A Química nos séculos
XI, XII, XIII, XIV e XV
ALQUIMIA MEDIEVAL OU EUROPÉIA Qual era o cenário da Idade Média?
“...Idade Média como um longo e obscuro parêntesis na história da civilização ocidental, pensa geralmente que durante esse período de inegável entorpecimento intelectual se eclipsaram totalmente as luzes com a Antiguidade clássica haviam alumiado o mundo, e se esqueceram das ousadas tentativas com que os filósofos antigos havia interrogado a natureza física nos seus mais recônditos mistérios.”
O que chamamos de Idade Média é o período compreendido entre a
deposição do último soberano do Império Romano do Ocidente, Rômulo Augusto (476, século V), até a conquista da cidade de Constantinopla, pelos turcos (1453, século XV), pondo fim ao Império Bizantino.
Marcos históricos
- Queda de Constantinopla
- Fim da Guerra dos cem Anos
- Redescoberta da América, 1492;
- Reforma Protestante, 1517 - Período de nova cultura com a
diversidade das culturas romana, germânica, celta e eslava. Observa-se mais a preservação da cultura do que cultura criativa.
Sec. XIII
O grande século - Fim da Idade média na Itália - Surgimento da monarquia na França, Espanha e Inglaterra.
Característica comuns nesses 1000 anos.
• Uso do latim com língua culta (ensino, vida religiosa e política, nas letras; • O papel central da Igreja;
• Ensino nos conventos, monastérios e catedral; • Surgem as universidades, pela igrejas;
• Complementação entre o Poder espiritual (Sacerdotium) e temporal (Imperium)
• Sociedade: valorização do homem, o homem medieval é um homem
hierarquicamente organizado, e cada qual ocupa o seu lugar e exerce o seu papel;
• Primeiras viagens para ampliar o espaço geográfico; • Nasce a economia moderna;
• Nasce o poder representativo;
• Surge o Humanismo: Homem maior de todos os valores e vê na natureza beleza e ordem;
• Sentido sobre Razão: propícia à aceitação da Alquimia Assim a Idade Média é o cenário ideal para a Alquimia.
Como a Alquimia chegou à Europa?
- Pelos árabes, muçulmanos, herdeiros do conhecimento filosófico, científico e médico, no século X.
• Pela Sicília, (902 -1091);
• Pelas Cruzadas, através da Espanha, França e Itália. A Espanha esteve sob o domínio árabe no período de 711 a 1492;
Contribuições de :
• Encontro das três culturas: árabe (muçulmanos), judeus e cristãos e ocasiona um maior equilíbrio entre as tradições.
• Escola de Tradutores de Toledo
◦ Recupera o conhecimento clássico e helenístico grego;
◦ Tradutores: Gerardo de Cremona, Robert Chester, Michael Scot e Constatino o Africano. ◦ 1114 – primeira tradução de uma obra sobre Alquimia.
Observações:
✗ muitas incertezas sobre autoria dos textos, pois alguns assumiam textos, talvez para disfarçar a origem muçulmana do texto
Séc. XI e XII
✗ Os europeus se dedicam à introdução de textos científicos e literário dos árabes;
✗ Atividades: ferreiro, metalurgia, tintureiros, curtidores, droguistas entre outras. Essas atividades vinculavam-se aos processos e operações.
ALQUIMISTAS
Maiores representantes, apesar de não haver consenso. Roger Bacon e Alberto Magno
Roger Bacon
• inglês, 1220 -1292; • frade franciscano
• Contribuiu para a classificação das ciências: Perspectiva (Óptica),
Astronomia, Ciências dos Pesos (Mecânica), Alquimia, Medicina, Agricultura e Ciências Experimentais (ideia original)
◦ Método experimental:
◦ Alquimia Especulativa - trata da formação das coisa, a partir dos elementos. Prática - ensina a produzir metais, cores e pigmentos,
Alquimia prática – essa era a mais importante das ciências.
• Obra aqui destacada: o livro “Opus Tertius”, a Terceira Obra, que trata das operações como destilação, ablução, calcinação, ustulação, moagem,
mortificação, sublimação, proporção, decomposição, solidificação, fixação, liquefação, projeção e depuração.
• Uma grande contribuição: descrição da composição da pólvora (1242). ◦ Composição em 1242: Salitre (40%), Enxofre (29,4%) e carvão (29,4%). ◦ Composição atual: Salitre (75%), Enxofre (10 a 12%) e carvão (10 a 15%)
• Para autores que veem a ciência de forma ampla, para além da concretude do empírico, era uma figura notável, para outros não tem importância.
Alberto Magno
• alemão (1193- 1280)
• frade dominicano em 1941 foi designado padroeiro dos que estudam as ciências naturais;
• Autor mais fértil da Idade Média, porém sua maior contribuição foi a divulgação do conhecimento alquímico;
• propôs os seguinte passos para o método experimental: observação, descrição e esclarecimento;
• caminhos para o conhecimento: ◦ Revelação e fé
◦ Filosofia e ciência (autoridades do passado, observação, razão e intelecto (abstração).
• Instituto Albertus Magnus: instituto alemão que se dedica ao estudo dos 38 volumes de sua autoria.
Alquimistas ibéricos • Arnaldo Villanova
◦ de Valência (1235-1240)
◦ Obra: Rosarium Philosofarum
▪ teoria aristotélica dos quatro elementos e a teoria árabe (S-Hg) ▪ descreve a obtenção de ácidos minerais(ex. Aqua forte, HNO3) ◦ Estudos sobre o álcool (aqua vitae, água da vida)
▪ Primeira menção: séc. XX, bebida destilada, originária da Dinamarca, de uso medicinal.
• Raimundo Lúlio (Ramon Lull)
◦ de Palma de Mallorca (1232 -1316)
◦ Obtenção do álcool, quase puro, pelo processo de retificação/desidratação, usando sal de tártaro
(carbonato de sódio).
◦ Estudou a água-régia, o ácido nítrico
◦ isolamento do sal amoníaco por destilação a partir da urina.
ENCICLOPEDISTAS
• Compiladores do conhecimento das obras alquímicas ◦ “De proprietates Rerum” de Bartholomoleus Anglicus
◦ “Der Rerum Nature”, 20 livros, Thomas Cantipratens (Tomás de Canterbury)
OS SÉCULOS XIV e XV
• Caraterizado por produtos e processos, sem grandes inovações, pois não se desenvolveu e nem reformulou concepções teóricas;
• Textos alquímicos sobre os mesmos assuntos; • Estagnação;
Alquimistas
• Geber ( ou Jabir), hispânico, estudou sobre “sublimação”, elevação de coisa seca pelo fogo, com aderência no vaso.
◦ Livro impresso ( invento de Guttenberg).
• Petrus Bonus, italiano, escreveu Introdução às Artes da Alquimia (filosofia).
• Nicolas Flamel, francês (1330).
◦ tabelião em Paris, mais conhecido pela lenda do sonho com o livro das artes ocultas, encontrado numa peregrinação à Santiago de Compostela.
◦ Até hoje tem a casa de Flamel em Paris.
• Jordanus Nemorius, italiano, autor de escritos sobre a balança.
• Nicolau de Cusa
• Giovani de Fontana
• Gionani de Fontana: médico e trabalhou com pólvora. • Bernardo de Trevisano: típico alquimista, investiu sua
fortuna e a vida na busca pela pedra filosofal e a transmutação.
• Ulmannes, alemão: transmutação.
• Thomas Norton, inglês (1421) - trabalhou com uma
alquimia mais prática e menos especulativa e mística, além de buscar um maior controle da temperatura.
• João de Rupescissa, catalão (1350): estudos sobre o álcool (quintessência), além de influenciar Paracelso.
Estudos sobre:
✔ Ácidos minerais ( H2SO4, HNO3, água régia e HCl) Tarefa: pesquise sobre a obtenção do HNO3
✔ Pólvora (S, carvão e salitre)
◦ Um dos materiais que mostra muito bem a relação entre a Química e a História Universal
◦ Invento sem inventor
◦ foi estudada por Roger Bacon, Chineses (séc. X), árabes (séc. XIII)
◦ uso militar pelos europeus durante a guerra dos cem anos (séc. XII) pesquisar sobre o uso da pólvora para fins pacíficos e militar.
PRINCÍPES EPÍGONOS (Pessoa que aprende com outra e a sucede numa tradição, arte ou ciência.)
Dois tipos de alquimistas:
1- aqueles que se libertavam pouco a pouco das práticas alquímicas e adotando posturas objetivas e racionais.
Início para Química como ciência?
2- aqueles que perseveravam na tradição alquímica (EPÍGONOS).
Exemplo: Michael Sendivogius (1566 – 1646), polonês que trabalhou com metalurgia e pigmentos.
RESUMO
– Decadência da Ciência Alquimica?
◦ Gaston Bachelard (1884 -1962): “ o cientista continua, o alquimista recomeça”;
◦ Os alquimistas do séculos XIV e XV são importantes para colorir o
contexto; histórico em que atuaram, mas pouco contribuíram para uma maior credibilidade da Ciência Alquímica;
◦ os alquimistas não inovaram em teoria, mantiveram o princípio dos 4 elementos de Aristóteles e do enxofre/mercúrio dos árabes;
◦ repetiram operações e processos e pouco inovaram em instrumentos; ◦ Na Alquimia a teoria não é explicada pelos fatos.