Gruyter.

Brodie, Ian. (2008). Stand-up comedy as a Genre of Intimacy. Ethnologies 30 (2), 153180.

Coutinho, Maria Antónia. (2007). Descrever Géneros de Texto: Resistências e Estratégias. IV Simpósio Internacional de Estudos de Géneros Textuais (SIGET), Universidade do Sul de Santa Catarina, Brasil: Santa Catarina, 639-647. Retrieved

June, 30, 2018 from:

http://linguagem.unisul.br/paginas/ensino/pos/linguagem/eventos/cd/Port/20. pdf. Double, Oliver. (2014). Getting the Joke: the Inner Workings of Stand-up Comedy. London: Bloomsbury.

Du Bois, John W. 1991. Transcription design principles for spoken discourse research. Pragmatics 1(1): 71-106.

Du Bois, John W. 2004. Representing Discourse. Santa Barbara: University of California.

Contributo para o estudo das construções é + Adj + que X como marcadores argumentativos.

Alexandra Guedes Pinto, Sónia Valente Rodrigues

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Nesta comunicação abordamos a hipótese de construções linguísticas com o formato é + Adj + que X (é evidente que x) funcionarem nos textos como marcadores argumentativos, que assinalam tipos de argumentos, movimentos argumentativos, ou outras estratégias da argumentação.

Baseadas em estudos anteriores sobre a argumentação e os seus sinais linguísticos (Roulet et al, 1985; Ducrot et al, 1980; Anscombre et Ducrot, 1983; van Eemeren et al, 2007) e sobre os marcadores discursivos, que apontam para o progressivo alargamento das categorias linguísticas integrantes desta classe (Fraser, 2006; Briz y Pons, 2008) propomos, com base em Tseronis (2011) e Corbari (2008), entre outros, que também as construções referidas são um indicador de que o segmento discursivo que encabeçam tem uma orientação argumentativa clara.

Com o objetivo de reconstituir os elementos linguísticos que assinalam a orientação argumentativa de certos segmentos nos textos e de descrever as suas funções, este estudo visa contribuir para o conhecimento dos marcadores discursivos e, dentro destes, dos marcadores argumentativos, possibilitando alargar o estudo da argumentação para além das classes de conetores argumentativos consideradas como mais clássicas nos estudos linguísticos sobre argumentação, nomeadamente, em pedagogia, nos estudos retóricos e no processamento da argumentação em linguagem natural.

Utilizamos como corpus um conjunto de artigos de opinião e de controvérsias da imprensa escrita, de onde procedemos ao levantamento e estudo das construções em estudo.

A análise permitirá confirmar que, sempre que um segmento de texto surge encabeçado por estas estruturas de enquadramento proposicional, existe uma focalização sobre o posicionamento do enunciador quanto àquilo que diz, que, podendo oscilar entre uma modalização epistémica, evidencial, deôntica ou de natureza mais avaliativa, assinala sempre uma dada orientação argumentativa que nos propomos descrever com maior detalhe.

Palavras-chave: marcadores argumentativos; construções é + Adj + que X; orientação argumentativa.

Referências:

Anscombre, J.-C., et O. Ducrot. 1983. L’argumentation dans la langue. Bruxelles: Mardaga.

Briz, A., Pons, S. y J. Portolés (coords). 2008. Diccionario de partículas discursivas del

español. Disponível on-line em www.dpde.es.

Briz, A. y Pons, S. 2010. Unidades, Marcadores discursivos y Posición in Loureda, O. y Acín-Villa, E. (coord.), Los estudios sobre marcadores del discurso en español, hoy. Madrid: Arco Libros.

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Corbari, A.T. 2008. Um estudo sobre os processos de modalização estabelecidos pelo

par “é + adjetivo” em artigos de opinião publicados no jornal Observatório da Imprensa. Dissertação de Mestrado. Cascavel: PR. Unioeste.

Ducrot, O., et al. 1980. Les mots du discours. Paris: Les Éditions de Minuit Fischer, K. (ed.). 2006. Approaches to discourse particles. Amsterdam: Elsevier. Fraser, B. 1990. An approach to discourse markers. Journal of Pragmatics 14: 383– 395.

Fraser, B. 1996. Pragmatic markers. Pragmatics 6: 167–190.

Fraser, B. 1999. What are discourse markers? Journal of Pragmatics 31: 931–952. Fraser, Bruce, 2006. Towards a theory of discourse markers. In: Fischer, Kerstin (Ed.), pp. 189-204.

Roulet, E., A. Auchlin, J. Moeschler, C. Rubattel, and M. Schelling. 1985. L’articulation

du discours en français contemporain. Bern: Peter Lang.

Tseronis, A. 2011. From Connectives to Argumentative Markers: A Quest for Markers of Argumentative Moves and of Related Aspects of Argumentative Discourse. Argumentation, DOI 10.1007/s10503-011-9215-x. Dordrecht: Springer van Eemeren, F.H., P. Houtlosser, and A.F. Snoeck Henkemans. 2007. Argumentative

indicators in discourse. A pragma-dialectical study. Dordrecht: Springer.

Les marqueurs déictiques à l’oral : perspective contrastive roumain-portugais

Liana Pop et Veronica Manole (Université Babeş-Bolyai de Cluj, Roumanie)

Nous partons d’un constat général en linguistique, concernant les commutations déictiques (angl. deictic shifts), ceux notamment qu’on observe dans la dynamique du discours, et notamment à l’oral. Notre défi ici est celui d’investiguer la traductibilité de certaines expressions déictiques dans leur emploi à l’oral, et ce, entre le roumain et le portugais.

D’un point de vue conceptuel, nous utiliserons les catégories de déictiques généralement admises (cf. DAD), de déictiques directs / transparents (je, tu, ici,

maintenant…), à référents univoques dans la situation d’énonciation (on les appelle

également déictiques primaires), et de déictiques indirects / opaques (ce cheval,

celui-ci…), à identification médiée. Quant à la déixis, on verra à l’œuvre la déixis personnelle, spatiale, temporelle, textuelle (anaphorique), empathique (émotive) et discursive (ibid.), mais également la déixis symbolique (symbolic deixis) – terme

repris à Bamfort (2004) – définie comme ancrée dans un contexte cognitif commun (« anchored to a shared cognitive context », p. 128) – et la déixis sociale, comprenant des expressions d’adresse.

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Le problème intéressant la contrastivité est celui d’identifier les raisons pour lesquelles un seul et même mot déictique peut avoir des sens multiples, dérivés, impossibles, dans la majorité des cas d’être traduits par des équivalents lexicaux. Car l’imprécision des déictiques provient de différents cas de commutations référentielles : de l’espace physique à l’espace mental ou émotionnel (Bamford 2004,Vasilescu 2012) ; ou même d’une fusion d’espaces référentiels, rendant difficile l’accès au référent. Et on constatera, comme pour les marqueurs discursifs en général (cf. Pop 2009), que ces marqueurs déictiques sont des expressions pragmatiques parfois au même titre que les marqueurs discursifs.

Nous nous limitons pour cette étude à l’observation de textes roumains et à la possibilité d’en traduire les expressions déictiques en portugais. Le corpus roumain proposé à l’étude consiste en 4 narrations orales publiées (Teiuş 1980; Pop 2004; Dascălu Jinga 2011).

Quant à la méthode de recherche, nous avons mis sous observation dans ces textes les types canoniques de déictiques (primaires) – locaux, temporels, modaux et

personnels –, en avons détaché les fonctionnements dérivés, et proposé des

traductions.

Nous avons constaté dans ces textes de l’oral des phénomènes intéressants d’inconsistance déictique – résultats d’une instabilité de « points de vue » chez les locuteurs, qui obligent le traducteur à des choix pragmatiques et non lexicaux. Enfin, pour le roumain, nous avons constaté plus précisément:

- un système vocatif-interjectif spécialisé, désémantisé (domnule, omule, nene, mă) ;

- une polyfonctionnalité de démonstratifs (ăsta, ăla, aşa), issue de commutations

entre direct et empathique, entre situationnel et mental, etc.

- une référentialisation spatiale et personnelle faible, rendant difficile l’accès aux référents (uite-aicea-n hotar, acolo aproape) ;

- un usage cumulé de marques déictiques (mă omule, tu femeie, uite dom’le, ăla acolo,

buturuga aceea acolo, pe marginea rîpii acolo unde era, pe vremea asta acuma), avec

amplification d’effets empathiques (cf. Hanks 2017).

Pour tous ces cas de figure, l’observation du portugais s’avère très pertinente, surtout que des traductions non littérales doivent être mises en place.

Bibliographie

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Para uma comparação dos marcadores discursivos bem e bom em português europeu com well em inglês

Fátima Oliveira, Fátima Silva

Universidade do Porto / Centro de Linguística da Universidade do Porto

Consideramos, na linha de Hansen (1998), Portolés (2001), Fraser (2006), Maschler & Schiffrin (2015) e Lopes (2016), os marcadores discursivos como sinais ou pistas que guiam o processo interpretativo, sendo, por conseguinte, o seu significado mais processual do que concetual. Sendo uma classe não homogénea do ponto de vista da sua constituição, dado que integra elementos provenientes de várias categorias gramaticais, tem como propriedades comuns serem invariáveis, apresentarem mobilidade variável dentro do enunciado e contribuírem para a estruturação e gestão do discurso.

Este estudo tem como objetivo investigar as funções semântico-discursivas dos marcadores discursivos bem e bom em português europeu em comparação com o marcador discursivo well, em inglês. Embora haja estudos que, de forma isolada ou em conjunto, tratam os marcadores discursivos bem e/ou bom em português europeu (Lopes 2004, Cabarrão et al. 2018), são escassos os estudos comparativos sistemáticos destes dois marcadores em português europeu, ao contrário do que acontece, por exemplo, para o espanhol (Martín Zorraquino & Portolés 1999, Briz, Pons & Portolés 2008), assim como parece não haver estudos que comparem o seu funcionamento com o marcador discursivo well em inglês (Jucker 1993, Aijmer 2013).

A partir da análise de amostras de diferentes géneros discursivos extraídas de corpora nas duas línguas, sobretudo orais e de natureza interacional, procuramos determinar, por um lado quais são as condições de uso dos dois marcadores em

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português, especificando as suas funções semântico-discursivas e, por outro, relacionamos essas funções com as do marcador discursivo well, que, sendo na base um advérbio e, portanto, similar a bem, pode ser usado com funções tipicamente desempenhadas por bem ou bom.

Os resultados da análise contribuem não só para uma melhor compreensão destes marcadores em contraste, mas também para a problematização de questões que se colocam ao nível da tradução destes marcadores nas duas línguas.

Palavras chave: marcadores discursivos, corpus oral, comparação interlinguística, funções semântico-discursivas

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Approach. Edinburgh: Edinburgh University Press.

Briz, A., Pons, S. & Portolés, J. (coords.) 2008. Diccionario de partículas discursivas del

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Portolés, J. 2001. Marcadores del discurso, Barcelona: Ariel.

Dos rutas funcionales con distinto destino: el caso del marcador discursivo

Referências

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