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A gestão dos resíduos da construção civil e demolição no município de são Luiz Gonzaga – RS

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Academic year: 2021

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BRENDA MEDINA DE QUEVEDO

A GESTÃO DE RESÍDUOS DA CONSTRUÇÃO CIVIL E

DEMOLIÇÃO NO MUNICÍPIO DE SÃO LUIZ GONZAGA – RS.

Ijuí 2019

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A GESTÃO DOS RESÍDUOS DA CONSTRUÇÃO CIVIL E DEMOLIÇÃO

NO MUNICÍPIO DE SÃO LUIZ GONZAGA – RS.

Trabalho de Conclusão de Curso de Engenharia Civil apresentado como requisito parcial para obtenção do título de Engenheiro Civil.

Orientador(a): Prof. Me Daiana Frank Bruxel Bohrer

Ijuí /RS 2019

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A GESTÃO DOS RESÍDUOS DA CONSTRUÇÃO CIVIL E

DEMOLIÇÃO NO MUNICÍPIO DE SÃO LUIZ GONZAGA – RS.

Este Trabalho de Conclusão de Curso foi julgado adequado para a obtenção do título de ENGENHEIRO CIVIL e aprovado em sua forma final pelo professor orientador e pelo membro da banca examinadora.

Ijuí, 01 de julho de 2019

Prof. Daiana Frank Bruxel Bohrer Mestre em Engenharia Civil pela Universidade Federal de Santa Maria Prof. Lia Geovana Sala Coordenador do Curso de Engenharia Civil/UNIJUÍ BANCA EXAMINADORA Prof. Paula Weber Prediger (UNIJUÍ) Mestre em Engenharia Civil e Ambiental pela Universidade de Passo Fundo

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Dedico este trabalho a minha família que sempre acreditou em meus sonhos e que o conhecimento nunca é demais em nossas vidas.

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um desafio na minha vida. Minha família tem o papel principal em confiar no meu potencial em todos esses anos que passei dentro da UNIJUÍ, além de viajar de ônibus, micro, van, até de carro de São Luiz Gonzaga até Ijuí todos os dias da semana, desde o ano de 2010 quando comecei no curso Comunicação Social, habilitação em Publicidade e Propaganda, cursando quatro anos, e nem tinha ainda me formado e logo comecei um curso totalmente diferente em 2014, a formatura de Publicidade e Propaganda era 8 de março naquele ano e as aulas de Engenharia Civil começaram dia 24 de fevereiro, foi um susto grande no começo, mas graças as pessoas que sempre estiveram por perto, me deram forças de chegar até o fim.

Agradeço a todas as amizades que criei dentro das duas graduações, em especial a Marciele Buch Megier que está comigo desde o começo de Engenharia, nossa amizade dentro e fora da universidade, foram muitos risos e choros durante esses anos, uma apoiando a outra em todas as dificuldades, e o sonho de chegar ao fim sempre esteva presente.

Também agradeço pelos maravilhosos professores que eu conheci durante os anos no curso de Humanas e Exatas, foram de grande ajuda e favorecimento na minha carreira como Fotógrafa, cada aula foi primordial para meu crescimento profissional em todos os sentidos.

A minha querida professora e orientadora Daiana Frank Bruxel Bohrer, por me ajudar em todos os sentidos, desde momentos complicados que passamos em alguns semestres dentro da faculdade, que não foram fáceis, mas conseguimos vencer mesmo com aperto no coração, a vida é um sopro, e obrigada principalmente pela parceria em aceitar fazer um tema fora do conteúdo que leciona na faculdade. Eu queria você desde o começo, não importava o assunto que eu ia escolher. A minha banca Paula Weber Prediger, pelos esclarecimentos e palavras sobre meu trabalho, grata por ter sido você. Aliás tive a banca mais linda, com as duas professoras mais legais e queridas que eu conheci na Engenharia Civil.

E por fim agradeço aos meus maravilhosos clientes que tiveram paciência em aguentar meus contratempos e demoras para entregar os materiais finais de fotografia, vocês são os melhores clientes que eu poderia ter.

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Ousado é aquele que parte para cima das dificuldades sempre com um sorriso no rosto em busca de alegria.

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Civil e Demolição no Município de São Luiz Gonzaga – RS. 2019. Trabalho de Conclusão de Curso. Curso de Engenharia Civil, Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul – UNIJUÍ, Ijuí, 2019.

A destruição do ecossistema originado pela produção e descarte de resíduos da indústria da construção civil é um dos maiores problemas no mundo. Este trabalho procurou analisar a gestão dos resíduos da construção civil e demolição no município de São Luiz Gonzaga – RS, compreendendo levantamento bibliográfico e pesquisa de campo, realizada através da utilização de questionários, visitas a canteiros de obra de construtoras, empresas terceirizadas operantes na coleta de entulhos de construção civil e entrevista aos órgãos de fiscalização. A execução dos questionários apresentou como resultados, a quantidade de empresas presentes no município, a parcela de resíduo processados pelas empresas construtoras, suas composições e a destinação final concedida pelas companhias recolhedoras. O estudo apresentou que não ocorre a operação dos órgãos públicos em relação a fiscalização e gerenciamento de resíduos da construção civil e demolição. A gestão de resíduos da construção nos canteiros de obra de São Luiz Gonzaga encontra-se falha, com a utilização de práticas não eficazes para a amenização de impactos ambientais provenientes do descarte inadequado desses resíduos, demonstrando deficiente em relação ao que seria a correta destinação final.

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Demolition Waste in the Municipality of São Luiz Gonzaga - RS. 2019. Course Completion Work. Civil Engineering Course, Northwest Regional University of the State of Rio Grande do Sul - UNIJUÍ, Ijuí, 2019.

The destruction of the ecosystem caused by the production and disposal of waste from the construction industry is one of the biggest problems in the world. This work sought to analyze the management of civil construction and demolition waste in the municipality of São Luiz Gonzaga - RS, comprising a bibliographic survey and field research, carried out through the use of questionnaires, visits to construction sites of construction companies, outsourced companies operating in the collection of civil construction rubble and interviews with inspection bodies. The execution of the questionnaires presented as results the number of companies present in the municipality, the portion of waste processed by the construction companies, their compositions and the final destination granted by the waste-picker companies. The study showed that the operation of public agencies does not occur in relation to the inspection and management of civil construction and demolition waste. The management of construction waste at the construction sites of São Luiz Gonzaga is flawed, with the use of ineffective practices for the mitigation of environmental impacts arising from the inadequate disposal of such waste, demonstrating a deficiency in relation to what would be the correct final destination.

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Figura 2: Questionários respondidos pelas empresas ... 53

Figura 3: Questionários respondidos pelas recolhedoras de entulho ... 54

Figura 4: Lixos domésticos em saco de brita ... 56

Figura 5: Caçamba de uma Recolhedora ... 57

Figura 6: Coleta nos Canteiros de Obra... 57

Figura 7: Quantidade de caçambas de RCD’s ... 58

Figura 8: Destinação das caçambas de RCD’s gerados pela obra ... 59

Figura 9: Terreno Regulamentado para Destinação dos Resíduos não reutilizáveis ... 60

Figura 10: Caçambas no pátio de Destinação...60

Figura 11: Composição das caçambas levadas pela empresa para serem destinados ... 61

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LISTA DE QUADROS

Quadro 1: Questionário para as Empresas de Construção Civil ... 51 Quadro 2: Questionário para as Recolhedoras de Entulho ... 52 Quadro 3: Firmas Pesquisadas...52 Quadro 4: Composição das Caçambas Recolhidas no Município de São Luiz Gonzaga . 62

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LISTA DE TABELAS

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Demolição

ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas

ABRELPE Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais

COFINS Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social CONAMA Conselho Nacional do Meio Ambiente

CNEN Conselho Nacional de Energia Nuclear CNI Confederação Nacional da Indústria CNPJ Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica

EGR Equipe de Gerenciamento de Resíduos

IBAMA Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis

IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

ICMBio Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade ICMS Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços

IPEA Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada MMA Ministério do Meio Ambiente

MTR Manifestos de Transporte de Resíduo

PIB Produto Interno Bruto

PGR Programa de Gerenciamento de Resíduos

PGRCC Plano de Gerenciamento de Resíduos de Construção Civil

PIS Programa Integração Social

PNMA Política Nacional de Meio Ambiente PNRS Política Nacional de Resíduos Sólidos

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RGRCC Relatório de Gerenciamento de Resíduos da Construção Civil

RH Gestão de Recursos Humanos

RSS Resíduos de Serviços de Saúde

RSU Resíduos Sólidos Urbanos SindusCon Sindicato da Construção

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1 INTRODUÇÃO ... 16 1.1 CONTEXTO ... 16 1.2 PROBLEMA ... 19 1.2.1 Questão de Pesquisa ... 20 1.2.2 Objetivos de Pesquisa ... 20 1.2.3 Delimitação ... 20 2 REVISÃO DA LITERATURA ... 21

2.1 SURGIMENTO DA CONSTRUÇÃO CIVIL ... 21

2.2 IMPACTOS AMBIENTAIS DA CONSTRUÇÃO CIVIL ... 24

2.3 RESÍDUOS DE CONSTRUÇÃO CIVIL (RCC) ... 29

2.4 GESTÃO E GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS NO BRASIL... 34

2.5 LEGISLAÇÃO PARA GESTÃO DE RESÍDUOS DE CONSTRUÇÃO CIVIL NOS PEQUENOS MUNICÍPIOS ... 43

3 MÉTODO DE PESQUISA ... 49

3.1 ESTRATÉGIA DE PESQUISA ... 49

3.2 DELINEAMENTO ... 49

4 RESULTADOS ... 55

4.1 ÓRGÃOS DE FISCALIZAÇÃO ... 55

4.2 EMPRESAS DE CONSTRUÇÃO CIVIL ... 56

4.3 EMPRESAS RESPONSÁVEIS PELA RETIRADA DE ENTULHOS ... 62

5 CONCLUSÃO... 64

5.1 SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS ... 66

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1 INTRODUÇÃO

A presente pesquisa tem como tema a gestão de Resíduos de Construção Civil e Demolição (RCD) no município de São Luiz Gonzaga/RS. É preciso maior atenção ao meio sustentável, para que as futuras gerações não sofram em escalas maiores com os problemas ambientais que já se fazem presentes, por isso são necessárias medidas de controle de resíduos, visando o correto manuseio e descarte destes. Esse trabalho consiste em pesquisar sobre a classificação e destinação dos Resíduos de Construção Civil e Demolição no município de São Luiz Gonzaga.

1.1 CONTEXTO

Nos últimos anos, a construção civil no Brasil vem crescendo sua participação na economia nacional, para Nagalli (2014) cerca de 15% do PIB brasileiro é do setor da construção, o que torna um dos mais importantes ramos de produção do país. A construção civil é um importante segmento da indústria brasileira. A área de construção civil para Fibra (2017), tem o grande potencial de gerar crescimento na economia, ou seja, o campo de construção civil é responsável em movimentar a economia e gerar empregos, o que é visto em muitas reportagens nos meios de comunicação de massa, por isso Nagalli (2014) salienta a necessidade de um sistema de comunicação eficiente, para que essas partes interajam entre si. A extrema importância da construção civil na vida das pessoas todos os dias, além de ser vantajoso financeiramente, também é um dos mais importantes campos de geração de emprego para a população, é um dos pilares mais importantes do Brasil, pois ele influencia diretamente na arrecadação do governo.

A indústria da construção civil apresenta particularidades, e dentre suas principais características estão o elevado desperdício e o grande impacto ambiental gerado em termos de volume de resíduos gerados e matéria-prima consumida. A maioria dos profissionais da construção civil ignora a quantidade de resíduos sólidos gerados através das atividades do setor da construção civil, que no Brasil é estimado em 31 milhões de tonelada por ano (MARINHO, 2018, p.14).

Na atualidade, a produção dos materiais da construção devido ao amplo papel na economia, se tornou um grande causador de volume de resíduos, os quais afetam diretamente ao meio ambiente e por ser vantajoso para o crescimento econômico, ele se tornou agravante para a saúde. Devido a sua vasta utilização, de acordo com Rocha e Castro (2016) grande parte dos resíduos sólidos gerados no mundo é constituída por resíduos da construção civil (RCC). A escassez de

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espaço físico para a deposição destes resíduos apresenta-se como um dos principais problemas. Por isso deve-se ter maior cuidado com o deposito irregular e irresponsável dos resíduos, pois a construção civil está para ajudar o país a crescer e, como afirma Pedrozo (2014), a vários anos encontra-se em evidência, no quesito desenvolvimento econômico e social do Brasil. Contudo, a construção civil também se encontra como grande gerador de impactos ambientais, modificando paisagens e aumentando significativamente a geração de resíduos. É cada vez mais claro que existem problemas que necessitam de solução urgente, principalmente no meio ambiente urbano.

Os resíduos da construção civil refletem um grave problema em muitas cidades brasileiras. A disposição irregular desses resíduos pode gerar problemas de ordem estética, ambiental e de saúde pública, representando também um problema que sobrecarrega os sistemas de limpeza pública municipais, visto que, no Brasil, os RCC podem corresponder de 50 a 70% da massa dos resíduos sólidos urbanos (BRASIL, 2005).

A medida de gerenciamento de resíduos surgiu como forma de solução para esse grande problema no meio ambiente e saúde da população. A gestão de resíduos no Brasil é regulamentada pelo Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA) em acordo e parcerias com órgãos estaduais e municipais. Este conselho criou a Resolução n° 307, 5 de julho de 2002, que estabelece diretrizes, critérios e procedimentos para a gestão de resíduos da construção civil. O número de entulho de resíduos sólidos gerados diariamente nas áreas urbanas em todo o mundo é de um valor inestimável. Por esta razão, torna-se importante o surgimento de medidas de gerenciamento sustentável, as quais visem minimizar a interferência que tais materiais causam a saúde humana e ao meio ambiente.

O descarte de resíduos gera enorme responsabilidade, pois está diretamente ligado ao saneamento básico da população. Nagalli (2014) cita que também existe outras resoluções do Conama, embora não tratem especificamente de resíduos de construção, têm reflexo direto sobre o seu sistema de gerenciamento. De acordo com o Ministério do Meio Ambiente (MMA) a partir de agosto de 2010, baseado no conceito de responsabilidade compartilhada, a sociedade passou a ser responsável pela gestão ambientalmente adequada dos resíduos sólidos. Agora o cidadão é responsável não só pela disposição correta dos resíduos que gera, mas também é importante que repense e reveja o seu papel como consumidor (MMA, 2014).

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O setor privado, por sua vez, fica responsável pelo gerenciamento ambientalmente correto dos resíduos sólidos, pela sua reincorporação na cadeia produtiva e pelas inovações nos produtos que tragam benefícios socioambientais, sempre que possível. Os governos federal, estaduais e municipais são responsáveis pela elaboração e implementação dos planos de gestão de resíduos sólidos, assim como dos demais instrumentos previstos na Lei nº 12.305/10, que institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos (MMA, 2014). O gerenciamento dos resíduos constituídos da construção civil não deve ter ação corretiva e sim uma ação pedagógica, criando oportunidade para que as empresas envolvidas possam exercer suas responsabilidades sem produzir impactos socialmente negativos.

[...] algumas empresas de construção adotam Sistema de Gestão Ambiental (SGAs) cuja certificação assegura à sociedade que as questões ambientais são consideradas nas decisões da empresa. Porém a certificação não necessariamente resulta em menor geração de resíduos e impactos ambientais (NAGALLI, 2014, p.55).

Nagalli (2014) enfatiza que por se tratar de uma preocupação recente, a questão dos resíduos da construção e da demolição vem aos poucos e de maneira crescente sendo regulada em vários municípios que já disciplinaram a matéria: Belo Horizonte, Campo Grande, Cuiabá, Curitiba, Natal, Porto Alegre, Recife, Rio de Janeiro, São Luís e São Paulo. Devido essa totalidade, deve-se procurar formas para reduzir o impacto ambiental e a proliferação de doenças por causa do acumulo de resíduos gerados pelo setor de construção civil. Cada município tem sua gestão, destinação e solução dos resíduos, devendo o órgão responsável qualificado solucionar possíveis problemas. Nesta situação, a Associação Brasileira para Reciclagem de Resíduos de Construção Civil e Demolição, ou seja, a ABRECON (2018) destaca que a iniciativa de sensibilizar governos e a sociedade sobre a problemática do descarte irregular dos resíduos da Construção e oferecer soluções sustentáveis surgiu das empresas recicladoras de entulho. O surgimento da ABRECON para a sociedade é um marco de grande importância, pois ela representa o setor de reciclagem de entulho no aperfeiçoamento de projetos, leis e programa visando reutilizar e reciclar o resíduo gerado. Quanto as disposições irregulares dos resíduos de construção civil no ambiente urbano, pode-se dizer que são o resultado da inexistência de soluções eficazes para a captação destes resíduos, da falta de uma fiscalização eficiente e, até mesmo, da falta de conscientização da população quanto aos danos provocados pelos descartes indiscriminados do entulho em locais inadequados. O descarte irregular dos resíduos provoca danos no ambiente urbano, geram

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problemas de ordem ambiental, social e econômica, pois comprometem o meio ambiente, promovem a redução da qualidade de vida da população e aumentam os custos com a limpeza urbana (AQUINO, 2004). Ainda, Conama (2002), diz que grandes geradores têm a obrigação de elaborar Projetos de Gerenciamento de Resíduos da Construção Civil.

O tema escolhido é um dos assuntos mais abordados no nosso cotidiano, sendo muito relevante e de grande importância a discussão deste dentro da sociedade, devido aos grandes volumes gerados todos os dias, sendo de ampla responsabilidade dentro da administração pública, pois impactam o ambiente urbano e constituem local propício a proliferação de vetores de doenças, aspectos que irão aumentar os problemas de saneamento nas áreas urbanas.

Em 2002, a Resolução CONAMA 307 (BRASIL, 2002), alterada pela Resolução 348/2004 (BRASIL, 2004) determinou que o gerador é o responsável pelo gerenciamento desses resíduos. Essa determinação representou um avanço legal e técnico, estabelecendo responsabilidades aos geradores, tais como a segregação dos resíduos em diferentes classes e o seu encaminhamento para reciclagem e disposição final adequada.

1.2 PROBLEMA

Nagalli (2014 apud YUAN et al., 2012) cita que nas últimas décadas, os resíduos de construção e de demolição (RCD) vêm recebendo atenção crescente por parte de construtores e pesquisadores em todo mundo. É uma consequência de que os Resíduos de Construção Civil e Demolição estão se tornando um dos principais geradores de poluição ambiental.

Devido ao consumo descontrolado de recursos naturais, Carneiro (2005) explica que podem causar acidentes de proporções catastróficas. Por isso deve-se ser estudado o tema de Resíduos de Construção Civil e Demolição, a sua destinação irresponsável pode causar problemas muito significativos na vida do ser humano em geral. Pode-se dizer que o sistema de gestão de resíduos visa reduzir, reutilizar ou reciclar resíduos, incluindo planejamento, responsabilidades, práticas, procedimentos e recursos para desenvolver e programar as ações necessárias ao cumprimento das etapas em programas e planos (NAGALLI, 2014, p.20). Este assunto vem ganhando importância e destaque no cenário nacional, especialmente pela aprovação da Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), em 2010, que regulamentou o setor, impondo diversas obrigações aos governantes e às corporações, buscando sempre a qualidade produtiva, da segurança e ambiental em todas as obras.

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1.2.1 Questão de Pesquisa

A questão que marca o presente estudo é: há classificação e destinação no município de São Luiz Gonzaga conforme as leis e normas que regulamentam os Resíduos de Construção Civil e Demolição?

1.2.2 Objetivos de Pesquisa

Identificar as principais fontes de geração de Resíduos de Construção Civil e Demolição no Município de São Luiz Gonzaga/RS e verificar o controle da classificação e destinação dos mesmos.

Como objetivos específicos tem-se:

 Pesquisar na bibliografia como deve ser feito o gerenciamento dos resíduos na Construção Civil.

 Confrontar o município de São Luiz Gonzaga/RS se é realizado o gerenciamento de RCC e RCD conforme as normativas nacionais.

1.2.3 Delimitação

Este trabalho consiste em uma pesquisa bibliográfica relacionada no plano de Gerenciamento de Resíduos de Construção Civil no município de São Luiz Gonzaga – RS.

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2 REVISÃO DA LITERATURA

No presente capítulo serão tratados os principais assuntos relacionados ao desenvolvimento do estudo sobre a gestão de resíduos de construção civil e demolição, com base em autores com conceitos indispensáveis para o desenvolvimento deste trabalho. Neste embasamento teórico, os próximos tópicos abordarão o surgimento da construção civil, impactos ambientais da construção civil, resíduos de construção civil, gestão e gerenciamento de resíduos no Brasil e legislação para gestão de resíduos de construção civil nos pequenos municípios.

2.1 SURGIMENTO DA CONSTRUÇÃO CIVIL

Neste tópico, será abordado o surgimento da Construção Civil, visto que esse é um dos setores de maior importância no desenvolvimento da economia populacional. O aparecimento da Construção Civil é um fato marcado pelo aumento das necessidades sociais e, consequentemente, pelo aumento da população e busca pelo seu espaço. Como descreve Mikail (2013), que o papel da Construção Civil está diretamente ligado com o bem-estar da população, abrangendo também princípios de cidadania como inclusão social e divisão entreespaços particulares e públicos.

Teixeira; Carvalho (2005) citam como impacto direto na economia brasileira, bem como sua importância indireta e induzida para o desenvolvimento. O setor conquista um grande diferencial na vida das pessoas, pois além de vigorar a economia, é responsável pela geração de empregos.

A construção civil no país é crescente e infere o desenvolvimento econômico para a construção civil e a geração de emprego, portanto, é uma atividade que encontra relacionada a diversos fatores do setor que contribui para o desenvolvimento regional, a geração de empregos e mudanças para a economia, ou seja, a elevação PIB e tendo em vista seu considerável nível de investimentos e seu efeito multiplicador sobre o processo produtivo (OLIVEIRA; OLIVEIRA, 2012, p. 02).

Desde os primórdios até os dias atuais, a construção sempre esteve presente na sociedade. A necessidade de abrigo, conforto e amparo faziam com que indivíduos buscassem (e até mesmo criassem) lugares apropriados para refúgio e proteção, seja individual, de sua família ou de seus bens. Para isso, recursos naturais eram utilizados como ferramentas provisórias e improvisadas, visando a segurança e defesa pessoal.

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O ser humano sempre se valeu de recursos naturais para atender as suas necessidades. Inicialmente pelo uso de peles de animais para vestimentas e, na sequência, pelo emprego de instrumentos para confecção de objetos, ferramentas e armas. Em seguida, o domínio do processo de geração e controle do fogo o possibilitou aprimorar seu sistema de proteção, e ele pôde entrar e permanecer nas cavernas. Então, com as novas formas de organização social e familiar e o advento da agricultura, o homem pôde deixar de ser nômade e se estabelecer em um único local (NAGALLI, 2014, p.7).

Como observado, nos períodos mais antigos “o homem utilizava de qualquer material disponível na natureza que pudesse ser transformado em abrigo, como pedras em sua forma bruta e madeiras encontradas em seu espaço” (RIBEIRO, 2011). Esse procedimento possibilitava ao sujeito a coleta e seleção de materiais, identificando elementos úteis e adequados e realizando o descarte dos demais.

Com o passar dos anos e com os avanços tecnológicos ocorridos ao longo do tempo, o homem se tornou capaz de extrair da natureza novos materiais, produzindo insumos que lhes permitissem melhorar a qualidade e a segurança de suas construções. Os primeiros materiais a serem empregados nas construções antigas foram a pedra natural e a madeira, por estarem disponíveis na natureza. O ferro, o aço e o concreto só foram empregados nas construções séculos mais tarde (BASTOS, 2006).

A partir da necessidade de construir cada vez mais abrigos para os indivíduos, alguns deles começaram a utilizar da construção como forma de profissão, melhorando assim, a qualidade das construções realizadas. Com o tempo e o surgimento da educação formal, surgiram as escolas e universidades que forneciam conhecimentos técnicos para o desenvolvimento da profissão, formando os engenheiros (RIBEIRO, 2011).

Pode-se observar que a construção sempre esteve presente no cotidiano e atrelada ao corpo social, tornando-se fundamental não só na vida e sobrevivência de todos os indivíduos, mas também no desenvolvimento econômico do país, visto que a construção civil e economia estão intrinsecamente ligados, já que a indústria da construção promove incrementos capazes de elevar o crescimento econômico. Para Texeira (2010), isso ocorre principalmente pela proporção do valor adicionado total das atividades, como também pelo efeito multiplicador de renda e sua interdependência estrutural. A necessidade de mão-de-obra qualificada, somada ao aumento da demanda de novos materiais, acaba por acarretar na geração de novos empregos.

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Apesar dos avanços tecnológicos, o trabalho manual não pode ser substituído. Nos dias atuais, sabemos que as construções não dependem exclusivamente do trabalho manual, entretanto, as tecnologias não puderam substituir a presença humana nas obras, devido a “características humanas como criatividade e inteligência emocional, que favorece as relações humanas e a flexibilidade cognitiva” (ALMSTRÖM, 2017), diferentemente da tecnologia, que apenas substitui atividades rotineiras e mecanizadas. Além disso, a presença de pessoas estabelece condições de relações sociais e de negociações.

As modificações nos meios sociais vêm ocorrendo com grande continuidade e, diante delas, o perfil de trabalhador no mercado e das pessoas vem sendo remodelado, impactando sobre as relações sociais, comerciais e trabalhistas de modo geral. Atualmente, pessoas constroem suas residências voltadas a outras necessidades essenciais. Além do abrigo, indivíduos procuram em suas construções o conforto, espaço apropriado e adequado, segurança e, principalmente, prezam pelo status na sociedade por meio de suas casas, visto que o desenvolvimento social e a melhoria das condições financeiras dos indivíduos permitem a busca por novas características estéticas e utilizações de materiais mais requintados para as construções (RIBEIRO, 2011).

O processo de crescimento da urbanização ocorreu rapidamente. As cidades cresceram de modo tão abundante que os espaços se tornaram limitados para quem quisesse adquirir um lugar, surgindo a necessidade de desenvolver construções verticais que ocupassem pouco espaço no solo e aproveitassem o espaço que não vinha sendo utilizado: a altitude. “Quando nos referimos a habitação e o acelerado avanço nesse crescimento populacional, exigimos atenção especial no que concerne a estruturação da organização espacial. ” (OLIVEIRA; OLIVEIRA, 2012, p. 02). Além disso, um planejamento mais técnico e apurado passou a ser demandado no mercado da construção (CARVALHO; FIGUEIREDO FILHO, 2012).

Construir no sistema atual é de grande responsabilidade, uma vez que os profissionais precisaram estar preparados e habilitados para compreender os riscos, efetuar cálculos e desenvolver construções seguras e duráveis (CARVALHO; FIGUEIREDO FILHO, 2012).

Coelho (2014) ressalta que não se pode descrever a construção civil apenas como a construção de estruturas diversas, na realidade, as atividades da construção são muito mais amplas e complexas, já que atividades de preparação de terreno, instalações de materiais e equipamentos adequados, obras de acabamento, construções novas ou grandes reformas, restauração e manutenção corrente estão presentes e fazem parte dessas mesmas atividades.

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Além dos fatores citados anteriormente, a construção civil é uma atividade econômica que representa uma parcela importante do produto interno bruto de qualquer país e tem efeitos significativos na empregabilidade de mão de obra (UNIEMP, 2010). A construção vem se revelando cada vez mais avassaladora para o crescimento do sistema econômico de um país, pois esse setor é um dos grandes responsáveis pela capacitação de mão de obra, diminuindo significativamente as taxas de desemprego, por haver uma gama grande de variedade de atividades. Partindo dessa afirmativa, a Construção Civil como um todo afeta diretamente a economia de um país. Por esse motivo, esse ramo é de extrema importância para o desenvolvimento nacional, responsável em gerar prosperidade, gera emprego e renda para a nação e favorece no aprimoramento de recursos tecnológicos empreendedores. É reconhecida como uma das mais importantes atividades para o desenvolvimento econômico e social do país, contudo, é responsável por criar impactos ambientais devido ao grande consumo de matéria-prima, alteração de paisagem e, principalmente, a geração de resíduos. Barbisan et al. (2011) explanam que os impactos, além de ambientais, também influenciam o meio social, econômico e visual, já que a construção civil e suas variadas atividades podem oferecer riscos aos profissionais e indivíduos envolvidos nesse setor.

De fato, a sociedade não deve agredir o meio ambiente, ou seja, como se refere Nagalli (2014) as premissas básicas de gerenciamento costumam prever a não geração de resíduos, em consonância com o que preconiza a Política Nacional de Resíduos Sólidos. Todos os elementos gerados pela construção ou demolição, devem ser aproveitados ou minimizados, sendo reutilizados ou reciclados, contribuindo para a saúde ambiental.

2.2 IMPACTOS AMBIENTAIS DA CONSTRUÇÃO CIVIL

Pensar em preservação ecológica não é apenas estar em um espaço central, no que se diz, estar na moda, para ter uma relevância dentro da sociedade. Melo (2001) descreve que o problema ecológico se tornou vital para a grande parte dos habitantes do planeta, sendo a proteção do meio ambiente um direito fundamental da pessoa humana. Para se obter qualidade de vida é necessário a preservação e proteção da existência, oportunizando condições apropriadas para a sociedade atual e futuras gerações.

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Sabemos que a questão ambiental é sinônimo de um futuro mais saudável e sustentável, acontece que as interferências nesse meio dizem respeito a problemas antigos, atualmente agravados pelas ações nocivas do homem ao meio ambiente. Segundo Marinho (2018), essas intervenções podem ser consideradas como consequência normal do progresso econômico e tecnológico, onde:

Tudo começou a partir da Revolução Industrial quando se verificou a intensificação do processo de exploração dos recursos naturais, provocando grandes transformações econômico-sociais, tendo começado na Inglaterra no século XVIII e se espalhado por grande parte do hemisfério norte durante todo o século XIX e início do século XX. Até então não havia uma consciência social acerca do problema ambiental (MARINHO, 2018, p.13).

Os resíduos são de fato um dos maiores problemas ambientais. A norma NBR 10004 (ABNT, 2004) define resíduo sólido como qualquer forma de matéria ou substância (no estado sólido ou semissólido), que resulte de atividades industriais, domésticas, hospitalares, comerciais, agrícolas, de serviços, de varrição e de outras atividades da comunidade capaz de causar poluição ou contaminação ambiental.

Em concordância com a Associação Brasileira de Empresa de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (Abrelpe, 2012), estima-se que, em 2012, os municípios brasileiros coletaram mais de 35 milhões de toneladas de RCDs, que representa cerca de 55% de todo o resíduo sólido urbano (RSU) coletado naquele ano.

Os Resíduos de Construção Civil mal administrados podem provocar uma sequência de impactos ambientais. Na maioria das vezes, esses resíduos são retirados da obra e dispostos clandestinamente em locais como terrenos baldios, margens de rios e de ruas das periferias, gerando uma série de problemas ambientais e sociais, como a contaminação do solo por gesso, tintas e solvente; a proliferação de insetos e outros vetores contribuem para o agravamento de problemas de saúde pública, afetando assim, a vida humana (MENDES, 2004). A resolução Conama nº001 (CONAMA, 1986, p.1) definiu impacto ambiental como:

Qualquer alteração das propriedades física, químicas e biológicas do meio ambiente, causada por qualquer forma de matéria ou energia resultante das atividades humanas que, direta ou indiretamente, afetam: a saúde, a segurança e o bem-estar da população; as atividades sociais e econômicas; a biota; as condições estéticas e sanitárias do meio ambiente; a qualidade dos recursos ambientais.

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Apesar do grande acumulo de toneladas de Resíduos de Construção Civil e Demolição, é realizada a tentativa de melhor conscientização na população, como citado por Nagalli (2014, p.8):

Atualmente o que se observa é uma sociedade que, embora mais consciente com relação a alguns aspectos de consumo, continua a compelir o indivíduo a consumir, fortemente estimulada por grupos econômicos que buscam a continuidade de suas atividades lucrativas. Por outro lado, surgem iniciativas que propõem minimizar a geração dos resíduos, melhorar seu uso e seu transporte, fornece tratamento adequado, reciclar etc. A crescente demanda por construções sustentáveis, denominadas “verdes”, e das novas exigências de consumidores, legisladores e auditores de processos de certificação ambiental, por exemplo, começam a impor uma melhor adequação dos processos das construtoras e empreendedoras nesse sentido.

Assim, os resíduos da construção civil são capazes de ser agentes de degradação da qualidade ambiental na quantidade em que interagem com vários aspectos ambientais.

A interação entre os diversos compartimentos e componentes ambientais e os resíduos da construção e demolição como parte destas interações leva à conclusão de que pensar a sustentabilidade na construção deve ir além de investigar as emissões de carbono de determinado material. Assim, a engenharia contemporânea deve considerar também aspectos sociais, econômicos e culturais. (NAGALII, 2014, p.58).

Segundo Curitiba (2006 apud NAGALII, p.12), outro tópico que costuma gerar dúvida é o conceito de lixo. A maioria dos dicionários da língua portuguesa explica que é aquilo que não se deseja mais, sem utilidades, que se quer descartar.

Na área de gestão de resíduos, entende-se por lixo os restos das atividades considerados pelos geradores como inúteis, indesejáveis ou descartáveis e que se apresentam, geralmente, em estado sólido, semissólido ou semilíquido.

Por lixo domiciliar entende-se aquele originado da vida diária das unidades familiares, constituídos por cascas de frutas, verduras, produtos deteriorados, restos de alimentos, jornais, revistas, embalagens em geral, papel higiênico, fraldas descartáveis, entre outros. Já o lixo comercial é entendido como aquele originado dos diversos estabelecimentos comerciais e de prestação de serviços. E o lixo público é aquele oriundo de limpeza de vias públicas (Curitiba, 2006). Existem também os resíduos ambulatoriais e os resíduos de serviços de saúde, estabelecidos e classificados segundo a Resolução Conama nº283 (Conama, 2001), gerados no atendimento emergencial a acidentes de trabalho . (CURITIBA, 2006).

Outro conceito que costuma ser gerador de problemas no gerenciamento de resíduos é o conceito de caliça, também entendido por entulho ou metralha. A Resolução 307 do CONAMA (2002) explica ser resíduos provenientes de construções, reformas, reparos e demolições de obras

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de construção civil, tais como: tijolos, blocos cerâmicos, concreto em geral, solos, rochas, metais, madeira e compensados, fiação elétria [...].

Embora seja difundido que a caliça seja passível de reaproveitamento, por causa de sua heterogeneidade composicional, nem sempre é o que ocorre, porque em meio à caliça podem estar presentes materiais indesejáveis, tais como metais, plásticos, contaminantes etc., os quais, durante determinados tipos de beneficiamento (cominação sem segregação prévia, por exemplo), podem acarretar problemas ou acidentes nos equipamentos mecânicos ou em materiais secundários de baixa qualidade. Assim, sempre que possível, é desejável que os resíduos que compõem a caliça sejam segregados e classificados ainda na fonte (NAGALLI, 2014, p.12).

Por isso deve-se ser feito a classificação correta de cada tipo de material encontrado nas obras, para ter destinação correta. Os materiais de construção também são classificados, segundo Nagalli (2014) em matéria-prima primaria ou matéria-prima secundária. Matérias-primas primarias são as matérias naturais, “virgens”, de origem mineral ou vegetal, que necessitam ser processados antes de sua utilização.

Eles são, em geral, homogêneos (na medida em que não estão contaminados com outros materiais), e, como exemplos, têm-se a pedra britada, a areia, a argila e os derivados de petróleo no concreto asfáltico. Já as matérias-primas secundarias são aquelas que foram recuperadas ou que podem ser reutilizadas. Esses materiais necessitam ser coletados, separados, classificados, preparados ou tratados antes de seu uso. Raramente são uniformes (NAGALLI, 2014, p.13).

A construção civil, nos moldes como é hoje conduzida, apresenta-se como grande geradora de resíduos. Barbisan et al. (2011) relatam que toda a intervenção feita pelo homem pode causar impactos ao meio ambiente, assim como no meio social e econômico. Os resíduos gerados nas atividades de Construção Civil têm grande responsabilidade nos impactos no meio ambiental urbano, sem a solução adequada, propiciam a proliferação de doenças, sendo aspectos que aumentam os problemas de saneamento nas áreas urbanas.

Para construirmos qualquer edificação, necessitamos sempre de um planejamento inicial e final da obra, pois toda edificação construída é geradora de resíduos, produzindo impactos ambientais e sociais. Barbisan et al. (2011) ressaltam que devemos utilizar novos materiais ou simplesmente organizar o canteiro de obra para que os resíduos da construção sejam menores e não tenham um grande impacto, já que os materiais da construção civil não são renováveis.

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Conforme SindusCon (2005) a estocagem deve obedecer aos seguintes critérios básicos: classificação, frequência de utilização, empilhamento máximo, distanciamento e alinhamento entre as pilhas, distanciamento do solo e preservação do espaço operacional. Tudo dependerá do material e quantidade do resíduo em cada obra, de sua classificação, seu acondicionamento e armazenamento.

O Setor da Construção Civil é o maior consumidor dos recursos naturais do mundo. Nagalli (2014) cita que os resíduos de construção e de demolição, além de potencialmente degradadores ao meio ambiente, ocasionam problemas logísticos e prejuízos financeiros. A Construção Civil ocupa posição de destaque na economia nacional, representada pela significativa parcela do Produto Interno Bruto (PIB). Em contrapartida, a indústria também é responsável por cerca de 50% de CO2 lançados na atmosfera e por quase metade dos resíduos sólidos gerados no mundo (JOHN, 2000). A poluição provoca profundas alterações na paisagem do meio ambiente, sendo o ser humano responsável por todo esse embate.

Sicepot (2014) descreve que no dia a dia das obras, deve-se tomar cuidados no consumo dos materiais para evitar o uso inadequado e o desperdício, além de evitar a geração excessiva e desnecessária de resíduos. Os impactos ambientais, sociais e econômicos gerados pela quantidade expressiva do entulho e o seu descarte inadequado impõem a necessidade de soluções rápidas e eficazes para a sua gestão adequada. Daí decorre a prioridade de uma ação conjunta da sociedade, os poderes públicos, setor industrial da construção civil e sociedade civil organizada na elaboração e consolidação de programas específicos que visem à minimização desses impactos. As políticas ambientais relacionadas ao tema devem voltar-se para o adequado manuseio, redução, reutilização, reciclagem e disposição desses resíduos (CASSA et al; 2001).

Segundo Ângulo et al. (2001) os resíduos sempre são gerados para bens de consumo duráveis (edifícios, pontes e estradas) ou não duráveis (embalagens descartáveis). Neste processo, a produção quase sempre utiliza matérias primas não renováveis de origem natural. O setor de construção civil também é o maior gerador de poluição do mundo, com isso a destinação de resíduos vem se tornando o maior problema ambiental do século XXI. O gerenciamento de resíduos e a educação ambiental é de imensa relevância para a elaboração dos planos de governo.

De acordo com Barbisan et al. (2011), os RCC podem causar impactos que influenciam o ecossistema podendo alterá-lo drasticamente ou até provocar sua extinção, por meio de inundação

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de grandes áreas, corte de vegetações, impermeabilização do solo e a sua fase de construção que acaba gerando ruídos, resíduos, etc.

Sabe-se que a sustentabilidade possui três dimensões: ambiental, social e econômica. Os resíduos de construção e de demolição repercutem nessas três dimensões concomitantemente, quer pelos impactos ao meio ambiente, quer por atividades humanas na cadeia da reciclagem (que não só buscam atenuar mazelas sociais, como também geram emprego e renda – macro e microeconomias) (NAGALLI, 2014, p.9).

Segundo Miotto (2013), são vários os motivos que justificam a geração excessiva de RCC, não apenas se detento à construção de novas obras, reformas ou demolições já existentes. A baixa qualificação da mão de obra, técnica construtiva de pouca tecnologia que não emprega princípios de racionalização, falhas nos métodos de transporte dos materiais nos canteiros de obras, excesso de produção de materiais e de embalagens auxiliam para a crescente e desenfreada geração de resíduos. Podemos elencar também as construções defeituosas que demandam a demolição e reconstrução, uso de materiais com vida útil reduzida, urbanização desordenada que gera construções com falhas e que acabam demandando adaptações e reformas, aumento do poder aquisitivo da população (facilitando o desenvolvimento da construção civil) e desastres naturais ou provocados pelo homem.

Essa crescente e desenfreada geração de resíduos vem exigindo cada vez mais soluções diversificadas de forma a reduzir o descarte de materiais e encaminhamentos para os aterros. (FRIGO, SILVEIRA; 2012).

2.3 RESÍDUOS DE CONSTRUÇÃO CIVIL (RCC)

Conforme John (2010) os Resíduos da Construção Civil são chamados comumente de entulhos e tecnicamente são definidos como todo resíduo de material usado na realização de etapas de obras em atividades de construção civil, podendo ser provenientes de obras de infraestrutura, demolições, reformas, restaurações, reparos, construções novas, assim como um conjunto de fragmentos ou restos de pedregulhos, areias, materiais cerâmicos, argamassa, aço, madeira, dentre outros.

Devido à grande quantidade de resíduos da Construção Civil e Demolição, medidas mais precisas devem ser realizadas afim de controlar e minimizar a gravidade da poluição. Desta forma,

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as medidas de classificação dos materiais poluentes foram criadas. É imprescindível o entendimento dessa questão quando se busca aplicar a classificação apresentada pela norma técnica NBR 10004 (ABNT, 2004), que estabelece um sistema de classificação de resíduos sólidos (classes I: perigosos; IIA: não inertes; IIB: inertes).

Marinho (2018) explica que a preocupação com o problema de resíduos da construção civil vem se consolidando como uma prática importante dentro da concepção de desenvolvimento sustentável, tendo em vista que é enorme a quantidade de resíduos gerados nas atividades da construção civil, desde reformas, ampliações e demolições, consequentemente ocasionando a destinação final. Quando essa mesma destinação não é realizada em compatibilidade com o conjunto de leis, impactos ambientais críticos podem ser ocasionados.

Os resíduos de demolição requerem tratamento especial já que seus geradores usualmente não possuem qualquer influência sobre o processo de associação que acontece entre os resíduos. Uma vez misturados, os resíduos de demolição tornam-se de difícil separação. Outro agravante é que os materiais de demolição são compostos por materiais “obsoletos”, ou seja, originados em processos construtivos que não comtemplavam o viés do gerenciamento contemporâneo. Assim, o gerenciamento dos resíduos associados ganha mais importância na medida em que os serviços de desconstrução precisam contemplar ações de segregação de resíduos na fonte (NAGALLI, 2014, p.11).

Os resíduos de Construção Civil (RCC) estão presentesem todo e qualquer tipo de obra. Os resíduos de construção civil podem representar 61% dos resíduos sólidos urbanos (em massa) (PINTO, 2005). A lei 12.305 (Política Nacional de Resíduos Sólidos) da PNRS, de 2010, define resíduos da construção civil como os gerados nas construções, reformas, reparos e demolições de obras na construção civil, incluídos os resultantes da preparação e escavação de terrenos para obras civis. A definição de resíduos sólidos presente na norma brasileira NBR 10.004 da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT, 2004, p.1) é:

[...] resíduos nos estados sólido e semi-sólido, que resultam de atividades da comunidade, de origem industrial, doméstica, hospitalar, comercial, agrícola, de serviços e de varrição. Ficam incluídos nesta definição os lodos provenientes de sistemas de tratamento de água, aqueles gerados em equipamentos e instalações de controle de poluição, bem como determinados líquidos cujas particularidades tornem inviável o seu lançamento na rede pública de esgotos ou corpos de água, ou exijam para isso soluções técnicas e economicamente inviáveis em face à melhor tecnologia disponível.

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O Conselho Nacional do Meio Ambiente, o CONAMA (2002, p.1), define também resíduos de construção como:

[...] os provenientes de construções, reformas, reparos e demolições de obras de construção civil, e os resultantes da preparação e da escavação de terrenos, tais como: tijolos, blocos cerâmicos, concreto em geral, solos, rochas, metais, resinas, colas, tintas, madeiras e compensados, forros, argamassa, gesso, telhas, pavimento asfáltico, vidros, plásticos, tubulações, fiação elétrica etc., comumente chamados de entulhos de obras, caliça ou metralha.

Desta forma, os resíduos estão presentes em todos os lugares e devido à falta de conscientização da população, eles acabam afetando diretamente o ambiente em que as pessoas vivem. Assim sendo, Carneiro (2005) ressalta que todas as atividades atualmente desenvolvidas pela sociedade, em especial no meio urbano, são potencialmente geradoras de impactos ambientais negativos. Barbisan et al. (2011) afirmam que o Brasil é responsável por 685.000.000 de toneladas de entulhos, o que gera custos para a coleta, transporte e deposição destes resíduos, já que a construção civil utiliza de materiais não renováveis. Em razão disso, faz-se necessário um controle dos tipos de materiais que provém dos canteiros de obra. A maneira correta de se realizar esse procedimento é através da classificação dos resíduos da Construção Civil no Brasil, por meio da Resolução 307 (CONAMA, 2002, p.3), classificando os materiais em quatro tipos: as classes A, B, C e D:

Art. 3º. Os resíduos da construção civil deverão ser classificados, para efeito desta Resolução, da seguinte forma:

I – Classe A – são os resíduos reutilizáveis ou recicláveis como agregados, como: a) de construção, demolição, reformas e reparos de pavimentação e de outras obras de infraestrutura, inclusive solos provenientes de terraplanagem;

b) de construção, demolição, reformas e reparos de edificações: componentes cerâmicos (tijolos, blocos, telhas, placas de revestimento etc.), argamassa e concreto;

c) de processo de fabricação e/ou demolição de peças pré-moldadas em concreto (blocos, tubos, meio-fios, etc.) produzidas nos canteiros de obras;

II – Classe B - são os resíduos recicláveis para outras destinações, tais como: plásticos, papel/papelão, metais, vidros, madeiras e outros;

III – Classe C - são os resíduos para os quais não foram desenvolvidas tecnologias ou aplicações economicamente viáveis que permitam a sua reciclagem/recuperação, tais como os produtos oriundos do gesso;

IV – Classe D: são resíduos perigosos oriundos do processo de construção, tais como tintas, solventes, óleos e outros ou aqueles contaminados ou prejudiciais à saúde oriundos de demolições, reformas e reparos de clínicas radiológicas, instalações industriais e outros, bem como telhas e demais objetos e materiais que contenham amianto ou outros produtos nocivos à saúde.

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Quando analisado o art. 3º da Resolução 307, os resíduos da Classe A são gerados, principalmente, na fase de vedações e acabamento. Isso se deve, geralmente, à falta de planejamento dessas etapas construtivas. Com relação aos resíduos da Classe B (madeira, metais, papelão, plástico e vidro), Lacôrte, (2013) verificou a necessidade de separar os materiais contaminados (sacos de cimento) dos não contaminados (embalagens, plástico filme, aparas de tubulações, vidros planos), e ao adquirir um certo tipo de metal, observar as especificações técnicas do fabricante de modo que seja permitida a sua reciclagem ou venda posterior. Já os resíduos da Classe C não possuem aplicações posteriores, enquadrando-se aos produtos oriundos do gesso. A tecnologia utilizada em sua fabricação não permite a sua reciclagem ou recuperação, sendo totalmente descartado. Os resíduos que pertencem à Classe D são considerados nocivos à saúde humana, pois englobam as tintas, solventes, óleos, amianto, produtos contaminados de demolições, entre outros. Sua segregação e retirada deve ser feita imediatamente após a geração do resíduo a fim de que não contamine outro resíduo. Sua reutilização e reciclagem deve ficar por conta de empresas autorizadas que providenciem o eco-processamento de acordo com a legislação vigente (LACÔRTE, 2013).

Além da classificação, deve ser feita a melhor destinação dos seus materiais. O encaminhamento desses Resíduos de Construção Civil deve seguir os seguintes mecanismos, conforme especificação do art. 10 da Resolução 307 do Conama (2002, p.6):

Art. 10. Os resíduos da construção civil deverão ser destinados das seguintes formas: I – Classe A: deverão ser reutilizados ou reciclados na forma de agregados, ou encaminhados a áreas de aterro de resíduos da construção civil, sendo dispostos de modo a permitir a sua utilização ou reciclagem futura; II – Classe B: deverão ser reutilizados, reciclados ou encaminhados a áreas de armazenamento temporário, para permitir a sua utilização ou reciclagem futura; III – Classe C: deverão ser armazenados, transportados e destinados em conformidade com as normas técnicas específicas. IV – Classe D: deverão ser armazenados, transportados, reutilizados e destinados em conformidade com as normas técnicas específicas.

Os resíduos sólidos da construção civil estão presentes em qualquer tipo de obra existente, são materiais semelhantes aos agregados naturais e solos, porém, também podem conter tintas, solvente e óleos que se caracterizam como substâncias químicas que podem ser tóxicas ao ambiente ou à saúde humana (BRASIL, 2005), deste modo, os problemas que elas poderão causar

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futuramente precisam ser evitados. Para isso, a conscientização social é tão importante quanto a coleta e destinação adequada desses materiais.

A preocupação com o deslocamento também é de suma importância, pois afeta os aspectos ambientais. Segundo Nagalli (2014), essa logística, se bem executada, organiza a obra, reduz os custos de gerenciamento dos resíduos e os riscos aos trabalhadores. Basicamente, ocorrem dois tipos de transporte em uma obra: o interno e o externo. O transporte interno acontece no interior dos limites imediatos da obra a um destino externo (reciclagem, aterro industrial, coprocessamento etc.). Onde Nagalli (2014) também fala que o transporte interno dos resíduos cotidianos de uma obra é promovido pelos próprios operários, que se encarregam da coleta dos resíduos nos locais onde eles são gerados e os encaminham aos locais de armazenamento temporário.

O serviço de transporte externo dos resíduos é usualmente promovido por empresas terceirizadas especializadas. Eventualmente a própria construtora conduz seus resíduos até um destino externo. Esse serviço de coleta acontece por meio de contratos específicos, em que são previstos os tipos de resíduos transportados, a frequência e a respectiva remuneração, devendo-se observar também as orientações dos órgãos ambientais, gerando os respectivos Manifestos de Transporte de Resíduo (MTRs) (NAGALLI, 2014, p.128)

Para melhor aproveitamento dos materiais e também medida de redução de custos, as empresas determinam formas de reuso dos materiais através do aproveitamento interno de resíduos. Nagalli (2014) destaca que essa é uma das estratégias ao alcance de qualquer construtora. Pensar sobre os processos construtivos e o modo como são desenvolvidos são os primeiros passos na solução para o tratamento dos resíduos em uma obra. É preciso utilizar estratégias de reutilização, perceber novas formas de reaproveitamento e possibilitar maneiras de execução das atividades e identificação de problemas operacionais.

Essa caracterização, identificação e encaminhamento de resíduos, segundo Nagali (2014), deve ser feita por profissionais qualificados, por se tratar de um serviço técnico a ser realizado por um agente especializado. Nesse sentido, essa tarefa não deve ser delegada a funcionários não habilitados para a função.

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2.4 GESTÃO E GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS NO BRASIL

A gestão de resíduos da construção civil teve suas diretrizes, critérios e procedimentos principais estabelecidos pela Resolução Conama nº307 (CONAMA, 2002). Essa resolução define resíduos da construção civil como os provenientes de construções, reformas, reparos e demolições de obras de construção civil, e os resultantes da preparação e da escavação de terrenos, tais como: tijolo, blocos cerâmicos, concreto em geral, solos, rochas, metais, resinas, colas, tintas, madeiras e compensados, forros, argamassas, gessos, telhas, pavimentos asfálticos, vidros, plásticos, tubulações, fiações elétricas etc., comumente chamados de entulhos de obras, caliça ou metralha. Estão também incluídos como resíduos de construção os resultantes da preparação e da escavação de terreno, solos, concretos em geral, rochas, pa vimento asfálticos, tubulações e todos os entulhos de obra Muitos são os aspectos da Constituição Federal brasileira que tangenciam o gerenciamento de resíduos da construção. O artigo 225 da Constituição de 1988 prevê que “todos têm direito a um meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida”. Pelo fato de o gerenciamento desses resíduos ter como leito a crescente demanda por soluções técnicas ambientalmente amigáveis, destaca-se o Art. 225 (Cap. VI – do Meio Ambiente), que dispõe:

Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao poder público e à coletividade o dever de defende-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações. [...] As condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente sujeitarão os infratores, pessoas físicas ou jurídicas, a sanções penais e administrativas, independentemente da obrigação de reparar os danos causados (Brasil, 1988, p.36).

No decorrer do processo de planejamento, regulação e organização, o Brasil, nos últimos anos, criou diversas diretrizes, onde em 1981 foi criada a Política Nacional de Meio Ambiente (PNMA – Lei Federal nº6.938 – Brasil, 1981), que então iniciou o incentivo ao cuidado ambiental, criando todo o sistema administrativo e os órgãos que estão no Sistema Nacional do Meio Ambiente (Sisnama). O Sisnama é composto , segundo Nagalli (2014, p.18), com os seguintes órgãos:

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Conselho de Governo: órgão superior, sob cuja responsabilidade está em assessorar tecnicamente a presidência da República na elaboração da Política Nacional do Meio Ambiente e suas diretrizes.

Ministério do Meio Ambiente (MMA): órgão central; possui função de planejar, coordenar, controlar e supervisionar a Política Nacional do Meio Ambiente, bem como suas diretrizes, com a missão de congregar os vários órgãos e entidades que compõem o Sisnama.

Conselho Nacional do Meio Ambient e (Conama): órgão consultivo e deliberativo, cuja função é estabelecer normas e limites e/ou padrões federais de poluição ambiental, que deverão ser observados pelos Estados e Municípios, visando resguardar a salubridade ambiental. Assim, Estados e Municíp ios somente podem estabelecer outros padrões ou limites à poluição desde que de maneira restritiva, de modo a não se oporem à legislação federal.

Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama): possui a função de coordenar, fiscalizar, controlar, fomentar, executar e fazer executar a PNMA e a preservação e conservação dos recursos naturais. O Ibama foi criado pela Lei Federal nº7.735 (Brasil, 1989), com a missão de executar toda a política ambiental brasileira e promover a gestão das Unidades de Conservação (UCs). Em 2007, porém, os setores do Ibama responsáveis pela gestão das UCs foram desmembrados (Lei Federal nº11.516 – Brasil, 2007), dando origem a uma nova autarquia, o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio).

Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio): responsável pela gestão das UCs federais, tais como parques nacionais, estações ecológicas, áreas de proteção ambiental, entre outras; atua também na fiscalização e licenciamento dentro desses territórios.

Órgãos seccionais: órgãos ou entidades estaduais responsáveis pela execução de programas, projetos e pelo controle e fiscalização de atividades capazes de provocar a degradação ambiental (Lei Federal nº7.804 – Brasil, 1989). Alguns exemplos de órgãos seccionais: Instituto Ambiental do Paraná (IAP), Fundação do Meio Ambiente de Santa Catarina (Fatma), Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb) etc.

Órgãos locais: órgãos ou entidades municipais responsáveis pelo con trole e fiscalização dessas atividades nas suas respectivas jurisdições (Lei Federal nº7.804 – Brasil, 1989).

Além da Política Nacional do Meio Ambiente, iniciada em 1981, nasceram diversas outras políticas semelhantes: a Política Nacional de Recursos Hídricos (Lei Federal nº9.433 – Brasil, 1997); a Política Nacional de Educação Ambiental (Lei Federal nº9.795 – Brasil, 1999); a Política Nacional do Saneamento Básico (Lei Federal nº11.445 – Brasil, 2007) e a Política Nacional de Resíduos Sólidos (Lei Fed eral nº12.305 – Brasil, 2010), que se relacionam profundamente com a questão dos resíduos de construção e demolição.

Uma política de planejamento, no âmbito do gerenciamento dos resíduos de construção, é uma diretriz norteadora, uma carta de intenções, do objetivo que uma organização almeja alcançar na área. É muito importante que a definição dessa política tenha participação e comprometimento da alta direção da empresa para que seja efetivamente implantada. Sua

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ampla divulgação deve permitir a colaboradores, fornecedores e à comunidade toda sua efetiva viabilização (NAGALII, 2014, p.53).

Para que haja organização e comprometimento de todos os envolvidos no trabalho, faz-se necessário leis que corroborem todos os aspectos fundamentais. Barbisan et al. (2011) afirma que na Construção Civil, existem leis e diretrizes que regem e controlam os impactos gerados. O Conselho Nacional do Meio Ambiente, ou seja, o Conama é o órgão responsável pela regulamentação de qualquer questão que envolve à preservação do meio ambiente.

No ano de 2002, o Conama decretou a Resolução n° 307, que entrou em vigor em janeiro de 2003, estabelecendo obrigações para os geradores de resíduos da construção civil através do auxílio de um Plano Integrado de Gerenciamento de Resíduos de Construção Civil. O conteúdo do plano determina aos municípios a busca por soluções para o gerenciamento de pequenos volumes de resíduos, bem como disciplina a ação dos executores envolvidos com os grandes volumes. A Resolução nº 307 (2002, p.572) também determinou o prazo até julho de 2004 para que os municípios suspendessem o despejo de resíduos da construção civil e domiciliar em aterros ou locais inapropriados, estabelecendo os principais objetivos:

Art. 4º. Os geradores deverão ter como objetivo prioritário a não geração de resíduos e, secundariamente, a redução, a reutilização, a reciclagem e a destinação final. § 1º. Os resíduos da construção civil não poderão ser dispostos em aterros de resíduos domiciliares, em áreas de “bota fora”, em encostas, corpos d’água, lotes vagos e em áreas protegidas por Lei, obedecidos os prazos definidos no art. 13 desta Resolução.

Além disso, o Plano Integrado de Gerenciamento de Resíduos de Construção Civil visa guiar o Programa Municipal de Gerenciamento de Resíduos de Construção Civil e os Projetos de Gerenciamento de Resíduos de Construção Civil. Por se referir a uma atividade técnica, o gerenciamento dos resíduos de construção e de demolição de uma obra deve ser conduzido por um profissional habilitado, sendo mais habitual o desenvolvimento desta atividade por engenheiros civis.

Ao tratarmos sobre a palavra “gestão”, Oliveira (2012) a designa como um conjunto de ações voltadas a solucionar os problemas com os resíduos sólidos, tais como normas, leis e procedimentos sob a premissa do desenvolvimento sustentável.

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Gestão é um processo amplo composto por políticas públicas, leis e regulamentos que balizam e direcionam a atuação dos agentes do setor. Já o gerenciamento se ocupa das atividades operacionais cotidianas e do trato direto com os resíduos. Com isso, o gerenciamento aborda as ações desenvolvidas por empreendedores e construtores no sentido de antever, controlar e gerir a manipulação dos resíduos de suas obras (NAGALLI, 2014, p.5).

Para Schalch (2002), está relacionada com a tomada de decisões e escolhas que envolvem a organização do setor (resíduos sólidos) com políticas, instituições, instrumentos e meios.

[...] conjunto de ações exercidas, direta ou indiretamente, nas etapas de coleta, transporte, transbordo, tratamento e destinação final ambientalmente adequada dos resíduos sólidos e disposição final ambientalmente adequada dos rejeitos, de acordo com plano municipal de gestão integrada de resíduos sólidos ou com plano de gerenciamento de resíduos sólidos [...] (BRASIL, 2010, p.10).

Assim, o gerenciamento de resíduos tem o dever de proceder como um conjunto de ações operacionais que buscam reduzir a geração de resíduos em um empreendimento ou atividade.

Em semelhança à Resolução 307 do Conama, a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) publicou em 2004, uma série de normas relativas aos resíduos da construção civil, as quais vêm de encontro às diretrizes propostas pela Resolução. Fundamentalmente tais normas se referem às áreas de reciclagem e aos aterros de resíduos de construção civil. Para Nagalli (2014), por possuírem caráter estritamente técnico e serem criadas por especialistas, as normas da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) contribuem muito para a atuação do engenheiro/gestor. A seguir, a Tabela 1 descreve as normas técnicas brasileiras:

(38)

Tabela 1 – Normas técnicas brasileiras relacionadas aos resíduos sólidos e RCC

NORMA Descrição

NBR 10.004 Resíduos Sólidos – Classificação NBR 15.112 Resíduos da construção Civil e resíduos

Volumosos – Áreas de transbordo e triagem – Diretrizes para projetos, implantação e

operação

NBR 15.113 Resíduos sólidos da construção civil e resíduos inertes – Aterros – Diretrizes para projetos, implantação e operação

NBR 15.114 Resíduos Sólidos da construção civil – Áreas para reciclagem – Diretrizes para projetos,

implantação e operação

NBR 15.115 Agregados reciclados de resíduos sólidos da construção civil – Execução de camada de

pavimentação – Procedimentos NBR 15.116 Agregados reciclados de resíduos sólidos da

construção civil – Utilização em pavimentação e preparo de concreto sem

função estrutural - Requisitos Fonte: Autoria própria (2018)

Como observado, a classificação dos Resíduos Sólidos se dá de diferentes formas. Por outro lado, a norma NBR 15112 (ANBT, 2004) define como resíduos volumosos aqueles resíduos constituídos basicamente por material volumoso não removido pela coleta pública municipal, como

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