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Nas três últimas décadas, as emissões antropogênicas de compostos químicos na atmosfera causaram mui-tos problemas ao meio ambiente e à saúde. Algumas substâncias químicas, como os clorofluorocarbonos (CFCs), são produzidas deliberadamente e terminam na atmosfera por acidente, provenientes de equipa-mentos ou produtos. Outras, como o dióxido de en-xofre (SO2) e o monóxido de carbono (CO), são deri-vados inevitáveis da queima de combustíveis fós-seis. A poluição atmosférica urbana, a chuva ácida, a contaminação por substâncias químicas tóxicas (algumas das quais são persistentes e transporta-das por longas distâncias), a destruição da camada de ozônio estratosférico e mudanças no sistema cli-mático global são fatores que constituem ameaças ambientais importantes aos ecossistemas e ao bem-estar humano.

Panorama mundial

Atmosfera

A Organização Mundial de Saúde (OMS) lista seis poluentes atmosféricos “clássicos”: CO, chumbo, dióxido de nitrogênio (NO2), Material Particulado em Suspensão (MPS) – incluindo poeira, fumos, neblinas e fumaça –, SO2 e ozônio troposférico (O3) (WHO, 1999). A queima de combustíveis fósseis e de bio-massa é a fonte mais significativa de poluentes at-mosféricos, tais como SO2, CO, certos óxidos de

ni-trogênio como NO e NO2 (conhecidos

coletivamen-te como NOx), os MPS, os compostos orgânicos vo-láteis (VOCs) e alguns metais pesados. Também constitui a maior fonte antropogênica de dióxido de carbono (CO2), um dos importantes gases de efeito estufa. Entre 1973 e 1998, o fornecimento total de energia aumentou 57% (ver gráfico na página se-guinte), a maior parte originada do petróleo, do gás natural e do carvão, enquanto a energia nuclear, a hidrelétrica e a proveniente de outros recursos reno-váveis desempenharam um papel secundário (IEA,

Poluição atmosférica e qualidade do ar

UNEP

, Angelo Dotto

, Italy

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2000). Os combustíveis usados variam de região para região – por exemplo, o gás natural predomina na Fe-deração Russa, enquanto o carvão fornece 73% da energia consumida na China (BP Amoco, 2000). A biomassa é uma importante fonte de energia no mun-do em desenvolvimento e é a principal fonte de polui-ção do ar em locais fechados nesses países (Holdren e Smith, 2000).

A chuva ácida tem sido um dos motivos de preocupação ambiental mais importantes nas últimas décadas, principalmente na Europa e na América do Norte (Rodhe e outros, 1995), e mais recentemente também na China (Seip e outros, 1999). Danos signifi-cativos em florestas européias tornaram-se uma ques-tão ambiental de alta prioridade por volta de 1980, enquanto milhares de lagos na Escandinávia perde-ram populações de peixes devido à acidificação que ocorreu entre as décadas de 1950 e de 1980. Em algu-mas partes da Europa, as emissões antropogênicas de SO2 que causaram chuvas ácidas foram reduzidas em quase 70% de seus valores máximos (EEA, 2001); também tem havido reduções de aproximadamente 40% nos Estados Unidos (US EPA, 2000). Essas re-duções causaram uma recuperação considerável do equilíbrio natural de ácido, ao menos na Europa. No sentido inverso, como conseqüência do uso crescen-te de carvão e outros combustíveis ricos em enxofre, as emissões cada vez maiores de SO2 na região da Ásia e Pacífico representam uma séria ameaça am-biental (UNEP, 1999).

As emissões de poluentes atmosféricos dimi-nuíram ou estabilizaram na maioria dos países indus-trializados, em grande parte como resultado de políti-cas de redução elaboradas e implementadas desde a década de 1970. Inicialmente, os governos tentaram aplicar instrumentos de controle direto, mas estes nem sempre foram eficazes quanto aos custos. Na década de 1980, as políticas eram mais direcionadas a meca-nismos de baixo custo de redução da poluição, base-ados em um compromisso entre o custo das medidas de proteção ambiental e o crescimento econômico. O princípio do “poluidor-pagador” tornou-se um con-ceito básico no planejamento de políticas ambientais. Recentemente, a elaboração de políticas, tan-to em âmbitan-to nacional como regional, tem-se funda-mentado em instrumentos econômicos e regulado-res, bem como no aprimoramento e na transferência de tecnologia para intensificar as reduções de emis-sões. No cenário internacional, um dos avanços polí-ticos mais importantes foi a Convenção sobre Polui-ção Atmosférica Transfronteiriça (Convention on Long-Range Transboundary Air Pollution – CLRTAP),

adotada em 1979. Por meio de uma série de protoco-los que estabelecem metas de redução para os princi-pais poluentes atmosféricos, esse tratado foi o cata-lisador dos governos da Europa, do Canadá e dos Estados Unidos na implementação de políticas naci-onais de redução de emissões (ECE, 1995). O mais recente é o Protocolo de 1999 para reduzir os níveis de

10.000 0 1971 1998 8.000 6.000 4.000 2.000 1974 1977 1980 1983 1986 1989 1992 1995

carvão combustíveis renováveis e resíduos nuclear

petróleo gás hidráulica

acidificação, eutroficação e de ozônio troposférico (1999 Protocol to Abate Acidification, Eutrophication and Ground-Level Ozone), que estabelece novas me-tas de redução para emissões de SO2, NOx, VOCs e amônia (NH3) (ECE, 2000).

A regulamentação ambiental mais rígida nos países industrializados desencadeou a introdução de

Na reserva mundial de energia ainda predominam os combustíveis fósseis (carvão, petróleo e gás). Fonte: IEA, 2000 Reserva mundial de energia, por combustível

(milhões de toneladas de equivalente de petróleo/ano)

Os impactos associados à poluição atmosférica

As substâncias nocivas emitidas na atmosfera afetam tanto a saúde humana quanto os ecossistemas. Estima-se que a poluição atmosférica ao ar livre e de lugares fechados seja responsável por aproximadamente 5% da carga mundial de doenças. A poluição do ar agrava, e possivelmente até causa, asma e outras doenças respiratórias alérgicas. Os resultados negativos de gestações, tais como o nascimento de bebês mortos e baixo peso de recém-nascidos, também têm sido associados à poluição atmosférica (Holdren e Smith, 2000). Calcula-se que, nos países em desenvolvimento, cerca de 1,9 milhão de pessoas morrem anualmente em conseqüência da exposição a altas concentrações de partículas em suspensão (MSP) no ambiente atmosférico de lugares fechados em áreas rurais, enquanto a mortalidade causada pelos níveis de concentração de SPM e de SO ao ar livre chega a aproximadamente 500 mil pessoas a cada ano. Também estão surgindo provas de que partículas com um diâmetro aerodinâmico médio inferior a 2,5 µm (PM ) afetam a saúde humana de forma considerável (WHO, 1999).

O depósito de ácidos é uma das causas de acidificação do solo e da água, que resulta em menores quantidades de peixes, em uma menor diversidade em lagos sensíveis a ácidos e na degradação de florestas e solos. O excesso de nitrogênio (na forma de nitrato e/ ou amônio) promove a eutroficação, principalmente nas áreas costeiras. A chuva ácida causa danos aos ecossistemas, provoca desfolhamento, corrosão de monumentos e edifícios históricos, além de reduzir os rendimentos agrícolas.

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tecnologias mais limpas e melhorias tecnológicas, principalmente nos setores energético e de transpor-te. Neste último, foi alcançada uma redução significa-tiva das emissões nocivas devido à melhoria do ciclo de combustão dos motores, a uma maior eficiência dos combustíveis e à introdução generalizada de catalisadores (Holdren e Smith, 2000). As emissões de chumbo provenientes dos aditivos na gasolina caíram para zero em muitos países industrializados (EEA, 1999; US EPA, 2000). Nos países em desenvol-vimento, no entanto, as fontes de emissões são mais variadas e incluem usinas de energia altamente poluidoras, a indústria pesada, veículos e a combus-tão doméstica de carvão, lenha e biomassa. Embora as emissões de poluentes possam ser consideravel-mente reduzidas a um custo baixo, poucas nações em desenvolvimento fizeram ao menos pequenos inves-timentos em medidas de redução da poluição, ainda que os benefícios gerados por tais medidas para o meio ambiente e a saúde da população sejam eviden-tes (Holdren e Smith, 2000; World Bank, 1997).

Embora tenha sido alcançado um progresso mensurável na redução de emissões industriais ao menos nos países desenvolvidos, o transporte tor-nou-se uma das maiores fontes de poluição atmosfé-rica (particularmente causada por NOx e diversos com-postos de carbono) em muitos países. As altas con-centrações desses compostos na atmosfera de áreas urbanas podem, sob certas condições climáticas, re-sultar em uma névoa fotoquímica que afeta grave-mente a saúde humana. Em muitos centros urbanos e áreas adjacentes, as concentrações elevadas de O3 troposférico são mais um problema. O ozônio troposférico antropogênico pode ser produzido em reações químicas entre NOx e VOCs em dias quentes e ensolarados, principalmente em áreas urbanas e in-dustriais e em regiões propensas a massas de ar es-tagnado. Essa produção de ozônio pode ter implica-ções extensas, uma vez que foi descoberto que as moléculas de O3 viajam por grandes distâncias (até 800 km) a partir das fontes de emissão (CEC, 1997). As concentrações de O3 troposférico em amplas áreas da Europa e em algumas áreas da América do Norte são tão elevadas que não apenas ameaçam a saúde hu-mana, mas também afetam a vegetação. Por exemplo, calculou-se que nos Estados Unidos o custo das re-duções dos rendimentos agrícolas e de florestas co-merciais causadas pelo ozônio troposférico excede US$ 500 milhões ao ano (US EPA, 2000).

A poluição atmosférica urbana é um dos pro-blemas ambientais mais relevantes. Na maior parte das cidades européias e da América do Norte, as

con-centrações de SO2 e MPS diminuíram de forma subs-tancial nos últimos anos (Fenger, 1999; US EPA, 2000). Contudo, em muitos países em desenvolvimento, a urbanização acelerada resultou em uma maior polui-ção do ar em muitas cidades (Fenger, 1999), as diretri-zes da OMS para a qualidade do ar freqüentemente não são cumpridas e prevalecem os altos níveis de SPM em megalópoles como Beijing, Calcutá, Cidade do México e Rio de Janeiro (World Bank, 2001).

Por último, uma questão de preocupação mun-dial refere-se aos poluentes orgânicos persistentes (POPs). Sabe-se que essas substâncias se degradam lentamente e podem ser transportadas pela atmosfera por longas distâncias (ver ilustração acima). Encon-tram-se altas concentrações de alguns POPs em áre-as polares (Schindler, 1999; Máre-asclet e outros, 2000; Espeland e outros, 1997), o que possivelmente causa impactos ambientais regionais sérios. Esses compos-tos também podem ficar acumulados na gordura de animais, representando um risco à saúde. A Conven-ção de Estocolmo sobre Poluentes Orgânicos Persis-tentes, adotada em maio de 2001, estabelece medidas de controle que abrangem o manejo de pesticidas, produtos químicos industriais e derivados não inten-cionais. As cláusulas de controle exigem a eliminação da produção e do uso de POPs produzidos intencio-nalmente, bem como a eliminação, quando viável, de POPs produzidos involuntariamente (UNEP, 2001).

A proteção da camada de ozônio da Terra tem sido um dos maiores desafios nos últimos trinta anos, abran-gendo as áreas de meio ambiente, comércio,

coopera-A destruição do ozônio estratosférico

latitudes médias ciclos periódicos de sedimentação e evaporação latitudes altas sedimentação > evaporação destilação global com fracionamento de acordo com a mobilidade global transporte atmosférico de longo alcance transporte oceânico de longo alcance alta mobilidade mobilidade relativamente alta mobilidade relativamente baixa baixa mobilidade baixas latitudes evaporação > sedimentação degradação e retenção permanente “grasshopping” fracionamento por trocas entre ar e superfície

Os poluentes orgânicos persistentes se espalham por meio de uma variedade de mecanismos a diferentes latitudes.

Fonte: Wania e Mackay, 1996

Migração de poluentes orgânicos persistentes

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1.200.000 0 1970 1973 1976 1979 1982 1985 1988 1991 1994 19971999 1.000.000 800.000 600.000 400.000 200.000 CFC-113 CFC-12 CFC-11

ção internacional e desenvolvimento sustentável. A diminuição da camada de ozônio ameaça a saúde hu-mana por meio de doenças como câncer de pele, cata-rata ocular e imunodeficiência, afeta a flora e a fauna e também influi no clima do planeta. A destruição da camada de ozônio é causada por diversas substânci-as químicsubstânci-as, conhecidsubstânci-as como substâncisubstânci-as que des-troem a camada de ozônio (SDO), das quais as mais notórias são os clorofluorocarbonos (CFCs). Em 1974, os resultados de estudos que associam a destruição do ozônio estratosférico à liberação de íons de cloreto na estratosfera a partir de CFCs foram disponibili-zados ao público (Molina e Rowland, 1974). As SDO são usadas em refrigeradores, aparelhos de ar-con-dicionado, aerossóis, espumas isolantes e de mó-veis e equipamentos de combate a incêndios. Sua produção teve seu ápice no fim da década de 1980, quando aumentou a demanda por tais produtos (ver gráfico acima).

A destruição da camada de ozônio da Terra chegou a níveis recorde atualmente, principalmente na Antártida e, mais recentemente, também no Ártico. Em setembro de 2000, o buraco da camada de ozônio sobre a Antártida cobria mais de 28 milhões de quilô-metros quadrados (WMO, 2000; NASA, 2001). Atu-almente, a média das perdas de ozônio é de 6% nas latitudes médias do Hemisfério Norte no inverno e na primavera, 5% nas latitudes médias do Hemisfério Sul

Produção mundial dos principais clorofluorocarbonos (toneladas/ano)

A produção mundial dos três principais CFCs chegou ao máximo por volta de 1988 e desde então tem diminuído para níveis muito baixos. Fonte: AFEAS, 2001

durante o ano todo, 50% na primavera antártica e 15% na primavera ártica. Os aumentos resultantes na irra-diação de raios ultravioletas nocivos chegam a 7%, 6%, 130% e 22%, respectivamente (UNEP, 2000a).

Entretanto, devido aos esforços contínuos da comunidade internacional, o consumo global de SDO diminuiu de forma notável, e prevê-se que a camada de ozônio começará a se recuperar em uma ou duas décadas e retornará aos níveis anteriores a 1980 até meados do século XXI, se todos os países aderirem a todas as medidas de controle futuras do Protocolo de Montreal (UNEP, 2000a).

A cooperação internacional tem sido a chave para a proteção da camada de ozônio estratosférico. As nações concordaram, em princípio, em combater um problema global antes que seus efeitos se tornas-sem evidentes ou que sua existência fosse cientifica-mente comprovada – provavelcientifica-mente, o primeiro exem-plo de aceitação da abordagem baseada na precau-ção (UNEP, 2000a).

A ação internacional começou seriamente em 1975, quando o Conselho Governamental do PNUMA convocou uma reunião para coordenar as atividades de proteção da camada de ozônio. Um Comitê de Co-ordenação sobre a Camada de Ozônio foi estabeleci-do no ano seguinte para encarregar-se de uma análi-se científica anual. Em 1977, os Estados Unidos proi-biram o uso de CFCs em aerossóis não-essenciais. O Canadá, a Noruega e a Suécia logo aplicaram medidas de controle similares. A Comunidade Européia (CE) conteve a capacidade de produção de aerossóis e começou a limitar seu uso. Tais iniciativas, embora

O buraco da camada de ozônio sobre a Antártida quebra um novo recorde

O buraco da camada de ozônio atingiu um tamanho recorde em setembro de 2000 – 28,3 milhões de km², três vezes a área territorial dos Estados Unidos. As áreas em azul escuro indicam níveis elevados da destruição do ozônio.

Fonte: NASA, 2001

Reimpresso com a permissão de Paul A. Newman

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úteis, ofereceram apenas um alívio temporário. Após diminuir por vários anos, o consumo de CFC coçou a aumentar novamente na década de 1980, à me-dida que aumentaram seus usos não-aerossóis, como em espumas, solventes e produtos refrigerantes. Fo-ram necessárias medidas mais rígidas de controle: o PNUMA e diversos países desenvolvidos tomaram a iniciativa de propor a assinatura de um tratado mun-dial sobre a proteção da camada de ozônio estratosférico (Benedick, 1998).

A Convenção de Viena para a Proteção da Camada de Ozônio foi finalmente assinada por 28 pa-íses em março de 1985. O documento promoveu a cooperação internacional em relação a pesquisa,

ob-1959 320 330 340 350 360 370 380 300 310 1961 1963 1965 1967 1969 1971 1973 1975 1977 1979 1981 1983 1985 1987 1989 1991 1993 1995 1997 1999 2001

Concentração de dióxido de carbono em Mauna Loa, Havaí (partes por milhões por volume)

Os registros de Mauna Loa, Havaí, mostram como a concentração de CO2 tem aumentado. Esse aumento se deve principalmente às emissões antropogênicas resultantes da queima de combustíveis fósseis. Fonte: Keeling e Whorf, 2001

servação sistemática da camada de ozônio, monitoramento da produção de SDO e intercâmbio de informações. Em setembro de 1987, 46 países ado-taram o Protocolo de Montreal sobre Substâncias que Destroem a Camada de Ozônio (até dezembro de 2001, 182 partes haviam ratificado a Convenção de Viena e 181 partes, o Protocolo de Montreal).

O Protocolo original exigia apenas um corte de 50% no consumo de cinco CFCs amplamente uti-lizados até dezembro de 1999, bem como uma parali-sação do consumo de três halons. Avaliações cien-tíficas regulares foram a base para emendas e ajus-tes posteriores ao Protocolo, introduzidas em Lon-dres (1990), Copenhague (1992), Viena (1995), Mon-treal (1997) e Beijing (1999). Até o ano 2000, 96 subs-tâncias químicas estavam sujeitas a controle (Sabogal, 2000).

A maior parte das SDO – entre elas todas as substâncias especificadas no Protocolo original – foi eliminada nos países industrializados até o final de 1995. O Protocolo oferece um período de carência de dez

anos para os países em desenvolvimento e o mecanis-mo financeiro (o Fundo Multilateral para o Protocolo de Montreal) para arcar com os custos de eliminar as SDO, realizando dessa forma o princípio de responsa-bilidade comum, porém diferenciada. Até o ano 2000, o Fundo Multilateral havia desembolsado mais de US$ 1,1 bilhão para projetos de capacitação e eliminação de SDO em 114 países em desenvolvimento.

Quase todos os signatários do Protocolo de Montreal adotaram as medidas para eliminar as SDO. Conseqüentemente, o consumo total de SDO havia sido reduzido em 85% no ano 2000 (UNEP, 2000b).

A comunidade científica está ciente do “efeito estu-fa” natural há mais de um século (Arrhenius, 1896): a Terra mantém sua temperatura em equilíbrio por meio de uma delicada relação entre a energia solar (radia-ção de ondas curtas) que absorve e a energia infravermelha (radiação de ondas longas) que emite, parte da qual escapa para o espaço. Os gases de efei-to estufa (vapor d’água, dióxido de carbono, metano e outros) permitem que a radiação solar passe através da atmosfera terrestre quase sem obstáculo, mas ab-sorvem a radiação infravermelha proveniente da su-perfície da Terra e então irradiam novamente uma par-te dela de volta ao planeta. Esse efeito estufa natural mantém a temperatura da superfície cerca de 33ºC mais quente do que seria em sua ausência – o que é quente o suficiente para sustentar a vida.

Desde a revolução industrial, a concentração de CO2 (um dos principais gases de efeito estufa) na atmosfera aumentou de forma significativa (ver gráfi-co à esquerda, que reflete o crescimento desde que as medições diretas tiveram início, em 1957). Esse aumento contribuiu para um efeito estufa maior, co-nhecido como “aquecimento global”.

Atualmente, a concentração de CO2 na atmos-fera é de aproximadamente 370 partes por milhão (ppm) – um aumento de mais de 30% desde 1750. Esse au-mento deve-se, em grande parte, a emissões

antro-pogênicas de CO2 provenientes da queima de

com-bustíveis fósseis e, em um grau menor, a mudanças no uso da terra, à produção de cimento e à combus-tão de biomassa (IPCC, 2001a). Embora o CO2 seja responsável por mais de 60% do efeito estufa adicio-nal acumulado desde a industrialização, as concen-trações de outros gases de efeito estufa, tais como o metano (CH4), o óxido nitroso (N2O), halocarbonos e halons, também aumentaram. Em comparação com o

Os gases de efeito estufa e a mudança

climática

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CO2, o CH4 e o N2O contribuíram com cerca de 20% e 6-7%, respectivamente, para o efeito estufa adicional. Os halocarbonos contribuíram com aproximadamen-te 14%. Muitas dessas substâncias químicas são re-gulamentadas pelo Protocolo de Montreal (ver aci-ma). No entanto, as substâncias cujo potencial de destruição da camada de ozônio é insignificante não são controladas pelo Protocolo. Embora tenham sido responsáveis por menos de 1% do efeito estufa adici-onal desde a industrialização, suas concentrações na atmosfera estão aumentando (IPCC, 2001a).

As emissões de gases de efeito estufa são distribuídas de forma desigual entre os países e as regiões. Em geral, os países industrializados são res-ponsáveis pela maioria das emissões passadas e pre-sentes. Os países da OCDE contribuíram com mais da metade das emissões de CO2 em 1998, com uma emis-são média per capita de aproximadamente três vezes a média mundial. Porém, a proporção das emissões globais de CO2 por parte dos países da OCDE dimi-nuiu em 11% desde 1973 (IEA, 2000).

Ao avaliar o possível impacto das concen-trações crescentes de gases de efeito estufa na at-mosfera, o Painel Intergovernamental sobre Mudan-ça do Clima (IPCC) concluiu, em 2001, que havia então uma nova e mais forte evidência de que a maior par-te do aquecimento observado nos últimos cinqüen-ta anos atribui-se a atividades humanas. O aqueci-mento global chegou a cerca de 0,6 (±0,2) ºC durante o século XX; a década de 1990 foi, “muito provavel-mente”, a mais quente e 1998 foi o ano mais quente nos registros oficiais, mantidos desde 1861. Grande parte do aumento do nível do mar nos últimos cem anos (cerca de 10 a 20 cm) provavelmente esteve re-lacionada com o aumento simultâneo da temperatu-ra global (IPCC, 2001a).

Tanto os ecossistemas como a saúde huma-na e a economia são sensíveis a mudanças no clima – não somente quanto à magnitude dessas mudan-ças, como também quanto ao seu ritmo. Enquanto muitas regiões provavelmente sofrem os efeitos ne-gativos da mudança climática – alguns dos quais são potencialmente irreversíveis –, alguns efeitos poderiam ser benéficos para outras regiões. A mu-dança do clima representa um estresse adicional importante aos ecossistemas já afetados por cres-centes demandas por recursos, práticas de manejo não-sustentável e poluição.

Alguns dos primeiros resultados das mudan-ças do clima podem servir como indicadores. Diver-sos sistemas vulneráveis, tais como os recifes de co-ral, estão seriamente ameaçados pela maior

tempera-tura do mar (IPCC, 2001b), e algumas populações de pássaros migratórios têm diminuído devido a varia-ções desfavoráveis nas condivaria-ções climáticas (Sillett, Holmes e Sherry, 2000). Além disso, a mudança do clima provavelmente afeta a saúde e o bem-estar hu-manos por meio de vários mecanismos. Por exemplo, a mudança climática pode afetar de forma negativa a disponibilidade de água doce, a produção de alimen-tos e a distribuição e propagação sazonal de doenças infecciosas de transmissão vetorial, como a malária, a dengue e a esquistossomose. O estresse adicional da mudança climática irá atuar de formas diferentes nas regiões. Pode-se esperar que esse fator reduza a ca-pacidade de alguns sistemas ambientais de fornecer,

Emissões de dióxido de carbono por região, 1998 (milhões de toneladas de carbono/ano)

de forma sustentada, bens e serviços importantes necessários ao êxito do desenvolvimento econômico e social, incluindo alimentos adequados, ar e água limpos, energia, abrigo seguro e baixos níveis de do-enças (IPCC, 2001b).

A Convenção Quadro das Nações Unidas so-bre Mudança do Clima (UNFCCC), adotada na Con-ferência das Nações Unidas para o Meio Ambiente e Desenvolvimento (CNUMAD) em 1992 (ver Capítulo 1), tem como objetivo último “a estabilização das con-centrações de gases de efeito estufa na atmosfera a um nível que impeça interferências antrópicas peri-gosas no sistema climático” (UNFCCC, 1992). A Con-venção define ainda diversos princípios de importân-cia fundamental, por exemplo, que as partes devem tomar medidas de precaução e agir “com base na igual-dade e de acordo com suas responsabiliigual-dades co-muns, porém diferenciadas”. Por se tratar de uma con-venção quadro, a UNFCCC continha apenas uma

re-As emissões antropogênicas de gás de efeito estufa se distribuem de forma desigual entre as regiões – a maioria das emissões provém das regiões industrializadas. Os números incluem emissões por consumo de combustível, queima de gás e produção de cimento. Fonte: dados compilados de Marland, Boden e Andres, 2001

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comendação não-vinculante para que os países in-dustrializados reduzissem aos níveis registrados em 1990 as emissões de CO2 e outros gases de efeito estufa (não controlados pelo Protocolo de Montreal) até o ano 2000 (UNFCCC, 1992). No entanto, a maioria deles não reduziu as emissões antropogênicas de gases de efeito estufa aos níveis registrados em 1990 (UNFCCC, 2001). Em geral, as emissões globais de quase todos os gases de efeito estufa antropogênico, particularmente o CO2, continuam aumentando (IEA, 2000), o que reflete a inadequação das políticas e medidas nacionais e internacionais para tratar a ques-tão da mudança do clima.

Em seu Segundo Relatório de Avaliação, o IPCC declarou que “o exame das evidências” sugere que há uma influência humana perceptível no clima global” (IPCC, 1996). Essa afirmação sem equívocos forneceu a base científica para a adoção do Protocolo de Quioto à UNFCCC em dezembro de 1997. O

proto-colo contém, pela primeira vez, metas de redução da emissão de gases de efeito estufa para a maior parte dos países industrializados. As metas, porém, variam de uma obrigação de reduzir as emissões em 8% (para a União Européia e muitos países da Europa Central) até uma permissão de aumentar as emissões em 10% (Islândia) e 8% (Austrália). Em geral, exige-se que os países industrializados reduzam o total de suas emis-sões em ao menos 5% abaixo do nível registrado em 1990 durante o período de 2008 a 2012. Não foram introduzidas novas obrigações para os países em desenvolvimento. O Protocolo de Quioto também permite a implementação coletiva de obrigações por meio da aplicação dos chamados “mecanismos de Quioto”. Tais mecanismos procuram oferecer “flexi-bilidade geográfica” e reduzir os custos do cumpri-mento das metas de Quioto. Por exemplo, um deles – o Mecanismo de Desenvolvimento Limpo – permite que os países industrializados recebam créditos de emissão para realizar projetos que visem a redução de emissões de gases de efeito estufa em países em de-senvolvimento (UNFCCC, 1997).

Os custos estimados para os países industria-lizados implementarem o Protocolo de Quioto variam entre 0,1% e 2% de seu PIB em 2010 (IPCC, 2001c), e o impacto maior recai sobre as economias mais depen-dentes de combustíveis fósseis. Em vista da perspec-tiva de tais perdas econômicas, algumas nações in-dustrializadas prejudicaram os compromissos assu-midos em Quioto e o Protocolo como um todo. Os debates sobre as regras e as modalidades da imple-mentação do Protocolo prosseguiram até a VI Confe-rência das Partes da UNFCCC, realizada em novem-bro de 2000, em Haia. Como as partes negociadoras ainda falharam na obtenção de um consenso, a con-ferência foi suspensa, e as partes decidiram retomar as negociações em 2001. O ponto decisivo da discus-são mundial ocorreu em março de 2001, quando o governo dos Estados Unidos decidiu não introduzir restrição legal alguma às emissões antropogênicas de gases de efeito estufa, conforme sugerido pelo Protocolo de Quioto. O governo dos Estados Uni-dos declarou, assim, sua oposição ao Protocolo, afir-mando que considerava o documento “irremedia-velmente falho”, uma vez que causaria danos à eco-nomia do país e isentaria os países em desenvolvi-mento de participar de forma plena (Coon, 2001). Tal decisão significou que os Estados Unidos – um dos principais emissores de CO2 – não ratificariam o Pro-tocolo de Quioto.

O Protocolo de Quioto nunca teria entrado em vigor se outros países desenvolvidos tivessem ado-O histórico da cooperação internacional sobre mudança do

clima

No início da década de 1970, a comunidade científica começou a atrair a atenção dos formuladores de políticas para o aquecimento global como uma ameaça mundial crescente (SCEP, 1970). No entanto, seus apelos foram inicialmente ignorados, e, à medida que as economias cresciam, uma maior quantidade de combustíveis fósseis era queimada, desmatavam-se mais áreas de florestas para uso agrícola e se produziam mais halocarbonos. Foram necessários mais vinte anos de esforços contínuos por parte de cientistas, ONGs, organismos internacionais e diversos governos para fazer com que a comunidade internacional concordasse em coordenar ações para tratar do problema da mudança climática.

Em geral, considera-se que a Conferência de Estocolmo foi o ponto de partida dos esforços internacionais sobre variações climáticas e mudanças do clima (UN, 1972). Em 1979, na Primeira Conferência Mundial sobre o Clima, realizada em Genebra, expressou-se a preocupação com o patrimônio atmosférico comum. Compareceu ao evento principalmente a comunidade científica, e os formuladores de políticas deram pouca atenção à Conferência. Na década de 1980, uma série de conferências e workshops foi realizada em Villach, Áustria, em que foram consideradas as possíveis conseqüências de emissões futuras de todos os gases de efeito estufa importantes. Na Conferência de Villach de 1985, um grupo internacional de especialistas científicos chegou a um consenso sobre a seriedade do problema e o perigo de um aquecimento significativo do planeta (WMO, 1986).

Como resultado de uma crescente pressão do público e das advertências da Comissão Brundtland (WCED, 1987), o problema da mudança do clima global foi incluído na agenda política de diversos governos. Houve um avanço diplomático na Conferência sobre as Alterações na Atmosfera, realizada em Toronto em 1988, da qual surgiu uma recomendação que instava as nações desenvolvidas a, até o ano 2005, reduzirem as emissões de CO em 20% a partir dos níveis registrados em 1988. Poucos meses depois, a OMM e o PNUMA estabeleceram conjuntamente o IPCC, com o objetivo de analisar o conhecimento científico sobre a mudança do clima, seus impactos e seus aspectos econômicos, bem como sobre as possíveis medidas de diminuição da mudança do clima e/ou de adaptação a ela. Os estudos do IPCC, principalmente os três extensos Relatórios de Avaliação de 1990, 1995 e 2001, abrangeram todas as diferentes facetas da mudança climática.

(8)

tado o mesmo posicionamento. No entanto, na conti-nuação da VI Conferência das Partes (COP-6 Parte II) realizada em Bonn, Alemanha, em julho de 2001, as partes (com exceção dos Estados Unidos) concluí-ram com êxito as negociações que visavam estabele-cer os detalhes operacionais para os compromissos de reduzir as emissões de gases de efeito estufa. Tam-bém chegaram a um acordo sobre ações para fortale-cer a implementação da própria UNFCCC. A decisão política – ou Acordo de Bonn – foi adotada formal-mente pela COP em 25 de julho de 2001. Muitos o consideraram um acordo político “histórico” que sal-vou o Protocolo de Quioto e preparou o terreno para sua ratificação, embora fosse claramente reconheci-do que esse era apenas um pequeno passo para a solução do problema mundial. As discussões tam-bém resultaram em uma Declaração Política da União Européia, do Canadá, da Islândia, da Noruega, da Nova Zelândia e da Suíça sobre ajuda financeira para países em desenvolvimento. Essa Declaração inclui um compromisso de oferecer uma contribuição anual de US$ 410 milhões até 2005 (IISD, 2001a).

Logo após a COP-6 Parte II, os negociadores em matéria de mudança climática da COP-7, reunidos

em Marrakesh em outubro/novembro de 2001, finali-zaram as questões de entendimento relativas ao acor-do político concluíacor-do em Bonn. Entre tais questões, vale citar um sistema de cumprimento, os “mecanis-mos de Quioto”, a responsabilização, a elaboração de relatórios e análise de informações no âmbito do Protocolo de Quioto, além de outros (os chamados “Acordos de Marrakesh”). O acordo alcançado em Marrakesh não apenas permite a ratificação do Proto-colo de Quioto em um futuro próximo, como também servirá de base para uma abordagem abrangente mul-tilateral que pode e deve continuar além desse Proto-colo (IISD, 2001b).

Atingir as metas de Quioto será apenas um primeiro passo no enfrentamento do problema da mudança climática, pois terá um efeito marginal sobre a concentração de gases de efeito estufa na atmosfe-ra. Mesmo se, a longo prazo, for alcançada a estabi-lização das concentrações de gases de efeito estufa na atmosfera, o aquecimento continuará por várias décadas, e os níveis dos oceanos continuarão subin-do por séculos, o que causará sérias conseqüências a milhões de pessoas (IPCC, 2001a, b).

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Atmosfera: África

O clima do continente africano é variado. As condi-ções tropicais úmidas prevalecem na África Ociden-tal e na África Central, bem como nas ilhas do Oceano Índico Ocidental; a maior parte dos países da África Meridional apresenta condições áridas e semi-áridas, enquanto os semidesertos e desertos são caracterís-ticas do Norte da África. A região sofre um alto grau de variabilidade e incerteza quanto às condições cli-máticas. A variabilidade climática é, portanto, o fenô-meno atmosférico mais importante na África.

Em comparação com outras regiões, os países africanos emitem quantidades insignificantes de poluentes atmosféricos e gases de efeito estufa antropogênico. Por exemplo, a África contribui com menos de 3,5% das emissões globais de CO2 (Marland, Boden e Andres, 2001). No entanto, a poluição at-mosférica antropogênica é um problema no Norte da África e na África Meridional, assim como em alguns grandes centros urbanos.

A África do Sul contribuiu com 42% do total de

emis-sões de CO2 na região em 1998 (Marland, Boden e

Andres, 2001); alguns países do Norte da África, em que o consumo total de energia aumentou 44% de 1980 a 1998 (OAPEC, 1999), também têm uma partici-pação considerável. O subsídio à produção de eletri-cidade, a promoção de estratégias econômicas de desenvolvimento industrial e um maior consumo con-tribuíram para elevar os níveis de emissões em algu-mas áreas. Por exemplo, nas Ilhas Maurício o consu-mo total de energia dobrou entre 1990 e 1998, e as emissões de CO2 aumentaram em 23% de 1991 a 1995 (UNCHS, 1996).

Um rápido aumento no número de automóveis particulares e as precárias condições de muitos veí-culos comerciais e particulares são motivos adicio-nais de preocupação. As emissões por veículos são a principal fonte de poluição por chumbo, além de cau-sarem poluição por poeira, barulho e fumaça. Foram implementadas políticas na Argélia, nas Ilhas Mau-rício e no Marrocos, com o objetivo de promover a conversão para veículos mais novos, menos polui-dores (Government of Mauritius, 1990), e o combus-tível sem chumbo tem sido promovido ou até mesmo subsidiado no Egito, na África do Sul e na Tunísia (World Bank, 2001a). Os processos industriais tam-bém são fontes significativas de poluição

atmosfé-Qualidade do ar

rica, principalmente em grandes centros urbanos, onde os poluentes às vezes se combinam, criando névoa tóxica.

No Norte da África, nas ilhas do Oceano Índico Ocidental, na África Meridional e em alguns grandes centros urbanos (como Lagos), a incidência de doenças respiratórias está aumentando, o que re-flete uma deterioração da qualidade do ar. As princi-pais causas são a queima de carvão, madeira, quero-sene (parafina), esterco e lixo em locais fechados, para as necessidades familiares, além das emissões por veículos e indústrias. Na África Subsaariana, os com-bustíveis tradicionais corresponderam a 63,5% do uso total de energia em 1997 (World Bank, 2001b).

Muitos países prepararam Planos Nacionais de Ação Ambiental ou Estratégias Nacionais para o Desenvolvimento Sustentável que tratam, entre ou-tras coisas, das fontes e dos impactos da poluição atmosférica. Gana, Quênia, África do Sul, Uganda e Zâmbia estão entre os países que introduziram leis que tornam obrigatórias as Avaliações de Impacto Ambiental para projetos de desenvolvimento, tais como construção de estradas, exploração de minas e operações industriais com alto potencial de emissões de poluentes atmosféricos (Government of Ghana, 1994, Government of Kenya, 1999; Republic of South Africa, 1989; Government of Uganda, 1995; Government of Zambia, 1990).

A variabilidade climática e as inundações e secas as-sociadas resultam em maiores riscos de perda de co-lheitas – e, portanto, segurança alimentar reduzida – e níveis mais elevados de desnutrição e doenças. Na Etiópia, por exemplo, a seca ocorrida em 1984 afetou

Variabilidade climática e vulnerabilidade a

mudanças do clima

(11)

8,7 milhões de pessoas, 1 milhão de pessoas mor-reram e outras milhões sofmor-reram com a desnutrição e a fome. Essa seca também causou a morte de apro-ximadamente 1,5 milhão de cabeças de gado (FAO, 2000). A seca do período de 1991-1992 na África Meridional provocou uma redução de 54% na co-lheita de cereais e expôs mais de 17 milhões de pes-soas ao risco de inanição (Calliham, Eriksen e Herrick, 1994). Mais de 100 mil pessoas morreram na seca ocorrida na região do Sahel nas décadas de 1970 e 1980 (Wijkman e Timberlake, 1984). As quedas nas colheitas e a perda de gado levaram a uma maior dependência de produtos importados e da ajuda internacional, o que reduziu o desempenho da eco-nomia e a capacidade de lidar com futuros desas-tres ambientais.

Em 1997 e 1998, partes da África Oriental so-freram elevados níveis de precipitação e inundações devido a oscilações ocorridas no Hemisfério Sul em

Os impactos previstos da mudança climática global agravam a vulnerabilidade da região a desas-tres naturais. De acordo com o IPCC, a África é a região mais vulnerável em termos de diminuições previstas da segurança dos alimentos e da água, porque a po-breza generalizada limita sua capacidade de adaptação (IPCC, 1998). As mudanças nos níveis de precipitação também poderiam ter conseqüências graves nas áreas africanas que dependem de energia hidrelétrica.

O aumento previsto do nível do mar causado pela mudança climática global pode ameaçar muitos assentamentos costeiros e ilhas, incluindo as ilhas do Oceano Índico Ocidental. O grau de aumento do nível do mar ainda é incerto, mas as estimativas mais recentes do IPCC (2001a) estão entre 10 cm e 94 cm até o ano de 2100. Mesmo se as emissões de gases de efeito estufa antropogênico fossem estabilizadas ime-diatamente, o nível do mar continuaria subindo por muitos anos. O IPCC prevê ainda que a intensidade dos ciclones, das chuvas e do vento provavelmente aumentará (IPCC 2001a) e que a zona de ciclones no Oceano Índico Ocidental poderá expandir-se, abran-gendo as Ilhas Seicheles (UNEP, 1999).

As mudanças nos níveis de precipitação e nos padrões de temperatura também poderiam alterar a biodiversidade, e muitas espécies não seriam capa-zes de adaptar-se ou de migrar para áreas mais ade-quadas. A WWF prevê que uma queda prevista de 5% nos níveis de precipitação na África Meridional afetará espécies que dependem de pastagens, como antílopes, gnus e zebras, ameaçando a vida silvestre no Parque Nacional de Kruger, África do Sul, o delta de Okavango, em Botsuana, e o Parque Nacional de Hwange, no Zimbábue. Também há receios de que poderia haver disseminação de malária para novas áreas, como partes do leste da Namíbia e norte da África do Sul (WWF, 1996).

A capacidade da região de adaptar-se a mu-danças climáticas dependerá de diversos fatores, en-tre os quais o crescimento da população e padrões de consumo, que afetarão a demanda por alimentos e água, bem como a localização das populações e a infra-estrutura em relação a áreas costeiras vulnerá-veis, que determinará as perdas econômicas devido ao aumento do nível do mar. Muitos países precisa-rão mudar suas práticas agrícolas, particularmente para reduzir a dependência da agricultura sem irriga-ção artificial, e evitar o cultivo em áreas marginais. As comunidades rurais que atualmente dependem de biomassa para obter energia podem ser forçadas a buscar fontes alternativas se as mudanças climáticas modificarem o tipo e a distribuição da vegetação. 0,3 0,4 0,5 0,6 0,8 0,9 0,0 0,1 0,2 1972 0,7 1974 1976 1978 1980 1982 1984 1986 1988 1990 1992 1994 1996 1998 Toda a África África Central África Ocidental África Oriental

Norte da África África Meridional Oceano Índico Ocidental

conseqüência do fenômeno El Niño, conhecidas co-letivamente por ENOS (El Niño - Oscilação Sul). Em 1999 e 2000, a África Meridional e as ilhas do Oceano Índico Ocidental sofreram inundações e ci-clones devastadores. A água de inundações é o ha-bitat ideal para bactérias e mosquitos. Em Uganda, as inundações provocadas pela ENOS em 1997-1998 causaram mais de 500 mortes em conseqüência do cólera, e mais 11 mil pessoas foram hospitalizadas (NEMA, 1999).

Acredita-se que o aumento de entre 1ºC e 1,5ºC da temperatura do mar devido às perturbações causadas pela ENOS tenha sido a causa da descolo-ração de até 30% dos corais em Comoros, 80% nas Ilhas Seicheles (PRE/COI, 1998), e 90% no Quênia e na Tanzânia (Obura e outros, 2000).

A África contribui com menos de 3,5% das emissões globais de CO2; o Norte da África e a África Meridional são responsáveis por mais de 80% das emissões regionais. Fonte: dados compilados de Marland, Boden e Andrés, 2001

Emissões de dióxido de carbono per capita: África (toneladas de carbono per capita/ano)

(12)

Quase todos os países africanos ratificaram a UNFCCC, e muitos deles são a favor do Protocolo de Quioto. Os países africanos podem se beneficiar com os mecanismos de cooperação internacional propos-tos no Protocolo. Os países ricos em florestas natu-rais (como os da África Ocidental e África Central) também podem fazer acordos com países industriali-zados sobre transferência de redução de emissões, que contribuirão para suas próprias economias e apoi-arão o desenvolvimento. Em geral, os países africa-nos têm interesse em que se tome uma decisão que garanta que os mecanismos adotados facilitem o de-senvolvimento sustentável na África, produzam be-nefícios para o sistema climático, facilitem a adapta-ção da África a mudanças climáticas e resultem em projetos que acelerem o crescimento socioeconômico (IISD, 2000). Argélia, Cabo Verde, Costa do Marfim, Egito, Gana, Lesoto, Mali, Maurício, Níger, Senegal, Seicheles e Zimbábue elaboraram Comunicações Na-cionais à UNFCCC (UNFCCC, 2001), fornecendo in-ventários detalhados das emissões e de escoadou-ros. A África do Sul emite a maior parte do carbono no continente, mas, por ser classificada como país em desenvolvimento, não sofreu exigência formal de con-trolar as emissões de gases de efeito estufa. No en-tanto, foi estabelecido um Comitê Nacional sobre Mudança do Clima para supervisionar pesquisas, comunicações e o desenvolvimento de políticas so-bre mudanças climáticas.

Tanto no Norte da África como na África Me-ridional, estão sendo consideradas opções para uma maior exploração de fontes alternativas de energia,

Questões relativas a políticas

como a solar, a eólica, a obtida por hidrelétricas de pequeno porte e a proveniente de biomassa. É prová-vel que tais iniciativas tenham êxito em áreas remo-tas, em que as conexões com fontes centrais de ener-gia são dispendiosas e a demanda por eletricidade é apenas para uso doméstico.

Um dos principais desafios para a maior parte dos países africanos em relação a mudanças climáti-cas e atmosfériclimáti-cas é a necessidade de adaptar os pro-cessos de desenvolvimento às mudanças no meio ambiente. É necessário o desenvolvimento de meca-nismos de mitigação e adaptação para lidar com os impactos das mudanças nos padrões meteorológicos e das secas e inundações mais intensas associadas ao fenômeno El Niño (IPCC, 2001b). Por outro lado, os países africanos podem contribuir para a implementação da UNFCCC e do Protocolo de Quioto por meio da adoção de tecnologias eficientes quanto ao uso de energia e de tecnologias referentes a ener-gias renováveis. Os mecanismos de Quioto e as insti-tuições internacionais a serem criadas para colocar esses mecanismos em prática garantem a participa-ção ativa dos países africanos. O fracasso em alcan-çar todo o potencial do Protocolo de Quioto pode resultar em uma maior exposição aos efeitos negati-vos da mudança do clima (IISD, 2000). A poluição localizada, tanto em ambientes fechados como ao ar livre, deve ser controlada e reduzida por meio da implementação de processos industriais mais limpos, melhores sistemas de transporte e melhor gestão de resíduos. Por exemplo, foi elaborada na África do Sul uma estratégia de gestão de resíduos que visa reduzir o despejo e a queima ilegais de resíduos sólidos (DEAT, 1998).

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Atmosfera: Asia e Pacífico

Uma séria questão ambiental na região da Ásia e Pa-cífico é a rápida degradação da qualidade do ar. A destruição da camada de ozônio e as conseqüências da mudança do clima global também são graves.

Os níveis de poluição atmosférica nas cidades mais densamente povoadas estão entre os mais elevados no mundo, o que produz sérios impactos à saúde humana e afeta ecossistemas aquáticos e terrestres. O setor de transportes é uma considerável – freqüen-temente a principal – fonte de poluição atmosférica urbana. As demais fontes incluem emissões industri-ais, a queima de combustíveis sólidos e líquidos para geração de energia, bem como a queima de biomassa e outros combustíveis como o carvão vegetal para uso doméstico. Em algumas poucas cidades os ní-veis de poluição têm diminuído. Por exemplo, no Ja-pão, os preços elevados dos combustíveis, os avan-ços tecnológicos e os padrões rígidos em vigor redu-ziram as emissões de SO2 e de partículas em suspen-são, além de terem eliminado as emissões de chumbo geradas pelo transporte. No entanto, as emissões de NOx em Tóquio e Osaka não caíram o suficiente devi-do ao aumento no número de veículos. Essa situação é comum em cidades com níveis crescentes de trans-porte particular (UN-ESCAP/ADB, 2000).

O tráfego tornou-se um dos principais poluidores atmosféricos nas grandes cidades, embo-ra a maior parte dos países asiáticos tenha uma taxa de propriedade de veículos per capita mais baixa do que a média mundial (World Bank, 2000). Contudo, a frota automotora (ver gráfico) tem aumentado rapida-mente; por exemplo, o número de veículos automo-tores particulares no Sri Lanka dobrou no período de 1975-1992 (Government of Sri Lanka, 1994), e na Índia o número de automóveis tem dobrado a cada sete anos nas últimas três décadas (ADB, 1999). Esse fato, combinado com as condições precárias das estradas e dos veículos e a qualidade inadequada dos com-bustíveis, torna a poluição do ar causada por veícu-los uma questão alarmante.

Muitos países estabeleceram seus próprios padrões de qualidade do ar para os principais poluentes, assim como padrões de emissão para cen-trais elétricas, determinadas indústrias e veículos. Para reduzir a poluição, diversos países introduziram gasolina sem chumbo, catalisadores obrigatórios e

Qualidade do ar

combustíveis para motores com baixo teor de enxo-fre. Tecnologias alternativas, como veículos movidos a eletricidade e a gás natural comprimido, também estão sendo consideradas, principalmente na Índia e na República Islâmica do Irã. O Nepal e o Paquistão implementaram incentivos tributários para veículos movidos a gás ou a bateria.

Exceto para os países desenvolvidos do nor-deste da Ásia e partes das sub-regiões do Pacífico Sul, a preocupação com o meio ambiente começou a criar uma demanda por uma melhor proteção ambiental na década de 1980. A década de 1990 foi palco de um progresso significativo quanto ao estabelecimento de instituições e instrumentos de políticas necessári-os para abordar problemas ambientais urgentes. No entanto, o crescimento contínuo do consumo de ener-gia e a dependência de combustíveis com altas con-centrações de carbono, como o carvão e o petróleo, inevitavelmente aumentarão as emissões, a menos que sejam implementadas políticas mais agressivas.

A poluição atmosférica em lugares fechados é normalmente um perigo mais sério à saúde do que a poluição atmosférica ao ar livre. A maior parte dos habitantes da área rural na região utiliza ramos, gra-ma, esterco seco de animais, resíduos de colheitas, madeira, lenha e querosene como combustíveis do-mésticos. Associada à ventilação inadequada, a quei-Veículos de passageiros/1.000 pessoas (1996)

Apesar da forte poluição do ar nas cidades da Ásia, o número de veículos per capita é bem inferior à média global em todas as sub-regiões, exceto da Austrália e da Nova Zelândia Fonte: Banco Mundial, 2000 -500 400 300 200 100 0 479 44 41 5 20 12 26 Austrália e Nova Zelândia Ásia

Central do PacíficoNoroeste e Leste Asiático

Sul da

Ásia Sudesteda Ásia PacíficoSul regionalmédia média mundial

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ma desses itens resulta em elevada poluição do ar em locais fechados. Considerando os altos níveis de emissões nocivas e o número de pessoas que utilizam combustíveis tradicionais para cozinhar – a Ásia produz quase a metade da lenha do mundo (FAOSTAT, 2001) – a escala de exposição é ampla. Os efeitos à saúde incluem infecções respiratórias agudas em crianças, doenças crônicas de obstrução pulmonar, resultados negativos de gestações e cân-cer de pulmão em mulheres. As doenças respiratóri-as agudrespiratóri-as prevalecem nrespiratóri-as árerespiratóri-as rurais e/ou monta-nhosas do Afeganistão, de Bangladesh, do Butão, da Índia, do Nepal, do Paquistão e do Sri Lanka, onde a poluição do ar em locais fechados é elevada. Cerca de 40% da mortalidade infantil mundial em conseqüência de pneumonia ocorre em Bangladesh, na Índia, na Indonésia e no Nepal; muitas dessas mortes são causadas por poluentes resultantes da queima de combustíveis tradicionais (ADB, 2001). Calcula-se que na Índia, a cada ano, a utilização do-méstica de combustíveis sólidos seja a causa de

aproximadamente 500 mil mortes prematuras de mu-lheres e de crianças abaixo de cinco anos. Há indica-ções de que a tuberculose e a cegueira podem estar associadas à poluição atmosférica em locais fecha-dos. A poluição do ar em ambientes fechados tam-bém é responsável por 5% a 6% da incidência

na-cional de doenças em mulheres e crianças na Índia (Holdren e Smith, 2000).

São as principais áreas de intervenção: uso de combustíveis mais limpos, como gás com baixo nível de propano e querosene; desenvolvimento de biocom-bustíveis com alto poder calorífico; melhor planeja-mento de fogões e melhor disseminação desses; melhorias nas habitações, e melhoras na conscien-tização e instrução ambiental. Para tratar o problema da poluição atmosférica em locais fechados na Índia, foram instalados aproximadamente 3 milhões de fá-bricas de biogás e mais de 22 milhões de fogões me-lhores em áreas rurais e remotas do país, o que resul-tou na economia do equivalente a 21 milhões de tone-ladas de lenha por ano (Times of India, 2000).

A névoa e a chuva ácida foram as questões regionais de importância crescente na última década, principalmente na Ásia, devido à enorme dependên-cia do carvão por parte da China e da Índia. Há regis-tros de que cerca de 0,28 milhão de hectares de flores-tas sofreram danos pela chuva ácida na bacia hidrográfica de Sichuan na China. Estima-se que as emissões de SO2 na Ásia tenham aumentado de apro-ximadamente 26,6 milhões para cerca de 39,2 milhões de toneladas no período de 1985 a 1997 (Streets e outros, 2000). Na China, foi alcançada uma redução de 3,7 milhões de toneladas, o equivalente a 15,8% das emissões de SO2 no período de 1995 a 2000 (SEPA, 2001). Ao menos dois terços das chuvas ácidas na região são causadas por centrais elétricas movidas a carvão que utilizam equipamentos de controle de po-luição obsoletos.

Os problemas associados à névoa também prevalecem na região devido a incêndios florestais no Sudeste Asiático. O caso mais grave ocorreu em 1997, quando os efeitos dos incêndios florestais na Indonésia se estenderam aos países vizinhos, inclu-indo Brunei Darussalam, Papua Nova Guiné, Filipi-nas, Cingapura e Tailândia (UNEP, 1999). Em 1995, foi estabelecida uma Força-Tarefa Técnica em Névoa por oficiais do alto escalão da ASEAN para assuntos de meio ambiente, e, em 1997, foi aprovado um Plano de Ação Regional sobre a Névoa (ASEAN, 2001).

A Rede de Monitoramento de Chuvas Ácidas (EANET) iniciou uma fase preparatória de monito-ramento das chuvas ácidas em abril de 1998, com a participação de dez países da Ásia Oriental. Em outu-bro de 2000, a rede decidiu começar um monitoramento regular a partir de janeiro de 2001 (EANET, 2000). Em 1998, a Declaração de Malé sobre o controle e a pre-venção da poluição atmosférica e seus prováveis efei-tos transfronteiriços foi adotada por oito países da Ásia Meridional.

A nuvem marrom asiática

Na primavera de 1999, os cientistas que trabalhavam no projeto Experimento do Oceano Índico (INDOEX) descobriram uma densa camada de névoa marrom de poluição cobrindo a maior parte da Ásia Meridional e do sudoeste da Ásia, Sudeste Asiático, bem como a região tropical do Oceano Índico. Os pesquisadores rastrearam a névoa por uma área de aproximadamente 10 milhões de km , e acreditam que esteja sobre grande parte do continente asiático. A névoa é uma mistura de poluentes, principalmente fuligem, sulfatos, nitratos, partículas orgânicas, cinzas volantes e poeira mineral, formados pela queima de combustíveis fósseis e biomassa rural. A névoa reduz em até 10% o alcance da luz solar até a superfície do Oceano Índico tropical, a quilômetros de distância de sua fonte, com uma redução maior sobre o subcontinente indiano. Simulações realizadas com modelos de clima global indicam que a névoa poderia ter grandes impactos na circulação de monções, nos padrões regionais de precipitações e no perfil da temperatura vertical da atmosfera.

Com o apoio do PNUMA, implementou-se o programa ABC ( ). Em sua primeira fase, o principal objetivo é estudar o impacto da névoa asiática em uma série de parâmetros, incluindo mudança de monções, balanço hídrico, agricultura e saúde. Os cientistas planejam estabelecer uma rede de estações terrestres de monitoramento por toda a Ásia para estudar a composição e o padrão sazonal da névoa. O PNUMA se comprometeu a facilitar a continuidade do programa de pesquisas e, a longo prazo, ajudar a coordenar as respostas de políticas elaboradas para abordar o problema.

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Asian Brown Cloud

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