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Efeito do treinamento resistido periodizado e não periodizado nos domínios cognitivos e morfofuncionais de idosas robustas

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Academic year: 2021

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS

FACULDADE DE EDUCAÇÃO FÍSICA

Hélio José Coelho Junior

Efeito do treinamento resistido periodizado e não periodizado nos domínios cognitivos e morfofuncionais de idosas robustas

CAMPINAS

(2)

HÉLIO JOSÉ COELHO JUNIOR

EFEITO DO TREINAMENTO RESISTIDO PERIODIZADO E NÃO PERIODIZADO NOS DOMÍNIOS COGNITIVOS E MORFOFUNCIONAIS DE IDOSAS ROBUSTAS

Orientador: Prof. Dr. MARCO CARLOS UCHIDA

ESTE EXEMPLAR CORRESPONDE À

VERSÃO FINAL DA DISSERTAÇÃO DEFENDIDA PELO ALUNO

HÉLIO JOSÉ COELHO JÚNIOR ORIENTADA PELO PROF. DR. MARCO CARLOS UCHIDA

Marco Carlos Uchida

CAMPINAS

2016

Dissertação apresentada à

Faculdade de Educação Física da Universidade Estadual de Campinas como parte dos requisitos exigidos para a obtenção do título de Mestre em Educação Física, na área de Atividade Física Adaptada

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COMISSÃO EXAMINADORA

_______________________________________________

Prof. Dr. Marco Carlos Uchida

Faculdade de Educação Física da Universidade Estadual de Campinas

__________________________________________________

Prof. Dr.Ricardo Yukio Asano

Escola de Artes, Ciências e Humanidades- Universidade de São Paulo

______________________________________________________________________

Profa. Dra. Priscila Yukari Sewo Sampaio

Faculdade de Educação Física da Universidade Estadual de Campinas

A Ata da defesa com as respectivas assinaturas dos membros encontra-se no processo de vida acadêmica do aluno

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“ à l'époque que j'étais jeune et intrépide

quand les rêves étaient faits, usés et gaspillés

il n'y avait pas de prix à payer

ni chanson non chanté

ni vin non dégusté “

Fantine

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AGRADECIMENTOS

A minha mãe, Edna Antônia Refundine, por me proporcionar a vida, a educação, o alimento, o exemplo, a oportunidade de realizar meus sonhos e, mais importante que tudo isso, a oportunidade de conhecer o amor.

Sr. Geraldo Refundine (Nego), in memorian. Não tenho palavras para

agradecer o senhor por suas aulas, das mais longas as mais curtas, das disciplinas mais básicas as mais avançadas. Sua figura de avô, pai e mestre jamais será esquecida. Que eu possa, quiçá, um dia, honrar seu nome, sua imagem e seu sangue.

Dr. Marco Carlos Uchida, mentor, orientador e amigo. Sua paciência, incentivo e erudição me guiaram e colaboram para o meu crescimento no âmbito acadêmico, profissional e humano. Ser o seu primeiro aluno de mestrado e aprender com o senhor é, sem dúvida nenhuma, uma grande honra. Agradeço eternamente sua colaboração e orientação nos momentos de luz e trevas que encontrei nos últimos 4 anos.

Dr. Ricardo Yukio Asano. Sua confiança na minha capacidade profissional foi, e, é um fator catalizador na minha formação profissional. Me acolheu em um momento crítico e de tensão. Além de orientador, um amigo!

Dr. Priscilla Yukari Sewo Sampaio e Prof. Ricardo Aurélio Sampaio. Obrigado pela convivência, paciência e seriedade para comigo e com o meu trabalho. Espero que, nos próximos anos, possa aprender mais com vocês.

Prof. Marcos Cenedeze, que incansavelmente colaborou para que as análises desse trabalho fossem realizadas da melhor maneira possível. Sua amizade e sabedoria contribuíram para que fossem feitas reflexões e extraídas lições das mais diversas situações da vida.

Ao amigo, futuro Dr. Ivan Gonçalves de Oliveira. Seu respeito, confiança e acolhimento foram o alicerce para que esse trabalho pudesse ser construído. Sou muito agradecido ao senhor por ter aberto as portas do cantinho do idoso, para que eu

aplicasse o meu protocolo experimental.

Ao amigo, futuro Dr. Samuel da Silva Aguiar. Um exemplo de ser humano e cientista, “o homem homem”. Sua proatividade, empenho e rigor nos experimentos do meu projeto fizeram com que esse fosse realizado da melhor forma possível. Além

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disso, sua amizade e disponibilidade para os “cafés” me mantinham na luta, por questões psicológicas e/ou adrenérgicas.

A Prof. Juliana Nunes Freitas, por seu amor com o meu projeto e com as minhas idosas. Sua colaboração no treinamento e avaliação das idosas foi essencial para que esse projeto acontecesse.

Dr. Niels Olsen Saraiva Câmara. Por abrir as portas do seu laboratório, LIC – EPM -UNIFESP, para que eu pudesse realizar as análises bioquímicas do presente estudo.

A todos os colegas do LICE- EPM- UNIFESP, principalmente ao Dr. Luiz Augusto Buoro Perandini, Dr. Rafael Pereira, Prof. Michel Kendy e futuro Dr. Rafael Felizardo. Agradeço pelas oportunidades de discussão acadêmica, ensinamento das técnicas laboratoriais e experimentais, e por permitir que me juntassem a vocês nos almoços e ‘’cafés’’.

A Heloá Cataria Coelho (Chata). Minha gratidão pela paciência com os meus OCASIONAIS, CURTOS e PONDERADOS períodos de irritação e mal humor. Tenho certeza, que com o conhecimento que você adquiriu comigo nesse período de mestrado, somado ao que você já havia adquirido ao longa da vida, fará com que pessoas chatas e inconvenientes passem imperceptíveis por você.

A Dejanira Terezinha dos Santos Refundine, vulgo Vó! Uma general, um almirante, uma líder, um cacique. Sou grato por suas demonstrações de afeto e

preocupação com meu “estudo”, como diz a senhora. Sei que suas orações, mesmo que não gerem uma resposta eferente, fazem com quem, ao saber, eu me sinta acolhido e amado.

Tio Jacob e prima Rosa. Junto com a minha avó, perfazem o conjunto ascético da família. Suas orações e desejos de paz na minha caminhada, possibilitam para que eu aceite as condições adversas impostas pela vida, e, de alguma maneira, possa contorná-las.

Dr. Paula Teixeira. Seu amplo conhecimento na psicologia permitiu que esse trabalho objetivasse metas maiores.

A amiga, Dr. Clévia dos Santos Passos. Sou imensamente grato por me propiciar a oportunidade de aprender com você, ser seu aluno. Jamais esquecerei o

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tempo precioso que você gastou comigo, apenas pelo prazer de ensinar. O coração, cérebro, rins, pâncreas e fígado estarão sempre na minha escrivaninha.

Ao coordenador e ao gestor do curso de educação física da Universidade de Mogi das Cruzes (UMC), Luiz Henrique Peruchi e Gilson Fernandes da Silva. A colaboração de vocês permitiu com que eu pudesse iniciar essa nova etapa acadêmica. Obrigado pela paciência, respeito e compreensão.

Alunos e ex-alunos do LAC- FEF – UNICAMP: Carolina Mie Kawagosi Onodera, Leonardo Luiz Lazzarini, Lucas Akira, Francisco Ariza e Vivian de Lima. Obrigado por colaborarem nos mais diversos aspectos desse projeto.

Prof. Luís Felipe Milano Teixeira. Uma verdadeira máquina de trabalhar. Obrigado por sempre estar disposto a disponibilizar, desde a época da FIEO, seu precioso e limitado tempo para me ensinar seja o que for.

Dr. Bruno Rodrigues. Um exímio pesquisador! Grato pelas discussões e orientações.

Prof. Vinicius Godoy de Freitas. Grande amigo! Sempre incentivando a busca pelo melhor.

Futuro Dr. Rafael Palmeira. Pelos momentos alegres de convivência. Obrigado por acreditar que eu podia colaborar com a formação dos seus alunos.

Prof. Danilo Cândido. Grande colega e incentivador.

A amiga, Dr. Priscila Afonso Faria. Sua contagiante felicidade e apoio foram essenciais para o meu bem-estar nesses últimos dois anos. Sou muito grato por sua amizade.

Aos funcionários do Cantinho do Idoso da Cidade de Poá. Ao Sr. Flávio Romano, por permitir que eu utilizasse o “cantinho” como local de treinamento das idosas. A enfermeira Daisy dos Reis, uma heroína do começo ao fim da história. A todas as “tias da cozinha e da limpeza”, sempre de bom humor, com um elogio na boca, e com uma garrafa de café para mim. Aos seguranças, por alterarem a logística dos turnos da madrugada para que eu pudesse organizar os experimentos.

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Aos funcionários da secretaria de Pós-graduação da FEF – UNICAMP. Principalmente, a Sra. Simone Malfatti Ganade Ide, a qual sempre com educação, bom humor e paciência resolvia as minhas solicitações.

As “tias da limpeza” da FEF. Além de manter a limpeza do nosso local de trabalho, sempre se mostraram dispostas a dar um sorriso e um elogio.

Marina Gemma (Gemúsculos). Obrigado por todo apoio e amor para comigo durante toda essa jornada. Sem você, não teria acontecido.

Aos amigos que me acompanharam, mesmo que a distância, durante todo esse processo: Allan Ribeiro Luz, Humberto Alves Neves, Glauber Eduardo e Renato Pereira. Saudades!

A todos aqueles que colaboraram de forma direta ou indiretamente para que esse projeto acontecesse.

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RESUMO

A diminuição da capacidade cognitiva e as alterações morfofuncionais são fenômenos associados ao envelhecimento, e necessitam de cautela, pois estão associadas ao aparecimento de síndromes geriátricas. O treinamento resistido não periodizado vem demonstrado ser uma interessante terapia para postergar, ou mesmo, evitar esses efeitos deletérios na velhice. No entanto, o treinamento periodizado, o qual tem demonstrado ser superior ao treinamento não periodizado para causar aumento das adaptações neuromusculares em adultos jovens, ainda é pouco estudado em idosos. Assim, os objetivos do presente estudo são verificar e comparar o efeito do treinamento resistido periodizado e não periodizado nas capacidades físicas, funcionais, domínios morfológicos e cognitivos de idosas robustas. Para isso, 45 idosas robustas foram recrutadas, e, posteriormente, randomizadas cegamente em três grupos: grupo treinamento periodizado (GP), grupo treinamento não periodizado (GNP) e grupo controle (GC). Ambos grupos de intervenção, GNP e GP, foram submetidos a 22 semanas de treinamento resistido, com frequência semanal de duas sessões, compostas por nove exercícios físicos que contemplavam os principais grupos musculares. Em ambas sessões semanais, dois estímulos diferentes eram oferecidos ao GNP, um de potência muscular (PM) e outro de força muscular (FM). A sessão de PM, era composta de 3 séries de 8-10 repetições submáximas, com intensidade três (i.e. moderado) na escala de percepção de esforço (CR-10). Todos os exercícios eram realizados com o auxílio de faixas elásticas, sendo a ação muscular concêntrica realizada com a maior velocidade possível. Na segunda sessão semanal, os voluntários realizavam três séries de 8-10 repetições submáximas, com intensidade 5-6 na escala de percepção de esforço (CR-10), em aparelhos de musculação. O GNP realizava apenas os exercícios de força, os mesmos do grupo GP nas duas sessões semanais. As avalições foram realizadas nos em quatro diferentes momentos: uma semana antes do início do programa (pré), 5a, 14a 23a (pós) semanas. As voluntárias eram avaliadas quanto sua composição corporal (i.e., massa corporal total, massa muscular total e percentual de gordura corporal), domínios cognitivos (i.e. geral, função executiva), físicos (i.e. força e potência muscular) e funcionais (i.e. mobilidade, transferência e equilíbrio). É possível verificar que, o GNP e GP são capazes melhorar a funcionalidade e os domínios cognitivos de idosas robustas. No entanto, o treinamento não periodizado foi capaz de causar aumento em todos os três testes funcionais analisados, enquanto o modelo de periodização ondulatória aumentava

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apenas a performance no teste de funcionalidade física (i.e., time up and go (TUG). Ademais, apenas o GNP apresentou aumento da massa muscular e nas capacidades físicas (i.e. FM e PM).

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ABSTRACT

Cognitive decline and morphofunctional alterations during aging need attention, due the association of these changes with geriatric syndromes. Non-periodized strength training has been demonstrated to be an interesting therapy to postpone, or even, avoid the deleterious effects of aging. However, periodized training, which has been shown to be better than non-periodized strength training to cause neuromuscular adaptations in young adults, has not been studied in older people. Thus, the aims of the present study are verify and compare the effects of non-periodized and periodized strength training regimens on cognitive and morphofunctional domains in older women. A randomized, experimental design was used for this study. Forty-five older women were randomly blinded allocated into three groups: non-periodized group (NPG), periodized group (PG) and control group (CG). Both intervention groups trained twice a week for 16 weeks. PG performed two different exercise sessions per week, muscle power (MP) and muscle strength (MS). The first session, was composed by three sets of 8–10 repetitions of each exercise, at the intensity level was three (i.e. moderate intensity) on the rated of perceived exertion scale (CR-10). All exercises were performed with elastic bands and the concentric muscle contraction was performed as fast as possible. During the second session, volunteers performed three sets of 8–10 repetitions of each exercise, at the intensity level between 5 and 6 (i.e. difficult intensity) on CR-10, in resistance training machines.NPG performed two sessions of strength exercises, with an identical MS protocol of PG. Measurements were performed in the following moments: one week before the begin of the exercise program (pre), 5th, 14th, 23rd(post) weeks. Volunteers were evaluated regarding their body composition (i.e. total body mass, total muscle mass and total fat mass), cognitive domains (i.e. general and executive function), physical (i.e. power and strength) and functional (i.e. mobility, mobility and balance). Functionality and cognitive domain increase in PG and NPG in older women. However, NPG showed increase on all functional tests, whereas PG presented increase just on ¨time up and go¨ test performance. Furthermore, NPG was the only group which showed increase on muscle mass and in physical capacities (i.e. MS and MP).

(13)

LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1. Modelo de divisão da inteligência geral...26

Figura 2. Comportamento da inteligência fluída e cristalizada com o envelhecer...28

Figura 3. Comportamento da massa muscular com o envelhecer...35

Figura 4. Comportamento da força e potência muscular com o envelhecer...43

Figura 5. Modelo de periodização linear e ondulatória...83

Figura 6. Fluxograma de recrutamento e triagem da amostra...91

Figura 7. Estrutura do programa de treinamento resistido no presente estudo ...102

Figura 8. Análise de variância para o MEEM...113

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1- Impacto do treinamento de força na massa muscular...58

Tabela 2- Impacto do treinamento de força nas capacidades físicas...62

Tabela 3- Impacto do treinamento de força na funcionalidade...65

Tabela 4- Impacto do treinamento de força nos domínios cognitivos ...68

Tabela 5- Impacto do treinamento de potência na massa muscular...72

Tabela 6- Impacto do treinamento de potência nas capacidades físicas...76

Tabela 7- Impacto do treinamento de potência na funcionalidade...77

Tabela 8- Impacto do treinamento periodizado em adultos...87

Tabela 9- Lista dos exercícios utilizados no presente estudo...100

Tabela 10- Características morfológicas, físicas, funcionais e cognitivas dos grupos..105

Tabela 11. Análise de variância para das características morfológicas durante as 23 semanas...107

Tabela 12. Análise de variância para das características morfológicas durante as 23 semanas...108

Tabela 13. Análise do tamanho do efeito para das características morfológicas antes e após as 24 semanas...109

Tabela 14. Análise de variância para das características físicas e funcionais durante as 24 semanas...111

Tabela 15. Análise do tamanho do efeito para das características físicas e funcionais antes e após as 24 semanas...111

Tabela 16. Análise do tamanho do efeito para os domínios cognitivos antes e após as 24 semanas...112

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

AI- alta intensidade

AV- alta velocidade

ACSM- American college of sports and medicine

AIVD- atividades instrumentais da vida diária

AST- área de secção transversa

AMB- arremesso de medicine ball

ATP- adenosina trifosfato

AVD- atividades da vida diária

BI- baixa intensidade

BDNF- fator neurotrófico derivado do cérebro

BV- Baixa velocidade

CL- contração lenta

CR- contração rápida

CT- tomografia computadorizada

DOMS- dor muscular de início tardio

DP- duplo produto

DXA- absorciometria por dupla emissão de raios-x

EJ- extensores do joelho

EMG- eletromiografia

FJ- flexores do joelho

FM- força muscular

FPM- força de preensão manual

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GP- grupo periodizado

GNP- grupo não periodizado

GUG- get up and go

HR- hazard ratio

IC- intervalo de confiança

IJ- Índice de Janssem

IB- Índice de Baumgartner

IGF-1-fator de crescimento semelhante à insulina-1

IMC- índice de massa corporal

MEEM- mini exame de estado mental

MI- moderada intensidade

MMII- membros inferiores

MMSS- membros superiores

MRI- ressonância magnética

ONU- organização das nações unidas

OMS- organização mundial da saúde

OPAS- organização pan-americana de saúde

PL- periodização linear

PM- potência muscular

PO- periodização ondulatória

RM- repetição(ões) máxima(s)

ROC- receiver operating characteristic

SAG- síndrome de adaptação geral

(17)

TDF- taxa de desenvolvimento de força

TF- treinamento de força

TR- treinamento resistido

TNP- treinamento resistido não periodizado com carga constante

TP- treinamento de potência

TUG- time up and go

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LISTA DE ANEXOS

Anexo I. Termo de consentimento livre e esclarecido (TCLE) ...149

Anexo II. Parecer substanciado do Comitê de Ética e Pesquisa da Faculdade de Medicina da Universidade Estadual de Campinas...152

Anexo III. Índice de Katz...153

Anexo IV. Índice de PFeffer...155

Anexo V. Kihon checklist...157

Anexo VI. Mini exame de estado mental (MEEM)………...158

Anexo VII. Escala subjetiva de esforço de Borg adaptada por Foster e colaboradores em 2001...160

(19)

SUMÁRIO Introdução ... 22 1. Objetivos ... 25 2.1. Objetivo geral ... 25 2.2. Objetivo específico ... 25 2. Revisão da literatura ... 25 3.1 A velhice ... 25 3.1.1 Envelhecimento e cognição... 27 3.1.2 Função executiva ... 33

3.1.3 Mobilidade física na velhice ... 35

3.1.4. Diminuição da massa muscular na velhice ... 36

3.1.5 Diminuição da força muscular na velhice ... 40

3.1.6 Diminuição da potência muscular na velhice ... 43

3.1.7 Funcionalidade global, desabilidade física e velhice ... 47

3.1.8 Dupla-tarefa ... 52

3.2 Atividade física e exercício físico na velhice ... 55

3.2.1 Treinamento de força na velhice ... 56

3.2.2 Efeito do treinamento de força na massa muscular de idosos ... 57

3.2.3 Efeito do treinamento de força nas capacidades físicas ... 61

3.2.4 Efeito do treinamento de força na capacidade funcional ... 65

3.2.5 Efeito do treinamento de força nos domínios cognitivos ... 68

3.3 Treinamento de potência muscular na velhice ... 71

3.3.1 Efeito do treinamento de potência na massa muscular ... 71

3.3.2 Efeito do treinamento de potência nas capacidades físicas e funcionais ... 75

3.3.3 Efeito do treinamento de potência nos domínios cognitivos ... 80

3.4 Periodização do treinamento físico ... 80

3.4.1 Periodização clássica ou linear ... 83

3.4.2 Periodização ondulatória ... 85

3.4.3 Periodização no indivíduo idoso ... 90

3. Materiais e métodos ... 92

(20)

4.2. Delineamento experimental ... 93

4.3. Amostra do estudo ... 93

4.4 Avaliações ... 95

4.4.1 Avaliação do domínio morfológico ... 95

4.4.1.1. Impedância bioelétrica ... 96

4.4.1.1.1 Índice de massa muscular ... 96

4.4.1.2. Perimetria ... 96

4.4.2 Avaliação das capacidades físicas ... 97

4.4.2.1 Força de preensão manual (FPM) ... 97

4.4.2.2 Força isométrica máxima dos músculos extensores do joelho ... 97

4.4.2.3 Salto contramovimento (SCM) ... 98

4.4.3 Avaliação das capacidades funcionais ... 98

4.4.3.1 Teste de velocidade da marcha (VM) de 10 metros ... 98

4.4.3.2 Time up and go (TUG) ... 98

4.4.3.3 Teste de apoio unipodal ... 99

4.4.4 Avaliação dos domínios cognitivos ... 99

4.4.4.1 Mini exame do estado mental (MEEM) (Anexo VI). ... 99

4.4.4.2 TUG cognitivo ... 100

4.5 Programa de treinamento resistido ... 100

4.5.1 Período de familiarização ... 100

4.5.2 Período de treinamento principal ... 101

4.5.2.1 Grupo não-periodizado (GNP) ... 102

4.5.2.2 Grupo periodizado (GP) ... 102

4.5.2.2.1 Sessão de potência muscular do GP ... 103

4.5.2.2.2 Sessão de força muscular do GP ... 104

4.5.3 Grupo controle (GC) ... 104

4.5.4 Progressão da carga externa de treinamento e monitoramento da carga ... 104

4.5.5 Análise estatística ... 105

4. Resultados ... 105

(21)

5.2. Efeito do treinamento resistido periodizado e não periodizado nas medidas

morfológicas de idosas robustas ... 108

5.3. Efeito do treinamento resistido periodizado e não periodizado nos domínios físicos e funcionais de idosas robustas ... 111

5.4. Efeito do treinamento resistido periodizado e não periodizado nos domínios cognitivos de idosas robustas ... 115

6.Discussão ... 117

6.1. Efeito do treinamento resistido periodizado e não periodizado nos domínios cognitivos, físicos, funcionais e morfológicos de idosas robustas ... 118

6.2. Efeito do treinamento resistido periodizado e não periodizado nas medidas morfológicas de idosas robustas ... 118

6.3. Efeito do treinamento resistido periodizado e não periodizado nas medidas de capacidades físicas ... 123

6.4. Efeito do treinamento resistido periodizado e não periodizado nas medidas de capacidades funcional ... 127

6.5. Efeito do treinamento resistido periodizado e não periodizado nos domínios cognitivos ... 130

7. Conclusões ... 131

7.1 Aplicações prática e futuros direcionamentos ... 132

8. Referências ... 132

(22)

Introdução

Projeções da Organização das Nações Unidas para 2050, apontam que a porcentagem da população idosa mundial vai duplicar em relação a hoje, alcançando valores próximos de 30% da população geral (United Nations, 2015). No Brasil, esses números se mostram mais expressivos, e demonstram que a porcentagem de idosos pode triplicar, totalizando 40% da população brasileira (United Nations, 2015).

Ainda que esses dados representem avanços no estilo de vida, diagnóstico e tratamento de condições patológicas, a velhice — na ausência de estados crônico-degenerativos, ou também denominada, senescência — é acompanhada de alterações no funcionamento fisiológico a nível central (Shinkai, Kumagai et al. 2003; Montero‐ Odasso, Verghese et al. 2012; Moraes 2012) e periférico (Frontera, Hughes et al. 1991; Frontera, Hughes et al. 2000; Goodpaster, Park et al. 2006; Frontera, Reid et al. 2008; Manini and Clark 2011; Ko, Stenholm et al. 2012), os quais contemplam a diminuição do funcionamento dos domínios cognitivos (e.g. função executiva), morfológicos (e.g. diminuição da massa muscular), físicos (e.g. dinapenia) e funcionais (e.g. diminuição da capacidade de locomoção). Essas alterações são extremamente danosas a saúde do idoso, pois colaboram para o aparecimento de síndromes geriátricas, como a síndrome de sarcopenia (Janssen, Heymsfield et al. 2000; Lauretani, Russo et al. 2003; Cruz-Jentoft, Baeyens et al. 2010; Sampaio, Sewo Sampaio et al. 2014; Coelho Júnior, Aguiar et al. 2015) e a fragilidade (Fried, Tangen et al. 2001; Rockwood, Song et al. 2005; Morley, Vellas et al. 2013; Sewo Sampaio, Sampaio et al. 2014; Sampaio et al. 2015).

Não obstante, o grande transtorno que concerne essas alterações na velhice são sua capacidade em causar diminuição da independência e autonomia do indivíduo idoso, dois fatores altamente relacionados a sua saúde (Moraes 2012). De fato, estudos de corte transversal (Rantanen, Era et al. 1994; Rantanen and Avela 1997; Izquierdo, Aguado et al. 1999; Foldvari, Clark et al. 2000; Suzuki, Bean et al. 2001; Lauretani, Russo et al. 2003; Tietjen-Smith, Smith et al. 2006; Sallinen, Stenholm et al. 2010; Ko, Stenholm et al. 2012; Diamond 2013; Malloy-Diniz, de Paula et al. 2014) e longitudinais (i.e.,

follow-up) (Visser, Goodpaster et al. 2005; Degens 2007; Hicks, Shardell et al. 2011) vêm

mostrando extensivamente evidências da associação do declínio cognitivo e morfofuncional com a diminuição da capacidade do idosos em realizar as atividades básicas e instrumentais da vida diária, o que, sem dúvida alguma, levará ao aumento da

(23)

dependência de terceiros para realização das tarefas básicas da vida, aumentando a taxa de institucionalização e morte precoce (Stuck, Walthert et al. 1999; Shinkai, Kumagai et al. 2003; Puthoff and Nielsen 2007; Millán-Calenti, Tubío et al. 2010; Sallinen, Stenholm et al. 2010; Reid and Fielding 2012; Algilani, Östlund-Lagerström et al. 2014; Sharma, Parashar et al. 2014). .

O treinamento de força (TF) surge como uma ferramenta que pode atuar colaborando para manutenção, ou mesmo, a posterga dos declínios fisiológicos que ocorrem na velhice, principalmente, nas alterações morfológicas (i.e. massa muscular) e físicas (i.e. força e potência muscular). Evidências na literatura demonstram a proficuidade desse tipo de intervenção em aumentar a massa magra, força muscular, potência muscular e funcionalidade de idosos saudáveis e fragilizados (Frontera, Meredith et al. 1988; Fiatarone, Marks et al. 1990; Häkkinen, Kallinen et al. 1998; Häkkinen, Newton et al. 1998; Häkkinen, Alen et al. 2000; Häkkinen, Kraemer et al. 2001; Henwood, Riek et al. 2008; Wallerstein, Tricoli et al. 2012). Um menor número de resultados, porém não menos robustos, também apresentam evidências quanto a capacidade desse tipo de intervenção em causar aumento dos domínios cognitivos (Cassilhas, Viana et al. 2007; Liu-Ambrose and Donaldson 2009; Liu-Ambrose, Nagamatsu et al. 2010; Liu-Ambrose, Nagamatsu et al. 2012). Diante disso, diversas organizações recomendam que o TF seja oferecido para idosos, como ferramenta para colaborar com a manutenção de sua saúde (Chodzko-Zajko, Proctor et al. 2009; Iolascon, Di Pietro et al. 2014).

O Colégio Americano de Medicina do Esporte (ACSM) em 2009 sugere que sessões de treinamento de potência muscular fossem agregadas aos programas de TR, devido sua estreita relação com o equilíbrio corporal e risco de quedas (Chodzko-Zajko, Proctor et al. 2009). Evidências confirmam essa hipótese e mostram que, ainda que o treinamento de força muscular possa causar aumento da potência muscular, essa acontece em maior magnitude em protocolos específicos (Fielding, LeBrasseur et al. 2002; Sayers, Gibson et al. 2012).

Agregar esse tipo de estímulo a programas de TF pode não ser uma tarefa fácil, ao passo que diversos fatores (e.g. fadiga, dor, baixa FM) podem atrapalhar sua inserção, e, consequentemente, capacidade de colaborar com respostas benéficas. A periodização do treinamento de força surge como um método superior de organização das variáveis do treinamento físico, a qual permite a divisão do programa em segmentos menores, também

(24)

chamados de ciclos (e.g. mesociclo), que podem ser facilmente gerenciados e oferecidos ao indivíduo para alcançar o rendimento proposto (Bompa 2002; Apel, Lacey et al. 2011). Dentre os diferentes formatosde periodização (e.g. linear, linear reverso, blocos), a periodização ondulatória (PO) é teorizada como superior ao TFR e aos outros modelos de periodização para causar aumento das capacidades morfofuncionais; pois é desenhada de modo que, a intensidade não seja constante nas sessões de treinamento, permitindo que haja repouso entre os estímulos sem que esses cessem, evitando o excesso de treinamento e colaborando para um ambiente mais propícios as adaptações — principalmente, neuromusculares (Poliquin 1988; Hartmann, Bob et al. 2009; Spineti, Figueiredo et al. 2013).

No entanto, apesar de teoricamente ser superior ao modelo não periodizado (e.g. TFR) e outros modelos de periodização, poucos estudos têm investigado o impacto da PO em idosos (Prestes, Cunha Nascimento et al. 2015). Além disso, para o nosso conhecimento, não existem evidências na literatura em relação ao impacto do TR — com um componente de PM — organizado por um formato ondulatório nos domínios cognitivos, físicos, funcionais e morfológicos de idosas robustas. Assim, o presente estudo investigou o efeito de 22 semanas de TR periodizado e não periodizado nos domínios cognitivos, físicos, funcionais e morfológicos de idosas robustas.

(25)

1. Objetivos

2.1. Objetivo geral

Verificar o efeito de 22 semanas de treinamento resistido periodizado, não periodizado e a ausência da participação de programas de exercícios físicos sistematizados (i.e. controle) nos domínios físicos, morfológicos, cognitivos e funcionais de idosas robustas.

2.2. Objetivo específico

Verificar e comparar o efeito de vinte e duas semanas de treinamento resistido periodizado (i.e. força e potência muscular), não periodizado e a ausência da participação de programas de exercícios físicos sistematizados (i.e. controle) na composição corporal (i.e., massa corporal total, massa muscular total e percentual de gordura corporal ), domínios cognitivos (i.e. geral, função executiva), físicos (i.e. força muscular de membros superiores e inferiores, e potência muscular de membros inferiores) e funcionais (i.e. velocidade da marcha, transferência e equilíbrio) de idosas robustas.

2. Revisão da literatura

3.1 A velhice

O envelhecimento é um fenômeno contínuo que ocorre durante toda a vida. A velhice, por sua vez, é um dos períodos do ciclo da vida, que acontece ao fim do período de envelhecimento, onde, a partir desse ponto, o indivíduo começa a ser tratado como “idoso” (i.e., aquele oriundo da idade [idade + oso]) ou “velho” (i.e., antigo) (da Cunha 2011). Recentemente, o interesse e o número de pesquisas sobre a velhice aumentaram substancialmente, devido a magnitude de alterações demográficas da população idosa, as quais estão estritamente relacionadas a modificações nas políticas econômicas, de saúde e sociais para essa população.

Na década de 90, ao nascer, a média de expectativa de vida mundial era de aproximadamente 64 anos (World Health Organization [WHO], 2014). No entanto, em 2012, os dados demonstravam que essa projeção havia aumentado aproximadamente 10 anos (WHO, 2014). Quando avaliadas diante de uma perspectiva econômica, países desenvolvidos — que já apresentavam em 1990 resultados superiores a países com perfil econômico mais baixo —, aumentaram sua expectativa de vida de 75 para 79 anos, em

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um intervalo de 22 anos (WHO, 2014). No Brasil, a magnitude de aumento dos anos a se viver se mostra muito próxima do cenário mundial, sendo que, em 1990, a expectativa de vida ao nascer era de 66 anos, porém, em 2012, essa projeção havia alcançado os 70 anos de idade (WHO, 2014). No entanto, ainda que tenha acontecido um aumento expressivo da expectativa de vida, a WHO pontua que um prognóstico ruim de saúde possivelmente vai acompanhar os últimos 10 anos de vida (WHO, 2014).

Em relação a população mundial, em 2015, os idosos compõem 15% da população geral, porém em 2050, esse número chegará próximos dos 30% (United Nations [UN], 2015). No Brasil, o aumento parecer ser mais expressivo, ao passo que, em 2015, a população idosa representa 13% da população, porém, em 2050, esse número deve triplicar, chegando próximo dos 40% (United Nations [UN], 2015).

Se por um lado, o fenômeno do aumento da expectativa de vida e do número de pessoas idosas representa, predominantemente, a melhora dos componentes de cuidados à saúde, ou seja, intervenções que passam pela atenção primária (e.g. unidades básicas de saúde), secundária (e.g. sistema único de saúde) e chegam até os cuidados de maior complexidade ou também denominados atenção terciária (e.g. transplantes). Por outro lado, ele é acompanhado de aumento da necessidade de atenção à saúde para a população idosa e para a população adulta de modo geral, já que esses também serão idosos. Isso é necessário, pois a velhice está relacionada a alterações de nível fisiológico, social e ambiental que podem, e provavelmente, irão comprometer a saúde do indivíduo idoso de modo geral.

No que diz respeito às alterações fisiológicas, o envelhecimento, e principalmente a velhice, se mostram um fator chave para o aumento da incidência de algumas doenças crônicas degenerativas não-transmissíveis, como a doença crônica renal, diabetes mellitus tipo II, hipertensão arterial sistêmica, câncer (e.g., pulmão), mal de Alzheimer (Akushevich, Kravchenko et al. 2013; Solé-Auró, Michaud et al. 2013). No entanto, idosos que não apresentam estados passíveis de diagnóstico clínico também podem apresentar diminuição da função do sistema orgânico, as quais colaboram para aparecimento das síndromes geriátricas, que apresentam tão danosos para saúde do idoso quanto as doenças crônico degenerativas (Cruz-Jentoft, Baeyens et al. 2010; Chen, Liu et al. 2014; Iolascon, Di Pietro et al. 2014) e a síndrome de fragilidade (Fried, Tangen et al. 2001; Rockwood, Song et al. 2005; Morley, Vellas et al. 2013; Sampaio, Sampaio et al. 2015) .

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Dentre as condições encontradas deterioradas na velhice, três têm despertado interesse de diversos grupos de pesquisa, devido sua capacidade em causar alterações que irão levar o indivíduo idoso — de curto a médio prazo — a declínio na sua função fisiológica, funcional e social. Essas condições são caracterizadas pelas alterações nos domínios cognitivos, na composição corporal e nas capacidades físicas básicas (e.g. força muscular) (Algilani, Östlund-Lagerström et al. 2014).

3.1.1 Envelhecimento e cognição

A cognição pode ser conceituada como uma capacidade dos centros cerebrais superiores, controlada por neurônios corticais, que permite ao indivíduo compreender, organizar, assimilar e integrar novas informações; possibilitando com que esse interaja de forma proficiente com o ambiente externo (Baltes 1997; Tamai and Abreu 2011; Moraes 2012).

A proposta de organização hierárquica da cognição é, de fato, o modelo mais aceito para exemplificar a estrutura cognitiva (Salthouse 1998; Salthouse 2012). Ela é baseada nos achados de correlação entre cada variável (efeito distinto ou único) com o fator de inteligência geral (geral ou compartilhado), bem como sua relação com o envelhecer em crianças e adultos (Lindenberger and Baltes 1997; Salthouse 1998; Salthouse 2010; Salthouse 2012).

Trabalhos de corte transversal da década de 90 (Lindenberger and Baltes 1997; Salthouse 1998) colaboraram substancialmente para que fossem obtidos dados brutos para as metateorias de Cattel (Cattell 1963; Horn and Cattell 1967). Nesses experimentos, foi observado que um modelo de fator de inteligência geral — ou mesmo — único mostrava correlação com as diversas subfunções cognitivas (e.g. memória, atenção, orientação, raciocínio), em crianças e adultos. Em crianças e adolescentes, as subfunções cognitivas apresentavam um padrão único de correlação com o fator de inteligência geral. No entanto, em adultos, havia a necessidade de dicotomização do fator de inteligência geral em dois fatores de segunda ordem. O primeiro fator de segunda ordem, se mostrava pouco correlacionado com a idade, porém mostrava correlação alta com algumas subfunções cognitivas (e.g., conhecimento), as quais — individualmente— também não eram muito influenciadas pela idade. Por outro lado, o segundo fator e suas subfunções

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(i.e., velocidade perceptual, memória) apresentavam correlação negativa com a idade (Figura 1).

Figura 1- Modelo de divisão da inteligência geral .

Diante da flutuação da relação entre velhice e as funções cognitivas, é proposto que a estrutura hierárquica cognitiva da velhice, diferentemente da infância e da adolescência, seja explicada juntamente com os dois fatores de segunda ordem, os quais, por sua vez, possuem correlação positiva com algumas — mas não todas — subfunções cognitivas (e.g. memória, atenção, orientação, raciocínio) (Lindenberger and Baltes 1997; Tamai and Abreu 2011; Salthouse 2012).

Ambos fatores de segunda ordem são extensamente utilizados para explicar as interações biológicas e ambientais com os domínios cognitivos. De modo interessante, ambos possuem bases diferentes, mas predominantemente durante a velhice, se mostram interdependentes (Lindenberger and Baltes 1997; Craik and Bialystok 2006; Neri and Neri 2011).

A primeira proposta de classificação bifásica da inteligência partiu de Hebb, o qual as classificou como A e B (Craik and Bialystok 2006). A inteligência A era formada a partir do domínio biológico, ou seja, era natural — dependente, por exemplo, de fatores genéticos (Craik and Bialystok 2006). Por outro lado, a inteligência B era assentada nas

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diversas experiências que o indivíduo havia experimentado durante o curso da vida, integrando uma variedade de estímulos educacionais e culturais (Craik and Bialystok 2006).

Fazendo uso dessas premissas, Raymond Cattell denominou as habilidades A e B, como fluida e cristalizada, respectivamente (Cattell 1963; Horn and Cattell 1967). A priori, em sua metateoria, o autor discute que a junção entre ambas habilidades levam a grande parte, ou mesmo, a totalidade da inteligência geral (Cattell 1963; Horn and Cattell 1967). Ainda que, como supracitado, os alicerces para construção de ambos fatores sejam diferentes (i.e. biológico e cultural), a habilidade fluida oferece para a habilidade cristalizada o ambiente necessário para sua formação e manutenção (Cattell 1963; Horn and Cattell 1967). De fato, algumas metáforas foram criadas para tentar explicar e salientar a necessidade de interação entre ambas, sendo que — além da inteligência fluida e cristalizada de Cattel, é possível citar a relação entre hardware e software, e os processos necessários para formação de um determinado produto, por exemplo (Cattell 1963; Neri and Neri 2011). Assim, deixando entendido que o mau funcionamento da habilidade fluida pode impedir a ação profícua da habilidade cristalizada (Cattell 1963; Neri and Neri 2011).

Durante o processo ontogênico, principalmente naquele caracterizado como “successful development”, ambas as inteligências parecem aumentar, e colaboram para um ambiente de desenvolvimento com relativa maximização dos ganhos e minimização das perdas, em ambos domínios de inteligência (Baltes 1987; Baltes 1997). Esses ganhos cognitivos, acontecem predominantemente nos primeiros 50 anos de vida, ao passo que ao chegar perto da vida idosa, o balanço entre “ganhos e perdas” começa a se alterar; com pouca alteração nos ganhos, porém com aumento das perdas cognitivas (Baltes 1997).

Quando aplicados a teoria de Cattel (Cattell 1963; Horn and Cattell 1967), os “ganhos e perdas” de Baltes (Baltes 1987; Baltes 1997) demonstram estar estritamente relacionados ao comportamento das inteligências fluidas e cristalizadas durante o envelhecer, predominantemente, após os 50 anos, e com maior magnitude na velhice (Baltes 1987; Baltes 1997). De modo que, a inteligência fluída ou mecânica apresenta um ponto de inflexão para baixo no final da vida adulta, caracterizando as perdas cognitivas. Por outro lado, a inteligência cristalizada pode não apresentar quedas, e, ainda por cima, pode colaborar com um sistema tampão contra as quedas na inteligência fluída —

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principalmente quando associada a uma vida adulta composta por grande contato cultural (Baltes 1997; Lindenberger and Baltes 1997) (Figura 2).

Figura 2-Comportamento da inteligência fluída e cristalizada com o envelhecer Adptado de Baltes 1997; Lindenberger and Baltes 1997

A inteligência cristalizada é formada por todo corpo da demanda cultural que o indivíduo recebe durante o curso da vida (Horn and Cattell 1967; Baltes 1987; Baltes 1997; Craik and Bialystok 2006; Neri and Neri 2011). Sua representação está associada com a linguagem e vocabulário, a capacidade de ler, escrever, conhecimentos sobre si e sobre o mundo (Baltes 1997; Salthouse 2012). Sendo importantíssima nas condutas de planejamento, condução e interpretação de assuntos de cunho humano, social, ambiental (Baltes 1987; Baltes 1997).

No idoso, a inteligência cristalizada apresenta-se sem alterações ou ainda maior, quando comparada aos sujeitos jovens (Baltes 1987; Baltes 1997; Salthouse 2012). Isso é dependente do número e complexidade de tarefas de desenvolvimento que o indivíduo lidou durante a vida (Baltes 1987). Além disso, outro conceito importante que pode modular a inteligência cristalizada, é a expertise (Baltes 1987). Se um indivíduo, por exemplo, devido sua demanda de trabalho, desenvolveu para um nível superior sua capacidade de escrever ao longo da vida, essa pode não decair com a velhice, mesmo com as alterações na inteligência fluída. O indivíduo idoso também apresenta maior sabedoria que o indivíduo jovem (Baltes 1987; Baltes 1997). Assim, possibilitando que essa

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população lide de forma mais simples e melhor com situações de estresse do dia a dia (Cattell 1963; Baltes 1987; Baltes 1997).

Esses resultados são interessantes e relevantes no estudo da velhice, haja visto que muitos autores discutem o processo de envelhecimento cognitivo apenas como um “retrocesso do desenvolvimento”. Porém, é viável ressaltar que esse processo é dinâmico, e parece ser, predominantemente, seletivo a algumas áreas cerebrais (Craik and Bialystok 2006).

No que se tange a inteligência fluida, essa é predominantemente biológica e pode representar a capacidade cognitiva primitiva ou básica necessária para desempenho das habilidades de inteligência (Baltes 1997). Entre os domínios associados a inteligência fluída estão a captação, velocidade e acurácia do processamento de informações, raciocínio, memória visual, de trabalho e motora, descriminação, categorização e comparação de processos cognitivos perceptuais, inibição de estímulos externos, função executiva (Li, Lindenberger et al. 2001; Salthouse 2012; Diamond 2013; Malloy-Diniz, de Paula et al. 2014). Conceitualmente, a inteligência fluída é a habilidade para discriminar relações, resolver problemas e se adaptar a novas situações (Cattell 1963; Salthouse, Pink et al. 2008).

As subfunções supracitadas da inteligência fluida (e.g. memória, raciocínio, processamento de informações) demonstram serem sensíveis com o passar da idade, apresentando diminuição exponencial, predominante, a partir dos 50 anos de idade (Salthouse, Pink et al. 2008).

Os distúrbios associados ao decréscimo nos domínios cognitivos não se limitam ao aparecimento de comprometimentos psicológicas, como o comprometimento cognitivo leve e a doença de Alzheimer, mas também estão associados ao aumento do risco de apresentar diminuição na capacidade de realizar as atividades da vida diária (AVD) e atividades instrumentais da vida diária (AIVD), colaborando com o desenvolvimento de desabilidade física e perda de autonomia, podendo levar o idoso a perda da “identidade”, e diminuição da mobilidade física, assim, favorecendo a perda da funcionalidade global (Shinkai, Kumagai et al. 2003; Montero‐Odasso, Verghese et al. 2012; Moraes 2012).

Ainda sobre a relação da cognição com a mobilidade física, é proposto que as alterações cognitivas podem exacerbar ou ocorrer concomitantemente com o declínio na

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mobilidade física (Watson, Rosano et al. 2010). De fato, diversos trabalhos de caráter transversal têm observado associações entre baixos resultados em testes cognitivos, principalmente os que avaliam função executiva, e baixa mobilidade física (Soumaré, Tavernier et al. 2009; Watson, Rosano et al. 2010). Entretanto, esses resultados não são exclusivos de trabalhos associativos, mas também são observados após acompanhamento (follow-up) (3-7 anos) (Atkinson, Rosano et al. 2007; Soumaré, Tavernier et al. 2009; Watson, Rosano et al. 2010). Sendo que, a baixa performance cognitiva pode colaborar para alterações de até 0.016 m/s por ano no teste de velocidade da marcha em idosos saudáveis com alta funcionalidade (Atkinson, Rosano et al. 2007).

Um trabalho com alto rigor metodológico, parece demonstrar essa relação por meio de uma análise associativa (i.e., transversal) e causal (i.e., longitudinal) (Soumaré, Tavernier et al. 2009). Soumaré e colaboradores (Soumaré, Tavernier et al. 2009) estudaram 3,769 idosos de três diferentes províncias francesas. Todos os voluntários foram submetidos a uma extensa análise dos domínios cognitivos (e.g. avaliação geral, fluência verbal, velocidade psicomotora, função executiva), da mobilidade física, a qual foi avaliada pelo teste de marcha rápida, e de diversos fatores sócio demográficos. Os resultados do estudo transversal demonstram que baixos resultados nos testes cognitivos, avaliados individualmente e em conjunto, são associados a baixa performance no teste de mobilidade física. Após um período de sete anos de “follow-up”, os idosos que haviam apresentado menores valores nos testes cognitivos no período inicial do estudo apresentavam maiores diminuições na performance física, em comparação aqueles com resultados melhores. Além disso, foi verificado que a associação apresentada era independente da idade, sexo, educação e índice de massa muscular (IMC)

Portanto, ainda que, a inteligência cristalizada se apresente sem alterações ou ainda maior durante a velhice, a inteligência fluída demonstra queda, e, parece ser quem mais influência nos diversos fatores relacionados a vida do idoso. Sendo que, alterações nos domínios cognitivos da inteligência fluída podem alterar desde fatores “menos complexos” como a realização das AIVD; mas também, estão associados a transtornos encontrados durante estados patológicos (e.g. perda de memória).

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3.1.2 Função executiva

A função executiva — ou também denominada comportamento executivo — é um domínio cognitivo, que se refere a capacidade do indivíduo de identificar uma meta para resolução de problemas imediatos, de curto, médio e longo prazo, traçar as ações e estratégicas necessárias para que essa meta seja realizada, avaliar a eficiência do planejamento, adequar novas estratégias, caso necessário, e — de fato — realizar a ação (Souza, Ignácio et al. 2001; Atkinson, Rosano et al. 2007; Pereira 2011; de Paula, da Silva et al. 2013; Diamond 2013; Malloy-Diniz, de Paula et al. 2014). Essa função cognitiva é parte inerente do grupo das habilidades cruciais para adaptação e manutenção do indivíduo no meio em que ele vive, permitindo a esse atuar na realização das demandas de tarefas diárias dos diferentes ambientes onde ele irá interagir (e.g. trabalho) (Pereira 2011; de Paula, da Silva et al. 2013; Diamond 2013; Malloy-Diniz, de Paula et al. 2014; Snyder, Miyake et al. 2015). Essa premissa se mostra verdadeira, ao passo que o decréscimo na função executiva (também chamado disfunção executiva) é presente em síndromes observadas primeiramente na população pediátrica (e.g. transtorno de déficit de atenção [TDAH], autismo), bem como durante a velhice, colaborando para o aumento do risco de desabilidade física, perda da funcionalidade e quedas (Atkinson, Rosano et al. 2007; Diamond 2013; Malloy-Diniz, de Paula et al. 2014). Além disso, condições de desordem emocional (e.g. transtornos de humor), comportamental (e.g. transtorno obsessivo compulsivo) e psiquiátricas (e.g. esquizofrenia) estão associadas a disfunção executiva (Snyder, Miyake et al. 2015).

Três perspectivas principais são propostas para explicar o funcionamento da função executiva (Schiavon, Viola et al. 2012; Malloy-Diniz, de Paula et al. 2014; Snyder, Miyake et al. 2015). O modelo de constructo único aborda a função executiva como um processo único que abrange diversos componentes cognitivos (Schiavon, Viola et al. 2012; Snyder, Miyake et al. 2015). Por outro lado, o modelo de múltiplos processos teoriza que a função executiva agrega o funcionamento de sistemas cognitivos independentes, mas que integram para realizar uma determinada ação (Schiavon, Viola et al. 2012; Snyder, Miyake et al. 2015). O último modelo, ressaltado por Snyder e colaboradores (Snyder, Miyake et al. 2015), indica que ambas as perspectivas existem, já que é possível avaliar correlação entre as habilidades cognitivas atuando individualmente, mas também quando o constructo único da função executiva é diluído entre as habilidades cognitivas (Snyder, Miyake et al. 2015). Diante disso, alguns autores (de Paula, da Silva

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et al. 2013; Malloy-Diniz, de Paula et al. 2014) sugestionam uma analogia com um guarda-chuva para explicar a estrutura e relação da função executiva (i.e. centro do guarda-chuva) e os componentes cognitivos (i.e. hastes). Toda via, ambos modelos behavioristas apresentam falhas, o que leva a um hiato no consenso da estrutura e formação da função executiva (Schiavon, Viola et al. 2012; de Paula, da Silva et al. 2013).

Independente da abordagem, é de consenso que para a proficuidade do funcionamento executivo três habilidades cognitivas devem funcionar em conjunto e de forma adequada (Diamond 2013; Malloy-Diniz, de Paula et al. 2014). Alguns autores ainda descrevem esses três fatores como o core da função executiva (Diamond 2013; Malloy-Diniz, de Paula et al. 2014). De fato, a inibição, memória de trabalho e a flexibilidade cognitiva possibilitam a realização dos processos conceituais da função executiva (e.g. planejamento, avaliação, realização da ação) (Diamond 2013; Malloy-Diniz, de Paula et al. 2014). Entretanto, é importante citar que inúmeros componentes cognitivos parecem perfazer a função executiva (de Paula, da Silva et al. 2013).

Exemplos simples utilizando as tarefas diárias podem apresentar a complexidade que pode ser o uso da função executiva para a população idosa. Ao sair do mercado, por exemplo, o idoso pode se deparar com uma rua ou avenida que não possui semáforo, muito menos faixa de pedestres. Nesse instante, ele precisa identificar o melhor local e momento para atravessar a rua — levando em consideração o tráfego, condição da rua, o peso das compras e sua capacidade física atual (i.e., planejamento estratégico e meta). A posteriori, ao atravessar a rua (i.e., realização da ação), devido a vinda de um automóvel, ônibus ou moto, dor articular, ou mesmo, cansaço um novo planejamento de ações pode ser necessário (i.e., avaliação, adequação de novas estratégias) levando o idoso a necessidade do aumento na velocidade da marcha (i.e., realização da ação). Ao chegar ao outro lado da rua, esse necessita reiniciar a organização desses processos para que possa continuar seu deslocamento.

Diante do exposto, é possível observar que a função executiva está relacionada com a capacidade do indivíduo de raciocinar, criar, planejar, realizar ações, assim, sendo inerente a manutenção do seu funcionamento durante a velhice para permitir ao idoso exercer sua autonomia e independência. Ainda sobre a velhice e envelhecimento, a função executiva parece apresentar um comportamento em forma de “U” invertido ao longo da vida, sendo que essa apresenta aumento durante a vida adulta e se mantém estável até aproximadamente os 50 anos (de Paula, da Silva et al. 2013). Após esse período, parece

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acontecer decréscimo acentuado na integridade da mielina do encéfalo de sujeitos idosos saudáveis em comparação a jovens (Salat, Tuch et al. 2005). No entanto, esse efeito é mais acentuado no lobo frontal, o qual está associado a diversas capacidades cognitivas, principalmente, a função executiva (Salat, Tuch et al. 2005).

De forma interessante, o declínio na função executiva acontece independente da velhice estar associada a uma condição patológica (i.e. senescência) (Pereira 2011; de Paula, da Silva et al. 2013). No entanto, essa condição está associada ao declínio na autonomia, aparecimento de dependência e — por consequência — comprometimento na funcionalidade global —o qual pode exacerbar a necessidade de cuidados de idosos com doenças crônico degenerativas, principalmente os com demência (Pereira, Yassuda et al. 2008). De fato, evidências sugerem que idosos com comprometimento cognitivo leve e demência de Alzheimer apresentam menor função executiva e capacidade em realizar as AVD e AIVD que idosos saudáveis. Ademais, a função executiva demonstra ser negativamente correlacionada com a avaliação global de independência e autonomia (Pereira, Yassuda et al. 2008).

3.1.3 Mobilidade física na velhice

A manutenção da mobilidade física é essencial para manutenção da funcionalidade global, demonstrando intervir, principalmente, na capacidade em realizar as AVD e AIVD, bem como a função executiva e a funcionalidade global (Lee 2000; Shinkai, Kumagai et al. 2003; Coppin, Shumway-Cook et al. 2006; Reid and Fielding 2012). Alguns autores, colocam como uma meta de saúde pública a manutenção da mobilidade física durante a velhice, pensando em permitir com que o idoso mantenha sua autonomia e independência, e, consequentemente saúde (Moraes 2012; Reid and Fielding 2012). Ademais, idosos que apresentam baixo nível de mobilidade física no início da velhice (próximo aos 65 anos) aumenta em 50% o risco de morte precoce em 7 anos, em comparação a idosos com boa mobilidade (Lee 2000). Além da função cognitiva, a composição corporal — principalmente a massa muscular esquelética — e as capacidades físicas básicas (e.g. força muscular [FM]) são fatores inerentes ao bom funcionamento da mobilidade física.

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3.1.4. Diminuição da massa muscular na velhice

Os primeiros relatos de decréscimo na massa muscular no indivíduo idoso são datados do século XVI, mais especificamente entre 1501 e 1510 d.C. (Tonelli 2014). Leonardo da Vinci — ilustre polímata da alta renascença — foi o autor desses relatos, os quais são oriundos de uma autópsia realizada em um idoso centenário, que estava internado por fraqueza em um hospital de Florença (Tonelli 2014). Na descrição, Leonardo da Vinci deixa claro o estado deteriorado da composição corporal do avaliado, relatando a massa muscular como “consumida” a condição de uma fina membrana; assim sendo, devido a sua espessura, metaforicamente associada a uma folha de árvore (Tonelli 2014).

De fato, após mais de 500 anos dos relatos seminais de Leonardo da Vinci, trabalhos observacionais transversais e longitudinais estabelecem que o envelhecimento é um fator associado a diminuição da massa muscular esquelética, condição denominada de atrofia muscular (grego: atrofia; redução no desenvolvimento, geralmente associada a falta de alimento), sendo que, na velhice, são observados os menores valores de massa muscular, em comparação as outras fases da vida adulta (Frontera, Hughes et al. 1991; Frontera, Hughes et al. 2000; Janssen, Heymsfield et al. 2000; Lauretani, Russo et al. 2003; Goodpaster, Park et al. 2006; da Cunha and Sobrinho 2007; Frontera, Reid et al. 2008; Reid and Fielding 2012).

As análises transversais têm demonstrado que em homens e mulheres até aproximadamente os 45 anos de idade, a massa muscular total, de membros superiores (MMSS) e de membros inferiores (MMII) parece ser constante, não apresentando diferenças significantes com o início da vida adulta (i.e. 20 anos) (Janssen, Heymsfield et al. 2000; Faulkner, Larkin et al. 2007). A partir dessa fase da vida, um ponto de inflexão delimita o início da queda da massa muscular, principalmente nas mulheres, ao passo que os homens podem apresentar queda tardia (Janssen, Heymsfield et al. 2000). No entanto, até a velhice (i.e. ~60 anos), o decréscimo é ínfimo, sendo de aproximadamente 4% e 6% na massa muscular total em homens e mulheres, respectivamente (Janssen, Heymsfield et al. 2000). Os valores não são diferentes quando a massa muscular total é dicotomizada, sendo a queda de 4% e 5% para MMSS, 1,6% e 6,4% para MMII, 33% para os músculos do quadríceps, e 9% e 3,2% para a área dos músculos da panturrilha em homens e mulheres, respectivamente (Young, Stokes et al. 1984; Janssen, Heymsfield et al. 2000; Lauretani, Russo et al. 2003). Por sua vez, no início da velhice, a massa muscular diminui

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pela metade e triplica sua perda após os 70 anos de idade (Lexell, Taylor et al. 1988; Janssen, Heymsfield et al. 2000; Lauretani, Russo et al. 2003). A figura 3 apresenta o comportamento da massa muscular total, de MMII e MMSS ao longo da vida em mulheres [a)] e homens [b)].

Figura 3-Comportamento da massa muscular com o envelhecer

Trabalhos longitudinais acompanhado coortes de indivíduos da idade adulta jovem para adulta velha são escassos na literatura (Frontera, Hughes et al. 2000; Goodpaster, Park et al. 2006; Frontera, Reid et al. 2008). Sendo que, em sua maioria, os experimentos estudam as alterações na massa muscular em indivíduos que já se encontram em idade idosa — muitas vezes avançada (≥75 anos) (Frontera, Hughes et al. 2000; Goodpaster, Park et al. 2006; Frontera, Reid et al. 2008). Semelhante aos resultados dos estudos de corte transversal, os estudos de cunho longitudinal apresentam evidências que a massa muscular continua declinando durante toda a vida (Frontera, Hughes et al. 2000; Goodpaster, Park et al. 2006; Frontera, Reid et al. 2008).

Em idosos no início da velhice (i.e. ~60 anos), é possível observar queda de até 16% na área de secção transversa da coxa, dentro de um intervalo de 12 anos, sendo a

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queda acompanhada de decréscimo na área dos músculo flexores (i.e. bíceps femoral, semimembranoso e semitendionoso) e extensores do joelho (i.e. quadríceps) (Frontera, Hughes et al. 2000). Em idosos muito velhos (≥75 anos de idade), o declínio da massa muscular parece não cessar, pelo contrário, permanece progressivo, principalmente nos músculos anteriores da coxa, os quais apresentam diminuição de 5,7% ao ano (Goodpaster, Park et al. 2006; Frontera, Reid et al. 2008).

Tais alterações no volume muscular são dependentes do tamanho, comprimento e número de fibras musculares dentro do fascículo (Klein, Rice et al. 2001; Faulkner, Larkin et al. 2007). Porém, a atrofia muscular em resposta a velhice parece ocorrer, predominantemente, por redução no tamanho e número das fibras musculares, sendo que idosos apresentam metade dos valores referidos nos dois fatores em comparação ao início da idade adulta (Lexell, Taylor et al. 1988; Deschenes 2004; Faulkner, Larkin et al. 2007). Esse fenômeno, parece refletir a diminuição do número de sarcômeros em paralelo dentro da fibras musculares, mas não decréscimo no comprimento do fascículo, como consequência do número de sarcômeros em série (Klein, Rice et al. 2001; Morse, Thom et al. 2005). De fato, é possível que haja colaboração da diminuição do comprimento da fibra muscular no fenótipo de atrofia. No entanto, esse é, prevalentemente, observado após imobilização de algum dos membros corporais (Faulkner, Larkin et al. 2007).

A grande inquietação quanto a diminuição expressiva da massa muscular supracitada na população idosa, acontece devido a sua cooperação (direta e indireta) com alterações fisiológicas, funcionais e sociais que implicam na diminuição da saúde fisiológica, qualidade de vida e até, morte precoce. Nesse sentido, algumas evidências emergem na literatura descrevendo o decréscimo da massa muscular como um fator que corrobora com disfunções cardiovasculares (e.g. aumento do enrijecimento arterial, aumento da prevalência de hipertensão arterial sistêmica, doença cardiovascular)(Ochi, Kohara et al. 2010; Chin, Rhee et al. 2014; Han, Park et al. 2014; Sampaio, Sewo Sampaio et al. 2014; Coelho Júnior, Aguiar et al. 2015), bem como disfunções metabólicas (e.g. menor captação de glicose, aumento da prevalência de diabetes mellitus tipo II) (Seo, Kim et al. 2010; Kim, Park et al. 2014). Toda via, esses estudos são, em sua maioria, transversais e ainda são necessárias mais evidências.

No entanto, vem se postulando que a maior relevância em relação a atrofia muscular na velhice, é o impacto desse fenômeno na disfunção neuromuscular — levando a diminuição da geração de FM e potência muscular (PM) — além de fadiga precoce,

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fatores que certamente vão colaborar com a diminuição da capacidade do indivíduo idoso em realizar as atividades básicas (AVD) e instrumentais da vida diária (AIVD), levando a desabilidade física, consequentemente, perda da independência e autonomia (Frontera, Hughes et al. 1991; Gonzalez, Messi et al. 2000; Morse, Thom et al. 2005; Goodpaster, Park et al. 2006; Faulkner, Larkin et al. 2007; da Cunha 2011). Ademais, a perda da massa muscular é o principal fator no diagnóstico da síndrome de sarcopenia que está associada a perda da funcionalidade global, e pode estar presente na síndrome de fragilidade, a qual se relaciona com a diminuição da resiliência do sistema orgânico a um estímulo estressor, ao passo que alguns autores sugestionam que o decréscimo na massa muscular pode ser uma “via de entrada” para a síndrome de fragilidade (Faulkner, Larkin et al. 2007; Cruz-Jentoft, Baeyens et al. 2010; Chen, Liu et al. 2014; Iolascon, Di Pietro et al. 2014).

A priori, foi sugestionado que as fibras de tipo II, as quais colaboram para geração de tensão e permitem o encurtamento rápido dos sarcômeros — consequentemente sendo essenciais para geração de FM e PM — sofriam redução prevalente durante a velhice, em comparação as fibras de tipo I (Deschenes 2004).

Deveras, os primeiros experimentos analisando a relação entre a tipagem da fibra muscular (i.e. I e II) e a sensibilidade a velhice sugestionavam que o decréscimo no tamanho e número das fibras musculares ocorria de forma seletiva nas de tipo II (Lexell, Taylor et al. 1988; Deschenes 2004). As evidências demonstravam que, com o envelhecimento, as fibras do tipo II apresentavam diminuição de cerca de 26% (Lexell, Taylor et al. 1988; Deschenes 2004). Por outro lado, as fibras do tipo I não apresentavam alterações estatisticamente significantes, sendo que seu decréscimo era próximo de 0% (Lexell, Taylor et al. 1988; Deschenes 2004).

No entanto, o mesmo grupo de pesquisadores responsáveis pelos achados iniciais da sensibilidade das fibras musculares de tipo II a velhice, além de outros grupos de pesquisadores, utilizou técnicas superiores e verificou que o decréscimo nas fibras musculares não parecia ser tipo-dependente (Sato, Akatsuka et al. 1984; Lexell and Downham 1991; Deschenes 2004; Faulkner, Larkin et al. 2007). Pelo contrário, é provável que as alterações aconteçam igualmente em ambos os tipos de fibras musculares (Sato, Akatsuka et al. 1984; Lexell and Downham 1991; Deschenes 2004; Faulkner, Larkin et al. 2007). O achado notável dos estudo em membros inferiores (i.e. vasto lateral) (Lexell and Downham 1991) e superiores (i.e. peitoral menor) (Sato, Akatsuka et al. 1984) foi em relação a distribuição das fibras musculares dentro do fascículo. No

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indivíduo adulto, a aparência das fibras musculares após análise histoquímica demonstra ser de um padrão próximo a um “mosaico”, ou também denominado de “segregado”, devido a distribuição intercalada entre as fibras musculares de tipo I e II (Lexell and Downham 1991). Por sua vez, no indivíduo idoso, as fibras musculares perdem o padrão em forma de mosaico, e se apresentam agrupadas (Lexell and Downham 1991; Deschenes 2004). Toda via, esses dados ainda não são conclusivo, já que algumas condições (e.g. idosos que praticaram exercício resistido ao longo da vida) precisam ser estudadas para melhor discussão do fenômeno (Faulkner, Larkin et al. 2007; Ballak, Degens et al. 2014).

De modo geral, é passível de observação que a diminuição da massa muscular acontece em grande magnitude durante a velhice, em comparação aos outros momentos da vida. Sendo que, a grande preocupação quanto a esse fenômeno diz respeito a sua atuação direta na perda da FM e PM, fenômeno também conhecido como disfunção muscular (Degens 2007).

3.1.5 Diminuição da força muscular na velhice

A FM é uma capacidade física conceituada como a quantidade de força que um músculo ou grupo muscular pode gerar em uma determinada velocidade(Harman 2008). Tal como a massa muscular, a capacidade de produzir força pelos MMSS e MII apresentam declínio com a velhice, fenômeno esse também conhecido como dinapenia (grego: dýnamis= força + penia= falta, perda) (da Cunha 2011) (Frontera, Hughes et al. 1991; Frontera, Hughes et al. 2000; Goodpaster, Park et al. 2006; Frontera, Reid et al. 2008; Manini and Clark 2011; Ko, Stenholm et al. 2012). Esse fenômeno senescente, já foi estritamente relacionado com a diminuição na massa muscular (Young, Stokes et al. 1984; Klein, Rice et al. 2001; Manini and Clark 2011; Ballak, Degens et al. 2014). Isso era devido o resultado de estudos datados desde a década de 80, que demonstravam correlação positiva de moderada-forte entre a diminuição da massa muscular com a força isométrica dos músculos extensores do joelho e do cotovelo, bem como a dos flexores do cotovelo (Young, Stokes et al. 1984; Klein, Rice et al. 2001). Além disso, essa premissa parece se formar em torno da plausibilidade, já que a supracitada diminuição no número e tamanho das fibras musculares, a qual parece refletir a diminuição do número de sarcômeros em paralelo, estaria acompanhada da diminuição da quantidade de estruturas

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que atuam em prol da geração da FM, como os miofilamentos finos (i.e., actina) e grossos (i.e. miosina).

Entretanto, com o tempo, outros estudos surgiram e desmistificaram associação entre os dois fatores. Um dos primeiros achados, foi de que a diminuição da massa muscular com o envelhecimento acontecia em uma taxa menor e diferente quando comparada as alterações na FM, o que é um indicativo de que as quedas na função muscular com a velhice não sejam unicamente produto da atrofia muscular, ao passo que o impacto da atrofia muscular na FM é de apenas 4-10% (Young, Stokes et al. 1984; Gonzalez, Messi et al. 2000; Klein, Rice et al. 2001; Lauretani, Russo et al. 2003; Morse, Thom et al. 2005; Manini and Clark 2011).

Diante disso, os aspectos neuromusculares associados a geração da FM começaram a ser estudados para tentar explicar os mecanismos responsáveis pela perda dessa capacidade na velhice. Em suma, são presentes na literatura resultados relatando a diminuição progressiva do número de neurônios motores em todos os segmentos da coluna lombo-sacral (i.e. L1-S3) a partir dos 60 anos de idade — o que pode causar desenervação e explicar a supracitada mudança do perfil em “mosaico” para “grupo” na distribuição das fibras musculares (Tomlinson and Irving 1977; Degens 2007; Ballak, Degens et al. 2014), menor capacidade das fibras musculares de gerar tensão em sujeitos idosos — independente da isoforma da miosina de cadeia pesada (Larsson, Li et al. 1997; Gonzalez, Messi et al. 2000; Morse, Thom et al. 2005), diminuição da atividade do acoplamento excitação-contração (Gonzalez, Messi et al. 2000), diminuição do disparo eferente do córtex cerebral para a medula espinhal (Manini and Clark 2011), diminuição da complacência do tendão (Degens 2007), e menor atividade dos músculos agonistas, concomitante com aumento da atividade dos músculos antagonistas em uma determinada ação muscular (Klein, Rice et al. 2001; Morse, Thom et al. 2005; Ballak, Degens et al. 2014).

No entanto, ainda que existam dados na literatura científica demonstrado que idosos apresentam aumento de 5% na ativação dos músculos antagonistas, em comparação aos jovens, durante a contração dos músculos flexores do cotovelo (Klein, Rice et al. 2001; Morse, Thom et al. 2005), eles não são conclusivos, ao passo que alguns trabalhos não tem apresentado esse fenômeno, mas sim diminuição na ativação dos agonistas e antagonistas, o que também pode levar a diminuição da FM de forma geral (Morse, Thom et al. 2005). Portanto, alterações neurais, e não só miogênicas, parecem

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