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Parque ecológico Domingos Zanette: requalificação e lazer para um novo olhar sobre a cidade de Santa Terezinha de Itaipu

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Academic year: 2021

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UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ DEPARTAMENTO ACADÊMICO DE ARQUITETURA E URBANISMO

CURSO DE ARQUITETURA E URBANISMO

THAYNÁ KAVALEK

PARQUE DOMINGOS ZANETTE: REQUALIFICAÇÃO E LAZER PARA

UM NOVO OLHAR SOBRE A CIDADE DE SANTA TEREZINHA DE

ITAIPU

TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO

CURITIBA 2017

(2)

THAYNÁ KAVALEK

PARQUE DOMINGOS ZANETTE: REQUALIFICAÇÃO E LAZER PARA

UM NOVO OLHAR SOBRE A CIDADE DE SANTA TEREZINHA DE

ITAIPU

Trabalho de Conclusão de Curso de graduação, apresentado à disciplina Trabalho de Conclusão de Curso 1, do curso superior de Arquitetura e Urbanismo do Departamento Acadêmico de Arquitetura e Urbanismo – DEAAU, da Universidade Tecnológica Federal do Paraná – UTFPR, como requisito parcial para obtenção do título de Bacharel.

Orientador: Prof. Msc. Paulo Fernandes de Almeida

CURITIBA

(3)

TERMO DE APROVAÇÃO

Parque Domingos Zanette: Requalificação e lazer para um novo olhar sobre a cidade de Santa Terezinha do Itaipu

Por Thayná Kavalek

Este Trabalho de Conclusão de Curso foi apresentado em 15 de Junho de 2018 como requisito parcial para a obtenção do título de Bacharel em Arquitetura e Urbanismo.

A candidata foi arguida pela Banca Examinadora composta pelos professores abaixo assinados. Após deliberação, a Banca Examinadora considerou o trabalho aprovado.

Prof. Ernesto Bueno Universidade Positivo - PR

Prof. Debora Rocha UT FPR

Prof. Christiane Laroca UTFPR

Prof. Paulo Almeida (orientador) UTFPR

UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ

PR

(4)

Dedico este trabalho a todos que tem um sentimento de gratidão e amor pela cidade onde cresceram.

(5)

AGRADECIMENTOS

Em primeiro lugar eu gostaria de agradecer à Deus e às energias do universo que me trouxeram toda a força que eu precisei para poder alcançar esse objetivo. Minha gratidão.

Gostaria de agradecer imensamente meus pais, por confiarem sem dúvida alguma na minha capacidade, por superarem a saudade da distância para que fosse possível a busca pelo meu sonho e por serem meu alicerce. Estendo aqui meu agradecimento a toda a minha incrível família, meus avós, meus tios e tias, meu mais puro obrigado.

Agradeço ao meu amor Igor Friedrich, por ter estado ao meu lado em tantos momentos difíceis e por ter me ajudado a passar por todos eles. Sem o seu suporte e seu companheirismo não teria sido possível chegar até aqui.

Aos meus colegas do curso que compartilharam comigo conhecimentos que eu não tinha, por saberem que há sucesso suficiente para todos e pela generosidade. Seria impossível não agradecer minha amiga Thaisa Comasseto, pelas conversas incansáveis sobre o TCC e sobre a vida, pela confiança e por ter me mostrado do que sou capaz. Obrigada.

Também agradeço todos os meus amigos, que de uma forma ou de outra, me ajudaram a estar aqui nesse momento. Eu carrego todos no meu coração e tenho uma imensidão de carinho por todos vocês.

Gostaria de agradecer à Equipe GaragePlan, pelos conhecimentos que adquiri trabalhando ao lado de todos, pela compreensão e solidariedade nos momentos em que precisei me afastar do estágio para me dedicar aos afazeres da faculdade. Não tenho palavras para agradecer.

Ao meu orientador Professor Paulo Fernandes de Almeida, obrigada por compartilhar sua sabedoria e tornar possível todo o desenvolvimento deste trabalho. As palavras de gratidão nunca serão suficientes para expressar tudo o que sinto, mas muito obrigada a todos que direta ou indiretamente estiveram envolvidos nessa jornada.

(6)

RESUMO

KAVALEK, Thayná. Parque Ecológico Domingos Zanette: Requalificação e lazer para um novo olhar sobre a cidade de Santa Terezinha de Itaipu. 2017. 117 p. Trabalho de Conclusão de Curso (Bacharelado em Arquitetura e Urbanismo) – Curso de Arquitetura e Urbanismo, Universidade Tecnológica Federal do Paraná. Curitiba, 2017.

Essa pesquisa busca a compreensão da importância dos parques urbanos para a cidade e quais os fatores que levam a população a efetivamente utilizá-los, tendo como objeto de estudo o Parque Ecológico Domingos Zanette localizado na cidade de Santa Terezinha de Itaipu, no oeste paranaense. Os parques urbanos provocam uma série de benefícios no local onde estão inseridos e através do exercício da função social dos mesmos, eles podem gerar o aumento da qualidade de vida da população usuária. O objeto de estudo em questão encontra-se atualmente subutilizado, portanto o objetivo deste trabalho é compreender por meio de revisão literária e interpretação da realidade local os motivos que levaram ao desuso do parque. Foram realizados levantamentos in loco para a observação da constituição urbana além da aplicação de um questionário online para os habitantes da cidade, buscando a completa compreensão das condicionantes. A análise dos resultados, assim como dos estudos de caso apresentados e as condições atuais do parque auxiliam no desenvolvimento das diretrizes projetuais de forma a propor a requalificação do local a fim de restaurar sua funções que foram perdidas pela subutilização. Dessa forma a requalificação a ser proposta, principal objeto de estudo desta pesquisa, desempenha um papel significativo dentro da cidade de Santa Terezinha de Itaipu, uma vez que tem a capacidade de reestabelecer o uso do parque e assim agregar qualidade de vida aos cidadãos itaipuenses e atrair novos olhares sobre a cidade.

Palavras-chave: Parque Urbano; Requalificação Urbana; Projeto de Paisagismo;

(7)

ABSTRACT

KAVALEK, Thayná. Parque Ecológico Domingos Zanette: Requalificação e lazer para um novo olhar sobre a cidade de Santa Terezinha de Itaipu. 2017. 117 p. Trabalho de Conclusão de Curso (Bacharelado em Arquitetura e Urbanismo) – Curso de Arquitetura e Urbanismo, Universidade Tecnológica Federal do Paraná. Curitiba, 2017.

This research seeks to understand the importance of urban parks to the city and what factors lead the population to effectively use them, having as object of study the Domingos Zanette Ecological Park located in the city of Santa Terezinha de Itaipu, in the west of Paraná. The urban parks cause a series of benefits in the place where they are inserted and through the exercise of their social function, they can generate the quality of life of the user population. The object of study in question is currently underutilized, so the purpose of this work is to understand by means of literary revision and interpretation of the local reality the reasons that led to the disuse of the park. On-site surveys were carried out for the observation of the urban constitution, besides the application of an online questionnaire for the inhabitants of the city, seeking a complete understanding of the conditions. The analysis of the results, as well as the case studies presented and the current conditions of the park, help in the development of the design guidelines in order to propose the requalification of the site in order to restore its functions that were lost due to underutilization. In this way the requalification to be proposed, the main object of study of this research, plays a significant role within the city of Santa Terezinha de Itaipu, since it has the capacity to reestablish the use of the park and thus to add quality of life to the citizens of Itaipu and attract new glances over the city.

(8)

LISTA DE FIGURAS

FIGURA 01-QUADRO DE NECESSIDADES BÁSICAS E FATORES DE QUALIDADE DE VIDA

AFETADOS PELA QUALIDADE DA PAISAGEM. ... 13

FIGURA 02-CONTRASTE ESPAÇO LIVRE X ESPAÇO CONSTRUÍDO - EXEMPLO NOVA YORK. . 17

FIGURA 03-ESQUEMA DE RELAÇÃO DA PERSPECTIVA HISTÓRICA MUNDIAL DOS ESPAÇOS LIVRES URBANOS. ... 21

FIGURA 04-INGLATERRA NO SÉCULO XVIII. ... 22

FIGURA 05-PASSEIO PÚBLICO DO RIO DE JANEIRO ... 23

FIGURA 06-PARQUE RECREATIVO VENECIA. ... 33

FIGURA 07-EQUIPAMENTOS TRADICIONAIS CHILENOS ... 33

FIGURA 08-THE NEW YORK CITY HIGH LINE (1) ... 37

FIGURA 09-THE NEW YORK CITY HIGH LINE (2) ... 37

FIGURA 10- SKYGARDEN EM SEUL ... 38

FIGURA 11-DIVERSIDADE DE ESPÉCIES DO SKYGARDEN ... 38

FIGURA 12-ILUMINAÇÃO NOTURNA SKYGARDEN ... 39

FIGURA 13-MADRID RIO ... 40

FIGURA 14-HOUSTON ... 40

FIGURA 15 -KLYDE WARREN PARK ... 42

FIGURA 16-USUÁRIOS NO KLYDE WARREN PARK ... 42

FIGURA 17-IMPLANTAÇÃO DO KLYDE WARREN PARK ... 43

FIGURA 18-MOBILIÁRIO DO KLYDE WARREN PARK. ... 44

FIGURA 19-ESPAÇOS DO KLYDE WARREN PARK ... 44

FIGURA 20-JANE'S LANE EM KLYDE WARREN PARK ... 45

FIGURA 21-THE BOTANICAL GARDEN EM KLYDE WARREN PARK. ... 45

FIGURA 22-CHILDREN'S PARK EM KLYDE WARREN PARK ... 46

FIGURA 23-GINSBURG FAMILY GREAT LAWN EM KLYDE WARREN PARK ... 46

FIGURA 24-THE SOUTHWEST PORCH EM KLYDE WARREN PARK ... 47

FIGURA 25-MY BEST'S FRIENDS PARK EM KLYDE WARREN PARK ... 48

FIGURA 26-ACESSOS E INFRAESTRUTURA DO KLYDE WARREN PARK ... 49

FIGURA 27-CAMINHOS DO KLYDE WARREN PARK. ... 50

FIGURA 28-FONTES DO KLYDE WARREN PARK. ... 51

FIGURA 29-PARQUES DE ÁGUAS CLARAS. ... 52

(9)

FIGURA 31-ESTRATÉGIAS DE PROJETO PARQUES DE ÁGUAS CLARAS ... 54

FIGURA 32-MÓDULOS -PARQUES DE ÁGUAS CLARAS. ... 54

FIGURA 33-PARQUE DA GARE -SETORIZAÇÃO ... 58

FIGURA 34-DEMARCAÇÃO DE CAMINHOS -PARQUE DA GARE ... 60

FIGURA 35-PROJETO DE PAISAGISMO -PARQUE DA GARE ... 62

FIGURA 36- ESQUEMA DE ESCALAS DO ESTUDO ... 65

FIGURA 37-PANORAMA DA REGIÃO ESTUDADA ... 68

FIGURA 38-PIRÂMIDE ETÁRIA DE SANTA TEREZINHA DE ITAIPU ... 69

FIGURA 39-ZOOLÓGICO BOSQUE GUARANI ... 71

FIGURA 40-PRAÇA VÂNIO GHELERE ... 74

FIGURA 41 -LAGO MUNICIPAL ... 74

FIGURA 42-MURAL DOS PIONEIROS ... 79

FIGURA 43-PARQUE ECOLÓGICO DOMINGOS ZANETTE ... 80

FIGURA 44-BAIRROS DE SANTA TEREZINHA DE ITAIPU. ... 83

FIGURA 45-IMPLANTAÇÃO DO PARQUE ECOLÓGICO DOMINGOS ZANETTE ... 93

FIGURA 46-GRÁFICO 01,02 E 03-SEXO, FAIXA ETÁRIA E BAIRRO ... 97

FIGURA 47-GRÁFICO 04-FREQUENCIA ... 98

FIGURA 48-GRÁFICO 05-PERFIL DE NÃO FREQUENTADORES ... 99

FIGURA 49-GRÁFICO 06-MOTIVOS PELOS QUAIS NÃO FREQUENTAM O PARQUE ... 99

FIGURA 50-GRÁFICO 07-PERFIL DE FREQUENTADORES ... 100

FIGURA 51-GRÁFICO 08-MOTIVOS PELOS QUAIS FREQUENTAM O PARQUE ... 101

FIGURA 52-GRÁFICO 09-AVALAÇÃO DA SEGURANÇA ... 101

FIGURA 53-GRÁFICO 10 E 11-RELAÇÃO SEGURANÇA X GÊNERO. ... 102

FIGURA 54-GRÁFICO 12-AVALIAÇÃO DE INFRAESTRUTURA ... 102

FIGURA 55-GRÁFICO 13-SENSAÇÕES ... 103

FIGURA 56-ESQUEMA EQUILÍBRIO CIDADE E NATUREZA ... 106

FIGURA 57-YIN YANG ... 106

FIGURA 58-PREMISSAS ... 107

FIGURA 59-SETORIZAÇÃO ... 109

(10)

LISTA DE QUADROS

QUADRO 01-CLASSES DE MANUTENÇÃO EM ALGUMAS CATEGORIAS DE ESPAÇOS LIVRES DE

CONSTRUÇÃO.. ... 19

QUADRO 02-PAVILHÃO KOROGARU. ... 32

QUADRO 03-REPRESENTAÇÃO GRÁFICA.. ... 55

QUADRO 04-PARQUE DA GARE.. ... 57

QUADRO 05-ELEMENTOS ARQUITETÔNICOS -PARQUE DA GARE. ... 59

QUADRO 06-PRÉDIO DA FEIRA DO PRODUTOR -PARQUE DA GARE.. ... 59

QUADRO 07-PRÉDIO DA BIBLIOTECA -PARQUE DA GARE.. ... 60

QUADRO 08-MATERIALIDADE DOS CAMIHOS -PARQUE DA GARE. ... 62

QUADRO 09-VEGETAÇÃO -PARQUE DA GARE.. ... 62

QUADRO 10-SÍNTESE DOS ESTUDOS DE CASO.. ... 64

QUADRO 11-PARQUE DAS AVES. ... 70

QUADRO 12-GRAMADÃO DA VILA A.. ... 72

QUADRO 13-TERMINAL TURÍSTICO DE BALNEÁREO IPIRANGA ... 74

QUADRO 14-PARQUE AMBIENTAL FRIMESA. ... 76

QUADRO 15-PRAÇA ÂNGELO DAROLT ... 76

QUADRO 16-BOSQUE DOS PIONEIROS. ... 78

QUADRO 17-TERMINAL TURÍSTICO ALVORADA DE ITAIPU. ... 78

QUADRO 18-PARÂMETROS URBANÍSTICOS. ... 88

QUADRO 19-USOS POR ZONA.. ... 91

QUADRO 20-VISUAIS. ... 96

(11)

LISTA DE MAPAS

MAPA 01-LOCALIZAÇÃO DO PARANÁ ... 65

MAPA 02-LOCALIZAÇÃO DA MICRORREGIÃO GEOGRÁFICA FOZ DO IGUAÇU NO PARANÁ ... 66

MAPA 03-REGIÃO ANALISADA. ... 67

MAPA 04-LOCALIZAÇÃO DE SANTA TEREZINHA DE ITAIPU. ... 68

MAPA 05-MAPEAMENTO DE ÁREAS VERDES RELEVANTES ... 70

MAPA 06-LOCALIZAÇÃO DE ÁREAS VERDES EM FOZ DO IGUAÇU ... 73

MAPA 07-LOCALIZAÇÃO DE ÁREAS VERDES EM SÃO MIGUEL DO IGUAÇU ... 75

MAPA 08-LOCALIZAÇÃO DE ÁREAS VERDES EM MEDIANEIRA ... 77

MAPA 09-LOCALIZAÇÃO DE ÁREAS VERDES EM SANTA TEREZINHA DE ITAIPU ... 81

MAPA 10-RESTAURANTES RELEVANTES ... 82

MAPA 11-USO DO SOLO ... 84

MAPA 12-FLUXOS E RUÍDOS ... 85

MAPA 13-CHEIOS/VAZIOS E VEGETAÇÃO ... 87

MAPA 14-ÁREA DE APP ... 89

MAPA 15-ZONEAMENTO ... 90

MAPA 16-TOPOGRAFIA ... 92

MAPA 17-MOBILIÁRIO DO PARQUE ... 94

(12)

SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ... 13 1.1 QUESTÃO - PROBLEMA ... 14 1.2 HIPÓTESE ... 14 1.3 JUSTIFICATIVA ... 15 1.4 MÉTODOS DE PESQUISA ... 15 1.4.1 Pesquisa Exploratória ... 15 1.4.2 Pesquisa Descritiva ... 15 1.4.3 Pesquisa Analítica ... 16 2 CONCEITUAÇÃO TEMÁTICA ... 16

2.1 ÁREAS VERDES URBANAS ... 16

2.1.1 Conceitos ... 16

2.2 PARQUES URBANOS ... 20

2.2.1 Um breve histórico mundial ... 20

2.2.1 A história dos Parques Urbanos no Brasil ... 23

2.3 AS FUNÇÕES DOS PARQUES URBANOS ... 24

2.3.1 Função Ambiental ... 25

2.3.2 Função Social ... 26

2.3.2.1 Atividades associadas à função social e qualidade de vida... 29

2.4 APROPRIAÇÃO DOS PARQUES URBANOS E SUAS CONDICIONANTES ... 34

2.4.1 Ambientes Requalificados ... 36

3 ESTUDOS DE CASO ... 41

3.1 KLYDE WARREN ... 41

3.1.1 Análise da Implantação e Programa de Necessidades ... 43

3.1.2 Análise de Infraestrutura e Acessos ... 48

3.1.3 Considerações ... 49

3.2 PARQUES CENTRAL E SUL DE ÁGUAS CLARAS ... 51

3.2.1 Estratégias de Projeto e Programa de Necessidades ... 53

3.2.2 Arquitetura Modular ... 54

3.2.3 Representação Gráfica ... 55

3.2.4 Considerações ... 56

3.3 PARQUE DA GARE ... 56

3.3.1 Setorização e Programa de Necessidades ... 57

3.3.2 Desenho Paisagístico e Materialidade ... 60

(13)

3.3.4 Considerações ... 62

3.4 SÍNTESE ... 63

4 INTERPRETAÇÃO DA REALIDADE ... 64

4.1 MACROESCALA: RECORTE NA MICRORREGIÃO GEOGRÁFICA DE FOZ DO IGUAÇU ... 65

4.1.1 Foz do Iguaçu ... 70

4.1.2 São Miguel do Iguaçu ... 73

4.1.1 Medianeira ... 75

4.2 MESOESCALA: SANTA TEREZINHA DE ITAIPU ... 77

4.3 MICROESCALA: PARQUE ECOLÓGICO DOMINGOS ZANETTE ... 81

4.3.1 Uso do Solo ... 83

4.3.2 Fluxos e Ruídos ... 85

4.3.3 Cheios/vazios e vegetação ... 86

4.3.4 Zoneamento ... 87

4.3.5 Topografia e clima ... 92

4.3.6 Análise do Parque Ecológico Domingos Zanette ... 93

4.3.7 Questionário ... 97 4.3.7.1 Análise de dados ... 103 4.3.5 Percepções ... 104 5 DIRETRIZES PROJETUAIS ... 105 5.1 PREMISSAS E SETORIZAÇÃO ... 107 5.2 PROGRAMA DE NECESSIDADES ... 109 6 RESULTADOS E DISCUSSÕES ... 123 7 CONSIDERAÇÕES FINAIS ... 123 8 APÊNDICES ... 123

(14)

1. INTRODUÇÃO

Diante da correria do dia-a-dia torna-se cada vez mais necessário dentro das cidades um ambiente com estrutura para promover o lazer aos seus habitantes. Dentro desse assunto surgem os parques urbanos e suas funções sociais, além das funções ambientais em que impactam positivamente nos locais em que se inserem. Os parques tem grande influência na melhora da qualidade de vida de seus usuários. Ainda que seja necessária a distinção entre necessidades básicas e fatores de qualidade de vida, alguns desses fatores estão diretamente associados pela qualidade da paisagem urbana, essa qual é significativamente melhorada a partir do momento em que um parque urbano é inserido.

Wilhem (2000) associa uma série de fatores de qualidade de vida atrelados à qualidade da paisagem urbana (Figura 01):

Figura 01 – Quadro de necessidades básicas e fatores de qualidade de vida afetados pela qualidade da paisagem.

Fonte: Elaborada com base em Wilhem (2000)

Portanto, este estudo tem como objetivo geral estudar o Parque Ecológico Domingos Zanette localizado na cidade Santa Terezinha de Itaipu – PR para propor uma requalificação qual seja exitosa e resulte em uma nova visão dos habitantes da cidade sobre a área. Assim, são objetivos específicos:

a) Compreender o histórico e as funções dos Parques Urbanos e como eles influenciam na qualidade de vida dos usuários;

(15)

b) Entender os fatores que levam à utilização efetiva dos Parques Urbanos; c) Estudar projetos de Parques Urbanos bem sucedidos que cumpram sua

função social no ambiente em que se inserem;

d) Diagnosticar o local em que o Parque se insere assim como os motivos da sua obsolescência;

e) Propor diretrizes para a elaboração do projeto de paisagismo para a

requalificação do Parque Ecológico Domingos Zanette em busca de restaurar sua função social.

O espaço tem grande potencial de atratividade não apenas para os habitantes da cidade, mas também para as cidades vizinhas, visto que o Parque é o único da região. Uma vez que tenha seu potencial explorado ele pode ser um ponto atrativo de lazer impactando em uma nova visão da cidade de Santa Terezinha pelos seus citadinos e aos olhos do resto da região.

Este Trabalho de Conclusão de Curso apresenta em sua primeira parte uma conceituação temática acerca dos parques urbanos, seus conceitos, histórico e funções; após apresenta a análise de estudos de caso pertinentes ao tema; intepretação da realidade da área em que o parque está inserido e suas complexidades; e finalmente as diretrizes projetuais quais auxiliarão no desenvolvimento do projeto paisagístico de requalificação do parque.

1.1 QUESTÃO - PROBLEMA

A cidade de Santa Terezinha de Itaipu possui apenas um parque, o Parque Ecológico Domingos Zanette, qual se encontra atualmente obsoleto, não exercendo sua função social de se configurar como um espaço urbano disponível para o lazer da população. O local tem potencial de atender a demanda da cidade, bem como das cidades vizinhas, que por sua vez também não contam com um local agradável e equipado disponível para a população passar o tempo de lazer ao ar livre. Quais os motivos que levaram à obsolescência do local e como mudar esse panorama?

1.2 HIPÓTESE

A requalificação do Parque Ecológico Domingos Zanette devolverá ao mesmo sua função social, tornando o espaço um local propício para as atividades de lazer dos citadinos da cidade de Santa Terezinha de Itaipu, bem como das cidades

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vizinhas, e assim agregará qualidade de vida a essas pessoas e trará um novo olhar sobre a cidade, por ter um ponto de atração.

1.3 JUSTIFICATIVA

Um parque urbano quando está apto para exercer sua função trás inúmeros benefícios para a população usuária, pois podem contribuir na redução da prevalência de sedentarismo, de auxiliar na promoção da saúde e do bem estar, além de proporcionar um espaço próprio para o exercício social e cultural de uma cidade, promovendo qualidade de vida. Segundo Szeremeta e Zannin (2013) quando existe a má qualidade ambiental que provoca a insatisfação dos usuários, acarreta-se a descaracterização das funções anteriormente associadas à qualidade de vida e saúde pública. Esses espaços urbanos necessitam ser percebidos positivamente pelos seus frequentadores para que a população se sinta atraída e instigada a utiliza-lo de forma satisfatória para que possam desfrutar dos benefícios que as atividades relacionadas a ele podem trazer. Desse modo a requalificação do Parque Domingos Zanette, qual encontra-se hoje em desuso e estado de abandono, alteraria de forma positiva a dinâmica urbana da cidade, visto que traria para a população os benefícios que um parque eficaz em seu propósito oferece.

1.4 MÉTODOS DE PESQUISA

Os procedimentos metodológicos empregados nesta monografia para atingir os objetivos estabelecidos previamente são do tipo qualitativo e quantitativo.

1.4.1 Pesquisa Exploratória

Por meio de levantamento bibliográfico em livros, artigos científicos e teses, entre outras publicações oficiais. Explorando conceitos básicos sobre áreas verdes urbanas; histórico da escala global e nacional dos Parques Urbanos; exploração das funções desempenhadas pelos Parques Urbanos na cidade; compreensão dos fatores que levam ao uso efetivo dos parques pela população.

1.4.2 Pesquisa Descritiva

Apresentação de dados ambientais e antrópicos da área em que o Parque Ecológico Domingos Zanette se insere. Além disso, compreende a estruturação de

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um questionário para a compreensão da percepção da comunidade local o que ajudará a compreender sua importância para o município.

1.4.3 Pesquisa Analítica

Indagações sobre o do contexto urbano onde o Parque está inserido, seus dados físicos, históricos e urbanísticos, assim como a avaliação da condição da infraestrutura atual do mesmo (seus mobiliários e equipamentos). Nesta etapa também será feita a análise dos estudos de caso.

2. CONCEITUAÇÃO TEMÁTICA

Este capítulo tem por função discorrer sobre temas e conceitos necessários para fornecer subsídios para a compreensão dos estudos de caso e intepretação da realidade, e posteriormente para a elaboração das diretrizes projetuais.

Primeiramente conceituam-se as áreas verdes urbanas, para a definição do viés que será utilizado durante o restante da monografia. Então, é abordado o histórico dos Parques Urbanos no contexto mundial e nacional, para que seja possível compreender como surgiram e posteriormente entender suas principais funções. Ainda, relacionam-se as condicionantes necessárias para a apropriação dos Parques Urbanos pela população e uma relação de ambientes requalificados e suas consequências positivas no ambiente em que se inserem.

2.1 ÁREAS VERDES URBANAS

Cavalheiro e Del Picchia (1992, p.1) dizem que as cidades são formadas basicamente, do ponto de vista físico, de “espaços de interação urbana (rede rodoferroviária), espaços com construções (habitações, indústrias, comércio, hospitais, escolas, etc.) e de espaços livres (praças, parques, águas superficiais, etc.)”. Pressupõe-se que é preciso um equilíbrio sustentável entre esses espaços para o bem da população. Para que esse equilíbrio aconteça seria necessário um planejamento especializado de forma a ordenar e distribuir os espaços livres dentro do tecido urbano (Figura 02).

Existe hoje uma variedade de definições e conceitos atribuídos de forma não consensual aos desdobramentos da questão dos espaços livres. É possível

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encontrar certa divergência entre as intepretações dos termos “espaço livre”, “área verde”, “área de lazer”, “arborização urbana”, etc., seja no ambiente acadêmico, de pesquisa, no planejamento e na gestão de espaços públicos, gerando imprecisão na utilização desses termos. Portanto, antes de começar o estudo faz-se necessário esclarecer que apesar de tal variedade, serão adotados apenas conceitos já uniformizados entre arquitetos, urbanistas e ambientalistas. De acordo com Lima et al. (1994) seria preciso um esforço para que haja a convergência dos significados desses termos, pois eles não são termos culturais, e sim técnicos.

Figura 02 – Contraste espaço livre x espaço construído – exemplo Nova York

Fonte: Portal Nova York (2016). Disponível em: <https://novayork.com/central-park>.

2.1.1 Conceitos

A fim de reunir diversas visões sobre os conceitos anteriormente mencionados, Lima et. al. (1994) realizou uma pesquisa consultando várias entidades que utilizam, pesquisam ou trabalham com o assunto. Tais entidades seriam Institutos, Faculdades de Agronomia, Arquitetura, Biociências, Engenharia Florestal e Geociências e Prefeituras Municipais, além de membros da Diretoria e do Conselho Superior da Sociedade Brasileira de Arborização Urbana, entre outros. Após reunir múltiplas informações e opiniões, chegou aos seguintes conceitos:

Área Verde: onde há o predomínio de vegetação arbórea; engloba as praças, os jardins públicos e os parques urbanos. Os canteiros centrais e trevos de

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vias públicas, que tem apenas funções estética e ecológica, devem, também, conceituar-se como Área Verde. [...]

Parque Urbano: é uma Área Verde, com função ecológica, estética e de lazer, entretanto com uma extensão maior que as chamadas Praças e Jardins Públicos.

Praça: como Área Verde, tem a função principal de lazer. Uma praça, inclusive pode não ser uma Área Verde, quando não tem vegetação e é impermeabilizada [...]; no caso de ter vegetação é considerada Jardim [...]. Arborização Urbana: diz respeito aos elementos vegetais de porte arbóreo dentro da urbe, tais como árvores e outras. Nesse enforque, as árvores plantadas em calçadas fazem parte de Arborização Urbana, porém não integram o Sistema de Áreas Verdes.

Para os autores, o conceito de “Espaço Livre” seria o mais abrangente de todos, pois integra os demais e é definido como sendo a contraposição ao espaço construído em áreas urbanas. Esse conceito existe com base na integração ao uso do espaço, sua escala e função, e esta, deve satisfazer três objetivos principais, quais seriam os ecológicos, estéticos e de lazer.

No entanto, o Ministério do Meio Ambiente classifica de forma mais superficial as áreas verdes urbanas, categorizando-as em apenas três: 1) parques; 2) áreas verdes; e 3) áreas de preservação permanente urbanas.

A entidade define “áreas verdes” com base no Art. 8o

, § 1o, da Resolução CONAMA Nº 369/2006, que considera área verde de domínio público o espaço que “desempenhe a função ecológica, paisagística e recreativa, propiciando a melhoria da qualidade estética, funcional e ambiental da cidade, sendo dotado de vegetação e espaços livres de impermeabilização”. Elas seriam consideradas como todo o conjunto de áreas intraurbanas que necessariamente contem com cobertura vegetal, arbórea (nativa e introduzida), arbustiva ou rasteira. Também devem contribuir de maneira significativa para o equilíbrio ambiental da cidade, além de agregar qualidade de vida à população.

Estabelece os “parques” como uma área verde com extensão maior que praças e jardins públicos, que tenha no mínimo três funções: ecológica, estética e de lazer, classificação essa idêntica á mencionada por Lima et al (1994). Por fim “áreas de preservação permanentes urbanas” ficam fundamentadas pelo Art. 3º do Código Florestal (Lei n 12.651, de 25 de maio de 2012). Esses espaços territoriais ambientalmente frágeis e vulneráveis são legalmente protegidos, podem ser públicos ou privados, urbanos ou rurais, e são definidos como:

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uma área protegida, coberta ou não por vegetação nativa, com a função ambiental de preservar os recursos hídricos, a paisagem, a estabilidade geológica e a biodiversidade, facilitar o fluxo gênico de fauna e flora, proteger o solo e assegurar o bem-estar das populações humanas.

De acordo com Cavalheiro e Del Picchia (1992, p.2), “do ponto de vista conceitual, uma área verde é sempre um espaço livre”, e para que eles possam exercer suas funções de forma adequada é preciso que eles sejam abordados de forma integrada no planejamento urbano. Para que se atinja esse objetivo, deve-se ter consciência das alterações ambientais que a urbanização provoca e isso só seria possível a partir da identificação das “unidades de paisagem”, suas aptidões e restrições a usos. Conforme os autores é importante que as classifique primeiramente segundo sua tipologia, ou seja, se são particulares, públicos ou potencialmente coletivos (acesso permitido a uma comunidade restrita); após isso, deveriam ser classificadas segundo suas categorias (praças, parques, etc.). Eles ressaltam que para que cumpram sua função, é importante que esses ambientes possam ser replanejados e que possam ser tabelados conforme suas classes de manutenção, como conforme ilustra o quadro 01, “para que entre outras coisas se possa maximizar e orçar os custos de manutenção” (CAVALHEIRO; DEL PICCHIA, 1992, p.5).

Categoria Classes de manutenção

Praças de ornamentação ou de representação

I- limpeza diária do logradouro, grau de manutenção máximo.

Playgrounds II - limpeza semanal e conservação de gramados

Parques de bairro e distritais III- 5 a 7 manutenções anuais

Verde viário III- 5 a 7 manutenções anuais; IV - 1 a 2 manutenções anuais.

Bosques e pradarias IV - 1 a 2 manutenções anuais; V -

manutenções esporádicas, 1 a 2 a cada 2 ou 3 anos

Quadro 01 - Classes de manutenção em algumas categorias de espaços livres de construção.

Fonte: Universidade Freiburg/Hohenheim, 1977, in Cavalheiro & Del Picchia, 1992.

Nucci (2001) adota como classificação de espaços livres o conjunto de espaços urbanos ao ar livre que são destinados aos tipos de utilização relacionada a pedestres, que podem ser descanso, passeio, prática de esporte, entretenimento em

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horas de ócio, e outros. Para o autor um espaço livre com predominância de áreas plantadas de vegetação pode ser considerado uma área verde. Portanto, as áreas verdes localizadas na zona urbana que ofereçam possibilidades de lazer a população podem ser consideradas um “subsistema do sistema de espaços livres”.

Já segundo Lira Filho (2001 apud Feiber 2005) os espaços livres que se localizam nas áreas urbanas podem ser denominados de áreas verdes desde que nesses locais haja o predomínio de vegetação com algum valor social. Dentro dessa classificação estão englobados bosques, campos, jardins ou matas, quais possam assumir formato de praça ou parque, e o valor social anteriormente citado esta vinculado ao interesse de conservação e preservação de ecossistemas, além do valor estético e cultural ligados com o lazer passivo e ativo. O autor ainda classifica as áreas verdes urbanas em dois tipos: públicas – que são logradouros de acesso à população como um todo e oportunizam situações de convívio com a natureza; privadas – que são incorporadas aos remanescentes significativos da malha urbana, através de jardins e quintais particulares e outros.

Macedo e Sakata (2003, p.29) consideram como parque público

todo espaço de uso público destinado à recreação de massa, qualquer que seja o seu tipo, capaz de incorporar intenções de conservação e cuja estrutura morfológica é auto-suficiente, isto é, não é diretamente influenciada em sua configuração por nenhuma estrutura construída em seu entorno.

Os autores ainda afirmam que a falta de consenso sobre o assunto entre os especialistas faz com que muitos espaços recebam o título de parque erroneamente. Por exemplo, muitos dos considerados parques de pequeno porte seriam, na verdade, na visão dos mesmos, praças de vizinhança.

2.2 PARQUES URBANOS

Uma vez conceituados e definidos os Parques Urbanos, é relevante investigar a história e o desenvolvimento dos mesmos em escala global e seu histórico nacional.

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O processo histórico dos parques urbanos passa pela influencia e história de todas as partes do mundo. Segundo Santos e Toledo (2012) para relacionar os parques urbanos historicamente é preciso admitir sua conexão com os jardins e sua evolução por meio de suas funções e das intenções desses espaços. Sua evolução inicia-se desde o cultivo dos primeiros jardins do antigo Egito, até alcançar aos espaços públicos italianos, conforme ilustrado pelo esquema da Figura 03.

Tendo como base a relação histórica dos jardins, encontramos a configuração de cidade como vemos hoje, qual se iniciou a partir do êxodo rural provocado pela Revolução Industrial que teve sua origem na Europa ao fim do século XVIII. Portanto, à medida que as cidades se expandiram, a população que agora se aglomerava nesses centros urbanos começou a necessitar de infraestrutura, pois esse desencadeamento acelerado e descontrolado não permitiu um crescimento planejado, acarretando consequências como poluição, falta de saneamento, trânsito, etc. Dentro desse crescimento desenfreado houve a substituição dos espaços de natureza por fábricas, ruas, casas, centros comerciais, e outros, como ilustra a Figura 04.

Figura 03 – Esquema de relação da perspectiva histórica mundial dos espaços livres urbanos.

Fonte: Elaborada pelo autor com base em Santos e Pereira (2011)

Foi a partir do século XIX que surgiu a ideia de introduzir novamente a natureza dentro dos espaços urbanos. Começaram a serem construídos parques

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públicos semelhantes à configuração atual a partir da intenção de satisfazer tanto as exigências da população que realizava pressões sociais devido às péssimas condições de trabalho e de habitação, quanto pela “constituição ambiental e influência da paisagem de seu entorno associando-se aos requisitos naturais, sociais, culturais e históricos (re)configurados nas paisagens das cidades, por meio da desintegração do tecido físico e social” (MELO; DIAS. 2012, p.4).

Portanto, o surgimento dos parques urbanos acontece quando aparece na urbe a carência de áreas públicas com caráter social capazes de suprir a necessidade e a procura por lazer e também para romper a paisagem árida do seu entorno (KLIASS, 1993) Inseridos dentro do contexto da urbe – esta que adquire a forma de um organismo em constante movimento, marcada pela imagem do stress, da correria e da preocupação cotidiana – os parques incorporam a função de se traduzirem como espaços que facilitam a interação social.

Figura 04 – Inglaterra no século XVIII

Fonte: Portal History (2014). Disponível em: <https://seuhistory.com/topics/water-and-air-pollution>.

No século XIX, dirigido por Frederick Law Olmstead, surge nos Estados Unidos uma manifestação chamada Movimento dos Parques Americanos, tal qual trouxe uma série de parques inovadores em muitas cidades americanas, incluindo o Central Park idealizado frente a uma Nova York “suja, barulhenta e congestionada”, com seu concurso realizado em 1857 (ALEX, 2008). Segundo Kliass (1993), o modelo foi bastante difundido até o princípio do século XX e influenciou diversos parques da época na América do Sul, em países como Argentina, Uruguai e Brasil.

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2.2.2 A história dos Parques Urbanos no Brasil

O Passeio Público do Rio de Janeiro é o parque mais antigo do Brasil (Figura 05). Para Segawa (1996) a “origem do Passeio Público é totalmente obscura, documentalmente”, pois é considerada uma obra que não se enquadrava como prioridade da política colonial portuguesa, preocupada majoritariamente com a exploração econômica da então colônia. Construído ente 1779 e 1783, antes mesmo da independência do país, influenciado pelos costumes europeus (SEGAWA, 1996) teve como objetivo primordial, além da preservação da natureza, sua potencialidade econômica. (TOLEDO; SANTOS. 2012).

Figura 05 – Passeio Público do Rio de Janeiro

Fonte: Marc Ferrez em Vitruvius (2006). Disponível em:

<http://www.vitruvius.com.br/revistas/read/resenhasonline/05.052/3141>.

Os primeiros parques urbanos brasileiros, ao contrário dos europeus, não tinham como foco atender as necessidades sociais das metrópoles. Eles surgem como objeto do cenário das elites, que buscavam construir uma configuração urbana semelhante com a de seus interlocutores internacionais, e eram voltados basicamente ao lazer contemplativo (MACEDO; SAKADA. 2003). Esse modo de pensar influenciou não só este, mas muitos outros espaços criados no período.

A partir do fim do século XVIII os jardins botânicos começaram a ser instalados nas principais cidades brasileiras como Belém, Rio de Janeiro, Olinda,

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Ouro Preto, São Paulo, e tinham como foco serem centros de pesquisa da flora tropical a fim de propiciar bases de um intercâmbio de plantas úteis à economia portuguesa. No decorrer do século XIX, à medida que o interesse pela pesquisa diminuiu, cresceu a visão desses espaços como parques urbanos, (MACEDO; SAKATA. op. cit.).

Para Toledo e Dos Santos (2012) é somente nesse período no qual se retoma a preocupação com os espaços livres, áreas de nascentes começam a ser reflorestadas, surgindo locais como a Floresta da Tijuca. Nesse contexto, acontecia também a urbanização de São Paulo, onde foram criados parques como, por exemplo, o Parque Triannon e o Jardim Botânico Paulista, denominado posteriormente Jardim da Luz.

Seguindo o panorama histórico ocorrido no Brasil, segundo Macedo e Sakata (2003) no final do século XX aconteceu o surgimento e crescimento do interesse político qual buscou a implantação de parques públicos, influenciados pela crescente urbanização que ocorria em território nacional. Segundo os autores, a multiplicação do parque público se deu somente a partir do final da década de 60, quando diversos municípios estruturaram parte de seu marketing na criação de áreas verdes públicas a fim de criar esses espaços não mais apenas para as elites como antigamente, mas também com um foco social e ambiental.

2.3 AS FUNÇÕES DOS PARQUES URBANOS

O Parque Urbano é um produto da cidade da era industrial, diz Kliass em prefácio para Macedo e Sakata (2003, p5). A autora cita Frederick Law Olmsted para sintetizar as funções do parque urbano:

Duas classes de melhorias deveriam ser planejadas com este propósito: uma dirigida para assegurar o ar puro e saudável, para atuar através dos pulmões; a outra para assegurar uma antítese de objetos visuais àqueles das ruas e casas que pudessem agir como terapia, através de impressões na mente e de sugestões para a imaginação. (p.5)

Segundo Melazo e Colasanti (2003) apud Souza (2010) parques, de forma mais genérica, são destinados à contemplação da natureza na cidade, ao desenvolvimento de sociabilidades e ao incremento da qualidade paisagística. Já para Melo e Dias (2012) estes são espaços para o uso da população que acabam

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por estabelecer as relações sociais por meio de práticas esportivas, culturais, ambientais, educativas, artísticas e outras.

Burle Marx citado por Santos, Carvalho e Filho (2009) se dizia estar convencido que a vegetação teria uma importância crescente na busca de um equilíbrio relativo dentro da instabilidade da civilização e que o equilíbrio entre as áreas verdes e a parte construída de uma cidade seria um modo agradável de viver na urbe.

Portanto, pode-se dizer que os parques urbanos teriam em sua essência que cumprir dois papeis principais ante a urbe e o contexto em que se inserem: a uma função ambiental e a uma função social.

2.3.1 Função Ambiental

Para Mascaró e Mascaró (2010) as áreas verdes dentro da estrutura urbana desempenham funções ambientais importantes como à ajuda no controle do clima de poluição, na conservação da água, na redução da erosão e na economia de energia. Para os autores, elas também promovem a biodiversidade, o bem estar dos habitantes e valorizam as áreas em que estão inseridas.

Além dos benefícios supracitados, Guzzo (2006 apud Andrade et al, 2006) relaciona os benefícios e funções provocadas pelas áreas verdes para os habitantes, sendo que uma dessas funções seria a ecológica, pois essas áreas melhoram o meio ambiente excessivamente impactado das cidades através da proporção de um microclima com médias mais amenas e maior índice pluviométrico, além de se comportar como refúgio para a fauna e flora.

Com base nos documentos da Agenda 21, Documento das Cidades Sustentáveis e, a integração da Agenda Ambiental e da Agenda Social através da Sustentabilidade Ampliada, Ferreira (2005) observa que, do ponto de vista dos planejadores urbanos, as áreas verdes são parte componente dos índices de qualidade de vida considerando, principalmente, as proporções de áreas verdes por habitantes (no Brasil, adota-se hoje o índice proposto pela ONU de 12 m² de área verde/habitante) e/ou áreas amenas urbanas per capita e a distância média das moradias a essas áreas.

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Os parques urbanos são resultados de construções urbanísticas quais foram idealizadas a fim de também protegerem a biodiversidade. No Estatuto da Cidade, em seu Art. 2º, inc. XII temos como um dos objetivos da política urbana para assegurar as funções sociais da cidade: “XII – proteção, preservação e recuperação do meio ambiente natural e construído, do patrimônio cultural, histórico, artístico, paisagístico e arqueológico;”. Isso deixa claro que dentro das funções sociais da cidade existe a necessidade da vida urbana se conectar com a natureza a partir do momento em que a mesma é protegida e assegurada.

É fato que as condicionantes ambientais do clima urbano e do ambiente natural se diferem. Isso se reflete em fatores como a amplitude térmica, o regime pluviométrico, o balanço hídrico, a umidade do ar, a ocorrência de geadas, granizos e vendavais; além dos reflexos à qualidade do ar, que fica comprometida pela combustão de automóveis e pela emissão de poluentes provenientes das atividades industriais. Ainda, existe o problema da compactação dos solos, onde por origem serviriam de suporte físico e nutritivo das árvores, e hoje se encontram compactados pelo grande número de pavimentações que não permitem o escoamento das águas e poluídos pelo despejo de resíduos residenciais e industriais (FERREIRA. 2005).

Para Mascaró e Mascaró (2010) a vegetação contribui para melhorar a ambiência urbana sobre vários aspectos:

a) ameniza a radiação solar na estação quente e modifica a temperatura e a umidade relativa do ar do recinto através do sombreamento que reduz a carga térmica recebida pelos edifícios, veículos e pedestres;

b) modifica a velocidade e direção dos ventos; c) atua como barreira acústica;

d) interfere na frequência das chuvas (dependendo da sua quantidade); e) reduz a poluição do ar através da fotossíntese e da respiração das

árvores.

Ferreira (op. cit.) também reforça esses aspectos e relaciona tais resultantes da arborização urbana como reforços da função paisagística.

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Neste contexto, a função dos parques se transforma em um antídoto para os males urbanos. Além de provocar reflexos positivos como a melhora no clima, uma vez que se contrapõe com as construções, diminui a poluição do ar, proporciona o contato com a natureza refletindo diretamente na qualidade de vida dos citadinos, ele integra e une os bairros e espaços no tecido urbano, (MELO; DIAS. 2012).

Guzzo (2006 apud Andrade et al.) relaciona outras funções que focam na função social das áreas verdes, elas seriam: a função estética, qual se relaciona com a diversificação da paisagem construída e com o embelezamento da cidade; a função psicológica, qual ocorre através dos efeitos que o contato das pessoas com os elementos naturais proporcionam, através, principalmente, do relaxamento e do equilíbrio emocional; a função educativa, que se vincularia com a oportunidade e a influencia à educação ambiental; além da função social propriamente dita, que se associa diretamente com a possibilidade de lazer e de sociabilidade entre os citadinos.

Kaick (2007 apud Pace 2011) afirma que as áreas verdes trazem diversos benefícios à comunidade, como:

a) melhoria da estética urbana;

b) transmissão do bem-estar psicológico;

c) quebra da monotonia da paisagem nas cidades causada pela elevada quantidade de edificações;

d) valorização visual do meio urbano; e) caracterização de locais;

f) interação homem e ambiente; g) entre outros.

Mascaró e Mascaró (2010) falam sobre a influência da vegetação urbana sobre os aspectos humanos, onde um de seus domínios seriam as condições mentais. Os autores afirmam a presença de árvores e natureza próxima gerar numerosos benefícios psicossociais e citam uma experiência de Kuo et al (2003) onde confirmou-se que a presença de árvores em bairros de alta densidade reduz níveis de medo e contribui para um comportamento menos agressivo e violento dos habitantes da região.

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Posto que quando essas áreas verdes urbanas são dotadas de infraestrutura como equipamentos, serviços e atrações voltadas ao público, Kaick, Hardt e Oba (2006 apud SOUZA 2010) afirmam que suas funções sociais apresentam maiores ganhos em termos de qualidade.

A partir da implementação dos parques na vida urbana e do acesso da população a estes parques, Dickson, Gray e Mann (2008) e Hardt (2000 apud Souza 2010) relaciona, dentre outros, benefícios sociais como:

a) evolução da qualidade de vida;

b) geração de atividades econômicas no entorno;

c) melhora na saúde dos usuários; e consequente diminuição nos custos com saúde pública e serviços sociais;

d) ascensão do desenvolvimento humano – físico, perceptivo, social e cultural;

e) ampliação das relações sociais

f) influencia na construção de grupos saudáveis; g) valorização econômica na comunidade local.

A integração dos múltiplos fatores que agem positivamente nas áreas verdes é que oferecem o crescimento na qualidade de vida, porém, muitas vezes esses efeitos - a avaliação do significado artístico e estético, a importância para a identidade local, para a imagem da cidade, além dos efeitos socioambientais – acabam não sendo percebidos ou considerados a devida importância (FERREIRA, 2005).

Para Ferreira (2005), para que se promova de fato a melhoria na qualidade de vida, seria necessário saber o que as pessoas sonham ou desejam. No meio ambiente urbano, o contato entre elas com outros seres vivos, sejam eles vegetais ou animais que fazem parte das florestas urbanas, geram benefícios coletivos além de ajudar na socialização nos espaços livres. Nesse contexto, cabe citar que a identificação desses espaços de uso público é também de tamanha importância no contexto da luta contra a desigualdade socioeconômica, uma vez que possibilita a implementação de medidas contra a estratificação espacial (FERREIRA, 2005).

Wilhem (2000) faz um questionamento sobre a relação entre a qualidade da paisagem urbana e a qualidade de vida das pessoas que habitam ou utilizam uma

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cidade – “cidade é, fisicamente, a sua paisagem”. Para o autor, a relação entre as pessoas e a paisagem em que se encontram é “inescapável”, pois ela (paisagem) tem efeitos no subconsciente, influenciando na sensibilidade. Essa influência pode ser percebida tanto para o bem, quanto para o mal: “uma paisagem pode ser percebida por sua harmonia e beleza, introjetando nas pessoas uma sensação de integração e prazer, ou poderá ser percebida como caótica, desorientadora, confusa e feia, introjetando nas pessoas desassossego, ansiedade, medo e desprazer” (WILHEM. 2000, p16).

Neste trabalho, colocar-se-á como prioridade de estudo as funções sociais desempenhadas pelo Parque Ecológico Domingos Zanette, objeto de estudo. O parque localizado no interior do estado do Paraná é o único espaço com as configurações de Parque Urbano na região e tem sua função social destacada por esse motivo.

2.3.2.1 Atividades associadas à função social e qualidade de vida.

Não existe hoje um padrão seguido pelos parques urbanos. Eles se diferenciam em seu tamanho, suas funções, equipamentos e espaços oferecidos, em seu espaço de preservação ambiental, de socialização, e mais. Sendo assim, assumem diferentes papeis na historia, seguindo a influência da estrutura urbana, do fenômeno social e da preservação de áreas verdes (MELO, DIAS. 2012).

Além das principais funções desempenhadas pela área verde dos parques urbanos e pelo seu espaço de socialização disposto à comunidade, ainda é possível que inserido nesse espaço haja uma enorme diversidade de usos e atrações que podem reforçar esses aspectos e agregar qualidade e funcionalidade ao ambiente. A função principal dessa diversidade de usos estaria também diretamente relacionada com a qualidade de vida dos habitantes.

Uma das principais atividades relacionadas a ambientes como os parque urbanos é a prática de exercício físico. Segundo Pucci et al. (2010) a prática regular de atividade física proporciona benefícios para a qualidade de vida em diversas faixas etárias. Segundo os autores, atualmente existe uma carência de estudos que correlacionem atividade física e qualidade de vida realizados em países de renda baixa ou média, como é o caso do Brasil. Contudo, através de análise de uma série

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de estudos sobre esse assunto o autor encontrou concordância entre a associação positiva entre a prática de atividades físicas em alguns domínios, como principalmente: (a) vitalidade; (b) saúde mental; (c) função física; (d) papel físico; (e) papel emocional; (f) saúde geral; entre outros.

Conforme Nahas (2003 apud Aleixo 2003) a atividade física, uma vez que praticada regularmente, ainda que seja em baixa intensidade, provoca efeitos positivos em diversas áreas do corpo humano, e isso esta diretamente associado a inúmeros benefícios como o decréscimo de mortalidade; diminuição dos riscos de doenças coronárias e hipertensão, devido a redução da pressão arterial em repouso; combate à diabetes, devido à melhora do metabolismo da glicose. Ou seja, provoca efeitos que acabam por melhorar a saúde e consequentemente a qualidade de vida das pessoas.

Para Assumpção, Morais e Fontoura (2002) a realização sistemática de atividades corporais é fato determinante na promoção da saúde e da qualidade de vida. Ao analisar estudos de comparação entre indivíduos ativos e moderadamente ativos com indivíduos menos ativos, os autores trazem que a expectativa de vida é maior para aqueles cujo nível de atividade física é mais elevado. Além disso, os autores citam Matsudo e Matsudo (2000) que afirmam que entre os principais benefícios advindos da prática de atividade física estão inclusos os aspectos psicológicos. Esses aspectos seriam: a melhoria na da autoestima; do auto conceito; da imagem corporal; das funções cognitivas e de socialização; na diminuição do estresse e da ansiedade; e inclusive na diminuição do consumo de medicamentos.

Uma das formas para agregar usos e funções ao parque seria a de implantar estruturas para a prática de exercícios físicos que se vincularia ao papel social de agregar qualidade de vida pras pessoas. Além dos benefícios à saúde que poderiam ser gerados a partir da prática regular de exercícios físicos, é possível também vincular outros usos e funções quais trariam outro foco, mas ainda, seriam meios de gerar tal qualidade, uma vez que podem agregar outros valores e gerar espaços propícios para a socialização, por exemplo.

Uma abordagem que pode ser inclusa nesse contexto também é a da implantação de estruturas voltadas à disseminação da cultura, quais dariam oportunidade a existência de um espaço em que possam ocorrer atividades

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culturais. Esse exercício cultural põe em foco o ser humano, suas sociabilidades e celebra as suas diferenças. Para Teixeira Coelho (2008) a cidade pode ser considerada a primeira e decisiva esfera cultural do ser humano. Com o tema da globalização em foco, nesse momento em que se vive com intensas relações globais entre os diferentes atores sociais, a cidade encara o papel de protagonista no assunto. Para os autores, surgem alguns vetores a partir da discussão da tradução da cultura em vetor da vida cotidiana da cidade:

a) a renovação e expansão dos recursos culturais da cidade; b) o apoio às instituições culturais centrais;

c) a criação de recursos culturais de porte cotidiano criando uma malha cultural sólida;

d) a definição de modos culturais criativos de relacionamento com os equipamentos e problemas urbanos;

e) o estímulo à cidade culturalmente diversa;

f) a opção pelo desenvolvimento humano ainda mais que pelo desenvolvimento econômico;

g) o cuidado no respeito e na multiplicação dos direitos culturais, renovados com criatividade;

h) o apoio à ideia de uma nova cidade transformada que com seu exemplo possa mover o mundo;

i) a nova institucionalidade da cultura solicitada pelos novos desafios; j) a sustentabilidade do processo cultural; e

k) o papel da sociedade civil no novo arranjo da cultura na cidade que deve se tornar realidade uma política cultural de proximidade

A partir dessa leitura da dinâmica ocorrida entre a cidade e a cultura, vê-se a real necessidade de fomentar um meio em que o ambiente cultural seja amplificado e debatido. Através de uma abordagem que foca no comportamento do ser humano e da à oportunidade de “ser cultural”, seria outro uso proposto para agregar às funções sociais do Parque Urbano. Este, ainda, poderia abranger alguma(s) da(s) meta(s) do programa do Ministério da Cultura - Programa 2027 Cultura - Preservação, Promoção e Acesso. Seriam os objetivos do programa:

1. Promover, preservar e difundir o patrimônio e as expressões culturais afro-brasileiras;

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2. Promover cidadania e a diversidade das expressões culturais e o acesso ao conhecimento e aos meios de expressão e fruição cultural;

3. Promover a economia criativa contribuindo para o desenvolvimento econômico e sociocultural sustentável;

4. Promover o acesso ao livro e à leitura e a formação de mediadores, no âmbito da implementação do Plano Nacional do Livro e Leitura e do fomento à criação de planos correlatos nos estados e municípios; 5. Promover o direito à memória dos cidadãos brasileiros, preservando,

ampliando e difundindo os acervos museológicos, bibliográficos,

documentais e arquivísticos e apoiando a modernização e expansão de suas instituições, redes, unidades e serviços;

6. Implantar, ampliar, modernizar, recuperar e articular a gestão e o uso de espaços destinados a atividades culturais, esportivas e de lazer, com ênfase em áreas de alta vulnerabilidade social das cidades brasileiras; entre outros.

Além das funções já mencionadas, haveria ainda, um leque de outras sugestões que se conectam com a função de lazer dos Parques Urbanos, como por exemplo, parques voltados para o lazer infantil com foco nos playgrounds e na transformação do olhar sobre o espaço que coloca a infância em evidência. Pode-se citar como exemplo o Pavilhão Korogaru (Quadro 02), localizado no Japão, e projeto por Megumi Matsubara e Hiroi Ariyama. Neste projeto nota-se o pensamento centrado no desenvolvimento das crianças nas brincadeiras, que são seus momentos de lazer.

Quadro 02 – Pavilhão Korogaru

Fonte: YCAN em Archdaily (2017). Disponível em: < https://www.archdaily.com/868016/korogaru-pavilion-assistant/58d9729fe58ecefaa7000079-korogaru-pavilion-assistant-photo>.

Isso é alcançado no momento em que se propõe um espaço diferenciado que anima as crianças a abandonar o contexto dos meios de comunicação e interagir

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com o entorno e elementos como a luz natural, o vento, o solo, as plantas, como pode-se perceber na figura 06. Um meio onde as crianças são levadas a enxergar elementos do cotidiano de uma óptica diferenciada.

Outro parque que coloca em evidência a valorização do lazer infantil é o Parque Recreativo Venecia, localizado no Chile, projetado por Jaime Alarcón Fuentes, figura 06. O projeto tem como um de seus objetivos incentivar a cultura e as tradições através do parque, como ilustra a figura 07 que pode destacar as tradições chilenas onde integram-se diferentes jogos locais como o pau de sebo, a bocha e áreas para amarelinha.

Figura 06 – Parque Recreativo Venecia

Fonte: Rodrigo Mezza em Archdaily (2015). Disponível em:

<https://www.archdaily.com.br/br/767205/parque-recreativo-venecia-jaime-alarcon-fuentes/55426bb1e58ece706c0003c1-venecia-recreational-park-jaime-alarcon-fuentes-photo>.

Figura 07 – Equipamentos tradicionais chilenos

Fonte: Rodrigo Mezza em Archdaily (2015). Disponível em:

<https://www.archdaily.com.br/br/767205/parque-recreativo-venecia-jaime-alarcon-fuentes/554275ace58ece706c0003d9-venecia-recreational-park-jaime-alarcon-fuentes-photo>.

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É fato que trazer outros usos aos Parques Urbanos é uma estratégia para melhorar a qualidade do espaço e de trazer mais benefícios à população que usufrui do mesmo. Para garantir sucesso e utilização efetiva do parque através também da implementação desses usos, é sempre um bom caminho que os mesmos sejam definidos a partir da consulta da comunidade local, pois dessa forma garante-se o sucesso por meio da apropriação que fica assegurada pelo fato dos usos serem definidos pelos próprios usuários e beneficiados do projeto.

2.4 APROPRIAÇÃO DOS PARQUES URBANOS E SUAS CONDICIONANTES Segundo Szeremeta e Zannin (2013) os parques devem apresentar condições ambientais adequadas para a utilização efetiva dos mesmos, para todos os tipos de atividade. Ao mesmo tempo, a má qualidade do ambiente e a insatisfação dos usuários são determinantes ambientais negativos para o uso, e acabam por descaracterizar todos os benefícios associados à qualidade de vida e saúde pública.

Os parques urbanos tem forte apelo para a prática de atividades físicas, como comentado anteriormente em Atividades associadas à função e qualidade de vida. Afirmam a percepção do ambiente Collet et al. (2008) ser um fator importante de influência para a frequência e estimulo da utilização de parques urbanos na realização de atividades físicas. Os autores constatam ainda a importância da existência e principalmente da manutenção de locais urbanos adequados para a prática de atividades e que possibilitem maior contato com a natureza. Além disso, perceberam positivamente os programas públicos de incentivo à utilização dos parques nos ambientes disponíveis à comunidade.

Cassou (2009) mostra diversos fatores que se associam à frequência de utilização de parques como espaços recreativos, entre eles destacam-se o acesso, disponibilidades de espaços próximos a residências, estruturas e áreas verdes presentes. De acordo com a autora, à medida que o potencial de qualidade de ambiente em parques aumenta, maior é a proporção de mulheres, pessoas mais velhas, escolarizadas, e maior é a frequência geral de utilização. Ela também afirma que “locais com maior qualidade, no ambiente, considerando estética, acesso, condições, políticas do parque, segurança e aspectos físicos presente, estão associados a um maior percentual de frequência de uso”. (CASSOU, 2009, p.98).

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Reis (2001) traz como principais determinantes ambientais (motivos para utilização; características ambientais físicas; características ambientais sociais) para a utilização dos parques urbanos no caso de Curitiba:

a) a proximidade;

b) a beleza estética e a segurança/conforto;

c) a beleza geográfica e das estruturas construídas; d) a pista de caminhada e corrida;

e) os equipamentos disponíveis para a realização de exercícios; f) os estacionamentos;

g) os programas públicos para a prática de atividades físicas; h) os cartazes ou quadros informativos;

i) os serviços de atendimento de emergência

j) segurança pública e regulamentação de transito nas imediações;

k) o comportamento observado entre os usuários e o valor atribuído ao parque pela comunidade em geral.

Ainda, atributos como a oferta de atividades programadas, o tamanho dos parques, o potencial de ambiente não poluído, a disponibilidade de recursos e equipamentos, a existência de espaços verdes ou naturais, a estética e a manutenção, são condicionantes capazes de promover o uso do parque (CHOY et al., 2008; COHEN et al., 2010; GILES-CORTI et al., 2005; COLLET et al., 2008; HORNIG, 2005; BEDIMO-RUNG et al., 2005; BAKER et al., 2008; KACZYNSKI, HENDERSON, 2008; TESTER; BAKER, 2009 apud SZEREMETA; ZANNIN, 2013).

Haja visto a grande variedade de condicionantes que levam a população a utilizar efetivamente os parques urbanos propostos, é preciso notar que o não cumprimento desses aspectos dentre outros motivos podem levar esses espaços ao desuso ou à obsolescência. Isso pode os transformar em vazios urbanos, que como em outros espaços públicos obsoletos acarretam uma série de efeitos negativos sobre o lugar e até mesmo a região.

A identificação do caráter a ser conferido ao espaço público, bem como as demandas programáticas existentes e as maneiras mais adequadas de conectar o parque ao entorno, são fatores determinantes da apropriação do público no local que pode se concretizar. A não utilização de um parque acaba por associar-se à

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manutenção deficiente, que por sua vez inibe ainda mais a utilização. Dessa forma o que acaba ocorrendo é um círculo vicioso que resulta na degradação e abandono do local, mesmo que ele seja um espaço necessário no local onde esteja inserido.

Em busca de espaços públicos mais seguros e que atendam as necessidades da população, cidades do mundo inteiro buscam revitalizar e requalificar áreas subutilizadas de seus espaços urbanos. Agregam nelas todos os tipos de funções, que vão desde as sociais, de mobilidade urbana na escala do pedestre e do ciclista, ambientais, culturais, etc. Surge aí a importância de reaproveitar espaços bem localizados outrora obsoletos para trazer novo olhar sobre a região, e mesmo à cidade em geral.

2.4.1 Ambientes Requalificados

Com o objetivo de recuperar e dar novos usos a lugares obsoletos, mas com potencial, países de todas as partes do mundo já investiram milhões dando novas caras e transformando esses locais em parques urbanos. O exemplar mais conhecido desse assunto é o The New York City High Line, inaugurado em 2009. A High Line foi um projeto desenvolvido onde existia uma antiga ferrovia industrial, de 1930, que era utilizada para trens de carga. Em 2003 foi realizado um concurso para a transformação da linha em um parque público. Inspirados pela paisagem selvagem que o lugar se transformou ao ser abandonado, os vencedores do concurso James Corner Field e Diller Scofidio + Renfro criaram um sistema de pavimentação que incentiva o crescimento natural, criando assim, uma paisagem “sem trajeto” (Figura 08). Esse ambiente indefinido permite que o público passeie e experimente o parque como preferirem (CILENTO, 2009).

Conforme Stott (2013) nos últimos anos a High Line se tornou uma referência internacional de desenho urbano, e acabou por inspirar uma série de projetos que buscam, em semelhança ao projeto em Nova Iorque, sucesso social e econômico (Figura 09). O projeto impulsionou o desenvolvimento em Manhattan West Side, onde está localizado, de mais de U$ 2 bilhões em investimentos no bairro, desde a inauguração da primeira parte do parque. O autor também aborda o comunicado do National Building Museum qual mostra que o projeto inspirou novas ideias sobre o verdadeiro potencial de adaptação de infraestruturas industriais inutilizadas em

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espaços públicos ativos. A estrutura ainda tem outros atrativos como a realização de eventos culturais e exposição obras de arte.

Figura 08 – The New York City High Line (1)

Fonte: Iwan Baan em Archdaily (2009). Disponível em: <https://www.archdaily.com/24362/the-new-york-high-line-officially-open/1677788389_dsr-highline-09-06-5384>.

Figura 09 – The New York City High Line (2)

Fonte: Iwan Baan em Archdaily (2009). Disponível em: <https://www.archdaily.com/24362/the-new-york-high-line-officially-open/1240904550_dsr-highline-09-06-5189>.

Um outro exemplo recente é o Skygarden, realizado em Seul, na Coreia do Sul (Figura 10). Segunto Stott (2017), para a reutilização de uma rodovia abandonada no centro da capital sul-coreana, o escritório MVRDV projeta um parque linear de 16 metros de altura com imensa diversidade de espécies vegetais silvestres da Coreia, ver figura 11. O projeto buscou ser, além de tudo, uma

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experiência educacional. As plantas estão estrategicamente agrupadas por suas famílias, e se encontram em recipientes de diferentes tamanhos e alturas, e resultam em diferentes composições espaciais.

Figura 10 – Skygarden em Seul

Fonte: Ossip van Duivenbode em Archdailu (2017). Disponível em: <

https://www.archdaily.com/871754/mvrdvs-skygarden-a-transformed-983-meter-former-highway-

opens-in-seoul/59207134e58ece9f9e000257-mvrdvs-skygarden-a-transformed-983-meter-former-highway-opens-in-seoul-photo>.

Figura 11 – Diversidade de espécies do Skygarden

Fonte: Ossip van Duivenbode em Archdaily (2017). Disponível em:

<https://www.archdaily.com/871754/mvrdvs-skygarden-a-transformed-983-meter-former-highway-

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Além do parque em si, essa requalificação conta também com estabelecimentos comerciais, galerias, casa de chá, um teatro, centro de informação e restaurantes. A noite ganha uma ilumanação em azul, ilustrado na figura 12, que além de ser uma atração propriamente dita, a cor pode ajudar a tornar as plantas mais saudáveis. O espaço, além de tudo, pode abrigar eventos e festivais (STOTT, 2017).

Figura 12 – Iluminação noturna Skygarden

Fonte: Ossip van Duivenbode em Archdaily (2017). Disponível em:

<https://www.archdaily.com/871754/mvrdvs-skygarden-a-transformed-983-meter-former-highway-

opens-in-seoul/59207001e58ecef31700062e-mvrdvs-skygarden-a-transformed-983-meter-former-highway-opens-in-seoul-photo>.

Em matéria da Haus (Gazeta do Povo, 2017), é elencada uma série de projetos de megaestruturas como rodovias, pontes e viadutos que sofreram requalificações e hoje são vistos como objetos de estudos quais incorporaram aspectos humanos e sustentáveis através da implantação de parques urbanos.

Um dos exemplos citados é da cidade de Madrid, o projeto Madrid RIO, que para recuperar as margens do Rio Manzanares buscou trazer mobilidade urbana e sustentável à região de uma autopista que contava com construções históricas, (Figura 13). O projeto foi inaugurado em 2011, um extenso parque linear com áreas de lazer, ciclovias, espaços infantis, instalações culturais e espaços informativos sobre a história de Madrid.

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Figura 13 – Madrid RIO

Fonte: Wikimedio Commons via Haus - Gazeta do Povo

Ainda, a matéria para a Gazeta do Povo traz a exemplo a cidade de Houston, qual teve um parque urbano de 160 hectares criado sob a Rodovia I-45, inaugurado em 2006, (Figura 14). O projeto traz diversos percursos para pedestres e ciclistas, além de trechos com animais como patos, tartarugas e peixes. Ainda, é possível encontrar trechos que contém instalações de arte.

O projeto do SWA Group corrigiu problemas que a região tinha com enchentes e erosão, revitalizou caminhos d‟agua naturais, e aproximou o pedestre do Rio Buffalo Bayou, qual corta a cidade, através de pontes para pedestres. O projeto do SWA Group corrigiu problemas que a região tinha com enchentes e erosão, revitalizou caminhos d‟agua naturais, e aproximou o pedestre do Rio Buffalo Bayou, que corta a cidade, através de pontes para pedestres.

Figura 14 - Houston

Referências

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