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FICHA TÉCNICA facebook.com/manuscritoeditora instagram.com/manuscrito_editora

© 2020

Todos os direitos relativos à chancela Manuscrito encontram-se reservados para a Editorial Presença, S. A.

Estrada das Palmeiras, 59 Queluz de Baixo 2730-132 Barcarena

Título original: Porque Flutuam os Meus Cereais? Autor: Adriano Cerqueira

Copyright © Adriano Cerqueira, 2020 Copyright © Editorial Presença, S. A., 2020

Revisão: Ana Pereira/Editorial Presença Capa: Catarina Sequeira Gaeiras/Editorial Presença

Composição, impressão e acabamento: Multitipo — Artes Gráficas, Lda.

ISBN: 978-989-8975-51-5 Depósito legal n.o 472 610/20

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ÍNDICE

INTRODUÇÃO ... 15

CAPÍTULO I – AMANHECER ... 17

Um ponto amarelo no céu ... 18

170 mil anos em 8 minutos ... 20

Uma espécie de curva sempre à volta a girar ... 21

Jet lag ... 22 De 4 em 4 anos ... 23 UTC+.45?! ... 23 Tempos e mudanças ... 24 Inclinação estacionária ... 24 Sol da meia-noite ... 25 Antes de acordar ... 26 Sono polifásico ... 28 Ritmo circadiano ... 29 O cérebro ... 30

O corpo enquanto dorme ... 33

Herança evolutiva ... 34

Como funciona um despertador ... 35

Oscilações digitais ... 36

CAPÍTULO II – DE MANHÃ ... 39

Como sobe a água pelos canos até ao meu chuveiro? ... 40

(3)

A química do champô ... 42

Proteger, lavar e fazer bolhinhas ... 43

Os ecossistemas dos nossos lençóis ... 45

Toalhas fora da validade ... 47

Porque flutuam os meus cereais? ... 48

A orgânica do trânsito ... 50

Cruzamentos-fantasma ... 50

Trocar de faixa compensa? ... 51

Motor de combustão interna ... 53

De que fósseis? ... 54

Como funciona uma bateria? ... 55

Remover antes de estragar ... 57

Como andar de bicicleta… ... 58

Movimentos pendulares ... 60

Da hora certa a uma terra imperfeita ... 61

O comboio, a catenária e o balastro ... 63

Chips RFID ... 66

CAPÍTULO III – MUNDO DIGITAL ... 69

Porque se enrolam os fios dos auriculares? ... 70

Como ouvimos? ... 72

Do osso para o ouvido interno ... 73

Lei de Moore ... 74

Zeros e uns ... 75

Como funciona uma rede? ... 76

De cabos submarinos a uma rede sem fios ... 77

Como é feita uma transmissão televisiva? ... 78

IPTV vs. OTT ... 79

Como vemos? ... 81

Um mundo a cores ... 82

(4)

A rádio ... 85

À velocidade da luz… quase ... 86

O que é um algoritmo? ... 87

Origens ... 88

CAPÍTULO IV – ALMOÇO ... 89

A química do nosso prato ... 90

Vitaminas ... 93

Antivitaminas ... 94

Leveduras e fermentação ... 95

Um pedaço de história ... 96

Café ... 97

Como são digeridos os alimentos? ... 99

Absorção de nutrientes ... 102 Sais biliares ... 102 Calorias ... 104 O que é o colesterol? ... 106 Alergias alimentares ... 108 Intolerância alimentar ... 109 Glúten ... 110 Doença celíaca ... 110 Alergia ao trigo ... 111 Agricultura sustentável ... 112 Economia circular ... 114 CAPÍTULO V – SAÚDE ... 117 Sistema imunitário ... 118 Bactérias protegidas ... 119 Sistema de complemento ... 120 Vacinas ... 121 Imunidade de grupo ... 122

(5)

Uma ajuda bovina ... 123

Antibióticos ... 124

Resistência ... 125

Do pão à caixa de Petri: uma história bolorenta ... 125

Aspirina ... 127 Como funciona? ... 127 Salgueiro lutador ... 128 Investigação médica ... 129 A célula ... 132 Doenças autoimunes ... 135 Cancro ... 137

As células imortais de Henrietta Lacks ... 138

Doenças neurodegenerativas ... 140 Parkinson ... 140 Alzheimer ... 142 CAPÍTULO VI – DESPORTO/LAZER/FÉRIAS ... 145 Hormonas ... 146 A química do desporto ... 148 Adrenalina ... 148 Esteroides ... 149 Ácido láctico ... 150

O que causa a «dor de burro»? ... 152

A química do amor ... 154

Como funciona o GPS? ... 157

A química de uma fotografia ... 159

Lei da Reciprocidade ... 160

Como é formada uma praia? ... 162

Ondas… ... 164

…e marés ... 165

(6)

A atmosfera ... 167

Como voa um avião? ... 169

Mistérios do fundo do mar ... 171

Fontes hidrotermais ... 172

Como respiram os peixes? ... 174

Guelras e pulmões ... 175

Ecolocalização ... 176

Íman ... 178

Campo eletromagnético terrestre ... 179

O clima ... 181

O tempo ... 182

CAPÍTULO VII – LEITURAS/CULTURA GERAL ... 183

Evolução ... 184

Como ocorreu esta especialização? ... 185

Mutações ... 185 A ramificação do progresso ... 186 LUCA ... 187 Os reinos da vida ... 188 Fóssil ... 191 Âmbar ... 192 Fotossíntese ... 193 Clorofila ... 193 Ciclo de Calvin ... 194 Pólen ... 195 Alergias ... 196 ADN ... 197 Codificação genética ... 198 Transcrição e tradução ... 198 Genética ... 200 Gregor Mendel ... 200

(7)

Epigenética ... 202

Lamarck ... 202

Sismos ... 204

Magnitude de Richter e intensidade de Mercalli ... 205

Vulcões ... 207

Pontos quentes ... 208

Lava ... 208

Escudos, cones e supervulcões ... 209

Great Dying ... 209 Tectónica de placas ... 211 Litosfera ... 212 No limite ... 212 Raios e coriscos ... 214 Cargas e descargas ... 215

Mais do que uma vez no mesmo local ... 216

Chuva e ciclo da água ... 217

Água para todos os gostos ... 218

Chuva de diamantes ... 219

O que acontece se atirar uma moeda de um edifício alto? ... 220

Gravidade ... 221

CAPÍTULO VIII – NOITE ... 223

A Lua ... 224

Rotação sincronizada ... 224

O grande impacto ... 225

Assim nasce uma estrela ... 226

Teoria do big-bang ... 229

Lei de Hubble ... 230

Efeito Doppler ... 230

Origem ... 230

(8)

Galáxias ... 234

Buracos negros supermassivos ... 235

Buracos negros ... 236

Tipos de buracos negros ... 237

Paradoxo da informação ... 238 Quasar ... 238 Pulsar ... 239 Matéria escura ... 240 O que não é ... 240 Energia escura ... 241 CONCLUSÃO ... 243 REFERÊNCIAS ... 245

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INTRODUÇÃO

Porque flutuam os cereais? Como sobe a água pelos canos? Porque se colam os ímanes à porta de um frigorífico?

A rotina diária é rica em questões para as quais nem sempre temos resposta. Sabemos que, se abrirmos uma torneira, vai sair água; se carregarmos num interruptor, uma luz irá acender-se; e se deixarmos os auriculares no bolso, estes vão enrolar-se.

Sabemos que estas coisas acontecem, mas nem sempre conhe-cemos os mecanismos que levam a este efeito. Ao longo de milé-nios, a humanidade tem procurado resolver os problemas do dia a dia com recurso ao conhecimento científico. Disciplinas como a Biologia, a Geologia, a Química, a Física e a Matemática foram sendo desenvolvidas na expectativa de encontrar uma solução para os enigmas do Universo e do mundo natural.

Com base nestes conhecimentos e no génio de cientistas, enge-nheiros e pessoas comuns, desenvolvemos ferramentas, estruturas, instrumentos, máquinas e veículos que tornam a nossa vida muito mais simples.

Tão simples que por vezes tomamos como garantidos instrumen-tos e estruturas que demoraram séculos a ser desenvolvidos.

Hoje em dia, toda essa informação está à distância de um clique, mas nem sempre sabemos onde ou como a procurar. Este livro pro-cura ser uma ferramenta agregadora de respostas a algumas das dúvidas mais comuns do nosso quotidiano.

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Com este livro, espero dar-vos os mecanismos para que jargões como mitocôndria, eletromagnetismo, microbioma ou radiação dei-xem de ser um bicho de sete cabeças para quem quiser compreen-der melhor a ciência do dia a dia.

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CAPÍTULO I

AMANHECER

O dia ainda não começou,

mas a nossa viagem pelo conhecimento acabou de arrancar.

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UM PONTO AMARELO NO CÉU

Enquanto dormimos, o mundo continua a girar à nossa volta. Ou, pelo menos, é isso que em tempos pensávamos. Já desde o século xv que Copérnico demonstrou que a Terra girava, de facto,

à volta do Sol. Esta teoria, designada por heliocentrismo, dividiu a Europa durante a Idade Média e custou a vida a Copérnico. Hoje, tomamos esse conhecimento como garantido. O movimento de translação da Terra em torno do Sol traz-nos as estações e a sua rotação a diferença entre o dia e a noite.

O conhecimento adquirido ao longo dos séculos faz com que certas teorias, certos termos e outras tantas noções sejam integradas numa espécie de biblioteca mental onde tomamos como facto temas que em tempos ilustravam alguns dos grandes mistérios da humanidade.

O Sol é a nossa principal fonte de energia. É a estrela sob a qual orbitamos. É uma fonte essencial para a vida no nosso planeta. Todos os dias olhamos para ele, sentimos o seu calor na nossa pele, e a sua ausência quando o céu fica cinzento. Sentimos tudo isto, mas não pensamos nele.

Comecemos pelos números. O Sol é uma estrela composta por uma receita muito simples: 73% de hidrogénio, 25% de hélio, e alguns pozinhos de elementos mais pesados como o oxigénio, o carbono, o néon ou o ferro. Com 1,39 milhões de quilómetros, o seu diâmetro é 109 vezes superior ao da Terra. É tão denso que a sua massa é 330 mil vezes maior do que a do nosso planeta. Está apenas a 8 minu-tos e 19 segundos de distância, se viajarmos à velocidade da luz. Oito minutos que correspondem a 150 milhões de quilómetros, distância essa que os astrónomos designam como uma unidade astronómica (UA).

Dada a natureza oval da órbita terrestre, a distância da Terra ao Sol não é sempre constante. O ponto mais próximo entre a Terra e o Sol ocorre no início de janeiro e designa-se por periélio, enquanto

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Se tirarmos a Terra da equação, o Sol não é uma estrela parti-cularmente especial. É uma estrela de Classe G, conhecida popu-larmente como uma anã amarela. Não é especialmente grande, nem tão-pouco é das mais raras ou das mais comuns.

É uma esfera de plasma no centro do Sistema Solar, com um sistema interno de convecção que, além de energia, também produz um campo magnético à sua volta.

Tem cerca de 4,6 mil milhões de anos e está agora a entrar na sua meia-idade. O que é que isto significa para nós? À escala da vida humana, muito pouco.

O Sol tem ciclos de onze anos de atividade magnética constante, que podem corresponder a períodos de maior ou menor atividade solar. Tem manchas na sua superfície que correspondem a pontos de menor temperatura e erupções solares que libertam uma grande quantidade de radiação.

Na Terra, estamos protegidos desta radiação graças ao campo magnético terrestre. As auroras boreais, por exemplo, são resultado do contacto dessa radiação com o nosso campo magnético.

Um período de maior atividade solar pode afetar os nossos sis-temas eletrónicos e é uma constante preocupação para os serviços de navegação por satélite, como o GPS.

Para as plantas, algas e para alguns microrganismos como as cianobactérias, o Sol é a principal fonte de energia. A força respon-sável por alimentar o motor da fotossíntese.

Para nós, é uma fonte essencial de vitamina D mas, como tudo, também é um perigo para a nossa pele, quando nos expomos em excesso aos seus raios ultravioleta (UV).

É o Sol que nos desperta logo pela manhã, especialmente se também gostar de dormir com a persiana entreaberta, como eu.

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estabilidade até que a atividade solar fique tão intensa que a vida na Terra se torne impossível.

O Sistema Solar é, para já, o nosso condomínio e o Sol o seu principal senhorio. Para a humanidade sobreviver, teremos de olhar para as estrelas e procurar por uma nova casa. Mas esse é um pro-blema para um futuro ainda muito distante.

170 mil anos em 8 minutos

A principal fonte de energia do Sol é o seu núcleo. Nele, a cada segundo, cerca de 600 milhões de toneladas de hidrogénio são transformadas em hélio. Esta reação produz cerca de quatro milhões de toneladas de energia. Esta energia não é libertada imediatamente. Tem de primeiro percorrer as diferentes camadas do Sol até atingir a fotosfera, a camada de uma estrela onde a sua luz é radiada. Pode demorar entre 10 mil e 170 mil anos para uma partícula de energia chegar do núcleo até à superfície solar.

O raio de Sol que neste momento sente na sua cara foi, muito provavelmente, produzido ainda durante a última idade do gelo.

Dentro de cinco mil milhões de anos, a fusão de hidrogénio no núcleo do Sol vai começar a diminuir. Esta diminuição vai provocar uma instabilidade no seu equilíbrio hidrostático, o que fará com que a sua densidade e temperatura aumentem. As camadas exteriores do Sol vão expandir, transformando-o numa estrela vermelha gigante.

Mercúrio e Vénus serão engolidos por estas camadas, assim como a Terra. Após este período de expansão, as camadas vão regredir e o Sol tornar-se-á uma anã branca. Uma estrela muito densa do tamanho do seu núcleo atual.

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UMA ESPÉCIE DE CURVA SEMPRE À VOLTA A GIRAR

Todos acordamos a horas diferentes. Algumas pessoas são mais madrugadoras, outras preferem desafiar o despertador e ficar na cama até ao limite. A história repete-se de norte a sul e de este a oeste. Contudo, enquanto o nosso dia começa, há muito que já anoiteceu no outro lado do mundo.

Isto acontece graças ao movimento de rotação da Terra sob o seu eixo. Imaginem uma bola de básquete a girar na ponta do dedo de um jogador. O ponto onde o dedo entra em contacto com a bola representa o seu eixo de rotação.

Se olharmos para a Terra como uma esfera, idêntica a esta bola de básquete, observamos que ela gira sob o seu eixo, no sentido contrário aos ponteiros do relógio, a cerca de 1670 quilómetros por hora. Isto significa que a Terra gira cerca de 15 graus a cada hora.

Com esta diferença de 15 graus a cada hora, é possível dividir o nosso planeta em 24 fusos horários. Estes fusos horários servem essencialmente para duas coisas: para estragar as férias a todos os que sofrem de jet lag e para definir a hora mais adequada ao local onde nos encontramos.

Há dois pontos essenciais na definição dos fusos horários, o Meridiano de Greenwich, definido pela localização do Observatório de Greenwich em Inglaterra, e a Linha Internacional de Mudança de Data no lado oposto do planeta. Esta linha delimita o hoje do ama-nhã, possibilitando aos marinheiros que a atravessam uma forma muito pouco espetacular de se viajar no tempo.

Quando compramos um novo telemóvel, ou quando definimos a hora num dispositivo eletrónico, é comum vermos siglas como GMT ou UTC. Estas siglas designam o mesmo ponto geográfico, o Meri-diano de Greenwich, mas com significados diferentes.

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Greenwich em Inglaterra e que durante muito tempo era definida como a hora zero. A linha de referência para todos os diferentes fusos horários.

Hoje em dia, esta designação está a cair em desuso, sendo a referência UTC, ou Tempo Universal Coordenado, o termo reco-mendado como padrão internacional. Para além de definir a loca-lização da hora zero, esta nova sigla também segue os padrões atómicos de medição do tempo, o que lhe permite uma definição horária bem mais precisa do que a usada pelo sistema anterior.

Jet lag

Para quem gosta de viajar, este conceito é, talvez infelizmente, bastante familiar. O jet lag pode ser definido na sua forma mais simples como um reflexo fisiológico que provoca alterações nos padrões de sono.

Ao contrário do nosso telemóvel, não temos nenhuma aplicação que atualize a hora imediatamente após aterrarmos num novo local. Se no nosso ponto de origem já é meia-noite, não importa se ainda são duas da tarde no novo destino; para o nosso corpo é meia-noite.

Como resposta ao ciclo diário entre o dia e a noite, o nosso corpo possui uma série de padrões, denominados por ciclo circa-diano, que são responsáveis por manter o nosso equilíbrio ao longo do dia.

O ciclo circadiano está associado aos padrões de luminosidade ao longo do dia e é responsável por dizer ao nosso corpo quando é a altura de estar ativo e quando é o momento certo para descansar. Ao mudarmos rapidamente de fuso horário, pomos em causa este equilíbrio e as consequências para o nosso organismo fazem-se logo sentir.

Do sono ao apetite, do equilíbrio hormonal à própria temperatura do nosso corpo, o jet lag é um efeito bem capaz de arruinar as

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De 4 em 4 anos

Os movimentos de rotação e translação da Terra têm mais efeitos que vão além dos fusos horários e do jet lag. Um dos efeitos mais conhecidos dá origem aos anos bissextos.

Quanto tempo demora a Terra a completar uma órbita em torno do Sol? Se respondeu 365 dias, tecnicamente, a sua resposta está errada. Na verdade, a Terra demora cerca de 365 dias, 5 horas, 48 minutos e 46 segundos a completar uma volta em torno do Sol. Para simplificar, vamos arredondar este número para 6 horas. Se nada fosse feito para acertar os nossos calendários, de quatro em quatro anos, perdíamos um dia. Isto não parece um grande problema, mas acabaríamos por ter anormalidades como o Natal no meio do verão, ou um agosto propício para umas férias na neve, ao longo do tempo.

Para resolver este problema, foi decidido acrescentar um dia extra a fevereiro, o dia 29, de quatro em quatro anos para evitar oscilações deste género no nosso calendário. Se o acaso ditou que o vosso aniversário é neste dia, pode ser chato não o celebrar todos os anos, mas é graças a essa data que determinados eventos mantêm a sua periodicidade «normal».

UTC+.45?!

Por motivos que nem sempre são bastante claros, certos fusos horá-rios vão além do habitual acréscimo de uma hora ao meridiano que o precede. Na Austrália e na Índia é possível encontrarmos fusos horários de meia hora que dificultam ainda mais as contas sempre que temos de entrar em contacto com alguém num desses diferentes pontos.

Contudo, o fuso horário mais estranho é, talvez, o das Ilhas Cha-tham. Neste arquipélago próximo da Nova Zelândia, o fuso horário difere em 45 minutos. Se estiverem neste momento ao longo do Meridiano de Greenwich e quiserem saber que horas são nas Ilhas Chatham, basta acrescentarem mais 12 horas e 45 minutos. A menos

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TEMPOS E MUDANÇAS

Se são como eu, provavelmente estão à espera que chegue outubro para que o relógio do vosso carro volte a estar certo. Não que seja difícil adiantar ou atrasar uma hora, mas, sejamos sinceros, quem tem tempo para ler o manual?

Em alguns países, de seis em seis meses, o relógio anda uma hora para a frente ou uma hora para trás. Em Portugal, esta mudança de hora ocorre normalmente no último fim de semana de março (hora de verão) e no último fim de semana de outubro (hora de inverno).

O objetivo destas alterações é aumentar o número de horas de sol durante o período habitual de trabalho ao longo destas estações, adiando o horário do pôr do sol em detrimento da alvorada.

Apesar de os EUA e a Europa estarem habituados a estas mudanças sazonais, nem todos os países seguem a mesma regra. Ao longo da linha do equador, a hora mantém-se inalterada durante o ano. Isto acontece porque a variação do horário solar nesta região é tão pequena que não justifica a alteração horária.

Inclinação estacionária

O eixo da Terra está inclinado cerca de 23 graus. É esta inclinação a responsável pelas diferentes estações.

Quando lançamos um pião, ele começa por rodar de forma estável sobre o seu eixo, mas começa a oscilar em diversas direções à medida que a velocidade diminui e este perde energia. Se isto acontecesse com a Terra, estaríamos condenados. Os dias seriam caóticos, osci-lando entre períodos de sol intenso e de escuridão fria, e o impacto a nível geológico e gravitacional tornaria o nosso planeta inabitável.

Felizmente, isto não acontece. A Terra gira sobre um ponto fixo, delineado pelo seu eixo. Esta posição fixa significa que, consoante o ponto em que a Terra se encontra na sua órbita em torno do Sol,

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que toca à exposição solar. É por este motivo que, quando é verão no hemisfério norte, é inverno no hemisfério sul e vice-versa.

O ponto de convergência destes extremos tem o nome de solstí-cio, o momento em que o Sol atinge o seu ponto máximo de decli-nação em latitude. Isto significa que, para um observador na Terra, o Sol aparenta atingir o seu ponto mais alto no céu (solstício de verão), ou o ponto mais baixo (solstício de inverno).

A meio caminho entre ambos os solstícios, acontecem os perío-dos de equinócio que dão início à primavera e ao outono, respe-tivamente. Nestes períodos, ambos os hemisférios terrestres são iluminados de igual forma.

Sol da meia-noite

Esta inclinação tem um efeito profundo nos locais mais extremos da Terra. Estes 23 graus são o suficiente para dividir os polos em seis meses de dia, e seis meses de noite.

Durante o verão no hemisfério norte, o Polo Norte é iluminado 24 horas por dia. De março a setembro, esta região não conhece a noite, e enquanto o Polo Norte está acordado, o Polo Sul adormece para uma longa noite cuja manhã está a seis meses de distância.

O contrário tem lugar no inverno, enquanto o Polo Norte ador-mece, o Polo Sul prepara-se para o dia mais longo do seu ano depois de seis longos meses de escuridão.

São estas alterações que tornam os polos terrestres locais tão inóspitos e de difícil acesso.

Contudo, apesar de estarmos habituados a imaginar os polos cobertos de gelo e de neve, nem sempre foi assim. A análise geológica do passado da Antártida revelou que as primeiras camadas de gelo desta região apenas se começaram a formar há 34 milhões de anos. Para um humano, pode parecer muito tempo, mas sob a perspetiva de um planeta com 4,6 mil milhões de anos é

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ANTES DE ACORDAR

As manhãs são sempre difíceis. Seja segunda-feira, sábado ou domingo, acordar é uma das tarefas mais complexas pela qual todos temos de passar. Mesmo quando conseguimos dormir as oito horas recomendadas, acabamos sempre por querer ficar mais um bocado.

De certa maneira, podemos pensar no sono como uma viagem. Uma viagem de oito horas entre hoje e amanhã, em que descansa-mos no conforto do nosso quarto, entretidos por um ou outro sonho ocasional.

Dormir é bem mais complexo do que apenas permanecer deitado durante várias horas no mesmo local. Durante o sono, o cérebro toma controlo e permite ao nosso corpo entrar em poupança de energia. Entramos num estado de elevada vulnerabilidade com o objetivo único de descansar e recarregar energias.

Durante o sono, alternamos entre estados de consciência e de relativa inibição sensorial, entre episódios de atividade muscular reduzida e de inibição da maioria dos músculos voluntários. Temos uma menor capacidade de reagir a estímulos externos e, no fundo, ficamos desligados do mundo exterior.

O sono é dividido entre dois principais períodos: o sono REM (Rapid Eye Movement), caracterizado por um movimento rápido dos olhos, e o sono não REM ou NREM.

É durante o período REM que sonhamos. Neste período, o nosso corpo fica virtualmente paralisado. Durante o sono, a maioria dos sis-temas do nosso organismo permanecem num estado anabólico que ajuda a restaurar o sistema imunitário, nervoso, esquelético e muscular.

Este processo é em tudo similar a levar um automóvel à revisão. Todos os dias guardamos umas horas para que o nosso organismo analise e restabeleça o normal funcionamento dos nossos sistemas, para garantir que funções como a memória, o estado de espírito e a

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O sono é também importante para calibrar as nossas defesas através do sistema imunitário, tendo ainda um papel importante na regulação do nosso sistema endócrino.

Quando e como dormimos é uma ação determinada pelo nosso relógio interno, o qual é regulado pelo sistema circadiano. Este sistema adora rotinas e usa referências-chave como a diferença de luminosidade entre o dia e a noite para regular o normal funciona-mento do nosso organismo.

O sono acontece por estados. O primeiro é o sono não REM, que está ele próprio dividido em três fases. Durante a primeira fase (N1), que pode durar entre 10 e 25 minutos, a temperatura corporal, o consumo de energia e o ritmo cardíaco decrescem.

Segue-se a segunda fase (N2), durante a qual o movimento dos olhos para, os músculos relaxam e a atividade das ondas cerebrais abranda. É nesta fase que passamos grande parte da nossa noite.

Antes de começarmos a sonhar, temos ainda de passar pela última fase do sono não REM. Nesta terceira fase (N3), também conhecida por fase delta, entramos num sono profundo. Esta é talvez a mais importante, pois é quando os nossos sistemas aproveitam para recarregar energias.

Durante a fase N3, o ritmo cardíaco e a respiração abrandam para os seus níveis mais baixos durante o sono. A pressão arterial, a temperatura corporal e a atividade muscular também baixam, e não há qualquer movimento dos olhos.

Com uma duração entre 20 e 40 minutos, é nesta fase que o cérebro fica menos reativo a estímulos externos. É por esse motivo que é muito difícil acordar alguém em sono profundo.

Noventa minutos depois de adormecer, enfim chegamos ao sono REM. Este estado é caracterizado por um rápido movimento dos olhos sob as pálpebras e é durante este período que sonhamos.

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come-mais baixo. Os músculos dos braços e das pernas relaxam até ao ponto em que ficam completamente imóveis. Esta ação ocorre para que as pessoas não se mexam enquanto sonham.

A respiração acelera e o cérebro atinge o seu pico de atividade. É durante este período que a informação que recolhemos ao longo do dia é armazenada na nossa memória a longo prazo.

Durante a noite, podemos passar por três ou quatro ciclos de sono. Em cada ciclo, o tempo de duração do estado REM fica mais longo, como se tivéssemos de esperar pelos anúncios, pelos trailers e por uma curta-metragem até chegarmos ao filme que pagámos para ver.

Seja já para lá dos créditos ou por ação do despertador, mais cedo ou mais tarde temos de acordar.

Ao acordar, a atividade elétrica no nosso cérebro aumenta, o ritmo cardíaco acelera e recuperamos o controlo dos nossos membros. Infelizmente, está na hora de sair da cama. Temos um longo dia pela frente.

Sono polifásico

Nem todos dormimos oito horas seguidas todas as noites. Alguns porque simplesmente não conseguem, outros por vontade própria. Há sempre um novo episódio para ver, não é?

Algumas pessoas optam por treinar o seu corpo para reduzir o tempo de sono necessário, espaçando-o ao longo do dia. Este tipo de sono chama-se sono polifásico.

A ideia por detrás desta prática é que, ao dividirmos o nosso sono ao longo do dia em períodos mais curtos, é possível treinar o cérebro para atingir o estado REM de forma mais rápida, libertando as horas que normalmente seriam passadas a dormir para outras atividades.

Esta prática é altamente criticada pela comunidade científica, com preocupações de que o sono polifásico possa prejudicar o ritmo

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RITMO CIRCADIANO

Há poucas coisas mais frustrantes do que acordar antes do des-pertador. Isto acontece porque, no fundo, somos todos criaturas de hábitos e ninguém gosta mais de rotina do que o nosso organismo.

Se já passaram por uma situação de jet lag, provavelmente sentiram-se fora de horas, como se o vosso relógio interno estivesse dessincronizado.

O nosso relógio interno, assim como o ciclo diário de sono, é regulado pelo ritmo circadiano. Este ritmo dura cerca de 24 horas e funciona de forma similar a um relógio, mantendo os nossos sistemas a funcionar no horário certo. Apesar de este ser um ritmo regulador de processos internos, esta regulação é influenciada por estímulos ambientais como a luz ou a temperatura.

Quando viajamos para um destino com um fuso horário com mais do que duas horas de diferença do nosso, o ritmo circadiano é pertur-bado pelo impacto desta mudança na luminosidade num curto espaço de tempo. É esta mudança de rotina que provoca a sensação de jet lag.

O ritmo circadiano não é único ao ser humano, os animais, as plantas, os fungos e as bactérias também têm um relógio interno que regula as suas funções biológicas.

A principal referência para este mecanismo na natureza é o ciclo diário entre o dia e a noite.

A investigação atual sugere que o ritmo circadiano vai ainda mais longe, sendo responsável pelo controlo de processos metabólicos e pela expressão de certos genes. A desregulação persistente deste ritmo pode levar ao mau funcionamento do nosso sistema imunitário deixando-nos suscetíveis ao desenvolvimento de doenças como é o caso do cancro.

Existem, atualmente, estratégias de desenvolvimento de crono-fármacos, medicamentos que atuam de acordo com os horários do

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