c:!d\.tor\.ClL
INTELIGENTE
Éo
NOVO
SEXY
Vocêtememmãos oresultado dos traba
lhos
dos alunos dadisciplina
Redação
V Produzidanosegundo
semestre de2011sob
orientação
do
professor
MauroCésarSilveira,
aZERO Revistaéum encartedojornal-laboratório
ZERO.Deste
lado,
você confereaZERORevistamoderna. Nacapa, Lara Croft deixa
as arrnas de ladoparalera
revista,
afinal,
smartis thenewsexy. Trabalhamosparaque ostextos, as
ilustrações
ecada
detalhedo
projeto
gráfico
contribuísse para darum ar de modernidade à
publicação.
ETomb Raider nãoéoúnico gameamarcar
presença; os
Angry
Birds surgem paratorBar aindamais atualasreferências àtecno
logia,
portabilidade, jogos,
e tantos outrosaspectos
quemarcamageração
atual.Como
principal
característicada disciplina
tivemosa liberdadecriativa,
que é refletidanaZERORevistae torna-seum de
seus
diferenciais.
Pudemos exporopiniões
e refletir sobre oquequisemos.
Tratamosdos novos
"amores':
relembramos
personagens de
HQs,
lamentamos ascondições
dotráfego
-edomotorista
-contemporâneo,
investigamos
os assombrosdo estudante dejornalismo,
rimosdassituações
cotidianas queenfrentamos
e conhecemostodas asfacetas do
pôquer.
AZERORevistatemanossacara, nos so estilo.
Mas,
daequipe
que aproduziu,
ficaatorcida
-e acerteza
-para que ela
agrade
cadaumdosleitores.ZE
Universidade Federal de Santa Catarina Centro deComunicação e Expressão
Departamentode Jornalismo ZERORevista
Revista Laboratóriodo Curso de Jornalismo da UFSC Produzida na disciplina Redação V
Ano I
-N° 2
-Abril de 2012
,
I
10
Pobres
amores
contemporâneos
Tulio
Kruse
Vendetta
vive
Rafaella
Coury
3
4
5
6
I
,
Cada
macaco no
seucarro
Giovanni Bello
Jornalistas
incompreendidos
José
Fontenele
Sobe
oudesce?
Mariane
Ventura
Façam
suas
apostas!
Arianna
Fonseca
REDAÇÃO
Arianna Fonseca,Giovanni Bello, José Fontenele,Mariane Ventura,Rafaella Coury,Tulia KruseEDiÇÃO
Ana CarolinaPaci,LucasPasquaI,MarinaEmpinotti,RodrigoChagasDIAGRAMAÇÃO
Amanda Melo, Rafaella Coury REVISÃO Lucas PasquaI, Rafaella Coury ARTE Arianna Fonseca,
Fernando Goyret, Leonardo Lima, Lucas Anghinoni, Marcelo Yuri, Maria Luisa Fernandes, Nathan
Schafer,ViniciusDomingues
ORIENTAÇÃO
Professor Mauro César SilveiraIMPRESSÃOAzul Editorae Indústria Gráfica Ltda
CIRCULAÇÃO
Nacional TIRAGEM 5.000 exemplares CAPA Bruno Nucci,graduandoemCinemapelaUFSC. Portfolio: brooparker.deviantart.com
Abril de 2012
I
ZEROfgUiSDiIrecoaoncmercos:
Pobres
ernores
conternporôneos
por Tulio Kruse
m embate entre valores. De um
lado,
aqueles
quenossão
passados
gerações
afio,
pregando
estabilidade e segurança no casamento ou coisa que o valha.
Do outro, valores que vêmsedesenvolvendo desdea década de 1960 e
ganham
novassignificações
agora. Frutosdeumamaravilhosaépoca
decontestação,
estãobaseados naliberdade e
independência
sexual e noconhecer através daexperimentação.
Viver de acordo com uma dessas
ideologias
morais éalternativacoerenteeválidanos dias de
hoje.
Ainda existelugar
nestemundocomplexo
para queseconstituaumrelacionamentoestávelemmoldes tradicionais. Damesma
forma,
também épossível
quealguém
vivatrocando constantementede
parceiros,
buscandoexperiências
cada vez mais emocionantes e desafiadoras. Emalgum
nível,
ambas
possibilidades
serão aceitassocialmente,
embora possamexistirsegmentos
querejeitem
tantoumaquanto
outra. Temosumproble
ma, entretanto, a
partir
do momento em que toda umageração
é influenciadaigualmente pelas
duasideologias
eempacanoimpasse
entre essas
perspectivas.
Mais de
quatro
décadasapós
asconquistas
darevolução
sexual,
parece-me quealiberdade quealcançamos
temnos levado aandar emcírculos,
a estabelecerrelações
vazias.Hoje
vivemosincongru
ências imensuráveisem nossas
relações
afetivas,
asduradouras e as instantâneas. Isso por querermos, ao mesmotempo,
experiências
quenão coexistem.Como
parte
dapopulação
mundial quetemmenos de30anos, e conversando tambémcomrepresentantes
do mesmo grupo, posso dizer que a buscapela realização
amorosa, com direito a um pareterno e
perfeito,
não foicompletamente
abandonada. Osjovens
continuam confiando neste sonho. Ao mesmo
tempo,
há uma an siedade latente porexperiência
-nãoapenas
sexual,
mas nosentidomais
amplo possível
-que encontra poucos limites. Mais do que querer conhecerafundo todas as
companhias
comquem seriapossívelser
"feliz':
há quemaproveite
paratentargarantir
que nenhuma das chancesseperca.E assimperde-se
aprofundidade
e ovalor.Taisconflitos foramtemade
Zygmunt
Baumanaolavrar,
AmorLíquido,
livroemque analisa asrelações
humanasna erapós-moder
na. Efica claro que é inevitável que nossas
relações
sejam
determi nadaspelas condições
emquevivemos.Segundo
oautor, passamosaorganizar
nossasocialização
emforma de"rede",
naqual
oscontatospodem
serremanejados,
escondidosou excluídos comfacilidade esem
grandes
ressentimentos. Umaforma fácil paratocaravidacommenosestresse. No entanto,assim
desaprendemos
acriarrelaciona mentosduradouros.De acordo com Bauman,
pode
não tersido aintenção,
masinconscientemente passamos a
priorizar
relações
superficiais.
Trocar o duradouropelo
descartávelpode
sersimples
e até parecer maisseguro, afinal espera-se sofrermenos ao cortaros
laços
comquemnãosetem tantaintimidade. Masretira-sedonossoconvívio"aouilo que fazacoisa
funcionar",
que é opróprio
vínculoentreas pessoas. Cria-seuma
contradição
extrema-menteangustiante,
pois
alimentamos odesejo
de estreitar oslaços,
ansiosospor
relações completas, porém
simultaneamente osmantemos
frouxos,
leves e fáceis dede-satar. Como é que
alguém
vainos
completar
assim?Resultado dessa contradi
ção
talvezseja
aquelas
tantas pessoas que aindarendem--se ao tão
desgastado
ideal do matrimônio,
juram
uma
relação
exclusiva aoutro ser
humano,
mas mesmo assim voltam aagir
como se fossem solteiros ao sedeparar
com uma
situação
minimamente tentadora à carne. Sãohomense mulheres que procu-ram amor eterno, e é
provável
queacredi-tem
piamente
nele
-afinal,
porqual
outra razão iriamZEROIIIUiSliiJ
I
Abril de 2012•
se casar? -, mas
não conseguem
abandonar a
prática
das rela- •ções
efêmeras.Jt:r.i.:,
'"'� :,� r.."...
Prática que, na ....-,-"'" 'oi-t:;.� f-'..:::_ - -. \,;'.-,. f ...-. ,-y-:_"':rr � -"V,,(
verdade,
é limi- ._""..� .. �..\'i!;:::
_W":�
... �.!.��'.�
:.�. tadora. . . V;n'lClusDom:�ues
•I
Ajustificativa
de que é
preciso
conhecer todososlados davida,
todas asalternati-I vasantes dese fazeruma
escolha,
encontrapoucacorrespondência
navida real.
É
impossível
conhecer todasasopções
verdadeiras oucadaumdos
possíveis
candidatosapassarumavidainteiracomou-tro
alguém,
seéesse o caso. Os que obedecemaestalógica perdem
oportunidades
desabermuitomaissobreacondição
humanaacadavez que se
entregam
arelações
rasas. Suas atitudes não condizemcom
qualquer
umdosseusvalores,
pois
nãosepratica
buscaalguma
por estabilidade emocionalnem se
adquire
vivênciarelevante. Não se sabe nada sobreo outro ao término deumbeijo
na balada. Umpossível
amorverdadeironão setornaconhecido.Dessa
forma,
aspessoasperdem
talvezachance deexperimentar
umnotóriosentimento"completamente indispensável
aofuncionamentoda sociedade humana e umafonte damais
completa
satisfação
conhecida dossereshumanos",
comoclassifica Robert Brownna obraAnalisando oAmor.O que poucos levam em
consideração
é que o amorcontempla
igualmente
apossibilidade
de um relacionamento estável e as tãocobiçadas experiências
marcantes,enriquecedoras.
E sequer é preciso usar a
palavra
amor paradesignar
umainteração
que renda frutosmais relevantes quealgumas
horas de prazer.Simplesmente
começarademonstrarmais interessena
personalidade
e nocaráter do que nodesempenho
físico da pessoa é o início do caminho de um relacionamentocujo
resultado éincerto, e de umaprendizado
garantido
também.Não se trata,
portanto,
de uma escolha entre um estilo de vida recatado oudesregrado,
sequerumdualismoentreformas de amor distintas.Areflexão que estádisposta
aqui
ésobre amaneiracomosão conduzidas tantas
relações
passageiras
-e porvezes
proposi
talmenteinsignificantes
-e se elas trazem de fato
satisfação
real,
relevante.
Será quea liberdade
pensada
décadas atrás por movimentossociais,
responsáveis
por nossacondição
atual,
não ia um tanto além do envolvimentomeramentefísico entredesconhecidos? Mesmo se admitirmos oenvolvimentofísico, sexual,
como umacondição
hu mananecessária,
responder
aoinstintosemrefletirsobreaspróprias
atitudesnãoparecia
ser oobjetivo.
Aumentarasuperficialidade
dosrelacionamentos,
menos ainda. Pois afinal de contas,mesmo em se tratando deamor,oque nós queremos éser escravosdasnossas ne cessidadesouprodutos
donossopróprio
pensamento?
Marcelo Yuri
3
virtudes
Vendettd vive
por Rafaella
Coury
le estámorto.O
paciente
queumdia ocupouacelacincodocampo de
concentração
em Larkhillepassou porme sesdetratamentosmédicos levouquatro
tirosnopeito
e sangrou atéamorte. Ovingador
quecriouo caos e anarquia
naInglaterra
dos últimos anos do século XX nãovai mais,
pessoalmente, espalhar
seus ideaispelas
ruas de Londres. Mas sua máscara, que ostenta o sorriso do soldadoinglês Guy
Fawkes,
continuarásorrindo indefinidamente.Omotivo
pelo qual
elefoilevado aocampo deconcentração
-ou campo de
reabilitação,
de acordo com seus criadores- édesconhecido. Seeranegroou
homossexual,
se eracomunista,setransgrediu
aordem,
nãosesabe. Ele fezpartedo grupo de dezenas depacientes
que,em 1993,passaramfome,
tiveramdesinteriaeforam utilizados comocobaias,
recebendo uma mistura deextratosdasglândulas hipófise
epi
neal,
chamadaComposto
5, quegeralmente
causavadefor-mações
genéticas
e oslevavaàmorte. Ummês
após
o início do tratamento,restaram apenas cinco
pacientes,
que ficavamem salas individu-ais
organizadas
de acordo com anumeração
romana. Opaciente
que ocupava a sala V(cinco),
não demonstrou nenhuma anoma lia celular causada
pelo
composto,
mas umaespé-cie de surto
psicótico.
No fim de 1993,setemesesdepois
do início dotratamen to, um incêndio criminosoI
destruiuocampo elibertou oúnico
paciente
que aindaestavavivo.O
ocupante
da sala V usousolvente,
amônia e outras substâncias paracriargás
mostardaenapalm, explodindo
suasalaecolocandofogo
emLarkhill,
libertando-se.O tratamento, os
remédios,
otempo
passado
no isolamento e oincêndio fortaleceram seu corpo, mas o
destruíram,
fizeram com queohomemqueexistiamorresse; ele deixou deserapenasum serhumano fracoepassouaterum
propósito
maior. Ohomemmorreu erestouumcorpo levandoumaideia. Uma ideia queseriapropagada,
queseriatransmitida,
que fariaadiferença
emudariaasituação
vigente.
Assim
surgiu
Codinome V, que decidiuvingar
ospacientes
do campo deconcentração
eosproblemas pelos
quais
apopulação
de Londres passavacomoconsequência
desersubmissaa umgoverno autoritárioefascista. Duranteos cincoanosqueseseguiram,
todos osenvolvidos emLarkhill forammortosporV,concluindoparte
deseu
plano.
Alémdisso,
elequeria
mostraraopovoinglês
que tudo deruim
pelo
que ela passavaeraculpa
delamesma.Aoescolhergovernantes
deploráveis,
oscidadãos deixaram queestes tomassemasdecisões em seus
lugares
eninguém
fez nada paraimpedir
oumudarisso. ParaV,opovonãodeveser
submisso,
nem seconformar,
edeve batalharpelos
seusdireitos,
pela
suavida. Ele defendia um estado noqual
osgovernantes
escutariam seupovo, sepreocu.pariam
comele,
não apenas com seuspróprios
interesses, e, acima detudo,
temeriamo
poder
dele. O povo deveriaser seupróprio
governante;
as pessoas deveriam governarasimesmas,suasvidas,
terrase amores.Mas V não eraapenasessaideia. Dentro dele ainda haviaacapa cidade de amar edetersentimentos comoraiva,
piedade,
maldade,
e a vontade de transmitir seus ideais para
aqueles
que considera va merecedoresdisto,
comoEvey. Depois
dotempo
no campo deconcentração,
a única pessoa que um diasignificou algo
para elefoia
garota
Evey
Hammond,
que conheceu salvando-a dasmãosderepresentantes
do governo quepretendiam
matá-la. V decidiu que elenãoasalvaria apenas demorrer nasmãosdo governo,masqueaensinariaanãoter
medo,
e avalorizaracoisa maisimportante
queo serhumano semprepoderá
preservar:suaintegridade.
V
significou
muitopara ela: eleera opai
que elaperdeu
nainfância, era o amante, era omentor quea ensinavaa sermais
forte e alutar
pelos
seusinteresses,era asegurançanomeio
daquela civilização perdida. Enquanto
viveu com
ele,
Evey aprendeu
aamá-lo,
arespeitá-lo,
a entendê-lo. Seujeito
irônico e
poético
de falara irritava; suamaniade usar versos e ci
tações
famosasem suasrespostas,
nunca sen doclaro,
sendosem pre um mistério, a deixavabrava,
comraiva.Masumdia ela entendeu que ele não
dizia
tudo,
nemexplica
va bem o que
queria
fazer,
porque esperava que ela enten desse
sozinha,
que elaaprendesse
sozinha. Elenuncapoderia
ensinartudo a ela.Evey
deveria descobrir conforme ascoisasfossem
acontecendo,
conforme ela pas sassepormomentosdifíceiseaprendesse
comeles. Ele era contraditório. Podia ter momentos românticos, mas tambémeracapaz dematarimpiedosamente.
Mostrou àEvey
aface queseocultava atrás damáscara,
semjamais
revelarseurosto,efez comque ela levasseaideia adiante. Vousoufazer: mostrouaopovo de Londres que aanarquia
pode
ser ocaminho,
que dosdestroços
vemvidanova,umaesperançarenascida,
queaspessoaspodiam
lutar
pela
sualiberdade. Eletevesuavendetta;
nãovingou
otempo
em Larkhille oautoritarismodeseugoverno apenasnacarne,matando seusrepresentantes,
comotambémesquartejou
suasideologias.
Ti rou opoder
deumgoverno fascistaefezcomqueopovo voltasseaser
responsável
por suaprópria
vida. V provounão serapenas umhomem,
provou ser uma ideia. Uma ideia que, por mais que seu corpo tenha levado tiros emorrido,
continua viva, assim como osorrisonamáscara de
Guy
Fawkes.Textobaseadonopersonagem dagraphicnovel V deVingança(1982-83),de Alan Moore
�
Abril de 2012I
ZERORI!Ui5DiJsel
vogeri..os
Cede
rncccco no seu cerro
aselva moderna dos homensnãoseadmite lobosui
vando para<l:luanemleõesvociferando
pela própria
majestade.
Arvores, muito menos. Terra,pedras
...nada disso. Os homens e
mulheres,
da classe média baixaàgranfinagem
alta,
mais do quenuncabrigam
porum espaçonapista
daesquerda
oupela
vaganoestacionamento do
shopping,
em uma corrida sempódio,
troféuoubanhos dechampanhe.
Poisé,amigo,
aspessoas desaprenderam
acorrer e acaçar.Hoje
compramcongelados
nosupermercado ou
almoçam
norestaurantedaesquina,
eaindapretendem
fazê-lo decarro emaisrápido
do queosoutros.Aterraéde asfalto e correr... só sefor sobrequatro
rodas.Aselvavirou"trânsito"etodomundo
engordou,
não sãoseusolhos.Cadaum em seu
possante
de motorumponto
zero, comdireito aar-condicionado,
direção
hidráulica e vidroselétricos,
brigando
para escapar da sinaleiradesregulada
ou do ônibus que ameaça pa rar nopróximo
ponto.
Asmaioresbatalhas se desenrolam no diaa dia das ruas dascidades,
em quemáquinas
deponta
lançadas
nomês
passado disputam
comcarangas dosanos 1980a umavelocidade quenunca
ultrapassa
os 60quilômetros
por hora.Veja,
o queimporta aqui
não é o instrumento de caça e, sim, ocaçador.
O fator humano é odiferencial,
e só estandopresente
naguerra é
possível perceber
as nuancesde cadaparticipante.
Operfil
do
guerreiro
moderno mostra-senos detalhessimples
da vidamotorizada. A marcha
arranhando,
o carromorrendo,
umasetaparao lado errado. Ostipos
sãomuitos, quase todos conflitantes.Umcaso usual éo do
apressadinho
inseguro.
Ele quer,mas nãoconsegueteracoragem de enfiaro carro novácuo da
pista
aolado.As
opções
sãovariadas: ouele dásetaparaentrare nunca entra,oupressiona
o carro dafrente,
mesmo queo fluxoseja
maislento queaspessoas que caminhamna
calçada.
Oimportante
é vocêsaber que esse caranão vaiseanimaramudar depista
e,ainda,
vaite estressarmuito com a
possibilidade
de darumbeijinho
no seupara-choque
traseiroa
qualquer
momento.Outro
tipo
apressado
é o motoristaprofissional.
Mal-humorado desdecedo,
com a barba porfazer,
estepobre
homem nãoqueria
estar
dirigindo
o ônibus ou o caminhão que tem sob controle. Elejá
sabe o quevempela
frente atéo fim do dia(ou
até ofim de seusdias),
entãopretende
chegar
em casa umpouquinho
maiscedo. Eletem pressa. Ele tem um bichão
grande
que andarápido. Simples
mentesaiada frente. Ele estáestressadoe, aocontrário do que você
ZERO
IlI!Ui5/iilj
Abril de 2012par Giovanni Bello
pensa,essavelocidadenão
representa
umatendênciasuicida.Correr é sóumjeito
de acabaroexpediente,
nosentidonãosuicidadacoisa.Paracombatê-los existem os quenão têm pressa, que, comodi
zem,estão"a
passeio
navida" Não há idade parapraticar
estelifesty
lediferenciado,
quese destacanapele
de dois personagens bastante distintos. O maisusual é o velhinho. Mais pra lá do que pracá, ele sepergunta:
"pra
quê?
Nãotenho pressa de morrer:'É
um estado deplenitude.
Quarenta
por horae umamúsicaantiga
tocando,
notalo,
porque relembrar évivereele esqueceuo
aparelhinho
de ouvidoem casa.Asegunda
encarnação
dotipo
passeador
sãoosfortõestatua dos quedirigem
carrospretos
maiscarosqueaprópria
casa. A aparelhagem
desomtemopoder
deultrapassar qualquer
nível aceitávelde
decibeis,
e eles o fazem com umafrequência
admirável-e com
a
desvantagem
de nãopossuírem
umaparelhinho
de ouvido paraesquecer em casa. Além
disso, claro,
estão "apasseio
na vida" Oumelhor,
desfilandonela,
com um carroque,acreditam,
temopoder
deatrairmulheres.Uma
variação
dos fortões tatuados que andamdevagar
é a dosfortões tatuados que andam
rápido.
Seu carronãoprecisa
ser novo neminteiro,sóprecisa
fazer barulho. Adolescentescomnadana cabeça
também andamrápido,
com adiferença
de que o carro nãoédeles,
masdospais.
Paraambos valetudo,
desde quecheguem
ondepretendem
dojeito
maisziguezagueante
possível,
costurandootrânsito develhinhos
passeadores, apressadinhos
inseguros
egente
bar beira.Barbeiros...
tipos
únicosestes. Ou têm grana ou carinha de coitados
-e, por incrível que pareça, isso tem tudo a ver com a sua habilidadeaovolante: passaramnotestepor caridadeoupor desvio moral-financeiro do
aplicador
da prova.Conheço
casos,masprefiro
não
divulgar
nomes-prezo
pelas
minhas amizades-e,
afinal,
avidanão é feita só de carros... Embora só com eles a
gente
chegue
até avida.
Sim,sódecarro.
Já
experimentou
iràpraia
de ônibus? Ao motel de táxi? Aosupermercado
apé?
Pois é. Lazer, prazer e comida. A conclusão éimoral,
mesquinha,
ambientalmenteincorretaecapita
listinha:omelhor da vida éalcançado
comasfalto,
engarrafamentos
e
gasolina.
Se a
solução
fossemesmo abicicleta,
agente
ia ouvir:"Olha,
aminhatemquetermotor,cinco
lugares,
ar-condicionado,
vidro elétrico e
direção
hidráulica. Setiverquatro
rodas então..:' .É,
amigo,
aselvavirou"trânsito"etodo mundo
engordou,
não sãoseusolhos.5
al:i.tudes
lornelistes
incornprsendiqqs
aluno de
jornalismo
é uma ovelha. Ocaprino
citado é o animalmaisinseguro
que existe - damesma
forma,
ofuturoprofissional
dejornalismo
é omaisinstável entre osuniversitários. Seo homeméo lobodo
homem,
se ojornalista
éoloboda
sociedade,
se olobo éolobo daovelha,
qual
é o lobo doaluno? Olobo do alunosãoquatro,
na verdade:o desafio deescrever, acompetitividade
daprofissão,
a necessidadede
bênção
dosmaisvelhose aobrigação
deacompanhar
o mundo das notíciasedasinovações.
Comecemos
pelo princípio.
Desdequeojornalismo
éjornalismo
ele querser omaisabrangente possível.
Para issosevale deumalin guagem acessível paraatingir
todosospúblicos,
semdistinção
léxica ouvocabular. E,desde que nósentramosnauniversidade,
acaracte rística deescreverbem éconstantementemarteladapelos
professo
res,econstantementeperseguida pelos
alunos. Aquestão,
entretan to, étãosubjetiva
quanto
paradoxal:
oqueéescreverbem? Dirãoosprofessores
queescrever semadjetivos,
comprecisão
vocabular,
e semclichêsjá pode
ser considerado umaboaescrita. O que temos que entender é que há pessoas que leem e pessoas quenão leem. O vocabulário queo aluno utilizapode
parecer"normal"para eleemuitosofisticado paraoutros."Comonão
entende
'progenitorà?
Até minha mãesabeoqueisso
significà'.
Normal.A
competitividade
daprofissão
é outrogrande
fator deinsegurança.
A falta de diploma
pararegulamentar
oJornalismo
é,obviamente,
uma característica que criamais
disputa,
pois
seaceitaqualquer
umquequeira
escrever comojornalista: blogueiros,
twiteiros,
alguma
coisaeiros,todomundo,
eweb.
Competir
com tantagente
gera tantainsegurança
queo aluno passaa duvidar daprópria
utilidade dodiploma,
edauniversi dade. Obvio. E ondeesses futurosjornalis
tasseformam?Eunemquero
imaginar.
Outro fator estáligado
ao narcisismopróprio
dos humanos. Osjornalistas,
comoqualquer
pessoa,gostam
de serelogiados
pelos
pares,principalmente pelos
maisvelhos,
pois
é um sinal de queconseguiu
adquirir
astradições
dolegado profissional.
Oproblema
é: vocêjá
viuumjornalista elogiar
ooutro?Por issoé queosalunos fazem per
guntas
de "sala de aula" emcongressos compersonalidades
famosas. Ele procura ratificar o que foi
aprendido, tranquilizando-se
para
seguir
adiantequando
apágina
estiverembranco.
O último
ponto
éum dospiores:
acompanhar
o mar de notícias e deinovações
pelo
mundo. Pensandoempiricamente,
só há dois critérios paraserjornalista
-escre ver bem e ser muito bem informado.
Jor
nalistas
experientes,
quando
perguntados
sobre como ficaminformados,
respondem
que ouvem duas rádios de notícias e veemcinco noticiários por dia
(alguns
deixam aTV
ligada
24h),
assinamquatro
jornais
decirculação
nacional,
e umas três ouquatro
revistas, e aindatema internet. Para o alu
no,issoéumleviatã debrutalidade.O
típico
aluno de
jornalismo,
devido àjovialização
da
profissão,
procura mais entretenimentodo que notícias, mais
jornais
pela
web doque
impressos.
Adicione isso ao fato de sóàsvezes o aluno
acompanhar
o que é relevantepara ele. O
profissional
dejornalismo
aprendeu
que deve ler de futebol àmoda,
passando
porpolítica,
economia, notíciasinternacionais,
científicas,
enfim,
tudo que o serhumanopode produzir
deinformação,
mas o aluno aindanãopercebeu
isso.O aluno é
obrigado, pelas
entrelinhas daprofissão,
aacompanhar
todas as notícias�
possíveis;
entretanto, se acomoda com o que é mais fácil para ele.Logo depois
elevaiapurarumamatériae nãosabe fazerperguntas
sobre
aquilo,
fica refém dafonte,
não sabecontextualizar - a menosque o
esteja
aberto aolado,
o queprejudica
aapuração,
econsequentemente
otexto. Nessecaso,ainsegurança
surgequando
oaluno ficacommedo do leviatã deinformações,
preocupa-se demais
(ou não),
e nofinalotextoficaruim.Observados todosesses
pontos,
temosque entender que a insegurança éumfator
psicológico
que influencianoresultado final do seutexto,ejornalista
comtextoruim nãosobrevivenaprofissão.
O que dificulta oaprendizado
do aluno éadificuldade perene emsu blimara suacondição
deaprendiz,
abstrairasdificuldadespróprias,
e fazer o mais difícil: tomar a atitude de mudar.Atitude,
esse é oproblema
do aluno. Ou elenãotem(por problema
psicológico),
ouele éalienado
(pelo
mundo),
oueletemoego inflado(também
pelo
mundo),
ouestánaprofissão
errada.Nãodiga
queeunão avisei.Ei
I
I I
�
Abril de 2012I
ZEROI1I!Ui5/iilSobe
ou
desce?
por Mariane Ventura
Nunca
ma? Entãoentrounãonumsabeelevadoroque éefaltafez umdeassunto.comentário sobre ocliAlgumas
situações
causamcerto silênciodesconfortante,
e uma delas é entrar no elevador com pessoas que você nem faz ideia de quem
sejam.
Tudobem quecompartilhar
umcubículo de1,5m2
não énenhumdesafiopraninguém.
É
atéfácil. Basta entrar,cumprimentar
osdemaisepronto.
Sóumaregrinha
deetiqueta
básica. Mas
quando
estamosno12°andar,
apenasumbom dia parecenãoser osuficiente para
aqueles
minutosde descidaemconjunto.
Eeisque surgeele,
opai
dos clichêsquebra-gelo:
-Que tempo doido,
hein!- Pois é.
Acho quevaichover...
-E
demanhã,
estavatãoquente!
- Emesmo
...
PUM
A
situação
é um pouco melhorquando
existe um ascensorista. Além de
pilotar
amáquina,
oencarregado
que exerce afunção
tambémserve como ummediadordosdiálogos
monofrásicos.- Bomdia. - Bomdia. O
terceiro,porfavor.
-Bomdia.
- Bomdia.
É
noquarto
andar que ficao consultório da dra. Ca-rine? -Sim,senhora.-Obrigada.
PUM PUM PUMTudo parece mais
rápido
com um ascensorista.Já
morei emapartamento,
semelevador,
masdos condomínios residenciais queconheço,
nuncavisiteium em queexistisse ascensorista.Imagino
que
seja
umpoucomaischato pegarcarona com umvizinho com quem você discutiusemanapassada
porcausado volume de som,ou mora no
apê
ao ladoevocênuncaviu, ouatéaquele
que vocêouviuaosberroscom aesposaentre
xingamentos
eba!l!�hº
decoisas
quebrando.
No diaseguinte, quão
constrangedor não.seria
veroLuizentrando noelevadorcomvárioshematomas .é
dizendo:
-Essasescadas do condomínioestãohorríveis. Caíontem.Vou reclamar paraosíndico!
- Poisé
...Estãomesmo,porissoeupegooelevador.
PUM
Talvez
pertsándo
nisso,osarquitetos
começaramaprojetar
pré
dioscomdois elevadoresealguns
comsaídas paraosdoislados(l).
Dessaforma,
oelevador que estiver maispróximo
ao andarchega
primeiro,
e aviagem
émaisrápida
emuitasvezessolitária.Apesar
disso,
ninguém
estálivre das súbitasparadas
nomeiodo caminho:- Sobe? - Desce. PUM - Desce? -Desce. -Tá,
calor,
hein! -É
...Acho quevaidar trovoada.
PUM
treme-
dentel.
ecelone.
'i
popel
e
olheiros
c,
por Mariane Ventura
Certos cheirossão
peculiares
decadalugar.
Comamemóriaolfativaé
possível
lembrar de um local sópelo
cheiro. Cheiro de comidacaseira, do
perfume
dealguém,
de roupalimpa
eatécheiro de ele vador.Sim,cheiro deelevador.Secadalugar
temumcheirocaracterístico, com oelevadornão seriadiferente.
O cheiro do elevador é tão
peculiar
que só em pensarnaquela
liga
de alumínio e ferro é quasepossível
sentir ogosto
dasparedes
de metal foscooudosapólio
com aromadeeucalipto,
nos casos em queoelevador acabou deserlimpo
eparece que você está entrando em umbanheiropúblico.
Mas o mais incrível é que cada elevadortemocheiro do local para ondese vai.
ParaoLuiz,que todo mêsvaiaoconsultórioda dra.Carine,o
ele-ZEROIII!Ui5/iil I Abril de 2012
_
conversos
Feçorn
SUdS
opostos'
por Arianna Fonseca
-Sexta-feira,
fora. Para todosseishoras.os ladosÉ
primavera,
que olho do luxuoso hall domas otempo
é instávelláhotel,
vejo
pessoasencapuzadas
e usando óculos escuros, como quem querseesconder dealguém
oudealguma
coisa.Oambienteé
amigável
epacífico,
masparamimtudosoamuitoestranho.Háhomens
engravatados,
mulheres, idosos,
moleques
usando boné e até mesmo celebridades. E todos eles conversam entre sicomo quem se conhece há muito
tempo.
Quando
meaproximo,
constato que o assunto e ofoco
principal
são sempre os mesmos em,todos
osgrupos:pôquer.
Eo
primeiro
dia de umtorneiodojogo
quemuitos criminalizam e veem com
preconceito.
Masoutrostantossãoapaixonados
e sededicam diariamente fazendo do"esporte" pôquer,
assimcomo elesdizem,
um estilo de vidaemeio de sustento. Sintono ar um clima de euforia e ansiedade.Logo
asportas
dogrande
salão se abreme oambiente atéentãofamiliar dálugar
àtensãoe aolharesdesconfiados.
Em menos de um minuto, noto que, de forma
organizada,
muitos
já
se encaminharam ao salãoprincipal,
onde acontecerá o torneio. As cadeirasvão sendoocupadas
simultaneamente emposições
pré-definidas
por sorteio. As pessoas se misturam, osolhares passama ser
investigativos
ecadajogador
tentaentenderapersonalidade
dosoitoqueestãoao seuredorna mesa.Nãoé
difícil,
nessemomento,"sepa-rar os homens dos
meninos",
já
que as mãostrêmulas,
os olhosperdidos,
apele
úmida e a voz que tenta passartranquilidade
denunciamaosbons
jogadores
oestressedeseusadversários, que ainda não têm controle sobre
tais sintomas.Essessinais sãocuidadosamen
te observados e lidos
pelos
maisexperientes
no
jogo,
que, apartir
daí,
elaboram suases-tratégias.
O silêncio começa aimpregnar
o locale as cartas sãolançadas
àmesa.No
primeiro
dia,
acada hora que passa,vejo
sendo eliminadosum a um
jogadores
com poucaexperiência.
Eos mais dedicadosme
impressionam, pois
parecemver as cartas de seusoponentes.
Issome certifica de que não é apenasum
jogo
de sorte, e simumjogo
deprobabilidades
ehabilidades,
quejunta
matemática,psico
logia,
leituracorporal
eplanejamento.
Porisso,seriajusto
oreco-��.
nheêi��nto
dopôquer
comoesporte
da mente,junto
aoxadrezeàs
darriás,
bemlonge
debingos
eroletas.Esse
jogÔ"e-xige
constanteavaliação
dosadversáriose uma concentração
eminenteporque decisões sãotomadas acadainstante.Não basta
ganhar,
tem queperder
pouco eestabilizarasfichasna média dosoutrosjogadores,
paragarantir
que, além deseusrivais,o torneio não te derrube.
Afinal,
isso vale dinheiro! Nesse caso,360 mil reais que serão divididos entre 10% dos melhores
joga
dores do torneio.
Recompensa
para quem pagou pouco mais de dois mil reais nainscrição.
Interessante? Pois é, estou falando de umjogo
que além depoder
ser umdivertimento em casa com osamigos,
valendo dez reais e uma rodada decerveja
eaperitivos,
pode
proporcionar
ao vencedor milhões de dólares e estabilizarsuavida.
É final do
primeiro
dia do torneio que não se sabe ao certoquando
vai terminar. Somente nessa sexta-feira foram setehorasdeestressemental que, agora,soma-se ao
esgotamento
físico.Mes moassim,comtodososfatoresnegativos,
percebo
que cadarosto exibeumasatisfação pessoal,
cadaumcom seumotivo,mastodosorgulhosos
porteralcançado
opróximo
dia dotorneio.Concluo,
então, que
pôquer
émuito maisqueumvício queassustaasfamí liasepõe
umainterrogação
nalegislação
brasileira.É,
sim,um es tilode vida saudável queunepessoas de diferentes classessociais, criando vínculosegrandes
amizadespor todaaparte.
vadortemcheiro de dentista. Nomesmo
prédio,
dividindoo mesmoelevador,
ainda encontramosa dona Sílvia dacontabilidade,
e paraela,
elevadortem cheirodepapel.
Pilhas depapel.
Eapenas um an dar acima, temos o salão da Helena. Pra quemvai ao 5°andar,
o elevadortem cheiro deesmalte,
spray decabelo,
secadoreacetona.A
função
doespelho
no elevador também muda.Quem
vai aodentista sempre dá
aquele
último sorrisinho pra conferir se está tudo certo antes entrar no consultório.Quem
volta do salão abreaquele
sorrisãotentando seduziropróprio
reflexocom o novopenteado e as unhas coloridas. E quem vaitrabalhar...
bom,
quemvaitrabalhar olha para o
espelho
do elevador como quem diz: "Vocêde novo?
Que
olheirashorríveis! Ainda bem que amanhã ésexta..:'t
,
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-'" $»-� \It � r---� I IAstrolozica
unca acreditei nessahistória de atra
ção fatal,
era um dos poucosaspectos
da
astrologia
que não me convencia.Sempre
achei umabobagem,
até odiaem que viumariano
pela
primeira
vez
-nos dois sentidos: não o
conhecia,
assim como nenhum outro ariano atéentão. Por
algum
alinhamento estranho dos astros, em vinte anos de vidaeu nuncatinha convivido com opri
meirosigno
do Zodíaco.Quando
isso inevitavelmenteaconteceu, ele
simplesmente
arrasou, como é de sua natureza.
f:
'#
Foi fatal
�esmo
.. No
inst�nte
____em que o VI, senti uma
mIs-::-:?,=,
"",..tu�a
deempatia:
de-1/1\
�---seja,
taquicardia,
�
tesão,
frio na bar-�
I
riga,
paixão
e atéamor... -
É
o caraque eu sempre
quis!
-pis
cou o alerta dentro
de
mim,
enquanto,contida,
me apresentava.
Era
só,
mais uma,suposição.
Asexpecta
tivas
geradas naqueles
primeiros
segundos
deencantamento se
confir-maram nas conversas e então me
certifiquei.
Eleera, de
fato,
interessante.Um
achado,
depois
detanto
tempo
sozinha - comoboa
sagitariana,
eupreci
sava
questionar
as convenções
sociaisemenega va a fazercomo as minhasamigas,
que continuavamnamorando
aquele
cara do terceirão. Era banito,divertido e solteiro. Era O
Ariano.
Enfim,
a minhahora da estrela.
Em um
daqueles
lapsos
de retorno àadolescência - uma
espécie
de "derepente
13" -, o grupo em que estávamos decide fazer uma roda de verdade ou
consequência.
-Você ficaria com al
guém
da roda?-pergunta
o Ariano para mim.
-Sim,
com você-respondi,
comcoragem e bravura à altura do seu
regente,
Marte.Foi nesse misto de confissão e
provocação
que a zicacomeçou.
Eu sempre fuido
tipo
"mulherdifícil",
não para fazercharme ou
algo
assim,
mas por serparte
da naturezade
alguém regido
porJúpiter.
Deixei o mistério de ladoporque
aquela
não era umaconstelação qualquer,
eupagaria
o preçopelo
risco.Masopreço foiestratosférico.Eu traveiecadavezque
o Ariano se
aproximava,
uma nuvem devergonha
meenvolvia, impedindo qualquer
movimento natural. MeporMarianaRosa
esforcei para relaxar. Mas não deu. Novas
zicas,
agora de ordemfisiológica
- umaTPM à flordapele
eumacrise de refluxo que me tirou três
quilos
em uma semana,uma
provável
reação
estõmaco-emocional à mistura decachaça mineira, pimenta
da Paraíbae charme ariano.Nem as mais
potentes
energias
de Vênuspoderiam
fazer
daqueles
dias um momento sociável.- Você é
sempre tão séria?
-pergunta
o Ariano no meio de umabaladinhapseudocult.
- Eu?!.
.. não... não sei... eu...
bom,
acho que eu soumeio tímida... e tõ um pouco doente... mas
depois
queconheço
a pessoa há umtempo,
sou até bem divertida...Tentava me
expli
car
quando
ele começou um discurso sobre
autoestima,
autovergonha,
tudoem um tom mui
to
autoajuda.
Percebi que, apesar do ambiente
sugestivo,
aquilo
não era umacantada.
-Você devia sorrir mais - aconselhou e
foi embora.
Nessa
frase,
azica,
antes
remediável,
atingiu
proporções
solares. "Você deve..."
é sem pre uma fala mortal
para
sagitarianos.
Asinceridade do
Ariano,
até então
encantadora,
atingiu
meu calcanharde
Aquiles.
Mas eu resisti. Era o senhor da
guerra, mas eu não
ia me render fácil.
Congelei
umsorriso,
obviamente muitoamarelo,
na tentati va de demonstrar afelicidade,
o otimis mo e toda a sorte de sentimentossimpáticos
que . _.�
faziamparte
dal_----���{�t1'�}�����[::::J�
minhapersonali-,
U'"
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dade - meuho----..
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L::...-ll1�l{j
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gitário
eascen-dente em
Leão,
alegria
é a melhorpalavra
para me definir. Tudoaquilo
não passava de umjulga
mento errado e eu iaprovar!
Mas espera aí. Provar o
que? Que
eu era eu mes ma?Que
erafeliz? ..Quem
precisa
fazer isso?! Eafinal,
quem era
ele,
para me cobrar tudo isso?- Um
ariano,
suaboba. E vocêperdeu
...- sussurrou
a consciência da minha lua em Libra.
Fechei a cara e assumi a derrota. Eu não era o que
ele
queria
que eu fosse- só eleeratudo que eu
queria.
Pois
é,
Ariano,
você me arrasou mesmo.Mas,
por favor, não vá se sentir
culpado.
Você não fez nada de errado,
eué que tomei tudo como muito certo. O Zodíacoé zicado demais para nós dois.
�.
,
e'taQLle4
,
:<
jogar
no maior estádio do mundo. Ainda novestiário,
os
jovens
ouviam osgritos
das 50 mil pessoas - "Vaaaascooo",
"Meeeengooo".
O que vocêpensou?
Quero
ir embora? "Embora nada!
Queria
entrar nocampo",
Adilson
rapidamente
mecorrige.
E aoentrar,
seu pen samentofoi apenasum:"porra,
naladeiraeujogo
bem.Não vou
jogar aqui
no Maracanã? Gramado retinho.Joguei
e medestaquei".
Mesmo
perdendo
por 5 aL,
no vestiário Adilsonrecebeu avisitade Garrinchae deumacomitiva de técnicos da LBA e da base do
Flamengo
para saber se ogaroto
queria jogar
no clube. Diante daproposta,
a preocupação
do menino do subúrbio era saber como pagar acondução
para os treinos. Filho de uma dona de casae de um
funileiro,
ascondições
eram limitadas. Nopri
meiro mês teve à
disposição
um chofer que o buscavaem casa e levava de volta. No
seguinte,
começou a pegar õnibus e trem sozinho.
Após
meses acordando às4h30,
para estarno treino às8h30,
ele se mudou paraa
concentração.
Dos oito anos em que esteve no
Flamengo,
Adilsonrecorda as conversas e os treinos com Zico. Se estar
perto
já
eraprivilégio, imagina
substituir o ídolo rubronegro, que ia para a
Udinese,
da Itália. Ele conta quenão sofreu com a
pressão
da torcida porque esta sabiaque
qualquer
um que colocasseaquela
camisa 1 °jamais
faria o que Zico fez.Depois
do time docoração,
Adilson passou por Friburguense (RJ), Operário (MS)
e Fortaleza(CE),
e em1987 foi para oAvaí. Ele contaque,
quando chegou,
oscomentários que ouviu a seu
respeito
não eram bons.
-"Neguinho joga
bem,
mas é malandro. Tápensando
que tá
passeando
emCopacabana",
por causa do meuestilo de
jogo.
Mas eu mostrei em campo que não eranada
daquilo
-defende-se o camisa
10,
que se tornouum dos maiores ídolos do time do sul da ilha. Muitos
pedem
que ele volte ajogar
só para baterfalta,
lanceque fazia com
precisão.
Pelo
Avaí,
tevetrês passagens. Em1987/88, quando
conquistou
o Estadual de1988;
em1992/93, conquis
tando o vice no Estadual de
1992;
e em1996,
um ano antes de seaposentar. Mas,
para a torcidaavaiana,
o curtoperíodo
em que Adilson esteve no Figueirense,
em1991/92, emprestado pelo
Grêmio,
foi consideradotraição
numprimeiro
momento. "Fuiperdoado
pela
nãoconquista
de título".Outro motivo para a torcida vê
-lo como um
legítimo
avaianoocorreu na final do Catarinense de 1997. O time enfrentou oTu
barão,
onde o atletajogava
e seaposentou.
"A torcida do Avaífoi ao delírio com o título e a
do Tubarão dizia que eu tinha
entregado
ojogo.
Eu fiz o quepude."
Entre as muitas
conquistas,
Adilsonrecebeuotroféu Bola dePrata da revista Placar como o
melhor
meia-esquerda
do campeonato
de1988,
jogando pelo
Criciúma e desbancando Zico.
De lá foi para o
Grêmio,
em1989,
ondeconquistou
openta
-campeonato
estadual e aCopa
do Brasil. Sua carreira interna
cional limitou-se ao clube
me-xicano Atlas e ao
equatoriano
Barcelona
Esporting
Club.Camisa
10,
O
ídolo do
Avaí
por Ediane Mattos
"Com
14
anos eu nuncatinha
jogado
em umcampo de
futebol. Estádio?
Só ouvia
falar,
mas nunca
tinha ido
anenhum.
Não
sonhava
em serjogador profissional,
comoafirmam
hoje
emdia
essesgarotos
de
cinco
anos"
declaração
de Adilson Helenopode
atéfazer
alguém
pensar "esse é dos que têm sorte"-o que não é
mentira,
masele soube
aproveitar
asoportunidades.
A
postura
do homem dentro dequadra,
gritando
como umgeneral
com meninosque
jogavam
naescolinha daqual
é sócioe
professor,
no bairroEstreito,
emFlorianópolis,
sinalizava que, na
verdade,
ele sempre soube o quequeria.
Após
a última auladaquela
manhã,
oex-jogador
de49 anos senta na minha frente para conversar. Seu
início no futebolfoi em
jogos
com oscolegas
do bairro.Um deles soube que havia testes para a
seleção
com os melhoresjogadores
das comunidadescarentes,
que enfrentariagrandes
timescariocas,
e Adilsonfoi,
semmuita
expectativa.
O destino do menino de Nova
Iguaçu
já
estava traçado
hátempo.
Maisprecisamente quando surgiu
nosgramados
cariocas umjogador
de pernas tortas - Manoel Francisco dos
Santos,
o ManéGarrincha,
considerado o melhor
ponta-direita
de todos ostempos
pelos
críticos de futebol.
No dia do
teste,
oresponsável
porgarimpar
futurosjogadores
para umprojeto
daFundação
Legião
Brasileira de Assistência
(FLBA)
em NovaIguaçu
foi exatamente Mané Garrincha. E entre os escolhidos estava AdilsonHeleno. Ele assumiu acamisa 10 da
seleção
daFLBA e, no
primeiro jogo,
contra oBangu,
mareou ostrês
gols
davitória. A boaapresentação
despertou
o interesse de Castor de
Andrade, patrono
doBangu,
maso
"anjo
de pernas tortas" de NelsonRodrigues
decidiuque o menino
permaneceria
naseleção
para osjogos
contraFluminense,
Flamengo,
Vasco eBotafogo.
Contrao