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'Não podemos demonizar o financiamento à exportação'

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Veículo: O Globo - Caderno: Economia - Seção: Não Especificado - Assunto: Economia - Página: 29,30 - Publicação: 15/09/19

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'Não podemos demonizar o financiamento à

exportação'

‘NÃO PODEMOS DEMONIZAR O FINANCIAMENTO À

EXPORTAÇÃO’

O Globo 15 Sep 2019

RENNAN SETTI, JANAINA LAGE E DANIELLE NOGUEIRA economia@oglobo.com.br

ANA BRANCO

Revisão. BNDES elabora plano até o fim do ano para definir tamanho da instituição. Montezano diz que cessão de funcionários deve ser livre e não descarta PDV

Em 2016, o BNDES suspendeu empréstimos para exportação de serviços, após investigação sobre obras em Cuba e Venezuela. O banco desistiu desse tipo de financiamento?

A linha está suspensa. Hoje, eu e o banco não temos conforto (em fazer). Mas o Brasil precisa retomar esse instrumento de exportação.

Por quê?

Porque esse é um motor importante para a sociedade, especialmente quando você fala em exportação de tecnologia. No setor de defesa, tudo o que você embarca com muita tecnologia, você vende o produto e o serviço de manutenção. Um submarino,

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um software de armamento muito sofisticado. O cliente não conhece aquilo, vai precisar que você vá lá fazer manutenção. Então, para você desenvolver um parque tecnológico, é importante esse tipo de financiamento.

Como evitar que, daqui a dez anos, o banco tenha uma nova lista de empréstimos alvos de investigação?

O TCU (Tribunal de Contas da União) está julgando a participação do banco dentro dessa política. Teve um acórdão concluído recentemente, que tratou de aspectos operacionais. Já houve melhoria na forma de checar os contratos.

Mas o banco vai mudar suas regras do financiamento?

Sim. Estamos discutindo com a Secretaria de Comércio Exterior alterações da política e das normas de como operar esse mercado. Nossa preocupação é não demonizar o instrumento que financia a exportação. Temos que distinguir a política do instrumento e, pelo amor de Deus, como sociedade, não podemos demonizar o financiamento à exportação.

Essa retomada tem o aval do presidente, que sempre foi um crítico desses empréstimos?

Nunca discuti isso com o presidente. Mas quando você fala que está abrindo o mercado com a União Europeia, fazendo mais acordos internacionais e quer se tornar um país mais competitivo, parte desse pacote de competitividade internacional é ter linha de exportação. Não adianta metade do governo federal querer fazer, e a outra vem aqui e entra com ação contra funcionários.

O que o BNDES espera para retomar a linha?

São mudanças de governança,decomoadecisãofoitomada. O processo de exportação envolve muitos agentes, todos vinculadosaogovernofederal. O banco tem sido muito crucificado. Está carregando o custo de imagem. O BNDES é apenas a última porta de saída. E não deve pagar essa conta. Por que foram escolhidos ali Venezuela, Cuba, Angola etc.? Foi uma política de governo. Mas será que não teria que haver uma transparência maior?

O atual governo não poderia privilegiar empréstimos com base na sua própria ideologia? Há um alinhamento maior com os EUA, por exemplo...

Desculpa, mas, uma coisa que esse governo não vai fazer é eleger país por ideologia. A gente tem que eleger país por capacidade de pagamento, de fazer negócio. Não por ideologia. Temos que ser neutros. Tem que ser uma visão negocial e de risco. Na hora que você coloca a ideologia na frente do risco, dá nisso.

O senhor está convencido de que a ideologia foi decisiva nos últimos governos?

Esse foi o grande problema. Política. Se outro país quer ser democráticoounão,comunista ou não, é problema do outro povo. O outro povo que faça a escolha. Agora, a gente deveria tratar todo mundo da mesma forma. Por que a gente construiu porto em Cuba e não em qualquer outro lugar?

O banco divulgou mais dados sobre financiamento de obras no exterior. Isso atende ao pedido do presidente de abrir a suposta caixa-preta do BNDES?

Não estou aqui para discutir se a caixa-preta está aberta ou fechada. Minha função é recuperar a credibilidade do banco e divulgar para a sociedade informações que considero pertinentes para esclarecer e enriquecer o debate.

Como esse trabalho, que é sensível, é conduzido junto ao quadro de funcionários?

Tudo o que o banco faz na linha da transparência e que agrega valor para a instituição tem que ser feito. É um tema difícil para o funcionário que viveu isso aqui. Já houve condução coercitiva. Mas a melhor forma de lidar com o trauma... É como ir ao psicólogo. Sevocêtemumproblema,vai, fala tudo, esclarece tudo. Pior que um fim horroroso é um horror sem fim.

O banco está inchado? Tem gente demais para a nova função do BNDES?

O banco chegou a desembolsar no auge R$ 200 bilhões por ano. Hoje gira na casa de R$ 60 bilhões, R$ 70 bilhões. Mas a gente está criando uma nova área de negócios, que é o banco de serviços. Quantas pessoas vão migrar e quantas precisam estar em cada lado, a gente está avaliando em um plano trianual. Esperamos até o fim do ano ter uma resposta.

Cogita fazer um PDV?

Prefiro esperar o resultado final para responder. Estamos estudando isso. Uma saída é ceder mais funcionários a outros órgãos?

Para mim, a cessão de funcionários do BNDES tem que serabertaelivre.Nãoseiquantos funcionários vão ser cedidos para CVM, IBGE, Susep. Não sei. Na hora que a gente abre essa porteira, o mercado aqui começa a se movimentar.

A venda da fatia do BNDES na JBS será feita quando a empresa fizer sua estreia na Bolsa americana?

É uma possibilidade sim. Quando a gente está decidindo o desinvestimento de qualquer empresa, tem que considerar novos eventos que vão ocorrer nessa empresa e o tamanho do seu lote. Então, eventualmente,vocêpodesair de uma tacada só. Uma coisa é certa: um banco de desenvolvimento não tem propósito de carregar um estoque de ações especulativas maior que seu próprio patrimônio.

O senhor se reuniu esta semana com o embaixador da Noruega. O que vai acontecer com o Fundo Amazônia?

Ele veio colocar a predisposição dele para arrumar uma saída. Todo mundo quer resolver.OMeioAmbientequerresolver. A Noruega quer resolver. O banco gostaria de continuar prestando serviço ao fundo. Resta saber se os cotistas e os governos vão achar solução.

O embaixador indicou se prefere que o fundo saia ou continue no BNDES?

A gente não está aprovando novos projetos. Projetos aprovados e e que estão em curso, a gente está seguindo a agenda normal, até que eles se decidam. É um tema de clientes.

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Uma das primeiras ações de transparência de sua gestão foi divulgar a lista de quem pegou crédito para comprar jatinho. E o presidente usou os dados para criticar adversários. O uso político, seja de que lado for, não preocupa?

O tema já é politizado por si. Então, a partir de qualquer informação nova, haverá esse debate ideológico. Nosso trabalho é prover o máximo possíveldeinformaçõesmaisconcretas, técnicas e simples para que as pessoas discutam com mais conteúdo. O que a gente quer para o país? Financiar ditadurascomviésideológicoou fazer acordos comerciais com quem traz mais divisas e menosriscoparaoBrasil?Agente quer subsidiar financiamento à indústria para fábrica de ônibus, de caminhão, que são instrumentos produtivos da economia, ou subsidiar artigos de luxo com o dinheiro público? A sociedade tem que debater mesmo. Faz parte do jogo.

“O que a gente quer para o país? Financiar ditaduras com viés ideológico ou fazer acordos comerciais com quem traz mais divisas e menos risco para o Brasil?”

“Já houve condução coercitiva (no banco). Mas a melhor forma de lidar com o trauma... É como ir ao psicólogo. Se você tem um problema, vai, fala tudo, esclarece tudo”

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