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Ambiente macroeconômico e financeiro

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Ambiente macroeconômico e financeiro

1.1 Introdução

No primeiro semestre de 2013, o cenário econômico mundial permaneceu complexo, e em um primeiro momento manteve o otimismo observado no fi nal do ano anterior, contribuindo para elevar o apetite por risco e melhorar as condições de fi nanciamento. No entanto, no segundo trimestre, houve elevação na volatilidade dos mercados, com efeitos adversos e generalizados sobre a precifi cação de ativos fi nanceiros.

Especialmente nas economias emergentes, as condições de fi nanciamento fi caram menos favoráveis, levando a quedas nos mercados acionários e a desvalorizações cambiais. Nesse cenário, o BCB iniciou novo ciclo de aumento da taxa de juros e adotou medidas para manter a liquidez e reduzir a volatilidade no mercado de câmbio, sem contudo ter reduzido o nível das reservas internacionais.

1.2 Mercados financeiros

internacionais

A atividade econômica global seguiu em ritmo moderado de crescimento no primeiro semestre de 2013, com desempenhos heterogêneos entre os países, destacando-se a aceleração do crescimento no Japão e no Reino Unido e a desaceleração na China. Depois de seis semestres consecutivos de contração, a Área do Euro voltou a crescer no segundo trimestre do ano, impulsionada pelos bons desempenhos de Alemanha e França, as duas maiores economias do bloco, enquanto que Itália e Espanha, respectivamente a terceira e quarta economias da região, contraíram menos que no trimestre anterior. A Área do Euro, no entanto, ainda se depara com os desafi os da consolidação fi scal e com taxas de desemprego elevadas. Nos Estados Unidos

(EUA), é importante ressaltar a melhora dos indicadores macroeconômicos do país, em especial os relativos aos mercados de trabalho e imobiliário, com impactos positivos no crescimento do consumo das famílias, ainda que diante de restrições fi scais.

Nesse ambiente, observou-se, até meados de maio, intensifi cação do otimismo nos mercados fi nanceiros, em parte favorecido pelo maior ativismo anticíclico por parte dos governos, o qual contribuiu para a redução da aversão ao risco e para a melhora continuada das condições de fi nanciamento de economias mais vulneráveis, em especial na Europa.2 Por outro lado, esse

cenário, onde prevaleceu o relaxamento das condições de crédito e sinais de excessos na tomada de risco por parte dos investidores – os quais passaram a demandar papéis de emissores com baixa qualidade de crédito a taxas historicamente reduzidas – suscitou alertas de autoridades multilaterais.3

Todavia, ao longo do mês de maio, verifi cou-se uma progressiva infl exão do sentimento dos investidores. As incertezas quanto ao início da redução no volume de compras de títulos pelo banco central norte-americano e seus impactos sobre a liquidez global implicaram a elevação da volatilidade nos mercados, com efeitos adversos e generalizados sobre a precificação de ativos financeiros. Especialmente nas economias emergentes, as condições de financiamento ficaram 2/ A consolidação desse ambiente foi favorecida por eventos ocorridos ainda em 2012: encaminhamento do impasse fi scal nos EUA; adoção de medidas anticíclicas por parte de autoridades monetárias e fi scais nas maiores economias; e ratifi cação do Banco Central Europeu (BCE) como emprestador de última instância dos entes soberanos da Área do Euro. 3/ A esse respeito, vide, por exemplo: Caruana, Jaime. Bank for International

Settlements’ General Manager. “Debt, global liquidity and the challenges of exit” (julho 2013), disponível em <http://www.bis.org/speeches/ sp130708.pdf> e OECD (2013), OECD Economic Outlook, vol. 2013/1, OECD publishing, disponível em <http://dx.doi.org/10.1787/eco_outlook-v2013-1-en>.

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soberanos de dez anos dos EUA a 2,61%, em 25 de junho, nível mais alto em 22 meses, tendo recuado a 2,49% no fi nal do mesmo mês, prevalecendo a alta de 0,73 ponto percentual (p.p.) no semestre. Na mesma base semestral de comparação, os rendimentos anuais de papéis similares de Alemanha e Itália registraram elevações respectivas de 1,32% para 1,73%; e de 3,81% para 3,95%; enquanto que os da Espanha reduziram de 5,27% para 4,77% (gráfi co 1.1.3).

No mercado cambial, o dólar dos EUA se valorizou no semestre, em relação ao iene, 14,3%, e à libra esterlina, 6,8%, refl etindo, de forma geral, o otimismo decorrente dos sinais de recuperação mais robusta nos EUA e, especifi camente em relação ao iene, a intensifi cação do relaxamento monetário na economia japonesa. Em relação ao euro, a alta do dólar foi menos acentuada, 1,4% (gráfi co 1.1.4). Em relação às moedas de economias emergentes, o dólar também se valorizou, com altas de 16,6%, 8,8%, 8,1%, 8,0% e 6,1%, respectivamente, frente ao rand sul-africano, real brasileiro, lira turca, rúpia indiana e peso chileno. Ressalve-se, entretanto, que a tendência de valorização do dólar frente às demais moedas de reserva4 foi revertida entre meados de maio

e de junho. Nesse intervalo, as moedas de economias emergentes estiveram pressionadas, haja vista a maior dependência de fi nanciamento externo dessas economias, com o dólar valorizando-se, dada a perspectiva de redução da liquidez global (gráfi co 1.1.5).

4/ Moedas de reserva são as moedas que compõem a maior parte das reservas internacionais dos países. Alguns exemplos são: dólar Americano, euro, iene, franco suíço e libra esterlina.

menos favoráveis, levando a quedas nos mercados acionários e a desvalorizações cambiais.

Nesse contexto, os prêmios de risco soberano de diversas economias, medidos pelos respectivos Credit Default

Swaps (CDS) de cinco anos, aumentaram a partir de

meados de maio de 2013. Os prêmios dos CDS medidos em pontos-base (p.b.) de África do Sul, Rússia, Turquia, Brasil, México e Chile avançaram para 216, 195, 191, 185, 131 e 98, respectivamente, ao fi nal do semestre, de 143, 132, 127, 108, 98 e 72, na mesma sequência, no fi m de 2012 (gráfi co 1.1.1). Na Europa, os prêmios de risco soberano de Espanha, França e Itália, também medidos em p.b. pelos CDS de cinco anos, registraram variações mais modestas, declinando nos dois primeiros países para 281 e 80, de 295 e 91, na ordem; mas aumentando para 281 de 278, no último (gráfi co 1.1.2).

As expectativas de início do processo de redução do ritmo de compras de ativos por parte do Federal Reserve (Fed) levaram o rendimento anual dos títulos

50 110 170 230 290 350 29.6 2011 28.10 28.2 2012 28.6 29.10 27.2 2013 28.6

África do Sul Rússia Turquia

Brasil México Chile

Fonte: Bloomberg

Gráfico 1.1.1 – CDS soberanos (5 anos)

p.b. 0 130 260 390 520 650 29.6 2011 28.10 28.2 2012 28.6 29.10 27.2 2013 28.6

Alemanha França Espanha Itália Fonte: Bloomberg

Gráfico 1.1.2 – CDS soberanos (5 anos)

p.b. 0,0 1,6 3,2 4,8 6,4 8,0 29.6 2011 28.10 201228.2 28.6 29.10 201327.2 28.6 EUA Alemanha Itália Espanha Fonte: Bloomberg

Gráfico 1.1.3 – Rendimento de títulos soberanos 10 anos

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Os principais índices acionários de economias d e s e n v o l v i d a s e e m e rg e n t e s a p r e s e n t a r a m comportamentos distintos. No semestre, as bolsas de valores de Japão, EUA, Alemanha, Reino Unido e França valorizaram-se, na ordem, 31,6%, 12,6%, 4,6%, 5,4% e 2,7% (gráfi co 1.1.6). A alta observada no Japão refl etiu, em especial, a intensifi cação das políticas expansionistas empreendidas naquele país. Em contraste, nos mercados emergentes, os índices acionários de China, México, Turquia e Índia recuaram, respectivamente, 12,8%, 7,1%, 2,4% e 0,2% no semestre, enquanto o da África do Sul avançou 0,8% (gráfi co 1.1.7). Os ativos fi nanceiros das economias emergentes foram especialmente afetados pela possibilidade de redução da liquidez global, tornando as condições de fi nanciamento dessas economias menos favoráveis.

O índice Chicago Board Options Volatility Index (VIX), que afere o sentimento dos investidores a partir da volatilidade implícita de curto prazo dos preços das opções do índice S&P500, diminuiu para 16,7 pontos

ao fi nal de junho, de 18,0 pontos no fi nal de 2012. No semestre, o VIX oscilou entre 11,3 e 20,5 pontos, pico alcançado em 20 de junho em meio às preocupações associadas à eventual antecipação da redução do ritmo de compra de ativos por parte do Fed (gráfi co 1.1.8).

90 98 106 114 122 130 29.6 2011 28.10 201228.2 28.6 29.10 201327.2 28.6 Fonte: Bloomberg

Euro/Dólar Iene/Dólar Libra/Dólar 28.6.2011 = 100

Gráfico 1.1.4 – Taxas de câmbio de economias avançadas

90 102 114 126 138 150 29.6 2011 28.10 28.2 2012 28.6 29.10 27.2 2013 28.6 Fonte: Bloomberg

Rand Real Lira turca Rúpia Peso chileno 28.6.2011 = 100

Gráfico 1.1.5 – Taxas de câmbio de economias

emergentes versus dólar EUA 60

80 100 120 140 160 29.6 2011 28.10 28.2 201228.6 29.10 27.2 201328.6

Gráfico 1.1.6 – Bolsas de valores Economias desenvolvidas

EUA – S&P 500 Reino Unido – FTSE 100 Alemanha – DAX França – CAC 40 Japão – NIKKEI 225 Fonte: Bloomberg 29.6.2011 = 100 55 75 95 115 135 155 29.6 2011 28.10 201228.2 28.6 29.10 201327.2 28.6 28.6.2011 = 100

Gráfico 1.1.7 – Bolsas de valores Economias emergentes

China - SHCOMP México - IPC Turquia - ISE 100 Índia - SENSEX 30 África do Sul - JSE

Fonte: Bloomberg 0 10 20 30 40 50 29.6 2011 28.10 201228.2 28.6 29.10 201327.2 28.6 Fonte: Bloomberg pontos

Gráfico 1.1.8 – CBOE volatility index – VIX Índice de volatilidade

(4)

Os índices Morgan Stanley Capital International (MSCI) para bancos dos EUA, da Europa e de economias emergentes registraram variações de 19,4%, -3,2% e -9,2% ao longo do primeiro semestre de 2013, ante altas respectivas de 2,5%, 23,3% e 16,4% no segundo semestre de 2012. A alta nos preços das ações de bancos dos EUA superou o avanço do índice S&P500 e refl etiu o otimismo com o avanço da atividade econômica local e o potencial impacto sobre os balanços dos bancos estadunidenses. Entre meados de março e de abril, o MSCI para bancos europeus e de mercados emergentes sofreu perdas decorrentes de incertezas associadas aos desdobramentos da crise de Chipre. Mais recentemente, entre 20 de maio e o fi m de junho, os preços das ações dos bancos entraram em trajetória declinante na Europa, -12,7%, e nas economias emergentes, -14,1%, enquanto interromperam a tendência de alta nos EUA, refl etindo preocupações associadas à diminuição da postura acomodatícia da política monetária dos EUA (gráfi co 1.1.9).

As condições de financiamento nos mercados interbancários5 nos EUA e na Área do Euro

mantiveram-se favoráveis durante o primeiro mantiveram-semestre do ano, com os spreads, em relativa estabilidade ao longo do período, tendo registrado nos EUA os mesmos 15,9 p.b. no fi m de junho e, na Área do Euro, reduzido para 11 p.b., de 12 p.b. no fi nal de 2012 (gráfi co 1.1.10). A confi ança no provimento da liquidez necessária aos sistemas bancários por parte das autoridades monetárias segue como fator importante para a normalização dos mercados interbancários.

5/ As condições de fi nanciamento nos mercados interbancários foram avaliadas por meio da diferença entre as taxas Euribor (três meses) e

Euro OverNight Index Average (EONIA), no caso da Europa; e, entre as

taxas Libor (três meses) e Overnight Indexed Swap (OIS), nos EUA.

Os bancos da Área do Euro reportaram, ao longo do semestre, melhorias adicionais nas condições de acesso ao fi nanciamento. No entanto, a pesquisa realizada pelo Banco Central Europeu (BCE) relativa ao segundo trimestre reportou melhoria menos acentuada no acesso ao fi nanciamento na comparação com o trimestre anterior e apontou perspectiva de deterioração marginal das condições de fi nanciamento para o terceiro trimestre de 2013.6 Ainda na Área do Euro, é importante destacar

evidências de redução do grau de fragmentação fi nanceira na região.7 A despeito da melhora relatada pelos bancos,

desde meados de maio, observou-se elevação expressiva nos custos médios de proteção contra default (CDS) de bancos europeus, repercutindo em custos mais elevados de proteção ao fi nal de junho em comparação ao fi nal de 2012. No semestre, os prêmios médios8 dos CDS de

cinco anos de bancos avançaram 37,9% no Reino Unido, 24,9% na Itália, 14,8% na Alemanha, 9,4% na Espanha, e 9% na França, situando-se, respectivamente em 144 p.b., 361 p.b., 142 p.b., 304 p.b. e 166 p.b. Em relação aos bancos dos EUA, o prêmio médio dos CDS, em trajetória descendente até meados de maio, reverteu a tendência e registrou alta de 5,5% no semestre, situando-se em 118 p.b. no fi nal do período (gráfi co 1.1.11).

6/ Vide The Euro Area Bank Lending Survey relativos ao primeiro e segundo trimestres de 2013, publicados em abril e julho de 2013, respectivamente, e disponíveis em <http://www.ecb.int/stats/money/surveys/lend/html/index.

en.html>.

7/ Fragmentação manifesta pela migração de fl uxos de não residentes dos países mais vulneráveis da Área do Euro (Grécia, Irlanda, Itália, Portugal e Espanha) para os seus mercados domésticos, assim como a transferência de depósitos de residentes dessas economias para outras consideradas mais seguras.

8/ Prêmios médios calculados pela média aritmética dos CDS dos dois maiores bancos de cada país pelo critério de capitalização de mercado. Exceção para os EUA, onde consideraram-se os bancos JPM Chase e Bank of America. 0 21 42 63 84 105 29.6 2011 28.10 28.2 2012 28.6 29.10 27.2 2013 28.6 p.b.

Gráfico 1.1.9 – Spread interbancário EUA e Área do Euro

EUA: Libor vs. OIS Área do Euro: Euribor vs. EONIA Fonte: Bloomberg 60 76 92 108 124 140 29.6 2011 28.10 201228.2 28.6 29.10 201327.2 28.6

Gráfico 1.1.10 – MSCI Bancos

EUA Europa Economias emergentes Fonte: Bloomberg

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negativamente diversos indicadores domésticos – a avaliação de risco-país subiu; as taxas de juros locais se elevaram, principalmente as de médio e longo prazo, acompanhadas de maior volatilidade; o real, que chegara a apresentar valorização frente ao dólar norte-americano no primeiro bimestre, registrou desvalorização; e o mercado bursátil terminou o semestre em queda. No âmbito interno, contribuíram para esses movimentos a persistência da infl ação, as sucessivas revisões para baixo das estimativas de crescimento econômico e o início, em abril, do ciclo de ajuste na taxa básica de juros.

O Banco Central do Brasil (BCB) manteve a taxa básica de juros em 7,25% ao longo do primeiro trimestre de 2013, após ter interrompido em outubro de 2012 sua estratégia de afrouxamento da política monetária.9 Devido

à persistência de índices de infl ação mensais elevados e à desancoragem das expectativas de infl ação futura10, o

Comitê de Política Monetária (Copom) explicitou em janeiro sua preocupação com o nível da infl ação e com a dispersão dos aumentos de preços e, posteriormente, em abril, iniciou novo ciclo de aumento da taxa de juros, com elevação de 0,25 p.p. da meta para a taxa Selic, seguido de alta de 0,5 p.p. em maio (gráfi co 1.2.1 – Evolução das taxas de juros). Ao longo desse semestre, as taxas de juros no mercado futuro apresentaram trajetória crescente, exceto as de curto prazo que, até meados de abril, permaneceram relativamente estáveis. A desvalorização cambial e a expectativa de redução dos estímulos monetários por parte do Federal Reserve e de revisão da perspectiva de rating soberano do Brasil11 desencadearam

um movimento de alta no mercado de juros futuros a partir de maio, resultando em aumento de inclinação da curva de juros doméstica. No mercado de câmbio, além das medidas adotadas pelo BCB para manter a liquidez e reduzir a volatilidade, no início de junho o governo federal retirou o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) incidente sobre os investimentos estrangeiros em títulos de renda fi xa no país12 e também sobre contratos

de derivativos fi nanceiros que resultassem em aumento da 9/ De agosto de 2011 a outubro de 2012, o BCB reduziu a taxa Selic em

5,25 p.p.

10/ As Resoluções nº 3.991, de 30 de junho de 2011, nº 4.095, de 28 de junho de 2012, e nº 4.237, de 28 de junho de 2013, do Conselho Monetário Nacional (CMN), fi xaram, respectivamente, as metas de infl ação para 2013, 2014 e 2015 em 4,5%, e os intervalos de tolerância em 2,0 p.p. abaixo e acima da meta.

11/ No início de junho, a agência de rating Standard & Poor’s (S&P) manteve a nota do rating soberano do Brasil em “BBB”, mas rebaixou sua perspectiva de estável para negativa; em julho, a agência Fitch Ratings confi rmou a nota de crédito de longo prazo em moeda estrangeira do Brasil em “BBB” com perspectiva estável.

12/ Desde dezembro de 2010 a alíquota dessas aplicações estava em 6%. Em síntese, apesar do progresso que vem sendo alcançado

na restauração da solidez dos bancos, em especial nos EUA, ainda existem incertezas em relação à qualidade dos ativos nos respectivos balanços, notadamente nos bancos europeus, em razão da aplicação em títulos soberanos e da compressão de receita decorrente do fraco desempenho econômico.

O balanço de riscos para a estabilidade financeira, positivo no início do período, deslocou-se a partir de maio, com a retração das condições de fi nanciamento a partir da perspectiva de antecipação do início do processo de normalização das condições monetárias nos EUA e consequente contração da liquidez fi nanceira global, que favorece a consolidação de taxas de juros de longo prazo mais elevadas e prejudica a retomada do crescimento econômico global.

Em relação aos mercados emergentes, acrescente-se o risco de deterioração das condições de fi nanciamento, com a possível reversão dos influxos de capital e ajustamentos desordenados nos preços dos ativos e mercado de crédito. Nesse contexto e, ainda, considerando as disparidades relativas ao ritmo de desalavancagem nas economias avançadas afetadas pela crise, a consolidação da estabilidade fi nanceira em nível global ainda permanece frágil, apesar de avanços no fortalecimento dos balanços bancários.

1.3 Mercado financeiro nacional

Ao longo do primeiro semestre de 2013, o aumento na aversão ao risco nos mercados internacionais levou à realocação de portfólios globais e infl uenciou

50 180 310 440 570 700 29.6 2011 28.10 201228.2 28.6 29.10 201327.2 28.6 p.b.

Gráfico 1.1.11 – CDS de 5 anos – Bancos

Prêmios médios de países selecionados1/

Espanha França Alemanha Reino Unido EUA Itália Fonte: Bloomberg

1/ Calculados pela média aritmética dos prêmios de CDS dos dois maiores bancos pelo critério de capitalização de mercado de cada país. Exceção EUA: JPM Chase e Bank of America.

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exposição cambial comprada ou em redução da exposição cambial vendida.13

As expectativas de mercado para o nível de atividade deterioraram-se ao longo do semestre e as previsões para o crescimento em 2013 foram sucessivamente revisadas para baixo.14 Quanto à infl ação, embora o Índice

Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) tenha apresentado trajetória mensal declinante no semestre, o índice acumulado em doze meses atingiu 6,70% no período anual encerrado em junho. As expectativas de infl ação para 2013 oscilaram em torno de 5,6%, acima da meta de 4,5% estabelecida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN). A persistência da infl ação, o início do ciclo de alta da taxa básica de juros em abril, e o aumento da incerteza no mercado internacional favoreceram a elevação da curva de juros doméstica, principalmente as de médio e longo prazo.

A volatilidade das taxas de juros domésticas aumentou no primeiro semestre de 2013, particularmente nos meses de maio e junho. A expectativa de que o Fed poderia reduzir no curto prazo os estímulos monetários, a desvalorização do real ante o dólar e a subida das taxas de juros dos títulos do tesouro norte-americano contribuíram para a maior volatilidade das taxas no mercado doméstico (gráfi co 1.2.2 – Volatilidade das taxas de juros).

No semestre, até o início de março, o real apresentou valorização de 4,4% em relação ao dólar norte-americano, alcançando R$1,95/USD no dia 8. A partir de 13/ Desde setembro de 2011 a alíquota dessas operações estava em 1%. 14/ De fato, o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) foi abaixo das

previsões no primeiro trimestre, mas o índice divulgado em agosto, para o segundo trimestre de 2013, foi superior às expectativas de mercado.

maio, observou-se um movimento global de apreciação do dólar, infl uenciado principalmente pela expectativa de antecipação da retirada de estímulos monetários pelo Fed. Esse cenário e os novos sinais de desaceleração da atividade econômica na China colaboraram para a elevação da volatilidade e da aversão ao risco nos mercados fi nanceiros internacionais, pressionando as cotações da moeda brasileira ante o dólar. O BCB, então, efetuou leilões de swap cambial tradicional15

no valor nocional de US$26,3 bilhões. Ao final do semestre, a posição líquida em swap do BCB era passiva em câmbio em montante equivalente a US$18,0 bilhões. O real encerrou o semestre cotado a R$2,22/ USD, com desvalorização de 8,4% em relação ao dólar norte-americano. Diante do euro, no mesmo período, o real desvalorizou-se em 6,9%, refl etindo a pequena desvalorização da moeda europeia em relação ao dólar (gráfi co 1.2.3 – Taxa de câmbio).

15/ Esses leilões foram realizados no fi nal de março, em maio e em junho – a partir de 31/5, os leilões de swap cambial realizados pelo BCB passaram a ser referenciados à taxa Selic.

6,5 7,7 8,9 10,1 11,3 12,5 Jul 2012

Ago Set Out Nov Dez Jan 2013

Fev Mar Abr Mai Jun % a.a.

Taxa Selic 3 meses 6 meses

1 ano 2 anos 5 anos

Fontes: BM&FBovespa e BCB

Gráfico 1.2.1 – Evolução das taxas de juros Taxa Selic e swap de 3 e 6 meses e de 1, 2 e 5 anos

0,0 1,0 2,0 3,0 4,0 5,0 Jul

2012 Ago Set Out Nov Dez 2013Jan Fev Mar Abr Mai Jun

Gráfico 1.2.2 – Volatilidade das taxas de juros

Curto Médio Longo

Fontes: BM&FBovespa e BCB % a.a 0,73 0,75 0,77 0,79 0,81 0,83 1,95 2,02 2,09 2,16 2,23 2,30 Jul

2012 Ago Set Out Nov Dez 2013Jan Fev Mar Abr Mai Jun EUR / US$ R$ / US$

Gráfico 1.2.3 – Taxa de câmbio

R$ / US$ EUR / US$ Fontes: BCB e Bloomberg

(7)

O movimento de câmbio comercial foi de U$16,9 bilhões no semestre, porém, devido ao fl uxo negativo no câmbio fi nanceiro, o saldo de câmbio contratado fi cou em US$9,5 bilhões. O volume líquido de investimento estrangeiro direto (IED) foi de US$30 bilhões no período. Já as reservas internacionais encerraram o mês de junho em US$369,4 bilhões, 1% mais baixas se comparadas ao fi nal de 2012.

No mercado acionário, o Índice da Bolsa de Valores de São Paulo (Ibovespa) apresentou trajetória declinante durante o primeiro semestre, encerrando o período com queda de 22,1% (gráfi co 1.2.4 – Índice Ibovespa). Esse resultado refl etiu a maior aversão a risco nos mercados fi nanceiros, sobretudo no segundo trimestre do ano. Ainda assim, o ingresso líquido de recursos de investidores estrangeiros na BM&FBovespa totalizou R$4,2 bilhões no período, infl uenciado pelo fl uxo positivo observado até abril.

Em síntese, o aumento da volatilidade nos mercados internacionais, particularmente no segundo trimestre, influenciou negativamente diversos indicadores domésticos, com elevação das taxas de juros, desvalorização do real frente ao dólar norte-americano e queda no mercado bursátil. Nesse cenário, o BCB iniciou novo ciclo de aumento da taxa de juros e adotou medidas para manter a liquidez e reduzir a volatilidade no mercado de câmbio, sem contudo ter reduzido o nível das reservas internacionais.

45 49 53 57 61 65 Jul 2012

Ago Set Out Nov Dez Jan 2013

Fev Mar Abr Mai Jun Pontos (mil)

Gráfico 1.2.4 – Índice Ibovespa

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