• Nenhum resultado encontrado

2.4 POLÍTICA DE CRÉDITO

2.4.2 Inadimplência

Para Silva, “uma carteira de crédito saudável é uma meta perseguida pelos bancos, mas não pode ser obstinação em busca de inadimplência zero” (1997, p. 373). Como o foco da instituição é vender crédito, mas de forma segura, é de suma importância que seja feita a identificação das causas que levam os clientes a se tornarem inadimplentes, a fim de orientar as pessoas, ajustar estruturas e adequar às normas e políticas de crédito. As principais causas de créditos problemáticos,

Classificação da Informação: Uso Irrestrito

segundo Ruth apud Silva (1997) resumem-se em três categorias: erros por parte do credor, práticas fracas de negócios, e eventos externos adversos.

Os erros por parte do credor são as causas as quais ele tem relativo controle, como por exemplo: fraca entrevista de empréstimo, onde o credor não teve habilidade suficiente para coletar informações necessárias do cliente para a concessão do crédito; a análise financeira inadequada, decorrente do desconhecimento e da falta de uso de ferramentas eficazes de análise, confiando apenas no seu feeling de vendedor para efetivação do negócio; suporte inadequado ao empréstimo com a aceitação de garantias sem uma adequada avaliação, quanto a fatores relevantes do tipo valor, controle e liquidez; a documentação inadequada, com a falta de cláusulas nos contratos que deixem claro as obrigações das partes, de modo a proteger o credor contra atitudes do devedor que ponham em risco o cumprimento da obrigação e; o gerenciamento inadequado que é a falta de postura da instituição de acompanhar o cliente por meio de visitas e revisões periódicas da análise financeira, destaca Ruth (apud SILVA, 1997).

Em relação a prática de negócios, Ruth apud Silva (1997), refere-se a capacidade, onde há um mau gerenciamento, por falta de formação técnica compatível para o cargo, não havendo uma clara definição quanto à sucessão no comando dos negócios. Ruth (apud SILVA, 1997), destaca a necessidade de planejamento de curto e longo prazo. A deterioração dos produtos, decorrente da falta de preços competitivos ou da qualidade inferior à concorrência. As práticas fracas de marketing, decorrente da falta de planos bem definidos para anunciar, vender e distribuir, sendo necessário que a empresa seja capaz de agir de forma proativa em relação às necessidades dos clientes. Os controles financeiros fracos, no que diz respeito às contas a receber, aos estoques, às despesas e aos instrumentos para prevenir fraudes e roubos.

Sobre eventos externos adversos, Ruth apud Silva (1997) diz que isto é uma parte da percepção estratégica das empresas, no sentir de identificar as oportunidades de negócio, ser capaz de perceber as ameaças que o mercado oferece. Fatores ambientais ou climatológicos, como secas, inundações que mereçam a atenção do profissional de crédito. Os fatores econômicos que afetam significativamente a vida das pessoas e a economia de uma região, estado ou país. Os fatores reguladores que decorrem da politica econômica têm efeitos

Classificação da Informação: Uso Irrestrito

inquestionáveis, como a politica salarial, taxas de juros e prazos de financiamentos. E os fatores tecnológicos que se referem ao grau de tecnologia das empresas, visando torna-las mais competitivas e competentes tecnicamente, sendo de grande importância o investimento destas em pesquisa e desenvolvimento de novas técnicas, a fim de dar continuidade aos negócios da empresa.

Silva escreve que na decisão do crédito é feita uma relação entre os fatores risco e retorno e esta relação fundamenta-se “na premissa de que os clientes com riscos maiores deverão pagar uma taxa de juros maior, de modo que essa taxa maior deverá ser capaz de compensar um maior percentual de inadimplência” (1997, p.375). Desta forma, a inadimplência, não representará um desastre para o credor, desde que mantida em níveis tecnicamente suportáveis pelo credor.

Para Silva, a primeira consequência de créditos problemáticos é a perda dos valores emprestados ou dos financiamentos feitos aos clientes, onde esta perda pode ser do valor total do principal mais encargos ou apenas perdas parciais. Nos períodos de grandes volumes de inadimplências as instituições financeiras designam equipes especiais de diretores, gerentes e advogados para cobrarem e negociarem tais créditos. Com objetivo de evitar que os créditos concedidos fiquem inadimplentes e até incobráveis é recomendado que os profissionais da área de crédito fiquem atentos aos sinais de alarme, onde a sua base consiste na observação de determinadas ocorrências nas empresas e clientes de uma forma geral e, com base em tais observações ser acionado processo de revisão ou investigação de crédito. Por exemplo, tratando-se da observação de sinais de uma empresa, o que deve ser analisado são suas demonstrações de resultado de um exercício para o outro, pois se os números estão exatamente iguais ao do ano anterior, será um sinal de alarme, indicando que esta empresa pode não ter tido um bom resultado e ter reproduzido as demonstrações do ano anterior. Portanto, o profissional irá notar que alguns sinais de alarme decorrem de determinado item ter mudado para mais ou menos, ou de não ter mudado.

Segundo Silva (1997), o uso dos sinais de alarme fundamenta-se,

na ideia de que o processo de deterioração da saúde financeira de uma empresa pode ser observado com certa antecedência e isto possibilitará ao gestor de crédito uma atuação mais rápida que os concorrentes, com a finalidade de salvar a totalidade ou parte dos créditos do banco (1997, p. 377).

Classificação da Informação: Uso Irrestrito

Dados de demonstrações financeira, comportamentos e hábitos do cliente, informações do mercado e visita ao cliente podem fornecer sinais de alarme importantes para a ação das instituições, para evitar a perda total ou parcial dos créditos concedidos, finaliza Silva (1997).

Documentos relacionados