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Hidrodinâmica Relativística

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Academic year: 2021

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Bacharel em F´ısica

Solu¸

oes Num´

ericas de

Hidrodinˆ

amica Relativ´ıstica

Trabalho de Conclus˜

ao de Curso de Gradua¸c˜

ao

por

Davi Dion´ısio de Oliveira

Orientador: Gabriel Silveira Denicol

(2)

Solu¸c˜oes Num´ericas de Hidrodinˆamica Relativ´ıstica

Monografia apresentada ao Bacharel em F´ısica, como requisito parcial para a obten¸c˜ao do T´ıtulo de Bacharel em F´ısica, Universidade Federal Fluminense.

Orientador: Gabriel Silveira Denicol

Niter´oi 2020

(3)

Bibliotecário responsável: Mario Henrique de Oliveira Castro - CRB7/6155

Soluções Numéricas de Hidrodinâmica Relativística . / Davi Dionísio de Oliveira ; Gabriel Silveira Denicol, orientador. Niterói, 2019.

59 f. : il.

Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Física)-Universidade Federal Fluminense, Instituto de Física, Niterói, 2019.

1. Hidrodinâmica Relativística. 2. Hidrodinâmica Newtoniana. 3. Hidrodinâmica Numérica. 4. Método SPH. 5. Produção intelectual. I. Denicol, Gabriel Silveira,

orientador. II. Universidade Federal Fluminense. Instituto de Física. III. Título.

(4)
(5)

-Primeiramente, gostaria de agradecer `a minha fam´ılia, pelo suporte ao longo de minha jornada.

Agrade¸co ao meu orientador Gabriel Silveira Denicol, por todo suporte e paciˆencia na elabora¸c˜ao deste trabalho .

Agrade¸co `a todo corpo docente da UFF, pelo ensino de alta qualidade, e pela dedica¸c˜ao com os alunos.

Por fim, agrade¸co `a minha melhor amiga Thayn´a Cabral que me incentivou a seguir meu sonho de fazer F´ısica e me apoiou nos momentos mais dif´ıceis.

(6)
(7)

O objetivo desta monografia ´e desenvolver os conhecimentos relacionados `a hidrodinˆamica relativ´ıstica, al´em de propor m´etodos n´umericos para solucionar suas equa¸c˜oes. Temos que, a importˆancia de estudar tal ´area da f´ısica ´e que muitos fenˆomenos s˜ao descritos atrav´es da mecˆanica dos fluidos, como supernovas, estrelas de nˆeutrons etc. Por´em suas equa¸c˜oes muitas vezes n˜ao tˆem solu¸c˜ao anal´ıtica. Neste trabalho ser˜ao deduzidas as equa¸c˜oes da mecˆanica dos flu´ıdos para o regime Newtoniano e depois faremos a genera-liza¸c˜ao relativ´ıstica para as mesmas. Ent˜ao, a partir das equa¸c˜oes encontradas, abordare-mos duas aplica¸c˜oes para elas que s˜ao a propaga¸c˜ao da onda de som onda de choque. Por fim, ser´a introduzido o m´etodo n´umerico SPH ,que permite encontrar a solu¸c˜ao destas equa¸c˜oes e simular seus fenˆomenos. Ent˜ao ser˜ao apresentados os resultados obtidos a partir de simula¸c˜oes computacionais, utilizando este m´etodo,para testar sua efic´acia.

(8)

The main goal of this monograph is to improve the knowledge of relativity hydrody-namics,besides to propose numerical methods to solve yours problems. The importance of this study is the description of several phenomena in psychics like supernova, shock wave etc, however yours equations usually haven’t analytic solution. In this work the fluid mechanics’ basic equations ’ll be deduced and we ’ll find yours relativity’s generali-sation. Following, we ’ll see two applications for these expressions, the shock wave and the sound wave. Then, ’ll be introduced the numerical method Smoothed-particle hydrody-namics(SPH), that allow us to find the solutions for the problems in hydrodynamics and simulate her phenomena. Finally, ’ll be shown the results of computational’s simulation, using the SPH, for test his efficiency.

(9)

Figura 1 Diagrama de um Volume de controle de formato gen´erico [5]. . . 11

Figura 2 For¸cas externas atuando sobre um elemento de fluido infinitesimal de forma c´ubica [6]. . . 13

Figura 3 Posi¸c˜ao do elemento de fluido ao longo do tempo [7] . . . 14

Figura 4 Esquema ilustrando a transformada de Galileu . . . 19

Figura 5 Diagrama ilustrando a contra¸c˜ao de Lorentz [3]. . . 22

Figura 6 Exemplo Onda de Choque [8]. . . 35

Figura 7 Propaga¸c˜ao de uma onda de som de formato triangular. O gr´afico mostra a densidade de entropia, normalizada pelo seu valor n˜ao perturbado. . . 54

Figura 8 Propaga¸c˜ao de uma onda de Choque. O gr´afico mostra a densidade de entropia, normalizada pelo seu valor antes do choque. . . 55

Figura 9 Evolu¸c˜ao da Velocidade da onda de Choque . . . 56

(10)

1 INTRODUC¸ ˜AO . . . 9

2 MEC ˆANICA DOS FLUIDOS . . . 10

2.1 Fluidos ideiais . . . 10

2.1.1 Equa¸c˜ao da Continuidade . . . 10

2.1.2 Equa¸c˜ao de Euler . . . 12

2.1.3 Nota¸c˜ao Tensorial . . . 15

2.2 Fluidos viscosos . . . 16

2.3 Mecˆanica dos Fluidos Relativ´ıstica . . . 18

2.3.1 Leis de Conserva¸c˜ao . . . 23

2.3.2 Equa¸c˜ao de movimento para densidade energia. . . 25

2.3.3 Equa¸c˜ao de movimento para Quadrivelocidade . . . 26

3 ONDAS SOM E CHOQUE . . . 29

3.1 Ondas de Som . . . 29

3.1.1 Ondas sonoras no regime N˜ao-relativist´ıco . . . 29

3.1.1.1 Onda de Som Relativ´ıstica . . . 30

3.1.2 Propaga¸c˜ao de ondas de som . . . 32

3.2 Ondas de Choque . . . 34

3.2.1 Ondas de Choque N˜ao-Relativ´ıstica . . . 35

3.2.1.1 Solu¸c˜ao anal´ıtica para gases ideais . . . 38

3.2.1.2 Velocidade do Choque n˜ao-relativistico . . . 40

3.2.2 Ondas de Choque Relativ´ıstica . . . 41

3.2.2.1 Velocidade do choque relativ´ıstico . . . 43

4 M´ETODO SPH . . . 46

4.0.1 Equa¸c˜oes B´asicas do SPH . . . 46

4.0.2 Equa¸c˜oes de Movimento . . . 47

4.1 Equa¸c˜ao de estado . . . 50

4.2 Equa¸c˜ao de movimento para o caso unidimensional . . . 50

(11)

4.3.2.1 Ondas de som . . . 53 4.3.2.2 Ondas de choque . . . 53 5 CONCLUS ˜AO E TRABALHOS FUTUROS . . . 58

(12)

A hidrodinˆamica ´e uma teoria de suma importˆancia ´e diversas ´areas da f´ısica, como na astrof´ısica onde podemos descrever a onda de choque emitida no nascimento de uma supernova, ou na f´ısica de part´ıculas onde a colis˜ao de 2 ´ıons pesados ´e descrita como um fluido. Este trabalho tˆem como objetivo introduzir os conceitos b´asicos de hidrodinˆamica, al´em de discutir m´etodos n´umericos para resolver as equa¸c˜oes encontradas.

Come¸caremos com a dedu¸c˜ao das equa¸c˜oes b´asicas para a Hidrodinˆamica Newtoni-ana. Para o caso ideal, um fluido com viscosidade desprez´ıvel, partiremos da conserva¸c˜ao e da aplica¸c˜ao da segunda lei de Newton para um elemento de fluido para encontrar tais equa¸c˜oes. J´a para um fluido real, ser´a feita a generaliza¸c˜ao das equa¸c˜oes obtidas, levando em conta os termos de viscosidade.

Em seguida, ser´a feita a generaliza¸c˜ao relativistica para a mecˆanica dos fluidos ideal. Nesta monografia, n´os nos restringiremos ao caso ideal para a mecˆanica dos fluidos relativ´ıstica, por conta da instabilidade das equa¸c˜oes com termos referentes `a dissipa¸c˜ao. Ent˜ao, procuraremos solu¸c˜oes das equa¸c˜oes da hidrodinˆamica que satisfa¸cam `a equa¸c˜ao de onda. Encontraremos dois casos em que ela ´e satisfeita. O primeiro ´e referente `

a onda de som, todavia este caso ´e uma aproxima¸c˜ao que s´o vale no regime de pequenas oscila¸c˜oes. J´a o segundo caso ´e referente `as ondas de choque, que s˜ao causadas por conta de descontinuidades de grandezas termodinˆamicas (como press˜ao, densidade de energia, entre outras) no sistema. Temos que o segundo caso ´e de maior interesse , pois suas solu¸c˜oes s˜ao exatas e valem em qualquer regime. Um dos exemplos de sua aplica¸c˜ao ´e na descri¸c˜ao da forma¸c˜ao de estrelas de Nˆeutrons, que emitem ondas de choque nos processos explosivos que levam `a sua forma¸c˜ao.

Por fim, como as equa¸c˜oes da hidrodinˆamica n˜ao s˜ao lineares em geral n˜ao ter˜ao solu¸c˜ao anal´ıtica, por conta disso buscamos solu¸c˜oes num´ericas. Ent˜ao, ser´a introduzido um m´etodo num´erico que permite a solu¸c˜ao destas equa¸c˜oes, conhecido como Smoothed particle hydrodynamics (SPH) que ´e muito utilizado na ´area de astrof´ısica. Tal modelo consiste em descrever as intera¸c˜oes entre as particulas do sistema e formas de interpola¸c˜ao para transformar as equa¸c˜oes n˜ao lineares em equa¸c˜oes ordin´arias. E ent˜ao, faremos simula¸c˜oes computacionais das ondas de som e de choque com o intuito praticar formas de encontrar solu¸c˜oes num´ericas na f´ısica.

(13)

2 MEC ˆANICA DOS FLUIDOS

Neste cap´ıtulo ser˜ao apresentados os conceitos b´asicos referentes `a mecˆanica dos fluidos, que s˜ao imprescind´ıveis para a compreens˜ao e modelagem de ondas de choque.

Para esta monografia, ´e suficiente considerar um fluido como um conjunto de mui-tas part´ıculas (em princ´ıpio, o n´umero de part´ıculas ´e considerado como infinito, de tal modo que podemos supor que o limite termodinˆamico ´e satisfeito) que, observado sob es-calas macrosc´opicas, pode ser efetivamente descrito como um sistema continuo e usando poucos graus de liberdade. Nas se¸c˜oes abaixo, descreveremos como obter as equa¸c˜oes de movimento para tais fluidos.

2.1 Fluidos ideiais

Fluidos ideais correspondem a uma simplifica¸c˜ao na qual cada elemento de fluido pode ser considerado como sempre estando em equil´ıbrio termodinˆamico, de tal modo que trocas de calor e outros fenˆomenos fora do equil´ıbrio podem ser sempre desprezados. Al´em disso, um conceito importante para os fluidos ´e o de viscosidade, que quantifica o atrito interno que um elemento de fluido exerce sobre outro, ela ´e respons´avel pelas for¸cas de cisalhamento quando os elementos de fluido est˜ao em movimento. Quando consideramos um fluido como ideal, estas for¸cas de cisalhamento s˜ao efetivamente ignoradas. Na pr´atica, isto ´e equivalente `a considerar o limite de viscosidade nula.

2.1.1 Equa¸c˜ao da Continuidade

Na descri¸c˜ao de sistemas macrosc´opicos, quantidades conservadas exercem um pa-pel fundamental. Quando uma quantidade ´e conservada, podemos estabelecar uma rela¸c˜ao entre a varia¸c˜ao no tempo de uma determinada grandeza conservada em um volume fe-chado com o fluxo associado `a densidade de corrente associada `a quantidade conservada passando pelo mesmo volume.

Abaixo, vamos considerar a quantidade conservada como sendo a massa, pois ´e a quantidade mais ´util para usar em uma descri¸c˜ao hidrodinˆamica n˜ao-relativ´ıstica. Ainda assim, enfatizamos que as demonstra¸c˜ao abaixo valem para qualquer quantidade conser-vada.

(14)

Figura 1: Diagrama de um Volume de controle de formato gen´erico [5].

Consideramos que a massa de um elemento de fluido em um determinado volume V delimitado por uma superf´ıcie ∂V ´e,

Z

ρ dV, (2.1)

onde ρ ´e a densidade de massa do fluido. A varia¸c˜ao de massa com o tempo no volume de controle ´e a devirada temporal da massa total,

dM dt = d dt Z ρ dV = Z ∂ρ ∂tdV, (2.2) A quantidade dM

dt ´e an´aloga `a corrente el´etrica, quando a quantidade conservada ´e a carga

el´etrica. Naturalmente, a corrente de massa pode ser descrita em termos do fluxo de uma densidade de corrente de massa, que aqui chamaremos de j. Considerando fluidos ideais, podemos expressar a densidade de corrente como,

j = vρ. (2.3)

onde v ´e a velocidade do elemento de fluido.

O fluxo de j atravessando a superf´ıcie ∂V ´e dada pela seguinte integral,

− I

j · dS, (2.4)

(15)

superf´ıcie, de tal modo que o produto escalar j · dS ´e negativo se a densidade de corrente de massa estiver entrando no volume e positivo se estiver saindo. Tal esquema est´a representado na Figura 1.

Utilizando o teorema de Gauss, podemos escrever o fluxo de um campo atraves-sando um superf´ıcie fechada como a integral da divergˆencia do campo no volume inteiro, isto ´e,

I

j · dS = Z

∇ · j dV, (2.5)

Finalmente, igualando as duas express˜oes obtidas para vaz˜ao massica, Z

∂ρ

∂t dV = − Z

∇ · j dV, (2.6)

Como a express˜ao acima foi obtida para um elemento de volume arbitr´ario, para a igual-dade seja sempre verigual-dadeira, os integrandos tˆem de ser iguais. Com isso, obtemos uma equa¸c˜ao diferencial parcial, que relaciona as densidades de massa e de corrente de massa,

∂ρ

∂t + ∇ · j = 0, (2.7)

A equa¸c˜ao acima ´e chamada de equa¸c˜ao de continuidade e ´e uma representa¸c˜ao diferencial de uma lei de conserva¸c˜ao.

Na f´ısica h´a diversos exemplos de equa¸c˜oes da continuidade, como para carga ou momento linear. Notamos que a demonstra¸c˜ao acima foi desenvolvida para uma grandeza conservada escalar. Se a grandeza conservada for um tensor de ranque n, a ´unica mo-dica¸c˜ao ´e que seu fluxo n˜ao ser´a mais um tensor de ranque (um vetor) e sim um tensor de ranque n+1.

2.1.2 Equa¸c˜ao de Euler

O pr´oximo passo ´e encontrar as equa¸c˜oes dinˆamicas para um elemento de fluido. Elementos de fluidos tamb´em satisfazem as leis de Newton, de tal modo que, se deseja-mos encontrar a acelera¸c˜ao de um elemento de fluido, devemos primeiro calcular a for¸ca resultante que atua sobre ele. No nosso caso, tais for¸cas podem ser for¸cas externas, como a gravidade ou a for¸ca eletromagn´etica, ou as pr´oprias for¸cas que os elementos de fluido

(16)

Figura 2: For¸cas externas atuando sobre um elemento de fluido infinitesimal de forma c´ubica [6].

exercem um no outro. Abaixo, vamos desprezar as for¸cas externas e considerar somente as for¸cas internas exercidas pelos elementos de fluidos.

Inicialmente, consideraremos apenas fluidos ideiais, nos quais podemos desprezar as for¸cas tangenciais (for¸cas de atrito) entre elementos de fluido. Nesse caso, apenas for¸cas normais s˜ao exercidas, que podem ser descritas pela press˜ao.Sem perder a generalidade, podemos considerar elementos de fluido infinitesimais de forma c´ubica. Nesse caso, a for¸ca externa resultante atuando sobre o elemento de fluido na dire¸c˜ao x ´e,

dFx = p(x, y, z) dydz − p(x + dx, y, z) dydz, (2.8)

Conforme ilustrado na Figura 2. Expandindo o segundo termo em Serie de Taylor obter-mos,

dFx = −

∂p

∂xdxdydz, (2.9)

o mesmo racioc´ınio pode ser aplicado para as demais dire¸c˜oes, isto ´e, as dire¸c˜oes y e z. Deste modo, usando a segunda lei de Newton leva `a seguinte equa¸c˜ao,

dm a = dFresult = −∇p dV, (2.10)

onde dm ´e a massa infinitesimal do elemento de fluido em quest˜ao e dV = dxdydz seu volume infinitesimal. Usando que a densidade de massa ´e dada pela raz˜ao ρ = dm/dV , obtemos a conhecida equa¸c˜ao de Euler,

(17)

Figura 3: Posi¸c˜ao do elemento de fluido ao longo do tempo [7]

ρdv

dt = −∇p. (2.11)

´

E comum substituir a derivada total da velocidade utilizando a regra da cadeia, pois a posi¸c˜ao do elemento do fluido tamb´em varia com o tempo (como ilustrado na Figura 3), d dtv(t, r(t)) = ∂v ∂t +  dr dt · ∇  v = ∂v ∂t + (v · ∇) v, (2.12) de tal modo que expressamos a equa¸c˜ao de Euler na sua forma mais tradicional,

∂v

∂t + (v · ∇) v = − 1

ρ∇p. (2.13)

A equa¸c˜ao de Euler ´e uma equa¸c˜ao n˜ao linear e com raras solu¸c˜oes anal´ıticas. Desta forma, ela ´e comumente resolvida utilizando t´ecnicas computacionais, como demonstrare-mos mais tarde nesta monografia. Note que a equa¸c˜ao de Euler somente pode ser resolvida, se a press˜ao puder ser especificada em termos da densidade de massa, p = p(ρ). Nesse caso, a equa¸c˜ao de Euler pode ser resolvida acoplada `a equa¸c˜ao de continuidade para a massa, Eq. (2.7). Naturalmente, para resolver estas equa¸c˜oes acopladas ´e necess´ario fornecer uma condi¸c˜ao inicial para a densidade de massa e para o campo de velocidades.

(18)

2.1.3 Nota¸c˜ao Tensorial

Nesta subse¸c˜ao definimos a nota¸c˜ao para tensores que ser´a utilizada neste trabalho e iremos reescrever as equa¸c˜oes anteriores. Temos ent˜ao as seguintes nota¸c˜oes,

∂t = ∂ ∂t ∂i = ∂ ∂xi ∂iFi = ∇ · F ∂iA = (∇A)i. (2.14)

Al´em disso, utilizamos a nota¸c˜ao de Einstein, na qual ´ındices repetidos est˜ao sempre sendo somados,

N

X

i=1

aibi ≡ aibi. (2.15)

Nesta monografia, os ´ındices romanos correm de 1 `a 3.

Nesta nota¸c˜ao, temos que as equa¸c˜ao de continuidade(2.7) e a de Euler(2.13) tornam-se, respectivamente,

∂tρ = −∂kjk. (2.16)

∂tvi = −vk∂kvi−

1

ρ∂ip. (2.17)

A seguir, demonstraremos que a equa¸c˜ao de Euler pode ser reescrita na forma de uma equa¸c˜ao de continuidade. Neste caso, veremos que a equa¸c˜ao de Euler nada mais ´e do que uma equa¸c˜ao de continuidade relacionada `a conserva¸c˜ao de momento linear. Aplicando a regra do produto da derivada temos,

ρ∂tvi = ∂t(ρvi) − vi∂tρ = ∂t(ρvi) + vi∂j(ρvj), (2.18)

onde utilizamos a equa¸c˜ao de continuidade para a densidade de massa e a express˜ao para a densidade de corrente, ji = ρvi. Nesse sentido, podemos provar que a derivada total da

velocidade (multiplicada pela densidade de massa) pode ser expressa como,

(19)

Note que a express˜ao acima j´a possui uma forma bem semelhante `a de uma equa¸c˜ao de continuidade. Expressando a i-´esima componente do gradiente de press˜ao como,

∂ip = ∂j(pδij), (2.20)

onde δij ´e a delta de Kroenecker, que satisfaz as seguintes propriedades,

δij =      0, se i 6= j; 1, se i = j;

Finalmente, expressamos a equa¸c˜ao de Euler como,

∂t(ρvi) + ∂j(ρvjvi+ pδij) = 0, (2.21)

e, definindo o tensor Πij como,

Πij = pδij + ρvivj.. (2.22)

Nesse caso, temos que a equa¸c˜ao de Euler pode ser escrita explicitamente na forma de uma equa¸c˜ao de continuidade

∂t(ρvi) + ∂j(Πij) = 0. (2.23)

Portanto, identificamos ρvi como a densidade associada `a quantidade conservada (nesse

caso, ´e a i-´esima componente da densidade de momento do fluido) e Πij ´e a densidade de

corrente de momento. Como o momento ´e um vetor, a densidade de corrente de momento tem de ser um tensor de ranque 2. Em particular, interpretamos Πij como a j-´esima

componente da densidade de corrente da component i de momento.

2.2 Fluidos viscosos

Apesar de nesta monografia estarmos nos restringindo `a descri¸c˜ao de fluidos consi-derados ideais, este conceito ´e idealizado e n˜ao existe na realidade. Para uma abordagem mais condizente com a realiadade ´e necessario levar em considera¸c˜ao as for¸cas de cisalha-mento entre os elecisalha-mentos de fluido no sistema.

(20)

Para obter as equa¸c˜oes de movimento para este caso precisamos generalizar o tensor das tens˜oes, incluindo na densidade de corrente de momento os termos associadas `

a dissipa¸c˜ao. Vamos supor que, para um fluido n˜ao ideal, seu tensor Πij seja o tensor do

caso ideal, mas corrigido por um termo σi0j que est´a relacionado `as tens˜oes de cisalhamento,

que ´e a for¸ca que um elemento de fluido realiza em outro quando ocorre o movimento.

Πij = pδij + ρvivk. − σik0

Πij = −σij+ ρvivk, (2.24)

No qual

σik = −pδij+ σik0 . (2.25)

O tensor σ0 ´e o tensor das tens˜oes do fluido, que est´a relacionado `a tranferˆencia de mo-mento sem a transferˆencia de massa. Como este tensor est´a relacionado ao atrito entre os elementos de fluido, podemos supor que ele ´e uma fun¸c˜ao da velocidade relativa entre os elementos de fluido. Nesse caso, este tensor deve depender de gradientes da velocidade, que quantificam a varia¸c˜ao de velocidade entre elementos de fluidos. Em uma primeira aproxima¸c˜ao, ser´a feita a suposi¸c˜ao de uma dependˆencia linear com gradientes de veloci-dade. Esta aproxima¸c˜ao ser´a boa no limite em que as derivadas espaciais da velocidade n˜ao s˜ao muito grandes. Tal suposi¸c˜ao, que tamb´em pode ser chamada de ansatz, pelo menos garante que os termos relacionados `a σ0 se anulam para os casos de velocidade constante ou de movimento circular uniforme. O tensor mais geral que ´e compativel com essas caracterist´ıcas ´e:

σij0 = η(∂jvi+ ∂ivj −

2

3δij∂kvk) + ζδij∂kvk. (2.26) Expresso desta forma para separar em uma parte com tra¸co e uma parte sem tra¸co. Sua derivada ´e,

∂iσij0 = −∂ip + ∂kη(∂kvi+ ∂ivk−

2

3δik∂lvl) + ∂i(ζ∂lvl), (2.27) Onde as variav´eis η e ζ, introduzidas na equa¸c˜ao acima, s˜ao constantes positivas inde-pendentes da velocidade e relacionadas `a viscosidade do fluido. Para obter as equa¸c˜oes de movimento basta acrescentar o termo de viscosidade na equa¸c˜ao de Euler

(21)

ρ(∂tvi+ vk∂kvi) = −∂ip + ∂kη(∂kvi+ ∂ivk−

2

3δik∂lvl) + ∂i(ζ∂lvl), (2.28) esta ´e a forma mais geral da equa¸c˜ao de movimento para um fluido viscoso, mas ´e poss´ıvel fazer aproxima¸c˜oes que simplifiquem essa f´ormula. Assumindo que esses coeficientes de viscosidade s˜ao constantes obtemos a equa¸c˜ao de Navier-stokes

ρ(∂tvi+ vk∂kvi) = −∂ip + η∂k  ∂kvi + ∂ivk− 2 3δik∂lvl  + ζ∂i(∂lvl). (2.29)

Esta equa¸c˜ao n˜ao ´e linear, por conta disto existem poucas solu¸c˜ao anal´ıticas. Al´em disso, ela viola a causalidade mas isto ´e irrelevante no regime Newtoniano. Por fim, sua generaliza¸c˜ao relativ´ıstica ´e inst´avel. Sendo assim, na pr´oxima se¸c˜ao ser´a feita a generaliza¸c˜ao relativ´ıstica apenas para as equa¸c˜oes hidrodinˆamicas para fluidos ideais.

2.3 Mecˆanica dos Fluidos Relativ´ıstica

Nesta parte do trabalho ser´a abordada a formula¸c˜ao relativ´ıstica da mecˆanica dos fluidos. Estaremos trabalhando com a relatividade restrita e n˜ao com a relatividade geral. Nesta se¸c˜ao, faremos uma breve revis˜ao de relatividade especial.

Os dois postulados que Einstein propˆos que servem de base para est´a teoria s˜ao:

1 – As leis da F´ısica s˜ao as mesmas em todos os referˆenciais Inerciais.

2 – Constˆancia da Velocidade da Luz.

O principal objetivo deste capitulo ´e escrever as leis de conserva¸c˜ao e as equa¸c˜oes de movimento no formato tensorial. Pois, assim elas ser˜ao invariantes ao trocarmos de referˆencial.

Na mecˆanica Newtoniana, a troca de referenciais ´e mediada pela transformada de Galileu, como ilustrado na Figura 4, onde adotamos a conven¸c˜ao de que termos com ’ est˜ao se referindo ao referencial em movimento e os termos sem ’ est˜ao se referindo ao referencial em repouso,

(22)

Figura 4: Esquema ilustrando a transformada de Galileu

t0 = t (2.30)

r’ = r + vt. (2.31)

onde v ´e a velocidade relativa entre os referenciais.

Todavia, est´a transforma¸c˜ao n˜ao est´a de acordo com o segundo postulado de Eins-tein, j´a que ela n˜ao mantˆem o m´odulo da velocidade da luz constante ao trocar de re-ferencial. A nova transforma¸c˜ao que ser´a respons´avel pela troca de referenciais e que preservar´a a constˆancia da velocidade da luz ´e conhecida como transforma¸c˜ao de Lorentz Λµν [3], Λµν ≡            γ −β1γ −β2γ −β3γ −β1γ 1 + (γ − 1) β2 1 β2γ (γ − 1) β1β2 β2 (γ − 1) β1β3 β2 −β2γ (γ − 1)β1ββ22γ 1 + (γ − 1) β2 2 β2γ (γ − 1) β2β3 β2 −β3γ (γ − 1)ββ1β23 (γ − 1) β2β3 β2 1 + (γ − 1) β2 3 β2γ .            (2.32)

Sendo que, os ´ındices 1, 2, 3 se referem ,respectivamente, `a coordenadas espaciais x, y, z . Al´em disso o fator gamma ´e definido como,

γ ≡ 1

[1 − β2]12

, (2.33)

onde β ´e definido por,

β ≡ v

c (2.34)

βi =

vi

(23)

sendo que v continua sendo a velocidade relativa entre os referenciais.

´

E comum orientar os eixos das coordenadas do sistema de forma que a velocidade associada `a transforma¸c˜ao fique alinhada com um dos eixos (no exemplo abaixo, o eixo-x), assim simplificando a transforma¸c˜ao de Lorentz. A mesma, neste caso, torna-se :

Λµν =         γ −βγ 0 0 −βγ γ 0 0 0 0 1 0 0 0 0 1         . (2.36)

Uma consequˆencia desta transformada ´e que o tempo tamb´em ´e afetado pela mu-dan¸ca de referencial. Assim, espa¸co e tempo est˜ao relacionados e ´e conveniente definir um novo objeto matem´atico, chamado de quadrivetor, xµ = (ct, r), sendo c a magnitude

da velocidade da luz. Deste modo, a transforma¸c˜ao de coordenadas entre dois referen-ciais inerreferen-ciais (que se movem com velocidade relativa v) pode ser expresso pela seguinte rela¸c˜ao,

x0µ = Λµνxν. (2.37)

Toda quantidade que se transforma do mesmo modo que xµ em uma mudan¸ca de

referencial ´e chamada de quadrivetor. De maneira similar, quantidades que se transfor-mam [4],

A0µν = ΛµαΛνβAαβ, (2.38) s˜ao tensores de ranque 2. De maneira an´aloga, podemos definir tensores de ranque 3 ou mais. Neste trabalho, utilizaremos a conven¸c˜ao de que ´ındices com letras gregas assumem os valores de 0,1,2,3 enquanto os ´ındices com letras romanas assumem somente os valores de 1,2,3.

Existem 2 tipos de 4-vetores: (i) contravariantes, que acabamos de definir, Aµ, e

(ii) covariantes, definidos pela rela¸c˜ao Aµ = gµνAν. Na defini¸c˜ao ao lado, introduzimos

a m´etrica gµν que, na nossa conven¸c˜ao, ´e dada por gµν ≡ diag(1, −1, −1, −1). Como

definimos, 4-vetores contravariantes s˜ao expressos com ´ındice em cima enquanto 4-vetores covariantes s˜ao expressos com ´ındice em baixo. Um exemplo not´orio de 4-vetor covariante

(24)

´e formado pelas derivadas temporais e espaciais da seguinte forma, ∂µ ≡  1 c∂t, ∇  . (2.39)

Note que, quando o ´ındice ´e colocado em cima (4-vetor contravariante), o 4-vetor se trans-forma utilizando a matriz de Lorentz direta. Caso o ´ındice seja colocado em baixo (4-vetor covariante) ele se transformar´a mediado pela matriz de Lorentz inversa.

Um 4-vetor muito importante para a descri¸c˜ao hidrodinˆamica relativ´ıstica ´e a 4-velocidade ou quadri4-velocidade usualmente representada pela letra u,

uµ≡ dx

µ

dτ , (2.40)

onde τ ´e o tempo pr´oprio. A quadri-velocidade apresenta as seguintes propriedades,

ui = γdx i dt = γv i (2.41) u0 = γc, (2.42)

ou seja, as componentes espacias da quadrivelocidade n˜ao s˜ao representadas pela velo-cidade em si, mas pelo produto da velovelo-cidade com o fator γ. A componente zero deste quadrivetor ´e o pr´oprio fator γ multiplicado pelo m´odulo da velocidade da luz.

Note que a quadrivelocidade ´e normalizada, no sentido que,

uµuµ= 1, (2.43)

e satisfaz a seguinte rela¸c˜ao de ortonogalidade,

uν∂µuν = 0, (2.44)

´

E tamb´em ´util definir a derivada total relativ´ıstica

uµ∂µ ≡

d dτ = γ

d

dt, (2.45)

(25)

Figura 5: Diagrama ilustrando a contra¸c˜ao de Lorentz [3].

Al´em da quadrivelocidade outro 4-vetor de grande import˜ancia para este trabalho ´e o quadrimomento que tˆem a seguinte forma:

Pµ= E c, p



. (2.46)

Onde E se refere `a energia e p ao momento. Assim, energia e momento est˜ao relacionados de forma semelhante `a forma que espa¸co e tempo. Pois, agora n˜ao s˜ao mais grandezas independentes e sim componentes de um 4-vetor.

´

E conhecido que a troca de referˆencial causa uma dilata¸c˜ao temporal e uma con-tra¸c˜ao espacial, conhecida como contra¸c˜ao de lorentz. Por conta disto temos que a den-sidade de particulas n˜ao pode ser um invariante sob transforma¸c˜oes de Lorentz, como ilustrado na Figura 5.

Na verdade, a densidade de uma quantidade conservada e a sua respectiva densi-dade de corrente devem formar um quadrivetor. Um ansatz simples que pode ser usado ´e o do produto da densidade da quantidade conservada, n, multiplicado pela quadrivelo-cidade, uµ,

jµ= nuµ. (2.47)

Nesse caso, a densidade da quantidade conservada em um referencial arbitr´ario ´e γn, evidenciando os efeitos da contra¸c˜ao de Lorentz na densidade, enquanto a densidade de corrente ´e dada por γnv.

Temos que na relatividade o c´alculo para soma de velocidades muda, pois a vers˜ao Newtoniana v0 = v + W pode violar o segundo postulado da relatividade geral. Onde v

(26)

e v0 s˜ao as velocidades de dois referˆenciais vistas de um de um terceiro referˆencial e W ´e a velocidade relativa entre os 2 referˆencias observados.

Para deduzir a soma de velocidades relativistica vamos partir da transforma¸c˜ao de lorentz para calcular a vari¸c˜ao de tempo e espa¸co, para o caso de velocidade em apenas uma dire¸c˜ao, como :

dx0 = γ(dx − vdt) (2.48) dt0 = γ  dt − v c2dx  . (2.49)

Temos que a velocidade v0 = dxdt00 e v = dxdt, logo podemos reesccrever a soma de velocidades relativistica como, [3]

v0 = v − W 1 − W vc2

. (2.50)

Neste trabalho estaremos utilizando a conven¸c˜ao de c = 1.Por conta disso ele ser´a omitido a partir de agora.

2.3.1 Leis de Conserva¸c˜ao

Vimos nas se¸c˜oes passadas, que as equa¸c˜oes da hidrodinˆamica ideal s˜ao essenci-almente compostas por equa¸c˜oes de continuidade. Equa¸c˜oes de continuidade s˜ao consis-tentes com a relatividade, pois o conceito de quantidade conservada ´e universal e n˜ao ´e afetado pelas mudan¸cas impostas por Einstein `a mecˆanica Newtoniana. Deste modo, deveria ser poss´ıvel expressar a equa¸c˜ao de continuidade para uma quantidade conservada escalar em uma forma explicitamente covariante, i.e. em termos de quadrivetores.De fato, a equa¸c˜ao de continuidade pode ser expressa como,

∂µjµ= 0, (2.51)

onde jµ ´e um quadrivetor composto pela densidade da quantidade conservada, n, e sua

respectiva densidade de corrente, j, como discutido na se¸c˜ao anterior. Isto ´e,

jµ = (n, j). (2.52)

(27)

uti-lizada como quantidade conservada, pois ela pode ser convertida em energia. O pr´oprio n´umero de part´ıcula n˜ao ´e conservado, pois ´e permitido produzir part´ıculas do v´acuo, pela energia do campo. Nesse sentido, as quantidades escalares realmente conservadas na F´ısica s˜ao as cargas el´etrica, bariˆonica, dentre outras.

A equa¸c˜ao de movimento para fluidos, dada pela equa¸c˜ao de Euler, nada mais ´e do que uma manisfeta¸c˜ao da lei de conserva¸c˜ao de momento linear. Esta lei de conserva¸c˜ao n˜ao est´a expressa em termos de uma igualdade entre quadrivetores (ou entre tensores, no sentido da transforma¸c˜ao de Lorentz) e tem de ser generalizada. Da mesma forma que no caso Newtoniano temos o tensor Πij, que representa a densidade de corrente de momento

linear, ser´a definido um tensor que tˆem o mesmo papel e que se transforme como um tensor por transforma¸c˜oes de Lorentz.

Sabemos que energia e momento n˜ao s˜ao quantidades independentes na relativi-dade, de tal modo que se transformam conjuntamente sob transforma¸c˜oes de Lorentz (formando um quadrivetor). De maneira similar, esperamos que as leis de conserva¸c˜ao de energia e momento, na relatividade, n˜ao apare¸cam como equa¸c˜oes de continuidade distintas, como no caso n˜ao relativ´ıstico, mas componham uma mesma equa¸c˜ao. Para isso, definimos um tensor de ranque 2, chamado de tensor de Energia-Momento, Tµν, tal

que a lei de conserva¸c˜ao de energia e de momento possam ser expressas unicamente pela seguinte equa¸c˜ao de continuidade,

∂µTµν = 0. (2.53)

Nesse caso, a componente ν = 0 representa a conserva¸c˜ao de energia e as componentes espaciais, ν = 1, 2, 3 representam a conserva¸c˜ao de momento. Desse modo, interpretamos as componentes deste tensor da seguinte forma:

T00 como a densidade de energia,

Ti0 como a i-´esima componente da densidade de corrente de energia,

T0i como a i-´esima componente da densidade de momento,

Tj i como a j-´esima componente da densidade de corrente da i-´esima componente

do momento.

Para o caso de um fluido ideal, Tµν pode ser encontrado como uma generaliza¸c˜ao

(28)

Tµν = ( + p)uµuν − gµνp, (2.54) onde  ´e a densidade de energia do fluido, P ´e a press˜ao termodinˆamica, u a quadrive-locidade e gµν ´e a m´etrica. Neste trabalho, vamos adotar uma nota¸c˜ao diferente para

a m´etrica comumente usada em espa¸cos plano, a m´etrica Minkowski, que aqui chamare-mos de ηµ nu. Este ansatz garante que o fluido est´a em equil´ıbrio termodinˆamico no seu

referencial de repouso.

Note que, na forma matricial, o tensor T adquire a seguinte forma no seu referencial de repouso, Tµν =          0 0 0 0 p 0 0 0 0 p 0 0 0 0 p         . (2.55)

que representa exatamente as densidades de energia e momento e suas respectivas densi-dades de corrente em equil´ıbrio termodinˆamico. Assim como antes, a press˜ao satisfaz um equa¸c˜ao de estado, P = P (n, ).

´

E conveniente definir um operador de proje¸c˜ao ao subspa¸co ortogonal `a quadrive-locidade, ∆µν, como,

∆µν ≡ ηµν− uµuν, (2.56)

Como este operador retorna apenas a parte ortogonal `a quadrivelocidade, ao aplicarmos o mesmo na pr´opria quadrivelocidade ele retorna 0,

∆µνuν = 0. (2.57)

Assim, podemos reescrever o Tensor energia momento em fun¸c˜ao deste operador

Tµν = uµuν− ∆µνp. (2.58)

2.3.2 Equa¸c˜ao de movimento para densidade energia ´

E conveniente decompor a equa¸c˜ao de conituidade associada `a conserva¸c˜ao de ener-gia e momento, (2.53), em uma componente paralela e outra ortogonal `a quadrivelocidade.

(29)

A componente paralela ser´a obtida nesta se¸c˜ao da seguinte forma,

uν∂µTµν = 0. (2.59)

A partir da regra do produto encontramos a seguinte rela¸c˜ao,

∂µ(uνTµν) = uν∂µTµν+ Tµν∂µuν, (2.60)

substituindo pela express˜ao do tensor Energia-Momento , dado pela Eq. (2.54):

uν∂µ(Tµν) = ∂µ[( + P )uνuµuν − uνηµνP ] − [( + P )uνuµ∂µuν − ηµνP ∂µuν]

= ∂µ(uµ) − ( + P )uµuν∂µuν + P ∂νuν, (2.61)

utilizando a propriedade de ortogonalidade(Eq. (2.44)) encontramos ,

uν∂µTµν = ∂µ(uµ) + P ∂νuν, (2.62)

utilizando novamente a regra do produto,

uν∂µTµν = ∂µuµ+ uµ∂µ + P ∂νuν = 0, (2.63)

Utilizando a defini¸c˜ao de derivada total relativ´ıstica, Eq. (2.45), chegamos na equa¸c˜ao, ∂

∂τ + ( + p)∂µu

µ= 0, (2.64)

onde a express˜ao acima ´e referente `a equa¸c˜ao de movimento para a densidade de energia.

2.3.3 Equa¸c˜ao de movimento para Quadrivelocidade

O processo para encontrar esta equa¸c˜ao ´e similar ao processo anterior, entretanto ser´a feito para a parte ortogonal `a quadrivelocidade.

(30)

Pela regra do produto na deriva¸c˜ao obtemos a seguinte rela¸c˜ao,

∂µTµν = ∆λν∂µTµν + Tµν∂µ∆λν, (2.66)

assim, obtemos a seguinte igualdade:

∂µ∆λνT

µν− Tµν

µ∆λν = 0. (2.67)

Comen¸cando pelo c´alculo da derivada do operador projetor,

∂µ∆λν = −∂µuλ.uν. (2.68)

agora, fazendo a derivada do outro termo da equa¸c˜ao,

∂µ∆λνT µν = ∂ µ(δνλ− u λu ν)[( + p)uνuµ− pηµν] ∂µ∆λνT µν = −∂ µ[pηµλ− puλuµ] ∂µ∆λνT µν = −∂ µ∆λµp. (2.69)

Utilizando novamente a regra do produto,

∂µ∆λµP = −(∆λµ∂µ+ P ∂µ∆λµ). (2.70)

Calculando as derivadas do operador ∆µν,

∂µ∆λµ = −∂µuλuµ. (2.71)

assim, podemos reescrever a Eq. (2.67) como,

∂µ∆λνT µν− Tµν µ∆λν = −(∆ λµ µp − p∂µuλuµ) + [( + p)uνuµ]∂µ(uλuν) = 0 ∂µ∆λνT µν− Tµν µ∆λν = −∆ λµ µp + ( + p)uνuµ∂µ(uλuν) = 0, (2.72)

(31)

onde,

uνuµ∂µ(uλuν) = uµuνuν∂µuλ+ uµuλuν∂µuν

uνuµ∂µ(uλuν) = uµ∂µuλ. (2.73)

Assim, obtemos a seguinte qua¸c˜ao de movimento,

( + p)uµ∂µuλ− ∆λµ∂µp = 0, (2.74)

(32)

3 ONDAS SOM E CHOQUE

Neste cap´ıtulo ser˜ao abordados as formas com que as oscila¸c˜oes se comportam dentro de um fluido.

H´a duas formas de expressar matematicamente estes fenˆomenos. A primeira ´e atrav´es da abordagem de onda de som, que ´e uma solu¸c˜ao aproximada que funciona para casos de pequenas oscila¸c˜oes.

A outra forma ´e a onda de choque. Diferentemente da onda de som, esta apresenta uma solu¸c˜ao exata e funciona para grandes oscila¸c˜oes, al´em de se propagar mais r´apido que o caso anterior.

3.1 Ondas de Som

Estudadaremos primeiramente as ondas de som. Segundo Landau : ”Um movi-mento oscilat´orio de aplitude pequena em um fluido compressivel ´e chamado de Onda de som” [1]. As oscila¸c˜oes precisam ter pequena amplitude para que sejam desprezadas os fenˆomenos de compress˜ao no fluido, assim podemos considerar as varia¸c˜oes que ocorrem dentro do elemento de fluido como pertuba¸c˜oes. Ao longo desta se¸c˜ao ser˜ao abordadas as formas de se obter as equa¸c˜oes de onda sonora para os regimes relativisticos e Newtoniano.

3.1.1 Ondas sonoras no regime N˜ao-relativist´ıco

Primeiramente iremos resolver para o caso n˜ao-relativ´ıstico, entretando a solu¸c˜ao para o caso relativ´ıstico pode ser obtida seguindo o mesmo procedimento. Iremos assumir uma pequena pertuba¸c˜ao que se propaga no fluido que est´a inicialmente em repouso, de tal forma que podemos reescrever a press˜ao , a densidade e a velocidade de cada elemento do sistema da seguinte forma.

ρ = ρ0+ δρ (3.1)

v = δv (3.2)

p = p(ρ0+ δρ) ≡ p0+ δp. (3.3)

onde, os termos p0 ≡ p(ρ0) e ρ0 s˜ao constantes referentes aos valores da press˜ao e da

(33)

uma pertuba¸c˜ao pequena de tal forma que possamos desprezar termos de segunda ordem. Nesse caso, podemos aproximar a corre¸c˜ao `a press˜ao como,

≈ ∂p0 ∂ρ0

δρ. (3.4)

Desprezando termos quadr´aticos ou de ordem superior nas perturba¸c˜oes, as equa¸c˜oes de Euler (2.21) , e de continuidade(2.7), simplificam do seguinte modo,

∂δρ ∂t + ρ0∇.δv = O(2) (3.5) ρ0 ∂δv ∂t + ∂p0 ∂ρ0 ∇δρ = O(2). (3.6)

Onde O(2) denota os termos de ordem 2 ou maior nas perturba¸c˜oes. Como mencionado acima, tais termos ser˜ao omitidos na nossa an´alise.

Derivando a primeira equa¸c˜ao no tempo ∂2 ∂t2  δρ ρ0  = −∇.∂δv ∂t . (3.7)

E substituindo a derivada temporal da velocidade, dada pela equa¸c˜ao de Euler, ∂2 ∂t2  δρ ρ0  = ∇ · ∂p0 ∂ρ0 ∇δρ ρ0  ∂2 ∂t2 δρ ρ0 = ∂p0 ∂ρ0 ∇2δρ ρ0 . (3.8)

Esta ultima express˜ao ´e uma equa¸c˜ao de onda e, portanto, podemos interpretar o termo

∂p0

∂ρ0 como sendo o quadrado da velocidade do som( C

2

s).Note que essa express˜ao obtida ´e

uma aproxima¸c˜ao que s´o vale para pequenas oscila¸c˜oes, isto ´e, a equa¸c˜ao de onda acima n˜ao ´e uma solu¸c˜ao exata das equa¸c˜oes hidrodinˆamicas.

3.1.1.1 Onda de Som Relativ´ıstica

Esta subse¸c˜ao tˆem como objetivo encontrar a generaliza¸c˜ao relativistica para a equa¸c˜ao da onda de som. Como foi anteriormente o processo realizado aqui ser´a o mesmo da se¸c˜ao anterior, por´em aplicado nas equa¸c˜oes da Cap´ıtulo 2.2. Vamos considerar

(34)

per-tuba¸c˜oes na densidade de energia de um fluido inicialmente em repouso, sem carga,

 = 0 + δ (3.9)

ui = δui. (3.10)

Onde 0 ´e a densidade de energia n˜ao pertudada e δ,i s˜ao referentes `a pequena varia¸c˜ao

na densidade de energia e na quadrivelocidade. N˜ao consideraremos perturba¸c˜oes da densidade de carga.

Desprezando termos de segunda ordem nas perturba¸c˜oes, o fator de Lorentz pode ser simplificado da seguinte forma,

γ = √1 + δu2 ≈ 1 + 1

2δu

2 ≈ 1. (3.11)

Al´em disso, temos que a press˜ao p ´e uma fun¸ca˜o da densidade de energia, p = p(). Semelhante ao caso Newtoniano, podemos expandir a press˜ao em s´erie de Taylor para encontrar a pertuba¸c˜ao na press˜ao,

δp = ∂p0 ∂0

δ + O(2), (3.12)

Podemos escrever o tensor de energia e momento (Eq.2.54) como,

Tµν = 0 + δ + (p0+ δp)δuµδuν − (p0+ δp)ηµν. (3.13)

Desprezando os termos quadr´aticos nas perturba¸c˜oes, temos

T00 = δ + O(2) (3.14)

T0i = (0+ p0)δui+ O(2) (3.15)

Tij = ∂p0 ∂0

δδij+ O(2). (3.16)

Abrindo a equa¸c˜ao da continuidade, Eq. (2.53), obtemos as seguintes equa¸c˜oes de movi-mento linearizadas. Para ν = 0, obtemos uma equa¸c˜ao para as flutua¸c˜oes de densidade

(35)

de energia ∂t  δ 0+ p0  + ∂jδuj = O(2), (3.17)

Enquanto, para ν = i, obtemos uma equa¸c˜ao para a velocidade,

∂tδui+ ∂p0 ∂0 ∂i  δ 0+ p0  = O(2). (3.18)

Para n˜ao sobrecarregar as equa¸c˜oes, vamos adotar a seguinte nota¸c˜ao, δ

0+ p0

= δ∗. (3.19)

Assim, ficamos com as seguintes equa¸c˜oes para resolver:

∂tδ∗+ ∂jδuj = 0 (3.20)

∂tδui+

∂p0

∂0

∂iδ∗ = 0. (3.21)

Derivando a primeira equa¸c˜ao no tempo e substituindo a segunda equa¸c˜ao, obtemos uma equa¸c˜ao somente para as perturba¸c˜oes de energia,

t2δ∗− ∂p0 ∂0

∂j∂jδ∗ = 0, (3.22)

Na nota¸c˜ao usual esta equa¸c˜ao se torna,

t2δ∗− ∂p0 ∂0

∇2δ

= 0. (3.23)

Que ´e a equa¸c˜ao de ondas de som relativist´ıca. A partir desta equa¸c˜ao podemos interpretar o termo ∂p0

∂0 como sendo o quadrado da velocidade do som (Cs), ∂p0

∂0

= Cs2. (3.24)

3.1.2 Propaga¸c˜ao de ondas de som

Para estudar a propaga¸c˜ao da onda de som a partir de uma determinanda condi¸c˜ao inicial iremos supor que a solu¸c˜ao para a equa¸c˜ao de onda seja do tipo onda plana. Para

(36)

o caso unidimensional a solu¸c˜ao pode ser escrita como:

ψ = eiω t−ik x. (3.25)

Substituindo a equa¸c˜ao acima na equa¸c˜ao de onda, obtemos uma rela¸c˜ao entre a frequˆencia e o n´umero de onda, chamada de rela¸c˜ao de dispers˜ao,

− ω2ψ + C2

sk2ψ = 0. (3.26)

A partir desta equa¸c˜ao encontramos dois valores possiveis para ω que satisfazem esta equa¸c˜ao,

ω2 = Cs2k2 (3.27)

ω+ = Csk (3.28)

ω− = −Csk. (3.29)

Temos ent˜ao 2 classes de solu¸c˜ao,

ψ+= e−ik(x−Cst) (3.30)

ψ−= e−ik(x+Cst). (3.31)

Temos que ψ+ representa solu¸c˜oes que propagam no sentido positivo do eixo x e

ψ− representa solu¸c˜oes que propagam no sentido negativo. A solu¸c˜ao mais geral ´e uma

combina¸c˜ao linar destes 2 casos, para todos os poss´ıveis k,

ψ(t, x) = Z dk 2π[A+(k)ψ++ A−(k)ψ−] ψ(t, x) = Z dk 2π[A+(k)e −ik(x−Cst)+ A −(k)e−ik(x+Cst)]. (3.32)

Como a equa¸c˜ao de onda ´e de ordem 2, a condi¸c˜ao inicial pode ser expressa em termos do valor do campo e da sua derivada em t = 0,

ψ(0, x) = Z dk 2π[A+(k) + A−(k)]e −ikx (3.33) dψ(0, x) dt = Z dK 2πiw(k)[A+(k) − A−(k)]e −ikx , (3.34)

(37)

Considerando solu¸c˜oes onde a derivada temporal ´e inicialmente nula, isto ´e, dψ(0, x) dt = Z dk 2πiω(k)[A+(k) − A−(k)]e −ikx = 0. (3.35)

Utilizando a transformada de Fourier inversa, podemos mostrar que a condi¸c˜ao acima implica em,

[A+(k) − A−(k)]ikCs = 0, (3.36)

onde j´a utilizamos a rela¸c˜ao de dispers˜ao da equa¸c˜ao de onda. Portanto, conclu´ımos que

A + (k) = A−(k) ≡ A(k). (3.37)

Assim, podemos reescrever a Eq. 3.32 como,

ψ(t, x) =

Z dK

2πA(k)(e

−ik(x−Cst)+ e−ik(x+Cst)), (3.38)

e a sua respectiva condi¸c˜ao inicial, dada pela Eq. (3.33), como 1 2ψ(0, x) = Z dK 2π A(k)e −ikx . (3.39)

Vemos que a solu¸c˜ao geral tem a mesma forma da condi¸c˜ao inicial, com a posi¸c˜ao sendo apenas transladada por vt. Podemos expressa-l´a da seguinte forma,

ψ(t, x) = 1

2ψ(0, x − Cst) + 1

2ψ(0, x + Cst). (3.40) A partir da equa¸c˜ao acima se conclui que dado uma pertuba¸c˜ao de pequena amplitude, a mesma se propagar´a com a velocidade do som, sem se deformar, por´em com a metade da amplitude. Depois, verificaremos estas propriedades de ondas de som numericamente, resolvendo as equa¸c˜oes de continuidade e de Euler para pequenas perturba¸c˜oes iniciais.

3.2 Ondas de Choque

Na ´ultima se¸c˜ao consideramos solu¸c˜oes hidrodinˆamicas que emergem no regime de pequenas perturba¸c˜oes. Nesta se¸c˜ao, consideraremos outras solu¸c˜oes de onda no regime

(38)

Figura 6: Exemplo Onda de Choque [8].

hidrodinˆamico, que n˜ao est˜ao restritas ao regime linear. Estas solu¸c˜oes s˜ao chamadas de ondas de choque.

Veremos que tais ondas se propagam mais r´apido que o som. Quando a velocidade de movimento do fluido ´e pr´oxima ou superior `a velocidade do som temos que levar em considera¸c˜ao os efeitos da compressibilidade na descri¸c˜ao f´ısica do sistema. As ondas de choque s˜ao fenˆomenos que ocorrem nesse regime, um exemplo dela est´a ilustrado na Figura 6.

3.2.1 Ondas de Choque N˜ao-Relativ´ıstica

Nesta se¸c˜oes ser´a abordado o caso de uma onda de choque unidimensional cuja forma n˜ao muda ao longo da trajet´oria. Esse tipo de onda de choque ´e conhecido como Steady Chock Wave. Vamos checar se ´e possivel escrever uma fun¸c˜ao cont´ınua para descrever esta onda, al´em de calcular analiticamente velocidade do choque.

Vamos come¸car escrevendo as equa¸c˜oes da hidrodinˆamicas para o caso unidimen-sional, por´em com um termo q adicional que est´a ligado aos efeitos da compressibilidade;

(39)

No final desta se¸c˜ao ser´a discutido sua importˆancia para a descri¸c˜ao de ondas de choque. Vamos assumir que este termo pode ser depende de qualquer vari´avel termodinˆamica e de suas respectivas derivadas espaciais. Nesse caso, as equa¸c˜oes de continuidade e de Euler podem ser expressas (em uma dimens˜ao) como ,

∂ρ ∂t = − ∂ ∂x(ρv), (3.41) ρ ∂v ∂t + v ∂v ∂x  = − ∂ ∂x(p + q), (3.42) ∂ ∂t  1 2ρv 2+   = − ∂ ∂x  ρv 1 2v 2+ + p + q ρ  . (3.43)

A ´ultima ´e a equa¸c˜ao de continuidade relacionada `a conserva¸c˜ao de energia.

O objetivo desta se¸c˜ao ´e procurar solu¸c˜oes de ondas na hidrodinˆamica sem supor o regime de pequenas perturba¸c˜oes. Ou seja, procuramos solu¸c˜oes para a densidade de massa e para a velocidade que satisfa¸cam as condi¸c˜oes,

ρ = ρ(x − st), v = v(x − st). (3.44)

A vari´avel s, definida acima, ´e a velocidade de propa¸c˜ao da onda.

Fazendo a troca de v´ariaveis para w = x − st, as equa¸c˜oes de movimento ficam na seguinte forma, d dw[ρ(v − s)] = 0 (3.45) ρ(v − s)dv dw = − d dw(p + q) (3.46) −s d dw  1 2ρv 2 +   = − d dw  ρv 1 2v 2 +  + p + q ρ  . (3.47)

A Eq. (3.46) pode ser simplificada usando a Eq.(3.45), d

dwρ(v − s)

2 = − d

dw(p + q). (3.48)

Al´em disso, podemos reescrever a Eq. (3.47) como, d dw  1 2(v − s) 2+  + p + q ρ  = 0. (3.49)

(40)

A partir das Eqs. (3.45), (3.48) e (3.49) obtemos as condi¸c˜oes, ρ(v − s) = C1 (3.50) ρ(v − s)2+ (p + q) = C2 (3.51) 1 2(v − s) 2 +  + p + q ρ = C3, (3.52) onde C1, C2 e C3 s˜ao constantes.

Vamos adotar a seguinte nota¸c˜ao: grandezas com o ´ındice i se referem `a regi˜ao que n˜ao foi afetada pelo choque, e por isso mantˆem seus valores iniciais. J´a as com ´ındice f est˜ao ligadas `a parti¸c˜ao que j´a sofreu influˆencia do choque, e por isso tˆem seus valores alterados. Como a velocidade do choque ´e s, a regi˜ao que ainda n˜ao foi afetada pelo choque corresponde `a x > st. Em outras palavras, s˜ao as regi˜oes de w positivo e negativo. Vamos analizar os dois casos limites, o primeiro ´e w −→ −∞ que corresponde `

a x  st, que representa a regi˜ao que nunca ser´a afetada pelo choque. Impondo a restri¸c˜ao de que q = 0, pois na regi˜oes suficientemente distante do choque n˜ao h´a o efeito e compressibilidade. Assim, podemos determinar as constantes de integra¸c˜ao,

ρi(vi − s) = C1 (3.53) ρi(vi− s)2+ pi = C2 (3.54) 1 2(vi − s) 2+i+ pi ρi = C3. (3.55)

O outro caso limite ´e o exato oposto, se refere a regi˜ao j´a afetada pelo choque, que pode ser expresso como w −→ −∞ que corresponde `a st  x. Vamos exigir a mesma condi¸c˜ao para o q , pelo mesmo motivo anterior.Neste caso obtemos,

ρf(v − s) = C1 (3.56) ρf(vi− s)2+ (pi) = C2 (3.57) 1 2(vf − s) 2 + f + pf ρf = C3, (3.58)

(41)

Logo, igualando ambos os casos, ρi(v − s) = ρf(v − s) (3.59) ρi(vi− s)2+ (pi) = ρf(vi− s)2+ (pi) (3.60) 1 2(vi− s) 2 +i + pi ρi = 1 2(vf − s) 2 + f + pf ρf , (3.61)

Esse sistema representa as condi¸c˜oes de continuidade na interface de descontinuidade, no referencial onde a onda est´a em repouso. Al´em disso, com o ansatz de que q se anula nos casos limites, n˜ao ´e necess´ario saber sua forma.

3.2.1.1 Solu¸c˜ao anal´ıtica para gases ideais

Definindo uma nova vari´avel, A ≡ v − s, temos

ρA = C1 (3.62) ρA2+ p + q = C2 (3.63) 1 2A 2 + + p + q ρ = C3, (3.64) ´

E necess´aria uma equa¸c˜ao de estado para solucionar o sistema, para fim de exemplificar ser´a utilizada a equa¸c˜ao de estado para um g´as ideal n˜ao-relativ´ıstico.

p = nT, (3.65)

 = 3

2nT. (3.66)

Onde colocamos a constante de Boltzmann como sendo igual a 1 e T ´e a temperatura. Assim,

 = 3

2p. (3.67)

e, isolando a vari´avel A,

− 4 3A 2 2 3C3+ 5C2 3C1 A = 1 ρq. (3.68)

Ao inv´es de obtermos uma equa¸c˜ao diferencial para a fun¸c˜ao A, encontramos uma equa¸c˜ao alg´ebrica de segundo grau. Portanto, n˜ao encontramos como solu¸c˜ao nenhuma fun¸c˜ao

(42)

cont´ınua e sim, dois valores constantes. A ´unica fun¸c˜ao que pode satisfazer esta condi¸c˜ao ´e uma fun¸c˜ao discont´ınua que vai de um valor para outro. Esse fato implica que a onda de choque s´o ocorre quando temos uma descontinuidade, o sistema varia abruptamente entre os dois valores de A. Temos que, pela condi¸c˜ao que q = 0 nos casos limites, ou seja se A = Ai ou A = Af. Logo Ai e Af s˜ao ra´ızes da equa¸c˜ao,

q ρ = −

4

3(A − Ai)(Af − A). (3.69) Impondo o ansatz de que a viscosidade q tˆem a mesma forma da viscosidade volumetrica (tipo Bulk):

q = −αρ∂v

∂x = −αρ ∂A

∂x, (3.70)

onde o coeficiente α pode ser encontrado atrav´es de teorias mais fundamentais sobre o estudo da viscosidade. Al´em disso, temos que ∂A∂x = ∂A∂w, logo pdemos reescrever a equa¸c˜ao do segundo grau como uma equa¸c˜ao diferencial ordin´aria (EDO)

αdA dw =

4

3(A − Ai)(Af − A). (3.71) Com o uso desse ansatz ´e poss´ıvel encontrar uma fun¸c˜ao cont´ınua para A. A viscosidade q tamb´em ´e conhecida como viscosidade num´erica ou Pseudo-Viscosidade. A vantagem de utiliz´a- la ´e que remove a descontinuidade da solu¸c˜ao de onda e torna calc´ulos num´ericos fact´ıveis.

A EDO encontrada tˆem solu¸c˜ao anal´ıtica. Fazendo as seguinte troca de v´ariaveis ´e possivel encontrar sua solu¸c˜ao,

Ψ = A − Ai− Af 2 (3.72) ψ0 = Ai− Af 2 (3.73) ψ = Ψ ψ0 . (3.74)

A EDO pode ser reescrita como dΨ dw = 4 3α(Ψ 2− Ψ2 0) 1 Ψ0 dψ dw = 4 3α(ψ 2− 1). (3.75)

(43)

Onde est´a ultima equa¸c˜ao pode ser resolvida integrando ambos os lados, Z

ψ2 − 1 =

4Ψ0

3α w, (3.76)

temos que esta integral pode ser resolvida atrav´es de uma substitui¸c˜ao trigonom´etrica . Sua solu¸c˜ao ´e,

ψ = − tanh 4Ψ0w 3α



, (3.77)

retornando para a vari´avel A temos,

A = Ai− Af 2 − Ai− Af 2 tanh  2Ai− Af 3α w  . (3.78)

Vamos checar se esta fun¸c˜ao satisfaz as condi¸c˜oes para os casos limites. Assumindo que o choque se propaga para a direita, temos que Ai−Af < 0. Assim, no limite w −→ ∞

temos que tanh2Ai−Af

3α w



= −1. Desta forma A = Ai para este caso. Enquanto, no

limite w −→ −∞, temos que tanh2Ai−Af

3α w



= 1.Como esperado obtemos A = Af.

Vemos que ambos os casos limites est˜ao condizentes com o esperado. Portanto, a introdu¸c˜ao de uma viscosidade n´um´erica remove a singularidade da onda choque, in-troduzindo um tamanho para o choque relacionado ao parˆametro α. A utiliza¸c˜ao desta viscosidade num´erica ser´a de suma importˆancia na hora de fazer as simula¸c˜oes computa-cionais no cap´ıtulo posterior.

3.2.1.2 Velocidade do Choque n˜ao-relativistico

Agora, iremos buscar uma uma equa¸c˜ao para a velocidade do choque. Temos que sua velocidade ser´a a velocidade relativa entre as duas interfaces no referˆencial onde o choque est´a em repouso.

Pelas condi¸c˜oes de continuidade, do fluxo de massa e momento, na interface do choque

ρivi = ρfvf ≡ j (3.79)

pi+ ρivi2 = pf + ρfvf2, (3.80)

(44)

E assim, encontrar as velocidades,

vi = jVi, vf = jVf, (3.81)

Onde o j pode ser encontrando a partir do sistema acima,

j = s

pf − pi

Vi− Vf

, (3.82)

Como foi dito no inicio do cap´ıtulo, a velocidade do choque ´e dada pela velocidade relativa entre as duas interfaces, S ≡ vf − vi, assim obtemos a express˜ao

S = q

(pf − pi)(Vi− Vf). (3.83)

Note que esta equa¸c˜ao viola o postulado de que nenhuma velocidade pode ser superior `

a velocidade da luz no v´acuo. Ao fazermos a generaliza¸c˜ao relat´ıvista, esse problema desaparece, por conta da nova forma de somar velocidades que a relatividade prop˜oe.

3.2.2 Ondas de Choque Relativ´ıstica

Nesta subse¸c˜ao ser´a feita a generaliza¸c˜ao relativ´ıstica para as ondas de choque. A metodologia ´e an´aloga ao caso anterior e os resultados obtidos nessa se¸c˜ao ser˜ao utili-zados para compara¸c˜ao com os resultados obtidos num´ericamentes no cap´ıtulo seguinte. Novamente vamos utilizar a nota¸c˜ao: ´ındice i para a regi˜ao que ainda n˜ao foi afetada pelo choque e ´ındice f para as que j´a foram.

Assim como no caso n˜ao-relativ´ıstico, buscamos solu¸c˜oes que se propagam como onda a partir das equa¸c˜oes hidrodinˆamicas. Ou seja, solu¸c˜oes do tipo w = x − st, onde s ´e a velocidade do choque. Assim como no caso anterior, vamos ter uma psdeudo-viscosidade chamada de Π. O tensor energia momento, com o acrescimo deste novo termo, se torna,

Tµν = ( + p + Π)uµuν− ηµν(p + Π), (3.84)

Fazendo a seguinte troca de v´ariaveis: β = p + Π e ρ =  + p + Π, e, nos restringindo ao caso unidimensional, a equa¸c˜ao de conserva¸c˜ao para o tensor acima pode ser escrita

(45)

como,

∂t(ργ2− β) + ∂x(ργ2v) = 0

∂t(ργ2v) + ∂x(ργ2v2+ β) = 0, (3.85)

Primeiramente, vamos verificar se esta equa¸c˜ao ´e consistente com a mudan¸ca de vari´aveis proposta, onde, ∂

∂w = ∂ ∂x − s

∂t. Assim , as equa¸c˜oes acima , nessa nova coordenada, se

torna, ∂ ∂w−(ργ 2− β)s + ργ2v = 0 ∂ ∂w−ργ 2vs + ργ2v2+ β = 0, (3.86)

A velocidade relativa do choque (vr), no referencial onde ele parado, ´e dado pela soma de

velocidades relativ´ıstica,

vr =

v − s

1 − vs (3.87)

Escrevendo as equa¸c˜oes acima em fun¸c˜ao de vr,

∂ ∂w ργ 2 rvr  = 0 ∂ ∂wργ 2 rv 2 r + β  = 0, (3.88) Sendo γr = √1 1−v2 r

. Essas equa¸c˜oes acima implicam que,

ργr2vr = C1

ργr2vr2+ β = C2, (3.89)

Onde C1 e C2 s˜ao constantes independentes da vari´avel w. Vamos procurar solu¸c˜oes deste

sistema para um g´as ultrarelat´ıstico, cuja equa¸c˜ao de estadado para densidade de energia ´e dada por  = 3p. Na ausˆencia de viscosidade, o sistema acima pode ser reescrito como uma equa¸c˜ao do segundo grau para vr

C1

C2

(46)

Temos, ent˜ao, as seguintes solu¸c˜oes: v1 = 2C2 3C1 + r 4C2 2 9C12 − 1 3 v2 = 2C2 3C1 − r 4C2 2 9C12 − 1 3. (3.91)

Similar ao caso Newtoniano, n˜ao encontramos uma fun¸c˜ao para vr e sim dois poss´ıveis

valores. Isso implica que, para que haja uma propaga¸c˜ao de onda em um fluido, torna-se necess´ario que exista alguma descontinuidade na forma da onda. Por´em, tamb´em como no caso anterior, ´e possivel remover essa descontinuidade com uma viscosidade num´erica, tornando poss´ıvel utilizar c´alculos num´ericos para resolver essas equa¸c˜oes. N˜ao discutiremos isso nesse cap´ıtulo.

3.2.2.1 Velocidade do choque relativ´ıstico

Vamos, agora, encontrar os valores para as velocidade em fun¸c˜ao da press˜ao e densidade de energia. O processo ´e semelhante ao caso cl´assico e segue a metodologia utilizada no livro do Landau [1].

Come¸caremos escrevendo um sistema similar ao caso anterior, por´em envolvendo as equa¸c˜oes da relatividade. Para simplificar as equa¸c˜oes faremos a seguinte substitui¸c˜ao de variaveis, ρ ≡  + p. Utilizando as express˜oes para fluxos vistas no cap´ıtulo 2 podemos escrever a seguinte condi¸c˜ao de continuidade para os fluxos na superficie do choque (em uma dimens˜ao),

niui = nfui (3.92)

Tixx = Tfxx (3.93)

Ti0x = Tf0x. (3.94)

Esse sistema ´e an´alogo ao encontrado no caso Newtoniano

viγi 1 Vi = vfγf 1 Vf . (3.95) ρiv2iγ 2 i + pi = ρfvf2γ 2 f + pf. (3.96) ρiviγi2 = ρfvfγf2. (3.97)

(47)

onde V se refere ao volume espec´ıfico, de forma que V ≡ n1, . Al´em disso, teremos diferentes γ para cada regi˜ao,

γi = 1 p1 − v2 i , (3.98) γf = 1 q 1 − v2 f . (3.99) (3.100)

Agora, combinando as Eqs. (3.97) e (3.96), podemos encontrar uma express˜ao para a velocidade, em cada regi˜ao, como fun¸c˜ao da energia e press˜ao,

vi = s (pi− pf)(i+ pf) (i− f)(f + pi) , (3.101) vf = s (pi− pf)(f + pi) (i− f)(i+ pf) . (3.102)

A velocidade de propaga¸c˜ao do choque ´e a velocidade relativa entre as duas regi˜oes do fluido, no referˆencial onde a onda de choque est´a em repouso. Para isso, fazemos uso da soma de velocidades relativisticas, dada pela Eq.(2.50). Assim, a velocidade relativa entre as interfaces se torna: vif = s (pi− pf)(i− f) (f + pi)(i+ pf) . (3.103)

Como exemplo, vamos calcular essa velocidade para um um g´as de f´otons ultra-relativ´ıstico cuja equa¸c˜ao de estado ´e dada, p = 3 . Nesse caso, podemos simplificar as solu¸c˜oes acima na seguinte forma,

vif =

s

(i− f)2

(f+i)(i+ 3f)

. (3.104)

Vamos reescrever a equa¸c˜ao anterior em fun¸c˜ao da raz˜ao f

i para fazer uma rela¸c˜ao entre o tamanho do descontinuidade e da velocidade do choque

v = s (1 − f i) (3f i + 1)( f i + 3) , (3.105)

Temos que no limite f

(48)

relatividade, diferente do caso Newtoniano.

Essas equa¸c˜oes e propriedades, referentes `a onda de choque, ser˜ao utilizadas, no pr´oximo cap´ıtulo, para fazer compara¸c˜oes com os dados obtidos atrav´es de simula¸c˜oes num´ericas.

(49)

4 M´ETODO SPH

Neste cap´ıtulo ser´a introduzido o m´etodo num´erico que foi utilizado para realizar as simula¸c˜oes computacionais, al´em de explicar como utilizar o m´etodo ser˜ao apresentados exemplos de simula¸c˜oes e os dados obtidos ser˜ao comparados com teoria elaborada nos cap´ıtulos anteriores.

O m´etodo SMOOTHED PARTICLE HYDRODYNAMICS (SPH) ´e um m´etodo n´umerico criado por Lucy (1977 ), Gingold Monaghan (1977) com o objetivo de solucio-nar problemas relacionados `a astrof´ısica. Neste m´etodo,o c´alculo das derivadas parciais, diferente do m´etodo usual, ´e feito a partir da derivada de uma fun¸c˜ao que interpola as part´ıculas. Este fator junto das intera¸c˜oes entre as part´ıculas nos permite escrever as equa¸c˜oes hidrodinˆamicas como equa¸c˜oes ordin´arias.

4.0.1 Equa¸c˜oes B´asicas do SPH

O princ´ıpio fundamental por tr´as do m´etodo ´e aproximar as vari´aveis hidrodinˆamicas atrav´es de um kernel. Dado um kernel de interpola¸c˜ao W, temos que o valor de qualquer fun¸c˜ao dependente da posi¸c˜ao, A(r), ´e aproximado pela integral:

A(r) = Z

A(r’)W(r-r’,h)dr’, (4.1)

Este ´e um processo de suaviza¸c˜ao onde o parˆametro h est´a relacionado `a escala m´ınima que ser´a descrita numericamente. Existem diversos Kerneis, fun¸c˜oes que inter-polam pontos, que podem ser utilizados neste m´etodo, mas todos devem obedecer as seguintes propriedades: Z W(r-r’,h)dr’ = 1 lim h→0W(r-r’,h) = δ(r − r 0 ). (4.2)

Al´em disso, esses Kerneis devem ser escolhidos de forma que caiam r´apidamente para 0, facilitando o custo computacional da simula¸c˜ao. O Kernel utilizado nesta monografia ´e dado por,

(50)

W (r, h) = 2 3h              1 − 32 hr2+ 43 hr3, se 0 ≤ rh ≤ 1; 1 4[2 − r h] 3, se 1 ≤ r h ≤ 2;

0, Qualquer outro caso;

(4.3)

Para a aplica¸c˜ao n´umerica a integral ´e substituida por um somat´orio que engloba todas as particulas: Aa(ra) = X b mb A(rb) ρb W (ra− rb, h.), (4.4)

onde os termos com ´ındice a indicam os valores refentes a part´ıcula que estamos ob-servando e os termos com ´ındices b s˜ao referentes `a todas as demais particulas. Para simplificar ser´a introduzida a seguinte nota¸c˜ao, seja F uma grandeza qualquer temos que:

Fab= Fa− Fb (4.5)

Al´em disso, podemos escrever a densidade por particula da grandeza A como σa:

Z

Ad3r =X b

mbW (rab, h) (4.6)

Uma das grandes vantagens do m´etodo ´e que as derivadas espaciais podem ser expressas e calculadas por meio de somat´orios:

∇Aa(ra) = X b mb A(rb) ρb ∇W (rab, h). (4.7)

Todavia, como dito no artigo do Monaghan [2] ´e melhor utilizar a seguinte rela¸c˜ao, pro-veniente da regra do produto da derivada, para se obter melhor precis˜ao:

∇A = 1

ρ[∇(ρA) − A∇(ρ)]. (4.8)

4.0.2 Equa¸c˜oes de Movimento

Para o caso estudado as equa¸c˜ao de movimento ser˜ao c´alculadas a partir da den-sidade entropia (s) e a entropia por particula (σ). Ser´a adotada a seguinte conven¸c˜ao:

(51)

V´ariaveis com * ser˜ao referentes ao seu valor medido com rela¸c˜ao ao referencial do la-borat´orio e as v´ariaveis sem * s˜ao referentes ao referencial de repouso do elemento de fluido.

m → σ

ρ → s, (4.9)

Onde a rela¸c˜ao entre o referencial do laborat´orio e da part´ıcula ´e encontrada a partir da contra¸c˜ao de Lorentz:

s∗ = sγ (4.10)

vj = u

j

γ . (4.11)

Sendo v a velocidade da part´ıcula e u a quadrivelocidade. O c´alculo da densidade de entropia se d´a por:

s∗a(ra) =

X b

σbW (rab, h). (4.12)

Temos que a entropia escrita desta maneira j´a ´e por si s´o compat´ıvel com a equa¸c˜ao da continuidade.

Podemos utilizar a Eq. (4.8) para calcular o valor da derivada da velocidade com maior precis˜ao

s∗∇ · (v) = ∇.(s∗v) − v∇(s), (4.13)

O primeiro termo pode ser c´alculado da forma:

∇ · (s∗ava) =

X b

σbvb∇W (rab, h), (4.14)

Enquanto o segundo termo ´e :

va∇ · (s∗a) =

X b

vaσb∇W (rab, h), (4.15)

(52)

velo-cidade. ∇.(va) = 1 s∗ a X b σbvba∇W (rab, h). (4.16)

J´a para o c´alculo da derivada da press˜ao temos um problema. Se utilizarmos o mesmo procedimento acima seria obtido a seguinte express˜ao,

s∗a∇pa=

X b

σbpba∇W (rab, h), (4.17)

Lembrando que o F = −∇p, logo para o caso onde a press˜ao ´e constante a for¸ca ´e igual `a zero. Todavia, os momentos linear a angular deixam de ser conservados exatamente, com poss´ıveis erros num´ericos. A forma mais vantajosa de escrever o gradiente da press˜ao ´e em fun¸c˜ao de ∇s∗p, tal conclus˜ao foi feita pelo Monaghan [2]. Existem in´umeras formas de escrever derivadas n´umericas e cada uma delas acarreta em uma precis˜ao diferente, ap´os v´arias tentativas com diferentes express˜oes para a derivada num´erica da press˜ao, esta foi a que apresentava menor erro percentual,

1 s∗∇p = ∇ p s∗ + p s∗2∇s ∗ . (4.18)

O primeiro termo ´e c´alculado da seguinte forma: pa s∗ a2 ∇(s∗a) = pa s∗ a2 X b σb∇W (rab, h), (4.19)

enquanto o segundo se d´a por:

∇(pa s∗ a ) = X b pb s∗b σb s∗b∇W (rab, h), (4.20)

somando as equa¸c˜oes acima , obtemos que:

∇pa = s∗a X b σb( pa s∗ a2 + pb s∗b2)∇W (rab, h). (4.21)

Para utiliza¸c˜ao do m´etodo SPH para solucionar um problema de hidrodinˆamica ´e necess´ario aplicar a equa¸c˜ao de Euler em cada elemento de fluido utilizando as express˜oes vistas acima para o c´alculo das derivadas. Por´em, ´e imprescind´ıvel fornecer uma equa¸c˜ao

(53)

de estado para a solu¸c˜ao do problema, pois sem ela n˜ao ter´ıamos um sistema poss´ıvel de ser resolvido.

4.1 Equa¸c˜ao de estado

Nesta se¸c˜ao, ser´a introduzida a equa¸c˜ao de estado que serviu de base para as simula¸c˜oes num´ericas feitas neste trabalho.

Uma equa¸c˜ao de estado nos d´a as rela¸c˜oes entre as grandezas termodinˆamicas de uma determinada substˆancia em um de seus estados da mat´eria. Sendo assim, ela funciona como uma forma de caracterizar o objeto de estudo. Para esta Monografia iremos trabalhar com um g´as de f´otons cujas equa¸c˜oes de estado s˜ao [9]:

 = 3 π2T 4 s = 4 ∗ g π2 T 3 p = 1 3. (4.22)

Onde o g ´e o fator de degenerescˆencia. No caso abordado neste trabalho vamos supor que g = 1.

4.2 Equa¸c˜ao de movimento para o caso unidimensional

Neste trabalho ser´a abordado o caso unidimensional para as solu¸c˜oes da equa¸c˜ao de movimento.

A partir da equa¸c˜ao de estado referente ao g´as ultrarelativ´ıstico, citada acima, encontramos a seguinte rela¸c˜ao entre as derivadas da densidade de energia e press˜ao :

d dτ = 3

dp

dτ. (4.23)

Abrindo a equa¸c˜ao de movimento para energia, Eq. (2.64), para o caso unidimensional,

3dp

dτ + ( + p)∂µu

µ = 0, (4.24)

(54)

momento, Eq. (2.74), se torna, ( + p)uµ∂µuλ− ηλµ∂µp − uλ ( + p) 3 ∂µu µ = 0, (4.25)

Abrindo o somat´orio da equa¸c˜ao acima para λ = x, temos que o primeiro termo utilizando a derivada material pode ser escrito como,

( + p)uµ∂µu = ( + p)γ

du

dt, (4.26)

Temos que o segundo termo equivale `a,

ηxµ∂µp = −∂xp. (4.27)

E, por fim, o terceiro somat´orio fica como,

u( + p) 3 ∂µu

µ = u( + p)

3 [∂tγ + γ∂xv + v∂xγ]. (4.28) Como o fator γ pode ser escrito da forma γ = [1 + u2]12, a sua derivada temporal ´e dada

por

∂tγ =

u

γ∂tu. (4.29)

O mesmo vale para sua derivada espacial. Desta forma, a equa¸c˜ao acima pode ser reescrita como, u( + p) 3 ∂µu µ = u( + p)u2 3γ du dt + u ( + p)uγ 3 ∂xv. (4.30) assim, podemos reescrever a equa¸c˜ao (4.25) como,

( + p)γdu dt + ∂xp − u ( + p)u2 3γ du dt − u ( + p)uγ 3 ∂xv = 0, (4.31) e, finalmente, obtemos, ( + p)  1 − u 2 3γ2  γdu dt = −∂xp + u (p)uγ 3 ∂xv. (4.32)

(55)

Esta ´e forma da equa¸c˜ao de movimento que ser´a aplicada para cada elemento de fluido (discretizado em termos de pat´ıculas, no m´etodo SPH), e nos proporcionar´a a evolu¸c˜ao temporal do sistema. As derivadas da velocidade da press˜ao ser˜ao obtidas atrav´es das Eqs. (4.16) e (4.21).

4.3 Formula¸c˜ao do Programa e An´alise dos Dados Obtidos

Nesta se¸c˜ao ser´a explicado a forma com que o c´odigo foi escrito para que pudesse simular de forma eficaz a evolu¸c˜ao temporal de um fluido. Em seguida, ser˜ao apresen-tados alguns exemplos que servir˜ao como testes. A unidade de medida para espa¸co ser´a f m(10−15m), e como estamos adotando a conve¸c˜ao de que c = 1 a unidade para tempo tamb´em ser´a de f m.

4.3.1 Escrevendo o C´odigo

Primeiramente, devemos ressaltar a importˆancia da escolha dos parˆametros num´ericos N ,h e dt. Onde, N ´e o n´umero de part´ıculas SPH escolhido para representar o fluido e dt ´e o tamanho do passo temporal, para este programa estamos utilizando os seguintes parˆametros num´ericos:

• h = 0, 02 • N = 5000 • dt = 0, 01

Temos que, quanto menor o passo temporal, maior precis˜ao teremos, por´em o custo computacional tamb´em aumenta. O mesmo vale para o h, por´em ao diminuir seu tamanho devemos aumentar o n´umero de part´ıculas, pois ´e necess´ario uma quantidade consider´avel de par´ıculas em cada elemento. Tendo em vista essas condi¸c˜oes, ´e necess´ario escolher os parˆametros de forma que haja uma precis˜ao boa mas que n˜ao exija tanto poder computacional.

O primeiro passo ´e definir a condi¸c˜ao inicial da entropia carregada por cada part´ıcula SPH (cada elemento de fluido). Ap´os isso, ´e feito o c´alculo da densidade de entropia e das demais grandezas termodinˆamicas. Durante a simula¸c˜ao iremos desprezar

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