• Nenhum resultado encontrado

Acidentes de Trabalho Universidade Do Minho

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "Acidentes de Trabalho Universidade Do Minho"

Copied!
94
0
0

Texto

(1)

Introdução

1. INTRODUÇÃO

Ao longo dos anos, e independentemente do sector de actividade em questão, os trabalhadores foram, e continuam a ser, sistematicamente sujeitos a riscos nos mais diversos postos de trabalho. Estes, associados na maior parte dos casos à fadiga física, inexperiência ou ao próprio descuido do trabalhador, proporcionam a ocorrência de inúmeros acidentes de trabalho.

Com o advento da Revolução Industrial, em meados do século XVIII, os postos de trabalho foram, continuamente, sujeitos a diversas transformações, devido, sobretudo, à automatização dos processos de fabrico. Esta modernização, ocasionada pela introdução de máquinas na execução de trabalhos, provocou uma melhoria das condições laborais, na medida em que visava auxiliar os operários na execução das tarefas de índole física, traduzindo-se assim num menor esforço despendido pelos trabalhadores. Contudo, embora estas mudanças tenham contribuído para uma melhoria das condições de trabalho, devido à eliminação de alguns riscos, levaram ao aparecimento de novos e ao agravamento de outros já existentes.

Paradoxalmente, a mecanização dos postos de trabalho conduziu, também, a um maior esforço dos trabalhadores, em parte devido à necessidade de potenciar a sua eficiência nos processos de fabrico. O consequente aumento do tempo de laboração traduz-se, assim, numa maior exposição aos diferentes riscos. Este panorama tem vindo a agravar-se ao longo dos últimos anos devido às crescentes dificuldades económicas, particularmente no momento actual.

Segundo a Lei n.º 98, de 4 de Setembro de 2009, acidente de trabalho é “aquele que se verifica no local e no tempo de trabalho e produza directa ou indirectamente lesão corporal, perturbação funcional ou doença de que resulte redução na capacidade de trabalho ou de ganho ou a morte.”

A redução do número de acidentes de trabalho constitui uma das maiores preocupações quer das entidades governamentais, quer dos técnicos de Segurança e Saúde do Trabalho, dos Médicos do Trabalho e ainda da generalidade das entidades empregadoras.

A ocorrência destes acidentes acarreta diversas consequências, conforme se apresenta na figura 1.

(2)

Figura

Através da análise da figura

acidentes de trabalho contribui para um aumento do absentismo dos trabalhadores,

numa quebra de produtividade e na impossibilidade de cumprir os compromissos já lavrados com outros organismos. A suspensão dos trabalhos e os processos em tribunal são frequentes, sempre que as autoridades responsáveis pela supervisão das

negligência por parte da entidade empregadora, ou, muitas vezes, do próprio sinistrado. Em Portugal, a entidade responsável pela manutenção das condições propícias à execução das actividades laborais é a Autoridade

Todas estas ocorrências acarretam custos significativos, quer para o Estado quer para as entidades empregadoras, directa ou indirectamente. São os designados custos directos e indirectos.

Os custos directos ou, mais rigorosamente, os custos segurados, são assumidos pelas Companhias Seguradoras, a menos que fique provado que houve negligência ou dolo por parte entidade empregadora ou do sinistrado, e envolve os gastos com despesas médicas, int

Quebra de produtividade Absentismo dos trabalhadores Suspensão dos Trabalhos

Figura 1 – Consequências de um acidente de trabalho.

Através da análise da figura 1, verifica-se, a título de exemplo, que a ocorrência de acidentes de trabalho contribui para um aumento do absentismo dos trabalhadores,

numa quebra de produtividade e na impossibilidade de cumprir os compromissos já lavrados com outros organismos. A suspensão dos trabalhos e os processos em tribunal são frequentes, sempre que as autoridades responsáveis pela supervisão das condições de trabalho constatam que houve negligência por parte da entidade empregadora, ou, muitas vezes, do próprio sinistrado. Em Portugal, a entidade responsável pela manutenção das condições propícias à execução das actividades laborais é a Autoridade para as Condições do Trabalho, vulgarmente designada por ACT.

Todas estas ocorrências acarretam custos significativos, quer para o Estado quer para as entidades empregadoras, directa ou indirectamente. São os designados custos directos e indirectos.

stos directos ou, mais rigorosamente, os custos segurados, são assumidos pelas Companhias Seguradoras, a menos que fique provado que houve negligência ou dolo por parte entidade empregadora ou do sinistrado, e envolve os gastos com despesas médicas, int

Acidente de Trabalho Perda de serviços Atrasos nos compromissos Aplicação de sanções Indmenizações Processos em Tribunal Perda de reputação Quebra de produtividade Suspensão dos Trabalhos Introdução

se, a título de exemplo, que a ocorrência de acidentes de trabalho contribui para um aumento do absentismo dos trabalhadores, repercutindo-se numa quebra de produtividade e na impossibilidade de cumprir os compromissos já lavrados com outros organismos. A suspensão dos trabalhos e os processos em tribunal são frequentes, sempre condições de trabalho constatam que houve negligência por parte da entidade empregadora, ou, muitas vezes, do próprio sinistrado. Em Portugal, a entidade responsável pela manutenção das condições propícias à execução das para as Condições do Trabalho, vulgarmente designada por ACT. Todas estas ocorrências acarretam custos significativos, quer para o Estado quer para as entidades empregadoras, directa ou indirectamente. São os designados custos directos e indirectos.

stos directos ou, mais rigorosamente, os custos segurados, são assumidos pelas Companhias Seguradoras, a menos que fique provado que houve negligência ou dolo por parte da entidade empregadora ou do sinistrado, e envolve os gastos com despesas médicas, internamentos,

Aplicação de sanções

(3)

Introdução Relativamente aos custos indirectos, estes são assumidos, em regra, pelas entidades empregadoras. Comportam os gastos com a formação de um novo trabalhador, as despesas advenientes das quebras de produtividade, sanções, indmenizações, os custos de equipamentos envolvidos no acidente, o tempo despendido na análise do acidente, entre outros. Estes custos são sempre superiores aos custos directos. Na figura 2, apresenta-se a figura do “iceberg”, que serve para exemplificar a dimensão que cada um desses custos pode atingir.

Figura 2 – Representação esquemática dos custos directos e indirectos.

Assim, tendo em vista a redução do numero de ocorrências, as entidades empregadoras, em conjunto com os técnicos de Segurança e Higiene do Trabalho (SHT), delineam estragégias de prevenção de acidentes, através de acções de formação, bem como métodos de análise de maneira a identificarem e eliminarem as causas que contribuiram para a respectiva ocorrência.

Em síntese, o investimento em programas de segurança compensa, visto que a respectiva implementação conduz, geralmente, a um menor número de acidentes de trabalho. Contribui, também, para um aumento de produtividade e emprego de qualidade, originando assim um menor

Custos

Directos

Custos

Indirectos

(4)

Introdução absentismo dos trabalhadores, uma maior motivação no posto de trabalho e uma menor rotação dos mesmos.

1.1. Evolução da Sinistralidade Laboral em Portugal

A sinistralidade laboral em Portugal foi sempre uma fonte de preocupação para os profissionais de SHT. Embora a ocorrência de acidentes de trabalho, nos diferentes sectores de actividade, tenha sofrido um decréscimo ao longo dos anos, como se comprova através dos dados estatísticos elaborados pelo Gabinete de Estratégia e Planeamento (GEP) e pela Autoridade para as Condições do Trabalho (ACT), ainda existe um longo trabalho a ser levado a cabo.

As doenças profissionais devem-se, em grande parte, à deficiente formação da população trabalhadora e ao desconhecimento dos riscos a que estão expostas. Estes factores, conjugados com condições de trabalho, muitas vezes, precárias e turnos longos, contribuem para que o número de ocorrências seja, frequentemente, superior ao desejável.

Em Portugal, segundo o Decreto-Lei n.º 381/2007, de 14 de Novembro, que estabelece a Classificação Portuguesa de Actividades Económicas1, estas estão organizadas da seguinte forma:

A. Agricultura, produção animal, caça, floresta e pesca; B. Indústrias extractivas;

C. Indústrias transformadoras;

D. Electricidade, gás, vapor, água quente e fria e ar frio;

E. Captação, tratamento e distribuição de água; saneamento, gestão de resíduos e despoluição;

F. Construção;

G. Comércio por grosso e a retalho; reparação de veículos automóveis e motociclos; H. Transportes e armazenagem;

I. Alojamento, restauração e similares;

J. Actividades de Informação e de comunicação; K. Actividades financeiras e de seguros;

L. Actividades imobiliárias;

(5)

Introdução O. Administração Pública e defesa; segurança social obrigatória;

P. Educação;

Q. Actividades de saúde humana e apoio social;

R. Actividades artísticas, de espectáculos, desportivas e recreativas; S. Outras actividades de serviços;

T. Actividades das famílias empregadoras de pessoal doméstico e actividades de produção das famílias para uso próprio;

U. Actividades dos organismos internacionais e outras instituições extraterritoriais.

Deste modo, tendo em consideração a CAE – Rev. 3, e através da consulta de dados estatísticos fornecidos pela ACT, representados nas figuras 3 e 4, verifica-se que o sector da indústria da construção apresenta uma elevada taxa de frequência, comparativamente aos restantes sectores. Esta discrepância de valor para os outros sectores é devida, em grande parte, às precárias condições de trabalho, que conjugadas com o incremento do trabalho ilegal, devido à má conjuntura económica, origina uma maior percentagem de acidentes de trabalho.

Figura 3 – Acidentes de trabalho mortais por Sector de Actividade (Dados ACT, 2009). 0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 2006 2007 2008 Agricultura Indústria Transformadora Construção Comércio e Serviços Transportes e Armazenagem Administração Pública / Regional Outros sectores

(6)

Figura 4 – Acidentes de trabalho mortais

Relativamente à forma, e segundo a 10ª Conferência Internacional de Estatísticas do Trabalho (OIT2, 1962), os acidentes de trabalho podem ser agrupados nas diferentes categorias:

1. Queda de pessoa 2. Quedas de objectos;

3. Marcha sobre, choque contra ou pancada por objectos (com exclusão de quedas de objectos;

4. Entaladela num objecto ou entre objectos; 5. Esforços escessivos ou movimentos em falso;

6. Exposição a/ou contacto com temperaturas extremas; 7. Exposição a/ou contacto com a corrente eléctrica;

8. Exposição a/ou contacto com substâncias nocivas ou radiações;

9. Outras formas de acidentes não classificados noutra parte, incluindo os acidentes não classificados por falta de dados suficientes.

Tendo em conta a classificação proposta pel

6, constata-se que as quedas em altura apresentam valores elevados, sendo responsáveis por 30% Agricultura

Construção

Transportes e Armazenagem Outros sectores

Acidentes de trabalho mortais por Sector de Actividade, média 2006-2008 (Dados ACT, 2009)

Relativamente à forma, e segundo a 10ª Conferência Internacional de Estatísticas do , 1962), os acidentes de trabalho podem ser agrupados nas diferentes categorias: Queda de pessoas;

Quedas de objectos;

Marcha sobre, choque contra ou pancada por objectos (com exclusão de quedas de

Entaladela num objecto ou entre objectos; Esforços escessivos ou movimentos em falso;

Exposição a/ou contacto com temperaturas extremas; Exposição a/ou contacto com a corrente eléctrica;

Exposição a/ou contacto com substâncias nocivas ou radiações;

Outras formas de acidentes não classificados noutra parte, incluindo os acidentes não classificados por falta de dados suficientes.

nta a classificação proposta pela OIT, e procedendo á análise das figuras 5 e se que as quedas em altura apresentam valores elevados, sendo responsáveis por 30%

9% 23% 49% 9% 3% 2% 5% Indústria Transformadora Comércio e Serviços

Transportes e Armazenagem Administração Pública / Regional Outros sectores

Introdução

(Dados ACT, 2009).

Relativamente à forma, e segundo a 10ª Conferência Internacional de Estatísticas do , 1962), os acidentes de trabalho podem ser agrupados nas diferentes categorias:

Marcha sobre, choque contra ou pancada por objectos (com exclusão de quedas de

Outras formas de acidentes não classificados noutra parte, incluindo os acidentes não

, e procedendo á análise das figuras 5 e se que as quedas em altura apresentam valores elevados, sendo responsáveis por 30%

(7)

Figura 5 – Causas de acidentes de trabalho mortais (Dados

Figura 6 – Causas de acidentes de trabalho mortais

Tendo em atenção estes dados estatísticos, torna

de mais métodos de análise, de maneira a identificar e eliminar os factores responsáveis pela ocorrência dos acidentes em questão. Dever

através de acções de formação, elucidando sobre quais os riscos advenientes dos postos de

0 10 20 30 40 50 60 70 2006 5% 5% 5% 4% Esmagamento Atropelamento

Causas de acidentes de trabalho mortais (Dados ACT, 2009)

Causas de acidentes de trabalho mortais, média 2006-2008 (Dados ACT, 2009)

Tendo em atenção estes dados estatísticos, torna-se prioritário proceder ao desenvolvimento de mais métodos de análise, de maneira a identificar e eliminar os factores responsáveis pela ocorrência dos acidentes em questão. Dever-se-á investir mais na formação da força trabalhadora, através de acções de formação, elucidando sobre quais os riscos advenientes dos postos de

2007 2008

16%

30%

13% 22%

Queda em Altura Choque objectos Soterramento Electrocussão Máquinas Outras

Introdução

ACT, 2009).

(Dados ACT, 2009).

se prioritário proceder ao desenvolvimento de mais métodos de análise, de maneira a identificar e eliminar os factores responsáveis pela ção da força trabalhadora, através de acções de formação, elucidando sobre quais os riscos advenientes dos postos de

Esmagamento Queda em Altura Choque objectos Soterramento Atropelamento Electrocussão Máquinas Outras 30% Soterramento

(8)

Introdução trabalho a que estão afectos, bem como quais os melhores equipamentos de protecção, tanto individuais ou colectivos.

1.2. Organização do Trabalho e Conteúdos

No primeiro capítulo, apresenta-se um breve resumo sobre acidentes de trabalho, bem como as principais consequência deles resultantes. Procede-se também à análise da sinistralidade laboral em Portugal, relativamente aos sectores de actividade mais atingidos e aos acidentes mais comuns, bem como, ao modo de organização do trabalho.

No segundo capítulo são apresentados os objectivos a atingir com o presente trabalho. Ao longo do terceiro capítulo, faz-se uma breve descrição de alguns métodos de análise, aprofundando-se os métodos utilizados.

No quarto capítulo apresenta-se a metodologia utilizada para o trabalho de investigação. No quinto capítulo são apresentados os resultados obtidos, bem como uma respectiva discussão sobre os mesmos.

No sexto capítulo focam-se os principais meios de protecção para acidentes do tipo quedas em altura, bem como a legislação existente.

No sétimo capítulo são apresentadas as principais conclusões.

Finalmente, no oitavo capítulo são referenciadas algumas propostas de trabalhos a desenvolver no futuro.

(9)

Objectivos

2. OBJECTIVOS

A evolução da sinistralidade em Portugal tem sido, ao longo dos anos, um assunto de primordial importância para todos os elementos envolvidos na área da Segurança no Trabalho. Infelizmente, como se comprova através da análise dos dados (Ponto 1) fornecidos, anualmente, pelo Gabinete de Estratégia e Planeamento (GEP) e pela Autoridade para as Condições do Trabalho (ACT), as empresas ainda são muito fustigadas pela ocorrência de acidentes de trabalho. Estes, em grande parte, resultam do desconhecimento dos perigos a que os trabalhadores estão sujeitos nos respectivos postos de trabalho, mas também se devem, frequentemente, à existência de uma cultura de “deixa andar e depois vê-se”, em que se negligencia o perigo. Não se previne, remedeia-se, só se actua apenas quando acontecem acidentes graves.

O principal objectivo deste estudo, tendo em conta esta realidade, e de modo a tentar contribuir para a redução do número de ocorrências, prende-se com a identificação do panorama da sinistralidade laboral em Portugal, relativamente ao número de acidentes de trabalho do tipo quedas em altura.

A escolha dos acidentes do tipo quedas em altura prende-se não só com a elevada taxa de incidência dos mesmos, independentemente do sector de actividade, mas também com a respectiva gravidade, sendo um grande número deles mortais.

Tendo em atenção a prevenção e eliminação deste tipo de acidentes, proceder-se-á à:  Identificação do sector de actividade mais afectado, bem como o tipo de acidente mais

usual;

 Análise e identificação das causas mais usuais, ou seja, os factores que mais contribuem para a ocorrência de acidente do tipo quedas em altura, sintetizados numa árvore de falhas-tipo;

 Aplicação do método de Investigação “Estatísticas Europeias de Acidentes de Trabalho” (EEAT), efectuando-se depois uma comparação, relativamente à fiabilidade e aplicabilidade do método em relação ao preconizado pela Organização Internacional do Trabalho (OIT) em 1962;

(10)

Objectivos  Aplicação do método “Work Accidents Investigation Technique” (WAIT), comparando-o

com o EEAT;

 Identificação dos meios de prevenção, utilizados para prevenir a ocorrência de acidentes do tipo quedas em altura, bem com a legislação que regulamenta os mesmos.

Relativamente à inovação, este trabalho visa sobretudo a aplicação do método EEAT, visto que se trata de um método recente em que a principal inovação se prende com a uniformização dos dados estatísticos em todos os países da União Europeia. Este trabalho permite também uma identificação dos acontecimentos mais comuns que contribuem para a ocorrência deste tipo de acidentes, permitindo-nos tirar ilações sobre quais os melhores meios a utilizar na prevenção dos mesmos.

(11)

Revisão Bibliográfica

3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

3.1. Métodos de Análise de Acidentes

A análise dos acidentes de trabalho, independentemente do sector de actividade em estudo, é um assunto que tem sido debatido ao longo dos anos. Desde o início da Revolução Industrial, responsável pelo progresso tecnológico, assistiu-se a uma crescente mecanização dos postos de trabalho, contribuindo-se assim para uma maior probabilidade de ocorrência de acidentes.

Tendo em consideração a elevada ocorrência de acidentes de trabalho, vários investigadores têm formulado técnicas de análise, com o objectivo de fornecerem soluções que conduzam a uma redução do número daqueles acidentes.

A existência de técnicas de análise é de primordial importância para a prevenção de acidentes. Uma técnica bem formulada fornece-nos indicação sobre o que contribuiu para o acidente, ou seja, os meios humanos e materiais envolvidos, bem como indicações sobre aspectos que podem ser melhorados, de modo a evitarem-se situações semelhantes no futuro.

Quanto melhor o nosso conhecimento sobre o acidente, melhor será o nosso poder de tomar decisões. Segundo Bob Firenze, citado por Heinrich, Peterson e Roos (1980, p. 51), as pessoas necessitam de informação para fundamentarem as suas decisões. Quanto melhor for a informação, melhor será a capacidade para prever e eliminar o risco, ao passo que uma informação deficiente aumenta a probabilidade de decisões erradas, com o consequente aumento desse mesmo risco.

Segundo Vesely, Goldberg, Roberts e Haasl (1981), Katsakiori, Sakellaropoulos, Manatakis, Athanassiou e Goutsos (2008), Katsakiori, Sakellaropoulos e Manatakis (2009) e Pinto, Nunes e Ribeiro (2011), dependendo do tipo de estudo que se deseja efectuar, ou seja, se a informação obtida é qualitativa ou quantitativa, os seguintes métodos podem ser empregues:

 Control change cause analysis (3CA);

 Accident Evolution and Barrier function (AEB);  Analytical Hierarchical Process (AHP);

(12)

Revisão Bibliográfica  Causal tree method (CTM ou INRS method);

 Cognitive reliability and error analysis method (CREAM);  Energy analysis (EA);

 Event Tree Analysis;

 Fault Hazard Analysis (FHA);

 Failure mode and effect analysis (FMEA);

 Failure mode effect and criticality analysis (FMECA);  Fault tree analysis (FTA);

 Hazard and operability studies (HAZOP);  Health and Safety Executive (HSG245);

 Integrated safety investigation methodology (ISIM)  International safety rating system (ISRS);

 Management oversight and risk tree (MORT);  Multilinear events sequencing (MES);

 Norske Statesbaner (NSB);

 Occupational Accident Research Unit (OARU);  Preliminary hazard analysis (PHA);

 Systematic cause analysis technique (SCAT);

 Safety culture hazard and operability study (SCHAZOP);  Safety health and environment audit (SHE);

 Sequentially timed events plotting (STEP);

 Technique for human error rate prediction (THERP);  TRIPOD;

 Work accidents investigation technique (WAIT).

Os métodos de análise descritos anteriormente podem ser indutivos ou dedutivos. Segundo Vesely et al. (1981), os métodos indutivos baseiam-se num determinado acontecimento, tentando-se determinar as contentando-sequências num sistema, ao passo que os métodos dedutivos procuram determinar as causas que contribuíram para um determinado acontecimento. Ou seja, enquanto o método dedutivo se baseia na identificação de todos os elementos que contribuíram para a ocorrência do acidente, o método indutivo, através da definição de um acontecimento (por exemplo,

(13)

Revisão Bibliográfica Os métodos Preliminary Hazards Analysis (PHA), Failure Mode and Effect Analysis (FMEA), Failure Mode Effect and Critically Analysis (FMECA), Fault Hazard Analysis (FHA) e Event Tree Analysis são exemplos de métodos indutivos, ao passo que o Fault Tree Analysis é um exemplo de um método dedutivo.

Para a realização deste trabalho de investigação, tendo como objectivo a prevenção e diminuição da ocorrência de acidentes, os métodos escolhidos foram:

 Pirâmide de Acidentes;  Árvore de Falhas (ou Causas);

 Estatísticas Europeias de Acidentes de Trabalho (Causas e Circunstâncias);  Análise de Acidentes de Trabalho – Método de Investigação WAIT.

3.2. Pirâmide de Acidentes

A metodologia “Pirâmide de Acidentes” é uma técnica de análise de acidentes de trabalho utilizada desde o início do século XX. Ao longo dos anos, inúmeros autores estudaram esta metodologia de investigação, validando os estudos efectuados anteriormente ou acrescentando algo de novo, tendo como objectivo torná-la mais fiável.

A introdução desta técnica foi um conceito revolucionário porque, ao contrário dos programas de segurança, que apenas identificavam os problemas nas organizações aquando da ocorrência de acidentes graves ou fatais, a pirâmide de acidentes procede à análise de todos os patamares, focando a eliminação de causas que possam contribuir para a ocorrência de lesões. Infelizmente, esta técnica, ao longo dos anos, introduziu erradamente a ideia de que actuando-se sobre os patamares inferiores da pirâmide (acidentes sem lesão, quase-acidentes), se conseguiria reduzir os níveis superiores, originando-se assim uma diminuição do número de acidentes graves e mortais (Gabinete de Estratégia e Planeamento [GEP] & Ministério do Trabalho e da Solidariedade Social [MTSS], 2007)3.

É facto aceite, entre todos os investigadores, que o percursor desta técnica é Herbert William Heinrich. Em 1931, este autor introduziu, pela primeira vez, o levantamento de lesões (eventualmente com dano à propriedade), alargando, assim, o conceito de acidente (Miguel, 2010). Embora Heinrich seja considerado o fundador, inúmeros autores deram o seu contributo para o

3Elaborado pelo Grupo de Segurança, Fiabilidade de Manutenção da Universidade de Engenharia e Tecnologia Naval (UETN), sob a coordenação do GEP.

(14)

Revisão Bibliográfica aperfeiçoamento desta técnica, nomeadamente, Frank Bird Jr. (1996), J. Fletcher (1970) e Skiba (1979).

Os estudos elaborados por estes autores, contribuíram para novas definições de novos patamares da pirâmide de acidente, representadas nas figuras 7, 8, 9 e 10, apresentando assim uma maior distinção entre os vários tipos de lesões existentes.

Figura 7 – Pirâmide de acidentes, segundo Heinrich (reproduzido de Miguel, 2010).

Figura 8 – Pirâmide de acidentes, segundo Frank Bird Jr. (reproduzido de Miguel, 2010).

Figura 9 – Pirâmide de acidentes, segundo Skiba (reproduzido de Miguel, 2010).

Lesão incapacitante

Lesões não incapacitantes

Acidentes sem lesão

1

29

300

Lesão incapacitante

Lesões não incapacitantes

Acidentes com dano à propriedade

(sem lesão)

100

500

1

Acidente mortal

Acidentes com mais de 3 dias de baixa

Acidentes com 1, 2 ou 3 dias de baixa

Acidentes sem baixa

(com o dia do acidente perdido)

Acidentes só com primeiros socorros

Quase acidentes

714

150

286

5571

1

> 60000

(estimado)

(15)

Revisão Bibliográfica

Figura 10 – Exemplificação de uma pirâmide de acidentes (reproduzido de GEP & MTSS, 2007)

A pirâmide de acidentes centra-se essencialmente em dois objectivos: na prevenção, actuando nos patamares inferiores da pirâmide e no cálculo dos custos dos acidentes (GEP & MTSS, 2007).

Actualmente, a pirâmide centra-se numa análise de comportamentos de risco, verificando-se que, verificando-se houver uma menor incidência desverificando-ses comportamentos, a probabilidade de ocorrerem acidentes também sofre uma redução. Fornece-nos, igualmente, uma base de comparação entre os diversos sectores de actividade, indicando quais os sectores que possuem maior apetência para a ocorrência de acidentes graves e mortais.

A pirâmide de acidentes, tendo em consideração os diversos patamares, proporciona uma melhor compreensão sobre se as medidas de prevenção aplicadas estão a surtir os efeitos desejados, ou seja, se estão a prever, conter e eliminar os acidentes de trabalho.

Segundo Todd Conklin (2007), os quase acidentes são os que fornecem melhores dados para se testar a fiabilidade de um sistema.

Os quase acidentes são importantes na definição das medidas a aplicar. Conhecendo-se quais as medidas necessárias e os respectivos locais para implementação, consegue-se uma redução do respectivo número.

Todd Conklin (2007) considera que o conhecimento das medidas a aplicar, bem como dos locais onde são necessárias, leva-nos a reconhecer que todos os erros são possiveis de prever e prevenir, impedindo que contribuam para a ocorrência de acidentes.

Embora a afirmação anterior possua alguma veracidade, não pode ser proferida com 100% de confiança. Independentemente do acidente, é praticamente impossível ocorrer outro igual, visto que a probabilidade de acontecer da mesma forma, com o mesmo interveniente, é praticamente nula. A ocorrência de acidentes, através da análise efectuada, permite-nos melhorar o Plano de

Mortais

+ Seis meses de baixa

Três a seis meses de baixa

Até três meses de baixa

Acidentes sem baixa

(16)

Revisão Bibliográfica Segurança e Saúde (PSS) na Construção, através da introdução de equipamentos que vão permitir eliminar, ou melhor, diminuir a gravidade do acidente ocorrido.

Contudo, embora a pirâmide de acidentes forneça informações sobre os sectores mais críticos, e sobre quais as medidas de prevenção a adoptar, possui ainda algumas limitações (Hale, 2001, citado por GEP & MTSS, 2007; Jacinto & Silva, 2009).

3.3. Árvore de Falhas (Causas)

A árvore de falhas (ou causas), é uma técnica de investigação muito utilizada para identificar as áreas críticas, embora, frequentemente, ocultas, de um sistema (Miguel, 2010). Esta técnica de investigação foi desenvolvida por H. A. Watson, em 1962.

Inicialmente aplicada na NASA, para auxiliar no desenvolvimento de naves espaciais, expandiu-se rapidamente, embora com algumas limitações, para outros sectores de actividade. De entre esses sectores de actividade, destacam-se a indústria nuclear, aeronáutica, química e a automação (Ericson, 1999b).

Esta ferramenta de análise, através da fragmentação dos acontecimentos de um dado sistema físico, permite criar uma sequência visual do acontecimento, transmitindo assim informações sobre qual o caminho crítico, e quais as áreas a ser rectificadas.

A árvore de falhas foi, ao longo dos anos, e independentemente da área, objecto de inúmeros estudos. Segundo Ericson (1999b), os autores que contribuíram para o desenvolvimento da técnica, tendo em consideração os trabalhos publicados, são: H. Watson, A. Mearns, Dave Haasl, Robert Schroeder, William Vesely (1988, 1994), Jerry Fussel (1981, 1994), Howard Lambert (1983 e 1996), Dick Worrel, Randall Willie, Ernst Henley (1995, 1996) e John Andrews (1998a, 1998b).

A árvore de falhas tem inúmeras aplicações, ou seja, permite-nos proceder à análise de acidentes ou incidentes, à elaboração de diagramas visuais que forneçam indicação das causas-consequências, da certificação do produto ou identificação dos componentes críticos do sistema.

É um método de análise dedutivo, já que através de um determinado acontecimento (acidente), determina as causas que contribuiram para esse mesmo acontecimento (Vesely et al., 1981).

(17)

Revisão Bibliográfica 1981). Cada árvore apenas fornece informações sobre o acidente estudado, ou seja, identifica as causas que contribuiram para uma determinada ocorrência, e apenas para essa. Para obter esclarecimentos sobre outros acontecimentos, é necessário proceder à elaboração de uma nova árvore.

Segundo Vesely et al. (1981) e Xiang, Ogata e Futatsugi (2005), a árvore de falhas é um método qualitativo, procedendo à identificação de todas as causas possiveis, até se obterem apenas acontecimentos básicos.

Contudo, possuiu também a vantagem de poder ser utilizado como método quantitativo, fornecendo indicação sobre a probabilidade de cada causa ocorrer.

Um dos principais motivos para a árvore de falhas ser tão utilizada ao longo dos anos, é que para além de permitir uma fácil interpretação do sistema (análise do acidente) é, também, de fácil compreensão (Andrews & Dugan, 1999; Gulati & Dugan, 1997).

Como mencionado anteriormente, a árvore de falhas foi objecto de inúmeros estudos. Procedeu-se à criação de métodos como o Failure Mode and Effects Analysis (FMEA), complementar da árvore de causas, o DIFTree ou o Markov Analysis (MA).

O DIFTree é uma ferramenta utilizada na análise de árvores de falhas, estáticas ou dinâmicas. Nas estáticas usa o Binary Decision Diagram (BDD), enquanto que nas dinâmicas utiliza o Markov Chain (Gulati & Dugan, 1997).

Andrews e Ericson (2000), procederam a um estudo, comparando o método da árvore de falhas com o método Markov Analysis. A finalidade era verificar qual dos métodos era melhor, ou seja, qual o mais preciso, completo e que fornecia melhor informação.

Segundo estudos realizados, comprovou-se que o método da árvore de falhas é superior ao de Markov. Permite uma classificação dos acontecimentos indesejados muito mais detalhada, além de apresentar resultados semelhantes ao fornecidos pelo método Markov.

Uma das desvantagens, relativamente ao método Markov, é que quando nos encontramos perante um sistema complexo (cadeia longa de sequências), o método Markov fornecia informação mais detalhada. Andrews e Ericson (2000) afirmaram, contudo, que os resultados fornecidos pela árvore de falhas são semelhantes aos fornecidos pelo méodo Markov.

A árvore de falhas, embora seja considerada fácil de aplicar, na realidade, para se obter uma correcta compreensão e construção, o analista tanto deve possuir as necessárias competências como ser capaz de conduzir a análise (Wagnenaar & Van der Schrier, 1997, citado por Katsakiori et al., 2008).

(18)

Revisão Bibliográfica A árvore de falhas, segundo Pandley (n.d.), Ericson, (2000), McDonald, Musson e Smith (2008), Katsakiori et al. (2009), possuiu vantagens e desvantagens, nomeadamente:

 Vantagens:

 Fácil de entender e aplicar;

 Permite a representação esquemática de sistemas complexos;

 O conhecimento e identificação das causas pode contribuir para a criação de medidas preventivas;

 Identifica as áreas de acção, ou seja, onde exista a probabilidade de ocorrerem acidentes.

 Desvantagens:

 A identificação de todas as causas que contribuem para o acidente é de dificil obtenção;

 A construção da árvore de falhas é um processo moroso, desencorajando a participação;

 O modelo é mais eficaz quando realizado em equipa;

 Não fornece indicação sobre a recolha de informação necessária;

 Embora ajude na criação de medidas preventivas, não cria especificamente recomendações;

 É necessária a particapação de analistas com conhecimentos específicos;

 Árvores de falhas complexas são de dificil análise sem o auxílio de programas específicos;

Tendo em consideração estes aspectos, ao longo dos anos e devido à complexidade de sistemas, sentiu-se a necessidade de auxiiar os analistas na análise das árvores de falhas (Ericson, 1997). Procedeu-se, assim, à criação de códigos de computador, e mais tarde, a programas de análise.

Segundo Vesely et al. (1981), os códigos e programas de computador podem ser variados, consoante se trata de uma análise qualitativa, quantitativa, ou outra. Relativamente a códigos, podemos referir:

 Codes for Qualitative Analysis (PREP, ELRAFT, MOCUS, TREEL, MICSUP, ALLCUTS, SETS e FTAP);

(19)

Revisão Bibliográfica  Direct Evaluation Codes (ARMM, SAFTE, GO, NOTED, PATREC, PATREC-MC, BAM,

WAM-BAM e WAMCUT);

 A Dual-Purpose Code (PL-MOD);

 Common Cause Failure Analysis Codes (COMCAN, BACKFIRE, SETS).

Como programas de computador, podemos referir o Galileo. Segundo Coppit e Sullivan (2000), o Galileo possuiu um grande potencial, mas a sua utilização acarreta um elevado nível de risco.

Embora a utilização de programas auxilie na resolução de sistemas, a sua aplicação não resolve todos os problemas. Long (1999) afirma que um bom programa de software é caro, e não resolve os problemas, visto que não existe um programa ideal. Apenas uma combinação de vários programas consegue resolver os diversos problemas.

3.4. Estatísticas Europeias de Acidentes de Trabalho

A segurança e saúde do trabalho é uma área de extrema importância para os Estados-Membros da União Europeia (UE), visto que, melhores condições de trabalho, acarretam uma menor probabilidade de ocorrência de acidentes.

A UE, tendo em linha de conta a legislação existente nos vários Estados-Membros, começou por elaborar um método de análise, que, para além de criar uma base de dados harmonizada, permitiu identificar as causas e circunstâncias dos acidentes de trabalho, sendo, assim, possível delinear e traçar medidas adequadas de prevenção. O método proposto pela UE foi o método EEAT (Estatísticas Europeias de Acidentes de Trabalho) (Eurostat, 2001).

O método EEAT, visto ser uma metodologia em fase de implantação, foi fragmentado em várias fases. As Fases I e II do método EEAT começaram a ser implementadas em 1993 e 1996. Na Fase I foram abrangidas as variáveis referentes à identificação da actividade económica do empregador, profissão, idade e sexo do sinistrado, ao tipo de lesão e parte do corpo atingida, bem como localização geográfica, e à data e hora do acidente. A Fase II complementa estas primeiras informações, dando indicação do tamanho da empresa, nacionalidade da vítima, situação profissional, bem como as consequências do acidente em termos de dias perdidos, incapacidade permanente ou falecimento na sequência do acidente (European Commission, 2009).

A Fase III do método EEAT, implementada a partir de 2001, engloba novas variáveis e harmoniza as classificações das causas e circunstâncias dos acidentes de trabalho, permitindo

(20)

Revisão Bibliográfica assim definir claramente o acidente, fornecendo os resultados a partir dos quais se definem as políticas de prevenção.

As variáveis definidas na metodologia EEAT são:  Caracterizar o sinistrado:  Sexo;  Idade;  Situação profissional;  Profissão;  Nacionalidade.  Caracterizar o empregador:

 Actividade económica do empregador;  Dimensão da empresa;

 Unidade local da empresa.  Caracterizar o acidente:  Localização geográfica;  Data;  Hora do acidente.  Caracterizar as consequências:  Tipo de lesão;

 Parte do corpo atingida;  Dias de trabalho perdidos.

 Variáveis estabelecidas para complementar a informação relativa às causas e circunstâncias:

 Posto de trabalho  Tipo de local;  Tipo de trabalho;

 Contacto – Modalidade da lesão;

 Agente material do Contacto – Modalidade da lesão;  Desvio;

(21)

Revisão Bibliográfica

Embora esta metodologia já tenha sido desenvolvida há algum tempo, os trabalhos envolvendo este método são ainda escassos, permitindo-nos assim uma grande área de investigação. Dos vários trabalhos consultados, para além do elaborado pela UE (Causes and Circumstances of accidents at work in the EU, 2009), podem-se destacar:

 “Causas e Circunstâncias dos Acidentes de Trabalho em Portugal: Alguns factores determinantes dos acidentes de trabalho nos sectores económicos com maior densidade de emprego e maior incidência” (GEP & MTSS, 2007);

 “Acidentes de trabalho com máquinas: consequências da adopção e implementação de legislação comunitária relativa à integração de segurança na concepção de máquinas e a utilização de equipamentos de trabalho” (Gomes, E., 2008);

 “Análise estatística da sinistralidade laboral em dois sectores de actividade” (Salgueiro, S., 2009);

 “Análisis Cualitativo de la mortalidad por Accidente de Trabajo en España (2005-2007)” (Instituto Nacional de Seguridad e Higiene en el Trabajo, 2008);

 Health and safety at work in Europe (1999-2007) – A statistical portrait (Eurostat & Directorate-General for Employment Social Affairs and Inclusion, 2010);

 “European Statistics on Accidents at Work (ESAW): Methodology (2001 Edition)” (Eurostat, 2001);

 “A survey on occupational accidents’ reporting and registration systems in the European Union” (Jacinto & Aspinwall, 2004a);

 “Accidents at work during temporary agency work in Finland – Comparisons between certain major industries and other industries” (Hintikka, 2010);

 “Constructing “core stories” for contributing practical safety actions in industrial units” (Rajala & Väyrynen, 2010);

 “Manual para la Investigación de Accidentes Laborales (2.ª Edición)” (Bengoetxea, Garbizu, Casal, & Grupo CIE AUTOMOTIVE, 2005);

 “Causes and circumstances of accidents at work in the EU” (European Commission, Directorate-General for Employment, Social Affairs and Equal Opportunities, 2009);  “European Health and Safety at Work Statistics” (Eurostat, 2000).

(22)

Revisão Bibliográfica O trabalho, “Causas e Circunstâncias dos Acidentes de Trabalho em Portugal” (GEP & MTSS, 2007), centrou-se numa análise das causas que contribuem para a ocorrência de acidentes (causa-efeito) em quatro sectores:

 Pescas;

 Indústrias Extractivas;  Indústrias Transformadoras:

 Indústria Alimentar, Bebidas e Tabaco;

 Indústria Metalúrgica de Base e Produtos Metálicos.  Construção.

Este trabalho centrou-se inicialmente na definição de um acidente típico. Acidente típico, segundo os autores, é entendido como o tipo de acidente mais frequente, ou seja, o acidente mais provável em cada sector de actividade distinto. É explicado por algumas variáveis definidas no EEAT (Eurostat, 2001), nomeadamente o sexo e idade do sinistrado, o contacto – modalidade de lesão, o agente material responsável pelo acidente, o desvio, o tipo de lesão e parte do corpo atingida, permitindo assim identificar-se rapidamente a pessoa sinistrada e as consequências advenientes desse acidente (GEP & MTSS, 2007).

Convém referir que devido ao estudo efectuado, tendo em vista a definição das medidas de prevenção mais adequadas, muitas variáveis do método EEAT foram ignoradas, sendo apenas utilizadas as variáveis: tipo de local; desvio; contacto – modalidade de lesão e agente material do contacto.

Este trabalho centrou-se na análise estatística de duas variáveis, desvio e contacto, para os acidentes mortais e não-mortais. Esta análise, obtida através do coeficiente R, utilizado por Chauvin e Le Bouar, permite verificar o grau de dependência entre variáveis. Estes resultados, ou seja, a demonstração das relações de dependência, são particularmente úteis para justificar certas medidas e prioridades de intervenção (GEP & MTSS, 2007).

O trabalho, “Análise estatística da sinistralidade laboral em dois sectores de actividade” (Salgueiro, 2009), baseado no trabalho “Causas e Circunstâncias dos Acidentes de Trabalho em Portugal” (GEP & MTSS, 2007), apresenta algumas diferenças, nomeadamente na realização de

(23)

Revisão Bibliográfica inicialmente através do coeficiente de R, e depois através da aplicação do coeficiente de Phi (φ). A aplicação do coeficiente Phi (φ), embora seja um processo mais difícil e moroso que o coeficiente R, confere maior liberdade na escolha do limites da “força” das relações (Salgueiro, 2009). Finalmente, verificou-se a relação entre os acidentes envolvendo pessoas novas e mais idosas.

Rajala e Väyrynen (2010), no trabalho “Constructing ‘core stories’ for contributing practival safety actions in industrial units”, através da aplicação do método Chain Analysis, desenvolvido por Klen e Väyrynen, e com os dados obtidos através da aplicação de três variáveis do método EEAT (Actividade física específica, desvio e contacto – modalidade de lesão), procederam à identificação das relações entre as variáveis estudadas. Este estudo, semelhante ao elaborado pelo GEP e MTSS (2007), permitiu aos autores afirmar que embora o método EEAT seja útil e prático, ainda é necessário proceder à introdução de descrições de acidentes mais explícitas.

Jacinto e Aspinwall (2004a), bem como o Eurostat (2001), identificaram que o principal problema do método EEAT está centrado na inclusão dos diversos tipos de acidente, e nos dados recolhidos, visto existirem diversos métodos de recolha nos vários Estados-Membros.

Através da análise efectuada até ao momento presente, pode concluir-se que o método EEAT traz vantagens, mas, também desvantagens. Embora o EEAT permita conhecer o acidente com mais profundidade, permitindo assim identificar quais serão as melhores medidas de prevenção a aplicar, possui a desvantagem de para ser totalmente implementado, exigir maiores recursos humanos e financeiros para se proceder à investigação, além de que será necessário proceder à alteração dos registos de acidentes, à notificação dos empregadores e respectivas seguradoras, acarretando custos que muitos países, certamente, não terão interesse em suportar (Jacinto & Aspinwall, 2004a).

3.5. Método de Investigação WAIT

O método de investigação WAIT, iniciado em 2003, é uma técnica de análise de acidentes de trabalho proposta por Jacinto e Aspinwall. Este método surgiu devido ao desejo formulado por diversos especialistas na área do estudo dos acidentes, de englobar na sua metodologia de análise algumas das variáveis utilizadas no método EEAT (Eurostat, 2001), bem como o método da árvore de falhas, não através da representação em diagramas, mas sim, através de tabelas (Jacinto e Aspinwall, 2003).

(24)

Revisão Bibliográfica Visto este método ser ainda recente, estando em constante actualização (vai passar a ser designado por Registo, Investigação e Análise de Acidentes de Trabalho (RIAAT)), existem poucos trabalhos de investigação. Para além de livros que explicam o modo de aplicação do método, os trabalhos encontrados foram:

 WAIT (Part I) - Work Accidents Investigation Technique (WAIT) (Jacinto & Aspinwall, 2003);

 WAIT (Part II) - Results of Application in Real Accidents (Jacinto & Aspinwall, 2004b);  WAIT (Part III) - Preliminary Validation Studies (Jacinto & Aspinwall, 2004c);

 Causes of occupational accidents in the fishing sector in Portugal (Antão, Almeida, Jacinto & Guedes Soares, 2007);

 Incorporating Labour Inspectors' Requirements Into An Accident Investigation Method (Katsakiori, Sakellaropoulos, Manatakis, Athanassiou, Goutsos, 2008);

 Towards an evaluation of accident investigation methods in terms of their alignment with accident causation models (Katsakiori, Sakellaropoulos & Manatakis, 2009);  Workplace and organisational factors in accident analysis within the Food Industry

(Jacinto, Canoa & Guedes Soares, 2008);

 Acidentes de trabalho com máquinas: consequências da adopção e implementação de legislação comunitária relativa à integração de segurança na concepção de máquinas e a utilização de equipamentos de trabalho (Gomes, 2008).

A técnica de investigação WAIT, dividida em duas fases, é baseada no modelo de ”acidentes organizacionais”, proposto por Reason em 1997, e na “análise do erro humano”, proposto por Hollnagel, em 1998.

O modelo proposto por Reason, representado na figura 11, abrange a análise de três níveis distintos, nomeadamente a organização, o espaço de trabalho e a pessoa. Segundo Jacinto e Aspinwall (2003), o método tanto pode ser usado para explicar o modo como ocorreu o acidente, e também, como ferramenta de análise. Seguindo as setas pretas, procede-se à identificação da forma de ocorrência do acidente, enquanto seguindo as setas brancas se procede à investigação do mesmo.

(25)

Revisão Bibliográfica

Figura 11 – Modelo de “Acidentes Organizacionais” (adaptado de Jacinto, 2007).

O método de investigação WAIT, como se mencionou anteriormente, é dividido em duas fases. Na 1.ª fase, designada por análise simplificada, identificam-se as falhas activas e os factores que influenciararam a ocorrência do acidente, enquanto que a 2.ª fase (análise detalhada), fornece às empresas uma ferramenta para identificar as oportunidades de melhoria nos Sistemas de Gestão de Segurança e Saúde do Trabalho.

O trabalho elaborado por Gomes (2008), centrado numa análise de acidentes devido à presença de máquinas, permitiu relacionar os resultados obtidos, com os métodos EEAT e WAIT (retirados dos relatórios consultados na ACT), com a legislação em vigor no ano de realização do projecto (2008). Através desta relação, procedeu-se ao estudo da eficácia, enquanto medida preventiva, da implementação de legislação comunitária, legislação essa referente a máquinas e equipamentos de trabalho.

Katsakiori et al. (2008; 2009) procederam ao estudo de diversos métodos de análise. O objectivo era relacioná-los com as suas bases teóricas, e verificar a aplicabilidade e a informação retirada através de cada método, de modo a indicar qual os melhores a serem aplicados, em função, evidentemente, do tipo de estudo pretendido.

Segundo Katsakiori et al. (2008; 2009) o método de investigação WAIT apresenta vantagens relativamente ao FTA, MORT, AEB, SCAT, TRIPOD e 3CA porque permite a identificação de melhorias a serem introduzidas no sistema, tal como o método HSG245.

Unsafe

Local workplace factors

Organisational factors

Causation Investigation

Defences - safety barriers

Danger Hazards Losses Latent condition pathways The main elements of an accident

The whole system producing the accident

(26)

Revisão Bibliográfica O FTA e 3CA, mais concretamente, não possuem esta função, apenas nos fornecem a indicação de qual a zona onde ocorreu o acidente, ou seja, identificam a área responsável pelo desenvolvimento que contribuiu para a ocorrência do acidente.

O método de investigação WAIT, criado por Jacinto e Aspinwall em 2003, é um método que direcciona os investigadores para a descoberta dos aspectos positivos em cada um dos acidentes que analisam, ou seja, cada acidente pode ser visto também como uma oportunidade de melhoria dos sistemas de segurança (Jacinto & Aspinwall, 2003).

Segundo Jacinto e Aspinwall, pode ser utilizado em vários tipos de acidentes, quer se trate de acidentes simples, quer complexos, sendo, no entanto, mais propício para aplicação em ambientes industriais.

Para a verificação da fiabilidade e aplicabilidade do método, efectuou-se um estudo em que os diversos utilizadores consideraram que, embora interessante e relativamente fácil de aplicar, possuía a desvantagem de ser necessário um grande dispêndio de tempo para se efectuar a codificação da informação, designadamente através das variáveis preconizadas no método proposto pelo Eurostat (Jacinto & Aspinwall, 2003; Jacinto & Aspinwall, 2004b).

Segundo Jacinto e Aspinwall (2004b) o método de investigação WAIT é um método de análise retrospectivo. Ou seja, tendo em atenção o tipo de acidente a estudar, o WAIT identifica todos os acontecimentos relevantes que contribuíram para a ocorrência do mesmo, de modo a poder aplicar-se o método em questão.

Embora este método apresente, também, vantagens, como qualquer outro método de análise, possuiu inúmeras desvantagens. Jacinto e Aspinwall (2004c) identificaram-nas, consoante as indicações retiradas do estudo efectuado.

Concluíram que o método possuiu a vantagem de identificar as falhas de gestão e organização das empresas, e direcciona os analistas para efectuarem revisões nos Planos de Segurança e Saúde (PSS). O uso do questionário-padrão, segundo os utilizadores, é considerado útil na recolha de informação.

Como desvantagens, apresenta o inconveniente de requerer longas horas de treino (são recomendadas 3-4 horas), não ser apropriado para pessoas que laborem sozinhas e não fornecerem indicação sobre quais as falhas activas a serem incluídas na análise do acidente.

(27)

Metodologia de Investigação

4. METODOLOGIA DE INVESTIGAÇÃO

Os acidentes de trabalho contribuem para a ocorrência de um elevado número de mortes, independentemente do país em estudo. Assim, pretendeu-se delinear uma estratégia de investigação, tendo como principal objectivo a definição da amostra a ser estudada, bem como os métodos de análise a serem empregues.

4.1. Selecção e definição da amostra

Segundo o Decreto-Lei n.º 381/2007, de 14 de Novembro, as actividades económicas em Portugal estão agrupadas nos seguintes sectores:

A. Agricultura, produção animal, caça, floresta e pesca; B. Indústrias extractivas;

C. Indústrias transformadoras;

D. Electricidade, gás, vapor, água quente e fria e ar frio;

E. Captação, tratamento e distribuição de água; saneamento, gestão de resíduos e despoluição;

F. Construção;

G. Comércio por grosso e a retalho; reparação de veículos automóveis e motociclos; H. Transportes e armazenagem;

I. Alojamento, restauração e similares;

J. Actividades de informação e de comunicação; K. Actividades financeiras e de seguros;

L. Actividades imobiliárias;

M. Actividades de consultoria, científicas, técnicas e similares; N. Actividades administrativas e dos serviços de apoio;

O. Administração Pública e defesa; segurança social obrigatória; P. Educação;

(28)

Metodologia de Investigação Q. Actividades de saúde humana e apoio social;

R. Actividades artísticas, de espectáculos, desportivas e recreativas; S. Outras actividades de serviços;

T. Actividades das famílias empregadoras de pessoal doméstico e actividades de produção das famílias para uso próprio;

U. Actividades dos organismos internacionais e outras instituições extraterritoriais.

Assim, para a definição do sector a ser estudado e tendo em atenção o decreto-lei anteriormente mencionado, procedeu-se a uma análise do número de ocorrências por sector de actividade. Esta permitiu concluir que os dois principais sectores de actividade mais propensos a ocorrências de acidentes de trabalho são o sector das Indústrias Transformadoras e o da Construção, como se comprova pela figura 12.

Esta análise foi possível através dos dados fornecidos pelo Gabinete de Estratégia e Planeanento (GEP) e pela Autoridade para as Condições do Trabalho (ACT).

(29)

Metodologia de Investigação quedas em altura, por ser, geralmente, o mais frequente e o que provoca lesões mais graves (Figura 13).

Figura 13 – Causas de acidentes de trabalho mortais (reproduzido da ACT, 2011).

Para este estudo e, visando os objectivos propostos, nomeadamente a identificação do sector mais atingido, de quais os factores que contribuem para a ocorrência dos tipos de acidente mais frequentes, bem como das medidas de prevenção a adoptar, procedou-se à aplicação dos seguintes métodos:

 Pirâmide de Acidentes;  Árvore de Falhas (ou Causas);

 Estatísticas Europeias de Acidentes de Trabalho (Causas e Circunstâncias);  Método de Investigação WAIT.

Os dados utilizados na realização do trabalho de investigação foram obtidos através de organismos governamentais, porquanto recebem informação das várias empresas portuguesas em actividade e proporcionam assim um leque de dados fiáveis e mais alargado.

Assim, para a construção da pirâmide de acidentes, tendo em atenção a identificação do sector mais atingido, bem como do tipo de acidente mais usual, optou-se por proceder à recolha dos dados fornecidos pelo GEP. Estes dados são recolhidos, anualmente, pelas Companhias Seguradoras. Posteriormente, elaborou-se um relatório que contém informação estatística sobre os

(30)

Metodologia de Investigação acidentes ocorridos. Para a obtenção dos dados inerentes ao estudo pretendido, efectuou-se uma visita à sede do GEP, em Lisboa.

Na sede do GEP tomou-se conhecimento que todos os dados existentes se encontravam armazenados no programa SPSS, já por eles classificados. Visto que um dos objectivos era ter acesso aos relatórios fornecidos pelas Entidades Seguradoras, de modo a proceder à divisão e classificação dos diversos tipos de acidentes, optou-se apenas por recolhê-los dos relatórios elaborados por aquele organismo, nomeadamente “Acidentes de Trabalho”, relativos aos anos de 2005, 2006 e 2007.

Para a aplicação dos restantes três métodos, Árvore de Falhas, EEAT e WAIT, foram tidos em conta os relatórios da ACT. Estes são elaborados sempre que ocorrem acidentes de trabalho graves e mortais, a pedido de tribunais ou devido a divergências entre trabalhadores, entidades empregadoras e entidades seguradoras. Na visita à sede da ACT em Lisboa, consultaram-se todos os acidentes ocorridos em 2010, no sector da Indústria da Construção, do tipo quedas em altura. Contudo, ao tentar proceder-se à recolha dos dados, como fotocópias para posterior análise, foi-nos informado que isso não seria possível pois eram documentos confidenciais, não podendo, assim, sair das instalações da ACT. Perante tal impossibilidade e, após conversa com o professor orientador, efectuou-se apenas a recolha dos relatórios da Região Norte, elaborados durante os primeiros seis meses de 2010. Estes acidentes encontravam-se arquivados na Delegação de Braga da ACT, na altura sede da Região Norte (Tabela 1).

De entre os 128 acidentes analisados recolheu-se apenas a informação relativa aos acidentes do tipo quedas em altura.

Tabela 1 – Autoridade para as Condições do Trabalho (ACT) – Região Norte

Designação Sede Concelhos

Unidade Local de Braga Braga

Amares, Barcelos, Braga, Cabeceiras de Basto, Esposende, Póvoa de Lanhoso, Terras de Bouro, Vieira do Minho, Vila Verde

Centro Local do Ave Guimarães Celorico de Basto, Fafe, Guimarães, Vizela, Vila Nova de Famalicão

(31)

Metodologia de Investigação

Tabela 1 – Autoridade para as Condições do Trabalho (ACT) – Região Norte (continuação).

Designação Sede Concelhos

Centro Local do Nordeste

Transmontano Bragança

Alfandega da Fé, Bragança, Carrazeda de Ansiães, Freixo de Espada à Cinta, Macedo de Cavaleiros, Miranda do Douro, Mirandela, Mogadouro, Torre de Moncorvo, Vila Flor, Vimioso, Vinhais

Centro Local do Grande

Porto Porto

Espinho, Gondomar, Maia, Matosinhos, Porto, Póvoa de Varzim, Santo Tirso, Trofa, Valongo, Vila do Conde, Vila Nova de Gaia

Unidade Local de Penafiel Penafiel Amarante, Baião, Felgueiras, Lousada, Marco de Canaveses, Paços de Ferreira, Paredes, Penafiel Centro Local de Entre

Douro e Vouga

São João da Madeira

Arouca, Castelo de Paiva, Feira, Oliveira de Azemeis, São João da Madeira, Vale do Cambra

Centro Local do Alto Minho Viana do Castelo

Arcos de Valdevez, Caminha, Melgaço, Monção, Paredes de Coura, Ponte da Barca, Ponte de Lima, Valença, Viana do Castelo, Vila Nova de Cerveira

Centro Local do Douro Vila Real

Alijó, Armamar, Boticas, Chaves, Cinfães, Lamego, Mesão Frio, Moimenta da Beira, Mondim de Basto, Montalegre, Murça, Penadono, Peso da Régua, Resende, Ribeira da Pena, Sabrosa, Santa Marta de Penaguião, São João da Pesqueira, Sernancelhe, Tabuaço, Tarouca, Valpaços, Vila Nova de Foz Côa, Vila Pouca de Aguiar, Vila Real

4.2. Métodos estatísticos utilizados para a análise do problema de investigação

Os métodos de análise, conforme foram apresentados anteriormente, são muito variados. Assim, tendo em consideração os objectivos propostos, utilizaram-se os seguintes métodos: Pirâmide de Acidentes, Árvore de Falhas/Causas, Estatísticas Europeias de Acidentes de Trabalho (EEAT) e Método de Investigação WAIT.

(32)

Metodologia de Investigação 4.2.1. PIRÂMIDE DE ACIDENTES

A pirâmide de acidentes, desde a sua criação em 1931, por Heinrich, foi sofrendo alterações na divisão dos acidentes, originada pelo aparecimento de novos trabalhos de investigação. Permitiu, deste modo, obter relações entre os diversos tipos de acidentes ocorridos.

Para este trabalho, e com os diversos tipos de pirâmides existentes, conjugados com os dados obtidos pelo GEP, optou-se pela divisão preconizada pelo método EEAT (representado na figura 14), relativamente à classificação dos dias perdidos num acidente:

 De 4 a 6 dias;  De 7 a 13 dias;  De 14 a 20 dias;  De 21 dias a menos de 1 mês;  De 1 a menos de 3 meses;  De 3 a menos de 6 meses;

 Superior a 6 meses ou com Incapacidade Permanente;  Acidente mortal. 1. Acidente Mortal 2. Superior a 6 meses 3. De 3 a menos de 6 meses 4. De 1 a menos de 3 meses 5. De 21 dias a menos de 1 mês 6. De 14 a 20 dias 7. De 7 a 13 dias 8. De 4 a 6 dias Figura 14 – Modelo esquemático da Pirâmide de Acidentes

Contudo, para a apresentação dos resultados referentes a cada sector de actividade, tendo

1 2 3 4 5 6 7 8

(33)

Metodologia de Investigação 1. Acidente Mortal 2. Superior a 6 meses 3. De mais de 3 a 6 meses 4. De 1 a 3 meses 5. Menos de 1 mês

6. Sem dias perdidos (Acidente SI, i.e., com

tratamento na empresa)

Figura 15 – Modelo simplificado da Pirâmide de Acidentes

Para os acidentes de trabalho mais usuais, segundo a classificação preconizada pelo EEAT, ordenar-se-à os acidentes por ordem decrescente de ocorrência.

4.2.2. ÁRVORE DE FALHAS (OU CAUSAS)

A árvore de falhas, desenvolvida em 1961 pelos Laboratórios Bell Telephone, mais concretamente por H. A. Watson, foi criada para, num sistema de trabalho organizado, descobrir quais são as falhas críticas, latentes ou ocultas, visando uma melhoria dos postos de trabalho estudados.

A árvore de falhas baseia-se na identificação de todos os acontecimentos indesejáveis, conjugados com os operadores booleanos, o que vai permitir identificar os acontecimentos básicos que desencadearam o acidente e fornecer, ao mesmo tempo, indicação do ou dos sectores a intervir de modo a reduzir ou eliminar os aspectos críticos.

Segundo Vesely et al. (1981), os símbolos que compõem uma Árvore de Falhas são os que se apresentam na tabela 2. 1 2 3 4 5 6

(34)

Metodologia de Investigação

Tabela 2 – Árvore de Falhas - Símbolos (Adaptado de Vesely et al., 1981)

Símbolo Designação

Acontecimento básico (não necessita de desenvolvimento posterior) Acontecimento condicional (condições ou restrições específicas aplicadas a cada operador lógico)

Acontecimento inconsequente ou com dados insuficientes para desenvolvimento posterior

Acontecimento Externo (acontecimento habitual)

Acontecimento a desenvolver numa análise posterior

Operador OU (acontecimento ocorre quando no mínimo um acontecimento anterior ocorre)

Operador E (acontecimento ocorre quando todos os acontecimentos anteriores ocorrem)

Operador OU EXCLUSIVO (acontecimento ocorre apenas com um acontecimento específico)

Operador E PRIORITÁRIO (acontecimento ocorre quando todos os acontecimentos anteriores ocorrem numa determinada sequência) Operador INHIBIT (acontecimento ocorre se um único acontecimento ocorre na presença de um acontecimento condicional)

TRANSFER IN (indica que a árvore continua no TRANSFER OUT)

TRANSFER OUT (indica que a árvore deve ser ligada ao TRANSFER IN)

4.2.3. ESTATÍSTICAS EUROPEIAS DE ACIDENTES DE TRABALHO

Este método de análise, iniciado em 1993 pelo Eurostat, tem como objectivo a harmonização dos acidentes de trabalho nos diversos países das União Europeia e o estabelecimento de uma base de comparação entre os mesmos.

(35)

Metodologia de Investigação Visando esta premissa, o Eurostat (2001) procedeu à elaboração e validação do método de análise. Este divide-se em três fases de implementação, compreendendo as variáveis apresentadas na tabela 3.

Tabela 3 – EEAT: Variáveis

FASE I FASE II FASE III

Número do processo Dimensão da empresa Posto de trabalho Actividade económica do empregador Nacionalidade Tipo de local

Ocupação do sinistrado Situação profissional Tipo de trabalho Idade do sinistrado Dias perdidos Actividade física específica

Sexo do sinistrado Agente material da Actividade física específica

Tipo de lesão Desvio

Parte do corpo atingida Agente material do Desvio

Localização geográfica Contacto – Modalidade da lesão

Data do acidente Agente material do Contacto – Modalidade da lesão

Hora do acidente Ponderação4

As varíaveis introduzidas no método EEAT fornecem informação sobre: 1. Número do Processo

 Apenas utilizado para consulta interna. Atribuição efectuada para se proceder à distinção dos inúmeros processos, evitando, no entanto, o fornecimento de informação sobre os intervenientes do acidente ocorrido (trabalhador, entidade empregadora).

2. Actividade Económica do Empregador

 Fornece indicação sobre a principal actividade exercida pelo empregador. Se houver mais do que uma actividade, indica-se a que possui a maior parte da força laboral da empresa.

3. Ocupação do Sinistrado 4. Idade do Sinistrado

 Idade no dia do acidente. 5. Sexo do Sinistrado

6. Tipo de lesão

(36)

Metodologia de Investigação  Descreve as lesões advenientes do acidente.

7. Parte do corpo atingida

 Descreve a parte do corpo que sofreu a lesão. 8. Localização geográfica

 Caracteriza-se pela identificação do local do acidente. 9. Data do acidente

10. Hora do acidente 11. Dimensão da Empresa

 Indica o número de trabalhadores afectos à entidade empregadora. 12. Nacionalidade

 Caso possua mais que uma nacionalidade, usa-se a do país onde foi notificado o acidente.

13. Situação Profissional

 Fornece indicação sobre se o sinistrado é um trabalhador independente ou dependente. Se for dependente, indica o tipo de contrato que possui, ou seja, se é a tempo completo ou parcial, e se é efectivo ou a prazo.

14. Dias Perdidos

 Contabiliza apenas os acidentes com ausência ao trabalho superior a 3 dias, indicando o número de dias dispendidos para a recuperação (total ou parcial) do acidente.

15. Posto de Trabalho

 Indica o posto de trabalho do sinistrado, bem como se é permanente ou variável (operário da construção) no momento do acidente.

16. Tipo de local

 Indica o local de trabalho, ou seja, se era uma zona de construção, indústria, área pública, entre outras.

17. Tipo de Trabalho

 Tarefa executada pelo sinistrado no momento do acidente. Caracteriza-se pela tarefa para o qual estava afecto, sendo por isso independente da actividade profissional exercida ou da Actividade física específica, no momento do acidente.

(37)

Metodologia de Investigação  Caracteriza-se pela tarefa executada pelo sinistrado no momento do acidente, ou

seja, não é a actividade profissional do sinistrado, mas sim o trabalho que estava a ser executado. É exercida durante um espaço de tempo, curto ou prolongado.

19. Agente Material da Actividade física específica

 Descreve a ferramenta, o objecto ou o instrumento utilizado no momento do acidente, podendo ser, ou não, parte responsável na ocorrência do acidente. 20. Desvio

 Caracteriza-se pelo acontecimento que provocou uma alteração na execução do trabalho e que contribuiu para o acidente. Considera-se apenas o último acontecimento desviante, ou seja, o mais próximo do contacto lesivo.

21. Agente Material do Desvio

 Descreve a ferramenta, o objecto ou o instrumento que proporcionou a alteração do processo de trabalho e provocou a ocorrência do acidente.

22. Contacto – Modalidade da lesão

 Caracteriza-se pela descrição do meio que contribuiu para a lesão do sinistrado, registando-se, no entanto, apenas o que conduziu à lesão mais gravosa.

23. Agente Material do Contacto – Modalidade da lesão

 Descreve a ferramenta, o objecto ou o instrumento que motivou a lesão.

A introdução destas variáveis, como se observa na figura 16, permitiu obter uma caracterização da empresa, da exposição, da organização, das condições de trabalho, do próprio empregado, do local do trabalho, do sinistrado e do desenrolar dos acontecimentos. Todas estas variáveis forneceram uma descrição do que contribuiu para a ocorrência do acidente, permitindo assim uma análise mais pormenorizada do acidente e dando origem a medidas de protecção mais eficazes.

(38)

Metodologia de Investigação

Figura 16 – EEAT: Modelo Esquemático

Empresa •Actividade Económica •Dimensão •Localização Geográfica •Data e Hora do Acidente Exposiçã o Organização Condições de Trabalho •Tipo de local Empregado •Profissão •Idade •Sexo •Nacionalidade •Situação Profissional Local de Trabalho •Tipo de trabalho •Posto de trabalho Desenrolar do Acontecimento

•Actividade Física Específica e Agente Material associado •Desvio e Agente Material

associado

•Contacto - Modalidade da lesão e Agente Material associado Sinistrad o •Tipo de lesão •Parte do corpo atingida •Dias perdidos Descrição do Acidente

Referências

Documentos relacionados

Nível único Durações tipo: 18 a 30 horas Pré-requisitos: Conhecimentos na área técnica, inglês e informática.. Objetivos: Capacitar os formandos na correta utilização

O trabalho que teve como objetivo desenvolver metodologias em Microextração em Fase Sólida para utilização em cromatografia líquida e gasosa será apresentado em dois capítulos:

Verificou-se que as empresas de streaming de vídeo, principalmente a Netflix, têm se posicionado de acordo com as preferências dos consumidores, principalmente os

• Proposta de 3 algoritmos de aproxima¸c˜ ao baseados em relaxa¸c˜ ao linear do problema de otimiza¸c˜ ao linear inteira para a obten¸c˜ ao de resultados aproximados em

Problemas com acesso ao porto, tanto pelo modal ferroviário como rodoviário, impacta diretamente nos prazos de entrega e eficiência; filas de espera de caminhões,

Regularização e encargos perante os órgãos competentes da divergência da área construída que vier a ser apurada no local com a lançada no IPTU, assim como

ASSISTENTE EM ADMINISTRAÇÃO: Dar suporte administrativo e técnico nas áreas de recursos humanos, administração, finanças e logística; atender usuários, fornecendo

Nesta investigação, utilizamos como metodologia o estudo de campo, coletando dados em três etapas, em que procuramos: a averiguar as concepções de licenciandos em Ciências