UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO
MESTRADO EM BIOCIÊNCIAS
BIOQUÍMICA SANGUÍNEA DE TRÊS GRUPOS: FISICULTURISTAS USUÁRIOS
DE ESTERÓIDES ANABÓLICOS ANDRÔGENICOS, ATLETAS PRATICANTES
DE EXERCÍCIOS RESISTIDOS E SEDENTÁRIOS.
Aluno: Marcos Maruyama
CUIABÁ – MT
2012
UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO
MESTRADO EM BIOCIÊNCIAS
BIOQUÍMICA SANGUÍNEA DE TRÊS GRUPOS: FISICULTURISTAS USUÁRIOS
DE ESTERÓIDES ANABÓLICOS ANDRÔGENICOS, ATLETAS PRATICANTES
DE EXERCÍCIOS RESISTIDOS E SEDENTÁRIOS.
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Biociências – UFMT para obtenção do título de Mestre. Área de concentração: Nutrição;
Linha de Pesquisa: Nutrição, exercício, rendimento físico e doenças metabólicas.
Aluno: Marcos Maruyama
Orientador: Dr. Carlos Alexandre Fett
CUIABÁ – MT
2012
Ficha catalográfica elaborada automaticamente de acordo com os dados fornecidos pelo(a) autor(a).
Permitida a reprodução parcial ou total, desde que citada a fonte.
M389b Maruyama, Marcos.
BIOQUÍMICA SANGUÍNEA DE TRÊS GRUPOS:
FISICULTURISTAS USUÁRIOS DE ESTERÓIDES ANABÓLICOS ANDRÔGENICOS, ATLETAS PRATICANTES DE EXERCÍCIOS RESISTIDOS E SEDENTÁRIOS. / Marcos Maruyama. -- 2012
50 f. ; 30 cm.
Orientador: Carlos Alexandre Fett.
Dissertação (mestrado) - Universidade Federal de Mato Grosso, Faculdade de Nutrição, Programa de Pós-Graduação em
Biociências, Cuiabá, 2012. Inclui bibliografia.
1. AST. 2. ALT. 3. Esteróides anabólicos androgênicos. 4. Fisiculturistas. 5. Perfil lipídico. I. Título.
AGRADECIMENTOS
Primeiramente a Deus por tudo o que já me proporcionou e que ainda me
proporcionará!
A minha família, que é o que tenho de mais importante nesta vida;
- minha mãe, Mitsue Maruyama;
- meu pai, Jun-Ya Maruyama;
- minha irmã, Simoni Maruyama;
- meu irmão, Ricardo Maruyama.
A Paula Nascimento Cocchia, uma pessoa especial...
A Universidade Federal de Mato Grosso – UFMT;
A Faculdade de Nutrição - FANUT e aos professores;
A Faculdade de Educação Física – FEF;
Ao Núcleo de Aptidão Física, Informática, Metabolismo, Esporte e Saúde
(NAFIMES), professores, colaboradores e alunos;
A meu orientador Carlos Alexandre Fett pelos sábios conselhos e orientações;
A banca examinadora, Patricia Chakur Brum e Fabrício Azevedo Voltarelli;
Obrigado a todos pela ajuda e por fazerem parte desta fase da minha vida.
LISTA DE ABREVIATURAS
AIDS – Síndrome da imunodeficiência adquirida
IMC – Índice de massa corporal
EAA – Esteróides anabólicos androgênicos
GH – Hormônio do crescimento
SHBG – Globulina ligadora de hormônios sexuais
LDH – Lactato desidrogenase
CPK – Creatina fosfoquinase
AST - Aspartato aminotransferase
ALT – Alanina aminotransferase
FAL – Fosfatase alcalina
DC – Doença cardiovascular
VE – Ventrículo esquerdo
TAG – Triacilglicerol
VLDL-c – Lipoproteína de baixíssima densidade - colesterol
LDL-c – Lipoproteína de baixa densidade - colesterol
HDL-c – Lipoproteína de alta densidade - colesterol
RESUMO
Objetivo: Avaliar os efeitos dos esteróides anabólicos androgênicos (EAA) em
marcadores bioquímicos sanguíneos. Sujeitos e Métodos: Foram formados 03
grupos com 08 voluntários em cada: fisiculturistas usuários de EAA (A), atletas
praticantes de exercícios resistidos (B), e sedentários (C). Foram analisados
hormônios, enzimas musculares, funções renal e hepática, lipidograma e
homocisteína. Resultados: No grupo A estavam aumentados o hormônio do
crescimento (GH) (p=0,003), lactato desidrogenase (LDH) (p=0,002), creatina
fosfoquinase (CPK) (p=0,003), uréia (p=0,006), creatinina (p=0,003), aspartato
aminotransferase (AST) (p=0,007), alanina aminotransferase (ALT) (p=0,009),
lipoproteína de baixa densidade-colesterol (LDL-c) (p=0,02), e reduzidos a globulina
ligadora de hormônios sexuais (SHBG) (p=0,0007), a insulina (p=0,03), lipoproteína
de alta densidade-colesterol (HDL-c) (p=0,0004), e sem alteração a testosterona
total e livre, cortisol, leptina, colesterol total, triacilglicerol (TAG), lipoproteína de
baixíssima densidade-colesterol VLDL-c e homocisteína. Conclusão: O observado
no presente estudo sugere que os usuários de EAA estão expostos à maior risco
cardiovascular, renal e hepático.
Descritores: AST, ALT, esteróides anabólicos androgênicos, fisiculturistas, perfil
lipídico.
ABSTRACT
Objective: Evaluate the effects of anabolic androgenic steroids (AAS) in blood
biochemical markers. Subjects and Methods: We formed 03 groups with 08
volunteers in each: bodybuilders using AAS (A), athletes practicing resistance
exercise (B) and sedentary (C). We analyzed hormones, enzymes, muscle, kidney
and liver function, lipid profile and homocysteine. Results: In group A were increased
growth hormone (GH) (p = 0.003), lactate dehydrogenase (LDH) (p = 0.002), creatine
phosphokinase (CPK) (p = 0.003), urea (p = 0.006), creatinine (p = 0.003), aspartate
aminotransferase (AST) (p = 0.007), alanine aminotransferase (ALT) (p = 0.009), low
density lipoprotein-cholesterol (LDL-c) (p = 0.02) and reduced to sex hormone
binding globulin (SHBG) (p = 0.0007), insulin (p = 0.03), high density
lipoprotein-cholesterol (HDL-C) (p = 0.0004) and no change testosterone total and free, cortisol,
leptin, total cholesterol, triacylglycerol (TAG), very low density lipoprotein-cholesterol,
VLDL-C and homocysteine. Conclusion: The observed in this study suggests that
AAS users are exposed to increased cardiovascular risk, kidney and liver.
SUMÁRIO
I – REVISÃO DE LITERATURA………...01
1 – Exercício físico e esteróides anabólicos androgênicos...02
2 - Efeito dos esteróides anabólicos androgênicos no sistema hepático...02
3 – Efeito dos esteróides anabólicos androgênicos no sistema renal...03
4 – Alteração nos lipídeos sanguíneos e lipoproteínas sob o uso de esteróides
anabólicos androgênicos...04
5 – Esteróides anabólicos androgênicos e sistema cardiovascular...05
6 – Esteróides anabólicos androgênicos e mortalidade...06
II – REFERÊNCIAS...09
III – ARTIGO ORIGINAL
- Título...15
- Resumo...16
- Abstract...17
- Introdução...18
- Métodos...19
- Análise estatística...20
- Resultados...20
- Discussão...22
- Conclusão...25
- Declaração de conflito de interesses...26
- Agradecimentos...26
IV – ANEXOS
- Tabela 1...32
- Tabela 2...33
- Tabela 3...34
- Tabela 4...35
REVISÃO DE LITERATURA
Os esteróides anabólicos androgênicos (EAA) são derivados sintéticos do
hormônio testosterona (1). Inicialmente utilizado por fisiculturistas, halterofilistas e
outros atletas profissionais para aumentos de massa muscular, força e consequente
melhora do desempenho, também mostra efetividade no tratamento de
hipogonadismo e doenças crônicas que apresentam caquexia como prognóstico da
doença (2) (ex. doença renal crônica, câncer e síndrome da imunodeficiência
adquirida - AIDS).
Atualmente, ocorre uma crescente utilização de EAA por parte da sociedade,
ao passo que seu uso não fica mais restrito apenas a atletas; podemos observar,
também, praticantes usuais de musculação, assim como adolescentes, fazendo o
uso indiscriminado de EAA apenas para finalidades estéticas (3).
Devido à crescente utilização dessas substâncias, muitos estudos já foram
realizados, e outros ainda estão sendo desenvolvidos, com intuito de se conhecer os
reais efeitos fisiológicos dos EAA sobre o organismo humano. Incrementos na força
e na massa muscular já são bem estabelecidos na literatura, assim como uma
melhora na tolerância ao exercício (4, 5, 6); contudo, ainda não há um consenso
definitivo sobre suas consequências em relação à saúde (7, 8, 9, 10).
Embora as consequências de uso dos EAA sejam contraditórias e
controversas, serão abordados nesta revisão seus principais relatos na literatura.
1. EXERCÍCIO FÍSICO E ESTERÓIDES ANABÓLICOS ANDROGÊNICOS
É sabido que a prática de exercícios físicos, principalmente os de alta
intensidade promove adaptações benéficas ao organismo, (11). No entanto, ainda
não está bem estabelecido se a associação dos EAA ao exercício pode impactar, de
forma positiva ou negativa sobre tais benefícios.
Existem estudos que não relatam prejuízos e até mesmo evidenciam
adaptações benéficas proporcionadas pelo uso do EAA concomitante à realização
do exercício físico, entre elas está à melhora da função cardíaca com alterações
celulares e morfológicas, incremento na vascularização do miocárdio, atenuações
nos efeitos deletérios sobre as lipoproteínas (12) e um aumento na resistência
aeróbia submáxima (13). Tais alterações positivas, em conjunto, poderiam atenuar
os eventuais efeitos deletérios dos EAA, o que melhoraria, dessa forma, os
parâmetros relacionados à saúde do usuário.
2. EFEITO DOS ESTERÓIDES ANABÓLICOS ANDROGÊNICOS NO SISTEMA
HEPÁTICO
O sistema hepático possui inúmeras funções vitais no organismo no que diz
respeito à filtração, metabolismo e secreção de enzimas; o uso de EAA está
relacionado a extensas alterações neste sistema, embora o mesmo tenha um alto
poder de regeneração. Um dos principais efeitos colaterais do uso dos EAA é a
hepatotoxicidade, incluindo os níveis sanguíneos elevados de enzimas hepáticas,
icterícia colestática, peliose, neoplasias, inflamação e lesão dos hepatócitos também
são relatados (7,14).
Cunha e cols (9) relataram diferenças na toxicidade hepática causadas pelos
EAA em relação ao método de administração utilizado. Em seu estudo, não
ocorreram diferenças significativas nas concentrações tanto de aspartato
aminotransferase (AST) quanto na alanina aminotransferase (ALT) quando os EAA
foram administrados via intramuscular que, segundo o autor, é menos prejudicial que
a via oral.
As aminotransferases não são enzimas orgânicas específicas, portanto não é
claro se as elevações de AST e ALT durante o uso de EAA são responsáveis por
disfunções hepáticas ou se por lesões musculares resultantes dos treinamentos
resistidos de força (14). Basaria e cols (15) recomendam uma atenção especial na
análise da função hepática em atletas usuários de EAA devido a alta intensidade do
treinamento realizado pelos mesmos.
3.
EFEITO DOS ESTERÓIDES ANABÓLICOS ANDROGÊNICOS NO
SISTEMA RENAL
Responsável pela regulação ácido/base do organismo, do equilíbrio
hidroeletrolítico do corpo, assim como controle da pressão arterial sanguínea, a
função renal é de fundamental importância, pois, além de suas ações reguladoras,
também realiza a excreção de substâncias químicas e produtos do metabolismo
protéico. Apesar de raros, os efeitos colaterais advindos do uso de EAA sobre o
sistema renal também têm sido documentados, tem-se observados insuficiência
renal aguda a até tumores em casos isolados, porém os resultados são limitados e
confundidores devido às combinações de diferentes tipos de esteróides e pelo uso
concomitante a outras substâncias (16).
Segundo Daher e cols (17), a insuficiência renal aguda não é frequentemente
relatada em usuários de EAA, ainda que, na maioria dos casos, seja derivada de
hipercalemia, esta causada por um volume de depleção reduzido associado à
vasoconstrição renal.
Somente alguns casos isolados (16) estão descritos na
literatura, e a fisiopatologia exata ainda não é conhecida.
4. ALTERAÇÃO NOS LIPÍDEOS SANGUÍNEOS E LIPOPROTEÍNAS SOB O USO
DE ESTERÓIDES ANABÓLICOS ANDROGÊNICOS
Níveis elevados de colesterol total e da lipoproteína de baixa densidade ligada
ao colesterol (LDL-c) assim como um baixo nível da lipoproteína de alta densidade
ligada ao colesterol (HDL-c), são fatores que aumentam o risco para doenças
cardiovasculares (DC) (18); alterações similares foram reportadas em usuários de
EAA (19, 20, 21, 22).
Segundo Isidori e cols (23), os efeitos dos EAA sobre os lipídeos e
lipoproteínas dependem da sua dosagem e método de administração (via oral ou
intramuscular). Ambas não seguem um padrão de utilização ao ponto que variam
muito devido à enorme gama de EAA disponíveis e à inconclusividade de seus
efeitos.
Em oposição à administração de EAA via oral, que parece provocar mais
efeitos deletérios, a sua administração via intramuscular apresenta apenas uma
discreta redução dos níveis plasmáticos de HDL-c e pequenos aumentos, ou até
nenhum incremento nos níveis de LDL-c, triacilglicerol (TAG) e colesterol total (24,
25, 26).
Um marcador sanguíneo o qual reflete a saúde vascular e, em níveis
aumentados, torna-se um fator de risco para a DC, é a homocisteína. Condição de
hiperhomocisteinemia está relacionada à uma redução na biodisponibilidade de
óxido nítrico (NO), ao aumento do estresse oxidativo e a alterações no metabolismo
cardíaco (27). Graham e cols (28) mostraram, em seu estudo, um aumento
expressivo nos níveis plasmáticos de homocisteína em usuários de EAA; contudo,
Zmuda e cols. (29) não encontraram diferenças significativas em estudo de mesma
natureza.
5. EFEITO DOS ESTERÓIDES ANABÓLICOS ANDROGÊNICOS NO SISTEMA
CARDIOVASCULAR
Responsável por conduzir elementos essências para todo o corpo, o sistema
cardiovascular é o principal regulador de funções do organismo. Muitas pesquisas e
artigos recentes relacionam o uso de EAA com alterações cardíacas, sejam elas
funcionais ou morfológicas (30, 31).
Associado ao uso de EAA são consequências de alterações funcionais;
prejuízo na função diastólica e sistólica do ventrículo esquerdo (VE) (31, 32), e
aumento de colágeno nos interstícios cardíacos (30). Alterações morfológicas
apresentam, variavelmente, aumento da espessura da parede do miocárdio com
consequente diminuição da câmara do VE e aumento da massa muscular cardíaca e
diâmetro total.
Notthin e cols (33) não observaram diferenças na espessura da parede do
VE, porém foram mostradas diferenças significativas na massa e tamanho da
câmara do VE em fisiculturistas usuários de EAA em relação a atletas não usuários.
A razão das alterações mostradas no estudo não é conhecida e os resultados são
contraditórios à literatura; uma possível explicação seria a diferença de treinamento
realizado entre os grupos. Não há um consenso se as alterações morfológicas são
ocasionadas pelo treinamento resistido ou pelo uso de EAA. Sob esse aspecto,
Payne e cols (34) relataram a necessidade de estudos mais aprofundados para um
melhor esclarecimento dessa questão.
6. ESTERÓIDES ANABÓLICOS ANDROGÊNICOS E MORTALIDADE
Parece haver uma maior relação de mortalidade em usuários de EAA perante
aos não usuários. Em estudo de Parssinen e cols (35) foi relatado mortalidade de
12.9% versus 3.1% em levantadores de peso usuários de EAA em relação ao grupo
controle, ao passo que seis das oito mortes ocorreram de infarto agudo do miocárdio
e/ou suicídio.
Corroborando o estudo de Parssinen e cols (35), Petersson e cols (36)
relataram uma maior taxa de mortalidade em usuários de EAA em relação aos não
usuários. Em outro estudo de Petersson (37), o autor evidenciou um aumento no
número de mortes prematuras de usuários de EAA; no entanto os mesmos faziam
uso de outras drogas psicoativas, dificultando assim uma análise mais precisa.
Há uma grande dificuldade de se realizar estudos bem controlados e
detalhados com relação à causa e efeito dos EAA em seres humanos, entre elas: o
impedimento de se realizar pesquisas em nível celular e molecular, a grande
variedade de EAA administrados (38), o uso concomitante de outras drogas
esportivas, a variação na quantidade e tempo de utilização das drogas (9), o número
reduzido de atletas profissionais, além da dificuldade/ relutância dos voluntários em
contribuírem com as pesquisas científicas.
A maioria dos efeitos taxativos dos EAA é reportada, basicamente, em
pesquisas com experimentação animal, em estudos com um número reduzido de
participantes, em pesquisas não muito bem controladas e, ainda, em estudos de
caso. Devido a essas limitações, muitas vezes os resultados encontrados podem
potencializar o problema (19). Corroborando o fato supracitado, recentes revisões
de literatura (7, 10) também evidenciam que a maioria dos achados nesse contexto
é baseada em estudos de caso.
Cuiabá será uma das sedes da copa do Mundo de Futebol de 2014 e o Brasil
será sede das Olimpíadas de 2016. O estudo em questão fomentará o
desenvolvimento cientifico em uma área ainda carente em nossa região, podendo
contribuir para o crescimento esportivo e cultural de nossos praticantes e
pesquisadores. A Sociedade Brasileira de Medicina do Esporte reeditou a posição
de especialistas em medicina e nutrição do esporte, quanto à dieta, uso de
suplementos alimentares e drogas esportivas, devido à preocupação com o aumento
do uso dessas substâncias. Assim, estabelece indicações baseada em evidências a
fim de regular o consumo de drogas e suplementos alimentares (39). A prevalência
de usuários em academias tem se mostrado elevado (3), se conhece pouco desta
realidade no Brasil (40), menos ainda na região centro-oeste.
Devido à lacuna ainda existente sobre o assunto, o presente estudo tem como
objetivo elucidar os reais efeitos dos EAA nos seres humanos e também vem
demonstrar o perfil dos atletas de elite do fisiculturismo mato-grossense que estão
despontando no cenário nacional e internacional.
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BIOQUÍMICA SANGUÍNEA DE TRÊS GRUPOS: FISICULTURISTAS USUÁRIOS DE ESTERÓIDES ANABÓLICOS ANDRÔGENICOS, ATLETAS PRATICANTES DE EXERCÍCIOS RESISTIDOS E SEDENTÁRIOS.
BLOOD BIOCHEMISTRY OF THREE GROUPS: BODYBUILDERS USING ANABOLIC ANDROGENIC STEROIDS, ATHLETES OF RESISTANCE EXERCISE AND SEDENTARY.
Marcos Maruyama e Carlos Alexandre Fett
Faculdade de Educação Física da Universidade Federal de Mato Grosso - FEF/UFMT
Núcleo de Aptidão Física, Informática, Metabolismo, Esporte e Saúde – NAFIMES
Av. Fernando Corrêa da Costa, CEP: 78.060-900, Cuiabá-MT, Brasil.
contato: Marcos Maruyama (marcosmaru@gmail.com)
RESUMO
Objetivo: Avaliar os efeitos dos esteróides anabólicos androgênicos (EAA) em marcadores
bioquímicos sanguíneos. Sujeitos e Métodos: Foram formados 03 grupos com 08 voluntários em cada: fisiculturistas usuários de EAA (A), atletas praticantes de exercícios resistidos (B), e sedentários (C). Foram analisados hormônios, enzimas musculares, funções renal e hepática, lipidograma e homocisteína. Resultados: No grupo A estavam aumentados o hormônio do crescimento (GH) (p=0,003), lactato desidrogenase (LDH) (p=0,002), creatina fosfoquinase (CPK) (p=0,003), uréia (p=0,006), creatinina (p=0,003), aspartato aminotransferase (AST) (p=0,007), alanina aminotransferase (ALT) (p=0,009), lipoproteína de baixa densidade-colesterol (LDL-c) (p=0,02), e reduzidos a globulina ligadora de hormônios sexuais (SHBG) (p=0,0007), a insulina (p=0,03), lipoproteína de alta densidade-colesterol (HDL-c) (p=0,0004), e sem alteração a testosterona total e livre, cortisol, leptina, colesterol total, triacilglicerol (TAG), lipoproteína de baixíssima densidade-colesterol VLDL-c e homocisteína. Conclusão: O observado no presente estudo sugere que os usuários de EAA estão expostos à maior risco cardiovascular, renal e hepático.
ABSTRACT
Objective: Evaluate the effects of anabolic androgenic steroids (AAS) in blood biochemical markers. Subjects and Methods: We formed 03 groups with 08 volunteers in each: bodybuilders using AAS
(A), athletes practicing resistance exercise (B) and sedentary (C). We analyzed hormones, enzymes, muscle, kidney and liver function, lipid profile and homocysteine. Results: In group A were increased growth hormone (GH) (p = 0.003), lactate dehydrogenase (LDH) (p = 0.002), creatine phosphokinase (CPK) (p = 0.003), urea (p = 0.006), creatinine (p = 0.003), aspartate aminotransferase (AST) (p = 0.007), alanine aminotransferase (ALT) (p = 0.009), low density lipoprotein-cholesterol (LDL-c) (p = 0.02) and reduced to sex hormone binding globulin (SHBG) (p = 0.0007), insulin (p = 0.03), high density lipoprotein-cholesterol (HDL-C) (p = 0.0004) and no change testosterone total and free, cortisol, leptin, total cholesterol, triacylglycerol (TAG), very low density lipoprotein-cholesterol, VLDL-C and homocysteine. Conclusion: The observed in this study suggests that AAS users are exposed to increased cardiovascular risk, kidney and liver.
INTRODUÇÃO
Os esteróides anabólicos androgênicos (EAA) são derivados sintéticos do hormônio testosterona e sua administração, usualmente, se dá por via oral ou injetável (1). Inicialmente utilizados por fisiculturistas, halterofilistas e outros atletas profissionais para aumentos de massa muscular, força e consequente melhora do desempenho, os EAA também mostram efetividade no tratamento de hipogonadismo e doenças crônicas, as quais apresentam a caquexia como prognóstico da doença (2) (ex. doença renal crônica, doença pulmonar obstrutiva crônica, câncer e síndrome da imunodeficiência adquirida - AIDS).
Atualmente, os EAA vêm sendo utilizados por diferentes tipos de pessoas. O seu uso não fica restrito apenas a atletas, uma vez que podemos observar praticantes usuais de musculação, entre eles adolescentes, fazem o uso indiscriminado de EAA apenas para finalidades estéticas (3).
De forma preocupante, a grande maioria desses usuários não procura orientação adequada tão pouco possui o conhecimento técnico sobre seus efeitos fisiológicos. Na literatura específica, há uma extensa gama de estudos relatando tais efeitos, alguns já bem estabelecidos, mas outros que ainda causam discordâncias. Sobre os efeitos dos EAA já estabelecidos, podemos destacar a melhora de desempenho, os aumentos tanto de massa muscular como de força, e, ainda, considerável melhora na tolerância ao exercício físico (4, 5, 6).
Em relação aos efeitos negativos dos EAA sobre a saúde, podemos citar alterações neuropsiquiátricas, como mudança de humor e comportamento agressivo (7), hepatotoxicidade, por elevação das enzimas hepáticas (8), sérias complicações renais, muitas vezes levando à falência irreversível desse órgão (9), aumento da pressão arterial por albuminúria e redução no clearence de creatinina (10), alterações cardíacas morfológicas, como hipertrofia do ventrículo esquerdo, além de disfunção do miocárdio (11). Também são citadas alterações no perfil lipídico sanguíneo, tais como elevação do triacilglicerol (TAG), aumento da lipoproteína de baixa - colesterol (LDL-c) associado à diminuição expressiva da lipoproteína de alta densidade - colesterol (HDL-c) (12). No que se refere à saúde vascular, destacam-se: perda nas propriedades vaso dilatadora e elástica das artérias (13), perda das funções vasculares decorrentes da alteração no perfil lipídico, disfunção renal e alteração cardíaca (14); a associação com sarcomas, neoplasmas, e tumores renal, hepático e de próstata também são ligadas ao uso de EAA (15).
Por outro lado, existem estudos que não relatam prejuízos e até mesmo evidenciam adaptações benéficas proporcionadas pelo uso do EAA concomitante à realização do exercício físico. Entre elas, está a melhora da função cardíaca decorrente de alteração celular e morfológica, incremento na vascularização do miocárdio, atenuações nos efeitos deletérios sobre as lipoproteínas (16) e um aumento na resistência aeróbia submáxima (17). Tais alterações positivas, em conjunto, poderiam atenuar os eventuais efeitos deletérios dos EAA, o que melhoraria, dessa forma, os parâmetros relacionados à saúde do usuário.
A maioria dos efeitos taxativos dos EAA é reportada, basicamente, em pesquisas com experimentação animal, em estudos com um número reduzido de participantes, em pesquisas não muito bem controladas e, ainda, em estudos de caso; devido a essas limitações, muitas vezes os resultados encontrados podem potencializar a magnitude do problema (18).
Assim, o objetivo do presente estudo foi verificar as possíveis alterações nos marcadores bioquímicos relacionados aos sistemas hepático, renal, endócrino e muscular de atletas fisiculturistas usuários de EAA (A), de um grupo de atletas praticantes de exercícios resistidos não usuários de EAA (B) e um grupo sedentário (C) controle.
MÉTODOS
O presente trabalho trata-se de um estudo transversal onde foi realizada apenas uma intervenção e comparação dos dados entre os grupos. A pesquisa foi realizada em Cuiabá-MT, uma das sedes da Copa do Mundo de Futebol de 2014 com atletas competidores de fisiculturismo usuários declarados de EAA de nível de competição nacional e internacional (grupo A, n=8), atletas praticantes de exercícios resistidos com mais de cinco anos de experiência não usuários de EAA (grupo B, n=8) e indivíduos fisicamente inativos (sedentários), que executavam menos de três horas de atividade física por semana, sendo este o grupo controle (grupo C, n=8). Os sujeitos pertencentes aos grupos A e B treinavam, no mínimo, cinco horas por semana. O protocolo do estudo seguiu as normas do comitê de ética em pesquisa com seres humanos, aprovado no Hospital Universitário Júlio Müller (658/CEP/HUJM/09). Todos os participantes foram informados sobre os procedimentos do estudo.
Todas as coletas e análises bioquímicas foram realizadas pelo Laboratório Carlos Chagas, este localizado na cidade de Cuiabá no estado de Mato Grosso. Foram realizadas coletas sanguíneas no dia posterior ao treinamento resistido de força/ e ou hipertrofia muscular e em jejum de 12 horas.
Por meio do método enzimático/oxidase (kit OLYMPUS®) foram determinadas as concentrações de colesterol total e do triacilglicerol (TG); no que se refere à determinação dos níveis de lipoproteínas (VLDL-c, LDL-c e HDL-c), utilizou-se o método de inibição seletiva e cálculo (kits OLYMPUS®).
Os níveis de uréia e creatinina foram analisados por meio do método da urease e picatro alcalino, respectivamente (kits OLYMPUS®). As concentrações de creatina fosfoquinase (CPK) (Método UV – NADH; Kit Creatina Kinase OLYMPUS®), aspartato aminotransferase (AST) (EC 2.6.1.2 OLYMPUS®), alanina aminotransferase (ALT) (EC 2.6.1.2 OLYMPUS®) e fosfatase alcalina (FAL)
(Método Cinético P – Nitrofenol; kit Fosfatase Alcalina [ALP] OLYMPUS®) foram também determinadas.
As concentrações de testosterona total, testosterona livre, hormônio do crescimento (GH), globulina ligadora dos hormônios sexuais (SHBG), insulina, cortisol e homocisteína foram analisados por meio do método de quimiluminescência com kits Architect® Testosterona, ensaio Immulite® 2000 (hGH), Immulite® 2000 (SHBG), ADVIA Centaur® Insulina (IRI), ADVIA Centaur® Cortisol (COR) e ADVIA Centaur® Homocisteína (HCY), respectivamente. A Leptina foi analisada pelo método de enzimaimunoensaio (kit Millipore®), e a atividade da enzima lactato desidrogenase (LDH) foi analisada por meio do método de lactato – piruvato (kit Desidrogenase Lática [LD] OLYMPUS®).
ANÁLISE ESTATÍSTICA
Para a análise estatística dos dados, foi utilizado o Teste Kruskal-Wallis (ANOVA Não-Paramétrica) e Qui-quadrado para avaliação das variáveis. Teste de comparação múltipla de Dunn's foi testado para detectar as diferenças entre os grupos. O nível de significância foi de p≤ 0,05 e o intervalo de confiança de 95%.
RESULTADOS
Características dos voluntários do estudo, grupo A – atletas competidores de fisiculturismo, grupo B – atletas praticantes de exercícios resistidos e grupo C – sedentários (Tabela 1).
*inserir tabela 1
Utilização de EAA feita pelos atletas competidores de fisiculturismo durante a coleta de dados (Tabela 2).
*inserir tabela 2.
Combinação de utilização de EAA realizada durante a coleta de dados assim como o tempo do uso de EAA por parte dos atletas competidores de fisiculturismo (Tabela 3).
*inserir tabela 3.
As concentrações de testosteronas total e livre, não apresentaram diferenças se comparados aos outros grupos; porém, os níveis de SHBG estavam reduzidos e abaixo da normalidade, segundo intervalo estabelecido pelo exame (10,0 a 70,0 nmol/L) e comparados aos outros grupos (p=0,0007). No que se refere à concentração de GH, a mesma encontrava-se elevada no grupo A se comparado ao C, porém os valores foram dentro da normalidade (p=0,0356) (Tabela 4).
A atividade da LDH foi obtida em valores acima da normalidade no grupo A, segundo intervalo estabelecido no exame (200 a 480 U/L) em relação aos grupos B e C (p=0,0025). No que se refere aos níveis de CPK, o grupo A apresentou valores superiores e acima da normalidade, de acordo com intervalo estabelecido no exame (26 a 155 U/L), apenas em relação ao grupo C (p=0,0034). A diferença entre os grupos A e C (p=0,0352) também foi denotada quando os mesmos foram comparados no que tange aos níveis de insulinemia basal. As concentrações hormonais de cortisol e leptina não apresentaram diferenças quando todos os grupos foram comparados (Tabela 4). Os valores de ureia observados no grupo A, além de terem sido acima da normalidade, segundo intervalo estabelecido no exame (15 a 38 mg/dL) estavam mais elevados se comparados aos grupos B e C (p=0,0060) . Ainda, os níveis de creatinina observados no grupo A foram maiores somente quando o mesmo foi comparado ao grupo C (p=0,0030); no entanto tais valores referentes ao grupo A estavam dentro da normalidade (Tabela 4).
As concentrações da enzima AST foram obtidas em valores acima da normalidade no grupo A, segundo intervalo estabelecido no exame (15 a 40 U/L), em relação somente ao grupo C (p= 0,007). Por outro lado, as concentrações da enzima ALT estavam mais elevadas no grupo A, também com valores acima da normalidade, segundo intervalo estabelecido no exame (15 a 35 U/L) se comparado aos grupos B e C (p=0,009). Os níveis de FAL não foram diferentes entre todos os grupos do presente estudo (Tabela 4).
As concentrações de colesterol total, TG, VLDL-c e homocisteína não foram diferentes entre todos os grupos; contudo, os níveis de LDL-c foram mais elevados no grupo A somente se comparado ao grupo B (p=0,0272), mas ainda com valores limítrofes de acordo com intervalo estabelecido no exame (130 a 159 mg/dL). Por outro lado, os níveis de HDL-c foram consideravelmente reduzidos e encontrados na faixa de risco, segundo intervalo estabelecido no exame (inferior a 35 mg/dL) no grupo A quando o mesmo foi comparado aos grupos B e C (p=0,0004) (Tabela 4).
*inserir tabela 4.
DISCUSSÃO
Os EAA são utilizados no tratamento de determinados tipos de doenças (2), mas, seu uso em pessoas saudáveis com bom condicionamento físico advindo dos benefícios proporcionados pela atividade física, principalmente de alta intensidade (19) parecem causar mais efeitos deletérios (7-15) do que benéficos (16,17) ao organismo. Aparentemente, estes efeitos aconteceram no presente estudo, porém de maneira diferente.
Foi observado que as concentrações de testosterona total e livre, embora estivessem aumentadas no grupo A, não foram diferentes em relação aos outros grupos. No entanto, pudemos observar que a SHBG, globulina anexa à testosterona circulante junto com a albumina (20), estava reduzida no grupo A. Tal fato pode ter ocorrido devido à grande concentração de testosterona livre observada nesse grupo. Segundo Yeap (20), quando há um alto nível de testosterona livre espera-se diminuição da concentração da SHBG, podendo ser a mesma em níveis reduzidos, ainda, um preditor de doença cardiovascular (DC). Porém, tal afirmação ainda permanece incerta devido à escassez de estudos. Da mesma forma, são também fatores de risco para DC os aumentos de TG, colesterol total, LDL-c bem como redução de HDL-c (21; 22); tais ocorrências foram observadas em nosso estudo como também segundo Hartgens (18), quando analisados os sujeitos usuários de EAA. Esse resultado é preocupante, uma vez que os níveis normais de HDL-c promovem poderoso efeito cardioprotetor (23).
Outro marcador o qual reflete a saúde vascular, e que em níveis aumentados caracteriza-se por ser um fator de risco para a DC, é a homocisteína (24). Condição de hiperhomocisteinemia é fortemente relacionada à doença vascular periférica, aterosclerose, trombose vascular, redução na
biodisponibilidade de óxido nítrico (NO), ocorrência de estresse oxidativo e alteração do metabolismo cardíaco (24). Porém, nossos resultados não demonstraram alterações significativas entre os grupos estudados, corroborando, dessa forma, com os achados de Zmuda e cols. (25).
As lesões musculares ocasionadas pelo treinamento físico são corriqueiras em atletas de musculação independentes do uso de EAA. As enzimas CPK e LDH são extensivamente estudadas como marcadores tanto de microtrauma muscular como de integridade da membrana celular (26); ambas estavam aumentadas no grupo A em relação aos demais grupos. Segundo Machado e cols (27), valores elevados da CPK e LDH são esperados em resposta ao treinamento de força de alta intensidade e podem permanecer elevados por até 24-72 horas. Assim, era esperado este aumento em ambos os grupos que treinavam força/ hipertrofia e, aparentemente, o uso de EAA aumentou a extensão desse tipo de microlesão mais do que o promovido somente pelo treinamento físico.
No que se refere às concentrações de GH, foi evidenciada diferença significativa somente quando o grupo A foi comparado ao grupo C; o mesmo foi observado no estudo de Hakkinen e cols (28). Esses autores (28) relataram que os níveis de GH podem ser influenciados pela alta intensidade e grande volume de treinamento e, consequentemente, por altas concentrações de metabólitos produzidos. Como argumentado acima, possivelmente o grupo A realizou treinos mais intensos devido ao uso dos EAA.
Sabe-se que a alta intensidade do treinamento bem como elevados níveis de testosterona total e livre correlacionam inversamente com o nível de insulina em jejum e a ocorrência de resistência à insulina (29). A insulinemia de jejum mostrou-se mais baixa no grupo A, sendo diferente apenas em relação ao grupo controle (C). Segundo Shilo e cols (30), a intensidade e o prolongamento do exercício estão associados tanto com o declínio da insulina plasmática como com o aumento das concentrações hormonais de glucagon, que é um hormônio contra-regulatório e do cortisol.
Embora a intensidade do treinamento dos fisiculturistas seja alta, os níveis de cortisol e de leptina não foram diferentes entre os grupos. Segundo Boone e cols (31), o aumento na produção de cortisol pode ser atenuado pelo uso de EAA. Considine (32) ainda relata que o elevado gasto energético possa ocasionar uma redução na concentração de leptina, estas duas situações possivelmente explicam ao menos em parte, os achados para o grupo A.
O uso de EAA está amplamente relacionado à lesão hepática (33). Um dos principais efeitos colaterais relacionados ao uso dos EAA é a hepatotoxicidade, incluindo os níveis sanguíneos elevados dessas enzimas, icterícia colestática, poliose, inflamação e neoplasias (34). Em nosso estudo, os níveis de AST e a ALT foram obtidos acima dos valores de normalidade no grupo A. A ALT mostrou-se mais elevada nesse grupo se comparado aos demais; por outro lado, a AST foi maior apenas no grupo A se comparado ao grupo C. Segundo Basaria e cols (1), é recomendada atenção especial na análise dos resultados de função hepática em atletas, visto que a lesão muscular ocasionada pelo treinamento intenso pode resultar em elevações das transaminases supracitadas. Corroborando com Basaria (1), Pertusi e cols (35) relatam não ser evidente que as elevações em AST e ALT durante administrações de EAA sejam resultado de disfunção hepática ou de lesão muscular, uma vez que as mesmas não são enzimas orgânicas específicas, embora sejam frequentemente mais responsivas às lesões hepáticas. Contudo, na maioria dos casos, a elevação das transaminases não é permanente, ou seja, ocorre a normalização dos níveis após algumas semanas de interrupção no uso de EAA.
O mecanismo preciso do desencadeamento da hepatotoxicidade causada pelo uso de EAA ainda não foi totalmente elucidado, ao passo que o estresse oxidativo aumentado seria uma das possíveis causas (8). A FAL não demonstrou alterações significativas entre os grupos.
As concentrações de creatinina mostraram-se discretamente aumentadas no grupo A; no entanto, só foi encontrada diferença quando este foi comparado ao grupo C. Por outro lado, a uréia apresentou-se em níveis mais elevados no grupo A quando se comparado aos demais grupos do estudo. Por se tratar do produto final do metabolismo proteico, sua alteração era esperada devido tanto às necessidades orgânicas aumentadas como ao uso corriqueiro de suplementação alimentar pelos fisiculturistas, e pelos atletas não usuários de EAA.
Embora a atividade física exerça um fator protetor contra a doença renal (36), os efeitos colaterais dos EAA sobre o sistema renal também tem sido documentados, apesar de raros. Segundo Daher e cols (37), a insuficiência renal aguda não é frequentemente relatada em usuários de EAA, ainda que na maioria dos casos esta seja derivada de hipercalemia, decorrente de um volume de depleção reduzido e vasoconstrição renal. Alguns estudos de caso estão descritos na literatura, porém o mecanismo fisiopatológico exato ainda não foi elucidado e carece de informações mais precisas, os resultados são limitados e confundidores, uma vez que os mesmos são obtidos a partir
de combinações de diferentes tipos de hormônios e/ou pelo uso concomitante de outras substâncias (34).
Em recentes revisões de literatura (33,38), os autores relatam a inconclusividade sobre os reais efeitos dos EAA sobre a saúde humana, pois declaram que a maioria dos achados são baseados em estudos de caso assim como há grande dificuldade em encontrar estudos transversais e longitudinais bem controlados e detalhados com relação à causa e efeito dos EAA em seres humanos. Ainda sobre esse aspecto destaca-se como empecilho a escassez de pesquisas em nível celular, a grande variedade de EAA administrados e o uso concomitante de outras drogas esportivas (21), a variação na quantidade e tempo de utilização de hormônios e drogas (39), o número reduzido de atletas profissionais e, além disso, a dificuldade/relutância por parte dos voluntários em contribuírem com pesquisas científicas dessa natureza devidas entre outros fatores ao receio relacionado à exposição. Isto foi similar ao observado no presente estudo, pois houve grande dificuldade na seleção da amostra e coleta de dados.
CONCLUSÃO
O uso crônico e prolongado de EAA é um fator de risco para doença cardiovascular, renal e hepática sugerido pelas alterações bioquímicas observadas no presente estudo. Contudo, as alterações observadas foram de menor magnitude comparado a alguns estudos (7-15) e concordando com outros que não demonstraram efeitos importantes para saúde (16-18). Dessa forma, ainda existem lacunas no conhecimento dos efeitos do EAA utilizados por atletas que serão perseguidos em futuros estudos melhor controlados e em contraprova experimental.
DECLARAÇÃO DE CONFLITO DE INTERESSE
Os autores declaram não haver conflito de interesse científico neste estudo.
AGRADECIMENTOS
A agência financiadora responsável pelo apoio e bolsa pesquisa CNPq e CAPES, Universidade Federal de Mato Grosso, Faculdade de Nutrição, Faculdade de Educação Física e ao Laboratório Carlos Chagas de Cuiabá, MT.
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ANEXOS
Tabela 1. Características da amostra.
Características Grupo A (n=8) Grupo B (n=8) Controle C (n=8) p*
Idade (anos) 29,5: 22-37 23.5: 22-29 23.5: 22-29 0,1071
Peso (kg) 90,5: 71-108 86: 76-99 79: 67-92 0,1347
Altura (cm) 171: 164-186 179: 172-183 178: 169-185 0,1640
IMC (kg/m²) 30,2: 26-38 26,4: 25,5-30 26: 22,5-28 0,0098
Valores: Mediana: mínimo-máximo. Método estatístico: Kruskal-Wallis. * Variação de acordo com as médias da coluna.
Tabela 2. Esteróides anabólicos androgênicos utilizados pelos atletas competidores de fisiculturismo.
Princípio ativo % de usuários utilizando
Estanozolol 62,5 Hormônio do crescimento (GH) 50 Cipionato de testosterona 25 Oximetalona 25 Durateston* 25 Oxanandrolona 12,5 Mentenolona 12,5 Metandrostenolona 12,5 Decanoato de testosterona 12,5 Anatato de testosterona 12,5 Unidecilenato de boldenona 12,5
*Associação de sais de testosterona propionato, fenilpropionato, isocaproato e decanoato de testosterona.
Tabela 3. Combinação e tempo do uso dos esteróides anabólicos androgênicos (EAA) pelos atletas competidores de fisiculturismo.
Combinação de EAA Tempo de uso
Número de
EAA utilizados Número de usuários % de uso Anos Número de usuários %
4 2 25 ≤2 1 12,5
3 2 25 2,1 a 4 1 12,5
2 3 37,5 4,1 a 6 4 50
Tabela 4. Marcadores bioquímicos sanguíneos de atletas competidores de fisiculturismo usuários de esteróides anabólicos androgênicos (A), atletas praticantes de exercícios resistidos (B) e sedentários (C).
Variáveis/ Enzimas Grupo A Grupo B Grupo (C) p*
Testosterona total (ng/dL) 582: 52-1500 448: 148-817 577: 305-805 0,9704
Testosterona livre (pmol/L) 802: 59,5-2200 415: 188-685 507: 321-763 0,7243
SHBG(nmol/L) 3,2: 1,8-10,4a 25: 5-38b 25: 17-36b 0,0007
GH (ng/mL) 0,26: ± 0,01-2a 0,08: 0,01-1,2a,b 0,04: 0,01-0,2b 0,0356
LDH (U/L) 553: 458-743a 370: 152-599b 340: 169-460b 0,0025
CPK (U/L) 1050: 33-2540a 444: 164-1742a,b 90,5: 74-195b 0,0034
Insulina (mU/L) 2,6: 2,3-11,5a 6,1: ± 1,5-8a,b 8,6: 3,1-11,5b 0,0352
Cortisol (ug/dL) 15,1: 10,5-18 14,4: 11,3-16,3 16,5: 5,2-19,2 0,7171
Leptina (ng/mL) 2: 0,5-11,6 2: 1,3-8 3,75: 1-8,3 0,7583
Uréia(mg/dL) 48,5: 33-72a 32: 27-39b 32: 22-45b 0,0060
Creatinina (mg/dL) 1,1: ± 1-1,4a 1: 0,9-1,2a,b 0,9 :0,7-1,1b 0,0030
AST (U/L) 50: 36-88a 30,5: 20-51a,b 20: 11-52b 0,0070
ALT (U/L) 55: 24-133a 22: 17-43b 18: 14-156b 0,0090 FAL (U/L) 76: 42-130 65,5: 41-128 79,5: 60-106 0,3828 Colesterol Total (mg/dL) 171,5: 107-336 142: 100-194 174: 141-193 0,4236 TAG (mg/dL) 75: 42-155 53.5: 41-161 96,5: 46-186 0,2738 VLDL-c (mg/dL) 15: 8-31 10,5: 8-32 19,1: 9-37 0,2888 LDL-c (mg/dL) 138,5: 79-291a 83,5: 60-145b 104: 69-138a,b 0,0272 HDL-c (mg/dL) 15,5: 10-22a 36: 25-77b 44: 36-47b 0,0004 Homocisteína (umol/L) 9,4: 5,7-11,7 9,1: 5-56,6 7,5:5,3-12,5 0,5655
Valores: Mediana: mínimo-máximo. Método estatístico: Kruskal-Wallis. Letras diferentes denotam p≤0,05.
* Variação de acordo com as médias da coluna.
SHBG (globulina ligadora de hormônios sexuais), GH (hormônio do crescimento), LDH (lactato desidrogenase), CPK (creatina fosfoquinase), AST (aspartato aminotransferase), ALT (alanina aminotransferase), FAL (fosfatase alcalina), TAG (triacilglicerol), VLDL-c (lipoproteína de baixíssima densidade - colesterol), LDL-c (lipoproteína de baixa densidade - colesterol), HDL-c (lipoproteína de alta densidade - colesterol).
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