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Usabilidade de armários modulados em apartamentos reduzidos

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Academic year: 2021

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM

ARQUITETURA E URBANISMO

MARINA RAMOS PEZZINI

USABILIDADE DE ARMÁRIOS MODULADOS

EM APARTAMENTOS REDUZIDOS

FLORIANÓPOLIS

2009

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Ficha Catalográfica para a Biblioteca da Universidade Federal de Santa Catarina

Pezzini, Marina Ramos, 1981-

Usabilidade de armários modulados em apartamentos reduzidos / Marina Ramos Pezzini – 2009.

154 f. : il. color. ; 21 cm

Orientadora: Vera Helena Moro Bins Ely.

Dissertação (mestrado) – Universidade Federal de Santa Catarina, Programa de Pós-Graduação em Arquitetura e Urbanismo, 2009.

1. Arquitetura. 2. Design. 3. Ergonomia. 4. Usabilidade. 5. Armários Modulados. 6. Apartamentos Reduzidos. 7. Quarto. 8. Cozinha. I. Ely, Vera Helena Moro Bins. II. Universidade Federal de Santa Catarina. Pós-Graduação em Arquitetura e Urbanismo. III. Usabilidade de armários modulados em apartamentos reduzidos.

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MARINA RAMOS PEZZINI

USABILIDADE DE ARMÁRIOS MODULADOS

EM APARTAMENTOS REDUZIDOS

Dissertação apresentada como requisito para a obtenção de título de Mestre do Programa de Pós-Graduação em

Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal de Santa Catarina na Área de Concentração Planejamento e Projeto de Arquitetura.

Orientadora: Vera Helena Moro Bins Ely, Dra.

FLORIANÓPOLIS

2009

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MARINA RAMOS PEZZINI

USABILIDADE DE ARMÁRIOS MODULADOS

EM APARTAMENTOS REDUZIDOS

Dissertação aprovada como requisito para a obtenção de título de Mestre do Programa de Pós-Graduação em Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal de Santa Catarina na Área de Concentração Planejamento e Projeto de Arquitetura em 13 de Novembro de 2009.

BANCA EXAMINADORA:

Profª Drª Carolina PALERMO – UFSC/ARQ

Profª Drª Leila Amaral GONTIJO – UFSC/PPGEP

Prof. Dr. Alexandre Amorim dos REIS – UDESC/CEART

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AGRADECIMENTOS

Agradeço o exemplo e o apoio dos Professores Vera Helena Moro Bins Ely, Carolina Palermo, Leila Amaral Gontijo,

Alexandre Amorim dos Reis, Marli Terezinha Everling, João Eduardo Chagas Sobral, Bianca Ramos Pezzini e Roy Ristow Wippel Schulenburg.

Agradeço, ainda, a confiança e o companheirismo dos meus pais e irmãos.

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RESUMO

Esta pesquisa interdisciplinar visa sistematizar uma lista de recomendações que auxiliem os arquitetos, os designers e os projetistas das lojas de modulados a otimizarem a usabilidade de armários modulados em apartamentos reduzidos. As medidas de usabilidade consideradas foram: eficácia funcional (cumprimento da função principal do armário: armazenar objetos), eficiência antropométrica (adequação entre medidas físicas do usuário e do produto) e satisfação pessoal (personalização e emocionalidade). A pesquisa deu-se com usuárias moradoras em apartamentos reduzidos de dois quartos nos bairros adjacentes da UFSC, bem como em lojas de modulados de Florianópolis. Foi realizado um estudo de campo empregando diversos métodos e técnicas, para levantar informações sobre os apartamentos, as usuárias e os armários modulados. Além do mau dimensionamento e da má distribuição, destacaram-se a falta de flexibilidade de uso, de personalização dos acabamentos e acessórios, bem como de organização, limpeza e praticidade. Diante disso, verificou-se a validade da modularidade para minimizar os problemas de usabilidade de armários em apartamentos reduzidos e foram sistematizadas 9 recomendações. Para o arquiteto: 1) projetar o ambiente para ser eficaz e adequado: às dimensões do corpo em atividade e em circulação; às características de uso e às dimensões dos equipamentos e móveis; ao acondicionamento suficiente e seguro dos objetos; 2) projetar o ambiente para a eficiência da tarefa: minimizar os esforços físicos e cognitivos das usuárias; 3) projetar o ambiente para a satisfação das usuárias: considerar a personalização dos ambientes e os usos complementares da habitação. Para o designer: 4) projetar o armário para ser eficaz: cumprir com suficiência e segurança sua função principal; 5) projetar o armário para a eficiência da tarefa: distribuir e agrupar os nichos conforme as ações e as posturas, num arranjo intuitivo; 6) projetar o armário para a satisfação das usuárias: fornecer soluções inteligentes, estéticas e flexíveis. Para o projetista: 7)

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projetar o leiaute para ser eficaz: inteirar-se das atividades, comportamento de uso e características físicas da usuária cliente, para adequar o projeto aos seus desejos e necessidades; 8)

projetar o leiaute para ser eficiente: distribuir os nichos conforme a combinação mais conveniente entre o peso do objeto e sua frequência de uso; oferecer alternativas que preservem a integridade física das usuárias; 9) projetar o leiaute para ser satisfatório: buscar o conforto físico, visual e psicológico das usuárias, criando afetividade com seus objetos e lugares, através da escolha de materiais e acessórios.

Palavras-chave: arquitetura; Design; Ergonomia; Usabilidade; Armários Modulados; Apartamentos Reduzidos; Quarto; Cozinha.

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ABSTRACT

This interdisciplinary research intends to systematize a requirement list to help architects, designers and deviser of the modular closets’ stores to optimize the usability of modular closets for bedroom and kitchen in reduced apartments. The measures of usability used were functional efficacy (achievement of the main function of the closet), anthropometrical efficiency (physical charge of the use) and personal satisfaction

(customization and emotionality). The research took place within female users that live in reduced apartments with two bedrooms in the UFSC surrounding neighborhoods, as well as in modular stores in Florianópolis. A field study researched some

information on the apartments, the users and the modular closets. Besides the bad dimensions and bad distribution, there were lack of flexibility, customization, and accessories, as well as

organization, cleanliness and practicity. Therefore, it was possible to verify the modularity as a valuable solution to the problems of the usability of closets in reduced apartments. Due to this fact, 9 recommendations were systematized. To the architect: 1) devise the environment to be efficacious, adequated to the dimentions of the body in activity and circulation; to the characteristics of use and the dimentions of equipment and furniture; to the safe and sufficient accomodation of objects; 2) devise the environment to the efficiency of the tasks, minimize physical and cognitive efforts of the user; 3) devise the environment to the satisfaction of the user, considering the personalization of the environment and the complementary uses of the habitation. To the designer: 4) devise the closet to be efficacious, to fulfill its main function with sufficiency and safety; 5) devise the closet to the efficiency of the actions, distribute and group the compartments according to the actions and postures, in an intuitive layout; 6) devise the closet to the satisfaction of the user, provide intelligent, esthetical and flexible solutions. To the deviser: 7) devise the layout to be efficatious: be aware of the activities, use behaviors and physical

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characteristics of the user client to adequate the devise to her desires and needs; 8) devise the layout to be efficient: distribute the compartments according to the best combination between the weight of the object and its frequency use; provide alternatives that preserve the user’s physical integrity; 9) devise the layout to be satisfying: provide physical, visual and psychological comfort of the user, establishing affection with her objects and places through the choice of materials and accessories.

Key-words: architecture; design; human factors; usability; modular closets; reduced apartments; bedroom; kitchen.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 01: Painel sincrônico de projetos para habitações reduzidas... Figura 02: Exemplos de mobiliário modulado... Figura 03: UFSC e seus bairros adjacentes... Figura 04: Alcances e posturas no uso de armários... Figura 05: Parâmetros antropométricos para os espaços de atividade... Figura 06: Diagrama metodológico... Figura 07: Esquema de registro in loco do levantamento espacial... Figura 08: Recorte da tela inicial do Google Docs... Figura 09: Tela de criação de formulário do Google Docs... Figura 10: Blog Uso de armários em apartamentos... Figura 11: Poemas dos desejos... Figura 12: Primeiras fichas das entrevistas... Figura13: Segundas fichas das entrevistas... Figura 14: Terceiras fichas das entrevistas... Figura 15:Fichas de entrevista respondidas... Figura 16: Resultados ilustrados da questão 04 do quarto... Figura 17: Resultados ilustrados da questão 04 da cozinha... Figura18: Persona Inês e armários representativos... Figura 19: Projetar o ambiente para ser eficaz... Figura 20: Projetar o ambiente para a eficiência da tarefa... Figura 21: Projetar o ambiente para a satisfação da usuária... Figura 22: Projetar os módulos e acessórios para serem eficazes... Figura 23: Projetar os módulos e acessórios para a eficiência da tarefa... Figura 24: Projetar os módulos e acessórios para a satisfação da usuária... Figura 25: Projetar o leiaute para ser eficaz... Figura 26: Projetar o leiaute para ser eficiente... Figura 27: Projetar o leiaute para a satisfação da usuária...

15 15 18 27 28 49 53 61 62 63 66 67 68 69 100 105 110 118 126 127 128 129 131 132 133 134 135

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LISTA DE QUADROS

Quadro 01: Funções do quarto... Quadro 02: Configurações da cozinha... Quadro 03: Funções da cozinha... Quadro 04: Recomendações ergonômicas para armários... Quadro 05: Problematização do sistema de uso... Quadro 06: Ficha de levantamento e registro de

apartamentos... Quadro 07: Ficha de estudo das plantas... Quadro 08: Modelo do quadro de personas... Quadro 09: Modelo do quadro de briefing... Quadro 10: Ficha de estudo dos nichos e acessórios... Quadro 11: Estudo da planta 01... Quadro 12: Estudo da planta 02... Quadro 13: Estudo da planta 03... Quadro 14: Estudo da planta 04... Quadro 15: Estudo da planta 05... Quadro 16: Estudo da planta 06... Quadro 17: Estudo da planta 07... Quadro 18: Estudo da planta 08... Quadro 19: Quadro de personas... Quadro 20: Quadro de briefing... Quadro 21: Humanização do projeto piloto... Quadro 22: Resultados da questão 01 do questionário... Quadro 23: Resultados das questões 03 e 04 do questionário.. Quadro 24: Resultados das questões 05 e 06 do questionário.. Quadro 25: Resultados das questões 09 e 10 do questionário.. Quadro 26: Resultados das questões 11 e 12 do questionário.. Quadro 27: Resultados das questões 13 e 14 do questionário.. Quadro 28: Resultados das questões 17 e 18 do questionário.. Quadro 29: Resumo dos resultados do questionário on-line.... Quadro 30: Resultados das questões 02 e 03 da entrevista sobre o quarto... Quadro 31: Resultados da questão 04 da entrevista sobre o

35 37 39 43 46 50 51 55 56 71 76 77 78 79 80 81 82 83 85 86 87 88 90 91 93 94 95 97 98 102

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quarto... Quadro 32: Demais resultados da questão 04 da entrevista sobre o quarto... Quadro 33: Resultados da questão 05 da entrevista sobre o quarto... Quadro 34: Resultados da questão 06 da entrevista sobre o quarto... Quadro 35: Resultados das questões 02 e 03 da entrevista sobre a cozinha... Quadro 36: Resultados da questão 04 da entrevista sobre a cozinha... Quadro 37: Demais resultados da questão 04 da cozinha... Quadro 38: Resultados da questão 05 da entrevista sobre a cozinha... Quadro 39: Resultados da questão 06 da entrevista sobre a cozinha... Quadro 40: Resumo dos resultados da entrevista... Quadro 41: Soluções para conforto, segurança e

personalização... Quadro 42: Soluções para aproveitamento de espaço e acesso... Quadro 43: Soluções para visualização e alcance... Quadro 44: Quadro de discussão... Quadro 45: Recomendações dimensionais para o balcão-aéreo... 104 106 106 107 108 109 111 111 112 112 115 116 117 124 130

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SUMÁRIO

CAPÍTULO 1: INTRODUÇÃO... 1.1 Relevância e delimitação da pesquisa... 1.2 Objetivos... 1.3 Procedimentos metodológicos... 1.4 Estrutura da dissertação... 13 16 19 20 21 CAPÍTULO 2: FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA... 2.1 Ergonomia e usabilidade... 2.2 Arquitetura e design... 2.3 Problematização do sistema de uso...

22 22 30 44 CAPÍTULO 3: ESTUDO DE CAMPO... 3.1 Primeira fase: estudo dos apartamentos... 3.1.1 Estudo exploratório... 3.1.2 Estudo de plantas... 3.1.3 Levantamento espacial... 3.2 Segunda fase: estudo piloto do sistema de uso... 3.2.1 Técnica de personas... 3.2.2 Briefing... 3.2.3 Projeto piloto... 3.3 Terceira fase: estudo dos usuários... 3.3.1 Escolha do perfil da amostra... 3.3.2 Escolha dos instrumentos de inquirição... 3.3.3 Questionário on-line... 3.3.4 Entrevista... 3.4 Quarta fase: estudo dos armários... 3.4.1 Entrevista semi-estruturada... 3.4.2 Estudo dos nichos e acessórios... 3.4.3 Simulação gráfica... 48 49 50 51 52 54 54 56 57 57 58 59 60 64 70 70 71 72 CAPÍTULO 4: RESULTADOS... 4.1 Primeira fase: estudo dos apartamentos... 4.1.1 Resultados do estudo exploratório...

73 73 73

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4.1.2 Resultados do estudo de plantas... 4.1.3 Resultados do levantamento espacial... 4.2 Segunda fase: estudo piloto... 4.3 Terceira fase: estudo dos usuários... 4.3.1 Resultados do questionário on-line... 4.3.2 Resultados da entrevista... 4.4 Quarta fase: estudo dos armários... 4.4.1 Resultados da entrevista semi-estruturada... 4.4.2 Resultados do estudo dos nichos e acessórios... 4.4.3 Resultados da simulação gráfica...

74 84 84 88 88 99 113 113 114 118 CAPÍTULO 5: DISCUSSÃO E RECOMENDAÇÕES... 5.1 Discussão... 5.2 Recomendações... 5.3 Recomendações para os arquitetos... 5.3 Recomendações para os designers... 5.4 Recomendações para os projetistas...

119 119 125 125 129 133 CAPÍTULO 6: CONSIDERAÇÕES FINAIS... 136 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS... REFERÊNCIAS WEB...

138 145 APÊNDICES... Apêndice 01: Questionário on-line... Apêndice 02: Resultado completo do questionário on-line...

148 148 152 ANEXOS... Anexo 01: Diagrama de Gropius para a Bauhaus... Anexo 02: Medidas dos objetos do quarto... Anexo 03: Medidas dos objetos da cozinha...

153 153 154 154

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CAPÍTULO 1. INTRODUÇÃO

A redução da área útil das habitações multifamiliares é um processo verificado nas últimas décadas nos grandes centros urbanos e relatado por diversas mídias como revistas e

telejornais. Esse processo tem se manifestado essencialmente nos apartamentos, unidades domésticas contidas em um invólucro que não permite adaptações com acréscimo de área. Sua ocorrência tem sido atribuída à perda de poder aquisitivo, às transformações dos agrupamentos domésticos, aos novos hábitos de morar, à inserção da tecnologia no lar e à limitação de área disponível para o crescimento das cidades. O reflexo dessas transformações sociais na construção civil é um tipo novo de unidade habitacional, cujo projeto define-se entre uma micro-arquitetura e um macro-design e deve integrar edificação e mobiliário em soluções diferenciadas, para garantir condições mínimas de moradia (FOLZ, 2002).

Ao mesmo tempo, diversos estudos têm sido realizados sobre o desempenho da habitação, mas não no sentido de padronizar áreas mínimas, cientificamente fundamentadas nos hábitos e nas dimensões humanas. Para isso, ações

interdisciplinares devem compreender o impacto da habitação na qualidade de vida do usuário. Esse impacto pode ser físico (condições inadequadas para o conforto e o repouso), psicológico (sensações de frustração, ansiedade e confinamento) e acidental (tombos e batidas devidos ao excesso de móveis e objetos). Sua principal causa é a sobreposição que ocorre, em projetos

reduzidos, entre o espaço que o homem ocupa para realizar suas atividades e o espaço que o mobiliário e os objetos ocupam para serem usados (CÍRICO, 2001; BOUERI, 2003; BOUERI et al, 2007).

Para evitar os efeitos negativos dessa sobreposição e otimizar a usabilidade da habitação reduzida, os arquitetos e os designers devem compreender as relações de uso nos ambientes em que se realizam as atividades. Ou seja, as características físicas

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e funcionais do ambiente, dos móveis e dos objetos, bem como as características físicas e emocionais dos usuários.

Nesse sentido, buscou-se a ergonomia como recurso comum à arquitetura e ao design, conferindo a característica de interdisciplinaridade a esta pesquisa. Dentro da ergonomia, a usabilidade foi a referência utilizada para potencializar a qualidade de uso do mobiliário e da habitação reduzida. A usabilidade é “a medida na qual um produto pode ser usado por usuários específicos para alcançar objetivos específicos com eficácia, eficiência e satisfação em um contexto específico de uso” (NBR 9241-11:2002).

O painel sincrônico da figura 01, a seguir, apresenta alternativas desenvolvidas por arquitetos e designers para otimizar a usabilidade de habitações reduzidas. Da parte da arquitetura, têm-se as micro-casas móveis (a), a sobreposição de ambientes (b e c), o confinamento em unidades minimalistas (d) e as células funcionais (e). Já o design, tem demonstrado que os móveis tradicionais não são tão adequados aos ambientes reduzidos quanto os móveis contêineres (g e h), multifuncionais (i e j), retráteis (f e k), modulados (FOLZ e MARTUCCI, 2006).

Entretanto, muitas dessas alternativas destinam-se a problemas extremos de limitação espacial e quebram drasticamente os estereótipos de habitação. Para que sejam aceitos pelos usuários, devem ser resultantes da uma longa e profunda transformação cultural de uma população e seu

contexto urbano. Em contextos cujas transformações não estão tão avançadas, a necessidade é de projetos inovadores, porém com referências mais próximas da habitação tradicional. Assim, considera-se a modulação como a alternativa mais adequada para mercados e comportamentos em transformação. A figura 02 apresenta um quarto (a) e uma cozinha (b) mobiliados com armários modulados.

(21)

a b c

d

e f g

h i j k

Figura 01: Painel sincrônico de projetos para habitações reduzidas. Fonte: Desenvolvido pela autora a partir de sites diversos.

a b

Figura 02: Exemplos de mobiliário modulado.

(22)

1.1 Relevância e delimitação da pesquisa

Diante dos fatos expostos, percebeu-se a relevância de estudar a usabilidade de armários modulados em apartamentos reduzidos e potencializar o desempenho desse recurso de design como possível solução para um problema arquitetônico crescente. Trata-se de uma proposta de micro-arquitetura ou macro-design, que visa conferir melhores condições de moradia, através da projetação mais criteriosa de uma solução já aceita pelo mercado. A relevância de potencializar a usabilidade de armários

modulados encontra-se, para os usuários, na personalização do projeto e significa um ganho de qualidade de vida. Para a indústria moveleira, significa oportunidades, pela adequação a um segmento crescente de mercado.

As fábricas e lojas de móveis modulados possuem uma abordagem de mercado similar. Os materiais, processos produtivos, padrões de corte, acessórios e serviços são basicamente os mesmos, o que caracteriza uma oportunidade para a diferenciação através do design.

É o que confirma matéria disponível no site do SEBRAE/SC (2009, web,), segundo a qual os móveis domésticos representam 60% da demanda nacional de mobiliário. De acordo com a Associação Brasileira da Indústria do Mobiliário (Abimóvel), os modulados são uma tendência de consumo da classe média, porque além de qualidade e funcionalidade, o consumidor recebe orientações projetuais para otimizar o aproveitamento do espaço. As questões de comercialização e fabricação dos modulados não fazem parte dos objetivos desta pesquisa, focada nas atividades projetuais e nos hábitos de uso. Entretanto, esses setores podem ser beneficiados, com a sensibilização dos profissionais-alvo.

Ainda, entende-se que a pesquisa contribuiu

academicamente com os estudos de ergonomia, arquitetura e design sobre aproveitamento de espaços mínimos, atendendo a uma demanda atual por parâmetros técnicos para o

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normas técnicas e publicações dificulta a elaboração de projetos adequados aos usuários (Fialho, 2005) e estimula uma reflexão sobre a responsabilidade dos arquitetos e construtores, designers e fabricantes, sobre os produtos imobiliários e mobiliários disponibilizados no mercado sem a consideração adequada dos fatores humanos, físicos e emocionais, em sua concepção e desenvolvimento.

A viabilização desta pesquisa determinou a limitação a uma tipologia habitacional, dois ambientes e dois móveis

representativos. A tipologia de dois quartos foi escolhida, porque abrange provavelmente a maior variedade de grupos domésticos, ou seja, famílias, casais, estudantes, pessoas sós (CAMARGO, 2003). Quanto aos ambientes, escolheu-se o maior quarto da planta, porque é o de uso preferencial, e a cozinha, pela intensidade de uso.

Quanto ao mobiliário, escolheram-se os armários por entender-se que, ao acomodarem objetos e utensílios usados para as atividades realizadas em um ambiente, contribuem para sua funcionalidade. Dentre os armários, foram escolhidos o guarda-roupa no quarto e o conjunto formado pelo balcão e o armário aéreo na cozinha, porque acumulam maior número e diversidade de funções, objetos e utensílios. Assim, o sistema de uso em

estudo é o de armários modulados em apartamentos reduzidos.

Outra limitação a mostrar-se necessária foi a geográfica, de modo a facilitar o acesso da autora. Assim, foram escolhidos os bairros adjacentes da Universidade Federal de Santa Catarina – UFSC: Carvoeira, Córrego Grande, Pantanal e Trindade. Por outro lado, esta limitação deveria respeitar o rigor científico e, portanto, as características da população desses bairros e do seu mercado imobiliário foram consideradas.

Quanto à população, trata-se de 4 dos mais populosos bairros da porção insular de Florianópolis: Carvoeira, Córrego Grande e Pantanal com mais de 4 mil habitantes cada, e Trindade com mais de 14 mil habitantes, segundo censo do IBGE

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2008, WEB). Já quanto ao mercado imobiliário, observa-se um consistente desenvolvimento pela presença da Universidade Federal e de empreendimentos comerciais como shoppings, supermercados, restaurantes, lojas de móveis e de serviços, como clínicas especializadas. A figura 06 marca os bairros escolhidos como limites geográficos (círculo maior) e seu ponto de

referência, a UFSC (círculo menor).

Figura 03: UFSC e seus bairros adjacentes. Fonte: Desenvolvido pela autora a partir do Google Maps (2008, web).

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1.2 Objetivos

O objetivo geral desta pesquisa é sistematizar uma lista de recomendações que auxiliem os arquitetos, os designers e os projetistas das lojas de modulados a otimizarem a usabilidade de armários modulados em apartamentos reduzidos. Para atingir esse objetivo geral, foi necessário estabelecer objetivos específicos, conforme segue.

a) Levantar na bibliografia pertinente informações científicas sobre a relação física e emocional do homem com a habitação e com o mobiliário doméstico.

Resultados esperados: fundamentação teórica a respeito de ergonomia, usabilidade, arquitetura e design; problematização do sistema de uso em estudo (Capítulo 2).

b) Conhecer o mercado imobiliário da região-alvo da pesquisa e os apartamentos oferecidos.

Resultados esperados: levantamento das características arquitetônicas dos apartamentos oferecidos;

compreensão da influência dessas características no sistema de uso em estudo; balizamento das

recomendações de usabilidade pela voz do mercado imobiliário (Capítulo 3).

c) Identificar as queixas e necessidades dsa usuárias-alvo da pesquisa em relação ao uso de armários em

apartamentos reduzidos.

Resultado esperado: balizamento das recomendações de usabilidade pela voz das usuárias (Capítulo 3). d) Investigar o mercado de modulados acessível ao

público-alvo da pesquisa e sua interação com esse público através dos projetistas.

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Resultados esperados: conhecimento dos produtos e serviços oferecidos ao público-alvo da pesquisa; balizamento das recomendações de usabilidade pela voz do mercado de modulados (Capítulo 3).

e) Avaliar as soluções projetuais dos armários oferecidos nesse mercado, em termos de usabilidade.

Resultado esperado: verificação da modularidade como solução para problemas de usabilidade de armários modulados em apartamentos reduzidos (Capítulo 3). f) Simular graficamente o sistema em estudo.

Resultados esperados: adição de amigabilidade aos instrumentos de inquirição; facilitação da legibilidade das recomendações de usabilidade (Capítulo 3).

1.3 Procedimentos metodológicos

Para atingirem-se os objetivos específicos da pesquisa foram buscados métodos da arquitetura, do design e da ergonomia. O primeiro procedimento foi uma fundamentação teórica a partir da produção científica dos últimos 9 anos, em todos os níveis.

Posteriormente, um extenso estudo de campo foi dividido em 4 fases: estudo sobre os apartamentos, estudo piloto do sistema de uso, estudo sobre os usuários e sobre os armários. Os procedimentos realizados foram: estudo exploratório, estudo de plantas, levantamento espacial, técnica de personas, briefing, projeto piloto, escolha do perfil da amostra, escolha dos instrumentos de inquirição, questionário on-line, entrevistas, estudos dos nichos e acessórios, simulação gráfica. Sua descrição detalhada consta no Capítulo 3.

(27)

1.4 Estrutura da dissertação

A presente dissertação divide-se em 6 capítulos. No primeiro, apresentam-se o tema da pesquisa, sua delimitação e relevância, os objetivos e os procedimentos realizados. Em seguida, no capítulo 2, encontram-se a problematização do sistema de uso e a revisão teórica sobre ergonomia, usabilidade, arquitetura e design. O capítulo 3 corresponde ao estudo de campo, que busca compreender o problema de pesquisa, a fim de levantar requisitos complementares aos da bibliografia, para a elaboração da lista de recomendações de usabilidade de armários modulados em apartamentos reduzidos.

No capítulo 4, apresentam-se os resultados do estudo de campo. No quinto capítulo, os resultados são discutidos, diante da bibliografia, e as recomendações são listadas para os

arquitetos, designers e projetistas. Ilustrações exemplificam sua aplicabilidade. Por fim, no capítulo 6, as conclusões.

(28)

CAPÍTULO 2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Este capítulo foi construído a partir de leituras pertinentes de ergonomia, arquitetura e design e contribuiu para a

compreensão do problema de pesquisa, além do levantamento da voz da bibliografia a respeito do sistema de uso estudado. Nesse sentido, foram fundamentais as referências de ergonomia buscadas nos estudos de Moraes e Mont’Alvão e Iida; as referências de usabilidade de Cybis e Jordan; as de design de mobiliário de Fialho, Folz e Martucci e as de arquitetura de Brandão, Villarouco, Portas, Círico, Camargo e Lourival Filho.

Essas leituras foram organizadas neste capítulo da seguinte maneira: primeiramente, a conceituação de ergonomia e

usabilidade e a conceituação de arquitetura e design. Em seguida, um estudo que levou à problematização do sistema de uso, para definir diretrizes de abordagem para a pesquisa. Os principais conceitos estão destacados em negrito, para evitar a quebra por subtítulos e conferir fluência ao texto.

2.1 Ergonomia e usabilidade

A ergonomia e a usabilidade são os corpos de

conhecimento que forneceram o aporte científico a respeito do desempenho do homem em atividade para este estudo. A partir dos conceitos e métodos propostos pelos pesquisadores dessas áreas, foi possível identificar critérios mínimos necessários ao uso dos armários nos apartamentos reduzidos, embasados no que se sabe sobre as características físicas e cognitivas do homem. O presente texto esclarece alguns conceitos norteadores.

Ergonomia é a ciência envolvida com a saúde e segurança do usuário, bem como a eficiência da tarefa em tudo aquilo que é construído ou produzido pelo homem e para o homem. Essa é o conjunto de conhecimentos a respeito do desempenho do homem em atividade a ser aplicado na concepção de tarefas e produtos (LAVILLE, 1977; DUL e WEERDMEESTER, 1998).

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Para a Internacional Ergonomics Association (IEA, 2009, web), a ergonomia é a disciplina científica preocupada com a

compreensão das interações entre o homem e outros elementos de um sistema e visa ao design que otimiza o bem-estar humano, bem como o desempenho geral do sistema. Já um conceito da Associação Brasileira de Ergonomia, citado por Iida (2005), considera esta disciplina como “o estudo da interação das pessoas com a tecnologia, a organização e o ambiente, objetivando

intervenções e projetos que visem melhorar, de forma integrada e não-dissociada, a segurança, o conforto, o bem-estar e a eficácia das atividades humanas”. Essas atividades podem ser de trabalho, de lazer ou mesmo domésticas.

O ambiente construído é o braço mais recente da ergonomia e está relacionado com o conforto e a percepção ambientais, com os postos de trabalho, com a configuração e com o mobiliário. Visa otimizar a interação entre indivíduo, produto e ambiente, com parâmetros de design para as condições de saúde e conforto – dimensões, formas, alcances, percepção,

adaptabilidade (VILLAROUCO, 2001; BALTAR et al, 2002;

MONTE e VILLAROUCO, 2006). Nesse sentido, cabe estudar-se a usabilidade para determinar a adequação de um ambiente e dos elementos que o compõem.

Usabilidade é a facilidade de uso dos produtos e sua amigabilidade para os usuários; é a qualidade de uso, definida ou medida para um contexto em que um sistema é operado

(JORDAN, 1998; CYBIS, 2003). Segundo a Rede Design Brasil (2009, web), é a qualidade de um produto que faz com que a compreensão de sua função seja imediata e seu uso seja fácil, simples. A palavra usabilidade é um neologismo, traduzido do termo da língua inglesa usability e significa a facilidade e comodidade de uso do produto, em seu entendimento e

operação. Segundo a mesma fonte, os produtos devem ser pouco sensíveis a erros, de modo que a usabilidade relaciona-se com o conforto e também com a eficiência (IIDA, 2005).

(30)

Pode-se considerar a usabilidade como o desenvolvimento de produtos e sistemas mais fáceis de serem utilizados,

relacionados diretamente às necessidades e exigências dos usuários, ou seja, quão fácil é usar algo – mecânico, eletrônico ou digital. A usabilidade é afetada não apenas pelas características do produto em si, mas também pelos aspectos dos usuários, das tarefas executadas e dos ambientes técnico, organizacional e físico nos quais o produto é utilizado (TANURE, 2008; THOMAS e BEVAN, 1996 apud TANURE, 2008).

Para o estudo da interação do indivíduo com os armários em apartamento reduzidos, levantaram-se problemas

preliminarmente a partir da observação informal. A manifestação desses problemas se dá na percepção de desconforto pelo usuário e na sua frustração com o armário. Sua origem está na

incompatibilidade entre as medidas antropométricas e as dimensões dos armários existentes no mercado, bem como na incompatibilidade entre as dimensões dos armários e as dimensões, variedade e número dos objetos armazenados.

Trata-se, portanto, de questões de eficácia funcional, eficiência antropométrica e satisfação pessoal. Segundo Cybis no Ergolist (Labiutil, 2009, web), eficácia é a precisão e completeza com que o usuário atinge objetivos específicos, gerando o

resultado esperado; eficiência é a precisão e completeza com que o usuário atinge objetivos em relação à quantidade de recursos gastos e satisfação diz respeito ao conforto e à aceitação do produto. Essas medidas caracterizam a usabilidade, um termo adotado pela ergonomia e pelo design para conceituar a qualidade de uso dos produtos.

A eficácia funcional dos armários está ligada às

necessidades de armazenamento do usuário na sua habitação. Quando os armários são mais funcionais, os ambientes são mais funcionais e, consequentemente, a habitação é mais funcional. Por outro lado, nichos mal dimensionados, mal distribuídos ou insuficientes para a quantidade de objetos a serem guardados dificultam a realização das atividades e causam incômodos

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rotineiros. Quando os objetos não cabem no armário, ou ficam difíceis de alcançar, o usuário perde tempo, se cansa e se frustra.

A funcionalidade é a qualidade de um projeto em que a concepção e a execução foram determinadas pela função

pretendida.Poucos estudos do projeto habitacional tratam de seu desempenho funcional, ou seja, de critérios que estabeleçam os limites da redução dimensional e gerem soluções com

desempenho técnico, economia e funcionalidade. Nesse tipo de proposta, as necessidades funcionais dos usuários estão ligadas às exigências da tarefa e o projeto deve partir da dimensão, forma, disposição, acesso e uso dos espaços, equipamentos e móveis, bem como dos fluxos de circulação, visando à qualidade ergonômica de cada ambiente e ao dimensionamento mínimo para a habitação (ELY, 2003; MARTINS e COSTA FILHO, 2004; SZÜCS E COSTA, 2006).

Os espaços devem ser dimensionados a partir das suas funções e dos objetos que os móveis abrigarão, com seus espaços de abertura de portas e gavetas e com as distâncias necessárias ao uso e circulação. Essas atividades, funções, usos implicam em diversas relações antropométricas, que costumam ser

desconsideradas quando os arquitetos buscam projetar ambientes compactos e econômicos. Ainda, espaços entre móveis e paredes para a limpeza, a circulação entre os móveis, a ocupação do corpo nas diferentes posturas são relações ignoradas (CÍRICO, 2001).

O espaço de atividade fornece parâmetros à definição dos ambientes, porque examina a interface entre o corpo humano e os componentes físicos do espaço. Ainda, contribui para a

determinação da área útil da habitação, que deve compatibilizar as necessidades de espaço dos usuários com o projeto,

identificando-se a área destinada a cada espaço da habitação e sua capacidade dimensional de suportar a realização das atividades de forma adequada, eficiente e segura (COSTA FILHO, 2005; BOUERI e MENDONÇA, 2005).

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Diante da questão do dimensionamento, aborda-se a

eficiência antropométrica – medida de usabilidade ligada à interface entre o ambiente, o objeto e o homem, dadas as

características físicas de cada um. A eficiência acontece quando a adequação dimensional dos ambientes e produtos minimiza o desgaste físico do usuário, bem como erros e acidentes. Sua importância está no fato de que a inadequação entre as dimensões corporais e os espaços internos, componentes e móveis pode ocasionar desconforto e, em alguns casos, lesões temporárias ou permanentes (CASTELLI, 2001).

A inadequação dimensional prejudica o desempenho do usuário na realização de suas atividades, pois determina posturas de uso inadequadas e prejudica o desempenho do armário, pois restringe a guarda de itens. Portanto, todos os que projetam devem saber a razão por que se adotam certas medidas: as relações entre os segmentos corporais do homem e o espaço que ele demanda para se deslocar, trabalhar e descansar; o tamanho dos objetos e utensílios que ele usa, para dimensionar os móveis destinados a contê-los; a melhor disposição dos móveis, para que ele trabalhe com gosto e eficiência ou repouse convenientemente; o espaço mínimo que ele precisa para trabalhar com comodidade e sem desperdício de área no uso dos equipamentos e móveis (NEUFERT e NEFF, 2007).

As dimensões corporais devem ser consideradas sempre que houver interface do corpo com componentes físicos no espaço, para garantir o uso cômodo e seguro, com qualidade de vida. Interface é a área de fronteira ou os pontos de contato que facilitam a interação entre usuário o produto. Entretanto, os dados antropométricos são pouco utilizados como apoio ao projeto arquitetônico, o que pode acarretar problemas posturais, acidentais, estresse por confinamento, perda de privacidade e impossibilidade de realizar atividades complementares no espaço doméstico. Sem esses cuidados, proliferam-se apartamentos cujos ambientes que prejudicam a realização das atividades a que são destinados, devido a equívocos no dimensionamento e na

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distribuição dos espaços (MONTE e VILLAROUCO, 2006; MARTINS e COSTA FILHO, 2006).

São diversas as variáveis antropométricas consideradas no uso de equipamentos e mobiliário doméstico. São elas: estatura (em pé); altura dos olhos (em pé); altura dos ombros (em pé); altura do cotovelo; comprimento do membro superior (alcances frontal e vertical); largura máxima do tórax; largura máxima da pelve; profundidade da máxima protusão do abdome;

profundidade máxima da protusão pélvica; profundidade da nádega ao joelho (na patela) sentado; profundidade para o agachamento (BOUERI, 1999; BARROS et al, 2006).

A figura 03 ilustra a inadequação dimensional de armários modulados de quarto e cozinha às características antropométricas da usuária e, portanto, alguns problemas de interface do sistema de uso em estudo. Pode-se perceber o déficit de alcance vertical máximo (a e b) e mínimo (c e d) da usuária diante dos armários. Ela estende-se, agacha-se e curva-se excessivamente para realizar as atividades de alcance, o que não só afeta sua saúde, como também a expõe ao risco de acidentes.

a b c d

Figura 04: Alcances e posturas no uso de armários. Fonte: Arquivo pessoal.

Essas inadequações dimensionais podem ser evitadas quando o profissional responsável pelo projeto considera as diversas posturas a serem realizadas pelo usuário na interface

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com o ambiente ou o produto. O profissional deve considerar não só as medidas físicas do usuário (antropometria estática), como o espaço que ele ocupa ao movimentar-se, na realização das atividades (antropometria dinâmica).Por exemplo: a figura 04 a seguir apresenta os parâmetros antropométricos apontados por Neufert e Neff (2007) para o dimensionamento dos espaços de atividades. Ao considerar que o usuário vai realizar inclinações, torções, extensões ou agachamentos, o profissional busca as medidas antropométricas pertinentes para possibilitar a realização de posturas mais agradáveis e minimizar a movimentação do usuário, aumentando a eficiência antropométrica da interface.

Ou seja, a partir de tabelas antropométricas ou medições do público-alvo, podem-se estabelecer parâmetros dimensionais mínimos para o uso confortável de um ambiente ou produto. Em ambientes reduzidos, é ainda mais determinante o uso dessa prática projetual, que parte do arranjo interno da interação com os equipamentos para o envelope externo, arquitetônico.

Figura 05: Parâmetros antropométricos para os espaços de atividade. Fonte: Desenvolvido pela autora a partir de Neufert e Neff (2007).

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Satisfação pessoal é a terceira medida de usabilidade considerada no projeto de armários para apartamentos

reduzidos. Trata-se do nível de conforto que o usuário sente ao usar um produto e o quanto esse produto é percebido pelo usuário como um veículo para atingir objetivos. Para esta pesquisa, a satisfação pessoal será considerada em termos de conforto emocional e personalização estética, ou seja, os aspectos afetivos da interação, que produzem uma resposta emocional dos usuários (JORDAN, 1998; PREECE et al, 2005).

Conforto é uma característica agradável dos produtos e ambientes que determina a realização das tarefas com mais bem-estar, facilidade, eficiência, tranquilidade e individualidade, com menos desgaste, estresse, queixas ou constrangimentos físicos, fisiológicos e psicológicos. Já a estética envolve as formas, cores, materiais, texturas, acabamentos, para que o produto seja considerado atraente. Envolve, ainda, os aspectos sensoriais, emocionais, sociais e culturais que influem no grau de aceitação e prazer (IIDA, 2005; PAULA e PASCHOARELLI, 2007).

A estética é uma qualidade ergonômica desejável, pois estabelece uma relação afetiva entre o produto e o usuário. Entender o impacto emocional dos produtos contribui para a definição do papel do designer para as relações do indivíduo consigo e com o mundo exterior (DAMÁZIO, 1996 apud Damázio e Mont’Alvão, 2008). Ao escolher e personalizar seus produtos, o homem se identifica com os objetos e sente-se mais confortável. Portanto, a emocionalidade é um aspecto cognitivo e deve ser considerado na adequação do produto ao homem. Os fatores estético-formais e semânticos envolvem as preferências do usuário quanto à coerência visual do produto, além de indicar os valores e atributos que o produto sugere ao usuário.

As pesquisas do design emocional buscam a adequação do entorno artificial às necessidades emocionais dos indivíduos como diferencial de experiência de uso, visto que os aspectos tangíveis têm sido estudados há muito tempo. Essas pesquisas baseiam-se nas ciências cognitivas e buscam entender o impacto

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emocional dos produtos como válidos, coerentes e significativos para o desenvolvimento do design, pois posicionam a dimensão emocional do produto no centro do processo de design,

contribuindo para a compreensão da relação existente entre produto, humano e ambiente (SCOLARI, 2008).

Nesse sentido, Mont’Alvão (2008 apud Damázio e

Mont’Alvão, 2008) afirma que ao serem “satisfeitos os requisitos de funcionalidade e usabilidade, o que se objetiva alcançar com o projeto são as necessidades psicológicas e sociológicas do

usuário, como suas necessidades de pertencer, alcançar, ser competente e independente (no uso do sistema), tornando a interação uma experiência prazerosa”.

2.2 Arquitetura e design

A arquitetura e o design são as atividades projetuais que fornecem os métodos e técnicas necessárias ao desenvolvimento de produtos e ambientes adequados ao homem e suas atividades. Os conhecimentos levantados em pesquisas dessas áreas

contribuíram para a sistematização de critérios projetuais para o uso dos armários nos apartamentos reduzidos, conforme se verifica no texto que segue.

A arquitetura é responsável pela concepção dos ambientes e lugares em que o homem realiza suas atividades de trabalho, repouso, lazer. Um de seus objetivos é projetar ambientes que contribuam para as atividades desenvolvidas, visando o bem-estar do indivíduo. A moradia deve proteger o homem e propiciar seu bem-estar e capacidade produtiva. Para isso, os arquitetos buscam se interar dos processos envolvidos na realização das atividades a que o ambiente se destina e

desenvolvem um arranjo físico que busca contribuir com essas necessidades (NEUFERT e NEFF, 2007).

De modo geral, entende-se que o projeto arquitetônico deva ser dimensionado minimamente a partir de algumas

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atividade; as dimensões dos equipamentos e móveis mínimos para a funcionalidade do ambiente; os espaços de circulação e o número de usuários simultâneos.

Assim, são adequadas configurações que hierarquizam os fluxos, agrupam os processos similares, obedecem à sequência das tarefas, evitam a circulação cruzada, diminuem os esforços musculares, os movimentos e os estrangulamentos de passagens, aumentam o conforto e a produtividade. O homem precisa de espaço mínimo para trabalhar, que é determinado pela área mínima de movimentação do corpo; pela segurança, ao evitar o choque do corpo contra partes do mobiliário; para não se sentir constrito, por ter o espaço pessoal invadido por outra pessoa (LIMA, 2002; TORRES et al, 2006).

Entretanto, corriqueiramente observam-se projetos arquitetônicos cujas configurações não consideram os espaços mínimos necessários ao acomodamento confortável do corpo humano em atividade. Um exemplo disso são as unidades domésticas reduzidas que vêm sendo produzidas nas últimas décadas em centros urbanos com problemas de limitação espacial ou cujas populações possuem baixo poder aquisitivo. Cabe observar que, em contrapartida, é registrado o aumento das medidas antropométricas das populações (CÍRICO, 2001).

Esta pesquisa buscou compreender os efeitos dessa redução descriteriosa nos apartamentos, porque constituem a tipologia habitacional em que as dimensões mais têm sido sacrificadas. Os usuários têm muitas opções para compra ou aluguel em termos de tamanho, preço e configuração, mas a escolha geralmente se dá pelo menor preço. Com isso, são adquiridos apartamentos menores, comprometendo a qualidade de uso da habitação e, consequentemente, a qualidade de vida (CÍRICO, 2001).

A queda do poder aquisitivo ocorrida no Brasil, na década de 1980, iniciou o processo de redução dimensional dos

apartamentos e determinou estratégias mercadológicas para ampliar o público-alvo do tipo dois-dormitórios. Entretanto, problemática econômica não deveria gerar habitações, móveis e

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equipamentos aquém das dimensões mínimas absolutas, porque isto aumenta a propensão a doenças e fadiga (PORTAS, 1969; CAMARGO, 2003).

Além da queda do poder aquisitivo, o surgimento de novos grupos e hábitos domésticos são outras das demandas que repercutem na redução dos apartamentos. Essas demandas são influenciadas pela modificação do papel da mulher na casa; intensificação da vida ativa no lar, com um novo equilíbrio entre privacidade, trabalho e vida social; entrada de novas tecnologias na habitação; diversificação demográfica. Por fim, interesse do mercado imobiliário é potencializar a lucratividade de cada empreendimento, ainda que precise desrespeitar a lotação saudável e funcional das habitações urbanas (PORTAS, 1966; COSTA FILHO, 2005).

O problema da redução dos espaços da habitação é a projetação de ambientes que não consideram as características dos equipamentos e móveis ou seu uso. “Sendo a habitação um bem de características fixas e duráveis é necessário assegurar que resista à obsolescência funcional e atenda às tendências de evolução das funções na família por períodos longos” (BOMM et al, 2003; COSTA FILHO, 2005).

Diante desses problemas, a pesquisa se concentra no estudo do quarto e da cozinha. O quarto, historicamente, destina-se a vários usos: dormir, conversar, receber pessoas, No fim da idade média, o quarto passou a ser um espaço fechado por cortinas, gerando a noção de privacidade. Com a revolução francesa e a ascensão da burguesia, os ambientes começaram a ser definidos pela sua função, inclusive o quarto. Ao mesmo tempo, no início do século 20, os operários eram obrigados a morar, comer, dormir em quartos coletivos na própria fábrica. Nas vilas operárias, cada família tinha sua casa, de um cômodo ou dois, mas dormiam várias pessoas em uma cama e o mesmo espaço era usado para tudo: comer, se lavar, secar roupas, cozinhar, secar carnes – não havia intimidade (TRAMONTANO, 2009).

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Nos anos 50, a casa burguesa apresentava uma alta compartimentação, com vários cômodos para atender aos

diversos usos domésticos: sala de visita, cozinha, dependência de empregados, um quarto para cada pessoa, corredores que davam independência aos espaços. Até essa época, a família exercia poder absoluto sobre seus membros, mas com mudanças de valores a partir de 1960, os pais passaram a ser menos exigentes e os filhos puderam ter mais liberdade. Os casamentos foram diminuindo e dando lugar a uma sociedade de jovens que moram informalmente com seus companheiros ou vivem sozinhos (TRAMONTANO, 2009). Com isso, a diversidade de construções residenciais aumentou, abrindo o mercado imobiliário para apartamentos reduzidos, com menos cômodos, multifuncionais.

Hoje, para várias camadas sociais, o quarto é sala de visitas, escritório, sala de estudos, local de trabalho, descanso – mas apenas os apartamentos de luxo conseguem amenizar essa sobreposição de atividades e funções. Porém, é no quarto que se verifica a maior personalização, pois o mobiliário, a organização, os livros, os objetos pessoais, os aspectos decorativos, os

aparelhos e, principalmente, o uso atribuído deixam transparecer sua relação com o usuário. Essa relação aponta para uma maior emocionalidade no uso do quarto, o que deve refletir-se no seu projeto (VERÍSSIMO e BITTAR, 1999; CAMARGO, 2003).

O quarto abordado pelo estudo é o maior quarto da planta – que pode ser entendido como o quarto de casal. Quanto à sua área útil, Boueri e Mendonça (2005) recomendam 15 m² a 18 m² para um quarto de casal que consideram bom e 12 m² a 15 m² para um quarto de casal satisfatório. Já Círico (2001) sugere que a área íntima mínima é de 5,3 m² por morador para grupos de quatro moradores, com 10 m² para o primeiro quarto (em apartamentos de três quartos). O Código de Obras de

Florianópolis (PMF, 2007, web) define a área mínima de 11m². O quadro funcional 01 a seguir contribui para a

identificação dos principais objetos e móveis envolvidos no uso do quarto a partir de suas funções e atividades. Esses dados

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foram utilizados na montagem do experimento e dos

procedimentos de pesquisa de campo. Sua construção deu-se a partir dos apontamentos de Silva (1982) e Pereira (2007) a respeito das funções dos ambientes.

Pôde-se perceber que o guarda-roupa está envolvido com todas as funções principais do quarto. Isto indica que é

indispensável à funcionalidade desse ambiente. Ainda percebeu-se o envolvimento do guarda-roupa em 3 das 5 funções

secundárias,determinado pela guarda de objetos usados na realização das atividades. A partir dessa análise, entendeu-se o guarda-roupa como o armário mais importante para a

funcionalidade do quarto, podendo ser o único, pois está ligado a 6 das 8 funções, direta ou indiretamente. Além disso, escolheu-se o guarda-roupa para o presente estudo de armários em função da diversidade de objetos armazenados e possibilidades funcionais.

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Funções e atividades Objetos Móveis Repousar: dormir, assistir à

televisão, ouvir música, padecer Roupa de cama, aparelho de som, DVD, televisão Cama, assento, guarda-roupa

Vestir: vestir-se, pentear-se, maquiar-se, olhar-se no espelho, calçar-se, secar-se

Vestuário e acessórios

Prateleira,

penteadeira, mesinha, guarda-roupa

Guardar: guardar, dobrar, apanhar, organizar

Todos Guarda-roupa

Estudar: ler, escrever, usar o computador

Computador, papelaria

Escrivaninha ou mesinha, assento, guarda-roupa Reparar: costurar, passar Muidezas Mesinha, cama, assento,

guarda-roupa

Comer

Pratos, copos, talheres

Mesinha, cama, assento

Receber: conversar, comer, beber

Pratos, copos, talheres

Mesinha, cama, assento

Limpar: varrer, esfregar o chão, limpar os armários, arrumar a cama, organizar objetos

Todos Todos

Quadro 01: Funções do quarto.

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A cozinha é considerada um dos espaços mais importantes e mais frequentados da casa, pois reúne as pessoas de forma descontraída, durante o tempo do preparo da refeição. É um espaço presente em toda a arquitetura habitacional, com diversas formas, e sua função o torna único no seio da casa, por estar associada a uma das necessidades básicas do ser humano – a alimentação (FLAMÍNIO, 2009, WEB).

A cozinha é o ambiente que mais reflete a transformação dos hábitos da sociedade. Uma possível razão para a resolução interna da cozinha vir sendo priorizada nos projetos de área reduzida é o custo elevado de construção desse ambiente. Outra, pode estar no número e variabilidade de tarefas e usuários ou seja: potencialmente todas as pessoas atuam na cozinha ao longo de todo o dia, para realizar diversas atividades, muitas das quais envolvem riscos de acidentes (CÍRICO, 2001; TORRES et al, 2006; MARTINS et al, 2006).

Ainda, análises biomecânicas do posto de trabalho de cocção revelam tensões musculares, dores e fadiga nas costas, pernas, tornozelos e pés; membros superiores, pela rotação e inclinação do tronco e manejo de peso leve; costas inferior, punhos e mãos. Há sobrecarga pela ausência de alternância posicional durante a jornada, pela movimentação ampla da coluna e pela intensa movimentação dos membros superiores (objetos acima ou abaixo do envelope de alcance e obstruções ao campo visual) (MARTINS et al, 2006; BARROS et al, 2006).

Envelope de alcance é o campo de ação de uma pessoa, o espaço utilizado por suas mãos e braços no manejo dos produtos e a inadequação de seu dimensionamento pode provocar

movimentos desnecessários ou problemas posturais. Está relacionado com o conceito de espaço de trabalho ou espaço de atividades: limites imaginários necessários para realizar os movimentos requeridos por uma atividade. Área imediata à localização do produto necessária à aproximação, acionamento e uso, sem interferências de mobiliário, equipamento ou outras pessoas, onde o usuário se posiciona muitas vezes de maneira

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inadequada (BOUERI, 1999). Campo visual é o espaço alcançado pela visão, que tem a forma de um cone partindo dos olhos, avaliada para posicionamento dos objetos de uso mais frequente.

O mobiliário existente no mercado não acomoda as dimensões de todos os usuários para todas as tarefas realizadas dentro de uma cozinha. Por outro lado hoje, com a significativa redução da área e ao aumento do aparato elétrico, é na cozinha que se percebe a maior consciência da limitação de espaço, através do menor acúmulo de móveis e equipamentos que nos outros ambientes e maior otimização da funcionalidade e circulação (PANERO e ZELNIK, 2002; CAMARGO, 2003).

Projetos em forma de corredor podem contribuir com essa otimização. A figura 04 a seguir apresenta as possíveis

configurações da cozinha, destacando os intensos fluxos entre geladeira, pia e fogão. A distância entre a geladeira e a pia deve ser a menor. Ainda, deve-se otimizar a agilidade do usuário na utilização de equipamentos, materiais e eletricidade através do processamento da menor distância no menor tempo (CÍRICO, 2001; GURGEL, 2003; MORAES, 2005).

Formato L Formato U U incompleto Corredor Linha

Legenda: A - Geladeira; B - Pia; C - Fogão

Quadro 02: Configurações da cozinha. Fonte: Brandão (2002), adaptado pela autora.

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Diversas recomendações são encontradas na bibliografia para a cozinha. Sobre a área útil, o Código de Obras de

Florianópolis (PMF, 2007, web) indica área mínima de 4,00 m², ao passo em que Neufert e Neff (2007) recomendam 8,00 m², com 7 m de bancada livre, e Círico (2001), uma área de 10,00 m².

A disposição dos componentes deve atender aos fluxos prioritários existentes entre a bancada, o fogão, a pia e a

geladeira. A bancada e a pia devem ser centralizadas, com espaço para manipulação de alimentos. Deve haver um espaço próprio para os eletrodomésticos, com livre acesso e uso. A zona de alcance deve ser confortável, a posição bípede deve ser amenizada com apoio de pé na bancada e alternância para a posição sentada. A verticalização de armários deve ser evitada, pois torna as tarefas mais lentas e pode causar acidentes pelo uso de bancos, além de dores nas pernas e na coluna (TORRES et al, 2006; MARTINS et al, 2006).

Nos armários, as relações antropométricas estão nos alcances e nas pegas e as relações funcionais estão nas dimensões internas dos nichos, que devem acomodar os objetos necessários à execução das atividades. Alcances verticais superiores e inferiores, espaços de circulação, espaço de atividade devem ser previstos pelos projetistas para garantir sua segurança e

funcionalidade ao ambiente e aos armários.

Assim, partiu-se da análise funcional, para identificarem-se os objetos e móveis envolvidos no uso da cozinha. No quadro 03, percebe-se o uso direto ou indireto do conjunto formado pelo balcão e o armário aéreo em todas as funções principais. Também se verifica o uso do balcão e aéreo em todas as funções

secundárias, direta ou indiretamente. Portanto, dentre os possíveis armários de cozinha, escolheu-se para esta pesquisa o conjunto balcão-aéreo, por entender-se que possui mais

possibilidades funcionais e é o mais indispensável, podendo até ser o único da cozinha.

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Funções e atividades Objetos Móveis Posturas Cozinhar: cortar, picar, mexer, misturar Panelas, formas, pratos, travessas, copos, xícaras, potes, jarras, talheres, miudezas, aparelhos Balcão, aéreo Em pé sobre banco, em pé, sentada, agachada

Comer Pratos, copos, xícaras, talheres Balcão, aéreo, mesa, assento Sentada Guardar: guardar, apanhar, organizar Todos os anteriores e alimentos Balcão, aéreo Em pé sobre banco, em pé, sentada, agachada Reparar: costurar, passar Miudezas Balcão, aéreo, mesa, assento Em pé, sentada Receber: conversar, comer, beber Pratos, copos, xícaras, talheres Balcão, aéreo, mesa, assento Em pé, sentada

Limpar: varrer, esfregar o chão, limpar os armários, lavar e secar a louça, organizar objetos

Todos Todos Em pé sobre banco, em pé, sentada, agachada

Quadro 03: Funções da cozinha.

Fonte: Desenvolvido pela autora a partir de Silva (1982) e Pereira (2007).

Uma análise similar pode ser estendida aos demais cômodos domésticos, para evidenciar a relevância do armário para a funcionalidade da habitação como um todo. Dadas as atividades gerais de alimentação, manutenção, convívio, estudo, guarda de objetos, higiene pessoal, lazer ativo e recreação, lazer passivo e repouso, higiene e manejo do vestuário (Silva, 1982; Pereira, 2007 apud Palermo et al,2008), percebe-se que todas requerem o uso dos armários direta ou indiretamente – ao armazenar objetos, produtos e acessórios utilizados na realização

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dessas atividades. Portanto, o estudo de dois cômodos diversos e complexos como o quarto e a cozinha conduz à compreensão dos requisitos de design para a usabilidade dos armários domésticos.

Design é “uma atividade criativa cuja finalidade é estabelecer as qualidades multifacetadas de objetos, processos, serviços e seus sistemas”, de acordo com o International Council of Societies of Industrial Design (ICSID, 2009, WEB). O design determina características exteriores, estruturais e funcionais que dão coerência a um objeto tanto do ponto de vista do produtor quanto do usuário. É o processo de adaptação do entorno objetual às necessidades físicas e psíquicas dos indivíduos. Os 5 principais componentes do design são performance, qualidade, durabilidade, aparência e custo (MALDONADO, 1961; LÖBACH, 1976; KOTLER, 1989 apud LSC, 2009, WEB).

O design estrutura a interação entre usuário e produto, para facilitar ações efetivas (BONSIEPE, 1992). É uma atividade especializada de caráter técnico-científico, criativo e artístico, com vistas à concepção e desenvolvimento de projetos de objetos e mensagens visuais que equacionem sistematicamente dados ergonômicos, tecnológicos, econômicos, sociais, culturais e estéticos, que atendam concretamente às necessidades humanas (Projeto de Lei nº 1.965, de 1996, que visa regulamentar a profissão no Brasil apud LSC, 2009, WEB).

A interface entre a ergonomia e o design se dá com a primeira fornecendo conhecimentos a respeito do homem para adequar os objetos às suas necessidades e o segundo propondo soluções para os problemas. Há ainda a adequação entre produto, atividades, usuário e contexto de uso – trabalho, lazer ou ócio. Os projetos de mobiliário com ergonomia possuem benefícios de conforto, segurança e funcionalidade, além da adequação de estética, manejos e controles, manutenção, esforços, basicamente em função da definição correta da estrutura, material, formas, dimensões e posições dos equipamentos e acessórios, priorizando a postura dos usuários (SOUZA e MERINO, 2002; MORAES, 2007; JARUFE e LOPES, 2007).

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O mobiliário doméstico é um conjunto de produtos que estabelece a relação do usuário com sua habitação, determinando a eficiência das suas atividades e o conforto do seu repouso. Por conseguinte, sua adequação determina a funcionalidade dos ambientes e a qualidade de vida dos seus usuários. Essa adequação se dá a partir do momento em que o mobiliário cumpre a função a que se destina, sem comprometer a saúde física e psicológica do usuário.

Em outras palavras, entende-se que o cômodo cumpre sua função, quando o mobiliário contido cumpre suas funções. Assim, os armários devem possuir dimensões adequadas para acomodarem os objetos usados na execução das atividades, além de uma distribuição adequada dos nichos, que favoreça as posturas. O dimensionamento do mobiliário visa à

produtividade, qualidade, satisfação e segurança da tarefa, entretanto, diversos produtos são colocados no mercado sem avaliação ergonômica, muitas vezes por falta de conhecimento dos fabricantes (SOUZA e MERINO, 2002).

No caso dos apartamentos reduzidos, os armários destinam-se a conter em pequenos espaços a variedade e

abundância de produtos pessoais ou utensílios para a realização das atividades domésticas. A compreensão dos hábitos e

necessidades pessoais, a partir da observação de seu

comportamento é a chave para a concepção de produtos novos, adequados a essas novas necessidades (DANTAS, 2006).

A relação arquitetônica entre os ambientes e as propostas inovadoras de mobiliário multifuncional ou com dimensões, geometria e usos menos rígidos que os tradicionais podem contribuir para a usabilidade dos ambientes domésticos

reduzidos (FOLZ e MARTUCCI, 2006). A inovação introduz um conceito ou procedimento novo para um produto e modifica os padrões tradicionalmente estabelecidos, em uma situação de defasagem.Diante disso, consideram-se os armários modulados e seus acessórios como produtos em constante renovação, que

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podem minimizar os efeitos da redução dimensional das plantas, além de outros problemas de uso.

Armários modulados são sistemas de armazenamento compostos por módulos de dimensões repetitivas, que permitem a personalização de uso dos armários e a simplificação da produção. Os módulos, ou nichos, são subsistemas compostos por placas de fibra de madeira (aglomerado, compensado MDF, OSB, MDP), revestimento laminado, acabamentos (vidro, alumínio, plástico, espelho) e acessórios (rodízios, corrediças, freios). Módulas são unidades análogas e complementares, integradas para formar uma estrutura homogênea.

As vantagens da modulação são: para a indústria, aumentar a produção, melhorar o armazenamento, diminuir componentes e custo, explorar a flexibilidade nos projetos; para os consumidores, comprar em etapas os módulos e adaptá-lo ao espaço que possuem, com uma grande variedade de composições (FOLZ, 2002). Os projetos surgem cada vez mais integrados e convidativos, fazendo com que os moradores tenham prazer em permanecer mais tempo no ambiente. O efeito visual de

organização torna mais habitável o espaço reduzido. Móveis retráteis, superfícies de trabalho retráteis contribuem para o aproveitamento. As formas devem evitar quinas, sulcos e arestas.

Armários personalizados podem promover a flexibilidade dos espaços, permitindo a alternância de usos de um ambiente e proporcionando a redução de custos na construção de paredes, porém, podendo implicar em um custo relativamente alto de aquisição. Há uma otimização do aproveitamento de espaço pelo uso de armários embutidos, que podem apresentar nichos para o encaixe da grande variedade de eletrodomésticos encontrados na habitação (BRANDÃO, 2002; CAMARGO, 2003).

Os acabamentos e acessórios tornam o armário modulado ainda mais atraente e aumentam a sensação de conforto, através da luminosidade, das cores, da visibilidade do sistema. A possibilidade de escolher materiais como espelhos, metais e madeiras estimula a percepção sensorial na interação com o

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usuário, além de influenciar a praticiadade da limpeza. Em termos de personalização e afetividade, pode-se ainda recorrer ao design de superfícies, que é voltado à criação de composições gráficas para aplicação em diferentes superfícies.

A bibliografia oferece outras recomendações, abordadas por esta pesquisa. O quadro 04 a seguir organiza as

recomendações de Martins (2007) para os guarda-roupas, que podem estender-se aos demais armários domésticos. Quanto à antropometria, os armários devem adequar-se aos alcances. Quanto à funcionalidade, os nichos e acessórios são soluções projetuais a serem exploradas para otimizar a usabilidade do sistema. E quanto à cognição, ainda segundo esse autor, a estética torna o uso do armário mais agradável ao promover uma relação de emocionalidade e afetividade, que são funções cognitivas – assim como a tomada de decisões, que atua na escolha dos produtos de que as pessoas se cercam.

Antropometria Alcance vertical deve ser adequado para evitar posicionamento irregular do usuário, irritação e desistência da tarefa.

Alturas adequadas dos subsistemas e acessórios voltados a usuários extremos facilitam o uso. Funcionalidade Acessórios contribuem para a funcionalidade.

Modularidade favorece o uso e é mais viável para as linhas de produção, devido à regularidade dos cortes. Qualidade dos acabamentos deve evitar portas e gavetas emperradas, fundos que soltam, remontagens. Cognição Estética torna a relação com o objeto mais agradável.

Quadro 04: Recomendações ergonômicas para armários. Fonte: Desenvolvido pela autora a partir de Martins (2007).

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2.3 Problematização do sistema de uso

Os problemas ergonômicos podem ser: interfaciais, instrumentais, informacionais, acionais, comunicacionais,

cognitivos, interacionais, movimentacionais, de deslocamento, de acessiblidade, urbanísticos, espaciais, físico-ambientais, químico-ambientais, biológicos, naturais, acidentários, operacionais, organizacionais, gerenciais, instrucionais, psicossociais, de

disfunções sistêmicas (MORAES e MONT’ALVÃO, 1998). Mas os problemas similares relatados na bibliografia e os levantados preliminarmente na observação assistemática do uso de armários em apartamentos reduzidos classificam-se como instrumentais, acionais, interfaciais, movimentacionais, acidentários, de acessibilidade e cognitivos. Esses problemas manifestam-se no dimensionamento e distribuição dos nichos no armário e no dimensionamento, distribuição e acabamento dos puxadores.

Os problemas instrumentais dizem respeito ao excesso e variabilidade de objetos para armazenamento. Essa situação é corriqueira no uso de armários, mas agrava-se em situações de restrição espacial, pois há menos espaço de armários para um mesmo número e variedade de objetos, que vão de utensílios do dia-a-dia àqueles de uso pessoal ou, simplesmente, objetos de estima. Ou seja, a má distribuição ou o mau dimensionamento dos nichos dos armários causam desgastes ao usuário, que tem dificuldades de dispor seus objetos convenientemente.

Problemas acionais ligados às formas, dimensões e posicionamento dos puxadores podem prejudicar o conforto da pega e a postura do usuário, também levando a frustrações ou mesmo lesões, temporárias ou permanentes, pela movimentação ou posicionamento inadequado dos braços, costas e pescoço. Esses problemas movimentacionais também podem ocorrer no desempenho de outras atividades, com manejo de pesos, ou como consequência de problemas de acessibilidade, em que objetos e equipamentos estão fora do alcance confortável. Isto significa que as medidas antropométricas do usuário não bastam para a

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