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UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS CURSO DE TURISMO NANDRA RAFÍSIA AROUCHE FONTOURA

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CURSO DE TURISMO

NANDRA RAFÍSIA AROUCHE FONTOURA

A INFLUÊNCIA IDIOMÁTICA DO INGLÊS NA ATIVIDADE TURÍSTICA:

a relevância da popularização da terminologia técnica do turismo

São Luís 2006

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NANDRA RAFÍSIA AROUCHE FONTOURA

A INFLUÊNCIA IDIOMÁTICA DO INGLÊS NA ATIVIDADE TURÍSTICA:

a relevância da popularização da terminologia técnica do turismo

Monografia apresentada ao Curso de Turismo da Universidade Federal do Maranhão, para obtenção do título de Bacharel em Turismo. Orientadora: Prof.ª MsC. Kláutenys Dellene Guedes

São Luís 2006

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NANDRA RAFÍSIA AROUCHE FONTOURA

A INFLUÊNCIA IDIOMÁTICA DO INGLÊS NA ATIVIDADE TURÍSTICA:

a relevância da popularização da terminologia técnica do turismo

Monografia apresentada ao Curso de Turismo da Universidade Federal do Maranhão, para obtenção do título de Bacharel em Turismo.

Aprovada em: / /

BANCA EXAMINADORA

____________________________________________________ Profª Ms. Kláutenys Dellene Guedes (Orientadora)

Mestre em História

Universidade Federal do Maranhão

____________________________________________________

1º Examinador

Universidade Federal do Maranhão

____________________________________________________

2º Examinador

(4)

A toda minha família,

A minha mãe pela especial dedicação e lições de perseverança, ao meu pai pelas noções de disciplina e sabedoria que sempre me inspiraram, a minha avó Clara pelas orações e carinho e aos meus irmãos, André e Diego, fontes de amor imensurável na minha vida.

(5)

AGRADECIMENTOS

A Deus, por me permitir mais esta conquista.

Aos meus familiares, em especial meus pais: Maria da Conceição e Antônio José, pela dedicação incondicional e motivação para transpor todas as barreiras.

A professora Kláutenys Guedes, orientadora deste trabalho, pelo apoio, estímulo e confiança.

Ao corpo docente do curso de turismo da Universidade Federal do Maranhão, pelos momentos de conhecimento e contribuições teórico-práticas para a minha formação profissional.

A todos os colaboradores e demais pessoas que facilitaram a conclusão deste trabalho, fornecendo dados que enriqueceram a pesquisa.

Aos amigos e colegas de curso, pelo convívio e amizade que tornaram a minha vida acadêmica mais divertida e humana. Em especial a Adma, Lívia Raquel e Roberto pela atenção e incentivo na construção deste trabalho.

Enfim, a todos aqueles que, direta ou indiretamente, contribuíram para a elaboração e conclusão desta monografia.

(6)

“O ignorante afirma, o sábio duvida, o sensato reflete”.

(7)

RESUMO

Uma análise sobre a influência da língua inglesa no turismo, tendo como objeto de estudo os termos técnicos aplicados ao setor. Com base em dados coletados, comenta-se a relevância da popularização da linguagem técnica utilizada na atividade turística a fim de se facilitar transações comerciais, troca de informações, a comunicação, de modo geral, entre as partes contratante e contratada.

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ABSTRACT

An analysis about the influence of the english language in the tourism, focusing as its object the applied technical terms to the section. Based on collected informations, the relevance of the propagation of the technical language used in the touristc activity is commented in order to facilitate commercial transactions, change of information, the communication, in general, between the contracting and the contracted parts.

Keywords: Tourism. English language. Technical terms. Propagation.

(9)

Gráfico 1 - Formação escolar dos profissionais pesquisados ...44

Gráfico 2 - Grau de comunicação dos profissionais num segundo idioma ...45

Gráfico 3 - Idioma falado pelos profissionais entrevistados...45

Gráfico 4 - Profissionais que afirmam conhecer os termos técnicos do turismo ... 46

Gráfico 5 - Tempo em que os profissionais declaram trabalhar na área ... 47

Gráfico 6 - Freqüência com que os profissionais relatam utilizar a terminologia técnica ... 48

Gráfico 7 - Existência de dificuldade em lidar com a terminologia técnica no início da carreira dos profissionais ... 48

Gráfico 8 - Grau de dificuldade apresentado em lidar com os termos técnicos no início do exercício da função dos profissionais ... 49

Gráfico 9 - Profissionais que receberam treinamento específico sobre a terminologia técnica do turismo ... 50

Gráfico 10- Profissionais que afirmam ter recebido outros treinamentos ... 50

Gráfico 11- Periodicidade das reciclagens recebidas pelos profissionais ... 51

Gráfico 12- Função desempenhada pelos entrevistados ... 51

Gráfico 13- Profissionais que trabalham diretamente com o público ...52

Gráfico 14- Profissionais que declaram já ter presenciado uma situação de constrangimento do cliente ... 53

Gráfico 15- Termos técnicos mais utilizados no cotidiano dos profissionais . 53 Gráfico 16- Sexo da clientela entrevistada ... 55

Gráfico 17- Local de origem da clientela entrevistada ... 55

Gráfico 18- Faixa etária da clientela pesquisada ... 56

Gráfico 19- Formação escolar da clientela pesquisada ... 56

Gráfico 20- Habilidade da clientela com idioma estrangeiro ...57

Gráfico 21- Idioma falado pela clientela entrevistada ... 58

Gráfico 22- Freqüência dos entrevistados na utilização de serviços turísticos ... 58

Gráfico 23- Clientela que afirma conhecer os termos técnicos utilizados na prestação de serviços turísticos ... 59

Gráfico 24- Clientela que já sofreu transtornos/constrangimentos por desconhecer a terminologia técnica empregada na prestação de serviços turísticos ... 60

(10)

Gráfico 25- Grau de importância atribuído pelos entrevistados a uma suposta popularização dos termos técnicos do turismo ... 61

(11)

1 ... INTRODUÇÃO

11

2 O PROCESSO EVOLUTIVO DA LÍNGUA INGLESA ... 14

2.1 Old english ... 17

2.2 Middle english ... 17

2.3 Modern english ... 18

3 A EXPANSÃO E CONSOLIDAÇÃO DA LÍNGUA INGLESA ...19

3.1 O processo de colonização inglesa na América do Norte ... 19

3.2 A Revolução Industrial e a difusão da língua inglesa ... 21

3.3 Globalização: fator determinante para a disseminação e hegemonia da cultura americana no século XX ... 24

4 A EPIDEMIA DOS ANGLICISMOS NA LÍNGUA PORTUGUESA DO BRASIL E A TERMINOLOGIA TÉCNICA USADA NO TURISMO ... 27

4.1 A inserção de vocábulos ingleses em nosso idioma ... 27

4.2 Apresentação dos termos técnicos do turismo ... 32

5 QUALIFICAÇÃO: necessidade contemporânea do bom profissional ... 34

5.1 Evolução do processo de qualidade ... 34

5.2 Qualidade na prestação de serviços turísticos ... 39

6 A RELEVÂNCIA DA POPULARIZAÇÃO DOS TERMOS TÉCNICOS DO TURISMO: análise e discussão de dados ... 43

7 CONCLUSÃO ... 62

REFERÊNCIAS ... 65

APÊNDICES ... 68

ANEXOS ... 74

(12)

Sabe-se que o idioma inglês é difundido mundialmente e utilizado massivamente em diversos setores da economia. A atividade turística não fugirá à tendência de associar termos ingleses ao seu repertório. A inserção de vocábulos e/ou expressões de origem inglesa é tão significativa que propiciou a criação de uma terminologia técnica específica no turismo.

A evolução do processo de globalização permitiu gradativamente o contato de diversas culturas resultando inevitavelmente na “importação” e “exportação” de produtos culturais entre os países inseridos nesse contexto.

Partindo desse princípio, pode-se afirmar que essa troca cultural possibilitou a aquisição ou “empréstimo” de termos estrangeiros, sobretudo ingleses, em nosso vocabulário, principalmente no mundo do business.

Desse modo, a língua inglesa molda-se como instrumento de destaque nesse cenário uma vez que influencia e congrega um vasto território intercambial por razões políticas e econômicas que serão discutidas no decorrer do trabalho.

Sendo assim, a atividade turística confirma participação desse processo de permuta cultural denominado globalização, dentre outros fatores por apresentar uma linguagem técnica e universal padronizada no idioma inglês.

A afinidade com o assunto e a percepção do fato da língua inglesa despontar no mercado como veículo de comunicação predominante e configurar o idioma que movimenta transações comerciais de todas as espécies a nível global, inclusive de forma significativa na atividade turística como já fora mencionado, motivaram e contribuíram para sistematizar a realização desta pesquisa monográfica.

A presente pesquisa tem como temática principal a abordagem da influência da língua inglesa na atividade turística, tendo como objeto de estudo a terminologia técnica empregada no setor turístico, pretendendo sugerir a difusão dessa linguagem específica objetivando, conseqüentemente, a popularização da mesma pelos usuários dos serviços turísticos.

Percebendo através do testemunho de algumas situações, principalmente no setor de companhias aéreas e agências de viagem, o constrangimento, o embaraço e eventuais transtornos de alguns clientes ao lidar com a terminologia técnica do turismo no contrato e usufruto de alguns serviços turísticos ou mesmo ao solicitar informações adicionais, surgiu o interesse por parte da autora na elaboração desse estudo.

(13)

A concretização desse trabalho monográfico requereu a execução de medidas metodológicas que facilitaram o ordenamento e a sistematização de idéias e a compreensão do tema a ser abordado. Para tanto, fez-se necessário a consulta de pesquisas bibliográficas contextualizadas em livros, artigos (revistas e jornais) e rede mundial de computadores (internet), além da realização de pesquisa de campo, por intermédio de aplicação de questionários (APÊNDICES A e B) em localidades estratégicas.

Para averiguar o perfil de profissionais e usuários do setor turístico, bem como analisar o grau de importância, utilização e compreensão dos termos técnicos específicos em questão visando propor a difusão dos mesmos face a comprovação da necessidade, aplicou-se questionários nas localidades onde acredita-se que linguagem técnica é mais explorada (companhias aéreas, agências de viagens e redes hoteleiras) com o universo de 50 pessoas, sendo 25 entrevistados prestadores de serviços turísticos e 25 entrevistados que utilizam tais serviços.

A pesquisa em questão constitui-se em um estudo crítico, construtivo, subjetivo e interdisciplinar, visto que na avaliação do material coletado nota-se a regência de visões de várias áreas do conhecimento como a história, a estatística e o turismo.

O referencial teórico desta reflexão parte do geral para atingir o específico. Portanto, a análise inicia na compreensão do processo de formação da língua inglesa, fazendo-se um resgate histórico que possibilite o entendimento das razões que proporcionaram a internacionalização do idioma, ficando explícitos também os motivos que levaram o idioma a alcançar a atual abrangência mundial.

Em seguida, será contemplada a questão da inserção dos termos ingleses em nosso vocabulário (os chamados anglicismos), explanando que a língua inglesa “invadiu” os mais variados setores, inclusive o turismo. Dessa forma, apresenta-se a terminologia técnica do turismo, já que ela é parte integrante do referido processo, descrevendo de maneira objetiva a conceituação e a funcionalidade dessa linguagem específica.

Aborda-se posteriormente a qualidade enquanto uma das variáveis imprescindíveis entre a relação de comunicação entre o trade e o cliente, salientando que o turismo constitui um sistema e que depende de partes interdependentes, dentre elas a gestão da qualidade, para a obtenção da satisfação na prestação de seus serviços.

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Finalmente, exibe-se a pesquisa de campo onde será justificada a tese da teoria aqui exposta e constatada a pertinência de se propagar os termos técnicos do turismo mediante a síntese e análise dos resultados obtidos. A última etapa da conclusão deste trabalho refere-se às subseqüentes considerações finais acerca de tudo que fora abordado.

(15)

Compreender a formação da língua inglesa, sob uma perspectiva história, é abordar cada um dos períodos de desenvolvimento pelos quais a língua passou, focalizando principalmente os povos invasores e a influência da linguagem deles sobre o vernáculo inglês. A partir dessa observação, que inclui desde a análise de fatos cronológicos que documentam a sua evolução até as razões que propiciaram à internacionalização da língua, pode-se explicitar a atual abrangência mundial do idioma inglês, bem como denotar-se as características e particularidades contemporâneas do mesmo.

A língua inglesa é fruto de uma longa e complexa história que teve início com os celtas por volta de 100 a.C. O território inglês era dominado pelos celtas, que por sua vez, praticavam diversos dialetos. Com o passar do tempo, o celta ganhou espaço, tendo difundido-se e propagado-se graças a várias invasões e vastas dominações territoriais no continente europeu. O celta chegou a ser o principal grupo de línguas na Europa, antes de seu povo ser totalmente aniquilado pelo Império Romano (CRYSTAL, 1999).

Ainda baseado em Crystral (1999), em 44 d.C., o Imperador Claudius liderou a terceira invasão de reconhecimento do território inglês e a principal ilha britânica foi anexada ao Império Romano, até os limites com a Caledônia, atualmente conhecida como Escócia. Concretizava-se assim, a extinção do domínio celta e efetuava-se o auge do “reinado” romano.

Com a absorção do território inglês pelos romanos, o latim pôde facilmente penetrar na região, uma vez que era o idioma falado pelo povo em questão. Roma estava em seu apogeu e exercia sua hegemonia por toda a região. A expansão romana, segundo Alves (1988, p. 111-112), foi de grande porte e aconteceu sob todos os aspectos:

No período, o crescimento do poderio romano foi tamanho que não só na questão econômica e militar, mas também culturalmente a grandeza do império romano ficou em destaque, o que inclui o latim, idioma praticado pelos romanos.

Outro elemento que deve ser levado em consideração por que também contribuiu para fortificação do latim como língua oficial da Europa no contexto citado, é a presença de cristianismo, que no século III, tornou-se a religião praticada pela maioria da população, o que culminou por solidificar e instaurar de forma maciça o latim naquele continente. Através de escritos, como obras bíblicas e vários documentos cristãos publicados, os habitantes da região passaram a ter um contato maior com o latim.

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Resumidamente falando, as áreas de aquisições romanas gradualmente representavam a consolidação do latim em tais locais, visto que o dominante sempre impõe sua cultura, hábitos e costumes ao povo dominado, cabendo a este adaptar-se e habituar-se ou não às práticas impostas.

Desse modo, o latim exercia uma grande influência na cultura celta-bretã. Durante três séculos e meio as tribos celtas que habitaram a Grã-Bretanha foram naturalmente adquirindo um novo vocabulário, formado por palavras latinas.

No entanto, em 410 d.C., as legiões romanas se retiraram da Grã-Bretanha devido às dificuldades enfrentadas pelo Império, deixando os celtas à mercê de inimigos. Roma já não dispunha de forças militares pra defender pos celtas que, em 449 d.C. recorreram às tribos germânicas para conseguir ajuda. Os Jutes, Angles, Saxons e Frisians que compunham e formavam as tribos acabaram tornando-se invasores e estabeleceram-se nas áreas mais férteis do sudeste da Grã-Bretanha, destruindo vilas e massacrando a população local. Os sobreviventes celtas refugiaram-se no oeste (CRYSTAL, 1999).

A invasão Anglo-Saxã é um fator que merece destaque nesse cenário. Com a invasão e disseminação desses povos (também conhecidos como bárbaros – povos germânicos que habitavam a saxônia, região correspondente a atual Alemanha, entre o rio Reno e a Mar Báltico), em meados do século IX, mais um idioma se mesclava ao inglês. O produto dessa mistura é perceptível no inglês atual, pois é possível encontrar semelhanças gráficas entre algumas línguas originalmente saxãs, como é o caso do alemão, com a língua inglesa. Tais invasões bárbaras também anunciavam o declínio do império romano e a subseqüente adoção do sistema feudal. Ressalte-se aqui, que tal sistema baseava-se em propriedades fechadas, os feudos, para a proteção contra as invasões.

É notório que esse período de invasões e conquistas responde, majoritariamente, por influências idiomáticas pelas quais passou a língua inglesa, garantindo a mesma dez séculos de evolução e um rico vocabulário no idioma.

Ainda sob o cenário de ocupação de territórios alheios, registra-se a Batalha de Hastings, em 1066. Trata-se de uma disputa que a Inglaterra travou em defesa do seu território contra os franceses da região do norte da França denominada Normandia. Há de se mencionar aqui que o idioma adotado pela Normandia era o francês. A vitória sob a Inglaterra possibilitou à Normandia sobressair-se em palco europeu, uma vez que a Inglaterra despontava como potência econômica do continente em questão. (JOHNSON, 1999).

(17)

A expansão da língua francesa concretizou-se gradualmente após esse acontecido. Membros da própria aristocracia francesa faziam questão de se comunicar em francês dentro do país conquistado.

Nos anos seguintes a língua francesa ganha maior amplitude, não só na Inglaterra, mas por toda a Europa falar francês torna-se uma espécie de requisito para aqueles que desejavam ascensão social, a língua virou símbolo de status e na Inglaterra documentos oficiais passaram a ser emitidos em francês, além de latim que também ainda era utilizado (LOPES, 2005, p. 17).

A consolidação da língua inglesa dentro da Inglaterra só ocorreu de fato, no fim do século XV, quando os ingleses foram acometidos pelo sentimento de patriotismo, menosprezando dialetos e idiomas estrangeiros falados no país, sobretudo o francês, dando margem e respaldo ao crescimento do inglês na própria nação.

A entrada da Inglaterra no processo de colonização é outro fenômeno que merece atenção quando se analisa a história e a evolução da língua inglesa. Tal evento se realiza no século XVII e se materializa de forma tardia naquele país, devido à situação problemática que o mesmo vivenciava internamente, como especifica Carvern (1991, p. 89):

Com base em documentações gráficas, pode-se averiguar que desde o período clássico a Inglaterra foi alvo de constantes ataques e invasões estrangeiras (celtas, romanos, bárbaros, normandos). Alia-se a esse quadro, os vários choques agrários que insistiam em perpetuar no interior do país, as revoluções Gloriosa e Puritana e a Guerra dos 100 anos.

A constante sucessão de conflitos e invasões contribuiu para fortificar uma onda de nacionalismo no país. Com isso, tem-se o surgimento de uma nova ideologia dentro do território inglês.

Dessa maneira, os dialetos germânicos falados por anglos e pelos saxões deram origem ao inglês. A partir desse momento, a história da língua inglesa foi dividida em três períodos: Old English (Período Arcaico ou Anglo-Saxão), Middle English (Período Médio) e o Modern English (Período Moderno).

2.1 Old english

Se compararmos com o inglês moderno, o Old English seria uma língua quase irreconhecível, tanto na pronúncia quanto no vocabulário e na gramática. Este

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período do inglês antigo durou de 500 a 1100 d.C. e sofreu influência das missões cristãs irlandesas, além de 200 anos de presença de vikings dinamarqueses na Inglaterra. Na realidade, o Old English era uma variedade de diversos dialetos diferentes. Com a introdução de vocábulos greco-latinos pelo cristianismo, muitas palavras foram guiadas a um conceito abstrato, já que antes os dialetos eram apenas línguas funcionais para estabelecer e atender às necessidades de comunicação diária. No Old English, os substantivos declinam e tem gênero e os verbos são conjugados (CRYSTAL, 1999).

2.2 Middle english

Crystal (1999) configura que a maior influência do Middle English foi, sem dúvida, a forte presença da língua francesa após a conquista da Inglaterra pelos normandos e a Batalha de Hastings, em 1066. Durante os 300 anos que a Inglaterra foi dominada pela aristocracia francesa, falar francês como já fora mencionado, tornou-se condição essencial para conseguir elevação social através da simpatia e dos favores da classe dominante. Esta forte influência de três séculos resultou, principalmente, num crescimento considerável de vocabulário. No final do século XV, um sentimento nacionalista fez com que o inglês prevalecesse e substituísse o francês e o latim até mesmo na escrita, já que era utilizado também na escrita de documentos, conforme fora explanado anteriormente. Registra-se ainda nesse período, o nascimento de uma literatura nacional.

O vocabulário incorporado no Middle English ganhou novos conceitos administrativos, políticos e sociais, para os quais não havia equivalente em inglês. As palavras que já existiam no inglês anglo-saxão, de origem germânica, desapareceram ou passaram a coexistir com os equivalentes de origem francesa, que funcionavam como sinônimos no princípio, mas acabaram adquirindo conotações diferentes com o passar dos tempos. Além da influência francesa no vocabulário, o Middle English também perdeu declinações, neutralizou e perdeu vogais atônicas em finais de palavras e deu início ao Great Vowel Shift, uma acentuada mudança na pronúncia das vogais.

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O período Moderno tem início no século XVI. O advento da imprensa em 1475 e a criação de um sistema postal em 1516 possibilitaram a padronização e a unificação da língua inglesa. Nesse período, são impressos em inglês algumas obras literárias e o Novo Testamento, traduzido do latim em 1525. Os materiais impressos deram impulso à educação e “forçaram” a disseminação de uma ortografia uniformizada. Porém, nesse mesmo período, o Great Vowel Shift, ainda ocorria e as mudanças na pronúncia não acompanharam as reformas ortográficas. Os primeiros dicionários, publicados por Thomas Sheridan em 1780 e John Walker em 1791 também colaboraram para a fixação do idioma. Da mesma forma que os dicionários fixaram vocabulários, os primeiros trabalhos de estrutura gramatical trouxeram padronização à língua. Durante os séculos XVI e XVII, incorporou-se definitivamente o verbo auxiliar “do” para as frases interrogativas e negativas. Uma outra influência no Modern English foi o escritor William Shaskespeare, que além de usar criativamente o vocabulário já existente, inovou, criando várias novas palavras (CRYSTAL, 1999).

3 A EXPANSÃO E CONSOLIDAÇÃO DA LÍNGUA INGLESA 3.1 O processo de colonização inglesa na América do Norte

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O início da colonização inglesa na América do Norte ocorre no princípio do século XVII, com a fundação da colônia da Virgínia. De modo contrário ao que aconteceu na América espanhola e portuguesa, não foi a coroa a articuladora da colonização, uma vez que este trabalho ficou mais a cargo de particulares e de companhias de comércio (FARIA; MARQUES; BERUTTI, 1998).

O grande motivo que atraiu as atenções dos ingleses que se dispuseram a vir para o continente americano, foi na realidade, um problema interno da Inglaterra: perseguições religiosas e políticas, além dos efeitos da expropriação dos camponeses (cercamentos).

Faria, Marques e Berutti (1998) consideram ainda que as perseguições religiosas do século XVI e as perseguições políticas do século XVII (quando a Inglaterra foi abalada pelos conflitos entre o parlamento e os reis Stuarts) produziram uma grande emigração em direção ao continente americano, reforçada pela situação de miséria que se seguiu à política dos cercamentos dos campos ingleses. Os camponeses, expropriados e expulsos das terras, encontraram na emigração uma alternativa à miséria em que passaram a viver em solo inglês.

Aventureiros, descontentes, devedores, investidores, dentre outros, todos se lançaram para povoar a América do Norte em busca de uma terra que lhes rendesse riquezas e resolvesse seus problemas.

No litoral atlântico da América do Norte foram fundadas treze colônias, que apresentavam a princípio caráter de ocupação e que tinham uma enorme diversidade entre si, mas que poderiam ser agrupadas em três conjuntos, conforme as condições econômicas e de povoamento.

Desse modo, a língua inglesa lançava-se em continente americano, após ter obtido a sua consolidação dentro do próprio país, não tendo porém, uma grande e expansiva notoriedade se comparada à língua falada pelos influentes colonizadores da época, que eram Portugal e Espanha ou até mesmo a França. Observa-se aqui, que o latim ainda era também um idioma extremamente importante nas relações internacionais devido à força da Igreja Católica que por volta do século XVII, além do poder religioso também exercia influência política significativa.

O século XVII ainda reservava um período de revoluções internas na Inglaterra e de acontecimentos mundiais significativos, como a Revolução Francesa, que vão criar pré-condições e contribuirão para o surgimento de uma Revolução

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Industrial, onde a Inglaterra pode ver o seu idioma alcançar abrangência mundial graças ao seu pioneirismo no movimento citado.

As Revoluções Burguesas são um momento ímpar na história do capitalismo, na medida em que serão elas que propiciarão a abertura de caminhos para a superação dos resquícios feudais e, portanto, para possibilitar a consolidação do modo de produção capitalista.

Assim ocorrera, no século XVII, a Revolução Inglesa. Nesse período, a Inglaterra presenciava uma crise no continente europeu; aliado a este fato, o país deparava-se com uma sociedade onde as forças capitalistas avançavam com rapidez, mas esbarravam numa estrutura ainda eminentemente feudal. As transformações ocorridas na estrutura social, derivadas das transformações econômicas geradas em função do avanço das forças capitalistas motivaram a eclosão do movimento revolucionário e incitaram a rebeldia da população inglesa (FARIA; MARQUES; BERUTTI, 1998).

Faria, Marques e Berutti (1998) afirmam que soma-se a esse quadro, em fins do século XVII, o início de um movimento intelectual na Inglaterra que ficou conhecido como Iluminismo. Este movimento alcançou sua maior expressão na França, durante o século XVIII. A transição do século XVII para o século XVIII vai dar espaço para um novo modo de pensamento. O Iluminismo caracterizou-se por desviar as atenções de questões religiosas em evidência na época para as leis naturais e científicas. Essa nova visão de mundo terá influência decisiva à nova ordem econômica que estava prestes a ser instaurada.

Esse rico arsenal de rebeliões e revoluções por qual passava a Europa, juntamente a um intenso fervilhar de idéias difundidas pelos filósofos iluministas que iam de encontro às aspirações da burguesia em ascensão, prepararam gradualmente a construção para o caminho que levava ao desabrochar de um movimento revolucionário industrial.

3.2 A Revolução Industrial e a difusão da língua inglesa

A Revolução Industrial foi um processo de desenvolvimento industrial que teve início na Inglaterra na segunda metade do século XVIII. Tal processo tem sido

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descrito meramente como uma revolução técnica, mas, na realidade, convém esclarecer que a mudança revolucionária, é, de fato, a instalação de forma definitiva do modo de produção capitalista.

O fenômeno da Revolução Industrial, durante um bom tempo, ficou restrito à Inglaterra, mas já no século XIX, expandia-se de forma moderada, por outros países europeus como a Bélgica, França e Alemanha (FARIA; MARQUES; BERUTTI, 1998).

O caráter de pioneirismo da Inglaterra em relação à eclosão da Revolução Industrial deve-se ao fato deste país reunir, um melhor grau, condições como: acumulação primitiva de capital, graças à exploração do mundo colonial; mão-de-obra disponível, fator possível devido ao processo de cercamento de campos, que possibilitaram a exploração de camponeses ociosos nas fábricas inglesas; o aumento populacional ocorrido na época, que gerou um crescimento do mercado interno; a perda de algumas colônias por Portugal e Espanha, dentre outros aspectos.

Acrescente-se que a Revolução Inglesa, do século XVII, ao propiciar à burguesia a chegada ao poder político, permitiu a ela romper os entraves feudais ainda existentes. Os cercamentos se intensificaram, garantindo a plena propriedade capitalista no campo e expulsando enormes massas em direção às cidades, onde os aguardava uma legislação férrea e disciplinadora. Adicione a todos esses fatores mencionados, que os Atos de Navegação permitiram aos ingleses o domínio dos mercados mundiais (LOPES, 2005).

Dessa forma, pode-se afirmar que a Inglaterra obteve todos os elementos necessários para sediar uma transformação no modo de produzir e, conseqüentemente, ajudar a transposição do feudalismo e a introdução de um novo sistema que passaria a reger a economia mundial da época; tratava-se do capitalismo, como já fora evidenciado.

Observa-se que a Revolução Industrial proporcionou à Inglaterra uma expansão mercadológica jamais vista. Essa primazia permitiu um avanço do sistema colonial inglês, tornando possível a disseminação do idioma inglês para além das fronteiras da América do Norte.

Torna-se relevante mencionar, de acordo com Lopes (2005, p. 20) que [...] já no início do século XVII os ingleses iniciaram de forma consistente o processo de colonização no Canadá. Em meados do mesmo século, 1642, a Inglaterra estabelece sua colonização na Austrália, a então Tasmânia. Diversos prisioneiros e outras espécies de cidadãos marginalizados foram

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enviados para a Austrália. Outra região conquistada pela Inglaterra, ali perto, foi a Nova Zelândia que, bem mais tarde que a Austrália, em 1769, foi colonizada pelos britânicos.

A supremacia do colonialismo inglês se consumava no século XIX, desbancando e superando grandes potências colonizadoras como Portugal e Espanha. Paralelamente a este fato, verificava-se um ritmo altamente acelerado de produção do sistema capitalista, originando a necessidade de conquista de novas fontes fornecedoras de matérias-primas, surgindo então, a incorporação de áreas periféricas para a sustentação da produção industrial inglesa.

E. J. Hobsbawn (1996, p. 125) esclarece a situação supracitada afirmando que

[...] a primitiva economia industrial britânica dependia, para sua expansão, principalmente do comércio internacional. Era forçoso que isso ocorresse, pois, com exceção do carvão, seus suprimentos internos de matérias-primas não eram muito grandes, e algumas indústrias de importância crucial dependiam inteiramente de importações. Além disso, a partir de meados do século XIX o país não pôde mais alimentar-se com sua própria produção agrícola. Ademais, ainda que a população britânica crescesse depressa, era de início demasiado pequena para manter uma máquina industrial e comercial do tamanho do que veio a existir, tanto mais porque a maior parte dessa população – as classes trabalhadoras – era excessivamente pobre para prover um mercado intensivo para quaisquer produtos que não fossem de primeira necessidade: alimentos, habitação e algumas peças básicas de vestuário e artigos domésticos. Por pobre que fosse, o mercado interno poderia ter-se desenvolvido de maneira mais eficiente, mas – em grande parte devido ao fato de o país estar voltado para o comércio exterior – isto não aconteceu. Ou seja, intensificou-se ainda mais a dependência do mercado internacional.

Desse modo, a Inglaterra lançava-se no mundo em busca de novas fontes fornecedoras de matérias-primas objetivando a exploração de forma intensa, de recursos naturais do país ou região que possuísse tais atributos, a fim de abastecer o mercado industrial interno, como explicita o fragmento a seguir:

Os europeus, sobretudo os ingleses, vão buscar na Índia, e também na Indonésia, na China e no Japão, produtos de luxo: especiarias (pimenta, canela, noz-moscada etc.). e os produtos do artesanato oriental (têxteis de luxo: musselinas, caxemiras, indianas –tecidos de algodão pintados -, sedas lacas e porcelanas da China) (PERRAULT, 1999, p. 38).

Assim ocorrera em 1756, quando os ingleses dominaram a Índia, país que mantinha uma economia relativamente estável, e que por intermédio da Companhia das Índias Orientais, aproveitaram-se e exploraram os recursos naturais do país, inibindo, inclusive, um provável desenvolvimento econômico que por ventura o mesmo viesse a ter, conforme ressalta Perrault (1999, p. 39):

Na virada do século XVIII para o século XIX, tem início o movimento que transformará a Índia de fornecedor de produtos manufaturados e de luxo em fornecedor de matérias-primas para a indústria britânica (algodão, juta) e em

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comprador de produtos manufaturados da indústria inglesa, com conseqüente declínio da ruína do artesanato tradicional.

A “apropriação” de novas regiões tornou-se realidade constante para um país que tinha “sede” em suprir as necessidades industriais internas, através da utilização de recursos e exploração de matérias-primas de territórios alheios. Dessa maneira, a Inglaterra penetrou na África do Sul. Ali os ingleses se estabeleceram com o intuito de explorar os diamantes e outras jazidas de minério daquela região.

A Revolução Industrial propiciou ainda um aumento no campo dos transportes mundiais, quando o sistema de ferrovias triplicou e as rotas marítimas obtiveram a predominância na circulação de navios a vapor.

Todos esses fatores, provenientes do advento da Revolução Industrial, colaboraram para a ascensão da Inglaterra, delineando-a como a maior potência econômica mundial e contribuíram, de forma indireta, por propagar os valores ingleses a nível global, salientando aqui, sobretudo, a difusão da língua inglesa por novos territórios. Essa faceta foi concretizada, como já ficou claro, através do processo de colonização inglês e conquista de diferentes regiões pela Inglaterra com o objetivo de exploração das mesmas. Além disso, o fenômeno da Revolução Industrial fez com que produtos ingleses circulassem, a nível mundial, obtendo escritos em inglês, cooperando por semear o idioma e tornando-o ferramenta essencial no quadro econômico da época.

Paralelamente a esse cenário, os Estados Unidos, segunda região falante da língua inglesa atrás apenas da Inglaterra, ensaiavam um processo de crescimento econômico, que solidificou-se após a proclamação da independência daquele país, em 1776 (LOPES, 2005).

A prosperidade econômica no território norte-americano emergeu no século XIX, após a Guerra de Secessão (colônias do norte x colônias do Sul), quando os índices de desenvolvimento industrial elevaram-se de modo acelerado. O crescimento da industrialização, a exemplo do que ocorrera na Inglaterra, incitava a busca por localidades que fossem fontes consumidoras e novas fontes fornecedoras de matérias-primas para as indústrias. O investimento de capital em outras regiões é outro fator que torna inevitável a eclosão do processo de expansão dos Estados Unidos. A aquisição de regiões do pacífico como as Filipinas, Alaska, Havaí e as Ilhas Aleutas contribuíram para alavancar o poderio norte-americano na escala econômica mundial. Segundo Denis (1993, p. 603):

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[...] os Estados Unidos desenvolvem a sua influência também na América Latina. Por volta de 1848, foram anexadas aos Estados Unidos as regiões do Texas, Novo México e Califórnia. Em 1856 um americano chamado William Walker torna-se ditador na Nicarágua. Mais tarde, em 1898, os norte-americanos derrotaram os espanhóis e conquistam as Ilhas de Cuba e Porto Rico, instalando bases navais em Guantamano e Viegues.

É possível constatar, através de um traçar evolutivo da história, uma difusão a nível mundial da língua inglesa. O raciocínio lógico para essa expansão lingüística conduz ao pensamento de que quanto maior o poder econômico de uma nação, maior será a propagação do idioma por ela falado.

Desse modo, a disseminação do inglês tornou-se inevitável durante o processo de colonização inglesa e, sobretudo, no decorrer do advento da Revolução Industrial, onde produtos com inscrição em inglês percorriam os cincos continentes. Quando os Estados Unidos adquirem o posto de superpotência mundial, o inglês vê-se novamente em evidência, obtendo expressiva projeção intercontinental, conseqüência do fenômeno de globalização, sendo adotado inclusive como língua-mãe em países como Canadá, Austrália e Nova Zelândia e como segunda opção em outros: Porto Rico e Havaí.

3.3 Globalização: fator determinante para a disseminação e hegemonia da cultura

americana no século XX

O Século XX configurou um palco para que ocorressem transformações sensíveis no mundo capitalista. Nesse sentido, alguns acontecimentos contribuíram para que os Estados Unidos se apresentassem como potência econômica e para que o fenômeno da globalização, descendente dessa nova ordem mundial, fortalecesse a utilização da língua inglesa.

Após o término da II Guerra Mundial, os Estados Unidos emergem como o país mais poderoso do mundo: a maior marinha e força área, único país dotado de armas nucleares, e com as economias européias arrasadas pela guerra, os norte-americanos concentram sozinhos metade de todas as riquezas do mundo. A produção industrial americana já havia superado a inglesa. Os

Estados Unidos passaram a ser o maior fornecedor de produtos e dinheiro para a reconstrução da Europa, que por sua vez encontrava-se política, econômica e fisicamente desorganizada. O apoio financeiro norte americano visava subordinar nações e manter em evidência o status de potência do país como assinala Johnson (1999, p. 238)

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Diferentemente do final da I Guerra Mundial, quando os Estados Unidos se retiraram do panorama mundial e se recusaram a ter participação ativa em questões globais, desta vez o então presidente Harry Truman decidiu que seu país deveria ser uma potência global e ter papel preponderante em todas as questões políticas, econômicas e militares do mundo.

A máquina de propaganda estadunidense mostrou-se notável também durante a Guerra Fria, quando os Estados Unidos conseguiram convencer grande parte do mundo que a URSS era o “império do mal” e que, se não fosse contida e ameaçada, inevitavelmente se lançaria sobre o resto do mundo. Temendo a perda da supremacia pré-anexada, os EUA fomentavam conflitos dos quais pudessem tirar proveito, segundo Purvis (1997, p. 393-394):

A Guerra Fria, iniciada e mantida principalmente pelos EUA, foi a justificativa que este país inaugurou para manter sua presença política, econômica e militar no mundo, convencendo os contribuintes a aceitar que seu dinheiro fosse gasto na manutenção de imensas forças aquarteladas em vários países, e os cidadãos dos países aliados a aceitar a presença militar e a liderança norte-americanas.

A tendência que se observa, nos anos 90, sob o influxo, em grande parte, das modificações operadas na Europa, é uma nova configuração do mundo capitalista. A “nova ordem internacional” foi delineada a partir de mudanças que se verificaram no mundo (desintegração do bloco soviético, fim da II Guerra mundial, fim da Guerra Fria, projeto da integração européia, expansão da economia japonesa, entre outros), produzindo uma grande alteração nas relações internacionais, justificando o conceito de nova ordem. É válido mencionar que essas transformações favoreceram os Estados Unidos e mediante a “esperteza” e superioridade econômica norte-americana face aos demais países em evidência, permitiram que ele tomasse a direção e se estabelecesse como líder no panorama mundial.

De acordo com Lopes (2005, p. 25)

[...] o que se pode constatar é que os Estados Unidos passam a comandar o mundo não só no que diz respeito à economia, mas também na cultura. O país vira sinônimo de prosperidade, de riqueza, imigrantes de todas as partes do mundo seguem rumo a América do Norte em busca de uma vida melhor: o American Way of life. É com o imperialismo norte-americano que a língua inglesa torna-se, de forma definitiva, o atual idioma oficial do mundo.

Vários setores dão margem ao crescimento da língua inglesa durante o século XX. A facilidade de locomoção pelo globo terrestre propiciada pelo avanço do transporte aéreo resultou em uma dinamização dos contatos internacionais, havendo a necessidade da intervenção do inglês como meio de comunicação em tais relações. A revolução das telecomunicações através da rede mundial de

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computadores – a Internet também impulsionou de forma vertiginosa a língua inglesa no âmbito internacional uma vez que esta, a Internet, é originalmente americana e conseqüentemente utiliza de forma predominante o inglês (LOPES, 2005).

Entende-se, portanto, que o idioma inglês, é tido como a língua universal. Com o álibe da globalização, que acelera o desenvolvimento da cultura de massa em que se insere a nova comunicação, o inglês supre todas as necessidades comunicacionais. Edmundson (1994, p. 96) afirma que “[...] é uma epidemia que contamina 750 milhões de pessoas no planeta. É uma língua sem fronteiras que está na metade dos 10.000 jornais do mundo, em mais de 80% dos trabalhos científicos e no jargão de inúmeras profissões”.

Desse modo, percebe-se que o mundo está se transformando em uma grande aldeia global que, bem ou mal, caminha de acordo com as regras da maior potência econômica mundial: os Estados Unidos. Segundo Lopes (2005, p. 25-26)

[...] há uma padronização no modo de vestir, de comer, na cultura (filmes, músicas...) e como conseqüência disso, surge a necessidade da padronização na forma de se comunicar e, atualmente a língua inglesa é o idioma que mais se aproxima dessa realidade devido à sua abrangência mundial.

A língua inglesa permanecerá em evidência, constituindo a principal ferramenta na realização da comunicação mundial, enquanto os Estados Unidos possuírem o status de potência econômica, pois como já fora explanado, a expansão lingüística de um idioma acompanha o processo de desenvolvimento econômico de uma determinada nação.

4 A EPIDEMIA DOS ANGLICISMOS NA LÍNGUA PORTUGUESA DO BRASIL E A TERMINOLOGIA TÉCNICA USADA NO TURISMO

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O processo de formação da língua portuguesa recebeu além de influências culturais, várias “incorporações” lingüísticas. Dados históricos documentam que esse caráter “multireceptor” de influxos lingüísticos são decorrentes dos diferentes contatos obtidos durante o processo de colonização ao qual o Brasil foi submetido. A princípio, registra-se o contato com o índio, habitante nativo, e posteriormente com o negro africano.

Em meados do século XIX, com a chegada da colônia francesa ao Brasil, constata-se uma nova introdução cultural e lingüística na moldagem e construção da identidade nacional (BRUNIERA, 2003).

Entretanto, as invasões culturais que interessam nesse momento são as que permitiram e facilitaram ao longo dos anos a penetração de palavras e expressões de origem inglesa ao nosso vocabulário.

Há de se conceder uma observação singular no que tange à influência inglesa em nosso território. Diferentemente das demais influências recebidas, a invasão inglesa não ocorreu de forma abrupta, fugindo ao padrão no qual o conquistador impunha a sua língua, modo de vestir, de comer, música, hábitos e costumes de uma forma geral, sob o conquistado. Houve um crescimento nas relações políticas e econômicas entre Brasil e Inglaterra, nascendo desse modo, relações culturais entre os dois países. Alves (1988, p. 19) explicita que “[...] a influência inglesa surgiu de um ângulo político e econômico, quando bens de consumo britânicos foram adquiridos através do comércio direto ou usufruídos devido aos investimentos ingleses no Brasil”.

A influência norte-americana infiltrou-se em nossa economia a partir da I Guerra Mundial, sob forma de empréstimos e equipamentos. Em seguida, estabeleceram-se aqui as poderosas multinacionais com sede nos Estados Unidos. Iniciou-se, então, um processo de valorização do que vem de fora, sendo este processo impulsionado pela entrada maciça de produtos americanos no mercado brasileiro, tendo como conseqüência a inserção da língua inglesa no cotidiano de consumidores brasileiros, uma vez que as mercadorias consumidas tinham inscrição em inglês. Partindo desse pressuposto, a disseminação da cultura americana torna-se uma operação gradual e inevitável.

Dessa forma, com o poder econômico exercido pelos Estados Unidos, a cultura brasileira foi invadida e influenciada de maneira assustadora, bem como a língua portuguesa aqui falada, que é parte integrante desse sistema.

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Devido à supremacia norte-americana constatada no quadro econômico mundial, a propagação de valores estadunidense foi a mais significativa no cenário brasileiro, culminando por divulgar a língua inglesa no Brasil e por torná-la a língua estrangeira mais falada em nosso território. Essa expansão do idioma inglês propiciou a inserção de palavras ou expressões inglesas, às vezes de forma involuntária, ao vocabulário do falante da língua portuguesa no Brasil, como documenta o trecho a seguir, baseado em Lopez (1995, p. 3):

O Rio é uma cidade in. Se a companhia é boa, você pode encontrar amigos no bowling, ir a um show unplugged ou, se a companhia for mesmo muito boa, ficar na tranqüilidade de seu flat tomando um iced tea e ouvindo seu CD player. Se a fome bater, basta pedir uma pizza express e pagar com o credit card, não esquecendo de ligar para o serviço on line do banco e checar o saldo.

Com efeito, o vocabulário ortográfico da língua portuguesa, em sua edição mais recente, acresceu nada mais nada menos, que seis mil novas palavras, em sua maioria de origem inglesa. Nota-se que alguns menos atentos, não percebem a introdução de vocábulos ingleses como um tipo de invasão em nossa cultura. De fato, a ausência física do dominador não nos leva a pensar em invasão propriamente dita, conduzindo ao pensamento ilusório de que se preservam os valores nativos, leia-se aqui, otimiza-se o uso da língua portuguesa.

Alves (1988, p. 21) definiu essa invasão que ocorre de modo indireto como uma “invasão teleguiada”, justificando através do fragmento que ela

[...] foi imposta por um sistema ideológico veiculado pelos meios modernos de comunicação de massa, bem como pelos artigos consumidos após a estimulação publicitária de algumas de nossas necessidades materiais ou psicológicas mais básicas.

A aceitação de produtos culturais norte-americanos é quase unânime, mediante a admiração e conivência expressos através da consumação de mercadorias estadunidenses e utilização corrente de expressões inglesas em nosso idioma. É importante ressaltar que não se trata aqui de defender uma causa nacionalista, isto é, de manifestar resistência à introdução de estrangeirismos ao nosso idioma. Acredita-se que a utilização harmônica de tais termos até enriquece o vocabulário. Cabe apenas registrar a invasão e disseminação desses estrangeirismos, especialmente os de língua inglesa.

Contudo, existem aqueles que emitem opiniões contrárias à inserção de estrangeirismos em nosso idioma. É o caso do presidente da Academia Brasileira de Letras, professor Arnaldo Niskier, em artigo publicado no jornal A Folha de São Paulo, que de acordo com Niskier (2005, p. 5)

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[...] a língua portuguesa, como forma oficial de expressão, constitui patrimônio cultural brasileiro e, por isso, incumbe ao Poder Público e à comunidade o dever de promovê-la e protegê-la, em especial neste momento em que ela vem sofrendo constante e preocupante invasão de palavras e expressões estrangeiras.

Queiroz (2005 apud NOVO..., 2006, p. 1) também declarou sua oposição no que diz respeito ao uso desorganizado e exarcebado de anglicismos na língua portuguesa, advertindo para o bilingüismo emergente: “É tempo de o Brasil cuidar melhor da língua pátria. Nem socializar os solecismos, nem elitizar os anglicismos. Nem a falsa cultura dos termos importados, nem a linguagem incorreta de erros primários”.

Apesar de registrar tais idéias que exprimem nitidamente a desaprovação da importação de estrangeirismos, sobretudo anglicismos, pelo povo brasileiro, julga-se necessário informar que a imparcialidade continua norteando a construção do presente trabalho.

Na realidade, a invasão de termos ingleses não é experimentada apenas pelo Brasil. É um fato do mundo de hoje que reflete a preponderância econômica dos Estados Unidos. Historicamente, o latim já havia desempenhado esse papel, durante o império romano. O francês também exerceu grande influência, até o início do século XX. A influência francesa, antes predominante, foi, aos poucos, abrindo espaço para os termos ingleses, em função da conjectura econômica, e é hoje cada vez mais crescente o anglicismo dentro do nosso idioma. Seja qual for o campo de atividades, o uso de palavras estrangeiras, notadamente inglesas, já é um hábito comum no cotidiano de muitos brasileiros. Algumas palavras foram embutidas e incorporadas ao nosso idioma de tal forma, que às vezes, nem se percebem adaptações como basquete (basket), bife (beef), coquetel (cocktail), futebol (football), clube (club), etc.

Na área dos esportes, por exemplo (e esporte já é uma palavra de origem inglesa), quase todas as práticas desportivas têm nome originário do inglês: futebol (football), tênis (tennis), basquetebol (basketball), voleibol (volleyball), golfe (golf), surfe (surf), handebol (handball), etc.

No ramo do direito, também não é diferente. O writ, sucedâneo do mandamus latino, abriu a porta para a common law, o due process of law, o impeachment e ainda a joint venture, o franchising, o leasing, o copyright, a holding, o lobby, a trading.

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Com a globalização da economia, ficou mais fácil para o “economês” invadir o português: open market, over night, spread, cash, fob, cif, trust, dumping, lockout, royalties, made in Brazil, hot money, dentre outros. Já existe, inclusive, um dicionário de termos financeiros e de investimento, com mais de mil expressões inglesas, que auxiliam as transações econômicas.

Na música, importamos o jazz, o swing, o reggae, o rock, o twist, o rap, o funk, a música country, e até o Falcão, irreverente cantor nordestino, de forma cômica e irônica, dá ênfase ao inglês em suas letras, como é o caso de “I’m not dog no!” (Eu não sou cachorro, não!).

Na informática, a moda agora é site, mouse, byte, home page, shift, chip, e-mail, online, software, game, afora os neologismos como deletar, formatar, navegar e clicar, todos oriundos de expressões inglesas.

A presença e influência do inglês na língua portuguesa são tão intensas que podem ser conferidas nas novas e edições de dicionários (os quais, aliás, são atualizados com uma freqüência cada vez maior). É o caso do Novo Aurélio – século XXI (lançado em novembro de 2005 pela editora Nova Fronteira), que já relaciona diversos termos recentemente incorporados ao português. Nessa publicação encontram-se mais de 1.000 estrangeirismos, 40% deles são anglicismos, isto é, palavras importadas da língua inglesa, sendo que essa porcentagem corresponde apenas às palavras aportuguesadas como leiaute, proveniente de layout.

Santos (2000, p. 19) expressa sua preocupação quando discursa que [...] a questão mais importante dessa nova edição do dicionário Aurélio reside, porém, no registro e na aceitação pura e simples das palavras estrangeiras em sua grafia original. Termos que, embora correntes, são apresentados como se termos vernáculos fossem, tornando cada vez mais complexa a questão do uso da língua portuguesa por uma população que tem uma identidade precária com o seu próprio idioma.

De certa forma, têm-se a impressão de que nosso vocabulário já não é suficiente para alimentar a expressão de uma idéia, especialmente em algumas áreas. A disseminação de vocábulos ingleses em nosso idioma é uma “febre” que contamina um número cada vez maior de adeptos nos mais diversificados setores, fazendo com que o brasileiro se sinta um estrangeiro em sua própria terra. A título de exemplificação, a música “Samba do Approach”, composta pelo cantor Zeca Baleiro, que segundo Bruniera (2003, p. 34), vem ilustrar as observações feitas sobre a inserção de anglicismos em nosso idioma, permitindo mais uma vez constatar que a influência da língua inglesa é marcante e freqüente na língua portuguesa do Brasil:

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Venha provar meu brunch Saiba que eu tenho approach Na hora da lunch

Eu ando de ferry boat Eu tenho savoir-faire Meu temperamento é light Minha casa é hi-tech Toda hora rola um insight Já fui fã do Jethro Tull Hoje eu me amarro no Slash Minha vida agora é cool Meu passado é que foi trash Fica ligada no link

Que eu vou confessar, my love Depois do décimo drink Só um bom e velho engov Eu tirei meu green card E fui para Miami Beach Posso não ser um popstar Mas já sou um nouveau riche Eu tenho sex appeal

Saca só meu background Veloz como Damon Hill Tenaz como Fittipaldi Não dispenso um happy end Quero jogar no dream team De dia um macho man E de noite dragqueen.

Outro aspecto que merece atenção diz respeito a um fato constatado pelo lingüista americano Sabinson (1997 apud FERREIRA, 2004, p. 23), quando observa que “[...] no Brasil, usa-se a língua estrangeira para criar jogos de inferioridade”. Em outras palavras, o autor quis explicitar que a adoção de anglicismos é utilizada para demarcar uma ilusória elitização, principalmente dentro do campo da linguagem comercial. Hoje, o desenhista profissional está numa categoria inferior ao de designer, apesar de ambas as denominações representarem a mesma idéia.

Cria-se uma ideologia errônea de superioridade, sobretudo na área comercial, na qual as palavras inglesas são empregadas indiscriminadamente, justificando a tendência de associar os anglicismos à idéia de aumento da qualidade ou valor do produto. Nesse sentido, os produtos abusam de rótulos qualificativos como plus, light, vip, master, diet, clean, transmitindo a idéia de sofisticação e repassando a sensação de que são destinados a um público de poder aquisitivo elevado.

O turismo não fugirá à tendência de associar termos ingleses ao seu repertório. A inserção de vocábulos do idioma inglês é tão significativa que propiciou a criação de uma terminologia técnica específica no segmento turístico, como será analisado a seguir.

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4.2 Apresentação dos termos técnicos do turismo

Tendo em vista tudo que já fora abordado em relação à supremacia da língua inglesa nos mais variados setores como ciência, aviação, computação, diplomacia, dentre outros, vêm-se mencionar a influência idiomática do inglês na atividade turística por intermédio da apresentação da linguagem técnica particular desse segmento.

Como se sabe, o inglês invadiu e dominou a chamada sociedade globalizada como idioma oficial, em função do poder e da influência da economia norte-americana, vindo a conduzir as relações comunicativas em âmbito internacional.

O turismo, visto como um dos principais fomentadores da economia mundial, encaixa-se nesse perfil, incorporando vocábulos de origem inglesa à sua linguagem cotidiana durante a prestação de serviços. A presença de termos específicos dessa natureza manifesta-se de maneira tão expressiva no setor turístico, que ocasionou o surgimento de dicionários e glossários especializados em elucidar o significado de tais termos para o trade e para o grande público não familiarizado.

Sendo assim, definiria-se em linhas gerais, que a linguagem técnica do turismo abrange termos específicos (em inglês) desse segmento, criados a partir da necessidade de padronizar e homogeneizar as relações comunicativas a nível internacional, a fim de coibir possíveis desentendimentos e prováveis transtornos nas transações comerciais turísticas, bem como objetiva facilitar, uma vez que fora confeccionada com a intenção de agilizar processos entre o cliente e o trade, quaisquer operações que incitem o seu uso.

Desse modo, a terminologia técnica do turismo configura uma realidade de participação ativa, sobretudo em agências de viagens, companhias áreas e redes hoteleiras. Alguns serviços terceirizados vinculados à prática turística também utilizam, por ventura, uma ou outra nomenclatura específica do setor turístico.

Nesse contexto, expressões como “by night” (passeio noturno, que geralmente inclui ingresso a casas de shows ou visita a pontos turísticos), “check-in/check-out” (verificações de entrada e saída, respectivamente), “city tour” (passeio turístico por uma cidade, geralmente a bordo de ônibus/micro-ônibus, com guia local), “overbooking” (comercialização de bilhetes aéreos ou apartamentos em número acima dos disponíveis para ocupação), “traslado/transfer” (transporte

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terrestre de passageiros), “voucher” (documento entregue ao passageiro com todas as especificações dos serviços turísticos adquiridos), dentre outros, são comumente perceptíveis e utilizadas na rotina de uma pessoa que freqüenta e/ou viaja com uma certa constância. Após o término dessa pesquisa, apresenta-se uma espécie de “dicionário de turismês” com os termos técnicos mais utilizados nos setores turísticos mencionados previamente (ANEXO A).

Caberá a essa pesquisa, mais adiante, avaliar a relevância da popularização dessa linguagem técnica do turismo, bem como sugerir medidas que possibilitem essa propagação, pautado no resultado de questionários que comprovem a pertinência de tais procedimentos.

5 QUALIFICAÇÃO: necessidade contemporânea do bom profissional 5.1 Evolução do processo de qualidade

Contemporaneamente, torna-se válido destacar a importância da gestão da qualidade, tendo em vista o papel decisivo por ela assumido em face do processo de globalização, da abertura dos mercados e da conseqüente competição entre organizações, na busca de competitividade.

Os processos e modelos que fazem parte do universo da gestão da qualidade possibilitam o incessante aprimoramento das empresas, que a todo

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instante são impelidas a alterar suas sistemáticas e procedimentos na tentativa de obter maiores níveis de competitividade.

No entanto, a compreensão de tais perspectivas instauradas no mundo contemporâneo faz necessário um resgate histórico, a fim de que se entenda como surgiu a preocupação no controle e inspeção da qualidade dos mais variados setores.

Como conceito, conhece-se a qualidade há milênios. Contudo, só recentemente ela surgiu como função da gerência. Originalmente, tal função era relativa e voltada para a inspeção; hoje, as atividades relacionadas com a qualidade se ampliaram e são consideradas essenciais para o sucesso estratégico. (GARVIN, 2002).

Embora a idéia de qualidade remeta cronologicamente a épocas pretéritas, seu conceito foi sofrendo graduais modificações de acordo com o contexto histórico em está inserido.

Então Gitlow (1993, p. 31) discorre que:

No período medieval, as profissões, na maioria das vezes, eram passadas de pai para filho. O referencial de qualidade que se tinha até então estava associado à tradição de determinado produto ou serviço, essa era a garantia de qualidade da época. Da mesma forma, a inspeção e a avaliação do produto eram feitas pelo próprio consumidor. A relação existente entre produto-consumidor era puramente pessoal. Nesse período, a qualidade também estava associada basicamente à durabilidade do que estava sendo adquirido. A questão do atendimento na prestação de serviços ainda ficava em um plano distante.

De fato, Garvin (2002, p. 57) atesta que:

Nos primórdios da era industrial e até meados do século XVIII, quase tudo era fabricado por artesãos, que ainda praticavam os procedimentos tradicionais e históricos. As quantidades produzidas eram pequenas e havia participação do trabalhador em praticamente todas as fases do processo. A inspeção era implementada segundo critérios especificados pelo próprio artesão e sua pequena equipe de colaboradores. Era um procedimento natural e corriqueiro. A inspeção formal só passou a ser necessária com o surgimento da produção em massa e a necessidade de peças intercambiáveis.

O transcurso do tempo se encaminha progressivamente de orientar e refinar as concepções de qualidade. Desse modo, observa-se em seqüência do que já fora citado que, por volta do século XVII, com a expansão comercial e o incremento do comércio mundial, a qualidade de um produto já vai estar relacionada à experiência e a técnica de quem o faz. O consumidor, de longe, nessa fase não atua como inspetor da qualidade.

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Durante o século XVIII, a Revolução Industrial se encarregaria mais uma vez de ditar novos padrões que iriam reger o mundo da época, nesse caso pressupondo medidas que coordenassem e fiscalizassem o controle da qualidade dos produtos fabricados. É o que aborda Lopes (2005, p. 39-40) no fragmento:

Já por volta do século XVIII, com a Revolução Industrial e mecanização em larga escala dos produtos, fica imprescindível o surgimento de técnicas para controle da qualidade desses produtos. Vão surgir, nessa época, novas correntes de pensamento administrativo. Surgem estudiosos de destaque na administração como Taylor, Fayol e Ford. A ênfase dessa corrente de pensamento vai ser em como executar as tarefas e a maior crítica vai ser dada na pouca atenção ao ser humano, já que a era das máquinas se concentrava na produtividade o que diminuía a qualidade da produção. Ainda nesse período, as primeiras inspeções começam a ser realizadas dentro das fábricas. Devido à produção em larga escala, o setor de armazenamento foi o primeiro a ser submetido a métodos de controle. Com o advento da II Guerra Mundial, a noção de qualidade sofrerá avanços significativos. É nesse período que a qualidade conquistará seu lugar e passará a ser uma disciplina bem aceita no ambiente organizacional, com técnicas específicas e resultados efetivos, com profissionais especializados e bem caracterizados na especialidade. A ciência administrativa torna-se mais complexa. É nessa fase também que tem início, através do americano Edwards Deming, o trabalhador estatístico no controle da qualidade. Esse controle estatístico de processo para melhoria da qualidade tornou-se, na década de 1950, uma prática corriqueira nas grandes organizações, e seu contínuo aperfeiçoamento gerou cada vez mais confiança no uso da estatística em processos de produção em escala. Especialmente no Japão, que nesse momento direciona sua produção para bens de consumo, essas novas técnicas de controle passam a ser aplicadas. Nesse contexto, por volta da segunda metade da década de 1950, Deming cria o sistema de controle de qualidade total (MARSHALL JÚNIOR et al., 2005).

A contribuição do estatístico americano especialista em qualidade, Edwards Deming, foi preciosa e é facilmente perceptível quando se analisa a situação do Japão no período que sucedeu a II Guerra Mundial.

Em 1950, Deming foi ao Japão proferir palestras para lideres industriais, tendo em vista a preocupação em reconstruir aquele país, conquistar novos mercados e melhorar a reputação dos produtos japoneses perante o mundo. Marschal Júnior et al. (2005, p. 22) descrevem que:

[...] o Japão, que se encontrava completamente destruído após a guerra, utilizou os critérios de qualidade criados por Deming para a reconstrução de sua economia através da diferenciação dos seus produtos. A aplicação dos padrões de qualidade defendidos por Deming se tornariam visíveis nos produtos de fabricação japonesa e o primeiro impacto dessa nova forma de

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produção se dá com a invasão de produtos japoneses no mercado mundial, não só com um menor preço, mas com maior qualidade.

Nota-se que os princípios pregados por Deming foram fundamentais para reerguer o país e consumar “o milagre japonês”, expressão que se refere justamente a esse período de recuperação pelo qual passou o Japão e que num intervalo de trinta anos conseguiu se firmar como potência produtora mundial. O mérito de Deming, quanto ao seu empenho por elevar o processo de qualidade japonês, foi reconhecido em 1951, quando foi criado o prêmio Deming, em sua homenagem (MARSHALL JÚNIOR et al., 2005).

O despertar japonês no cenário econômico mundial proporcionou o “despertar” da poderosa economia americana no que diz respeito à atenção dada ao quesito qualidade na sua produção. Dessa maneira, outras nações “acordaram” e passaram a dar valor aos padrões de qualidade modernos, visando a satisfação da clientela e o ganho de mercados. A preocupação com a competitividade impulsionou a disseminação dos modelos de qualidade contemporâneos pelo mundo.

De fato, qualidade é um termo que passou a fazer parte do jargão das organizações, independentemente do ramo de atividade e abrangência de atuação pública ou privada.

Na atualidade, estão disponíveis diversas definições do termo qualidade na literatura especializada e em áreas afins; a apresentação dessas conceituações vai variar de acordo com o ponto de vista do autor.

Há quem conceitue qualidade sob uma perspectiva transcendental: “[...] uma condição de excelência que implica ótima qualidade, distinta de má qualidade [...] Qualidade é atingir ou buscar o padrão mais alto em vez de se contentar com o malfeito ou fraudulento” Tuchman (1980, p. 38). Pirsig (1974, p. 185) considera que “[...] qualidade não é uma idéia ou uma coisa concreta, mas uma terceira entidade independente das duas... embora não se possa definir qualidade, sabe-se o que ela é”.

Outros autores, como Abbott (1995, p. 126-127) abordam a definição de qualidade baseando-se no produto: “[...] Diferenças de qualidade correspondem a diferenças de quantidade algum ingrediente ou atributo desejado”. Segundo Leffler (1982, p. 956) “[...] qualidade refere-se às quantidades de atributos sem preço presentes em cada unidade do atributo com preço”.

Algumas visões tendem a associar qualidade ao usuário, como é o caso de Edwards (1968, p. 37) “[...] qualidade consiste na capacidade de satisfazer

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