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O mundo de descobertas dos bebês: a identidade e a autonomia em construção na educação infantil

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Academic year: 2021

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0 UNIVERSIDADE REGIONAL DO NOROESTE DO ESTADO DO RIO GRANDE DO

SUL - UNIJUÍ

DEPARAMENTO DE HUMANIDADES E EDUCAÇÃO CURSO DE PEDAGOGIA

ADRIELE HECK RIGOTTI

O MUNDO DE DESCOBERTAS DOS BEBÊS: A IDENTIDADE E A AUTONOMIA EM CONSTRUÇÃO NA EDUCAÇÃO INFANTIL

Ijuí, 2019

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1 ADRIELE HECK RIGOTTI

O MUNDO DE DESCOBERTAS DOS BEBÊS: A IDENTIDADE E A AUTONOMIA EM CONSTRUÇÃO NA EDUCAÇÃO INFANTIL

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao curso de Pedagogia da Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul – UNIJUÍ, como requisito para obtenção do título de Licenciada em Pedagogia.

Orientadora: Prof. Me. Eulália Beschorner Marin

Ijuí, 2019

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2 ADRIELE HECK RIGOTTI

O MUNDO DE DESCOBERTAS DOS BEBÊS: A IDENTIDADE E A AUTONOMIA EM CONSTRUÇÃO NA EDUCAÇÃO INFANTIL

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao curso de Pedagogia da Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul – UNIJUÍ, como requisito para obtenção do título de Licenciada em Pedagogia.

Ijuí, 02 de agosto de 2019.

_________________________________________ Prof. Me. Eulália Beschorner Marin - UNIJUÍ

_________________________________________ Prof. Dra. Marta Estela Borgmann - UNIJUÍ

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3 Aos meus pais que sempre me apoiaram e me incentivaram, que me mostraram o quanto temos que lutar para chegar aonde sonhamos.

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4 AGRADECIMENTOS

Agradeço em primeiro lugar a Deus, que me deu a vida e uma família tão maravilhosa, como também a oportunidade de realização de sonhos.

Agradeço aos meus pais, Regis e Patrícia e ao meu irmão Moises, que sempre estiveram ao meu lado me ajudando no que fosse preciso, sempre me incentivando nos estudos e me ajudando a crescer profissionalmente tanto quanto pessoalmente, me ensinando que é necessário ter fé, honestidade, amor e dedicação. Obrigada por tudo.

Agradeço ao meu noivo Bruno, que sempre esteve me apoiando e me dando forças para seguir em frente na minha caminhada, sempre ao meu lado, me ajudando em tudo, por ser paciente e compreensivo.

Aos amigos e colegas que a universidade me presenteou, que de uma forma ou outra me acompanharam e estiveram presentes na minha caminhada profissional.

A minha orientadora Eulália, pela dedicação e apoio durante o meu trabalho de conclusão de curso. Muito obrigada.

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5 O sucesso nasce do querer, da determinação e

persistência em se chegar a um objetivo. Mesmo não atingindo o alvo, quem busca e vende obstáculos, no mínimo fará coisas admiráveis.

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6 RESUMO

O desenvolvimento da autonomia dos bebês exige responsabilidade e interesse, precisa ser estimulado e propiciado momentos ricos em aprendizagens para que seja instigado a autonomia. O objetivo desse trabalho é aprender mais sobre como funciona esse processo de construção de autonomia e de que modo deve ser trabalhado para que haja sucesso A pesquisa caracteriza-se por bibliografias acerca das contribuições teóricas de Soares (2017), abordando o livro “Vínculo, movimento e autonomia”, proporcionando possibilidades diante dos caminhos que um bebê percorre na sua trajetória pedagógica, também sobre Fochi (2015) no seu livro “Afinal, o que os bebês fazem no berçário?” e Malaguzzi (1999) com a obra “As cem linguagens de uma criança”, dentre outros autores que fizeram parte desse trabalho. Após repensar e estudar o que aprendi durante esses anos na universidade, trago análise do estágio observatório e prático na Educação Infantil refletindo sobre a melhor forma para que ocorra o desenvolvimento da autonomia com os bebês na Educação Infantil, como também reflexões acerca das entrevistas realizadas com professoras de escola pública e privada, refletindo sobre suas indagações. A pesquisa foi desenvolvida em momentos, nas quais, primeiramente, ocorreu leitura em artigos, livros, textos, e logo após o desenvolvimento de tudo o que aprendi com essas leituras e buscas.

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7 ABSTRACT

The development of babies' autonomy requires responsibility and interest, needs to be stimulated and provided rich moments in learning to instigate autonomy. The objective of this work is to learn more about how this process of building autonomy works and how it should be worked for success The research is characterized by bibliographies about the theoretical contributions of Soares (2017), addressing the book "Linking, movement and autonomy", providing possibilities before the paths that a baby travels in its educational trajectory, also about Fochi (2015) in his book "After all, what do babies do in the nursery?"and Malaguzzi (1999) with the work "The hundred languages of a child", among other authors who were part of this work. After rethinking and studying what I learned during these years at the university, I bring analysis of the observatory and practical stage in Early Childhood Education reflecting on the best way for the development of autonomy with babies in Early Childhood Education, as well as reflections on the interviews conducted with public and private school teachers, reflecting on their inquiries. The research was developed at times, in which, first, there was reading in articles, books, texts, and soon after the development of everything I learned from these readings and searches.

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8 LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Imagem 1 - Espaço organizado para a contação de história...27

Imagem 2 - Contação de histórias...27

Imagem 3 - Apresentando aos bebês instrumentos estruturados e não estruturados...28

Imagem 4 - Brincando com instrumentos musicais estruturados e não estruturados...28

Imagem 5 - Brincando com farinha de trigo...29

Imagem 6 - Brincando com massa cozida e farinha de milho...29

Imagem 7 - Explorando os alimentos oferecidos...30

Imagem 8 - Explorando massinha de modelar caseira...30

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9 LISTA DE SIGLAS

DCNs - Diretrizes Curriculares Nacionais

LDB - Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional

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10 SUMÁRIO

INTRODUÇÃO...11

1. MAS AFINAL O QUE É A AUTONOMIA E QUAL A SUA IMPORTÂNCIA NO DESENVOLVIMENTO DOS BEBÊS?...13

1.1. ORGANIZAÇÃO DO ESPAÇO PARA O PROCESSO DE AUTONOMIA DOS BEBÊS...14

1.2. O DESENVOLVIMENTO DA AUTONOMIA ENTRE RELAÇÕES AFETIVAS E HARMONIOSAS...16

1.3. O BRINCAR PROPICIADOR DE APRENDIZAGENS: POSSIBILITADOR DA CONSTRUÇÃO DA AUTONOMIA...18

1.4. CONTRIBUIÇÕES DA NEUROCIÊNCIA NO DESENVOLVIMENTO DO BEBÊ...19

2. A DESCOBERTA DO MUNDO...21

2.1. OBSERVANDO OS BEBÊS NA CRECHE...22

2.2. DIALOGANDO COM OS BEBÊS DIANTE DE CENAS DO SEU COTIDIANO...24

2.2.1. A contação de história como uma das múltiplas linguagens presentes na Educação Infantil...25

2.2.2. Musicalização na Educação Infantil...26

2.2.3. Explorando sensações...28

2.2.4. Brincando com massinha de modelar caseira...29

3. AFINAL COMO OS BEBÊS PRODUZEM SUA AUTONOMIA – UM DIÁLOGO COM AS PROFESSORAS...31

CONSIDERAÇÕES FINAIS...36

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11 INTRODUÇÃO

A construção da identidade e da autonomia desenvolve-se de diferentes maneiras, por isso, na escola de Educação Infantil são buscadas experiências significativas, pois beneficiam e ampliam o conhecimento das crianças em relação a si mesmas. Dessa maneira, ampliar a construção desse processo com os bebês, favorece o conhecimento do seu próprio corpo, mostrando-lhes que são capazes, relacionando-se com outros seres e com todo o ambiente onde vivem e na escola as crianças têm contato com oportunidades que potencializam seu desenvolvimento.

A Educação Infantil é considerada a primeira etapa da educação básica. Segundo a LDB (BRASIL, 1996) ela tem como finalidade o desenvolvimento integral da criança em seus aspectos físicos, psicológicos, intelectuais e sociais, complementando a ação da família e da comunidade. Sendo assim, o objetivo desse trabalho foi conhecer também através das observações e práticas com os bebês um pouco mais sobre como seu desenvolvimento ocorre e de como é importante na vida de cada um dos bebês, possibilitando a sua inserção no mundo diante das descobertas.

Primeiramente, trago algumas considerações sobre a autonomia, numa abordagem teórica, seus conceitos, focados na ideia de alguns autores e suas obras, como Soares (2017) em “Vínculo, movimento e autonomia”, que foi a inspiração para o desenvolvimento do meu trabalho, trazendo contribuições diante das possibilidades e dos caminhos que um bebê percorre na sua trajetória pedagógica, Fochi (2015) em “Afinal, o que os bebês fazem no berçário?” e Malaguzzi (1999) em “As cem linguagens de uma criança”, dentre outros autores que contribuíram com abordagens teóricas.

Este trabalho é pautado diante de estudos e retomadas de conceitos fundamentais acerca do entendimento de como os bebês fazem as suas descobertas na sua primeira fase da vida, quais os mecanismos e possibilidades que farão com que o bebê se desenvolva como um ser capaz de interagir com o mundo e como ocorre a mediação do professor diante desse processo. No primeiro capítulo, destacarei um pouco sobre o ambiente, o brincar propiciador, a afetividade que deve ocorrer entre professor/aluno e contribuições da neurociência na aprendizagem da criança. Em seguida, no segundo capítulo, indagarei sobre as contribuições do meu estágio observatório e prático com bebês em uma escola de Educação Infantil localizada no município de Ajuricaba. Logo após, apresentarei uma abordagem qualitativa de pesquisa, que se caracteriza pela possibilidade de análise teórica na contribuição da entrevista realizadas com professoras que trabalham com bebês na Educação Infantil.

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12 O conhecimento acerca do desenvolvimento da autonomia dos bebês é muito importante, pois está estritamente ligado à nossa vida acadêmica, sendo que estudamos desde o começo da faculdade sobre esse estudo profundo da realidade. A partir dessa perspectiva, o trabalho se constituiu com teorias e com a observação. O foco desse trabalho foi o pensar mais além diante da construção da identidade e autonomia para com o bebê, como uma forma de apropriação do mundo que estão inseridos.

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13 1. MAS AFINAL O QUE É A AUTONOMIA E QUAL A SUA IMPORTÂNCIA NO DESENVOLVIMENTO DOS BEBÊS?

A autonomia de um bebê é um tema não muito comentado, com poucas reflexões e discussões, não por não ser muito importante, mas por se tratar de algo tão complexo. Quem está inserido nesse campo sabe como funciona e como se dá os processos para chegar aos resultados esperados.

A autonomia é o termo que está relacionado à capacidade de governar-se pelos próprios meios ou uma palavra vinda do grego que designa lei. Paulo Freire (1996), na obra “Pedagogia da autonomia”, cita que a autonomia pode ser transformada à medida que o educando se torna um sujeito através da educação, assim formando a sua independência diante de uma proposta de alfabetização, no qual o sujeito possa se expressar livremente.

O RCNEI (BRASIL, 1998a, 1998b) menciona o quão é importante o desenvolvimento da autonomia com bebês, pois está ligado à formação pessoal e social, além de fazer com que as crianças tenham o contato e o conhecimento do mundo em que vivem. O professor tem o dever de interligar-se e estabelecer-se com o ambiente educacional, favorecendo a oportunidade para que as crianças possam fazer as suas escolhas, autoconhecer-se, apresentar desejos, vontades, desenvolvendo a identidade, características, criatividade entre outras.

A autonomia, definida como a capacidade de se conduzir e tomar decisões por si próprio, levando em conta regras, valores, sua perspectiva pessoal, bem como a perspectiva do outro, é, nessa faixa etária, mais do que um objetivo a ser alcançado com as crianças, um princípio das ações educativas. (BRASIL, 1998b, p. 14) A autonomia, por sua vez, é um processo que requer tempo para acontecer, pois a criança ao longo de sua vida vai desenvolvendo mecanismos para a sua própria construção de identidade e se constitui através da sua experiência diária. Tanto quanto é um momento decisivo na formação e personalidade da mesma, sendo necessário esse processo de interação entre as crianças, para que ocorra a socialização e que, consequentemente, possam se constituir expressando o seu pensamento.

No momento em que o bebê nasce, já está inserido no mundo, porém são totalmente dependentes. Dessa forma, com o passar do tempo, diante de estímulos, a criança vai desenvolvendo seus passos lentamente. Nenhum caminho é fácil se não persistir na primeira tentativa, basta tentar, contudo, sabemos que o bebê não faz isso sozinho, precisa de ajuda até o momento em que consegue representar o que aprendeu, sem auxílio. Os professores são os que veem o avanço de cada um, desde o momento que conseguem fazer algo que não faziam,

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14 por exemplo, segurar um brinquedo que antes não conseguiam, já se considerando um passo dado, desse modo deve-se estimular o máximo possível.

As crianças nascem capazes de atribuir significados às suas experiências, e a Educação Infantil consiste em fazer com as crianças encontrem esses significados para sua vida, através de interações. Assim, desenvolvem a fala, a interação, ampliam a linguagens, entre outros.

1.1. ORGANIZAÇÃO DO ESPAÇO PARA O PROCESSO DE AUTONOMIA DOS BEBÊS

O espaço escolar está diretamente ligado à construção da autonomia, pois, a organização permite que o bebê construa relações com os outros, e com os materiais expostos e apresentados a eles. Possibilitar novas experiências também faz com que a criança consiga entender que é preciso dividir, que existem momentos e rotinas, diante disso, ela já vai criando limites, formas de pensar e agir.

É preciso oferecer espaços com propostas diferenciadas, situações diversificadas, que ampliem as possibilidades de exploração e “pesquisa” infantis. As crianças realmente ampliam a capacidade de exercitar a autonomia, a liberdade, a iniciativa, a livre escolha, quando o espaço está adequadamente organizado. (THIAGO apud SOUZA; WEISS, 2008, p. 58)

Na fase de desenvolvimento, a criança vê o adulto como aquele que proporciona os exemplos, conforme o que ele reproduz, a criança vai tentar realizar também. Sendo assim, o adulto tem o dever de dar apoio e uma base necessária. Ao longo dessa caminhada, a dependência que a criança tem vai diminuindo, isso porque o professor também o estimulou e contribuiu para que o seu desenvolvimento ocorresse de maneira adequada, desse modo Carvalho e Guimarães (2002, p. 36) argumentam que o bebê:

[...] passa, desde o nascimento, por uma diminuição crescente do seu nível de dependência em relação aos adultos. Ao longo do desenvolvimento, a criança irá aperfeiçoando suas competências ao mesmo tempo em que adquiri novas habilidades, condições básicas para a sua sobrevivência. É importante ressaltar que a autonomização da criança não implica em independência total em relação às pessoas com as quais convive. Na medida em que o desenvolvimento é também um processo interacional sempre haverá um grau de dependência em relação ao outro, elemento fundamental para as interações complementares de troca entre as pessoas, como, por exemplo, nas relações afetivas.

O espaço proporcionado na escola é importante para que o bebê possa se movimentar, criar, interagir e se socializar. Se faz necessário que este lugar seja organizado de uma maneira que fique um ambiente estimulador, com brinquedos organizados e ao seu alcance, pois os bebês necessitam de momentos livres e que possam brincar com o que quiserem. Outro aspecto importante é que eles precisam ser colocados no chão para poder experimentar sensações, sendo que cada um é diferente e necessita de estruturação diferenciada para que haja a sua autonomia.

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15 O professor deve observar e perceber a criança, ver o que está fazendo e estimular o quanto for necessário, colocando objetos pela sala ou no pátio para que tentem pegá-los. Já os bebês que ainda não conseguem sentar sozinhos, é de extrema importância colocá-los de costas, para que façam forças e consigam se levantar ou rolar com seu próprio esforço. É oportuno também, espalhar brinquedos ao seu redor para que sintam vontade de pegá-los. Esse ambiente deve ser adaptado conforme as necessidades de cada criança. Segundo Piaget (apud HORN, 2004, p 16), “A representação do espaço é uma construção internalizada a partir de ações e das manipulações sobre o ambiente espacial próximo a qual faz parte”. Desse modo, a criança precisa estar em um espaço organizado para estimular as suas competências. Devem ser propiciados desafios, levando-as a buscar o que lhes interessa, para então aproveitar intencionalmente cada aprendizagem.

A organização do espaço físico, os materiais, brinquedos, instrumentos sonoros e mobiliário não devem ser vistos como elemento passivo, mas como componentes ativos no processo educacional, sendo que o espaço físico reflete os valores que elas adotam e são marcas sugestivas do projeto educativo em curso. (BRASIL, 1998a, p. 68)

Os ambientes, além de propiciar aprendizagem, dependendo da forma que estão organizados, fazem com que ocorra a interação com as outras crianças, pois no momento que estão brincando, estão interagindo. Dessa forma, criam autonomia e desenvolvem aprendizagens. Quando a criança trabalha com atividades de estimulação, entra em contato com o outro, ao propiciar uma caixa sensorial, por exemplo, repetem ações, e, consequentemente, passam a construir sequências de trabalho em que se mostram capazes de inventar e desenvolver iniciativas.

É na relação com o outro que aprendem a se socializar, envolvendo competências para sua própria independência e os adultos, no caso professores, devem proporcionar oportunidades para que possam interagir, criando assim, mecanismos para se defender e respeitar o outro.

As iniciativas dos adultos favorecem a intenção comunicativa das crianças pequenas e o interesse de umas pelas outras, o que faz com que aprendam a perceber-se e a levar em conta os pontos de vista dos outros, permitindo a circulação das ideias, a complementação ou a resistência às iniciativas dos parceiros. A oposição entre parceiros, por exemplo, incita a própria argumentação, a objetivação do pensamento e o recuo reflexivo das crianças. (MACHADO apud BRASIL, 2006, p. 16)

Desse modo, o professor deve oportunizar essas interações para os bebês, contribuindo para o seu desempenho escolar, não só quando pequenos, mas também quando ficarem adultos, pois, precisam saber interagir e conviver. Assim, as experiências vividas fazem com que aprendam a respeitar e a cuidar do outro, demostrando afeto e carinho, sentimentos importantes para a sua vida e para convivência com as outras pessoas.

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16 1.2. O DESENVOLVIMENTO DA AUTONOMIA ENTRE RELAÇÕES AFETIVAS E HARMONIOSAS

Consideramos o bebê como um ser competente e com potencial para se relacionar com as outras crianças. Desde o seu nascimento, já estão aptos para receber o que o adulto tem a oferecer para o seu desenvolvimento. Logo que a criança nasce, ela recebe estímulos de sua família, como amor, carinho, afeto, dentre outros. Depois de alguns meses, ela vai para a creche, pois, os pais necessitam trabalhar, assim passará a receber estímulos mais específicos. Para que isso ocorra, é preciso que haja um laço de confiança e se estreita a partir dos cuidados, pois o tempo dessa dedicação é o melhor momento para o encontro privilegiado com o educador. Conforme destaca Falk (apud Soares, 2017, p. 21), “o vínculo estável e continuo com um número reduzido de pessoas bem conhecidas e a relação privilegiada com um adulto permanente são condições fundamentais na saúde mental e do sucesso da socialização primaria na primeira infância”.

Para que o sentimento de segurança ocorra é preciso que sejam realizadas tarefas de cuidado e afeto de forma que privilegie os bebês, trazendo momentos diferenciados, para não ficar sempre na forma mecanizada, pois eles precisam experimentar cada gesto de cuidado com uma regularidade de tempo. O professor deve propiciar instantes de harmonia, fazendo gestos, olhando nos olhos, acariciando, conversando sempre que houver necessidade, explicando o que está acontecendo naquele momento. Muitos pais acham que o bebê não entende, mas pelo contrário, desde pequeno já está fazendo pequenas ligações entre o que os adultos falam.

Nesses momentos também devem ser propiciados instantes de silêncio para se perceber as reações que irão ocorrer com o bebê, pois ele é o protagonista da ação e o professor é aquele que deve estar sempre deixando a criança se expressar, sendo de um jeito ou de outro. De acordo com Barbosa e Rischter (2010, p. 87):

Os bebês sabem muitas coisas que nós culturalmente não conseguimos ainda ver e compreender e, portanto, reconhecer como um saber. As suas formas de interpretar, significar e comunicar emergem do corpo e acontecem através dos gestos, dos olhares, dos sorrisos, dos choros, enquanto movimentos expressivos e comunicativos anteriores à linguagem verbal e que constituem, simultâneos à criação do campo da confiança, os primeiros canais de interação com o mundo e os outros, permanecendo em nós – em nosso corpo – e no modo como estabelecemos nossas relações sociais. Neste sentido, os bebês utilizam suas múltiplas linguagens para explorar o mundo que os cerca, sendo assim, o trabalho que o professor realiza deve ser diferenciado e inovador. Por exemplo, pode-se apresentar a eles objetos diferenciados ou até mesmo o movimento de colocar

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17 uma camiseta que faz com que se movimentem, toquem, manipulem e mais tarde usem como uma forma de criar autonomia. Esses movimentos apresentam diversas sensações como, o conforto e desconforto; prazer ou desprazer; satisfação ou demanda, e, nesse sentido, vão adquirindo pressupostos para a percepção do seu próprio corpo.

Analisando tudo que o bebê faz, os professores são aqueles que percebem as suas ações, sabem quando ele está entendendo ou não, mesmo que ainda não se expresse verbalmente. Também, é através dos gestos e falas dos adultos que a criança vai criando cultura, apropriando-se dela e comunicando-apropriando-se ao passar do tempo. Porém, isso não ocorre de uma hora para outra, tudo necessita de um tempo para acontecer, no qual deve entrar o cuidado e o amor. Se isso não existir, é certo que não vai ocorrer a construção de autonomia, pois não vão querer conviver em um espaço que lhe traz insatisfação.

O planejamento da rotina é algo que também entra no contexto como fundamental, pois diante dele é especificado o que irá se trabalhar, portanto, deve ser priorizado um contato com qualidade e organização do ambiente, que seja seguro e instigante para que possam se movimentar e brincar livremente, como também nos momentos de estimulação. É de extrema importância também que as rotinas visem o bem-estar da criança, desse modo o educador deve ter muita atenção na análise de suas ações, no modo que se expressa e demostra emoções.

Para Barbosa (2006) a rotina é educativa na Educação Infantil, ela a considera como um dos fatores responsáveis pela estruturação da Educação Infantil, de modo que, a partir dela, desenvolve-se o trabalho cotidiano nas instituições. De acordo com a autora, são várias as denominações dadas à rotina: horário, emprego de tempo, sequência de ações, dentre outros. Evidencia-se assim que rotina consiste em um importante elemento na da Educação Infantil, já que proporciona à criança sentimentos de estabilidade e segurança.

A estimulação envolvendo cuidados começa desde a alimentação, pois quando um bebê vai fazer as suas refeições com ajuda do professor, deve ser mostrado e explicado o que estão fazendo e o que eles irão comer para que seja um momento prazeroso. Isso também deve acontecer na hora de trocar as fraldas e do banho, para que possam entender e mais tarde escolher a maneira mais confortável para que isso ocorra. Tudo isso vai acontecer tranquilamente se houver harmonia do professor com o bebê.

O desenvolvimento se produz por meio de aprendizagens e esse é o pressuposto vigotskiano, segundo o qual o bom ensino, presente em processos interpessoais, deve se antecipar ao desenvolvimento para poder conduzi-lo. Portanto não há que se esperar desenvolvimento para que se ensine; há que se ensinar para que haja desenvolvimento. (MARTINS, 2009, p. 100)

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18 Por meio dos movimentos corporais simples, realizados com atenção, que viabilizam adaptação ou mudança, ajudam a melhorar a funcionalidade do cérebro e do sistema nervoso e geram mais coordenação e flexibilidade. Portanto, o adulto deve estimular a formação do desenvolvimento infantil para que a criança possa tem uma expressão própria, fazendo-se necessário compreender como se processa esse aperfeiçoamento.

1.3. O BRINCAR PROPICIADOR DE APRENDIZAGENS: POSSIBILITADOR DA CONSTRUÇÃO DA AUTONOMIA

A criança sustentada emocionalmente consegue ficar longe do educador, sentindo-se segura. Nesse momento, aproveita para pesquisar formas de interagir com os brinquedos, construindo conhecimento sobre o mundo, logo percebe isso como uma fonte de prazer e diversão. A criança que brinca, adquire inúmeras habilidades, conhece o mundo, apropria-se dele e aprende a conviver, dessa forma, o brinquedo serve como um instrumento que utiliza para se auto desafiar, explorar, investigar, desenvolver sua inteligência e construir sua personalidade.

O desenvolvimento da criança, vai se estruturando de acordo com o que realiza, em seus primeiros meses de vida, tem possibilidades diferentes de expressão, de comunicação e relacionamento. Com o passar do tempo, ela vai construindo e desenvolvendo diferentes competências, permitindo-se compreender e atuar de forma mais ampla no mundo. Ao pegar um brinquedo na mão, o mais simples possível já possibilita as formas mais diversas, como golpear, sacudir, atirar, chutar, encaixar, empilhar. Nesses movimentos que realizam, criam complexos desafiadores na sua exploração, fazendo com que desenvolvam noções de espaço (dentro/fora, vazio, cheio), como também de tempo (antes, depois), de distância (próximo/longe) e de profundidade (raso/fundo). Diante disso, Tardos (2012, p. 29) afirma que “Para um bebê, o mundo todo é uma grande oportunidade excitante a explorar. Para conhecer esse mundo e conquista-lo pouco a pouco, aprender a controlar suas mãos, seu corpo, os brinquedos, etc., ele precisará de silencio e paz imperturbáveis”.

O educador deve propiciar momentos de brincadeiras livres para que as crianças possam escolher com o que vão se divertir, a partir de suas vontades. Segundo Soares (2017, p. 31) “a atividade autônoma no brincar tem grande importância para o desenvolvimento das potencialidades da criança, além de estimular a vontade de interagir e o sentimento de capacidade e de segurança”.

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19 Nessa fase da vida, elas têm a necessidade de brincar o máximo possível, pois não é o momento de se se alfabetizar e sim desenvolver potencialidades através das brincadeiras e estimulações. Outro ponto a ser destacado, é que a criança é um ser diferenciado pois uns apresentam ritmos mais acelerados, outros mais lentos, por isso é necessário esperar o tempo de cada uma para se desenvolver.

A interferência do professor a partir das brincadeiras que a criança está fazendo, deve ter seus momentos, pois o adulto não deve intervir na diversão, a não ser que esse ato esteja prejudicando a si ou aos outros. É imprescindível deixá-la tomar decisões e escolhas, facilitando assim, a construção da sua autonomia.

A intervenção do adulto, ensinando ou simplesmente interferindo nos movimentos e nos jogos do bebê, não apenas perturba a situação de independência, substituindo o interesse do bebê por seus próprios objetivos, como também aumenta artificialmente a dependência da criança. (FALK, 2011, p. 35)

As brincadeiras possibilitam criar situações imaginárias que permitem as crianças entrarem também no mundo dos adultos e enquanto brincam, o conhecimento se amplia. No início da vida, elas não têm habilidades para agir sobre as coisas que a cercam e esse período é relativamente prolongado. Segundo Piaget (1975, p. 11):

Os professores podem guiá-las proporcionando-lhes os materiais apropriados mais o essencial é que, para que uma criança entenda, deve construir ela mesma, deve reinventar. Cada vez que ensinamos algo a uma criança estamos impedindo que ela descubra por si mesma. Por outro lado, aquilo que permitimos que descubra por si mesma, permanecerá com ela.

Compreende-se que a criança ao brincar, prepara-se para a vida. Assim, precisa viver sua infância e brincar, se relacionar com outras pessoas e entrar em contato com o meio social. Dessa forma, cabe ao educador estimular com brincadeiras que propiciem inúmeras habilidades, valorizando cada fase da aprendizagem da criança.

1.4. CONTRIBUIÇÕES DA NEUROCIÊNCIA NO DESENVOLVIMENTO DO BEBÊ

No estudo da neurociência, a configuração do cérebro do bebê se dá a partir de uma intermediação complexa entre a carga genética herdada e as experiências vivenciadas pela criança. Quando elas nascem, as sinapses ainda não estão estabelecidas, e só vão se constituir a partir de quando a criança começa a ter acesso ao mundo, experimentando e estabelecendo vínculos com os adultos. “As sinapses neurais produzidas nos três primeiros anos de vida modelam o cérebro em relação à motricidade, à psique, à aprendizagem e as experiências afetivas e amorosas, que são resultantes das interações” (SOARES, 2017, p. 30).

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20 O cérebro do bebê começa a ter memória muito cedo, pois ele chega ao mundo com uma ampla bagagem de aprendizado, já que é estimulado desde a barriga da mãe, através de toques, massagens, sons, ritmos, diálogos, permitindo que adquirem o pensamento lógico. Como a neurociência diz, o cérebro da criança tem uma grande plasticidade, que faz com que aprendam mais rapidamente que os adultos. Na primeira infância, o bebê deve ser estimulado, pois ela já nasce capaz de controlar impulsos e reter memória, mas para que isso aconteça é necessário um ambiente calmo e que propicie aprendizados.

Logo após o nascimento, o cérebro da criança está em desenvolvimento. Isso possibilita que os estímulos sejam processados mais facilmente. Existem métodos que fazem com que esse processo ocorra com mais eficiência, como por exemplo, o carinho que dedicamos, tornando um elemento imprescindível para que o cérebro esteja capaz de enfrentar desafios.

A neurociência diz que o cérebro da criança tem cem bilhões de neurônios, fazendo um quatrilhão de conexões, muito mais que o dos adultos. O bebê constrói comunicações cerebrais importantes, e, a partir das vivências positivas, cria-se redes sinápticas como também ajuda a criança a instituir segurança e autonomia. Portanto, é necessário que um laço de cuidados e interações ocorra entre pais e filhos, educandos e educadores, pois a criança capta todas as reações que os adultos proporcionam ao seu entorno. Nota-se isso, quando ocorre uma ação, como sorrir ao receber atenção ou chorar por se sentir sozinha.

O cérebro armazena tudo que vemos, fazemos ou sentimos. Dessa maneira, a primeira infância é a idade em que acontece o amadurecimento e a transformação do cérebro. Nesse momento, é imprescindível a bagagem desafiadora de experiências que é oferecida às crianças, pois são elas que promovem o seu próprio desenvolvimento. Deve-se tomar o máximo de cuidado com o bebê quando pequeno, sem fazer muitos movimentos bruscos, pois isso pode afetar o seu cérebro, sendo que desde que nascem até os três anos de vida é a fase que os neurônios duplicam.

Na escola, esses desafios devem ocorrer da mesma maneira, sendo de suma importância incentivos e experiências no decorrer do tempo para o desenvolvimento do cérebro, pois isso possibilita a alta capacidade de inteligência, autoestima e de se relacionar com os outros.

Ao interagir com outras pessoas, o bebê desenvolve as suas principais fontes para o amadurecimento cerebral. Além de tudo isso, o cérebro leva cerca de vinte anos para se completar e amadurecer. Como o bebê é um imigrante nesse novo mundo, desenvolve diversas competências que devem ser incentivadas, por exemplo, o trabalho com os sentidos, a audição, a visão, o olfato, o paladar, tanto quanto proporcionar texturas e outros materiais diferentes que permitem com que ocorra o desenvolvimento motor do bebê.

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21 2. A DESCOBERTA DO MUNDO

Cada criança tem suas particularidades, chega ao mundo e começa a se descobrir. Nesse sentido, Paulo Fochi em sua obra “Mas afinal o que os bebês fazem no berçário” (2015), argumenta que elas são capazes de ter inúmeras competências e interagir com o outro, já que desde o nascimento já estão em constante processo de aprendizagem, e nesse procedimento é preciso de pessoas que possam estimulá-las, porém cada estímulo tem os seus limites.

O professor deve possibilitar o espaço da aprendizagem, porém não pode ser aquele que quando vê uma dificuldade que a criança está tendo ir realizar a ação por ela, pois dessa maneira estará acabando com a possiblidade de ela tentar chegar onde quer, a partir de seus próprios modos e alternativas para resolver o problema. Assim, as narrativas de Fochi trazem como abordagem a documentação pedagógica, ou seja, abrangem a ideia de que na vida coletiva com os outros é que ocorre o descobrimento.

A criança que pode mover-se em liberdade e sem restrições é mais prudente, já que aprendeu a melhor maneira de cair; enquanto a criança superprotegida e que se move com limitações tem mais riscos de acidente por que lhe faltam experiência e desconhece suas próprias capacidades e limites. (FALK apud FOCHI, 2015, p. 51) A criança quando está em processo de descobrimento, se dirige ao local, insiste, tenta e se não consegue, novamente repete a ação até chegar ao seu objetivo. Depois disso, reproduz de novo a mesma ação, pois cada ato é realizado de uma forma diferente. E para que consigam se apropriar desse mundo e controlar seu próprio corpo, ela precisa experimentar, observar e descobrir. Portanto, nesse momento, as crianças devem ser deixadas livres em um ambiente organizado para provocar a sua autonomia.

Os primeiros dois anos de vida de um bebê impactam muito em como se relacionam com outras pessoas. Dessa maneira, segundo estudos, os bebês são capazes de se colocar no lugar do outro, desde pequenos já reagem a partir do que presenciaram com os pais em casa, assim, reproduzem esses procedimentos com outros bebês, pois absorvem o que veem. A partir dos dois anos de idade, o bebê torna-se mais independente e capaz de desenvolver a autonomia com mais facilidade. Assim, são capazes de se comunicar e trabalhar juntamente com outro bebê para alcançar objetivos comuns, que vão aumentando à medida que vão crescendo.

A autonomia do bebê se dá a partir de quando ele consegue controlar impulsos, resolver um problema sozinho. Quando não conseguem pegar um brinquedo, por exemplo, envolvem-se com outra brincadeira, controlando os próprios envolvem-sentimentos. Os bebês podem até envolvem-ser pequenininhos, mas têm uma alta capacidade de aceleramento de aprendizagens. Segundo Malaguzzi, em seu livro “As cem linguagens de uma criança” (1999, p. 54):

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22 A criança é feita de cem. A criança tem cem mãos, cem pensamentos, cem modos de pensar, de jogar e de falar. Cem, sempre cem modos de escutar as maravilhas de amar. Cem alegrias para cantar e compreender. Cem mundos para descobrir. Cem mundos para inventar. Cem mundos para sonhar. A criança tem cem linguagens (e depois, cem, cem, cem), mas roubaram-lhe noventa e nove. A escola e a cultura separam-lhe a cabeça do corpo. Dizem-lhe: de pensar sem as mãos, de fazer sem a cabeça, de escutar e de não falar, de compreender sem alegrias, de amar e maravilhar-se só na Páscoa e no Natal. Dizem-lhe: de descobrir o mundo que já existe e, de cem, roubaram-lhe noventa e nove. Dizem-lhe: que o jogo e o trabalho, a realidade e a fantasia, a ciência e a imaginação. O céu e a terra, a razão e o sonho, são coisas que não estão juntas. Dizem-lhe: que as cem não existem. A criança diz: ao contrário, as cem existem.

Sabe-se que o bebê apresenta inúmeras linguagens e que são imutáveis, que estão sempre se transformando enquanto vão crescendo. Aquele que se vincula ao mundo, ao desejo e à curiosidade, quando aparece uma novidade ou um desafio vai atrás para descobrir, tocar, experimentar, ver o que está acontecendo, que barulho faz, entre outros. Portanto, a linguagem da criança se dá de diversas formas e somente a partir da iniciação da fala é que se inicia a comunicação verbal.

É a partir da linguagem que o bebê busca interagir com o mundo através de gestos, olhar e balbucios. Dessa maneira, esse contato se estabelece através dos sentidos, para que aos poucos a criança começa a sua percepção sensorial, mas para que isso aconteça é preciso do vínculo afetivo, tanto da família quanto dos professores, para desenvolver tais habilidades. É fundamental saber ouvir, olhar e acompanhar esse processo, observando o caminho que percorreram para que isso acontecesse. Sendo assim, são imprescindíveis práticas pedagógicas significativas que atendam às necessidades, desejos e expectativas das crianças.

2.1. OBSERVANDO OS BEBÊS NA CRECHE

Ao observar no estágio de “Infância e Educação Infantil I”, cada ato e iniciativa dos bebês, observar diferentes atividades que aconteciam durante o dia para estimulá-los e através disso, percebi o que realmente acontecia e seus resultados. Os bebês são seres com inúmeras potencialidades, precisando experimentar seu entorno com autonomia e liberdade de movimentos, avançando assim, nas suas relações de experimentação com objetos, também através de espaços e com as pessoas que estão ao seu redor.

A aprendizagem é a base do desenvolvimento e ocorre através das atividades realizadas de exploração livre e com materiais diversificados, acompanhando as aquisições motoras. É imprescindível notar, que em pouco tempo, a criança reage e se mostra mais interessada, ágil, criativa, segura de si e acima de tudo, mais feliz, pelo simples fato de ser estimuladas de ter um

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23 espaço propício somente para o seu desenvolvimento. Segundo Soares (2017, p. 16) “o bebê é um ser capaz desde o nascimento e pode ser um parceiro ativo se o adulto de referência espera e percebe os sinais de reciprocidade”. Ou seja, a criança necessita de interferência e de um olhar diante do seu desenvolvimento. O momento dos cuidados se torna fundamental nesse processo, pois o brincar livre em um ambiente seguro desenvolve iniciativa e autonomia e provoca flexibilidade, equilíbrio e alegria.

Através das observações feitas no estágio, percebi muitos momentos fundamentais na vida das crianças, e uma delas é que nenhuma criança é igual, cada uma tem seu jeito de ser e seu tempo para se adaptar ao lugar desconhecido. Na Educação Infantil, também ocorre o estranhamento diante dos professores que por um determinado tempo, são vistos como aqueles que tiram os filhos dos braços da família. Após a adaptação, a criança percebe que os professores estão ali para estimular, propiciar momentos de aprendizagens e descobertas. Nesse instante, eles passam a ser o porto seguro, pois estão a maior parte do tempo ao seu lado.

É de extrema importância possibilitar à criança experiências concretas tendo por base o desenvolvimento das habilidades sensoriais, de modo que esta aprendizagem seja a base para o desenvolvimento de novas funções. A autonomia caracteriza-se como uma fase inicial de amadurecimento que está ligada com ações, por exemplo, cuidar do seu próprio corpo,

alimentar-se, entre outros. De acordo com as DCNs (BRASIL, 2013, p. 89).

A dimensão do cuidado, no seu caráter ético, é assim orientada pela perspectiva de promoção da qualidade e sustentabilidade da vida e pelo princípio do direito e da proteção integral da criança. O cuidado, compreendido na sua dimensão necessariamente humana de lidar com questões de intimidade e afetividade, é característica não apenas da Educação Infantil, mas de todos os níveis de ensino. Na Educação Infantil, todavia, a especificidade da criança bem pequena, que necessita do professor até adquirir autonomia para cuidar de si, expõe de forma mais evidente a relação indissociável do educar e cuidar nesse contexto. A definição e o aperfeiçoamento dos modos como a instituição organiza essas atividades são parte integrante de sua proposta curricular e devem ser realizadas sem fragmentar ações. Na perspectiva de Freire (1998), compreende-se como autonomia quando a criança tem liberdade para fazer o que necessita, como também a produção histórica e social, na qual o aluno possa apresentar suas experiências baseada em práticas de livre escolha e tomada de decisões. A família tem grande papel nesse processo, pois o bebê deve vir de casa com uma base construída, pois não é somente na escola que a criança cria autonomia, mas sim na interação com seus familiares.

Observar e analisar o cotidiano de uma escola de Educação Infantil, envolve compreender a forma de como é estruturado e organizado o tempo das crianças. No decorrer do estágio de observação na escola, percebi que os bebês carregam consigo a curiosidade. Quando aparece um desafio, vão atrás para descobrir o que é e para entender que o brinquedo faz, porém

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24 como as crianças têm atitudes diferentes, não acontece a mesma coisa com alguns, pois não se interessam muito pelo diferente, querem sempre o mesmo brinquedo ou simplesmente esperam que a professora traga o objeto até eles. Quando chega um bebê novo, eles ficam todos em volta para tocá-lo, acariciá-lo, mas, muitas vezes, acabam sentindo ciúmes pelas atenções maiores dadas ao recém-chegado.

Para os bebês, a ida para a creche significa a ampliação dos contatos com o mundo; para os adultos, responsáveis pela educação das crianças na creche, significa selecionar, refletir e organizar a vida na escola com práticas sociais que evidenciem os modos como professores compreendem o patrimônio cultural, artístico, ambiental, científico e tecnológico e os modos como traduzem, no exercício da docência, as suas propostas pedagógicas. (BARBOSA, 2010, p. 4)

É na creche que a criança vai socializar, construir conhecimentos, desse modo, os professores são os principais potencializadores desse processo, devendo trazer momentos de descobertas e experiências para que possam observar e produzir aprendizagens significativas. Por isso, é necessário trazer diferentes materiais, levá-los a diferentes espaços, podendo interagir na natureza, pois isso faz com que a criança fique mais realizada e feliz.

2.2. DIALOGANDO COM OS BEBÊS DIANTE DE CENAS DO SEU COTIDIANO

Desde o nascimento, o outro ser humano é o estimulo mais relevante para a criança em seu meio, dessa forma o olhar para o outro se torna imprescindível. O ambiente é um dos responsáveis que oferece pressupostos para as conquistas importantes que as crianças farão. Nas interações entre os colegas e adultos ocorrem muitas aprendizagens, e uma das mais importantes é a construção de intersubjetividade. Desde seus primeiros dias de vida, o bebê já demostra mudanças de comportamento e sua relação com objetos ou pessoas, por exemplo, movimentos do seu corpo, mãos e faces, fazendo com que respondam com sorrisos e outras maneiras, assim, conforme vão ocorrendo essas mudanças, a criança vai aprendendo sobre si e sobre o outro.

Ao realizar a prática de estágio de Docência e Mediação na Educação Infantil, realizei muitas experiências diante de atividades que estimulassem a autonomia do bebê que serão citadas logo em seguida no texto. A escola onde aconteceram essas práticas foi a Escola Municipal de Educação Infantil localizada no município de Ajuricaba, a qual enfatiza que as crianças são únicas e possuem diversas infâncias, realidades diferentes e direitos, necessitando ter em seu cotidiano, principalmente, o brincar. Para isso, precisam que um adulto traga experiências para o desenvolvimento de sua aprendizagem e para instigar as suas várias linguagens.

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25 Nesse estágio, percebi as necessidades de cada um dos bebês, através do diálogo com professora também descobri um pouco sobre cada um deles, quais as suas dificuldades e potencialidades, para que assim conseguisse abranger experiências, pensando em cada um de um jeito especial, estimulando a sua identidade e autonomia.

2.2.1. A contação de história como uma das múltiplas linguagens presentes na Educação Infantil

Realizei no estágio a prática de leitura, uma contação de história, possibilitando que construíssem diversas linguagens, a partir de um canto temático com tapete e travesseiros, coloquei tecidos em roda de um bambolê com faixas coloridas que caíam até o chão para que os bebês se sentissem mais aconchegados e como se tivessem em casa, possibilitando a construção de aprendizagens. Fiz a contação de história do livro “Os três porquinhos” através de uma luva de personagens da história. Segundo Rodrigues (2005, p. 4):

A contação de histórias é atividade própria de incentivo à imaginação e o trânsito entre o fictício e o real. Ao preparar uma história para ser contada, tomamos a experiência do narrador e de cada personagem como nossa e ampliamos nossa experiência vivencial por meio da narrativa do autor. Os fatos, as cenas e os contextos são do plano do imaginário, mas os sentimentos e as emoções transcendem a ficção e se materializam na vida real.

A contação de história é muito importante para os bebês, pois desenvolve a criatividade e imaginação que são elementos essenciais para que possam adquirir uma bagagem cultural para a sua vida. A partir disso, com o passar do tempo em que o bebê cresce, vai criando o hábito de ler. Ao contar uma história, a criança aprenderá novas palavras, sentirá sensações diferentes como medo, alegria, arrepios, vivenciando assim muitos sentimentos e vontades. Os pais e professores devem estimular e incentivar a leitura, pode-se dizer que a capacidade e a curiosidade pela leitura estão intimamente ligadas à motivação e aos modelos pelos quais as crianças irão seguir.

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26 Imagem 1 - Espaço organizado para a contação de história

Fonte: Escola Municipal de Educação Infantil Imagem 2 - Contação de histórias

Fonte: Escola Municipal de Educação Infantil

2.2.2. Musicalização na Educação Infantil

Para trabalhar a musicalização, confeccionei e proporcionei às crianças uma caixa de instrumentos musicais estruturados e não estruturados. Desse modo, trabalhando as músicas infantis com esses instrumentos, elas se envolveram bastante, fizeram barulho, colocaram na boca e conforme foram interagindo com os instrumentos, fui cantando cantigas que eles gostavam.

A música na Educação Infantil ajuda no melhoramento da sensibilidade das crianças, ativa a capacidade de concentração e memória, além de fazer parte do cotidiano das crianças e na hora do sono, deixam-nas mais calmas. Todos os dias proporcionava um momento em que era feita a cantata de músicas, pois percebi a importância na musicalização na vida pedagógica.

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27 A música é uma forma de a criança desenvolver ritmo, harmonia, memória, fala, entre várias outras habilidades. Ferreira (2002, p. 13) argumenta que:

Considerada em todos os seus processos ativos (a audição, o canto, a dança, a percussão corporal e instrumental, a criação melódica) a música globaliza naturalmente os diversos aspectos a serem ativados no desenvolvimento da criança: cognitivo/ linguístico, psicomotor, afetivo/ social.

A música deve estar presente em todas as fases da vida, pois possibilita inúmeras potencialidades e faz com que adquiram capacidade de percepção do mundo a sua volta e também com que expressem suas emoções e sentimentos. Dessa maneira, sabe-se que a música está ligada estritamente ao brincar, pois constroem autonomia. Por exemplo, em uma brincadeira com a música “estátua”, as crianças podem produzir vários sons com o corpo, e assim, desenvolver a autonomia, como também adquirir maior consciência de si e do outro, ampliando e desenvolvendo habilidades.

Imagem 3 - Apresentando aos bebês instrumentos estruturados e não estruturados

Fonte: Escola Municipal de Educação Infantil

Imagem 4 - Brincando com instrumentos musicais estruturados e não estruturados

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28 2.2.3. Explorando sensações

A partir da atividade com diferentes alimentos como, farinha de trigo, farinha de milho, arroz, chocolate, sal, massa cozida colorida, açúcar, deixei em um primeiro momento que as crianças explorassem o que lhes foi oferecido. Logo após, coloquei potes e panelinhas para brincarem com esses alimentos, uns gostaram outros nem tanto. Alguns colocaram na boca e sentiram os diferentes sabores, ficaram brincando em torno de quinze minutos, pois o tempo de cada bebê varia de acordo com o interesse.

O tempo e o espaço são essenciais na vida das crianças, pois possibilitam que criem limites e tenham conhecimento de que é preciso respeitar o tempo estimulado. Os educadores precisam saber organizar o espaço para que seja aproveitado cada momento de forma favorável, além de ser planejado de acordo com as necessidades das crianças.

Imagem 5 - Brincando com farinha de trigo

Fonte: Escola Municipal de Educação Infantil Imagem 6 - Brincando com massa cozida e farinha de milho

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29 Imagem 7- Explorando os alimentos oferecidos

Fonte: Escola Municipal de Educação Infantil

2.2.4. Brincando com massinha de modelar caseira

Ao desenvolver a experiência com a massa de modelar caseira foi com o objetivo de instigar a pegar e senti-la e por ser feito com produtos caseiros, não houve problemas ao colocarem na boca. A massinha é um recurso simples e maravilhoso, com grande importância para a exploração, ao ser mediado pelo educador tem como objetivo desenvolver a coordenação motora fina, a criatividade, concentração, oralidade, estimular matemática, apresentar e descobrir novas formas, cores, texturas, sensações e movimentos, desenvolvendo também a socialização dos bebês.

Imagem 8 - Explorando massinha de modelar caseira

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30 Imagem 9 - Brincando com massinha de modelar

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31 3. AFINAL COMO OS BEBÊS PRODUZEM SUA AUTONOMIA – UM DIÁLOGO COM AS PROFESSORAS

A partir dos estudos proporcionados na fundamentação teórica, apresento neste capítulo a análise dos dados coletados em entrevistas com quatro professoras que trabalham com as turmas de berçário em duas escolas diferentes. Para denominar as professoras serão usados nomes fictícios: As professoras Rosa e Violeta trabalham na creche particular em Ijuí, já as professoras Margarida e Petúnia trabalham na creche pública de Educação Infantil de Ajuricaba.

A professora Rosa é formada em Pedagogia e pós – graduada em Neuroaprendizagem e Práticas Pedagógicas pela Universidade Pitágoras UNOPAR, trabalha com bebês há seis anos e acredita que seja a faixa etária das descobertas, onde não apenas a criança aprende sobre mundo, mas a professora também aprende a ajudar a criança em suas novas descobertas, assim, possibilitando crescer em experiências. A professora Violeta é formada no magistério (curso normal) e no curso de Pedagogia e também faz seis anos que trabalha com bebês, acredita que essa fase é a melhor de se trabalhar, pois é onde tudo começa.

A professora Margarida é formada em Pedagogia e tem Pós-graduação em Psicopedagogia Clínica e Institucional, trabalha com bebês há cerca de três anos, diz que adora trabalhar com eles, pois é onde tudo se inicia. O que os professores possibilitarem, eles irão aprender com mais facilidade, pois é o momento em que ocorrerem as descobertas. A professora Petúnia é formada em Pedagogia pela Unijuí e Pós-Graduada no Curso de Especialização em Docência na Educação Infantil pela UFSM. Trabalha há oito anos com bebês, e afirma ter se constituído educadora de bebês com o passar dos anos, estudando, refletindo, buscando qualificação e também através da prática pedagógica, que permite conhecer o cotidiano de um berçário e proporciona diferentes vivências.

Ao contribuir com meu trabalho, através da entrevista, as professoras responderam com as mesmas indagações sobre o que é importante para que os bebês alcancem sua autonomia, sendo imprescindível que haja estímulos, sejam eles na área motora, social, linguagem, dentre outras. Acreditam que os bebês precisam ser instigados a conhecer coisas novas e a desenvolver novas habilidades. Assim, é preciso organizar um espaço/rotina para que a criança possa interagir nele, acreditar, estimular o bebê e também orientá-lo para que busque superar seus limites, possibilitando assim oportunidades e elementos para que consiga alcançar a autonomia, respeitando sempre o tempo de cada criança.

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32 O termo ‘espaço’, refere-se aos locais onde as atividades são realizadas e caracteriza-se pela precaracteriza-sença de elementos, como objetos, móveis, materiais didáticos e decoração. O termo ‘ambiente’, por sua vez, diz respeito ao conjunto deste espaço físico e as relações que nele se estabelecem, as quais se desenvolvem os afetos e as relações interpessoais do indivíduo envolvido nesse processo, ou seja, adultos e crianças. (HORN, 2007, p. 35)

Dessa maneira, o ambiente em que a criança está inserida na escola deve ser pensado na sua melhor movimentação, fazendo com que ocorram interações entre elas e os objetos inseridos no local, proporcionando o aconchego e também possibilitando uma segurança quando estarão desenvolvendo suas experiências. É importante permitir espaços com limites estabelecidos, dando a liberdade de escolher o que querem fazer e onde querem estar. O educador deve permitir e fazer com que os bebês busquem sua autonomia, sendo imprescindível um olhar cuidadoso por parte do adulto que acolhe, planeja, organiza os espaços e tempos para que os bebês se sintam capazes e convidados a interagir com os demais bebês e crianças da escola.

Outro fator salientado nas entrevistas com todas as professoras é que devem ser possibilitadas as interações entre os bebês, que são estabelecidas a partir do momento em que os bebês chegam à escola, quando são acolhidos pelos educadores e motivados a brincarem e interagirem no espaço da sala, interno ou externo. Também, no momento da alimentação, da troca de fraldas, das observações e intervenções realizadas pelas educadoras e colegas bebês, quando almejam os mesmos objetos, circulam pelo mesmo espaço e demonstram suas preferências e desagrados.

Cada criança possui a sua forma de aprender e de agir, e nessas interações um aprende com o outro e isso contribui para que cada um construa sua autonomia frente às diferentes situações. Segundo Vygotsky (apud BRASIL, 2006, p. 14) as interações sociais são:

[...] um processo que se dá a partir e por meio de indivíduos com modos histórica e culturalmente determinados de agir, pensar e sentir, sendo inviável dissociar as dimensões cognitivas e afetivas dessas interações e os planos psíquico e fisiológico do desenvolvimento decorrente. [...] a interação social torna-se o espaço de constituição e desenvolvimento da consciência do ser humano desde que nasce. Assim, as interações são formadas através do contato com o outro, sendo que deve-se levar em conta os modos de agir, pensar e sentir e outras afetividades. Os bebês já se expressam por diversas linguagens, podendo ser com o contato com outras crianças e adultos, sendo imprescindível garantir trocas significativas e oportunizar brincadeiras especificas para esse contato, pois muitas crianças não socializam se não tiver um momento determinado para isso.

Foi também realizada uma pergunta referente à formação de professores, na qual Rosa e Margarida argumentaram que para se ter uma boa proposta pedagógica é necessário ter uma

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33 formação qualificada. Necessita-se ter um reconhecimento de suas incertezas e complexidade que se expressam em ações e a partir da compreensão de que a criança é um sujeito de direitos. A formação qualificada precisa estar atrelada à infância, às necessidades, cuidados e desenvolvimento da criança. Estar refletindo a prática e possibilitando mudanças significativas no cotidiano da Educação Infantil de acordo com as suas necessidades. “Para cuidar é preciso antes de tudo estar comprometido com o outro, com sua singularidade, ser solidário com suas necessidades, confiando em suas capacidades. Disso depende a construção de um vínculo entre quem cuida e quem é cuidado” (BRASIL, 1998a, p. 25).

A formação de um professor não se dá somente através de cursos, técnicas, mas sim saber quais as suas aprendizagens diante disso, pois só será capaz de refletir e perceber as necessidades da criança se tiver constituído análises sobre essas práticas. Além disso, deve saber como trabalhar com as crianças, como leitores reflexivos e críticos, pois o que lhes está sendo ensinado deve fazer sentido e fazer parte do mundo das crianças que é o foco da Educação Infantil.

As professoras Violeta e Petúnia falaram que para uma formação de qualidade e para atuar na Educação Infantil não se deve apenas “gostar” das crianças, é preciso buscar mais, ir além, avaliar e refletir acerca das realidades, permitindo-se conhecer os diferentes contextos, pois somente “gostar” pode limitar a prática docente, impossibilitando de se desafiarem, buscarem mais inovações e constituírem uma educação de qualidade. Uma formação de qualidade é aquela que leva em conta as prioridades das crianças, sabendo como agir em determinados momentos, como enfrentar situações de aprendizagem diante do que realmente necessita.

Portanto, uma educação qualificada requer muita experiência, diante disso o docente deve ser aquele que propicia uma aprendizagem significativos para a criança, como Rogers (2001, p. 1) define:

É uma aprendizagem que provoca uma modificação, quer seja no comportamento do indivíduo, na orientação futura que escolhe ou nas suas atitudes e personalidade. É uma aprendizagem penetrante, que não se limita a um aumento de conhecimentos, mas penetra profundamente todas as parcelas da sua existência.

Dessa maneira, a Educação Infantil necessita de profissionais qualificados para atuar nesse meio, sendo que devem buscar inovações em suas metodologias, contribuindo para o desenvolvimento integral de cada criança, sendo bebê ou criança maior. Como é necessário que haja educadores de qualidade, também é imprescindível que ocorram os melhores métodos para o desenvolvimento da autonomia.

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34 Diante disso, uma das perguntas realizadas, foi sobre quais os mecanismos mais importantes para exercitar a autonomia dos bebês. As professoras responderam com argumentos iguais, salientando que é importante deixar que o bebê explore tudo o que vê, desde quando estiver na pracinha, na areia, na terra ou em outros ambientes. É necessário possibilitar o manuseio de brinquedos heurísticos para aprendam a estruturar, a montar, e a usar a imaginação, isso ajuda bastante no desenvolvimento da criança. É necessário que os professores possibilitem um ambiente que instigue a sua curiosidade, fazendo com que busquem e experimentem coisas novas e para que se sintam seguros. A exploração é importante, pois possibilita novas aprendizagens, o fazer de diferentes formas, construir e descobrir outras possibilidades. A criança é:

[...] sujeito histórico e de direitos que se desenvolve nas interações, relações e práticas cotidianas a ela disponibilizadas e por ela estabelecidas com adultos e crianças de diferentes idades nos grupos e contextos culturais nos quais se insere. Nessas condições ela faz amizades, brinca com água ou terra, faz-de-conta, deseja, aprende, observa, conversa, experimenta, questiona, constrói sentidos sobre o mundo e suas identidades pessoal e coletiva, produzindo cultura. (BRASIL, 2013, p. 86)

Os bebês irão se desafiar a partir do que oferecemos a eles, se não for proporcionado possibilidades, objetos, vivências, que permitam o seu desenvolvimento, as crianças irão brincar e explorar o que encontrarem, ou com seu próprio corpo. Não é necessário enchermos os bebês de “atividades”, pois nessa fase é preciso um olhar sensível que perceba e compreenda o que os bebês necessitam naquele momento. Como destaca Wallon (2007, p. 124):

[…] a sensibilidade da criança se amplia no contato com o ambiente: reproduz suas características e não consegue se distinguir dele. […] a emoção compete o papel de unir os indivíduos entre si por suas reações mais orgânicas e íntimas. […] As emoções, são a exteriorização da afetividade.

Desse modo, propor situações novas no ambiente em que as crianças estão inseridas contribui para que desenvolvam a autonomia. Os novos aprendizados fazem com que elas tenham que pensar e tomar decisões de como enfrentar a nova situação, mas os professores devem sempre orientar e incentivar essas atividades. A exploração oferece estímulos que ajudarão a criar sinapses em seu cérebro e a formular hipótese para interpretação do mundo, dessa forma contribuindo para formação da sua autonomia.

O trabalho desenvolvido com as quatro pedagogas que trabalham com bebês foi motivador, mesmo elas atuando em lugares e realidades diferentes, demostraram abranger as mesmas possibilidades às crianças, para que os bebês tenham um desenvolvimento produtivo. O objetivo é que se constituam diante de interações, explorações e que tudo isso ocorra a partir de práticas pedagógicas de qualidade que são vivenciadas com as crianças.

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35 As professoras, Rosa, Violeta, Margarida e Petúnia têm conhecimentos e formações diferentes, umas com mais experiências, porém todas visam a melhor construção do desenvolvimento da criança. Todas possuem suas particularidades e demostram alegria e motivação para construir essa autonomia diante do seu lindo trabalho, garantindo a aprendizagem construtiva nessa primeira fase do bebê, que exige muita responsabilidade

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36 CONSIDERAÇÕES FINAIS

O desenvolvimento da identidade e autonomia do bebê é imprescindível para que consigam inserir-se no mundo. Diante das pesquisas teóricas, das práticas realizadas durante o decorrer dos semestres na Universidade e das contribuições das professoras formadas que trabalham com os bebês, percebi que é de suma importância deixar a criança explorar o máximo que puder, sendo assim, o professor deve ter um olhar sensível e estar presente nessas descobertas, pois é um dos principais possibilitadores para que ocorra esse desenvolvimento.

Com essa pesquisa descobri que desde o nascimento as crianças já estão em processo de aprendizagem, e com o decorrer do tempo e das experiências que desenvolvem vão se constituindo cada vez mais. É nessa fase que deve ocorrer a mediação, pois é onde a criança inicia o acrescimento do psíquico de maneira organizada, por meio das diferentes formas de se comunicar, começam a entender o mundo e a se relacionar melhor, além de iniciar a constituição do pensamento.

As experiências que ocorrem com os bebês devem ser feitas de forma cooperativa, havendo a interação entre as crianças com a interferência provocativa do professor, portanto, o professor tem papel fundamental no desenvolvimento do aluno, pois deve acompanhar todas as etapas de aprendizagem das crianças, levantando questionamentos e instigando-as a buscar o que lhes interessa.

Segundo a fundamentação teórica abordada por Soares (2017) acerca dos caminhos pedagógicos que os bebês passam, aprendemos que são seres competentes e com um potencial enorme de relacionamento desde quando nascem, sendo que já estão possibilitados de receber estímulos para o seu desenvolvimento. O educador deve ser aquela pessoa que passa segurança, possibilitando que o bebê se sinta bem em um ambiente prazeroso e que lhe possibilite a construção de identidade e autonomia.

Ao ensinar, possibilitamos uma educação com o desenvolvimento pleno das crianças, respeitando os interesses de cada uma estimulando a curiosidade e ampliação lógica. Neste contexto, Piaget (1998, p. 30) argumenta que a “educação do pensamento, da razão e da própria lógica, é necessário e é condição primeira da educação da liberdade. Não é suficiente preencher a memória de conhecimentos úteis para se fazer homens livres: é preciso formar inteligências ativas”.

Portanto, é possível notar que o desenvolvimento da autonomia requer uma relação harmoniosa e respeitosa entre professor e aluno para a sua formação como sujeito ativo na sociedade. Assim, sabe-se que as experiências devem ser construídas diante de inovações e

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37 explorações e tudo deve ser pensado na criança que está realizando essa ação, precisando levar em conta as necessidades e tempo de cada uma. O professor deve ter um olhar sensível para perceber o que os bebês mais gostam, o que demostram interesses. Diante do trabalho realizado, foi possível perceber que os bebês imitam o mundo adulto, por isso é preciso estar atento a cada iniciativa, cada palavra, cada expressão, pois eles gravam e reproduzem.

Através das brincadeiras, os bebês realizam significativas investigações, pois cada objeto que manuseiam, apalpam, observam vão criando maneiras de brincar. O professor deve possibilitar esses momentos também como forma de aprendizagem, pois ela se constrói com a necessidade de interagir com o outro e através do brincar se possibilita despertar esse vínculo que como são pequenos ainda não descobriram. Por meio dessas interações eles conseguem divulgar essas potencialidades que a longo da vida irão necessitar.

Assim, o professor tem o maior papel que é o de compartilhar experiências, através de materiais diversos e provocativos que fomentem a curiosidade e exploração, ocorrendo uma reprodução daquilo que está vivendo em sociedade, além de possibilitar uma reflexão sobre o que é certo e o que é errado, bem como a busca por soluções para essas questões.

Diante das análises das entrevistas com as professoras, possibilitou-me uma maior aprendizagem, pois cada uma desenvolve o seu trabalho com um brilho no olhar, com a vontade de que os bebês se constituam como seres constituintes na sociedade, que realizem ações e isso fez com que pude me encantar ainda mais. Trabalhar com os bebês parece fácil para alguns, mas pelo contrário, é uma tarefa que necessita de uma ampla gama de conhecimentos, experiências e aprendizagens, na qual um professor deve estar sempre estimulando, trazendo inovações e cativando-os.

Acerca das teorias de Malaguzzi (1999) a criança se constitui de muitas linguagens, na qual assim se insere no mundo e essas linguagens são expressadas de diversas formas, como os bebês através de balbucios, dentre outros. Assim, sabe-se que o bebê é um ser inato e que a partir das suas descobertas, vai se constituindo. Como diz Barbosa e Horn (2008, p. 79-80):

Nessa faixa etária é fundamental considerar que as coisas importantes da vida a serem descobertas e conhecidas são a procura do olhar, o ser compreendido, o sorrir, a conversa (seja ela qualquer tipo de relação vocal), o tocar (contato motor), o contato físico, a retenção de um objeto (dar, oferecer), o imitar, o esconder, os jogos de linguagem, os jogos de manipulação, as músicas, as saídas para o espaço externo, as festas, as vidas em grupo. As atividades de sobrevivência como alimentar-se, banhar-se, brincar, dormir, comunicar-se verbalmente e relacionar-se com os companheiros, também são as grandes aprendizagens desse grupo etário.

Os bebês são encantadores e a cada dia que passa, vejo que me identifico mais com essa faixa etária. O curso de Pedagogia me possibilitou conhecer sobre cada fase que a criança passa, desde que nasce até se constituir pela alfabetização. Dessa maneira, saliento a importância do

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38 lúdico na Educação Infantil, que é fundamental no desenvolvimento integral da criança, pois é uma fase delicada, que requer cuidados e o professor deve estar sempre em busca de especialização para melhorar seus planejamentos diários, assim desvendando esse imenso e rico mundo dos bebês.

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