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A importância da gestão na recuperação de crédito para a solidez de uma cooperativa de crédito

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Classificação da Informação: Uso Irrestrito

UNIJUI Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande Do Sul DACEC - Departamento de Ciências Administrativas, Contábeis, Econômicas e da

Comunicação Curso de Administração

Disciplina: TCC

MIRCO LUÍS AMES

PROFESSOR ORIENTADOR: IVO NEY KUHN

A IMPORTÂNCIA DA GESTÃO NA RECUPERAÇÃO DE

CRÉDITO PARA A SOLIDEZ DE UMA COOPERATIVA DE

CRÉDITO

Trabalho de Conclusão de Curso

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Classificação da Informação: Uso Irrestrito

MIRCO LUÍS AMES

PROFESSOR ORIENTADOR:IVO NEY KUHN

A IMPORTÂNCIA DA GESTÃO NA RECUPERAÇÃO DE

CRÉDITO PARA A SOLIDEZ DE UMA COOPERATIVA DE

CRÉDITO

Trabalho de Conclusão de Curso

Trabalho de Conclusão de Curso de Administração da Universidade Regional do Noroeste do Rio Grande do Sul –

Unijui, como requisito parcial à Conclusão de Curso e consequente obtenção de título de .Bacharel em Administração.

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DEDICATÓRIA

Dedico a minha família, aos professores e a todas as pessoas que de alguma forma contribuíram para que eu atingisse este objetivo.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço inicialmente a Deus por ser a minha fonte inspiração e força na minha vida.

Ao Sicredi União pela oportunidade e confiança de desenvolver um trabalho que tem uma grande relevância para a gestão de recuperação de crédito da cooperativa. Além da oportunidade que tive, como pesquisador, de demonstrar meu conhecimento e poder abordar sobre um assunto que considero de suma importância para o equilíbrio financeiro e econômico do Sicredi.

Ao meu orientador, Professor Ivo Ney Kuhn por ter aceitado a orientação deste trabalho. Agradeço pela confiança, acolhimento e ajuda através de suas precisas e incisivas pontuações.

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RESUMO

Nos dias atuais, é de suma importância que as organizações financeiras façam a gestão dos créditos que são concedidos, tendo em vista que este é um dos principais serviços que prestam, a fim de evitar problemas em seus ativos e, principalmente, comprometer o investimento e capital de associados e/ clientes. Sabe-se que todo crédito mal concedido, onde o devedor não cumpre com as suas obrigações nos prazos determinados em contrato, resulta em custos de cobranças e, senão recebidos, em prejuízos sérios que poderão abalar a solidez da instituição. Foi com base nisso que se traçou o objetivo principal desta pesquisa que é o demonstrar a importância da gestão na recuperação de crédito para solidez de uma cooperativa de crédito Quanto à metodologia, a pesquisa foi aplicada, descritiva, bibliográfica, campo e estudo de caso. A análise dos dados foi feita através de análise de conteúdo.

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LISTA DE FIGURAS

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LISTA DE QUADROS

Quadro 01 – Roteiro de entrevista, questão 01...55

Quadro 02 – Roteiro de entrevista, questão 02 e 03...57

Quadro 03 – Roteiro de entrevista, questão 04, 05 e 06...58

Quadro 04: Modalidades de negociação...60

Quadro 05 – Roteiro de entrevista, questão 07...60

Quadro 06 – Roteiro de entrevista, questão 08 e 09...61

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Classificação da Informação: Uso Irrestrito SUMÁRIO INTRODUÇÃO ... 8 1 CONTEXTUALIZAÇÃO DO ESTUDO ... 9 1.1 APRESENTAÇÃO DO TEMA ... 9 1.2 CARACTERIZAÇÃO DA ORGANIZAÇÃO ... 9 1.3 PROBLEMA ... 11 1.4 OBJETIVOS ... 12 1.4.1 Geral ... 12 1.4.2 Específicos ... 12 1.5 JUSTIFICATIVA ... 12 2 REFERENCIAL TEÓRICO ... 14

2.1 Composição do Sistema Financeiro Nacional ... 14

2.1.1 Acordo da Basiléia ... 15

2.2 CRÉDITO ... 18

2.3 ANÁLISE E CONCESSÃO DE CRÉDITO ... 23

2.3.1 Técnicas de Análise de Crédito ... 27

2.4 POLÍTICA DE CRÉDITO ... 35

2.4.1 Principais Componentes da Política de Crédito ... 38

2.4.2 Inadimplência ... 40

2.4.3 Processo de Cobrança ... 43

2.5 COOPERATIVISMO DE CRÉDITO ... 44

2.5.1 Diretriz de Sustentabilidade ... 48

2.5.2 Diretriz de Transparência ... 49

2.5.3 Diretriz de Responsabilidade Social ... 51

3 METODOLOGIA ... 53

3.1 CLASSIFICAÇÃO DA PESQUISA ... 53

3.1.1 Quanto aos Fins ... 53

3.1.2 Quanto aos Meios ... 53

3.2 UNIVERSO AMOSTRAL ... 54

3.3 SUJEITOS PARTICIPANTES DA PESQUISA ... 54

3.4 PLANO DE COLETA DE DADOS ... 54

3.5 PLANO DE ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DE DADOS ... 55

4 RESULTADOS ... 56

REFERÊNCIAS ... 67

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INTRODUÇÃO

O presente projeto de pesquisa tem como tema a gestão na recuperação de crédito para a solidez de uma cooperativa de crédito, desta forma, a pesquisa envolveu os principais conceitos teóricos de concessão e recuperação de crédito, além de conhecer os métodos que a cooperativa está utilizando para realizar a cobrança até a etapa extrajudicial e analisar se há uma gestão efetiva destes processos, a fim de evitar prejuízos que possam abalar os resultados da instituição.

A pesquisa foi realizada na unidade do Sicredi União de São Borja, RS, sendo que a politica de concessão e recuperação que esta unidade segue é a definida pela cooperativa para todas as suas unidades, desta forma, foram analisadas as informações de toda a cooperativa e a proposta resultante desta pesquisa foi direcionada a todas as unidades do Sicredi União RS que, atualmente, são 42 pontos de atendimento.

Enfim, espera-se com este estudo obter mais conhecimentos teóricos e práticos sobre o tema escolhido e com isso, poder contribuir de alguma forma para a melhoria do processo de recuperação de crédito e cobrança da cooperativa.

A apresentação deste documento está assim disposta: Na primeira unidade aparece a contextualização do estudo. A segunda parte contempla o referencial teórico. Na terceira parte será apresentada a metodologia utilizada na pesquisa. E, na quarta parte apresenta-se o cronograma do estudo. No final as referências bibliográficas.

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1 CONTEXTUALIZAÇÃO DO ESTUDO

1.1 EXPOSIÇÃO DO TEMA

A gestão na recuperação de crédito para a solidez de uma cooperativa de crédito.

1.2 CARACTERIZAÇÃO DA ORGANIZAÇÃO

O presente estudo será realizado em uma unidade do Sicredi União em São Borja, RS.

Importante destacar algumas informações relacionadas ao cooperativismo e ao Sicredi. Conforme dados obtidos através do site oficial do Sicredi, o cooperativismo foi criado na Europa no século XIX, a principal característica deste sistema é ser uma forma de ajuda mútua por meio da cooperação e parceria. Conforme Schardong (2003), o cooperativismo de Crédito chegou ao Brasil, trazido da Europa pelo Padre Theodor Amstad, com o objetivo de reunir as poupanças das comunidades imigrantes e colocá-las a serviço do seu próprio desenvolvimento. Foi em Linha Imperial, município de Nova Petrópolis no Rio Grande do Sul, que o Padre precursor constituiu a primeira Cooperativa da espécie, em 28 de dezembro de 1902.

Impulsionada pela obstinação do seu precursor, a ideia do Cooperativismo de Crédito se materializou em mais de 60 instituições espalhadas pelo Rio Grande do Sul. Essas organizações tornaram-se representativas no financiamento das atividades das comunidades interioranas colonizadas por imigrantes europeus, especialmente na década de cinquenta (SCHARDONG, 2003).

Conforme Pagnussat (2004), o primeiro passo para a atuação conjunta foi dado em 1925, no Rio Grande do Sul, com a constituição da Cooperativa Central das Caixas Rurais. Sua missão era de prestar os serviços de inspeção e orientação jurídico-normativo, além de administrar de forma conjunta, os recursos disponíveis das cooperativas filiadas. Em 1967, desestimulada pela nova ordem normativa decorrente da Lei do Sistema Financeiro Nacional ( Lei nº 4.595/64), transformou-se em cooperativa singular, deixando de apoiar as antigas filiadas.

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As Cooperativas de crédito são aquelas criadas com a finalidade de através da solidariedade financeira, prestar assistência creditícia e outros serviços do tipo bancário aos seus associados, bem como propiciar-lhes a educação e orientação financeira. Funcionam como verdadeiros bancos próprios dos trabalhadores e produtores rurais, onde o cooperado pode usufruir de benefícios dos quais não participa em outras instituições financeiras, como o resultado líquido das operações. As cooperativas de crédito no Brasil seguem três modelos, com características bem distintas: Cooperativas de Crédito Rural; Cooperativas de Crédito Luzzati e; Cooperativas de Crédito Mútuo.

Até 1980, embora houvesse um numero substancial de cooperativas em funcionamento, estas não apresentavam grande expressão no mercado financeiro nacional e operavam sob a regência de normativo altamente restritivos. Na área operacional não podiam captar depósitos remunerados às taxas normais de mercado, abrir postos de atendimento e compensar cheques na câmara de compensação. A amplitude societária estava restrita a dois segmentos da sociedade: produtores rurais e funcionários das organizações. Com atuação de forma isolada, não encontravam forças para modificar o cenário em que se encontravam e a tendência, na época, era pelo fechamento das existentes (PAGNUSSATT, 2004).

No entanto, em 1980 no dia 27 de outubro, é constituída a Cooperativa Central de Crédito Rural do Rio Grande do Sul Ltda. - COCECRER-RS, patrocinada pelas 9 cooperativas de crédito remanescentes, com o objetivo de reorganizar o Sistema e assumir parte das funções do Estado no financiamento rural e em 10 de julho de 1992 por decisão de todas as cooperativas, a COCECRER-RS e suas filiadas unificam-se sob a denominação de SICREDI, em representação ao Sistema de Crédito Cooperativo. E em 16 de outubro de 1995 autorizadas pelo Conselho Monetário Nacional, as cooperativas filiadas à Central do SICREDI-RS constituem o Banco Cooperativo SICREDI S.A, primeiro banco cooperativo privado brasileiro, para ter acesso a produtos e serviços bancários vedados às cooperativas pela legislação vigente e administrar, em maior escala, os seus recursos financeiros.

Em 2000, 31 de março é constituída a Confederação Interestadual das Cooperativas Ligadas ao SICREDI - Confederação SICREDI, com o objetivo de prestar serviços ao Sistema e entidades conveniadas. Em 2003, em 25 de junho, o

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Conselho Monetário Nacional aprova a Resolução n° 3106/03, que permite a livre admissão de associados às cooperativas de crédito. A resolução torna o cooperativismo de crédito ainda mais acessível à comunidade, dispensando a exigência de vínculo profissional ou de ramo de atividade econômica. E em 2005 o SICREDI dá mais um importante passo para consolidar a sua política de expansão no País. Iniciam-se as atividades das primeiras cooperativas de crédito do Sistema nos estados de Goiás e Tocantins. Além disso, o SICREDI recebeu a autorização do Banco Central para operar no Pará e em Rondônia e constituir a sua Administradora de Consórcios.

Neste cenário cooperativo, destaca-se o Sicredi. Uma instituição financeira cooperativa é referência internacional pelo modelo de atuação em sistema. Possui 96 cooperativas de crédito filiadas que operam com uma rede de atendimento com 1.365 pontos. A estrutura conta ainda com quatro Centrais Regionais – acionistas da Sicredi Participações S.A., uma Confederação, uma Fundação e um Banco Cooperativo e suas empresas controladas. Todas essas entidades, juntas, formam o Sicredi e adotam um padrão operacional único. A atuação em sistema permite ganhos de escala e aumenta o potencial das cooperativas de crédito para exercer a atividade em um mercado no qual estão presentes grandes conglomerados financeiros.

A unidade do Sicredi de São Borja foi fundada no ano de 1998 e, faz parte do Sicredi União que abrange municípios do Noroeste do Rio Grande do Sul, com unidades desde Novo Machado até São Borja. O Sicredi União, Cooperativa de Crédito de Livre Admissão de Associados Serro Azul, foi constituído em 06 de julho de 1913 com Sede Social em Cerro Largo RS, Rua Sete de Setembro 874. A sua sede administrativa na avenida Flores da Cunha, 762, Bairro Cruzeiro, Santa Rosa/RS. Atualmente com um quadro social de 125.000 associados, com 42 pontos de Atendimento e com 600 colaboradores.

1.3 PROBLEMA

Sabe-se que um dos processos que contribuem para a solidez de uma organização, especialmente instituições financeiras, é a gestão dos créditos concedidos e daqueles em prejuízo. Neste sentido, definiu-se o problema desta

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pesquisa: Se há efetividade na gestão de recuperação de crédito que garante a solidez da cooperativa?

1.4 OBJETIVOS

1.4.1 Geral

Demonstrar a importância da gestão na recuperação de crédito para solidez de uma cooperativa de crédito

1.4.2 Específicos

a) Estudar os principais conceitos teóricos relacionados à concessão e recuperação de crédito;

b) Conhecer a politica de concessão e recuperação de crédito da cooperativa e a forma de gestão;

c) Descrever principais métodos utilizados pela cooperativa para fazer a cobrança;

d) Comparar algumas informações da pesquisa com os métodos utilizados para a gestão da recuperação de crédito;

e) Medir a efetividade dos métodos de recuperação de crédito usados pela cooperativa;

f) Desenvolver uma proposta de melhoria para a gestão da recuperação de credito para promover a solidez da cooperativa.

1.5 JUSTIFICATIVA

A política de crédito de uma instituição financeira é um fator determinante do sucesso ou fracasso dos serviços prestados, por esta razão é importante que a mesma seja criteriosa em suas concessões de crédito, para evitar que o mesmo fique pendente ou vá para prejuízo. Entende-se que todo crédito mal concedido, onde o devedor não cumpre com as suas obrigações nos prazos determinados em contrato, resulta em custos de cobranças e, senão recebidos, em prejuízos sérios que poderão abalar a solidez da instituição. Neste sentido, importante que sejam

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avaliados diversos aspectos na concessão do crédito, mas especialmente o risco que cada operação estará sujeita, além de sempre procurar diversificar as concessões de crédito, com isso diversifica-se o risco que, em caso de inadimplência ou se houver crédito em prejuízo, os abalos para a instituição serão menores.

Inicialmente, justifica-se a importância deste projeto para o acadêmico, por se tratar de um pré-requisito para a realização do trabalho de conclusão de curso em Administração, sendo um instrumento de suma importância para demonstração do conhecimento adquirido no decorrer da graduação. É, também, uma excelente oportunidade de vivenciar tal conhecimento com a realidade das organizações e, desta forma, estar inserindo a universidade no ambiente organizacional, promovendo a interatividade e troca de conhecimentos e experiências entre a universidade e mercado.

Outro fator relevante é que a organização que será realizada a pesquisa é uma instituição financeira cooperativa que trabalha exclusivamente com a venda de serviços e concessão de crédito, e neste último, há uma grande preocupação de que os prazos de pagamento sejam cumpridos, evitando-se pendências e que tais operações caiam em prejuízo. Por este motivo, é de suma importância a realização do estudo na unidade da cooperativa do Sicredi União com objetivo de conhecer e avaliar a política de concessão de crédito e os métodos utilizados na gestão de cobrança até a etapa extrajudicial, afim demonstrar se está havendo uma gestão efetiva, principalmente, na politica de recuperação de crédito e se tal gestão está contribuindo para a solidez da cooperativa.

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2 REFERENCIAL TEÓRICO

Neste capítulo serão abordados os tópicos principais que se relacionam ao tema da pesquisa, como: crédito, análise de crédito e sobre cooperativismo.

No entanto, é oportuno que se conheça um pouco mais sobre o Sistema Financeiro Nacional, órgão normativo e de controle das instituições financeiras que operam no mercado. Ele é composto basicamente pelo Conselho Monetário Nacional, Banco Central do Brasil e pela Comissão de Valores Mobiliários.

2.1 Composição do Sistema Financeiro Nacional

O Conselho Monetário Nacional (CMN) é o órgão superior do Sistema Financeiro Nacional e tem a responsabilidade de formular políticas da moeda e do crédito, com objetivo de manter a estabilidade da moeda e o desenvolvimento econômico e social do país. Este órgão foi criado através da Lei 4.595 (31/12/1964) e efetivamente instituído em 31 de março de 1965 (www.bcb.gov.br).

O Banco Central do Brasil é o principal executor das orientações do Conselho Monetário Nacional e responsável por garantir o poder de compra da moeda nacional, também criado através da Lei 4.595 de 31 de dezembro de 1964 e tem os seguintes objetivos:

 Zelar pela adequada liquidez da economia;

 Manter as reservas internacionais em nível adequado;

 Estimular a formação de poupança;

 Zelar pela estabilidade e promover o permanente aperfeiçoamento do sistema financeiro.

Quanto as atribuições do Banco Central, são elas:

 emitir papel-moeda e moeda metálica;

 executar os serviços do meio circulante;

 receber recolhimentos compulsórios e voluntários das instituições financeiras e bancárias;

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 realizar operações de redesconto e empréstimo às instituições financeiras;

 regular a execução dos serviços de compensação de cheques e outros papéis;

 efetuar operações de compra e venda de títulos públicos federais;

 exercer o controle de crédito;

 exercer a fiscalização das instituições financeiras;

 autorizar o funcionamento das instituições financeiras;

 estabelecer as condições para o exercício de quaisquer cargos de direção nas instituições financeiras;

 vigiar a interferência de outras empresas nos mercados financeiros e de capitais e

 controlar o fluxo de capitais estrangeiros no país (www.bcb.gov.br).

A sede do Banco Central é em Brasília e tem representação nas capital dos estados do Rio Grande do Sul, São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Bahia, Pernambuco, Ceará e Pará.

A Comissão de Valores Mobiliários (CVM) tem por objetivo fiscalizar, normatizar, disciplinar e desenvolver o mercado de valores mobiliários no Brasil, criada em 07/12/1976 Pela Lei 6.385. Trata-se de uma entidade autárquica em regime especial, vinculada ao Ministério da Fazenda, com personalidade jurídica e patrimônio próprio, dotada de autoridade administrativa, independente, ausência de subordinação hierárquica, mandato fixo e estabilidade de seus dirigentes, e autonomia financeira e orçamentária (www.cvm.gov.br).

2.1.1 Acordo da Basiléia

Neste cenário financeiro, onde um dos principais serviços é o crédito, as instituições financeiras trabalham com um determinado nível de recursos próprios em relação ao volume de terceiros ou mesmo em relação ao seu ativo total. De acordo com Silva (1997), as autoridades monetárias têm definido esses limites seguindo as orientações que constam no chamado Acordo da Basiléia (www.bcb.gov.br) .

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Em 1930 foi criado o BIS (Bank for International Settlements), o Banco de Compensações Internacionais, trata-se de uma organização internacional que fomenta a cooperação entre os bancos centrais e outras agências, em busca da estabilidade monetária e financeira. O Comitê de Supervisão Bancária da Basileia (Basel Committee on Banking Supervision– BCBS) foi estabelecido em 1975, ligado ao BIS. Em 1988, o BCBS divulgou o primeiro Acordo de Capital da Basileia, oficialmente denominado International Convergence of Capital Measurement and Capital Standards, com o objetivo criar exigências mínimas de capital para instituições financeiras como forma de fazer face ao risco de crédito. No Brasil, o Acordo de 1988 foi implementado por meio da Resolução 2.099, de 17 de agosto de 1994. Essa resolução introduziu exigência de capital mínimo para as instituições financeiras, em função do grau de risco de suas operações ativas. Em 1996, o Comitê publicou uma emenda ao Acordo de 88, incorporando ao capital exigido parcela para cobertura dos riscos de mercado (Emenda de 96).

Em 2004, o BCBS divulgou revisão do Acordo de Capital da Basileia, conhecida como Basileia II, com o objetivo de buscar uma medida mais precisa dos riscos incorridos pelos bancos internacionalmente ativos. O novo acordo é direcionado aos grandes bancos tendo como base, além dos Princípios Essenciais para uma Supervisão Bancária Eficaz (Princípios da Basileia), três pilares mutuamente complementares:

a) Pilar 1: requerimentos de capital;

b) Pilar 2: revisão pela supervisão do processo de avaliação da adequação de capital dos bancos; e

c) Pilar 3: disciplina de mercado (www.bcb.gov.br) .

Quanto à implementação do Novo Acordo de Capital da Basileia no Brasil está sendo feita de forma gradual. A primeira manifestação formal do Banco Central do Brasil para sua adoção se deu por meio do Comunicado 12.746, de 9 de dezembro de 2004, em que foi estabelecido cronograma simplificado com as principais fases a ser seguidas para a adequada implementação da nova estrutura de capital (www.bcb.gov.br).

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Em julho de 2009, como consequência da crise financeira de 2008, o Comitê de Basileia emitiu os documentos Enhancements to the Basel II Framework e Revisions to the Basel II Risk Framework, popularmente denominados Basileia 2,5. Por meio desses documentos, dentre outras medidas, foram estabelecidos: pesos maiores para determinadas operações de securitização, alterações na mensuração do risco de mercado, bem como consideração de cenários estressados para a avaliação de risco. As novas orientações visaram suprir lacunas identificadas no processo de gestão de risco dos bancos durante a crise (www.bcb.gov.br)

Em 16 de dezembro de 2010, o Comitê de Basileia (Basiléia III) publicou novo conjunto de recomendações para fortalecer a regulação, supervisão e gestão de risco da indústria bancária, com o intuito de aperfeiçoar a capacidade de as instituições financeiras absorverem choques provenientes do sistema financeiro ou dos demais setores da economia e, ainda, de reduzir o risco de contágio do setor financeiro sobre o setor real da economia. Para tanto, foram estabelecidas:

a) composição mais rigorosa de capital;

b) harmonização internacional de ajustes regulamentares sobre capital; c) ampliação dos procedimentos de transparência dos elementos que

compõem o capital;

d) implementação de Índice de Alavancagem a ser aplicado como medida complementar ao requerimento mínimo de capital;

e) criação de duas modalidades de capital (buffers): uma com a finalidade de absorver perdas em períodos de estresse (Capital conservation buffer) e a outra para absorver perdas decorrentes de alterações no ambiente macroeconômico (Countercyclical buffer);e

f) requerimentos mínimos quantitativos para a liquidez de instituições financeiras (www.bcb.gov.br)

No Brasil, a implementação de Basileia III foi respaldada pela emissão de quatro resoluções do Conselho Monetário Nacional (CMN): Resoluções ns. 4.192, 4.193, 4.194 e 4.195, todas de 1º de março de 2013.

Para o aperfeiçoamento dos processos de supervisão de instituições e conglomerados financeiros, cujos negócios englobam entidades coligadas

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em outros países, são adotados diversos procedimentos, tais como:

a) elaboração de convênios de supervisão com autoridades estrangeiras; b) acompanhamento das atividades dos organismos internacionais em

assuntos relacionados à supervisão;

c) intercâmbio de informações com autoridades supervisoras estrangeiras; d) coordenação, suporte e acompanhamento das missões de supervisores

estrangeiros no País; e

e) divulgação da supervisão brasileira em âmbito internacional (www.bcb.gov.br) .

Em consonância com as recomendações do Comitê de Supervisão da Basiléia constantes do documento The Supervision of Cross-Border Banking, de outubro de 1996, o Banco Central do Brasil (Bacen) tem envidado esforços para a realização de convênios de cooperação com órgãos de supervisão bancária de outros países (www.bcb.gov.br) . O corpo desses documentos engloba, de modo geral, os seguintes pontos:

a) intercâmbio de informações relacionadas à supervisão de organizações bancárias autorizadas em um país e que possuem

b) estabelecimentos transfronteiriços no outro país; c) inspeções diretas nas dependências transfronteiriças;

d) confidencialidade da informação, ressaltando-se as restrições existentes na legislação de cada país e o uso das informações

e) compartilhadas com base no convênio unicamente para fins de supervisão; e

f) outros itens relacionados com contatos, reuniões, prazo de vigência, modificações, etc.

2.2 CRÉDITO

Na economia dos povos podem ser distinguidas três fases distintas: o da economia natural que consiste quando o valor das coisas que se deseja permutar era na base da troca das necessidades, coisa por coisa ou escambo. Depois teve a economia monetária quando o valor das coisas permutadas era aferido pela moeda,

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onde a mercadoria representativa do valor. Hoje, as trocas são feitas mediante o crédito e respectivos títulos, que exercem funções e poderes aquisitivos e de pagamentos conforme Gastaldi (2005).

O instituto do credito foi inicialmente desprezado em razão da moral cristã de condenar a usura, mas o advento do capitalismo permitiu a sua utilização, porque os proprietários de capitais foram atraídos pelas vantagens que o credito oferecia.

De acordo com Rosa Junior,

O crédito pressupõe uma economia em que o dinheiro desempenha papel significativo, porque torna possível a acumulação de riqueza, que pode ser transformada em poder aquisitivo genérico, facultando ao proprietário dessas riquezas transferir esse poder a outra pessoa, para que possa adquirir os bens e serviços de que necessita (2014, p.05).

Diz Rosa Junior (2014) que o desenvolvimento do crédito aconteceu através da Revolução Industrial, pois a instalação de fábricas que exigia maior quantidade de equipamentos onerosos e não podia ser custeada somente com os recursos próprios do industrial, fazendo com que o mesmo fosse buscar este recurso com quem detinha maior concentração de capital.

Para melhor entendimento sobre o conceito de crédito, inicialmente, será apresentada a origem etimológica que, segundo Rosa Junior (2014, p.03), “crédito deriva do latim creditum, decorrente de credere, no sentido de confiar, ter fé”. No entanto, pode ter outros significados, como, por exemplo, o direito que o credor tem de receber do devedor a prestação objeto da obrigação (significado jurídico), a confiança que uma pessoa inspira em outra baseada em atributos morais (significa moral), ou pode ainda consistir na importância que constitui objeto da relação crédito/débito.

Para Rosa Junior (2014, p.01), o crédito “é a troca de prestação atual por prestação futura”. Ele exemplifica o caso de um banco, quando empresta dinheiro a um empresário comercial, o que acontece é uma troca de prestação atual pelo banco (entrega do dinheiro) por uma prestação futura a ser cumprida pelo mutuário que corresponde ao pagamento do empréstimo acrescido de juros. Desta forma, conclui Rosa Junior que “crédito é a possibilidade de dispor imediatamente de bens presentes para poder realizar, nos produtos naturais, as transformações que os tornarão, no futuro, aptos a satisfazer as mais variadas necessidades” (2014, p.02).

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Na visão de Tavares (1988, p. 15): “Crédito é uma palavra que deriva de credare: expressão latina que significa confiar ou acreditar”. Na análise de crédito a confiança é dos aspectos qualitativos que é levado em consideração antes de ser feita uma concessão de crédito. Nas palavras de Rosa Junior, a confiança tem de ser entendida sob seus aspectos subjetivos e objetivo, ele destaca:

O elemento subjetivo consiste na crença que o credor deposita na pessoa do devedor de que preencher os requisitos morais básicos necessários à efetivação do negócio de crédito, ou seja, que o devedor aplicará a sua capacidade econômica no cumprimento de sua obrigação, correspondente ao pagamento do empréstimo no prazo fixado.

O elemento objetivo da confiança compreende a certeza que o credor tem de que o devedor possui capacidade econômico-financeira para lhe restituir a importância mutuada no termo final do prazo, resultando essa confiança do conhecimento da renda e do patrimônio do devedor (2014, p.03).

Para Gastaldi (2005, p.265): “Crédito significa confiança e constitui um alargamento da troca; a troca e o crédito, por sua vez, constituem as partes essenciais da circulação da riqueza”. Segundo Kleinwachter (apud GASTALDI, 2005, p.265) o define como: “a confiança na possibilidade, vontade e solvência do indivíduo, no que se refere ao cumprimento de uma obrigação assumida”. Desta forma, um negócio de crédito acontece quando uma das partes contratantes realiza uma prestação presente, aceitando a promessa de contraprestação futura. Acontece quando uma empresa fornece o crédito e a que recebe por empréstimo recebe o crédito.

De acordo com Schrickel (1998, p.25): “Crédito é todo ato de vontade ou disposição de alguém de destacar ou ceder, temporariamente, parte do seu patrimônio a um terceiro, com a expectativa de que esta parcela vale a sua posse integralmente, após decorrido o tempo estipulado”. O autor ressalta que no processo do crédito está associado a noção do risco e o ato de vontade, que consiste em concedê-lo ou não e, este é um processo que envolve a análise do crédito.

Risco significa incerteza, imponderável, imprevisível e, estes, a incerteza, a imponderabilidade e a imprevisibilidade se baseiam em acontecimentos futuros, afirma Schrickel (1998).

Já Guitton (apud GASTALDI, 2005, p. 269) fornece a seguinte ideia sobre crédito: “Conceder crédito a uma pessoa é colocar à sua disposição um bem presente em troca de um bem que essa pessoa promete entregar posteriormente”.

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Assim, através da venda a crédito existe certo espaço de tempo que se intercala entre o início ou formação do contrato e o seu término ou cumprimento. Onde um dos contratantes é privado, ainda que temporariamente, de certa quantia de dinheiro ou de bens em troca de uma promessa de reembolso ou recebimento do equivalente em época aprazada.

Segundo Gastaldi (2005) o credito pode ser classificado segundo a pessoa do devedor e do credor, conforme a natureza do destino dado ao empréstimo e também quanto às circunstâncias que regem os fornecimentos ou as constituições dos empréstimos, circunstâncias que podem ser individuais, sociais ou econômicas. Em relação à pessoa do devedor ou credor, o crédito pode ser público ou privado. “Quando a pessoa devedora é de direito público (União, Estado ou Município) diz-se que a sua natureza é pública; quando o crédito é outorgado a particulares, será privado, denominando-se quase-público quando é concedido a entidades comerciais[...]” (GASTALDI, 2005, p.271).

Tavares (1988, p.15), confirma as informações do autor acima, destacando a existência de duas grandes categorias de crédito: o crédito público e o crédito privado, aos quais descreve:

 O crédito público caracteriza-se como aquele destinado à cobertura de gastos governamentais com educação, transporte, saúde, segurança, aspectos sociais e outras necessidades orçamentárias. Eles, além das formas praticadas por entidades privas, poderão ser obtidos através da emissão de papéis governamentais, em que se destacam as Obrigações Reajustáveis em um elenco bastante amplo de papéis de crédito.

 O crédito privado caracteriza-se como aquele utilizado por empresas industriais, comerciais, de serviço, agrícolas e outras para atendimento de suas necessidades de investimento e capital de giro.

O crédito privado se destaca pelas formas diferentes que se pode obtê-lo, como: crédito financeiro, crédito agrícola, crédito ao consumidor e crédito bancário, sendo oportuno para este trabalho as conceituações de Tavares (1988, p.15-16):

 O crédito bancário caracteriza-se como aquele obtido através da utilização de linhas de crédito em estabelecimentos bancários em que se destacam os empréstimos de capital de giro e as operações de descontos de duplicatas, principais fontes de obtenção de recursos nas atividades industriais ou comerciais.

 O crédito financeiro caracteriza-se como aquele obtido através da utilização de linhas de crédito em instituições financeiras, em que se destacam operações especiais de empréstimo para capital de giro e investimentos principalmente de médio prazo.

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Classificação da Informação: Uso Irrestrito

 O crédito agrícola caracteriza-se como aquele obtido através da utilização de linhas de crédito em estabelecimentos bancários para aplicação em investimentos ou operações do setor agrícola. O crédito agrícola ,dada a sua importância, recebe tratamento especial, contando inclusive com taxas subsidiadas.

 O crédito ao consumidor caracteriza-se como aquele obtido por pessoas físicas ou jurídicas através de instituições financeiras em que se destacam empréstimos para aquisição de bens, empréstimos pessoais e outros de curto e médio prazo. O crédito ao consumidor para financiamento de bens semiduráveis constitui uma das principais fontes de crédito responsável por volume substancial de comercialização e, portanto, de produção industrial.

Em relação ao uso a que se destina, o crédito pode ser consumitivo, produtivo ou improdutivo. Gastaldi (2005, p.272) descreve cada um:

Será consumitivo quando a riqueza recebida pelo devedor é destinada a um consumo mais ou menos imediato; os capitais obtidos com o empréstimo não se destinam à reprodução de novos bens ou utilidades. Ao contrário, quando os capitais obtidos pelo crédito se destinam à reprodução de bens ou riquezas econômicas, são considerados produtivos. O crédito consumitivo é também denominado improdutivo, isto é, não reprodutivo.

Sobre o fim de utilização do crédito, acrescenta Rosa Junior (2014) que o crédito para consumo ou consumitivo é quando ao beneficiário aplica o valor recebido na satisfação das suas necessidades individuais, inclusive adquirindo bens de consumo e, o crédito de produção é quando o devedor utiliza os recursos obtidos na produção de determinados bens, podendo ser comercial, agrícola, mobiliário ou imobiliário.

E quanto à garantia fornecida pelo tomador de empréstimo, o crédito poderá ser pessoal ou real. O pessoal é aquele que se fundamenta na garantia pessoal de quem o recebe. Será credito de garantia real quando o devedor ou quem recebe o crédito, além da sua garantia pessoal entrega um bem de garantia real, para garantir o contrato. ”Assim, quando o devedor oferece uma garantia (hipoteca, penhor, anticrese), o crédito será de natureza real; quando o crédito resulta do desconto de um título cambial, será de natureza pessoal” (GASTALDI, 2005, p.272).

Ressalta Rosa Junior (2014) que o crédito é real quando ele é garantido por determinado bem do devedor, móvel (penhor) ou imóvel (hipoteca), ficando o bem vinculado ao cumprimento da obrigação pelo devedor, e na hipótese de inadimplemento da obrigação, o credor tem o direito de imputar o produto da venda judicial do bem na liquidação do débito. Já o crédito pessoal, conforme Rosa Junior

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Classificação da Informação: Uso Irrestrito

(2014) é aquele cuja garantia não é representada por um determinado bem do devedor, mas pela integralidade do seu patrimônio, sendo exemplos de garantia fidejussória o aval e fiança.

Segundo Gastaldi (2005), em relação à natureza do destino a ser dado ao empréstimo pode ser: crédito agrícola, crédito comercial, crédito industrial, crédito fundiário ou crédito edilício. Tais créditos objetivam atividades agrícolas, comerciais, industriais ou os empréstimos destinados a propriedades territoriais (fundiário) ou para imóveis ou prédios localizados em cidades (crédito edilício). E ainda, quanto à época do pagamento o crédito pode ser de longo ou de curto prazo, ou ainda, com vencimento indeterminado, que são os casos mais raros.

Conforme Rosa Junior (2014), a classificação do crédito quanto ao instrumento de sua realização, o crédito pode ser representado por: título de crédito e contrato (mútuo, abertura de crédito, venda a prazo, etc.).

É importante ressaltar que na constituição dos empréstimos creditícios eles podem ter sua base em condições puramente individuais, levando em consideração a idoneidade ou a probidade moral e material da pessoa que de se beneficia, ou ainda, em condições denominadas sociais, considerando-se os recursos econômicos ou financeiros de que dispõe o devedor. Há ainda outras condições que podem influir na concessão do crédito, que são as condições do mercado econômico, as de ordem jurídica (normas jurídicas que obrigam o devedor ao cumprimento da obrigação assumida), as de ordem moral (cumprimento no vencimento da obrigação assumida)e as de ordem política pois o crédito se retrai nas organizações políticas instáveis e quando a ordem pública está em permanente ameaça de subversão, afirma Gastaldi (2005).

2.3 ANÁLISE E CONCESSÃO DE CRÉDITO

“O crédito e cobrança será responsável pelas funções de planejamento, organização, orientação e controle de todas as atividades que envolvem o processo de concessão de crédito e cobrança de valores” (TAVARES, 1988, p.22).

A análise de crédito tem como objetivo identificar os riscos nas situações de empréstimo, evidenciar conclusões quanto à capacidade de pagamento do tomador e, fazer recomendações relativas à melhor estruturação e tipo de empréstimo a

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Classificação da Informação: Uso Irrestrito

conceder, de acordo com as necessidades financeiras do solicitante, dos riscos identificados e mantendo, sob perspectiva a maximização dos resultados da instituição, afirma Schrickel (1998).

Para Masakazu (2008) a análise de crédito deve ser considerada pela empresa ou instituição financeira como um processo contínuo, não ficando restrita apenas à primeira venda. É um processo que deve ser constantemente monitorado e atualizado quanto aos aspectos de pontualidade, capacidade de pagamento e situação financeira. As informações financeiras podem ser obtidas através do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC) e Centralização de Serviços Bancários S.A. (Serasa).

Na visão de Santos (2000, p. 44), “o objetivo do processo de análise de crédito é o de averiguar a compatibilidade do crédito solicitado com a capacidade financeira do cliente”. Dentre as atribuições das instituições financeiras, uma importante tarefa consiste na análise, precificação e monitoramento de riscos de crédito, baseada em informações concretas do cliente.

Para Schrickel (1998, p.26): “A análise será tão mais consistente, quanto mais presentes e valiosas forem à quantificação dos riscos identificados e a viabilidade e praticidade das conclusões e recomendações [...]”.

Na análise de qualquer proposta de concessão de empréstimo há basicamente três etapas a seguir: análise de retrospectiva, análise de tendências e capacidade creditícia. A análise de retrospectiva se refere a uma avaliação do desempenho histórico do potencial tomador, buscando identificar os maiores riscos referentes a sua atividade. O objetivo da análise histórica é a identificação de aspectos positivos ou negativos do tomador em relação a financiamentos tomados anteriormente (SCHRICKEL 1998).

Já a análise de tendências se refere a uma projeção da condição financeira futura do tomador, associada à ponderação de sua capacidade de suportar certo nível de endividamento, ou seja, é o seu grau de endividamento atual e mais o do empréstimo que está solicitando, consulta que atualmente é feita pelas instituições financeira no SRC do BACEN.

E, a capacidade creditícia, se relaciona ao grau de risco atual e futuro do tomador, aos quais se deve chegar a uma conclusão em relação a sua capacidade creditícia, e após deve ser estruturada uma proposta de crédito. O mais importante é

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seja “sempre preservada a máxima proteção do emprestador contra eventuais perdas” (SCHRICKEL 1998, p.27).

Assim conclui Schrickel (1998, p. 27):

A análise de credito envolve a habilidade de fazer uma decisão de crédito, dentro de um cenário de incertezas e constantes mutações e informações incompletas. Esta habilidade depende da capacidade de analisar logicamente situações, não raro, complexas, e chegar a uma conclusão clara, prática e factível de ser implementada.

Desta forma, pode-se concluir que o processo de análise de crédito para uma instituição é de grande importância para os seus resultados, pois pode impactar somando ou diminuindo dos mesmos. O que resta aos analistas e gestores é uma atuação proativa e sistêmica neste processo, buscando flexibilidade segura na política de concessão de crédito, pois é esta área dá suporte para a geração das receitas para as empresas. Com certeza, esta não é uma atividade simples, pois exige a tomada de decisão num contexto incerto, que está em constante mudança e as informações prestadas nem sempre suprem totalmente a necessidade desejada em termos de análise e a melhor decisão será aquela embasada em melhores informações disponíveis. Mas não é aconselhável e, tão pouco rentável, que as empresas fiquem estagnadas por medo de não receber, precisam sim, aumentar suas receitas através de uma eficiente carteira de crédito.

Junto ao processo de concessão de crédito existem outras áreas dentro de uma organização que servem de suporte de informações ou que alavancam novos negócios e, aí que podem ocorrem alguns conflitos. Por exemplo, a área de retaguarda (pessoal de apoio e controle) e área de negócios (pessoal de vendas), onde a primeira área busca o controle e a segurança dos negócios e, a segunda, com o uso da criatividade e iniciativa busca novos negócios e que gerem resultados. Para evitar esses conflitos funcionais que comumente ocorrem nas organizações, é preciso que haja uma perfeita integração e entendimento dos objetivos e metas que a equipe busca, além de conhecimento das políticas de concessão de crédito da organização, para que desta forma todas as áreas atuem como equipe em busca dos resultados esperados. Segundo Schrickel (1998) é a intensa comunicação entre as equipes, através da interação efetiva - que pode ser feita na prática através de treinamentos e feedback - entre todos na organização, é a forma mais eficiente para

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Classificação da Informação: Uso Irrestrito

que todos rumem para a mesma direção e como equipe extraia os melhores resultados de si para um objetivo comum a todos.

Um cuidado que o profissional da área de crédito deve ter é o famoso feeling, que muitas vezes é confundido e usado para justificar decisões de concessão de crédito que não têm objetividade e tão pouco foi baseado em informações disponíveis do tomador para tomada de decisões. É importante que seja usado sempre o bom sendo na tomada de decisões, pois é a base mais sólida para agir de forma lógica, prática e clara, pois o bom senso fortalece e sustenta de forma concreta ideias e conclusões. Mas não se deve esquecer que para se tomar uma decisão com base no bom senso, é preciso que se tenha certo conhecimento técnico e prático, pois uma eficiente análise de crédito requer habilidade e capacitação.

A função mais importante de uma instituição financeira é intermediar os recursos de terceiros, promovendo a captação de riquezas e poupanças, canalizando-as para o financiamento de atividades produtivas e rentáveis, segundo Schrickel (1998).

Além disso, há uma infinidade de serviços que as instituições oferecem aos seus clientes, dentre elas está a de oferecer crédito para aqueles que podem pagar. Em virtude dos recursos que as instituições financeiras trabalham serem de terceiros, a responsabilidade por este trabalho é ainda maior, por isso é preciso que seja feito de forma criteriosa, eficiente e com segurança. Por isso a importância de obter o máximo de informações de um novo cliente quando abre uma conta corrente, procurando saber os motivos que o levaram a procurar a instituição, assim como, buscando o máximo de referências possível que garantam a segurança em um negócio (SCHRICKEL, 1998).

A confiança é outro fator relevante em um processo de negociação com cliente, pois após a instituição se certificar dos fatores relacionados a segurança no que diz respeito a um cliente, ela precisa desenvolver o princípio da confiança mútua. Esse sentimento se constrói ao longo do tempo, através dos acontecimentos, experiências, pontualidade, honestidade, cumprimento de regulamentos e compromissos assumidos, afirma Schrickel (1998).

Além de conhecer e ter o máximo de informações do tomador de crédito é preciso conhecer de forma pormenorizada a operação de crédito que está sendo pleiteada pelo tomador. O conhecimento técnico sobre as operações de crédito que

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Classificação da Informação: Uso Irrestrito

uma instituição oferece é essencial para que os recursos que a instituição dispõe sejam administrados de forma eficiente e de acordo com os interesses dos acionistas ou sócios.

“O maior risco numa operação de crédito consiste na falta de conhecimento sobre quem seja o tomador ou sobre a operação que se deseja efetuar” (SCHRICKEL, 1998, p. 45). O autor mais uma vez destaca a importância da reflexão crítica e criteriosa sobre o tomador e a operação e, associado a estes dois fatores é enunciado a idéia de garantia nas operações de crédito. As garantias têm por objetivo garantir um comprometimento pessoal ou patrimonial do tomador em relação a operação que está pleiteando, além de aumentar o grau de segurança da instituição na cobrança do crédito. Mas é importante ressaltar que as garantias de uma operação de crédito precisam ser analisadas quanto a sua liquidez e quanto a sua exequibilidade, pois algumas são mais rápidas e mais simples do que outras. Uma operação com a garantia questionável ou com dificuldades de execução e liquidez o grau de risco é relativamente maior.

A empresa deve avaliar simultaneamente o risco comercial e o risco do cliente que, o risco comercial ocorre durante o período normal de instalação do sistema ( do período que vai do pedido até o termino de instalação) e o risco financeiro que compreende o período de pagamento das prestações.

2.3.1 Técnicas de Análise de Crédito

Já é da rotina dos profissionais da área de crédito das principais instituições financeiras a utilização de dois procedimentos para analisar o risco de pessoas físicas em concessões de créditos: a análise subjetiva e a análise objetiva.

2.2.1.1 Análise Subjetiva

Para Santos (2007), a análise subjetiva de crédito, ou caso a caso, é baseada na experiência adquirida dos analistas de crédito, no conhecimento técnico, no bom-senso e na disponibilidade de informações (internas e externas) que lhes possibilitem diagnosticar se o cliente possui idoneidade e capacidade de gerar receita para honrar o pagamento das parcelas dos financiamentos. Securato (apud SANTOS, 2007) coloca que uma boa análise subjetiva de crédito depende de um

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conjunto de informações contidas em um dossiê ou pasta de crédito. Dentre elas, cita as informações cadastrais, financeiras, patrimoniais, de idoneidade e de relacionamento. A análise de crédito subjetiva pode ser feita com base na técnica conhecida como 5 Cs, que se são: caráter, capacidade, capital, collateral e condições, conforme Masakazu (2008).

De acordo com Gitmann (apud SANTOS, 2007), os analistas de crédito utilizam frequentemente, informações relacionadas ao caráter, capacidade, capital, collateral e condições como importantes condutores de valor para a decisão de concessão de crédito. A figura 01 apresenta essas cinco variáveis, onde, inicialmente, destaca-se o caráter como umas das variáveis mais importantes e críticas C, por estar relacionado a determinação do tomador de pagar, por isso o profissional que vai fazer a análise de crédito deve buscar fazer uma investigação minuciosa sobre seus antecedentes. Isso pode ser feito através do seu cadastro junto a instituição, mas também, através de contatos externos com outras instituições ou pontos comerciais que este potencial tomador tenha dado como referência ou que o sistema aponte como histórico de negociações deste cliente (SCHRICKEL,1998).

Figura 01 – Os 5 C’s do Crédito Fonte: SANTOS (2007, p.108)

“A avaliação da cultura da empresa e do caráter de seus administradores, apesar do alto grau de subjetividade, por se referir aos aspectos morais e éticos, é

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Classificação da Informação: Uso Irrestrito

muito importante, porque vai depender da sua integridade ética (honestidade) para saldar compromissos financeiros”, afirma Masakazu (2008, p.127).

O levantamento de dados históricos, como a pontualidade nos pagamentos, protestos de títulos e pendências judiciais, ajudam na avaliação do caráter, assim como, a obter informações adicionais do cliente como cultura, hábitos, hobbies, profissionalismo, honestidade nos negócios e até mesmo a pesquisa de antecedentes criminais (MASAKAZU, 2008).

Segundo Schrickel (1998, p.50): “Se o caráter diz respeito à vontade de pagar, a capacidade refere-se à habilidade de pagar”. O autor coloca que o tomador pode ter todas as características descritas no caráter, com uma inquestionável vontade de pagar, mas lhe faltar a habilidade ou capacidade pagamento.

De acordo com Santos (2000, p.45), o caráter “está associado com a probabilidade de que os clientes amortizem seus empréstimos”. Por isso, na análise deste critério, é indispensável que existam informações históricas do cliente (internas e externas à instituição) que evidenciem intencionalidade e pontualidade na amortização de empréstimo. Segundo Santos (2000), as fontes mais usuais de pesquisa para levantamento do caráter do cliente são: relatórios gerenciais de acompanhamento de riscos, banco de dados de empresas especializadas, referências bancárias e referências comerciais.

Acerca disso, Masakazu (200, p.128) coloca que: “A firme determinação de pagar (caráter) não terá validade se o cliente não tiver capacidade de saldar seus compromissos financeiros”. O potencial da capacidade de pagamento do tomador de crédito é obtido através da análise de demonstrações financeiras e informações financeiras adicionais, em instituições de consulta ao crédito, como a Serasa.

No entender de Schrickel (1998, p.50), “se o caráter diz respeito à vontade de pagar, a capacidade refere-se à habilidade de pagar. A análise das demonstrações financeiras (balanços patrimonial, DRE) fornece informações sobre os índices de liquidez, índices de endividamento, índices de investimentos, rentabilidade, geração de caixa. Já as informações adicionais sobre os administradores da empresa, ou mesmo do cliente pessoa física, devem ter como foco os seguintes aspectos: idade, formação acadêmica, histórico profissional, ambiente cultural, capacidade de adaptação a novos cenários econômicos e tradição no ramo do negócio em que atua. Há ainda a questão de buscar informações do setor que atua a empresa, a

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Classificação da Informação: Uso Irrestrito

situação atual e perspectiva setor, os concorrentes, clientes, tecnologia utilizada pela empresa, considera Masakazu (2008).

Complementa Santos (2000, p.46) que a capacidade “refere-se ao julgamento subjetivo do analista quanto à habilidade dos clientes no gerenciamento e conversão de seus negócios em renda ou receita”. Normalmente, as instituições financeiras atribuem à renda das pessoas físicas ou à receita de empresas a determinação de fonte primária de pagamento e, o principal referencial para possibilitar a análise da compatibilidade do empréstimo com a capacidade financeira do tomador.

Em relação ao C que diz respeito ao capital, Schrickel (1998, p.52) faz um questionamento que deve ser considerado pelo analista de crédito: “Será que o tomador potencial de crédito tem capital suficiente para operar em níveis adequados de eficiência e retorno?”.

A forma de analisar este terceiro C do crédito é diferente para pessoa física e para pessoa jurídica. Nos empréstimos de pessoa física não são fundamentados no seu capital, mas em sua renda ou ganhos mensais, além de considerar o seu nível de comprometimento potencial na amortização das obrigações. Já no caso da empresa ou pessoa jurídica, o conceito de capital é mais perceptível, pois há uma sugestão de capital social que pode ser analisada nos seus balanços sociais, mas, no entanto, o capital da pessoa jurídica não deve ficar restrito a este tipo de documento, mas principalmente, a toda a sua estrutura econômico-financeira, afirma Schrickel (1998).

Conforme Santos (2000, p.46), “o capital é medido pela instituição financeira, econômica e patrimonial do cliente, levando-se em consideração a composição dos recursos (quantitativa e qualitativa), onde são aplicados e como são financiados”. As fontes usuais para avaliação do capital de empresas e pessoas físicas são os demonstrativos contábeis e declaração de imposto de renda, respectivamente.

De acordo com Masakazu (2008, p.128): “A análise da estrutura econômica e financeira evidencia o nível de solidez financeira da empresa”. Importante ressaltar que os índices financeiros obtidos por métodos tradicionais não significam que a empresa terá a capacidade de repagamento. Pois o capital investido e giro deve ser considerado como capital fixo e não como capital circulante. A análise da necessidade liquida de capital de giro evidencia quanto a empresa precisa de capital para financiar as suas operações. Desta forma, será possível avaliar se a empresa

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Classificação da Informação: Uso Irrestrito

terá capacidade de expandir suas atividades considerando-se as possíveis fontes de recursos de longo prazo.

O collateral é uma tradução de termo inglês de idêntica grafia e significa garantia. Deve ser algo tangível. O collateral numa decisão de credito serve para atenuar eventuais impactos negativos decorrentes do enfraquecimento dos elementos capacidade, capital e condições, afirma Schrickel (1998).

Para Masakazu (2008, p.129): “O collateral pode ser dado por meio de hipoteca, fiança pessoal prestada por proprietário de imóvel (com registro em cartório de registro de imóveis competente), fiança bancária, seguro-garantia”.

Desta forma, o collateral pode e deve ser aceito para compensar os pontos fracos dentro do elemento caráter, porque caso a honestidade esteja faltando, o credito incluirá riscos que não devem ser assumidos pela instituição financeira, por isso a necessidade de garantias que deem certa segurança quanto ao recebimento do crédito, segundo Schrickel (1998).

Sobre o colateral, escreve Santos que:

Está associado com análise da riqueza patrimonial de pessoas físicas e empresas (bens móveis e imóveis), considerando a possibilidade futura de vinculação de bens ao contrato de crédito, em casos de perda (parcial ou total da fonte primária de pagamento (2000, p.47).

Neste sentido, afirma Santos (2000) que, para a realização de uma adequada análise da riqueza patrimonial dos clientes é fundamental que o analista consiga a abertura da composição do patrimônio do cliente, além de identificar a situação dos ativos em termos de liquidez, existência de ônus e valor de mercado.

O C referente às condições se refere “ao micro e macrocenário em que o tomador de empréstimo está inserido”, afirma Schrickel (1998, p.53). Para as empresas o cenário diz respeito ao seu ramo de atividade e a análise da economia em geral. Há uma tendência de haver uma maior flexibilidade quanto a liberação de credito quando se verifica uma recuperação da economia, quando os negócios dos indivíduos e empresas demonstram estar em fase de franca recuperação e ascensão. No entanto, essa flexibilidade ou liberalidade desaparece nos momentos de depressão ou recessão.

Diz Santos (2000. p.47) que, condições “está associada com a análise do impacto de fatores sistemáticos ou externos sobre a fonte primária de pagamento ( renda ou receita)”. É necessário muita atenção nessa informação para a

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Classificação da Informação: Uso Irrestrito

determinação do risco total de credito, pois dependendo da gravidade do fator sistemático, exemplos típicos de situação recessiva com aumento nas taxas de desemprego, a instituição poderá enfrentar grandes dificuldades para receber créditos.

Neste sentido, complementa Masakazu (2008, p. 129): “As condições econômicas atuais do cenário econômico em que a empresa estará inserida devem ser avaliados em conjunto com o ramo de atividade em que ela atua”. Assim, se for esperada uma recessão, mas o ramo de atividade da empresa for substancialmente promissor, o risco de inadimplência pode ser minimizado.

Santos (2000) descreve as fases da análise subjetiva, a começar pela análise da pessoa física e logo após a análise das pessoas jurídicas. Na análise da pessoa física, conforme autor envolve cinco fases: análise documental, análise de idoneidade, análise financeira, análise patrimonial e análise cadastral.

A análise documental diz respeito a situação legal do cliente e apresentação dos documentos básicos, tais como: RG, CPF e declaração de imposto de renda, além de comprovação de residência, contas de água, luz, telefone. A análise de idoneidade consiste no “levantamento de informações em empresas especializadas quanto a conduta e idoneidade dos clientes no mercado de crédito” (SANTOS, 2000, p.48), como: SERASA, SPC, SCR. A análise financeira trata-se da identificação da renda total do cliente, que é feita através de contracheque ou declaração de imposto de renda, para que seja feita a análise de compatibilidade com créditos propostos, sendo esta análise de suma importância para a concessão do crédito, uma vez que existe uma relação direta entre a renda e a taxa de inadimplência de pessoas físicas em empréstimos bancários. Análise patrimonial visa identificar a riqueza da pessoa física, baseado nas informações de seus bens (móveis e imóveis) e em que situação os mesmos se encontram em termos de valor de mercado, liquidez, existência de dividas/ônus e vinculação em contratos de dívidas, afirma Santos (2000). E, finalmente, a análise documental se refere ao levantamento de informações complementares da pessoa física, para identificar o seu perfil, como: idade, estado civil, dependentes, tipo de moradia, tipo e tempo de emprego, formação escolar, dentre outros.

Em relação a análise subjetiva da pessoa jurídica, Santos (2000) destaca cinco fases: análise documental, análise de idoneidade, análise do negócio, análise

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Classificação da Informação: Uso Irrestrito

contábil e financeira e análise cadastral. Assim como na pessoa física, a análise documental compreende o levantamento da situação legal da empresa e de seus sócios, através da análise de alguns documentos, como: contrato social/estatuto da empresa, declaração de imposto de renda da empresa e sócios, comprovantes de identificação dos sócios (RG e CPF) e comprovantes de residência (água, luz, telefone, etc.). Segundo Santos, “o Banco Central condiciona, como fator indispensável, que as pastas de crédito de empresas mantenham cópias atualizadas desses documentos” (2000, p.64).

A análise de idoneidade é o levantamento de informações em empresas especializadas quanto à conduta e grau de idoneidade do cliente no mercado de crédito. Esta análise de idoneidade financeira da pessoa jurídica poderá ser realizada em fontes informais de crédito. A análise do negócio, para a instituição é imprescindível conhecer a quem pertence a empresa, sua capacidade administrativa, sua capacidade financeira, a experiência adquirida dos proprietários, o domínio da tecnologia, além do amplo conhecimento do mercado em que atua. Conforme Santos, a análise do negócio “constitui-se na análise da atividade operacional da empresa, considerando-se todos os fatores internos e externos de risco que podem afetar a geração de caixa” (2000, p.65). Em relação a análise contábil e financeira, ela compreende o levantamento da situação econômico-financeira da empresa, baseando-se na qualidade de suas informações contábeis disponibilizadas nas demonstrações financeiras básicas: o balanço patrimonial, a demonstração de resultados e a demonstração de fluxo de caixa do exercício. E, por último, a análise cadastral, compreende o levantamento e análise de informações complementares da empresa, como: carteira de clientes, carteira de fornecedores, imóvel operacional, produto/serviço, concorrência, localização, dívida bancária, histórico de crédito, dentre outros.

2.3.1.2 Análise Objetiva

A análise objetiva utiliza-se das metodologias estatísticas, com o objetivo de apurar resultados matemáticos que atestem a capacidade de pagamento dos tomadores. Essa análise está amparada em pontuações estatísticas de riscos, conforme mencionado por Thomas (apud SANTOS, 2007): “A pontuação de crédito

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Classificação da Informação: Uso Irrestrito

é um instrumento estatístico desenvolvido para que o analista avalie a probabilidade de que determinado cliente venha a tornar-se inadimplente no futuro”. Dentre as técnicas objetivas de gestão do risco de crédito, destaca-se o credit scoring.

Conforme Santos (2007), o credit scoring é um modelo de avaliação do crédito baseado em uma fórmula estatística desenvolvida com base em dados cadastrais, financeiros, patrimoniais e de idoneidade dos clientes. Os dados dos clientes referem-se aos Cs do crédito. Para a composição dessa fórmula, os bancos selecionam as principais informações cadastrais dos clientes e, em seguida, atribuem-lhes pesos ou ponderações de acordo com a importância destacada em suas políticas internas de crédito. Como resultado final, obterão um sistema de pontuação que possibilitará o cálculo de valores que serão interpretados em conformidade com a classificação de risco adotada. Essa classificação de risco dar-se-á por escalas numéricas, as quais recomendarão a aprovação ou a recusa dos financiamentos pleiteados pelas pessoas físicas.

Santos (2007) apresenta um modelo de pesquisa realizada para o credit score que consiste nas seguintes variáveis: Aspectos Demográficos (AD),Idoneidade (I), Capacidade Financeira (CF), Colateral (C), Relacionamento Bancário (RB), Fonte Geradora de Renda (FGR) e Eventos Sistêmicos (ES). A fórmula abaixo apresenta a relação entre a variável dependente Y (decisão de aprovação ou recusa dos créditos rotativos) e a conjugação das variáveis independentes citadas:

Y = α + ADx + Ix + CFx + Cx + RBx + FGRx + ESx + ε

As variáveis α e ε representam, respectivamente, o custo fixo para o Banco com os recursos (humanos e materiais) utilizados na análise de risco do crédito e a contribuição das informações cadastrais que não foram consideradas no modelo estatístico. A variável x representa a ponderação atribuída, ou grau de importância designado estatisticamente, a cada um dos itens componentes da fórmula (SANTOS 2007).

Para Marques (2002, p.25): “O credit scoring é uma técnica estatística cuja idéia essencial é identificar certos fatores-chave que determinam a probabilidade de inadimplência dos clientes, permitindo a sua classificação em grupos distintos”. A diferença entre as formas subjetivas de análise de crédito e do credit score acontece

Referências

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