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Academic year: 2021

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Universidade de Brasília

Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade. Departamento de Administração

CLARISSA LEITE FLORES

10/0096891

DIEGO RODRIGUES DE FREITA 11/0081994

KEDEMA MARÊSSA SOUSA LIMA 10/0109276

Estrutura Administrativa do Sistema de Saúde

Público:

Brasil x Inglaterra

Brasília- DF 2013

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JUSTIFICATIVA DO TEMA

A escolha do tema é fundamentada no fato de que o sistema público de saúde é um diferencial de poucos países.

JUSTIFICATIVA DO PAÍS

Consideramos comparar o sistema de saúde brasileiro com o inglês por algumas características comuns, como: a universalidade e o caráter público de ambos. E pelo fato de o NHS que o sistema de saúde do Reino Unido ter servido de modelo ao SUS, principalmente por adotar os mesmos princípios básicos definidores: universalidade, integralidade e gratuidade.

OBJETIVO:

O objetivo desse trabalho é expor as analogias e diferenças dos dois sistemas de saúde o inglês (NHS) e o brasileiro (SUS), de modo a apresentar uma melhor compreensão histórica (evolução, leis, decretos), administrativa (gestão, gestores, financiamento) e situacional (dados gerais sobre a rede assistencial).

INTRODUÇÃO:

Sistemas de saúde são construções sociais que tem por objetivo garantir meios adequados para que os indivíduos façam frente a riscos sociais, tais como o de adoecer e necessitar de assistência, para os quais, por meios próprios, não teriam condições de prover. Desta forma, os sistemas de saúde têm como compromisso primordial garantir o acesso aos bens e serviços disponíveis em cada sociedade para a manutenção e a recuperação da saúde dos indivíduos. Nesse contexto, o presente trabalho visou traçar uma comparação na estrutura organizacional do Brasil e da Inglaterra, pois ao apresentar as informações geográfica e social, visa-se situar os dois modelos de sistemas de saúde no contexto de dois países que são diferentes tanto em sua estrutura organizacional como em sua cultura e desenvolvimento.

A cobertura populacional, o acesso e a oferta de bens e serviços decorre de fatores políticos (o tipo de Estado e o grau de organização social) e econômicos (a inserção na economia capitalista mundial e o grau da riqueza, expresso pelo PIB ou PNB) e de alguma forma se expressam nos modelos de financiamento dos sistemas de saúde..

Os sistemas públicos de saúde brasileiro e inglês têm acesso universal e uma estrutura administrativa descentralizada, e para se entender melhor como ocorreu a formação desses sistemas de saúde público o presente trabalho descreve a evolução e criação dos sistemas apresentando também a gestão de cada sistema para analisar como ocorre sua abrangência.

Os parâmetros assistenciais de oferta, utilização de serviços, organização do modelo de atenção à saúde, e formas de financiamento, descreve a construção do sistema público de saúde brasileiro e inglês, enfocando as funções gestoras de cada sistema, responsabilidades e atribuições.

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1.

O Contexto Social e Demográfico

1) Brasil

Estrutura:

 Forma de Governo: República

- Os representantes são eleitos pelo povo. - Mandatos eletivos temporários

- Soberania Popular.

 Sistema de Governo: Presidencialismo - O presidente é chefe de governo e estado.  Forma de Estado: Federação

- Conjunto de Estado que forma uma união. (União, Estados, Municipios e Distrito Federal).

- Art 1º, CF: A República Federativa do Brasil é formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal.

 Tamanho do País: área total de 8 515 767 km²  Idade do País: 512 anos

 População:

- População Atual: 193.946.886 (Julho de 2012)¹

- Idade média da População: 32,1 anos (Novembro de 2011)¹

- Idade predominante: 20 a 49 anos: 15,5% da População. (Dezembro de 2010.)¹

- Natalidade: 2.747.373 ao ano (ou 16 por mil habitantes) - Mortalidade: 1.112.227 ao ano (ou 6 por mil habitantes) - Expectativa de vida: Mulher: 77,7 anos

Homem: 70,6 anos (Novembro de 2012)¹  PIB: US$ 2,3 Trilhões (2012)¹

 Analfabetismo: 9% da população (Novembro de 2011)¹

 Sistema de Saúde Público: Criado em 1988 pela CF, SUS (Sistema Único de Saúde).

¹. Fonte: 2) Inglaterra

Estrutura:

 Forma de governo: Monarquia

- Chefe de Estado mantém-se na no cargo até a morte ou abdicação. - Regime Hereditário.

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 Sistema de Governo: Parlamentarista

- O Chefe de Estado não é eleito diretamente pelo Povo.

 Forma de estado: Inglaterra - 9 regiões subdivididas em 46 condados.

 Tamanho do País: área total da Inglaterra é de 129.720 km².  Idade do País: 1058 anos (aproximadamente)

 População

- População atual: 63.200.000 (publicado em 2012)² - Idade média da População: 40,2 anos

- Idade predominante: 65 anos a mais. 16,4% da população - Natalidade: 807.776 ao ano (Publicado em 2012)²

- Mortalidade: 552.2232 ao ano (Publicado em 2012)² -Expectativa de vida: Mulher: 82,1 anos

Homem: 78,1 anos (Publicado em 2012)²

 PIB: US$ 2,7 Trilhões (2012)

 Analfabetismo: 1% da população (2011)

 Sistema de Saúde Público: Criado em 1948, NHS (National Health Service).

² Fonte: UK’s Office of National Statistics

2.

BRASIL: O Sistema Único de Saúde (SUS)

O setor de saúde caracteriza-se por sua extrema importância e necessidade para uma grande parcela da população, que depende diretamente dos serviços prestados por não ter alternativa de acesso a planos particulares de saúde. Embora ainda esteja longe de ser realidade, a Constituição Federal de 1988 prevê, através da implantação do Sistema Único de Saúde (SUS), a garantia de acesso igualitário e universal a todos cidadãos brasileiros, através de procedimentos de alta qualidade e abrangência.

O SUS prevê a descentralização do Sistema de Saúde brasileiro, ficando a cargo dos municípios a gestão dos recursos e prestação dos serviços à população. Portanto, através desse sistema “municipalizado”, é possível os governos locais aplicarem os recursos de acordo com as necessidades e prioridades de cada município, que apresenta realidades muito distintas uma das outras.

Além disso, esse sistema possibilita a concretização de uma cidadania participativa, viabilizada pela maior proximidade entre gestores e usuários do

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SUS e pela criação de mecanismos como o Conselhos de Saúde, formado por gestores, funcionários e usuários do setor.

Assim, a descentralização da saúde permitiu que se alterasse a gestão do setor, tornando-a mais democrática e participativa. Esse processo, entretanto, requer o estabelecimento de novas relações econômicas, políticas e sociais entre governo e sociedade, que passam a ter maior participação na gestão da saúde e a oportunidade de colocar suas propostas e contribuir para o bom funcionamento de sistema.

Como se pode perceber, houve uma revolução no Sistema de Saúde com a implantação do SUS, através da criação de uma estrutura ágil e eficiente inexistente até então. Com certeza ainda há muito o que ser feito, adequado e aperfeiçoado nesse sistema, pois apesar dessas grandes iniciativas, o setor ainda apresenta uma carência enorme de recursos, sendo incapaz de garantir aos cidadãos, seus direitos expressos na Constituição.

2.1 Evolução e Criação do SUS – Sistema Único de Saúde.

A primeira iniciativa do Estado brasileiro na construção do sistema de saúde poderia se aproximar da noção de proteção social, data de 1923 com a edição da Lei Eloi Chaves e a criação das Caixas de Pensão e Aposentadoria que também garantiam a assistência médica aos contribuintes.

Da década de 1920 até o final de 1980, o que pode ser reconhecido como sistema de saúde se pautava majoritariamente pela noção de seguro social (garantia de acesso apenas a quem contribui) e se caracterizava por uma miríade de instituições públicas e algumas privadas, sem manter nenhuma articulação entre si. Neste período, a assistência médica se vinculava à Previdência Social e as ações coletivas de saúde eram de responsabilidade do Ministério da Saúde.

Até a década de 30, os serviços de atendimento médico eram prestados por entidades privadas (ou CAPs), não havendo, portanto, uma política nacional de saúde. Paralelamente, desde a década de 1940 foram instituídas as primeiras modalidades de assistência médica suplementar, inicialmente dirigidas aos funcionários públicos da união e de alguns Estados. O Ministério da Saúde foi criado em 1930, juntamente com o Departamento Nacional de Saúde e Assistência Médico-Social, que passou a organizar a saúde pública através de campanhas nacionais e de serviços médicos associados aos Institutos de Aposentadorias e Pensões (IAPs), caracterizando a medicina curativa em detrimento à preventiva.

Contudo, a primeira empresa de medicina de grupo brasileira surge em 1957, para prestar serviços a Volkswagen que inaugurava a sua fabrica em S. Bernardo do Campo. Este arremedo de sistema imperou no Brasil durante 65 anos, voltado à população urbana, mais especificamente, para os trabalhadores formais e parcelas do funcionalismo público federal e de alguns estados, como S. Paulo. Suas bases de financiamento eram as contribuições compulsórias sobre as folhas de salário. Aos demais brasileiros, a maior parte da população, estava reservada a assistência médica privada, por meio das santas casas ou a estatal realizada pelas poucas instituições públicas de saúde

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existentes, geralmente vinculadas ao governo federal e ao de estados e municípios mais ricos.

Na década de 70, o sistema caracterizava-se pela segmentação de clientelas, fragmentação institucional e gestão hiper-centralizada de recursos e poder decisório na estrutura do INAMPS e do Ministério da Previdência e Assistência Social, tendo o Ministério da Saúde ficado em segundo plano.

A partir da década de 80, foram instituídas diversas tentativas de descentralizar o sistema de saúde, através da implantação:

 das Ações Integradas de Saúde (AIS), em 1983, que procuravam integrar os serviços de diversas instituições públicas através de convênios e repasse de recursos financeiros e humanos;

 do Sistema Unificado e Descentralizado de Saúde (SUDS), em 1987, que estabelecia as diretrizes que consolidassem as ações das AIS.

Porém, a descentralização somente se consolidou com a implantação do Sistema Único de Saúde (SUS) em 1988, quando as inovações assumiram a direção de uma verdadeira reforma político-institucional setorial, constituindo-se como dever de cada esfera de governo, prover de forma Universal e Igualitária o acesso aos serviços de saúde.

A Constituição de 1988 universalizou o acesso aos serviços de saúde pública. A Lei Orgânica da Saúde (Lei 8080, de 19.09.1990) regulamentou o texto constitucional e instituiu o SUS – Sistema Único de Saúde, e descentralizou e democratizou a gestão. Foram mudanças profundas na Saúde Pública brasileira, instituindo diretrizes baseadas em princípios de Universalidade, Equidade e Integralidade, formada por uma rede de serviços regionalizada, hierarquizada e descentralizada, com direção única em cada esfera de governo. A Lei 8142/90 também regulamenta preceitos constitucionais, propondo e estimulando a participação popular através dos Conselhos de Saúde e Conferências Municipais de Saúde realizadas periodicamente.

2.2 O Sistema único de Saúde (SUS)

Como dito anteriormente, o sistema de saúde é criado com a promulgação da Constituição em setembro de 1988, aliando-se a melhor tradição de proteção social ao consagrar a saúde como direito de todos e dever do Estado. Em 1990, sua regulamentação, por intermédio da Lei Orgânica da Saúde, foi instituído o Sistema Único de Saúde - SUS. Iniciava-se então, uma reforma sanitária de grande envergadura, definida a partir dos seguintes princípios: (1) universalidade da cobertura; (2) atendimento integral; (3) eqüidade; (4) descentralização dos serviços para os estados e municípios, também participantes do financiamento; (5) não-concorrência, mas unidade sistêmica entre as ações de saúde da União, dos Estados e dos Municípios; (6) participação complementar do setor privado na oferta de serviços; (7) equilíbrio entre as ações de promoção, proteção e de recuperação da sáude; (8) participação comunitária e controle social por meio dos Conselhos de Saúde.

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Nestes termos, representa um enorme desafio, qual seja a construção de um sistema de saúde universal em um País da periferia do capitalismo com as características do Brasil, isto é, grande extensão territorial, populoso, com carência de recursos financeiros, marcado por grande heterogeneidade regional, desigualdade e exclusão social. Dificuldade adicional significativa é representada pelo modelo federativo brasileiro praticamente singular no planeta, em que 5.570 municípios são entes federados, alem de engendrarem mecanismos de competição entre si. Tal dispositivo torna muito complexa a estruturação de um verdadeiro sistema no setor saúde, devido à autonomia e as salvaguardas legais e constitucionais próprias dos arranjos federativos, aqui estendidas aos municípios.

2.3 O SUS e a Descentralização

Para assumir as novas responsabilidades na gestão descentralizada do SUS, os estados, Distrito Federal e município devem comprovar a existência do arranjo institucional previsto pelo mesmo, composto pelos seguintes órgãos e instrumentos:

 Órgão Executivo: responsável pala direção do SUS – Ministério da Saúde, Secretaria Estadual e Secretaria Municipal – atuando na formulação e execução da política de saúde;

 Conselho de Saúde: atua no controle da execução da política de saúde, com representação paritária de prestadores de serviços, usuários e profissionais da saúde;

 Fundo de Saúde: conta especial onde são depositados e movimentados os recursos financeiros do SUS, sob fiscalização do Conselho de Saúde;

 Conferência de Saúde: fórum onde são realizadas avaliações da situação da saúde e propostas as diretrizes para a formulação da política de saúde em cada esfera de governo.

Em 1993, foi acrescentado um novo organismo colegiado à estrutura do SUS: as Comissões Intergestores , constituídas na esfera federal e estadual com a finalidade de estabelecer parceria entre os gestores do SUS no processo de operacionalização da política, estratégia e diretrizes para a descentralização das ações e serviços de saúde.

Para cumprir todas suas atribuições constitucionais, além da rede de serviços assistenciais o SUS conta com diversos organismos espalhados pelas instituições nas três esferas de gestão, os órgãos de vigilância epidemiológica (controle das doenças de interesse para a saúde pública) bem como os de planejamento, gestão, controle e avaliação de serviços. Vale destacar que o SUS se vale também de uma vasta rede estatal de serviços de processamento de sangue e hemoderivados (os Hemocentros), unidades de fabricação de medicamentos (Laboratórios Públicos) e de vacinas e imunobiológicos (dentre eles o Instituto Butantan e Farmanguinhos).

Quando das internações o SUS garante todos os procedimentos disponíveis bem como a dispensação de medicamentos, situação bem diversa

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do atendimento ambulatorial na qual nem sempre os medicamentos estão garantidos. Neste sentido, tem crescido em grande velocidade a busca do Poder Judiciário para garantir o acesso aos meios para tratamento, especialmente em relação a medicamentos de alto custo, isto é, aqueles mais recentes que apresentam grande sofisticação tecnológica, tais como os retrovirais e os imunobiológicos.

Fleury et al. (2010), ao analisar a governança local no sistema descentralizado de saúde no Brasil, verificou grandes avanços com a municipalização que projetou as secretarias municipais de saúde na esfera dos governos municipais; ampliou a capacidade de gestão em função das novas responsabilidades; aumentou a força de trabalho em saúde; gerou aumento na oferta de serviços ambulatoriais e ações de saúde coletiva; contribuiu na democratização do poder e na tomada de decisão no Estado; aperfeiçoou a capacidade de gestão local e induziu maior comprometimento de recursos do orçamento municipal com setor saúde.

Na visão de Campos (2006), a descentralização tende a produzir autonomia para os pólos (municípios maiores capazes de atender uma determinada região) rompendo o tênue liame que os mantêm unidos em uma rede de compromissos, de responsabilidades e de obediência hierárquica. A autonomia das partes tende a produzir funcionamento autárquico ou departamental, com predomínio de interesses particulares sobre o interesse geral. O conceito de sistema, ao contrário, pressupõe a lógica de rede, de ligação entre os pólos, de funcionamento harmônico das distintas partes em função de objetivos sistêmicos, em geral, considerados gerais ou coletivos; ou seja, de interesse público. Os sistemas justificar-se-iam porque seriam potentes o suficiente para contra arrestarem os particularismos inevitavelmente produzidos pelos interesses locais ou muito específicos. Esse paradoxo, existente porque os efeitos centrípetos decorrentes da descentralização sempre estarão se produzindo, tende a induzir a fragmentação do sistema com isolamento dos municípios, gerando um processo de municipalização com baixa capacidade de integração e de solidariedade entre as partes (CAMPOS, 2006).

2.4 Gestores do SUS

A gestão do SUS se funda no comando único em cada esfera de governo, isto é, na União o comando é do Ministério da Saúde, nos Estados das Secretarias Estaduais de Saúde e nos Municípios das Secretarias ou Departamentos Municipais de Saúde. Os Estados e Municípios devem solicitar habilitação em uma das modalidades de gestão, no caso dos municípios a Plena do Sistema ou a Plena da Atenção Básica. Combinada à diretriz da descentralização, este dispositivo possibilita, principalmente aos Municípios, os meios necessários para a efetivação de planos de ação adaptados às necessidades locais e ou regionais. Na atualidade, é o Pacto pela Saúde o instrumento direcionador, no qual diversas ações de saúde são estipuladas consensualmente e que por meio de compromissos específicos da União, dos estados e dos municípios deverão ser efetivadas pelo SUS em prazos definidos. A matriz gerencial do SUS é interessante por permitir a coexistência do nível técnico e político com mecanismos de participação direta. Ela é

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constituída por três instâncias: instituição gestora, comissão interinstitucional e os colegiados participativos. As instituições gestoras deveriam ser os organismos encarregados de apresentar as soluções técnicas para a efetivação das políticas de saúde, além de exercer as atividades de gestão, planejamento, controle e avaliação do sistema em seu âmbito de competência. As comissões intergestores são os espaços em que as esferas de governo realizam os pactos para a operacionalização do sistema, ou seja, representam um arranjo para enfrentar as dificuldades advindas do modelo federativo.

Composta por representantes do Ministério da Saúde, do Conselho Nacional de Secretários Nacionais de Saúde (CONASS) e do Conselho Nacional de Secretários Municipais de Saúde (CONASEMS) deliberam sobre assunto técnicos e políticos diversos, tais como a definição dos tetos financeiros de repasse para cada Estado e a habilitação de estados e municípios nas Modalidades de Gestão.

Os colegiados participativos deveriam ser a instância privilegiada para o exercício da participação direta dos segmentos sociais interessados no SUS. Representados pelos Conselhos de Saúde, instituições deliberativas tripartites (gestores e prestadores privados do SUS; trabalhadores e usuários) e paritárias (os usuários devem compor pelo menos 50% do total de conselheiros, sendo a outra metade distribuída igualmente entre trabalhadores e gestores/prestadores), têm como atribuições em sua esfera de abrangência definir as diretrizes das políticas de saúde e fiscalizar as ações dos gestores, inclusive nos aspectos financeiros.

De forma geral, os gestores são encarregados de implantar o SUS e fazer com que ele funcione dentro de suas doutrinas e princípios, em todos os níveis de governo:

 Municipal: são responsáveis por coordenar, planejar, articular, controlar, negociar, programar, executar e avaliar as ações de promoção, proteção e recuperação da saúde. São os maiores responsáveis pelas ações de saúde da sua população, por melhor avaliar e programar as ações conforme as necessidades do município;

 Estadual: é responsável pela coordenação da saúde em seu estado, executando apenas as ações que os municípios não forem capazes de executar. Deve corrigir as distorções existentes e incentivar os municípios a desenvolverem ações, promovendo sempre a descentralização;

 Federal: o Ministério da Saúde é responsável por liderar o conjunto de ações de promoção, proteção e recuperação da saúde, e pelo planejamento, financiamento, cooperação técnica e controle do SUS.

Os gestores de cada esfera devem se articular com os demais setores da sociedade e estimular sua participação no processo; devem também se articular entre si, promovendo a integração entre as esferas. Os Conselhos de

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Saúde são órgãos que ajudam a estruturar o SUS e aproximar a as negociações entre as esferas de governo com a comunidade, sendo composto por representantes do governo, funcionários e usuários. Atuam na formulação de estratégias e no controle da execução da política de saúde, podendo ser de nível municipal, estadual ou federal.

2.5 Financiamento

O financiamento do SUS conta com recursos das três esferas de governo, portanto supõe solidariedade dos entes federados. Na União com recursos do orçamento da seguridade social e nos Estados e Municípios recursos próprios (impostos estaduais e municipais) e as transferências da União principalmente as referentes aos Fundos de Participações dos Estados (FPE) e aos dos Municípios (FPM). Por determinação de Lei Complementar, cada esfera de governo está obrigada a destinar um percentual de recursos mínimos para o financiamento das ações e serviços do SUS, sendo nos estados 12% da arrecadação própria mais as transferências do FPE, nos municípios 15% da arrecadação própria mais as transferências do FPM e na União a correção se dá pela variação do Produto Interno Bruto (PIB) do ano anterior. Considerando-se que o montante de recursos para o financiamento conta a participação majoritária da União (cerca de 55%), o SUS exige um sistema de transferências entre as esferas de governo, consubstanciado pelos Fundos de Saúde (Nacional, Estadual e Municipal), espécies de contas que vinculam os recursos disponíveis ao setor de modo a dificultar sua aplicação em outras áreas da administração.

Os investimentos e custeios do SUS são provenientes dos recursos arrecadados nas três esferas de governo: federal, estadual e municipal, através do Orçamento da Seguridade Social (OSS).

O OSS é composto pelas receitas provenientes das seguintes contribuições sociais: dos empregados, incidente sobre a folha de salários, o faturamento e o lucro dos trabalhadores e sobre receitas de concursos de prognósticos. Uma parte dos recursos federais é retida para investimento e custeio das ações federais e outra é repassada às secretarias estaduais e municipais conforme as necessidades de saúde e rede assistencial.

Nos estados, os recursos repassados pelo Ministério da Saúde são adicionados aos alocados pelo governo e geridos através de um fundo estadual. Parte desses recursos é retida para as ações e serviços estaduais e parte é repassada aos municípios.

Os municípios irão gerir todos recursos repassados juntamente com os arrecadados através do Fundo Municipal de Saúde. A criação desse fundo é de extrema importância, pois assegura que os recursos sejam administrados pelo setor saúde e não pelas secretarias da fazenda, em caixa único (sobre o qual a secretaria de saúde tem pouco acesso).

O repasse de recursos do Ministério da Saúde para os estados, Distrito Federal e municípios tem por base alguns requisitos definidos na Lei nº8142, de 28 de novembro de 1990:

 Fundo de Saúde;

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 Plano de Saúde;  Relatórios de Gestão;

 Contrapartida de recursos para a saúde no respectivo orçamento; e  Plano de Cargos, de Carreiras e Salários.

O financiamento do SUS é caracterizado pelo comportamento cíclico e instável decorrente da irregularidade nos fluxos financeiros oriundos do Orçamento da Seguridade Social. Para tentar solucionar esse problema, o governo tem sucessivamente recorrido a empréstimos de recursos do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT), que se constituem em crescentes dívidas a pagar inscritas no Ministério da Saúde.

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3.

INGLATERRA:

National Health System

(NHS)

O National Health System (NHS), teve sua origem no ano de 1948, quando o então ministro da saúde, Aneurin Bevan abre o Park Hospital em Manchester, noroeste da Inglaterra. O objetivo deste novo hospital era reunir diversas especialidades médicas em um só lugar para que os serviços de saúde fossem prestados de maneira gratuita a todos.

O NHS foi originado por uma necessidade do Reino Unido em amparar a sua população após a Segunda Guerra Mundial. Nesse período, os países da Europa passaram a se preocupar com o Estado de Bem-Estar Social, que se trata da intervenção do Estado na economia e no provimento das necessidades da população em relação à segurança, educação, saúde, dentre outros.

Embora alguns artigos defendam que o NHS é responsável apenas por práticas assistencialistas, tais como o atendimento médico, cirurgias e exames para diagnóstico (SILVA, 2012), é possível encontrar no site do Sistema Britânico de Saúde, campanhas como as de prevenção ao HIV e à obesidade e campanhas de vacinação como políticas de saúde pública coordenadas pelo NHS.

Os princípios centrais do Sistema de Saúde Britânico são claros: o serviço de saúde estará disponível a todos e inteiramente financiado pela tributação, o que significa que as pessoas pagam para ele de acordo com seus meios. Os princípios fundamentais do NHS e que o norteiam até hoje são:

 Atender as necessidades de todos;  Livre acesso aos pontos de atendimento;

 Baseado na necessidade clínica e não na capacidade financeira do indivíduo.

Evolução:

 1948 – Criação do NHS;

 1953 – Descrição da estrutura do DNA;

 1954 – Estudo comprova a ligação do fumo ao câncer;

 1958 – Investimento em ações preventivas como as vacinas de poliomielite e difteria;

 1960 – Primeiro transplante renal do Reino Unido;  1961 – Divulgação ampla da pílula anticoncepcional;

 1962 – Criação do plano que divide o NHS em 3 partes: hospitais, clínica geral e as autoridades de saúde locais. Hospitais para cada área com cerca de 125 mil habitantes, o que também colaborou para a formação de novos médicos e enfermeiros;

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 1968 – Primeiro transplante de coração, 10º do mundo;  1972 – Utilização da tomografia computadorizada;

 1978 – Primeiro bebê no mundo a nascer de uma fertilização in vitro;  1979 – Primeiro transplante de medula óssea do Reino Unido;

 1980 – Introdução de exames de ressonância magnética;

 1980 – Introdução da cirurgia guiada, com auxílio de sonda telescópica e câmera;

 1980 – Apresentação do relatório que indica que ainda existe uma desigualdade na prestação de serviços de saúde. A mortalidade infantil entre os pobres é maior e a expectativa de vida nesta classe, é menor;  1981 – Investimento em vacinas, saneamento e qualidade de vida

diminuem a mortalidade infantil;

 1986 – Grande campanha de prevenção à AIDS;

 1988 – Mamografias gratuitas são introduzidas para reduzir as mortes por câncer de mama;

 1990 – As autoridades de saúde passam a gerir seus próprios orçamentos;

 1994 – É lançado o registro de doadores de órgãos;

 1998 – Lançado o maior serviço de saúde eletrônico do mundo. Presta orientações, aconselhamentos e até orientações para

primeiros-socorros;

 2000 – É lançado o plano de investimentos e reforma que define como o aumento do financiamento e reforma vai eliminar as desigualdades geográficas, melhorar os padrões de serviço e alargar a escolha do paciente;

 2002 – A espera pelo tratamento não pode ser maior do que 6 meses, em casos não urgentes. Caso esse tempo seja ultrapassado, o paciente pode procurar um fornecedor alternativo;

 2002 – É definido que o paciente vítima de um acidente e emergência não pod esperar por mais de 4 horas do departamento de chegada até a transferência;

 2004 – Novos modelos de hospitais, administrados por gestores locais, funcionários e membros do público são introduzidos. Descentralização

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do governo dos serviços públicos. Existem hoje 122 hospitais desse tipo na Inglaterra;

 2006 – Melhoramento de acesso ao tratamento para as pessoas que sofrem de depressão e ansiedade;

 2008 – Programa nacional de vacinação de meninas com idade entre 12 e 13 anos contra HPV. No Brasil só em 2013;

 2009 – Campanha contra a obesidade;

 2012 – Atual campanha contra as bebidas alcoólicas, obesidade, depressão e ansiedade. Inclusive com possibilidade de chat online. O financiamento do NHS é feito através de impostos e pelo Tesouro Direto. No entanto, alguns serviços podem ser cobrados, como serviços odontológicos e oftalmológicos e alguns medicamentos. Os preços, na maioria das vezes são menores que os custos do tratamento ou do medicamento, além de serem fixos.

A base do Sistema de Saúde Britânico está nos chamados “clínicos gerais” (general practitioners, ou GPs). São eles os responsáveis pela porta de entrada do indivíduo no sistema. Permite a aplicação da saúde familiar e consequentemente a maior aproximação do médico no contexto da família, maior exatidão no diagnóstico e melhor indicação a tratamentos complexos. Os GPs estão espalhados por todo o Reino Unido, de modo que o cidadão pode escolher em qual clínico geral quer se consultar. A remuneração desse médico é variável de acordo com a quantidade de famílias que estão sobre sua responsabilidade clínica, no entanto, mesmo que o médico não possua nenhum paciente, ainda assim ele possui um salário fixo.

O NHS é regido por uma Constituição própria, que se renova a cada dez anos. Alguns dos pontos importantes da Constituição vigente são:

 Nenhum governo pode alterar a Constituição sem o pleno envolvimento dos funcionários, pacientes e do público;

 É garantido o início do tratamento não emergencial em até 18 semanas;

 É garantido o encaminhamento do paciente para especialistas em no máximo 2 semanas, em caso de suspeita de câncer;

 O paciente tem o direito de escolher os melhores hospitais para o tratamento desejado ou que seja mais perto do seu local de trabalho;

 É garantido ao paciente o livre acesso aos seus registros pessoais de saúde, sem apresentação prévia de motivos;

 O paciente tem direito a um tratamento com dignidade e privacidade. Não deve, por exemplo, dividir dormitórios ou locais de banho com pessoas de sexo oposto, exceto em raras ocasiões urgentes;

 As queixas e reclamações dos usuários devem ser tratadas com eficiência e investigadas corretamente.

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Outra característica do NHS são os Conselhos Hospitalares Regionais, que em geral cobrem uma área de cerca de 2 milhões de habitantes e são responsáveis pela administração financeira dos hospitais.Os Conselhos são subdivididos em comitês para melhor gestão local.

Um grande problema para o NHS é o envelhecimento da população a partir da década de 70, o que encarece os custos com a saúde. O envelhecimento da população foi um dos motivos que levou NHS a firmar parcerias com o setor privado com o objetivo de diminuir os custos com a saúde.

Recentemente, outros grandes problemas tem sido enfrentados, a crise financeira mundial, que afetou sobretudo a Europa e a desigualdade entre ricos e pobres. Para que a eficiência e a qualidade do Sistema de Saúde Britânico fossem mantidas, e as desigualdades das expectativas de vida de ricos e pobres fossem diminuídas, novas medidas foram tomadas, tais como: a criação do plano QIPP – qualidade, inovação, produtividade e prevenção e a formulação de metas para as administrações regionais. Funcionam da seguinte maneira: se a administração conseguir reduzir a desigualdade das expectativas de vida entre ricos e pobres com a verba recebida, essa administração regional recebe uma verba extra, como incentivo para que se melhorem ainda mais os seus índices.

Em resumo, as características marcantes do Sistema de Saúde do Reino Unido são: universalidade (atendimento a todos), gratuidade (gratuito a todos), equidade (adaptação ao contexto dos pacientes) e descentralização (a administração do sistema é descentralizada).

Alguns benefícios aos usuários do NHS são:

 Marcação de consulta em horário mais conveniente ao paciente;

 Auxílio e incentivo à prática de esporte e decisões como parar de beber e fumar;

 O NHS se compromete a prestar seus serviços em ambiente limpo e seguro;

 Preocupação com o bem estar do paciente em detrimento da conveniência dos profissionais do NHS;

 O paciente tem o direito de escolher o hospital e até o médico que irá ser consultado.

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4.

Comparação

4.1 Semelhanças:

1. Os princípios doutrinários presentes nas duas constituições que regem os dois sistemas de saúde público são: universalidade (abragência de atendimento), gratuidade (gratuito a todos), equidade (adaptação ao contexto dos pacientes e necessidades clínicas). 2. A descentralização da gestão nos dois sistemas. No Brasil a

descentralização ocorre em todos os níveis de governo (Federal, Estadual e Municipal.), cada nível tem um órgão que gerencia/administra o SUS. Na Inglaterra

3. O Financiamento do SUS ocorre através de recursos do OSS (Orçamento da seguridade Social) que são receita proveniente dos empregado, do faturamento e o lucro dos trabalhadores e impostos de cada esfera do governo que é obrigada a destinar um percentual de recursos mínimo. A maior parte do financiamento do sistema de saúde britânico advém do setor público, principalmente de impostos nacionais.

4. Participação Comunitária

4.2 Analogias:

 Criação em 1988

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