Ano 2 • nº 16 • Maio/Junho de 2010 • R$ 10,00
Água - Gestão e Sustentabilidade
Yves Besse, presidente da ABCON
Universalização só virá com vontade política
e enfrentando corporações estatais
Futuro é já!
Qualificação
Ranking
Cursos (até MBA)
de gestão ambiental
atendem demanda
Balanço de 81 cidades
mostra quadro crítico
do saneamento
t
EcnoloGiaPara usar,
tem de tratar
Tecnologia de ponta mostra preocupação
de fornecedores com sustentabilidade
projetos em execução. Sem dúvi-da, o reúso é hoje um dos nossos principais focos de atuação.”
Fornecendo plantas de reú-so basicamente para o setor in-dustrial, a Degremont tem tam-bém negócios com operadoras municipais e estaduais. “Dispo-mos de tecnologias para aten-der a todos os tipos de trata-mento, tanto de água quanto de efluentes, para o mercado mu-nicipal de saneamento e para o mercado industrial, sejam quais forem as exigências de qualida-de final requeridas. Nossos ser-viços abrangem o fornecimen-to, em qualquer modalidade de contratação, de sistema de tra-tamento de águas e efluentes para fins de reúso, seja reúso di-reto, indireto ou reciclagem in-terna nos sistemas industriais”. As referências da multina-cional: atendimento a mais de 1 bilhão de pessoas no mundo; mais de 3 mil plantas de tra-tamento de água; mais de 2,5 mil plantas de tratamento de Degremont: estação de tratamento de
esgotos de Barueri, para a Sabesp
Degremont/Divulgação
Até a China, que durante décadas abusou do verbo po-luir, em nome do crescimen-to, rendeu-se à necessidade vi-tal de água. Com 7% dos recur-sos hídricos do planeta e uma população de 1,3 bilhão de ha-bitantes (o Brasil tem 12% des-sas reservas para atender 190 milhões de pessoas), o gover-no chinês passou a investir em
tratamento de água e todo apa-rato tecnológico para restaurar seu patrimônio líquido. Foram autorizados US$ 125 bilhões num mega-PAC para despo-luir 70% dos rios e, de quebra, empreender programas de uso inteligente.
Sinal verde para multina-cionais como GE e Veolia, entre outras, que já estão operando nesse mercado gigantesco.
Na comparação, o Brasil es-tá bem na fita. Bem antes que a China abrisse os olhos, já se de-senvolviam sistemas para man-ter e preservar o abastecimento. A Degremont Brazil, do grupo Suez Environnement, que por sua vez é o braço ambiental do GDF/Suez, é um player de des-taque, esclarece o diretor co-mercial Marcelo Gomes:
“O reúso de água é de suma importância para a Degremont, não só no Brasil, como em todo o mundo. Possuímos inúmeras referências de projetos execu-tados e um grande número de
General Water: 80 contratos com grandes consumidores, como o Shopping ABC
Ricardo Ferraz, da General Water: poços com 100 mil m³ em Porto Feliz
General
W
ater/Divulgação
efluentes domésticos; mais de 2 mil plantas de tratamento de efluentes industriais e 250 plan-tas de dessalinização.
Aqui, além das indústrias, shopping centers e condomí-nios se garantem com projetos oferecidos por especialistas. A
General Water, por exemplo, detém 80 contratos com gran-des consumidores em São Pau-lo, onde lidera o setor. De acor-do com o diretor de Marke-ting, Ricardo Ferraz, o cliente, “com atendimento personali-zado e detalhado que damos a cada um dos sistemas por nós implantados e operados”, tem grau de satisfação absoluta.
Mais do que sistemas de abas-tecimento de água, explica o exe-cutivo da General Water, o clien-te quer gerenciamento inclien-tegra- integra-do de seus recursos hídricos, en-volvendo água potável e água de reúso. E busca uma empresa ca-pa de operar com qualquer fon-te disponível – sejam aquíferos a grande profundidade, seja trata-mento e reúso de esgoto sanitá-rio, efluentes industriais, águas de drenagem de lençol freático e águas pluviais. “Além de
cui-dar do balanço entre o que “en-tra” e “sai” do empreendimento, com foco na preservação desses recursos”, acrescenta Ferraz.
Em 2000, quando começou, a General Water optou por aten-der o setor privado, em função
dos riscos de contratos com a administração pública. Em 2007, com a Lei de Saneamento, o ce-nário mudou, para melhor. Ele conta: “Soubemos que o Serviço de Água e Esgoto de Porto Feliz abrira licitação para 1/3 do ser-viço de geração de água potá-vel (100.000 m³/mês)”. O vence-dor teria de buscar esse 1/3 via
No mundo todo,
a Degremont serve
1 bilhão de pessoas
e tem 250 plantas
de dessalinização
t
EcnoloGiacaptações subterrâneas a mais de 400 metros. “Isso estava de acordo com nosso expertise, lem-bra Ferraz. Já são 4 poços pro-fundos construídos, com um su-cesso técnico inesperado para a região, colocando à disposição do SAAE Porto Feliz água de al-tíssima qualidade, até mesmo superior ao padrão existente an-tes da nossa chegada.”
A Haztec, fundada em 1999, é controlada por três acionis-tas da área de finanças (BBI, Re-al Santander e Synthesis) e tem uma atuação diversificada. Pa-ra cada foco, há uma unidade de negócios com autonomia de voo. “A divisão em linhas de ne-gócios obedece ao planejamento estratégico do grupo”, informa porta-voz da empresa. Assim, a Haztec Ambiental opera em
Gestão e Remediação de Áreas Contaminadas. A Novagerar faz gestão ambiental e gerenciamen-to de resíduos. Com a Aquamec, que incorporou em 2008, passou a atuar em área ambiental, com especialização em projeto, pro-dução, instalação e operação de equipamentos e sistemas em re-gime turn-key. A Tribel trabalha com destinação de resíduos e a Geoplan – sempre com a marca Haztec à frente – oferece opções para gestão e tratamento.
A Veolia Water Systems Bra-sil pertence à mesma multina-cional que sua irmã da China. Atuando em 100 países nos cin-co cin-continentes, seu faturamen-to anual atinge US$ 23,8 bilhões. “Lider mundial em serviços am-bientais para clientes munici-pais e industriais”, informa seu portal, que acrescenta: “Única prestadora de serviços dedicada a todos os serviços ambientais”.
O portfólio da Fluid Brasil que, como a General Water, é estrangeira no nome mas bra-sileira de capital, se abre para segmentos industriais – quími-ca, petroquímiquími-ca, bebidas, ali-mentos, sucroalcooleiro, termo-elétricas, siderurgia, papel e ce-lulose, farmacêutico. O gerente comercial Francisco Flaus exibe o cardápio de serviços:
“A empresa tanto projeta e fornece sistemas de tratamento de água, efluentes e resuso na forma de “turn-key”, como ofe-rece serviços para manter e oti-mizar sistemas existentes. Esses serviços são: assistência técnica, operação e manutenção, labo-ratório de acompanhamento e tratabilidade, unidades móveis de aluguel, unidades piloto.
Além disso fornecemos in-sumos e consumíveis das uni-dades; cartuchos, membranas de osmose reversa e ultrafiltra-Flaus, da Fluid: empresa nacional atende
todos os segmentos industriais
Novagerar: unidade de gestão ambiental e gerenciamento de resíduos da Haztec opera Central de Tratamento de Nova Iguaçu (RJ)
Haztec/Divulgação
A Saint-Gobain Canalização é um exemplo de santo de casa que faz milagre. Atua em infraestrutura, produzindo tubulações de ferro fundi-do dúctil para saneamento básico, e cumprinfundi-do encomendas de pro-jetos de porte como o da Hidrelétrica de Jirau, em Porto Velho (RO), num total de 18 km de tubos de linha industrial PAM.
A empresa está investindo R$ 25 milhões para equipar e atualizar suas duas plantas, localizadas em Barra Mansa (RJ) e Itaúna (MG), equipadas com estações de tratamento da água (ETA). Na fábrica flu-minense, que tem 90 mil m² e capacidade para produzir até 180 mil toneladas de tubulações por ano, a linha de produção trabalha a todo vapor. Vapor significa altas temperaturas, e, para reduzir o consumo de água que capta no rio Paraíba do Sul – serpenteando ali ao lado – a empresa decidiu, há seis anos, tratar quase todos os efluentes – em torno de 90% – na própria ETA.
O volume retirado do rio reduziu-se de maneira drástica, de 800 m³ por hora para 150 m³/h. A água de reúso é empregada, como se sabe, para resfriar os altos-fornos e outros equipamentos in-dustriais que demandam o mesmo processo. A ETA da unidade de Barra Mansa tem capacidade para processar 800 m³/h. Devolve para o rio em torno de 150 m³, e utiliza os 650 m³/h restantes. O processo químico é o mesmo: o efluente passa por um sistema
de gradeamento, antes de entrar em tanques de decantação. Para melhorar a clarificação da água, utilizam-se sulfato de alumínio e polímero, passando em seguida por um sistema de remoção dos óleos e gorduras. Nessa etapa, o efluente pode tanto ser descarta-do como reusadescarta-do. Se for reutilizada, a água então passa por outro tratamento químico, além de um outro sistema de filtros, até final-mente ser liberada.
O sistema não para. Funciona as 24 horas do dia, mobilizando dez funcionários em regime de turnos. O consumo diário de produtos quí-micos chega a 900 kg e são removidas 100 toneladas de resíduo prensado por mês.
“Dessa maneira, a empresa deixa de captar, por ano, cerca de 6 bi-lhões de litros de água do rio Paraíba do Sul”, explica Antônio Carlos Simões, da área de Qualidade da Saint-Gobain Canalização. Operando no Brasil há 70 anos – no início como Metalúrgica Barbará, incorporada pelo grupo francês em 2000 – a empresa tem 1,2 mil funcionários nas duas fábricas e projeta aumento de receita, este ano, de 2%, segundo o diretor comercial Gustavo Siqueira. Motivo: falta de investimentos em saneamento básico em países da América Latina para os quais a Saint-Gobain exporta. A esperança está nos projetos liberados do PAC1 e PAC2 (Plano de Aceleração do Crescimento).
O PARAÍBA DO SUL AGRADECE À SAINT-GOBAIN
“São sistemas de tratamen-to de água e efluentes que in-cluem equipamentos de diver-sas tecnologias. Em tratamento de água fornecemos ETAs con-vencionais por gravidade, pres-surização, flotação; ultrafiltra-ção; osmose reversa; troca iôni-ca por resina; filtros: areia, iôni- car-vão, multimeios, bag; desinfec-ção: por ultravioleta, cloração ou ozônio; em tratamento de efluentes: tratamento biológico por lodos ativados; MBR – bio-reator por membranas; separa-ção água/óleo.”
Fabrica da Saint Gobain: em Barra Mansa (RJ), estação de tratamento própria poupa 6 bilhões de litros/ano do rio Paraíba do Sul (leia box abaixo)