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Controles internos como instrumento de governança corporativa em uma instituição financeira

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Academic year: 2021

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DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS ADMINISTRATIVAS, CONTÁBEIS, ECONÔMICAS E DA COMUNICAÇÃO.

CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU EM AUDITORIA E CONTABILIDADE DIGITAL

JULIANE PORTELLA BERGMANN

CONTROLES INTERNOS COMO INSTRUMENTO DE GOVERNANÇA CORPORATIVA EM UMA INSTITUIÇÃO FINANCEIRA

Orientadora: Prof.ª Maria Margarete Baccin Brizolla, Dra.

Ijuí (RS), 2017

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CONTROLES INTERNOS COMO INSTRUMENTO DE GOVERNANÇA CORPORATIVA EM UMA INSTITUIÇÃO FINANCEIRA

BERGMANN, Juliane Portella1 BRIZOLLA, Maria Margarete Baccin Brizolla2

RESUMO

O controle interno refere-se ao conjunto de procedimentos, métodos ou rotinas com o objetivo de proteger os ativos, produzir informações contábeis confiáveis, permitindo melhor condução dos negócios pela organização, sendo assim, as boas práticas de Governança Corporativa podem contribuir na manutenção e melhoria de tais controles. O estudo investigou como os indicadores de Governança Corporativa, em uma entidade financeira podem melhorar os controles internos, auxiliando na gestão da organização. Para tanto, utilizou-se a pesquisa descritiva, estudo de campo e qualitativa. Foram utilizados como instrumento de pesquisa a análise documental a partir das notas explicativas, estatuto social e do relatório de administração. Os resultados obtidos mostraram que tais indicadores auxiliam a organização objeto de estudo na melhorias dos controles internos desta instituição, visto que permitem identificar o que cada item pode contribuir com a controladoria no aperfeiçoamento do sistema de controles no sentido de evitar fraudes, melhorar o comportamento dos colaboradores internos, o relacionamento com os stakeholders e a independência do conselho da administração e da diretoria, aumentando a transparência, a prestação de contas e a qualidade das informações divulgadas.

Palavras-chave: Governança corporativa. Procedimentos. Controles internos.

1. INTRODUÇÃO

Épocas revisionistas, como a que estamos vivendo em todas as partes do mundo, geralmente resultam em avanços, que podem provocar sentimento de frustração e preocupações. Mas essas são épocas de oportunidades que, se bem identificadas e capturadas, podem levar à construção de um futuro melhor. (ANDRADE; ROSSETTI, 2012). Assim, os

1 Pós-graduanda em Auditoria e Contabilidade Digital – UNIJUI.

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controles internos que constantemente precisam ser revistos, buscam diminuir riscos futuros e a governança corporativa auxilia essa questão. “O controle interno se refere a procedimentos de organização adotados como planos permanentes da empresa. ” (ATTIE, 1992, p. 197)

Segundo Dias (2010) os controles internos representam o conjunto de procedimentos ou atos que possibilitem segurança ao processo, sendo capaz de identificar o cumprimento das linhas hierárquicas de autoridade, limite de alçada estabelecida e efetiva execução do fluxo de processamento das operações, quando adotado. “O controle interno representa em uma organização o conjunto de procedimentos, métodos ou rotinas com os objetivos de proteger os ativos, produzir dados contábeis confiáveis e ajudar a administração na condução ordenada dos negócios da empresa. ” (ALMEIDA, 2003, p.63)

Os princípios de governança corporativa, segundo Andrade; Rossetti (2012) foram difundidos globalmente e crescente número de países passou a adotar códigos de boas práticas, sugeridos por autoridades reguladoras, por investidores institucionais ou pelas instituições que operam o mercado de capitais. Ainda, Andrade; Rossetti (2012) salienta que os princípios de governança corporativa são de natureza evolutiva e devem ser revistos sempre que ocorrerem mudanças significativas, dentro das corporações e em seu entorno.

Entende-se, então, que os controles internos, quando atendem pré-requisitos, podem auxiliar a empresa a ter boas práticas de governança corporativa. Diante deste contexto surge o seguinte problema: Como os indicadores de Governança Corporativa, em entidades financeiras, podem melhorar os controles internos, auxiliando na gestão da organização? Para dar resposta a questão de pesquisa proposta tem se que o objetivo é identificar como os indicadores de Governança Corporativa, em uma instituição financeira, podem melhorar os controles internos, auxiliando na gestão da organização, de modo que se possa avaliar a contribuição dos mesmos no que se refere a controles internos.

Baseado nisso, a justificativa deste estudo também se ampara nos estudos desenvolvidos por Bergamini Junior (2005), Silva (2006), Porta (2011), Hickmann (2010), Cembranel (2010), Honor Neto (2006), Amorim, Cardozo e Vicente (2012) os quais pesquisaram sobre controles internos e/ou governança corporativa conforme estudos anteriores mencionados nesta pesquisa.

2. REFERENCIAL TEÓRICO

Neste item apresenta-se a base teórica acerca da abordagem deste estudo, a qual deu suporte à aplicação prática, no sentido de responder a questão de estudo.

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2.1 CONTROLE INTERNO E GOVERNANÇA CORPORATIVA

Controles internos são todos os instrumentos da organização destinados à vigilância, fiscalização e verificação administrativa, que permitam prever, observar, dirigir ou governar os acontecimentos que se verificam dentro da empresa e que produzam reflexos em seu patrimônio. (FRANCO; MARRA, 2000). Portanto, pode-se dizer que os controles internos são meios de alcançar determinado fim.

Outra forma de conceituar é o exposto por Boynton, Johnson e Kell (2002, p. 320): “Controles internos são um processo operado pelo conselho de administração, pela administração e outras pessoas, desenhado para fornecer segurança razoável [...]”. O autor citado continua citando que os controles internos devem oferecer segurança razoável para cumprir os seguintes objetivos: confiabilidade de informações financeiras; obediência às leis e regulamentos aplicáveis e eficácia e eficiência de operações.

Os controles internos podem ser contábeis ou administrativos, sendo assim, Almeida (2010) menciona que os controles contábeis são aqueles que possuem sistema de conferência, aprovação e autorização; segregação de funções; controles físicos sobre os ativos e auditoria interna. Já os controles administrativos são aqueles que trazem análises estatísticas de lucratividade por linha de produtos; controle de qualidade; treinamento de pessoal; estudos de tempos e movimentos; análise das variações entre os valores orçados e os incorridos; além de controle dos compromissos assumidos, mas ainda não realizados economicamente.

Complementando, para Sá (2000, p.106) o conceito de controles contábeis “[...] aqueles que se relacionam diretamente com o patrimônio e com os registros e demonstrações contábeis”. Os controles administrativos “[...] entende que sejam os concernentes basicamente à eficiência operacional e à vigilância gerencial, e que só indiretamente são referidos nos registros contábeis”.

Conforme Attie (1993) um sistema de contabilidade que não seja apoiado em um controle interno eficiente é inútil, porque não demonstra com exatidão informações que possam passar confiança e credibilidade. Sem falar que informações contábeis distorcidas podem levar a interpretações erradas por parte dos stakeholders o que prejudicaria a empresa.

Os procedimentos de controle interno devem ser adotados para evitar que erros involuntários e desperdícios sejam frequentes, além de evitar fraudes internas e externas. Isso sem falar que a responsabilidade por informações equivocadas recai para a Alta Administração e os controles internos auxiliam a mitigar tais erros. “Um bom sistema de controle interno

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funciona como uma “peneira” na detecção desses erros ou irregularidades. ” (CREPALDI, 2002 p. 210)

Crepaldi (2002) destaca alguns pontos sobre a importância do controle interno sendo eles a responsabilidade dos funcionários quanto a suas atribuições; a utilização de rotinas internas definidas através de manual; limitação de acesso a funcionários aos ativos da empresa; segregações de funções; confronto dos ativos com os registros; amarrações do sistema; auditoria interna e custo do controle em relação aos seus benefícios.

Sobre as limitações do controle interno tem-se, de acordo com Sá (2000, p. 128) que “[...] existem controles cujo custo é maior do que a perda que sua ausência pode causar. Neste caso, os empresários abandonam a burocracia e aceitam uma margem de perda, que repassam ao preço”. Almeida (2010, p.50) trata as limitações do controle interno principalmente com relação a três fatores: “[...] o conluio de funcionários na apropriação de bens da empresa, os funcionários não são adequadamente instruídos com relação às normas internas e funcionários negligentes na execução de suas tarefas diárias”.

Pode-se sintetizar em quatro os princípios fundamentais dos controles, seriam eles: existência de um plano de organização na qual sugere uma adequada distribuição de responsabilidades; regime de autorização e de registros com o objetivo de assegurar um controle contábil sobre investimentos, financiamentos e sistema de resultados da empresa, ou de metas das instituições; zelo dos empregados no desempenho das funções a eles atribuídas; qualidade e responsabilidade do pessoal, cada qual a sua altura. (SÁ, 2000)

Attie (1992, p.204) trata como objetivos básicos: “a salvaguarda dos interesses da empresa; a precisão e a confiabilidade dos informes e relatórios contábeis, financeiros e operacionais; o estímulo à eficiência operacional; e a aderência às políticas existentes”. Segundo Dias (2010, p. 6) os procedimentos de controles internos são “Ações ou atos adotados pela Empresa, visando estabelecer eficácia e eficiência em suas operações, considerando a sua qualidade, rentabilidade e segurança quanto à atividade de negócio praticada”.

Algumas características apontadas por Crepaldi (2002, p.243) desejáveis nos controles de procedimentos são: “[...] que sejam adequados à estrutura organizacional; que sejam bem definidos e documentados e que se mostrem fáceis de interpretar e aplicar”. O COSO - Committee of Sponsoring Organization of the Treadway é, “uma entidade sem fins lucrativos, dedicada à melhoria dos relatórios financeiros através da ética, efetividade dos controles internos e governança corporativa” (DIAS, 2010, p. 28). O COSO é um limitador dos controles internos.

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De acordo com Porta (2011), a ordem cronológica dos acontecimentos mostra que o mercado “controlador” começou a encorpar leis já existentes e os órgãos preocupados em suprir as necessidades para bem atender a falhas de controles que vinham se repetindo ano após ano foram melhorando esse controle. Assim, em 1985, nos Estados Unidos, surgiu o COSO que é uma organização privada criada com a finalidade de prevenir e evitar fraudes nas demonstrações contábeis das empresas.

Seguindo na mesma linha, o COSO é constituído pelas mais prestigiadas entidades profissionais da Contabilidade ligadas aos mercados dos Estado Unidos, com influência das grandes empresas de auditoria do mundo, tendo substituído um comitê contra fraudes existente anteriormente e passando, assim, a atualizar a abrangência do foco contábil e de gestão empresarial do controle interno. (CRC-RS, 2015)

A estrutura recomendada pelo COSO desmembra os controles internos em oito componentes inter-relacionados: ambiente interno; fixação de objetivos; identificação de eventos; avaliação de risco; resposta a risco; atividade de controle; informação e comunicação e monitoramento.

O ambiente interno busca aperfeiçoar seus empregados no que diz respeito a questões de filosofia institucional; responsabilidade pelas suas atribuições, competência do pessoal e também valores éticos. É a base dos outros componentes, disciplina e estrutura organizacional. (COSO, 2007)

Na fixação de objetivos tem-se como carro-chefe os objetivos estratégicos traçados, buscando alcança-los independentemente da possibilidade de situações em potencial. Busca-se alinhamento com a missão da empresa e são o suporte dos objetivos operacionais, de comunicação e de conformidade. (COSO, 2007)

Na mesma linha, a identificação dos eventos trata os eventos conforme seus fatores: Internos: infraestrutura; pessoal; processo; tecnologia. Externos: econômicos, meio-ambiente, político, sociais, tecnológicos. É aquele capaz de identificar, dentro do objetivo da organização, se há risco ou oportunidade. (COSO, 2007)

Cabe dizer que a avaliação dos riscos traz segurança para os registros, processamento, resumo e relato para as demonstrações financeiras. Além de prever circunstâncias internas e externas. (COSO, 2007)

Quanto a resposta a risco pode-se dizer que é aquela que evita, aceita, reduz ou compartilha os riscos segundo a administração. Avalia os riscos de acordo com a probabilidade e impacto do risco, além da verificação da relação custo versus benefícios.

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A atividade de controle contribui para assegurar que a resposta ao risco seja executada. A prevenção e detecção de riscos quando feita através de segurança física, segregação de funções, sistemas de TI, normatizações internas cumpridas de modo generalizado dá-se o nome de atividade de controle. (COSO, 2007)

A informação e comunicação deve conter sistema que permite informações completas e fidedignas, gerando relatórios conforme a necessidade. A comunicação do que acontece dentro da empresa deve ser amplamente divulgado entre todos empregados, preferencialmente de forma formal (através de intranet, normativos, e-mails, entre outros) ou informalmente. Cada empregado deve saber gerenciar a informação para evitar riscos. (COSO, 2007)

O monitoramento pode ser feito constantemente e/ou pode ter avaliações periódicas. As deficiências na gestão de risco são relatadas para os superiores. Um controle interno eficiente conta também com monitoramento contínuo, capaz de identificar se os demais controles internos estão em conformidade. (COSO, 2007)

Complementando o exposto anteriormente, segundo COSO (2007) tem-se a estrutura recomendada representada através de quatro categorias de objetivos para a organização: Estratégicos – referem-se às metas no nível mais elevado, alinham-se e fornecem apoio à missão. Operacional – têm como meta a utilização eficaz e eficiente dos recursos. Comunicação – relacionados à confiabilidade dos relatórios. Conformidade – fundamentam-se no cumprimento das leis e dos regulamentos pertinentes.

Para conceituar governança corporativa traz-se o que diz Dias (2010, p.38) em que “Governança Corporativa é o conjunto de práticas que tem por finalidade otimizar o desempenho de uma companhia ao proteger todas as partes interessadas, ou seja, investidores, empregados e credores”. O autor também traz por objetivo principal da governança corporativa “[...] dar maior transparência, equidade de tratamento dos acionistas e prestação de contas”.

Conforme o Instituto Brasileiro de Governança Corporativa – IBGC (2016), a governança corporativa surgiu para superar o conflito de agência, decorrente da separação entre a propriedade e a gestão empresarial. Neste sistema ou modelo de gestão, é delegada pelo proprietário (acionista) a atribuição de decidir o futuro de sua empresa, para alinhar os interesses comuns. Nesta situação podem surgir divergências no entendimento de cada um daquilo que consideram ser o melhor para a empresa e que as práticas de Governança Corporativa buscam superar de modo que a finalidade é valorizar a instituição e a sociedade, no momento que proporciona o acesso ao capital investido contribuindo, desta forma, para a sua perenidade.

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A governança corporativa tem por finalidade aumentar o valor da sociedade de forma a facilitar o acesso ao capital, contribuir para sua continuidade mediante estratégia das empresas, gerenciamento eficaz das organizações, com eficiência de suas operações e a geração de resultados trazendo retorno aos acionistas, com respeito à sociedade, ao meio ambiente e ao interesse social. (CRC-RS, 2015)

Seguindo na mesma linha de pensamento tem-se que a Sarbanes-Oxley surge para criar um novo clima de governança corporativa, novas responsabilidades e medidas administrativas, e para dificultar ainda mais as fraudes nas empresas. (PORTA, 2011)

Após os escândalos de fraudes ocorrido nos Estados Unidos difundidos mundialmente houve a criação da Lei Sarbanes-Oxley, em 2002, a qual obriga a criação de novos mecanismos de controles para reaver a credibilidade dos investidores. Esses mecanismos vieram para fortalecer as regras de governança corporativa com o objetivo de trazer melhorias na transparência dos mecanismos de gestão, com a divulgação das informações das organizações. (TRISCIUZZI; CARDOZO, 2009)

Essa lei foi uma forma encontrada pelos órgãos fiscalizadores e reguladores para garantir a proteção do mercado de capitais. Ela traz, de certa forma, responsabilidade pessoal para os altos executivos. Com o passar dos acontecimentos, as mudanças ocorridas no mundo dos negócios acentuaram a curiosidade e as necessidades no âmbito da Governança Corporativa. (PORTA, 2011)

O CRC-RS (2015) traz como princípios da governança corporativa: 1-) a transparência, que além de informações mais completas nos relatórios normais, tudo que seja relevante e que não seja caso de contabilização, mas que impacte os negócios e os resultado corporativos, inclusive antecipando as demonstrações contábeis; 2-) o senso de justiça, equidade no tratamento dos sócios minoritários, que indica os mesmos direitos legais a todos os sócios, majoritários e minoritários, que o processo de remuneração dos administradores deve ser aprovado pelo conselho de administração e pelos acionistas, também veda favores indevidos e cria penalidades; 3-) a prestação de contas, que se refere a responsabilidade direta dos principais executivos, presidente e financeiro, na divulgação periódica de relatórios; 4-) a conformidade no cumprimento de princípios e regras, que é o cumprimento de leis e regulamentos vigentes e adoção de um código de ética para a entidade, em especial para seus principais executivos, com inclusão obrigatória de regras para o conflito de interesse e divulgação de informações.

De acordo com a Comissão de Valores Mobiliários – CVM (2014, p.143) “Companhias com um sistema de governança que proteja todos os seus investidores tendem a ser mais

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valorizadas, porque os investidores reconhecem que o retorno dos investimentos será usufruído igualmente por todos”.

As boas práticas de governança corporativa convertem princípios básicos em recomendações objetivas, mesclando interesses com a finalidade de preservar e otimizar o valor econômico das organizações, de modo a facilitar seu acesso a recursos e contribuir para a qualidade da gestão da organização, sua longevidade e o bem comum. (IBGC, 2016)

O IBGC (2016) tem o intuito de ser referência em governança corporativa e possui um Código Brasileiro das Melhores Práticas, visando auxiliar as empresas a seguirem boas práticas de governança corporativa, relacionando-as em quatro nortes: a prestação de contas (accountability), a transparência (disclosure), a equidade (fairness) e a responsabilidade corporativa na conformidade com as regras (compliance). O mesmo Instituto define três ferramentas básicas de governança corporativa que são: o Conselho de Administração, o Conselho Fiscal e a Auditoria Independente.

De acordo com o IBGC (2016), pode-se entender qual o papel no controle interno de cada atributo que compõe os itens (1) a estrutura de Governança da cooperativa, (2) os princípios da governança corporativa e (3) as características da boa governança. Nesse sentido, a primeira parte do constructo utilizado neste estudo, traz os três agentes centrais da governança – os acionistas, os conselhos de administração e a diretoria executiva mais a assembleia geral.

1) A estrutura de Governança do IBGC é composta pela:

a) Assembleia Geral: tem-se que é o órgão de participação direta pelo qual os sócios tratam das grandes decisões da organização. É também momento relevante de prestação de contas e exercício de transparência pela administração, e oportunidade valiosa para que os sócios possam contribuir com a organização, apresentando ideias e opiniões. (IBGC, 2016)

b) Conselho de administração: é o órgão colegiado encarregado do processo de decisão de uma organização em relação ao seu direcionamento estratégico, exercendo papel de guardião dos princípios, valores, objeto social e sistema de governança da organização, sendo seu principal componente. (IBGC, 2016)

c) Diretoria: é o órgão responsável pela gestão da organização, cujo principal objetivo é fazer com que a organização cumpra seu objeto e sua função social. Tem a função de executar a estratégia e as diretrizes gerais aprovadas pelo conselho de administração, administra os ativos da organização e conduz seus negócios. (IBGC, 2016)

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d) Acionistas: De acordo com o IBGC (2016, p. 23): “Sócios ou acionistas são as pessoas físicas ou jurídicas que contribuem para a formação da organização. No caso das empresas, detêm a propriedade do capital social”.

A segunda parte do constructo traz os princípios de governança corporativa, buscando responder se a instituição financeira estudada busca cumprir estes princípios:

2) Princípios de governança corporativa:

a) Transparência (disclosure): Consiste no desejo de disponibilizar para as partes interessadas as informações que sejam de seu interesse e não apenas aquelas impostas por disposições de leis ou regulamentos. (IBGC, 2016)

b) Responsabilidade corporativa: Os agentes de governança devem zelar pela viabilidade econômico-financeira das organizações, reduzir as externalidades negativas de seus negócios e suas operações e aumentar as positivas, levando em consideração, no seu modelo de negócios, os diversos capitais no curto, médio e longo prazos. (IBGC, 2016)

c) Equidade: Caracteriza-se pelo tratamento justo e isonômico de todos os sócios e demais partes interessadas (stakeholders), levando em consideração seus direitos, deveres, necessidades, interesses e expectativas. (IBGC, 2016)

d) Prestação de contas (accountability): Os agentes de governança devem prestar contas de sua atuação de modo claro, conciso, compreensível e tempestivo, assumindo integralmente as consequências de seus atos e omissões e atuando com diligência e responsabilidade no âmbito dos seus papéis. (IBGC, 2016)

A Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico – OCDE é composta por um grupo de avançadas economias industriais do mundo todo, mais de 30 países desenvolvidos e é referência mundial de governança corporativa. Na visão de Andrade e Rossetti (2012, p.175), uma das principais conclusões do OCDE em sua primeira publicação é que “[...] não há um modelo único de governança corporativa. Embora possam ser identificados elementos comuns que dão suporte às melhores práticas, cada país precisa adaptar sua aplicação às suas circunstâncias culturais jurídicas e econômicas”.

A terceira parte do constructo traz alguns exemplos de boas práticas de governança corporativa:

3) Características da boa governança:

a) Código de conduta corporativo: A criação e o cumprimento de um código de conduta elevam o nível de confiança interno e externo na organização e, como resultado, o valor de dois de seus ativos mais importantes: sua reputação e imagem. (IBGC, 2016)

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b) Restrição a empréstimos e concessão de crédito para diretores: sem prévia autorização da Assembleia Geral ou do Conselho de Administração, é vedado aos administradores tomar por empréstimo recursos ou bens da Companhia ou usar, em proveito próprio, de sociedade em que tenha interesse ou de terceiros, seus bens, serviços ou créditos. (IBGC, 2016)

c) Código de ética para executivos financeiros e insiders: O código de conduta aplica-se a administradores, sócios, colaboradores, fornecedores e demais partes interessadas e abrange, ainda, o relacionamento entre elas. (IBGC, 2016)

d) Comitê de auditoria: o comitê de auditoria é um órgão de assessoramento do conselho de administração. (IBGC, 2016)

e) Combate a fraudes financeiras: A organização deve se assegurar do estrito cumprimento dos dispositivos legais e adotar diretrizes e mecanismos de defesa de sua integridade para prevenir e detectar atos de natureza ilícita, tais como a prática de corrupção, fraude ou suborno. (IBGC, 2016)

f) Estruturação e monitoramento dos controles internos: Ações relacionadas a gerenciamento de riscos, controles internos e sistema de conformidade (compliance) devem estar fundamentadas no uso de critérios éticos refletidos no código de conduta da organização. (IBGC, 2016)

g) Governança em tecnologia da informação e Gestão de riscos: Além da identificação de riscos, a diretoria deve ser capaz de aferir a probabilidade de sua ocorrência e a exposição financeira consolidada a esses riscos, incluindo os aspectos intangíveis, implementando medidas para prevenção ou mitigação dos principais riscos a que a organização está sujeita. (IBGC, 2016)

h) Adoção do conceito “uma ação, um voto”: A boa prática cada vez mais requer que empresas de capital aberto relatem questões sobre as partes interessadas, assim, as estatais demonstrarão sua disposição de operar de forma mais transparente, assim como seu compromisso de cooperação com as partes interessadas. (OCDE, 2005)

i) Assembleia Geral como órgão soberano: É o órgão de participação direta pelo qual os sócios tratam das grandes decisões da organização. (IBGC, 2016)

j) Solução de conflitos preferencialmente por meio de arbitragem: Os conflitos entre sócios, administradores e entre estes e a organização devem, preferencialmente, ser resolvidos mediante a negociação entre as partes. Caso isso não seja possível, recomenda-se que sejam resolvidos por meio de mediação e/ou arbitragem. (IBGC, 2016)

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k) Clara definição das qualificações dos conselheiros: Os conselheiros devem preencher características e competências de acordo com o estatuto, pode-se citar algumas como comprometimento com princípios, valores, código de conduta, visão estratégica, comunicação, conhecimento, disponibilidade de tempo. (IBGC, 2016)

l) Relacionamento transparente com todos os stakeholders: De acordo com os princípios da boa governança, a equidade já sugere um bom relacionamento com os stakeholders. (IBGC, 2016)

m) Responsabilidade pela geração do relatório anual: O relatório anual, de responsabilidade da administração, deve ser a forma mais abrangente de prestação de informações da organização às partes interessadas. Deve prover informações financeiras, devidamente auditadas, assim como não financeiras, objeto de asseguração. (IBGC, 2016)

n) Exigência obrigatória de auditores independentes: Assegurar a independência dos auditores é fundamental para que eles possam avaliar com isenção as demonstrações financeiras e contribuir para a formação de um ambiente de confiança entre administradores, sócios e demais partes interessadas. (IBGC, 2016)

o) Mesmo não sendo obrigatório, conselho fiscal: o conselho fiscal tem como objetivo fiscalizar os atos da administração. Pode ser permanente ou não, conforme dispuser o estatuto. (IBGC, 2016)

p) A empresa divulga os relatórios financeiros no prazo estabelecido pela lei: Tanto o relatório anual quanto os demais relatórios da organização devem ser elaborados de acordo com a legislação vigente e com modelos internacionalmente aceitos, visando à integração no modo de pensar e relatar as atividades da organização. (IBGC, 2016)

q) A empresa tem criação de valor e de riqueza para o acionista: Os conselheiros devem criar e preservar valor para a organização como um todo, observados os aspectos legais e éticos envolvidos. (IBGC, 2016)

r) O presidente do conselho e o diretor são pessoas diferentes: Para que não haja concentração de poder e prejuízo ao dever de supervisão do conselho em relação à diretoria, o acúmulo das funções de presidente e diretor-presidente por uma mesma pessoa deve ser evitado. O diretor-presidente não deve ser membro do conselho de administração, mas deve participar das reuniões como convidado. (IBGC, 2016)

s) Responsabilidades do Conselho de Administração com clara definição: As atividades do conselho de administração e dos comitês devem ser normatizadas em um regimento interno que torne claras as responsabilidades, atribuições e regras de funcionamento de cada um dos

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órgãos, bem como as medidas a serem adotadas em situações de conflito de interesses. (IBGC, 2016)

Para que uma empresa adote boas práticas, deve considerar os exemplos para seguir: ter um código de conduta corporativo; restringir empréstimos e concessão de crédito para diretores; ter código de ética para executivos financeiros e insiders; restringir à contratação de serviços de auditores externos; quarentena para a contratação de funcionários que já atuaram como auditores externos; ter um Comitê de Auditoria; combater fraudes financeiras; estruturação e monitoramento dos controles internos; governança em tecnologia da informação; gestão e gerenciamento de riscos. (DIAS, 2010)

“A adoção de boas práticas de governança corporativa constitui, ainda, um conjunto de mecanismos através dos quais os investidores se protegem contra desvios de ativos por indivíduos que têm poder de influenciar ou tomar decisões em nome da companhia. ” (DIAS, 2010, p.38)

A atividade de compliance insere-se nos sistemas de Controles Internos, juntamente com as atividades de Auditoria Interna, tendo sido regulamentada como atividade pela Resolução 2.554 de 29/09/1998 do Banco Central do Brasil (HONOR NETO, 2006). Nota-se que o compliance é um dos pilares da Governança Corporativa, portanto, pode-se definir compliance em uma relação indireta com a auditoria interna. As atividades desenvolvidas por estas áreas são complementares, a auditoria interna efetua seus trabalhos de forma aleatória e temporal, por meio de amostragens com a finalidade certificar o cumprimento das normas e processos instituídos pela Alta Administração, enquanto o compliance executa suas atividades de forma rotineira e permanente, sendo responsável por monitorar e assegurar de maneira corporativa e tempestiva que as diversas unidades da instituição estejam respeitando as regras aplicáveis a cada negócio, por meio do cumprimento das normas, dos processos internos, da prevenção e do controle de riscos envolvidos em cada atividade. Compliance auxilia os órgãos reguladores, no que se refere à segurança, respeito às normas e controles na busca da conformidade. (HICKMANN, 2010)

Algumas práticas de governança corporativa tornam-se obrigatórias para todas ou determinadas empresas atuantes com legislação vigente. Outras práticas são exigidas como instrumentos de autorregulação, tornando obrigatórias para empresas que desejam fazer parte de um grupo determinado como, por exemplo, o grupo de empresas com ações negociadas em bolsa de valores, que estão sujeitas aos órgãos públicos reguladores e às normas de funcionamento da empresa responsável pela negociação das ações. (CVM, 2014)

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2.2 ESTUDOS ANTERIORES

Para auxiliar essa pesquisa, se faz necessário trazer estudos anteriores de mesmo assunto com a finalidade de justificar o estudo proposto.

Bergamini Junior (2005) traz em seu artigo “Controles internos como instrumento de governança corporativa” que estudos foram feitos para avaliar os possíveis efeitos da adoção de boas práticas de governança corporativa em relação ao aumento do valor da empresa e na facilitação do seu acesso ao capital, estudos estes que procuram demonstrar uma relação forte e concentrada entre a boa governança e a valorização da companhia.

Foi feita uma pesquisa sobre o sucesso e insucesso nas empresas desenvolvida pela International Federation of Accountants (IFAC) com base na avaliação de 27 empresas em dez países, resultando que somente uma boa governança não garante o sucesso empresarial, porém uma governança fraca possa destruir uma empresa. A pesquisa revelou que três dos quatro fatores determinantes do sucesso empresarial identificados referiam-se a práticas de governança corporativa e o outro fator se referia ao uso de controles internos. Os quatro fatores elencados são: a atitude da Alta Administração na formação da cultura da empresa; o papel de liderança do diretor-presidente; o desempenho proativo do Conselho de Administração e a existência de um bom sistema de controles internos. (BERGAMINI JUNIOR, 2005)

Outro estudo relacionado foi feito por Silva (2006) sobre governança corporativa, o qual revelou que a maioria das empresas brasileiras (86%) viola o princípio uma ação = um voto, 9% já foram investigadas ou condenadas pela CVM e somente 3% utilizavam a arbitragem para resolver conflitos societários.

Conforme estudo feito por Porta (2011) na qual buscou-se checar se a Alta Administração das empresas consegue distinguir a auditoria interna de compliance, para isso o autor recorreu ao embasamento teórico também de controles internos e governança corporativa. Trechos selecionados como importantes do autor referido acima foram utilizados no decorrer de todo este artigo.

Segundo Hickmann (2010) as legislações brasileiras aplicáveis as instituições financeiras trazem os controles internos e a auditoria interna como meio de mitigar riscos existentes nesta atividade. Seu estudo foi focado nos riscos e formas de limitar os erros/fraudes através da legislação.

Na mesma linha de estudo Cembranel (2010) investigou as instituições financeiras no que se refere a auditoria interna e controles internos, buscando na legislação (resolução 2554/98

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do BACEN e Comitê de Basiléia) formas de manter sob controle os riscos existentes. Concluiu sobre a importância dos controles internos perante as recomendações destas legislações estudadas.

Em estudo feito sobre Gestão do conhecimento aplicada à gestão de riscos, Honor Neto (2006) buscou verificar, através de um estudo de caso feito em um banco, estratégias de gestão de risco trazido após as recomendações da Basiléia II. Como resultado o autor formulou um plano para melhor gerir o conhecimento do risco.

Amorim; Cardozo e Vicente (2012) fizeram um estudo sobre como os controles internos, auditoria e compliance são impactantes no combate e prevenção de lavagem de dinheiro no Brasil. Segundo eles, mais de 1 trilhão de dólares são lavados por organizações criminosas por ano, e as instituições financeiras sofrem com isso. O estudo resultou em demonstrar como a legislação, principalmente a criação do COAF, teve impacto positivo na redução destes números e como os controles são importantes para reduzir ainda mais a lavagem de dinheiro no Brasil.

3. METODOLOGIA

O objetivo da pesquisa é analisar o controle interno nos processos gerenciais de uma entidade financeira como um instrumento de governança corporativa, buscando identificar se os controles internos colaboram para o melhor desempenho, gerenciamento e assertividade em organizações bancárias.

Pode-se dizer que o estudo é descritivo, em razão de expor as características de determinada população ou de determinado fenômeno, podendo estabelecer correlações entre variáveis e definir sua natureza. Não tem compromisso de explicar fenômenos que descreve, embora sirva de base para tal explicação (VERGARA, 2009). Esta classificação se deve ao fato de buscar relacionar as características com os objetivos específicos do estudo, descrevendo o objeto de estudo.

A pesquisa de campo é investigação empírica realizada no local onde ocorre ou ocorreu um fenômeno ou que dispõe de elementos para explica-los. Pode incluir entrevistas, aplicações de questionários, testes e observação participante ou não. (VERGARA, 2009)

A pesquisa bibliográfica foi realizada com base em consulta a livros, artigos científicos, sites, em que foram abordados o controle interno e a governança corporativa como carro-forte da pesquisa. Como resultado desta pesquisa espera-se conceituar elementos importantes no que

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a abrangência do trabalho sugere, tal como encontrar meios para a resposta das perguntas formuladas pelo objetivo da pesquisa. (VERGARA, 2009)

No que se refere a abordagem do problema a pesquisa se caracteriza como qualitativa por não usar métodos estatístico, visando identificar e interpretar situações que carecem de melhorias numa determinada organização, propondo possibilidades para que estas sejam melhoradas, evitadas ou solucionadas (RICHARDSON, 1999). Envolve basicamente a análise de percepções sobre situações pertinentes ao tema.

A coleta de dados foi feita através das publicações das demonstrações financeiras da empresa em estudo em site corporativo, tal como estatuto social e demais disponibilidades na página corporativa de acesso à internet, o que a caracteriza como documental. Foi realizada uma pesquisa dos últimos cinco anos conforme essas publicações que serviram de base para alcançar o objetivo deste estudo. A análise destes dados buscou encontrar como a governança corporativa interfere nos controles internos, já que o embasamento teórico permitiu organizar características de boa governança buscando na prática verificar se está sendo aplicado.

4. ANÁLISE DOS RESULTADOS

O objetivo deste estudo é identificar como os indicadores de Governança Corporativa, em uma entidade financeira, podem melhorar os controles internos, auxiliando na gestão da organização.

Para tanto foi adaptado o constructo utilizado no estudo de Jesus e Brizolla (2016) para conhecer o comportamento da organização quanto a aplicação de Governança Corporativa, com base no Instituto Brasileiro de Governança Corporativa – IBGC e na Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico – OCDE, com o intuito de identificar na organização a estrutura de Governança.

De acordo com o IBGC (2016), pode-se entender qual o papel no controle interno de cada atributo que compõe os itens (1) a estrutura de Governança da cooperativa, (2) os princípios da governança corporativa e (3) as características da boa governança elencados no constructo, como apresentado no quadro 1.

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Quadro 1 – Informações sobre Governança Corporativa

1) A estrutura de Governança do IBGC é composta pela: Sim Não

a) Assembleia Geral, X

b) Conselho de Administração (CA), X

c) Diretoria, X

d) Acionistas X

2) Princípios da governança corporativa:

a) Transparência X

b) Responsabilidade corporativa X

c) Equidade X

d) Prestação de contas X

3) Características da boa governança:

a) Código de conduta corporativo; X

b) Restrição a empréstimos e concessão de crédito para diretores; X c) Código de ética para executivos financeiros e insiders; X

d) Comitê de auditoria; X

e) Combate a fraudes financeiras; X

f) Estruturação e monitoramento dos controles internos; X g) Governança em tecnologia da informação e Gestão de riscos; X

h) Adoção do conceito “uma ação, um voto”; X

i) Assembleia Geral como órgão soberano; X

j) Solução de conflitos preferencialmente por meio de

arbitragem; X

k) Clara definição das qualificações dos conselheiros; X l) Relacionamento transparente com todos os Stakeholders; X m) Responsabilidade pela geração do relatório anual; X n) Exigência obrigatória de auditores independentes; X o) Mesmo não sendo obrigatório, conselho fiscal; X p) A empresa divulga os relatórios financeiros no prazo

estabelecido pela lei; X

q) A empresa tem criação de valor e de riqueza para o acionista; X r) O presidente do conselho e o diretor são pessoas diferentes; X s) Responsabilidades do Conselho de Administração com clara

definição. X

Fonte: Elaborado pela autora com base em Jesus e Brizolla (2016)

A primeira parte do constructo traz os três agentes centrais da governança – os acionistas, os conselhos de administração e a diretoria executiva mais a assembleia geral.

1) A estrutura de Governança do IBGC é composta pela:

a) Assembleia Geral: Sobre a instituição financeira estudada a convocação, a instalação e as deliberações da Assembleia Geral obedecerão às disposições legais e, subsidiariamente, as do Estatuto Social, que foram encontradas em todos os anos pesquisados (2011 a 2015).

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b) Conselho de administração: Sobre a instituição financeira estudada o conselho de administração é o seu órgão de deliberação colegiada, responsável pelo estabelecimento das políticas gerais de negócios do banco, incluindo a sua estratégia de longo prazo. É responsável também, dentre outras atribuições, pela supervisão da gestão dos diretores. As decisões do Conselho de Administração são tomadas pela maioria dos votos dos membros presentes a qualquer reunião, estando presente em todos os anos pesquisados (2011 a 2015).

c) Diretoria: Os diretores da instituição financeira estudada são os seus representantes legais, responsáveis, principalmente, pela sua administração cotidiana e pela implementação das políticas e diretrizes gerais estabelecidas pelo Conselho de Administração, sendo identificada nos 5 anos da pesquisa.

d) Acionistas: Quanto aos acionistas, por possuírem parte de patrimônio da instituição financeira estudada, mostraram interesses em todos os anos da pesquisa (2011 a 2015). Nos termos do Estatuto Social do banco estudado, cada ação ordinária confere ao respectivo titular direito a um voto nas assembleias gerais ordinárias e extraordinárias.

A segunda parte do constructo traz os princípios de governança corporativa, buscando responder se a instituição financeira estudada busca cumprir estes princípios:

2) Princípios de governança corporativa:

a) Transparência (disclosure): Sobre a transparência, a instituição pratica a governança corporativa conforme o Nível 1 da Bovespa, ou seja, tem o desejo de informar além do que é exigido pela lei, implicando em mais confiança em suas publicações.

b) Responsabilidade corporativa: Sobre a responsabilidade, a instituição financeira busca dar continuidade ao negócio, além de participar de ações sustentáveis, dar amplitude a seus empregados ao incentivo a ações sociais, filantrópicas e melhorias.

c) Equidade: Sobre a equidade, a instituição financeira passa aos acionistas o direito igualitário de suas ações.

d) Prestação de contas (accountability): Sobre a prestação de contas, o conselho presta contas através de assembleias para quem os elegeu.

A terceira parte do constructo traz alguns exemplos de boas práticas de governança corporativa, sobre a qual pode-se ter como resposta que foi possível identificar que desde julho/2007 a instituição em estudo participa do Nível 1 de governança corporativa da Bovespa, isso significa que atende os pré-requisitos mínimos para que a empresa participe das negociações do mercado de valores de São Paulo.

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a) Código de conduta corporativo: No Estatuto social foi solicitado cláusula de implantação de código de ética que discipline as relações com clientes externos e entre os funcionários da organização, o código de ética é um código de conduta.

b) Restrição a empréstimos e concessão de crédito para diretores: Quanto aos empréstimos a diretores, tem-se em notas explicativas que não são permitidas, inclusive cônjuges e parentes de 2º grau.

c) Código de ética para executivos financeiros e insiders: Existe um código de ética na presente empresa estudada, que deve ser seguida por todos os funcionários, e formulário que deve ser preenchido inclusive pelos insiders (pessoas com informações privilegiadas).

d) Comitê de auditoria: Seguindo, a instituição financeira possui um comitê de auditoria interna. Tem o combate à fraude de forma contínua, já que a legislação assim exige e, também, o próprio negócio assim exige. Em 2011, foi criada a diretoria de controle e riscos e diretoria de tecnologia de informação, que tem como responsabilidade o acompanhamento da implementação de metodologias e procedimentos relacionados ao monitoramento e à avaliação de controles e riscos corporativos.

e) Combate a fraudes financeiras: A legislação brasileira existente trata de monitorar, fiscalizar, e penalizar esses atos e a instituição financeira em estudo segue à risca este critério.

f) Estruturação e monitoramento dos controles internos: Para um melhor aproveitamento dos controles internos, a instituição financeira estudada conta com um Manual Interno de Processos com o objetivo de guiar todos os empregados interessados a exercer suas atividades com segurança de estar fazendo o certo conforme estabelecido pelos controles internos.

g) Governança em tecnologia da informação e Gestão de riscos: Foi criada, em 2011, a diretoria de controle e riscos e diretoria de tecnologia de informação, que tem como responsabilidade o acompanhamento da implementação de metodologias e procedimentos relacionados ao monitoramento e à avaliação de controles e riscos corporativos.

h) Adoção do conceito uma ação, um voto: Quanto ao voto na instituição estudada, cada ação ordinária corresponde a um voto nas assembleias ordinárias ou extraordinárias, porém, ações preferenciais não dão direito a voto.

i) Assembleia Geral como órgão soberano: A Assembleia Geral é convocada sempre que tenha qualquer informação relevante a ser discutida na instituição estudada.

j) Solução de conflitos preferencialmente por meio de arbitragem: Conforme o estatuto social, os conflitos por interesse são amenizados através de arbitragem.

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k) Clara definição das qualificações dos conselheiros: Na empresa em estudo, cada conselheiro tem suas funções especificadas de forma clara e concisa.

l) Relacionamento transparente com todos os Stakeholders: A empresa tem uma comunicação aconselhável em relação aos seus stakeholders com um bate-papo online em seu site de relacionamento.

m) Responsabilidade pela geração do relatório anual: Quanto a responsabilidade sobre o relatório anual fica por parte da administração, conforme o relatório dos auditores.

n) Exigência obrigatória de auditores independentes: Há exigência de auditoria independente. Quanto a auditoria externa, não foi possível encontrar restrições, já que nos cinco anos em estudo a empresa sempre teve o auxílio da mesma empresa de auditoria.

o) Mesmo não sendo obrigatório, conselho fiscal: O Conselho Fiscal da empresa estudada tem funcionamento permanente, cabendo-lhe a revisão das atividades gerenciais e demonstrações financeiras e o dever de informar suas conclusões aos acionistas.

p) A empresa divulga os relatórios financeiros no prazo estabelecido pela lei: Nos anos em estudo, a instituição financeira publicou seus demonstrativos dentro do prazo estabelecido em lei, até 90 dias após 31/dezembro, geralmente em março.

q) A empresa tem criação de valor e de riqueza para o acionista: Por ser uma instituição financeira, visa lucro, sempre gera capital agregador para o acionista.

r) O presidente do conselho e o diretor são pessoas diferentes: O presidente do conselho e o diretor são pessoas distintas, entretanto, nota-se que o vice-presidente do conselho é da diretoria.

s) Responsabilidades do Conselho de Administração com clara definição: O Conselho de Administração do banco estudado é o seu órgão de deliberação colegiada, responsável pelo estabelecimento das políticas gerais de negócios do banco, incluindo a sua estratégia de longo prazo. É responsável também, dentre outras atribuições, pela supervisão da gestão dos diretores da empresa em estudo.

Para responder ao constructo foram necessárias pesquisas nas demonstrações financeiras publicadas pela empresa, principalmente notas explicativas dos cinco últimos anos, ou seja, 2011 a 2015. Outras informações são trazidas através de documentos internos, como o estatuto social, mas que não comprometem a informação pública.

Com a finalidade de relacionar a teoria com a prática foi possível identificar que a instituição financeira estudada mantém, para avaliar o devido cumprimento dos regulamentos pertinentes auxiliando na correção de quaisquer desvios porventura existentes, o

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acompanhamento sistemático das atividades desenvolvidas na instituição, com foco em 5 elementos do processo de controles internos: supervisão gerencial e cultura de controle; identificação, avaliação e tratamento dado aos riscos; procedimentos de controle e segregação de funções; informações e comunicação; atividades de monitoramento e correção de deficiências. Relação feita com o que foi visto pelo COSO no presente estudo.

A instituição financeira em estudo publicou, no ano de 2011, que faz relatórios de controles internos obedecendo os componentes estabelecidos pelo COSO (2007). A Alta Administração institui os objetivos relativos às atividades de controle e promove padrões éticos de forma a enfatizar a todos os funcionários a importância dos controles internos e o papel de cada um no processo.

A estrutura de controles internos desta instituição é sustentada mediante o estabelecimento de políticas que assegurem a disseminação da cultura e a efetividade do sistema de controles em todos os níveis de negócio, mantendo-o alinhado aos objetivos estratégicos da empresa em estudo.

5. CONCLUSÃO

O presente trabalho buscou identificar como os indicadores de Governança Corporativa, em uma entidade financeira, podem melhorar os controles internos auxiliando na gestão da organização, para tanto a partir das notas explicativas e do relatório da administração, foram identificados os indicadores de boas práticas de governança corporativa. Os resultados mostraram que tais indicadores auxiliam a organização objeto de estudo na melhorias dos controles internos desta instituição, visto que permitem identificar o que cada item pode contribuir com a controladoria no aperfeiçoamento do sistema de controles, no sentido de evitar fraudes e melhorar o comportamento dos colaboradores internos, o relacionamento com os stakeholders, a independência do conselho da administração e da diretoria, aumentando a transparência, a prestação de contas e qualidade das informações divulgadas.

A função de controle interno e a governança corporativa se complementam com o objetivo de garantir com razoável segurança o cumprimento dos objetivos estabelecidos pelas linhas de negócio (FAVARETTO, 2016). Nesse sentido, pode-se verificar como é importante investir em boas práticas de governança corporativa, agregando valor ao capital e aumentando a credibilidade aos interessados. Como muitas empresas, pode-se observar que os membros participantes da diretoria e conselho são as mesmas pessoas, somente alterando cargos em cada

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nova eleição, diminuindo a confiabilidade e permitindo riscos. Pode-se ver como a política está envolvida na administração da instituição financeira em estudo.

Por fim, cabe mencionar, que este trabalho foi realizado através de uma revisão bibliográfica acerca do tema controles internos como instrumento de governança corporativas em uma Instituição financeira, bem como a partir da análise documental e que, sendo assim, não tem a pretensão de esgotar o tema aqui proposto servindo como fonte de pesquisa para outros pesquisadores que se interessarem pelo assunto.

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