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Comunicação Interpessoal e Assertividade

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Academic year: 2021

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ÍNDICE

1. Elementos básicos do processo comunicacional ...2

Recetor: ...4

2. Determinantes da Comunicação Eficaz ...5

3. Estilos Comunicacionais ...9

4. A Comunicação como objeto de dinamização de uma equipa de trabalho ... 12

5. Estilos de comportamento e Comportamento assertivo ... 15

6. Dimensões do Comportamento Assertivo ... 16

7. Componente emocional da Assertividade ... 16

8. Desenvolvimento da Assertividade ... 16

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1. Elementos básicos do processo comunicacional

1.1 Etapas do processo de comunicação

A palavra “comunicação” deriva do latim “communicare”, que significa pôr em comum, associar, entrar em relação, estabelecer laços, tornar comum, partilhar. Troca de ideias, opiniões e mensagens, sendo que contempla o intercâmbio de informação entre sujeitos ou objetos.

É um fenómeno espontâneo e natural, que usamos sem darmos conta que esconde um processo muito complexo, que envolve a troca de informações, e utiliza os sistemas simbólicos como suporte para este fim. Estão envolvidos neste processo uma infinidade de maneiras de se comunicar. A comunicação é indispensável para a sobrevivência dos seres humanos e para a formação e coesão de comunidades, sociedades e culturas. Temos de comunicar, entre outras razões:

• Para trocarmos informações;

• Para nos entendermos e sermos entendidos; • Para entretermos e sermos entretidos;

• Para nos integrarmos nos grupos e comunidades, nas organizações e na sociedade; • Para satisfazermos as necessidades económicas que nos permitem pagar a alimentação, o vestuário e os bens que, de uma forma geral, consumimos;

Para interagirmos com os outros, conseguindo amigos e parceiros, tendo sucesso pessoal, sexual e profissional, algo fundamental para a nossa auto-estima e equilíbrio.

Atendendo à definição mais usual de comunicação que refere ser o “processo pelo qual os seres humanos trocam entre si informações”, surgem implicitamente os elementos nucleares do ato comunicativo: o emissor, o recetor ("seres humanos") e a mensagem ("informações"), o código, o canal e o contexto.

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3 O emissor e o recetor representam as partes envolvidas na comunicação (quem emite e quem recebe a mensagem). A mensagem e o meio - representam as principais ferramentas de comunicação. A Codificação, descodificação, reposta e feedback são os elementos que dizem respeito ao processo de comunicação em si. O último elemento – ruído – corresponde a todos os fatores que possam interferir na mensagem que se pretende transmitir.

Para haver comunicação é necessária:

 A intervenção de pelo menos dois indivíduos, um que emita, outro que receba;

 Algo tem que ser transmitido pelo emissor ao recetor;

 Para que o emissor e o recetor comuniquem é necessário que esteja disponível um canal de comunicação;

 A informação a transmitir tem que estar "traduzida" num código conhecido, quer pelo emissor, quer pelo recetor;

 Finalmente todo o ato comunicativo se realiza num determinado contexto e é determinado por esse contexto.

Resumidamente podemos apresentar as seguintes etapas do processo de comunicação:

Emissor (ou fonte da mensagem da comunicação):

 Representa quem pensa, codifica e envia a mensagem, ou seja, quem inicia o processo de comunicação.

 A mensagem pode ser transmitida sob a forma de palavras, símbolos, gestos, ou qualquer outra forma, desde que compreensível para os intervenientes no processo.

Mensagem:

 Informação, ideia ou pensamento que se pretende transmitir. Corresponde ao que vamos dizer

Código:

 Corresponde à forma como a mensagem é transmitida, sendo um sistema de significados comuns aos membros que efetuam (ou pretendem efetuar) a comunicação.

 A codificação da mensagem pode ser feita transformando o pensamento que se pretende transmitir em palavras, gestos ou símbolos que sejam compreensíveis por quem a recebe.

Canal de transmissão da mensagem:

 Trata-se do meio físico pelo qual a mensagem é transmitida, ou seja, é o elemento que faz a ligação entre o emissor e o recetor.

 Existe uma grande variedade de canais de transmissão, cada um deles com vantagens e inconvenientes, destacam-se os seguintes:

 Ar (no caso do emissor e recetor estarem frente a frente  Sonoro: telefone, rádio.

 Escrita: jornais, diários e revistas.  Audiovisual: televisão, cinema.

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Contexto:

 Situação específica onde se processa a transmissão da mensagem.

 O contexto varia consoante o tipo de canal de transmissão utilizado e consoante as características do emissor e do(s) recetor(es), consoante o local onde se processa a situação, da escolha do canal de transmissão e do tipo de codificação

Recetor:

 É quem recebe e descodifica a mensagem transmitida. Este pode ser uma pessoa individual, ou um grupo de pessoas, pois podem existir numerosos recetores para a mesma mensagem.

Depois do recetor receber e interpretar a mensagem transmitida, emite uma informação de retorno à mensagem recebida, sendo esta ação designada por feedback.

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2. Determinantes da Comunicação Eficaz

Uma das melhores maneiras de entender a natureza do processo de comunicação consiste em prestar atenção a alguns princípios ou tendências - que podemos designar por leis da comunicação;

 A comunicação é um processo de dois sentidos (biunívoca);

 A mensagem recebida pelo recetor nunca é igual à que enviamos.

 O significado que as pessoas atribuem às palavras depende das suas próprias experiências e perceções;

 Existem situações em que corremos o risco de fornecer excessiva informação às pessoas, criando-lhes dificuldades;

 Comunicamos sem estarmos conscientes disso, porque comunicamos também (e sobretudo?) através de linguagem gestual e corporal;

 O emissor deve ser congruente com a mensagem a transmitir;

 A comunicação é tão mais difícil quanto maior for o número de recetores e a sua heterogeneidade (muitos e diferentes recetores);

 Quanto mais simples for uma mensagem, mais fácil será a sua compreensão e memorização;

 O conteúdo de uma mensagem altera-se à medida que é transmitida de uma pessoa para outra.

Se os colaboradores de uma empresa querem desenvolver o seu desempenho comunicacional, devem compreender os modos através dos quais a comunicação se processa, assim como os obstáculos que podem ocorrer.

Chamamos a estes obstáculos Barreiras à Comunicação Eficaz, que se repercutem obviamente em mal-entendidos e perdas de tempo. Superá-las facilitará a comunicação e o nosso desempenho profissional.

As principais barreiras à comunicação situam-se a 3 níveis:

 Ao nível pessoal;

 Ao nível físico;

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6

1.

BARREIRAS PESSOAIS

Pode acontecer durante os processos de codificação e descodificação da mensagem, podendo assim situar-se:

Ao nível do emissor

 Quando não assimilou os conteúdos que deve transmitir, devido à má perceção das motivações do recetor.

 Pelo seu egocentrismo, associado a uma incapacidade para se colocar no lugar do seu recetor.

 Pela utilização de um código inadequado, em que os fatores conotativos da mesma língua podem revelar-se significativos.

 Deficiente elaboração mental da mensagem.

 Deficiente escolha dos meios e/ou do local onde se estabelece a comunicação.

Ao nível do recetor

 Falta de interesse para captar a mensagem.

 Antecipação da resposta, por não saber escutar ativamente.

 Competição entre interlocutores, que em casos extremos gera monólogos coletivos.

 Preconceitos em relação ao emissor, com hipóteses de valorização ou desvalorização da imagem do emissor e da mensagem recebida.

 Posição que ocupa na rede de comunicação.

 Estado psicológico - emoções, situação atual, etc..

2.BARREIRAS FÍSICAS

Interferem ao nível do canal onde se desenvolve a comunicação.

 Ruídos ou barulhos - no exterior, conversas de terceiros, etc.

 Desproporção do volume de informação em relação aos meios de comunicação.

 Avarias ou deficiências nos meios escolhidos para enviar a mensagem.

3.BARREIRAS SEMÂNTICAS BARREIRAS FÍSICAS BARREIRAS SEMÂNTICAS BARREIRAS PESSOAIS

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7 São constituídas pelas limitações presentes nos símbolos com que comunicamos, já que estes podem possuir significados diferentes.

 Não adequação da linguagem aos papéis sociais.

 Conotações não entendidas à luz do grupo social de que o indivíduo faz parte (ex: meio rural/meio citadino).

 Não correspondência da linguagem verbal à linguagem não-verbal.

Escuta Ativa

«Falar é uma necessidade, escutar é uma arte». Goethe

A escuta ativa é uma técnica de comunicação que implica que, durante o processo de comunicação, o recetor interprete e compreenda a mensagem que o emissor lhe transmite. E é importante que compreenda totalmente o significado da mensagem que recebe pois normalmente uma boa parte da informação que escutamos durante uma conversa não chega corretamente ou é mal interpretada pelo ouvinte.

Desta forma aprender a escutar é essencial para desenvolver uma comunicação apropriada, para uma comunicação eficaz. É preciso compreender a perspetiva do outro, dando a máxima atenção e estar disponível para o que tem a dizer, é preciso prestar também atenção aos gestos e emoções demonstrados durante o processo de comunicação.

É importante ter consciência que ouvir não é escutar. «Podemos ouvir um ruído ou som mas escutar ativamente envolve um esforço consciente».

De facto, temos a tendência para ouvir o que queremos ouvir e ver o que queremos ver.

Devido a este facto, a mensagem recebida por nós é muitas vezes completamente diferente daquela que o emissor desejava transmitir.

As melhores ocasiões para recorrer à escuta ativa são quando não estamos certos de ter compreendido o emissor ou quando é transmitida uma mensagem fortemente emocional (uma reclamação, por exemplo).

Quando usamos a escuta ativa, estamos a enviar um sinal ao cliente de que confiamos nele, de que damos importância às suas palavras e de que o estamos a ouvir. Isto faz com que em troca, o cliente se sinta mais confiante e tenha prazer em estar com quem o atende.

Página 43 Comunicação Interpessoal

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8 1. Gostar de escutar quando alguém está a falar.

2. Incentivar os outros para que falem.

3. Ouvir mesmo que não simpatize com a pessoa.

4. Escutar com a mesma atenção quer seja homem, mulher, criança ou velho. 5. Escutar com a mesma atenção quer seja amigo, conhecido ou desconhecido. 6. Deixar tudo o que se está a fazer enquanto alguém fala.

7. Olhar para a pessoa que fala.

8. Concentra-se no que ouve, ignorando todas as distrações em seu redor. 9. Sorrir ou mostrar que está a compreender o que ouve.

10. Refletir sobre o que a outra pessoa está a dizer. 11. Tratar de compreender o que dizem.

12. Tentar descortinar porque o dizem. 13. Não interromper quem fala.

14. Quando alguém que está a falar hesita em dizer algo, encorajá-lo para que prossiga. 15. Abster-se de julgar as ideias até que o interlocutor as termine de expor.

16. Fazer um resumo do que foi dito e perguntar se foi isso que o interlocutor pretendeu comunicar. 17. Escutar o interlocutor sem se deixar influenciar demasiado pela sua maneira de falar, voz, vocabulário, gestos e aparência física.

18. Escutar mesmo que consiga antecipar o que vai ser dito. 19. Fazer perguntas para ajudar o outro a exprimir-se melhor.

20. Pedir, se necessário, que o interlocutor explique em que contexto está a utilizar determinada (s) palavra (s).

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3. Estilos Comunicacionais

a. Estilo Passivo

“O sujeito passivo não respeita os seus sentimentos, os seus pensamentos nem as suas necessidades. Ele desvaloriza-se, na relação com os outros.”

O sujeito passivo não escolhe o seu próprio lugar, não se impõe. Ele aceita tudo dos outros, sem nada pedir para si próprio. O indivíduo passivo como que diz ao outro:

• “Desculpe por estar aqui ...Faça como se eu não estivesse cá ... Não se preocupe comigo ... Eu não sou importante.”

O sujeito passivo não toma iniciativa, não se realiza e raramente atinge os seus objetivos.

Consequências:

• Desenvolve ressentimentos e rancores, porque sente que é explorado e diminuído.

• Comunica deficientemente, porque não se afirma e raramente se manifesta. Os outros não conhecem os seus desejos, necessidades e interesses.

• Utiliza mal a sua energia vital, porque a sua inteligência e afetividade são frequentemente utilizadas para se defender e fugir às situações.

• Perde o respeito por si próprio. Faz coisas que não gosta. • Sofre

Sinais de identificação:

• Roer as unhas

• Mexer os músculos da face, rangendo os dentes. • Riso nervoso.

• Estar frequentemente ansioso. • Ter insónias.

Origem da atitude passiva:

• Falsa representação da realidade e deficiente apreciação e interpretação das relações de poder. • Fantasmas sobre o poder dos outros.

• Desvalorização das suas capacidades para resolver problemas. • Educação severa e ambiente difícil onde vivenciou frustrações.

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10 “O agressivo pretende impor-se às outras pessoas, fazendo prevalecer a sua presença e os seus interesses.”

A agressão corresponde a um ato que diminui os direitos das outras pessoas. O agressivo é hostil, quer por palavras, quer através de ações, não reconhecendo os outros como seres iguais a si, com direito a exprimirem os seus sentimentos, pensamentos e necessidades.

De um modo geral, este comportamento é eficaz, relativamente aos fins que visa, se produz o medo nos outros e os submete. Porém, se o agressivo desencadeia a cólera no outro indivíduo, o seu comportamento é ineficaz. De qualquer modo, o agressivo nunca é bem aceite pelos outros. O agressivo: Utiliza muitas vezes a coação, a ameaça ou a punição para atingir os seus objetivos. Ele rebaixa, ridiculariza e inferioriza os outros. A sua expressão não verbal é ameaçadora e gera medo. Tem uma grande necessidade de se mostrar superior aos outros, é reivindicativo e crítico em relação ao que os outros fazem e dizem. O seu objetivo é dominar os outros, humilhando-os e controlando-os.

Se o agressivo tem um estatuto dominante, ele apresenta-se:

• Frio, autoritário, intolerante e crítico.

Se o agressivo se encontra numa situação de subordinado, ele é:

• Contestatário e hostil.

Na relação com o outro, o agressivo:

• Não olha o interlocutor de frente. • É irónico.

• Faz barulho enquanto os outros falam.

• Faz comentários desagradáveis, em voz baixa quando os outros estão a intervir. • Fala alto.

• Interrompe os outros.

• Quer ser ele a ter sempre a palavra; recorre a imagens que chocam.

O agressivo é ineficaz nas Relações Interpessoais, porque receia sofrer, ser vítima dos outros, e vivenciar frustrações. Por isso, ele ataca primeiro, como meio de defesa. De certo modo, o agressivo é um indivíduo que é dominado pelo medo e que reage desse modo, para o afastar.

Consequências:

• Falta de informação útil, porque os outros não o informam. • Perde a amizade, a consideração e o amor dos outros.

• Sente-se frustrado, porque não satisfaz o seu desejo de ser amado. • Gasta muita energia.

Alibis:

• “Neste mundo é preciso o homem saber impor-se”. • “Prefiro ser lobo a ser cordeiro”.

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11 • “As pessoas gostam de ser guiadas por um temperamento forte”.

• “Se não me defendesse seria devorado”. • “Os outros são uns imbecis”.

• “Só os fracos e os hipersensíveis é que se podem sentir agredidos”.

c. Estilo Manipulador

“O discurso do manipulador difere consoante o interlocutor e, por isso, ele é hábil nas relações interpessoais. O seu objetivo é tirar partido das pessoas pois nunca apresenta claramente os seus objetivos.”

De um modo geral, o manipulador pretende “cair nas boas graças dos outros” em situações que pensa virem a ser proveitosas para si. Ele é hábil e subtil na relação interpessoal e não é fácil detetar o seu comportamento de manipulação.

O manipulador:

• É extremamente egoísta e utiliza os outros para satisfazer as suas vontades por meios não muito explícitos.

• Ele explora os outros de forma camuflada, muda de opinião e de pontos de vista, de acordo com as pessoas com que comunica.

• Não respeita as necessidades e os sentimentos dos outros. Por vezes, parece muito interessado e respeitador desses mesmos sentimentos, mas, de forma indireta ele pretende tirar proveito disso, criando condições para que o outro, perante a sua “falsa” atenção, se sinta reconhecido e consequentemente, satisfaça as suas vontades e desejos.

• Serve-se de bons princípios sociais tais como: “deves ser bom trabalhador ... deves ser boa esposa ... deves ser mais económica, etc ...”, mas de facto, estes princípios só têm como fim o facto de levar os outros a satisfazer as suas necessidades.

O Manipulador apresenta-se ao seu interlocutor cheio de boas intenções, oferecendo os seus talentos e capacidades para o ajudar, caso ele necessite. Explora as tradições e as convicções de cada um para fazer chantagem moral. É mais hábil em criar conflitos do que a eliminá-los. Ele é bom simulador e é hábil a servir-se da informação que dispõe, para atingir os seus objetivos e desvalorizar os outros. O Manipulador, uma vez descoberto, perde a sua credibilidade e dificilmente é perdoado porque os outros jamais confiarão nele

d. Estilo Assertivo ou Auto-afirmativo

“Comunicar de forma afirmativa é exprimir os seus pensamentos, os seus sentimentos e os seus pontos de vista de forma clara, honesta e apropriada.”

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12 Esta forma de comunicar implica:

• O respeito do indivíduo por si próprio, ao exprimir os seus gostos, interesses, desejos e direitos; • O respeito pelos outros, pelos seus gostos, ideias, necessidades e direitos;

Comunicar de forma afirmativa é dizer aos outros: “Eis o que penso, eis o que sinto, é este o meu ponto de vista. Porém, estou pronto para te ouvir e compreender o que pensas, o que sentes e qual o teu ponto de vista”. Comunicar de forma afirmativa é dizer ao outro: “Eu sou importante, tanto quanto tu; compreendemo-nos mutuamente.” Este comportamento é geralmente eficaz quando se pretende atingir determinado fim, porque permite estabelecer compromissos que visem a satisfação de quem se afirma e a satisfação dos outros.

Porque temos dificuldade em comunicar de forma afirmativa? De um modo geral, podemos dizer que ao longo da nossa escolaridade e vivência social, não fomos motivados para desenvolver a capacidade de exprimirmos os nossos pensamentos e os nossos sentimentos.

Os pais ensinam os filhos a serem limpos, bem educados, e a comer corretamente. Mas pouco tempo dedicam a dizerem de forma afirmativa o que pensam e sentem. Os professores, ao longo da escolaridade, estão muito mais preocupados com a aprendizagem da escrita e dos números e com a aquisição de saberes do que com o desenvolvimento da pessoa, no sentido de a preparar para se afirmar perante os outros. Por outro lado, a sociedade de um modo geral, ou melhor, as forças sociais, apelam para um tipo de relações humanas demasiado mistificadas, baseadas na dicotomia autoridade/obediência onde a boa relação parece ter subjacente uma certa submissão e ajustamento ao pensamento dos outros (mais poderosos), à custa de não afirmação de si.

Características:

O sujeito que se afirma

• Evidencia os seus direitos e admite a sua legitimidade sem ir contra os direitos dos outros. • Pronuncia-se de forma serena e construtiva.

• Desenvolve a sua capacidade de se relacionar com o mundo e com os outros. • Privilegia a responsabilidade individual.

• Está à vontade na relação face a face. • É verdadeiro consigo e com os outros.

• Coloca as coisas muito claramente e negoceia na base de objetivos precisos. • Procura compromissos realistas em caso de desacordo.

• Não deixa que o pisem.

4. A Comunicação como objeto de dinamização de uma equipa de

trabalho

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13 O conceito de EQUIPA está muito associado ao conceito de GRUPO mas acrescenta-lhe o facto de existir um espírito e uma vontade de querer ser o melhor em termos de competência, em concorrência com os seus pares.

Numa equipa, cada um dos seus elementos passa a sentir que faz parte dela e que o desenvolvimento da organização depende do trabalho realizado. Adquire-se a consciência de que o trabalho de cada um interfere no trabalho de todos.

Nesta situação cada um dos elementos da equipa sabe exatamente qual o seu contributo para o sucesso da equipa e consequentemente para o sucesso da organização.

Neste contexto:

• A chefia desempenha um papel fundamental. É ela que coordena e gere as atividades da equipa. • A chefia é responsável pela mobilização e processo de interação, favorecendo a produtividade e o bom clima dentro da equipa.

Numa equipa:

• São os seus elementos que tomam decisões, responsabilizando-se pelos seus resultados. • Cada elemento é responsável pelo seu trabalho e pelo trabalho da equipa.

• A chefia deve encorajar o trabalho individual tornando as pessoas responsáveis pelos resultados e implicando-as no seu trabalho.

O trabalho permite que as pessoas que integram a equipa sintam: • Que são importantes.

• Que são responsáveis pelo seu resultado. • Que fazem parte integrante da equipa.

• Que podem potenciar e explorar as suas capacidades e aptidões.

Condições favoráveis ao trabalho em equipa

Quando se constitui uma equipa de trabalho é necessário que exista: • Uma noção clara dos objetivos que se pretendem atingir.

• Uma definição clara das funções de cada elemento. • Um clima de abertura que proporciona a troca de ideias. • Um processo decisório consensual.

• Partilha do poder e da liderança. • Um método para resolver os conflitos.

Trabalhar em equipa é aceitar a diferença e a complementaridade; é substituir o mérito individual pelo êxito do coletivo.

A coesão da equipa

A coesão da equipa corresponde ao resultado das forças que atuam sobre os seus elementos para que ele permaneça e progrida.

Para que os diferentes elementos da equipa sejam coesos, é fundamental que:

• Exista atração pessoal. Isto significa que as pessoas devem gostar de permanecer e de trabalhar com os restantes membros.

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14 • Todos os elementos sintam que existe interdependência entre si. Isto é, sintam que o trabalho dos outros também é importante para o êxito do seu próprio trabalho.

• Todos os elementos tenham oportunidade de participar nas decisões. A satisfação dos elementos aumenta à medida que o trabalho se desenvolve.

• Cada um reconheça o trabalho do outro, encorajando-o e apoiando-o.

Comportamentos que dificultam o trabalho de equipa

Existem comportamentos disfuncionais que não ajudam a equipa a atingir os objetivos e que prejudicam o relacionamento interpessoal.

Agressão

O sujeito pretende ser superior aos outros, criticando-os ou humilhando-os. É hostil e desvaloriza o trabalho dos outros.

Bloqueio sistemático

O sujeito interrompe sistematicamente os outros, criticando-os ou humilhando-os. É hostil e desvaloriza o trabalho dos outros.

Rivalizar

O sujeito serve-se dos outros para mostrar a sua superioridade. Tem necessidade de se mostrar superior, desvalorizando os outros.

Formular juízos de valor

O sujeito faz apreciações abusivas e sem fundamento acerca da sua equipa e do comportamento dos participantes. Tem preconceitos e bloqueia a relação interpessoal.

Estar alheio

O indivíduo não se interessa pelo que se passa na equipa, não intervém. Tem um comportamento passivo ou de indiferença.

Egoísmo

O sujeito só vê o seu ponto de vista e rejeita todas as ideias que se opõem a esse ponto de vista.

Fases de Constituição das Equipas

Formação

Momento da ansiedade e descoberta, em que cada um procura o seu papel e os seus objetivos e tarefas que vão caber à equipa.

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Conflito

Surgimento de divisões, contestação de autoridade, dos objetivos e das tarefas, reagindo os indivíduos de forma estremada e emocional.

Organização

Surgem as primeiras normas, as relações de solidariedade, cooperação, partilha e comunicação, ultrapassam-se as resistências e a equipa prepara-se para funcionar.

Funcionamento

A equipa orienta-se para a eficácia, planeando, executando e controlando as tarefas para que foi criada. Desenvolve-se a organização necessária e a flexibilidade apropriada para serem atingidos os objetivos.

A Equipa e os Conflitos

Visão negativa dos conflitos

- Destrutivos e prejudiciais para o relacionamento interpessoal. - Sinal de incompetência e desorganização.

- Consequências das pessoas que, por serem conflituosas, deviam ser marginalizadas. - Associados a sentimentos e comportamentos indesejáveis.

- Reveladores da frustração dos trabalhadores.

Visão positiva dos conflitos

- Motores do progresso e desenvolvimento organizacional. - Causas de mudanças positivas.

- Vivificadores das equipas e das relações interpessoais. - Sinal de consciência crítica e conhecimentos diversificados. - Sinal de tomada de consciência dos problemas.

- Intensificador da comunicação nas relações interpessoais.

5. Estilos de comportamento e Comportamento assertivo

Passividade, Agressividade e Manipulação são as respostas tradicionalmente adquiridas, transmitidas e utilizadas por todos nós para enfrentar as situações mais complicadas no nosso relacionamento quotidiano.

Cada pessoa tem uma atitude preferencial ou em determinadas situações fazemos uso de uma determinada atitude que foi por nós aprendida.

O ataque ou a fuga (agressividade ou passividade), são comportamentos impulsivos e inconscientes característicos dos mamíferos, são comportamentos automáticos e naturais face a uma situação percecionada como perigosa.

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16 A manipulação por sua vez é um comportamento mais elaborado que se aproxima de um misto entre a passividade e a agressividade e por isso mais difícil de detetar.

Estas atitudes são limitadas e não permitem responder eficazmente às exigências profissionais da atualidade.

Para desenvolver uma atitude e comportamentos adaptados às novas exigências é necessário tomar consciência dos nossos comportamentos e das suas consequências ineficazes, e adquirir um conjunto de comportamentos facilitadores de uma interação humana positiva.

6. Dimensões do Comportamento Assertivo

O comportamento assertivo pode ser definido como aquele que envolve a expressão direta, pela pessoa, das suas necessidades ou preferências, emoções e opiniões sem que, ao fazê-lo, ela experiencie ansiedade indevida ou excessiva, e sem ser hostil para o interlocutor.

É, por outras palavras, aquele que permite defender os próprios direitos sem violar os direitos dos outros.

7. Componente emocional da Assertividade

Ser assertivo aumenta o respeito por nós próprios, reduz a noção de insegurança e vulnerabilidade, aumenta a autoconfiança no relacionamento com os outros, diminuindo a necessidade de aprovação para aquilo que fazemos. Fará com que os outros aumentem o seu respeito e admiração por nós. Permitirá que, ao defendermos os nossos direitos, consigamos que as nossas preferências sejam respeitadas e as nossas necessidades satisfeitas. É um estilo de relacionamento interpessoal que poderá ser extremamente recompensante, uma vez que proporciona maior proximidade entre as pessoas e maior satisfação na comunicação das nossas emoções. Ou, dito simplesmente, é possível que se goste mais de uma pessoa quando ela age assertivamente.

8. Desenvolvimento da Assertividade

A Assertividade é o ato de defender os direitos pessoais e exprimir pensamentos, sentimentos e convicções de forma apropriada, direta e honesta, de modo a não violar os direitos dos outros. É, como tal, um estilo de comunicação que nos permite ser mais construtivos na relação com os outros. Não é uma característica inata ou um traço de personalidade que alguns de nós possuem e outros não. É uma aptidão que pode ser aprendida, isto é, que cada um pode desenvolver mediante um treino sistemático e estruturado. A maior parte das pessoas não é assertiva em todas as situações. Por exemplo, podemos comunicar assertivamente com um colega de trabalho e ter bastante dificuldade em fazê-lo com familiares. Não será correto dizer que uma pessoa é

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17 simplesmente assertiva ou não assertiva, mas sim que há ou não tendência para comunicar assertivamente em determinadas situações.

A assertividade é uma escolha A ideia fundamental é a seguinte: a assertividade é uma escolha. Essencialmente, trata-se de alcançar uma maior liberdade de escolha, que nos permita ser ou não assertivos, na medida em que o entendamos fazer, numa dada situação. Provavelmente ninguém quererá ser muito assertivo quando um motoqueiro de trança, braços tatuados e 1 metro e 95 nos passar à frente na fila para a bilheteira do cinema. Todos aprendemos regras de sobrevivência, e neste caso parece ser mais adaptativo esperar tranquilamente que chegue a nossa vez.

Os direitos assertivos

São um conjunto de direitos que permitem a cada um de nós sermos nós próprios, agir e expressarmo-nos como nós próprios, perante os outros, sem distinções de cor, sexo, idade ou estatuto social. É importante considerar que os direitos vêm definidos em termos abstratos, e que deverão ser particularizados de acordo com as nossas situações individuais. Não é obrigatório concordarmos com todos eles, a listagem constitui apenas um auxiliar para cada um de nós construir o seu “guia de ação” na comunicação assertiva.

Mas ao fazê-lo teremos obrigatoriamente que aceitar que não são direitos exclusivamente nossos mas sim aplicáveis a todas as pessoas com quem interagimos. Não podemos defender direitos sem aceitar a responsabilidade que lhes é inerente, a de defender os nossos direitos considerando sempre os direitos dos outros, pelo que:

 Eu tenho o direito de ser respeitado e tratado de igual para igual, qualquer que seja o papel que desempenho ou o meu status social.

 Eu tenho o direito de manter os meus próprios valores, desde que eles respeitem os direitos dos outros.

 Eu tenho o direito de expressar os meus sentimentos e opiniões.

Eu tenho o direito de expressar as minhas necessidades e pedir o que quero.

Eu tenho o direito de dizer NÃO e não me sentir culpado por isso.

Eu tenho o direito de pedir ajuda e de escolher se quero prestar ajuda a alguém.

Eu tenho o direito de me sentir bem comigo próprio sem sentir necessidade de me justificar perante os outros.

Eu tenho o direito de mudar de opinião.

Eu tenho o direito de pensar antes de agir ou tomar uma decisão.

Eu tenho o direito de dizer “Eu não estou a perceber” e pedir que me esclareçam ou ajudem.

Eu tenho o direito de cometer erros sem me sentir culpado.

Eu tenho o direito de fixar os meus próprios objetivos de vida e lutar para que as minhas expectativas sejam realizadas, desde que respeite os direitos dos outros.

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Bibliografia

Adam, Linda, Communication Efficace, Le Jour Éditeur, Quebec, 1993.

Baginha, M.ª Lurdes, Dinâmica de Grupo, IEFP, Lisboa, 1996. Colecção Aprender. Berlo, David, K., O Processo de Comunicação, Martins Fontes, S. Paulo, 1989. Estanqueiro, António, Saber lidar com as pessoas, Presença, Lisboa, 1992. Fachada, M. Odete, Psicologia das Relações Interpessoais, Rumo, Lisboa, 1992.

Pinto, A., A Dinâmica do relacionamento Interpessoal, IEFP, Lisboa, 1991. Coleção Formar Pedagogicamente.

Referências

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