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A Questão da Criminologia: Senso Comum e Psicologia

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Academic year: 2021

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A Questão da Criminologia: Senso Comum e Psicologia

Samara Fernandes Azevedo1

Beatriz Agra Ramos Santana2

Sérgio Ricardo de Freitas Cruz3

1Graduanda em Direito (Centro Universitário Planalto Central Apparecido dos Santos). Aluna pesquisadora no ramo da Hermenêutica Jurídica e Direito Constitucional.

CV:<http://lattes.cnpq.br/1110205773980020>.

2 Graduanda em Psicologia (Centro Universitário de Brasília).

3 Doutor em Direito. Filósofo. Autor do livro: Análise Crítica do conceito de Anistia na Lei 6.683/1979 e o conceito de perdão na ADPF153: Hermenêutica crítica. 1ª. Ed. Belo Horizonte: Edições Superiores, 2018. Professor Universitário. CV: <http://lattes.cnpq.br/2851178104693524>.

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SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO 2. A BASE DA CRIMINOLOGIA 3. SENSO COMUM 4. SOCIOLOGIA CRIMINAL 5. DO CRIME À CADEIA 6. PSICOLOGIA CRIMINAL 7. CONCLUSÃO 8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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1. INTRODUÇÃO

O artigo em questão dispõe ideias e fatos em relação à ciência criminal. Este visa desenvolver um conceito e explorar a aplicação da área criminológica no âmbito do Direito.

Ao longo deste escrito, nota-se como o senso comum pode influenciar nas relações interpessoais, tomando lugar da busca pela averiguação de argumentos em exposição e da comunicação com a ciência do Direito, sendo contraditória a esta que busca atentar-se ao estudo científico, investigação e análise.

O Direito e a Psicologia vêm ganhando cada vez mais pontos em comum. Deve-se levar em conta que a principal função do psicólogo nessa área é cuidar das questões relativas à saúde mental dos envolvidos em processos jurídicos, visando aspectos conscientes e inconscientes.

Na esfera da Psicologia Criminal, é imprescindível ter em mente que seu objetivo propõe investigar o comportamento de criminosos. Ao se investigar os comportamentos e desalinhos psicológicos implicados em atos delituosos, é possível que, também, seja aplicada uma pena adequada para o infrator.

Popularmente, é atribuído aos psicólogos, pela sociedade, o dever de desvendar mentiras e casos, mesmo sendo esta a função de um investigador. Assim, é cabível ao psicólogo a função de inteirar-se ao mundo psíquico do indivíduo, a fim de dispor hipóteses e contribuir para a tomada de decisões.

2. A BASE DA CRIMINOLOGIA

A Criminologia é, primordialmente, um conjunto de saberes no que diz respeito ao crime, à vítima, à criminalidade e seus efeitos, à sociedade e às maneiras de ressocialização. A palavra é derivada do latim crimino, como sendo “crime”, e do grego logos, que significa “estudo”, portanto, simplificada por “estudo do crime”.

A partir da metade do século XX, o estudo da Criminologia começou a ganhar mais atenção. Este estudo é de suma importância para o Direito Penal que busca compreender as motivações para comportamentos delitivos, a fim de buscar a prevenção para a recorrência de tais atos.

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Sendo assim, a Criminologia, mesmo como ciência autônoma, sofre grande influência de diversas outras ciências como a Medicina, a Sociologia, a Psicologia, e entre outras. Esta pode, também, ser denominada como empírica, baseando-se no princípio da experiência e observação do objeto.

Como é sabida, a função primordial do Direito é limitar a liberdade4 particular

e coletiva, consequentemente, reconhecendo comportamentos fora dos padrões como ilícitos, para, assim, impor uma penalidade equivalente, visto que se trata de um meio de coerção social.

Entretanto, por mais que as leis reúnam punições em casos de descumprimento das regulamentações, há momentos em que estas não possuem ampla eficácia ou não vêm à luz de modo que possa saciar a expectativa da população quando esperam pela clara aplicabilidade das normas impostas pela justiça.

Em entrevista ao Jornal da Manhã, o diretor do Departamento de Capturas e Delegacias Especializadas (Decade) da Polícia Civil, delegado Oswaldo Nico Gonçalves, criticou a morosidade do judiciário e pediu mais união das chamadas “forças do bem”. “A lei é muito fraca. Temos aí a Suzane (Richtofen)5 que matou a

mãe e saiu com indulto no Dia das Mães. Cerca de 80% dos bandidos que saem às ruas nessas datas saem para cometer crimes. O bandido tem medo da Polícia e não tem medo da Justiça”, declarou Nico. (Por Jovem Pan 15/05/2018 09h05)

A Criminologia aponta o crime como um problema de toda a comunidade, ou seja, é um fenômeno social e que busca mostrar-se como um obstáculo maior, carecendo de empatia da parte dos pesquisadores para se aproximarem dele a fim de compreender em suas diferentes peculiaridades.

4Para o filósofo René Descartes (1596-1650), age com mais liberdade quem melhor compreende as alternativas que precedem a escolha.

508/11/2002 – Folha de S. Paulo

Suzane Von Richthofen, 19, acusada de planejar o assassinato dos pais estudava Direito na PUC de São Paulo. Suzane, o namorado, Daniel Cravinhos de Paula e Silva, 21, e o irmão dele, Cristian, 26, foram presos sobre acusação de planejar e executar o assassinato de Manfred Von Richthofen, 49, diretor de engenharia da Dersa, e sua mulher, a psiquiatra Marísia, 50.

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O criminologista italiano Raffaele Garofalo6, importante nome da Escola

Positiva do Direito Penal, e tornou-se um dos principais representantes do Positivismo Criminológico. Garofalo defendia o ato delituoso como algo de natureza, onde o indivíduo criminoso possuía uma tendência à falência moral de caráter, que danificava os mecanismos orgânicos de repudia ao crime, e, também, pregava a aplicabilidade da pena de morte aos delinquentes sem possibilidade de recuperação.

Por muito tempo, o estudo do crime foi o principal objeto da Criminologia, entretanto, visto de uma óptica mais recente, vale a ressalva de que, por volta de 1960, o foco tem se diferenciado, passando não somente a responsabilizar-se pela análise do crime e do criminoso, mas, também, pela análise da vítima e frisando estritamente o controle social, desta forma, desconfigurando alguns dogmas da criminologia clássica.

Posto os fatos à luz, o advogado Sergio Bautzer definiu o “antes” e o “depois” dos conceitos sobre Criminologia:

I - A Criminologia clássica simplifica o crime como um embate direto entre dois opostos, o Estado de Direito e o infrator, que se enfrentam constantemente como se fosse um “duelo entre o bem e o mal”, com a vitória prevista para a força do Direito. Com base nesse modelo, a punição destinada ao infrator tende a omitir a natureza patológica sobre o verdadeiro significado problemático e repleto de conflitos. Também, é considerada nula a possibilidade de reparação do dano ou perda sofrida pela vítima. Sequer era preocupante o fato da ressocialização do infrator, tampouco se podia discutir dentro de tal modelo criminológico sobre a prevenção do delito.

II – A Criminologia moderna, de outro modo, compartilha de um amplo estudo sobre o crime, não somente definindo protagonismo ao criminoso, mas, também, à vítima e ao ambiente, acentuando suas devidas relevâncias. Busca salientar o lado humano do delito, seus efeitos, os altos gastos pessoais e sociais deste infeliz embate, trazendo à tona a imprescindível discussão político-criminal em relação aos meios de intervenção e controle social. Em tal modelo, a ressocialização do delinquente, o reparo do dano e a prevenção do crime se tornam os principais objetivos buscados.

6Raffaele Garofalo (Nápoles 1851 - 1934) foi um magistrado, jurista e criminólogo italiano, um dos mais

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3. SENSO COMUM

Segundo o Delegado Oswaldo Nico Gonçalves “O bandido tem medo da polícia e não tem medo da Justiça”. (Por Jovem Pan 15/05/2018)

É perceptível que o sistema em vigor está cada vez mais debilitado, a violência alcança índices exorbitantes que parecem até exagerados de mais para ser verdade. Segundo o El País “Não há nenhum conflito bélico declarado no Brasil, mas matam-se mais cidadãos que em muitos países em guerra. Só em 2017 foram registrados 63.880 homicídios, ou seja, 175 pessoas assassinadas por dia, a um ritmo superior de sete por hora, segundo novos dados da ONG Fórum Brasileiro de Segurança Pública.”

Visto isso, é válido acentuar que mesmo com a construção de novas penitenciárias, a superlotação continua sendo uma realidade, ao passo de que a confiança da população no sistema Judiciário se exaure no mesmo ritmo.

É fato que tal ineficiência não somente faz com que o senso comum se incline para o descontentamento com o sistema vigente, mas, também, contribui para o agravamento da criminalidade, visto que, por isso, os perpetradores deixam de se sentir intimidados.

O desconsolo das pessoas faz com que sejam, precipitadamente,

influenciadas por palavras fáceis e discursos de ódio, com intenção de ferir a ciência penal, rompendo a comunicação com a doutrina do Direito, para, talvez, provocar mudanças. Destarte, não se pode considerar totalmente desprezível o pensamento do senso comum, mas é necessário que haja uma filtração de informações que serão desenvolvidas, sendo indispensável a busca pela fonte.

“Evidencia-se a fundamentação teórica segundo a qual o pensamento do senso comum utiliza informações fragmentárias e tira conclusões gerais a partir de observações particulares”. (SANTOS, 2005)

O liame entre o crime e o trabalho midiático é propício através do agrupamento de determinadas classes criminosas de indivíduos, nascendo a possibilidade de poder classificá-los e criticá-los, quase como uma espécie de “caça

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às bruxas”, sendo inegável o papel da mídia nas relações interpessoais e na formação da opinião pública.

Sabendo disso, vale expor o graúdo perigo que acompanha o efeito que a mídia causa sobre as pessoas, sendo esta a capacidade de inverter valores. É necessário o máximo de cuidado ao transmitir uma notícia, para que a informação não se transforme em uma desinformação, criando cada vez mais desentendimentos e, também, levando aos influenciadores digitais a espalhar tal desinformação.

Bauman acredita que a questão da violência urbana não se resolve com solução policial, sendo esta apenas um meio de apresentação e honra com os compromissos da elite e com o sistema econômico vigorante, que aproveitam das populações marginalizadas para dar um salário aos vigilantes. Assim, acredita-se que desde a abolição da escravatura e até os tempos modernos, o sistema penal brasileiro está marcado por características exclusivas e discriminatórias.

Pensamento este que reflete em toda a sociedade, de certa forma, implícita ou explicitamente, iniciando-se, então, a questão do estereótipo: a generalização superficial. O dito preceito, ocorrendo de um grupo social para outro, apresenta valor negativo e até mesmo nocivo.

Outrora, há poucas décadas atrás com a extrema segregação racial, onde era inaceitável para os cidadãos brancos do sul dos Estados Unidos a ideia de terem que dividir os mesmos espaços com os negros recém-libertos, após a abolição da escravatura. Assinada a Lei dos Direitos Civis que deu fim à segregação, teve estopim quando a costureira Rosa Parks se negou a ceder seu lugar para um homem branco em um ônibus. Com os movimentos sociais liderados pelo ativista Martin Luther King Jr., a lei foi assinada pelo presidente Lyndon Johnson. (Ansa Brasil)

Os válidos exemplos servem de modelo para o pensamento exposto no escrito de Thomas Paine nomeado de “O Senso Comum e a Crise”, o autor expressa sua compreensão na seguinte frase: “... o hábito antigo de não considerar uma coisa errada empresta-lhe uma aparência superficial de estar certa, e dá origem, de início, a um descomunal grito em defesa do costume. No entanto o tumulto logo diminui de intensidade. O tempo faz mais convertidos que a razão”.

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Elcides Bezerra Cavalcante Neto, autor em Canal Ciências Criminais, declara que “... é preciso buscar o conhecimento, sair da zona de conforto que relutamos em ficar, visto que a libertação de uma mente opaca é lenta e dolorosa, diria meu saudoso professor de Filosofia. Contudo, apesar das muitas aberrações jurídicas que presenciamos no dia a dia, somos nós das gerações vindouras, que devemos estar atentos, para que as garantias fundamentais do indivíduo – estampadas na Constituição Federal, não sejam sucumbidas”.

4. SOCIOLOGIA CRIMINAL

Segundo Nestor Sampaio Penteado Filho (2014), os fins básicos da criminologia são informar a sociedade e os poderes constituídos acerca do crime, do criminoso, da vítima e dos mecanismos de controle social. E também a luta contra a criminalidade (controle e prevenção criminal). A Sociologia Criminal define crime como uma conduta transgressora ao bom andamento da sociedade.

O jurista e político espanhol Jimenéz de Asúa esclarece que, ainda que o indivíduo seja necessariamente determinado pelas condições internas ou externas a cometer delitos, a sociedade, da mesma forma, está fadada a acolher suas condições existenciais. Partir dessa premissa é possível estabelecer a analogia entre responsabilidade social e medidas de amparo social.

Em outra concepção, pode, o infrator, possuir características patológicas, tendo traços distintos no caráter que possa relacionar seu ato a esclarecimentos de desvio psicológico. Em suma, é preciso analisar caso a caso, para que não ocorram vícios de decisão, e que possa ser direcionada corretamente a sanção para cada ocorrência, buscando a correção necessária.

O Código Penal de 1890 traz em seu artigo 7º o conceito de crime como sendo qualquer ato de violação da lei penal que seja culpável, sendo o encarregado do crime quem cumpre diretamente, auxilia, fomenta outro a realizá-lo, ou até, intima alguém a cometer. Também podem ser meditados pelo ato delituoso os cúmplices que disponibilizam instruções e informações para cometê-lo, auxiliam o infrator a escapar, dão abrigo ou permitem que criminosos façam reuniões em seu domicílio.

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Cesare Lombroso marcou seu nome na história da Criminologia devido as suas teorias relacionadas ao criminoso e seu delito, contribuindo, assim, para o estudo criminológico, com suas teses sobre o “homem delinquente”, documentando que o crime era um fator biológico, já que existem características biopsicológicas comuns entre os criminosos, assim sendo, o homem é um selvagem que já nasce delinquente. (LOMBROSO, Cesare.“O Homem Delinquente”).

Segundo a teoria sobre criminalidade do advogado, professor e político Enrico Ferri, considerado o pai da sociologia criminal, a liberdade era considerada um mito que não passava de ficção. Este buscou ampliar a pesquisa feita por Lombroso, adicionando fatores antropológicos, físicos e sociais ao determinismo biológico.

Euclides da Cunha, o primeiro aplicador da Sociologia Criminal no Brasil, buscou equiparar a teoria de Lombroso em relação ao crime a uma topografia psíquica através do livro “Os Sertões” de 1902, tratando da delinquência no sertão. Cunha apontou, ainda, que fatores naturais e sociais podem causar um atraso ou interromper o desenvolvimento mental, criando a loucura e a fragilidade vinda dos agrestes.

O jurista e filósofo Clóvis Beviláqua, no ano de 1896, publicou sua primeira obra sobre criminologia, nomeada “Criminologia e Direito”, onde trata deste tema no Estado do Ceará, no que diz respeito ao tempo, à população, a distribuição geográfica dos crimes e entre outros.

Acreditava que, para o Brasil, deveriam ser criados mais tipos de códigos penais, para que, assim, pudesse atender às diversidades, principalmente as de clima e raça.

5. DO CRIME À CADEIA

Vale concluir, diante dos fatos posto no presente artigo, que o homem é dirigido ao crime por causa, também, do contexto social onde vive, e dito isso, é

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considerado um fato de responsabilidade social. Para Michel Misse, o delinquente é fruto de causas naturais, devendo ser analisado mais como um fenômeno social do que como um elemento jurídico.

Por conseguinte, o criminalista italiano Marquês de Beccaria complementa com a exposição da ideia de que a penalidade tem de se encaixar proporcionalmente ao indivíduo criminoso com base no crime por ele perpetrado, com a finalidade de prevenir possíveis reincidências à vida criminosa. Em razão disso, a sanção direcionada ao criminoso deve ter como função a ressocialização e não a simples e boçal procedibilidade da lei com a função de apenas punir.

A prisão tem como fundamento o aprendizado com base no isolamento, a fim de que o preso possa refletir sobre seu ato criminoso. Entretanto a prisão, além de um lugar de punição, também deve ser disciplinadora, expondo os detentos às técnicas de restituição moral.

Superficialmente, é possível analisar que no atual sistema carcerário brasileiro a pena possui efeito apenas de castigo ao preso, sem que o auxílio para recuperação, juntamente com a reinserção social, seja ofertado, mesmo sabendo que a solitária vontade para a autorrecuperação partindo do condenado não virá, transformando, assim, as penitenciárias em fábricas de exclusão, ao invés de fábricas de disciplina.

A BBC News Brasil publicou, em 19 de outubro de 2018, a inaudita matéria focada na crise penitenciária da Holanda. O espantou dos brasileiros deu-se pelo fato de a crise se referir ao fechamento de prisões por falta de condenados, explica Van der Spoel, diretor da prisão de segurança máxima de Norgerhaven: "Aqui na Holanda, nós olhamos para o indivíduo. Se alguém tem um problema com drogas, tratamos o vício. Se é agressivo, providenciamos gestão da raiva. Se tem dívidas, oferecemos consultoria de finanças. Tentamos remover o que realmente causou seu crime. É claro que o detento ou a detenta precisam querer mudar, mas nosso método tem sido bastante eficaz". O diretor ainda acrescenta que menos de 10% dos reincidentes voltam para a prisão, visto que, por mais que as penas recebidas tenham curta duração de, geralmente, dois anos, o sistema oferece programas personalizados para reabilitação do indivíduo.

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6. PSICOLOGIA CRIMINAL

É imprescindível falar de Psicologia Criminal sem falar de Psicologia Jurídica. Para isso, deve-se entender melhor como surgiu a Psicologia Jurídica e como, juntamente com o Direito, ela atua.

Na idade média onde a loucura era tida como uma questão privada do indivíduo, ao caracterizar alguém como louco, se este tivesse um mínimo de condição financeira boa, para ele eram ofertados tratamentos médicos. Logo no século XVII, a loucura foi marginalizada, assim, excluindo socialmente os considerados loucos. Já no século XVIII, na França, têm-se o surgimento de uma Revolução Institucional liderada por Pinel. Tal revolução teve como objetivo libertar os doentes, apartados socialmente, de suas prisões e dar assistência médica adequada.

Por conta da revolução, a doença mental passou a ganhar mais atenção por parte de psicólogos e psiquiatras, com os psicodiagnósticos que foram estendidos, incluindo aspectos psicológicos. É importante relembrar que a Luta Antimanicomial tem suas origens perpassadas pela revolução comandada por Pinel, onde os tidos como loucos eram tratados de maneira hostil e submetidos a tratamentos de choque e lobotomia, onde nas alas de manicômios havia não só os doentes mentais, mas, também, delinquentes, pessoas que haviam cometido crimes ou algum delito contra a sociedade.

Por conseguinte, a Psicologia passa a ser atuante juntamente com o Direito, com o intuito de, por meio da justiça, dar auxílio para indivíduos envolvidos em algum processo, com a finalidade de conceder assistência no âmbito da saúde mental. Portanto, ao relacionar a Psicologia ao Direito, dá-se o surgimento da Psicologia Jurídica.

A Psicologia Criminal, por sua vez, é caracterizada pela junção da Psicologia Jurídica com a Criminologia. A Criminologia surge como forma de contribuição ao estudo da mente criminosa, tendo em vista que o Direito se preocupa com o homem em sociedade, e como este vai se portar mediante as leis estabelecidas e a

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imposição de normas e regras anteriormente, também, estabelecidas, visando o bem estar social.

Teve surgimento em 1875 na busca das questões que interligam o comportamento criminoso (Bertoldi, Giese, Freire & Santos). Para Nestor Sampaio Penteado Filho (2010) a criminologia traz para sua área de pesquisa o estudo do crime associado à personalidade do infrator com o próprio ato criminoso.

A ciência da Criminologia surge por uma necessidade de compreensão social e como fazer uma justiça mais humana. Assim, não é possível julgar alguém apenas pelo delito em si, mas é necessário compreender o que guiou o indivíduo a cometer o crime (Bertoldi, Giese, Freire & Santos). Para Skinner (1945) o homem é o reflexo de seu meio. Com isso, fatores socioeconômicos, descriminação, entre outros, influenciam diretamente nas ações do homem.

A Psicologia tem seu estudo focado na pessoa em si, sua subjetividade, como o indivíduo se organiza socialmente e como se comporta em relação ao outro. Com isso, cabe compreender como a Psicologia, em alguma de suas vertentes, percebe a formação da personalidade.

A personalidade, para o Behaviorismo Radical de Skinner (1945), é influenciada pelas contingências, sendo atuada sobre ela reforços e punições, assim modelando o comportamento do indivíduo e, consequentemente, intervindos na formação do caráter do mesmo. Para a Psicanálise de Freud, a personalidade estaria relacionada ao “eu”, quando o indivíduo no início da vida é tido como objeto de desejo, no caso, para os pais, e ao perceber que não consegue mais satisfazer o desejo deles, procura, por meio de identificações, imitar traços ou comportamentos de pessoas por ele admiradas, assim, a formação da personalidade poderia estar relacionada com essas identificações feitas por ele durante sua vida.

Portanto, a personalidade perigosa é aquela que possui inclinação para execução de algum tipo de delito, tendo (o indivíduo) pouca noção do seu comportamento e como ele infringe normas sociais. “A análise do perfil de personalidade estabelece como estereótipos dos assassinos em série, em sua maioria, homens jovens de cor branca que atacam preferencialmente mulheres e cujo primeiro crime se deu antes dos 30 anos.” (Bertoldi, Giese, Freire & Santos)

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Pode-se concluir, então, que para a Psicologia Criminal o julgamento do indivíduo tem que levar em consideração os fatores que influenciam a personalidade, fatores sociais, as circunstâncias e a maneira em que o indivíduo foi criado, bem como as questões biológicas, pois distúrbios e transtornos mentais tidos como violento, por muitas vezes, também são questões biológicas.

7. CONCLUSÃO

Para concluir o artigo supracitado, ressalta-se que este teve por escorpo pôr à luz o notável efeito que os conceitos relacionados ao crime, criminoso, vítima e sociedade gerou para o desenvolvimento e estudo do que se conhece hoje a respeito da Criminologia, e como os Códigos Penais no Brasil puderam criar entidades e soluções que, fazendo parte das propostas de Ferri e dos demais positivistas, deixam vestígios essenciais para o século XXI.

Com este, busca-se desmistificar e romper com conhecimentos populistas, para que os leitores entendam a importância da pesquisa e façam análise acerca da validade de seus ideais, e, além disso, aproximar as pessoas para debaterem, escutarem e que saiam das “bolhas” impostas pela falta de tolerância com o próximo.

A fim de ter uma melhor compreensão de origens, foram ofertados temas referentes à origem tanto da ciência criminal como da ciência que melhor se aprofunda no mundo psíquico dos infratores da lei, a Psicologia, que de início, busca humanizar as relações entre indivíduo e sociedade.

É apresentado, também, modelos de regras e tratamentos a serem seguidos, propostos por filósofos e pesquisadores da área, visto que muitas das medidas punitivas adotadas pelo sistema vigente, frisando o suposto controle da criminalidade, podem ser consideradas arcaicas e até supérfluas, que por este modo, o país continua aumentando a dose de soluções ineficazes.

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8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

LAVOR. I. L. “A importância do estudo da Criminologia”. 20 de outubro de 2016. MAMEDE, S. “Do crime ao riso: uma análise do senso comum sobre a criminalidade.” 18 de abril de 2011.

AQUINO, M. P. M. T. “O pensamento de Enrico Ferri e sua herança na aplicação do Direito Penal no Brasil contemporâneo”.

ASSIS, R. D. e OLIVA, M. Z. “Objetivo das prisões, ressocialização ou punição?”.

BAUTZER, S. “Noções de Criminologia”. Janeiro de 2018

NETO, E. B. C. “Direito Penal e o senso comum”. 25 de julho de 2016

LOMBROSO, Cesare. “O Homem Delinquente”. Tradução: Sebastian José Roque. 1. Reimpressão. São Paulo: Ícone, 2010.

MARTINEZ. Vinício. “Sociologia criminal: o Estado penal e o direito a ter direitos na era da horizontalidade democrática”. Setembro de 2013.

FERNANDES. Cláudio. “História das Américas”.

MACEDO. F. J. “O noticiário, o senso comum e a incitação à violência”. 30 de junho de 2015

SALGADO. Daniel. “Atlas da violência 2018: Brasil tem taxa de homicídio 30 vezes maior do que Europa”. 5 de junho de 2018.

Bertoldi, M.E., Giese, F., Freire, A., &amp; Santos., “Psicologia jurídica aplicada à criminologia e sua relação com o direito”.

Lago, V., M., Amato, P., Teixeira, P.,A., Rovinski, S.,L.,R., &amp; Bandeira,

D.,R. (2009). “Um breve histórico da psicologia jurídica no Brasil e seus campos de atuação”. Campinas.

Disponível em:

<https://jus.com.br/artigos/51003/crime-e-pobreza-as-causas-da-criminalidade-no-brasil-e-sua-associacao-com-a-pobreza >

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<http://ansabrasil.com.br/brasil/noticias/mundo/noticias/2014/07/02/Lei-deu-fim-segregacao-racial-nos-EUA-completa-50-anos_7898046.html> Disponível em: <https://jovempan.uol.com.br/programas/jornal-da-manha/delegado-nico-o-bandido-tem-medo-da-policia-e-nao-tem-medo-da-justica.html> Disponível em: <https://pt.wikipedia.org/wiki/Criminologia > Disponível em: <https://www.bbc.com/portuguese/internacional-37966875>

Referências

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