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4. Acidentes sem incapacidade 5 Acidentes sem lesão

5.3. Árvore de Falhas

A árvore de falhas (ou causas) foi criada com o intuito de analisar as diversas etapas de um dado sistema, permitindo assim controlar e definir quais os processos que serão sujeitos a controlo, de modo a que todos os intervenientes laborem com as melhores condições de segurança.

É reconhecido que o sector da Indústria da Construção é um dos mais propensos à ocorrência de acidentes de trabalho, nomeadamente, do tipo quedas em altura.

Tendo em consideração este facto, e através da análise dos relatórios de acidentes de trabalho elaborados pela Autoridade para as Condições do Trabalho (ACT), procedeu-se à análise dos acidentes em questão, tentanto obter-se os acontecimentos padrão que contribuíram para a ocorrência desses mesmos.

Dos 128 acidentes analisados apenas 15 se enquadravam no objecto de estudo deste trabalho, ou seja, pertenciam ao sector da Indústria da Construção e eram acidentes do tipo quedas em altura.

Procedeu-se depois à elaboração das árvores de falhas para cada acidente em questão, definindo-se, no final, uma árvore-tipo. Esta árvore-tipo contém os acontecimentos padrão mais comuns, elucidando-nos sobre os parâmetros que devemos incidir, de modo a proporcionarmos aos trabalhadores mais condições de segurança.

Finalmente, através da análise das diversas árvores de falhas efectuadas, optou-se pela divisão dos acidentes em dois géneros:

 Acidentes padrão do tipo “Queda em Altura de um andaime” (figura 36);  Acidentes padrão do tipo “Queda em Altura de em telhado” (figura 37).

Através da análise das figuras mencionadas anteriormente, pode-se concluir que ambos os tipos de acidentes possuem um item em comum, ou seja, a má utilização ou ausências dos equipamentos de protecção, tanto individuais como colectivos.

Relativamente aos outros itens, constatou-se que outra das razões que contribuem para a ocorrência deste tipo de acidentes se deve, em alguns casos, à existência de predisposições patológicas, como, por exemplo, tonturas, vertigens, anemia, quebras de tensão, entre outras,

Análise e Discussão de Resultados

Figura 36 – Acidente padrão do tipo “Queda em Altura de um andaime”.

E OU Doença súbita OU Escorregamento / Hesitação / Perda do equilíbrio Queda de andaime OU Ausência/Não utilização de equipamentos de Protecção Individual e/ou Protecção Colectiva

Má organização / Coordenação do trabalho Ausência / Minimização de investimento em SST Patologia desconhecida Predisposição patológica Distracção Momentânea OU OU Ausência de comunicação entre Ausência de comunicação com o trabalhador e chefia Coordenador de SST e/ou do(s) técnico(s)

de SST Deficiente programação Formação insuficiente do trabalho Desconhecimento dos perigos Razões económicas

Análise e Discussão de Resultados

OU

Quebra de Chapa / Telha

E

OU

Ausência/Não utilização de equipamentos de Protecção Individual e/ou Protecção Colectiva

Má organização / Coordenação do trabalho OU Ausência / Minimização de investimento em SST OU Queda de telhado Peso excessivo Desgaste Ausência de comunicação entre Ausência de comunicação com o trabalhador e chefia Coordenador de SST e/ou do(s) técnico(s)

de SST Deficiente programação Formação insuficiente do trabalho Desconhecimento dos perigos Razões económicas

Análise e Discussão de Resultados Optou-se pela divisão dos acidentes do tipo queda em altura em queda de andaime e queda de telhado. Embora no acidente do tipo queda em altura de telhado se possam também considerar factores humanos (distracção, escorregamento, hesitação), optou-se por destacar as causas materiais. Tais acidentes verificam-se, muitas vezes, devido à ausência de manutenção dos materiais e dos equipamentos.

Em Portugal, todos os trabalhadores, aquando do seu ingresso numa empresa, estão obrigados à realização periódica de exames médicos. Segundo a Lei n.º 102/2009, de 10 de Setembro, que regulamenta o “Regime Jurídico da Promoção da Segurança e Saúde no Trabalho”, as entidades empregadoras estão obrigadas a sujeitar os trabalhadores a exames médicos nas seguintes situações:

“Artigo 108.º Exames de Saúde

1. O empregador deve promover a realização de exames de saúde adequados a comprovar e avaliar a aptidão física e psíquica do trabalhador para o exercício da actividade, bem como a repercussão desta e das condições em que é prestada na saúde do mesmo.

2. As consultas de vigilância da saúde devem ser efectuadas por médico que reúna os requisitos previstos no artigo 103.º

3. Sem prejuízo do disposto em legislação especial, devem ser realizados os seguintes exames de saúde:

a. Exames de admissão, antes do início da prestação de trabalho ou, se a urgência da admissão o justificar, nos 15 dias seguintes;

b. Exames periódicos, anuais, para os menores e para os trabalhadores com idade superior a 50 anos, e de 2 em 2 anos para os restantes trabalhadores;

c. Exames ocasionais, sempre que haja alterações substanciais nos componentes materiais de trabalho que possam ter repercussão nociva na saúde do trabalhador, bem como no caso de regresso ao trabalho depois de uma ausência superior a 30 dias por motivo de doença ou acidente.

4. O médico do trabalho, face ao estado de saúde do trabalhador e aos resultados da prevenção dos riscos profissionais na empresa, pode aumentar ou reduzir a periodicidade dos exames previstos no número anterior.

Análise e Discussão de Resultados 5. O médico do trabalho deve ter em consideração o resultado de exames a que o trabalhador

tenha sido submentido e que mantenham actualidade, devendo instituir a cooperação necessária com o médico assistente.

6. Constitui contra-ordenação grave a violação do disposto nos n.ºs 1 e 3, bem como a utilização de serviço de médico não habilitado nos termos do artido 103.º, imputável ao empregador.”

Através da análise do art.º 108, da Lei n.º 102/2009, constata-se que, sempre que o médico de trabalho verifica que o trabalhador não se encontra nas melhores condições para laborar, a periodicidade dos exames a ser realizados aumenta. Assim, uma das alterações a propor seria a realização de, por exemplo, exames semestrais ou trimestrais. Isto permitiria um maior controlo da entidade empregadora sobre as aptidões físicas do trabalhador, visto que no dia-a-dia o trabalhador é sujeito a inúmeros factores externos (físicos e psicológicos), que originam uma deterioração das capacidades, físicas e psiquicas, do mesmo.

Esta medida permitiria um controlo médico muito mais fiável, apenas suplantado se os trabalhadores realizassem exames antes da execução de cada trabalho. Contudo, esta solução não é possivel, visto que implicaria um enorme dispêndio de tempo na realização dos exames médicos, retirando assim o trabalhador das funções para que foi contratado.

Constata-se também que, uma das causas que contribui para a ocorrência de acidentes se deve à inexistência ou má utilização dos equipamentos de protecção, individuais ou colectivos.

Contudo, a falta e a má utilização dos equipamentos de protecção, como se verifica através da análise das figuras 36 e 37, deve-se a inúmeros outros factores, todos relacionados entre si. Uma das razões – má formação dos trabalhadores – poder-se-ia evitar com acções de formação específicas para os trabalhos em questão, devendo sempre ser realizadas antes da execução de cada tarefa, de modo a informar ou relembrar os trabalhadores dos vários perigos existentes para cada trabalho. Estas formações devem ser sempre realizadas, mesmo que o trabalhador dê provas de que já possui os conhecimentos necessários. Esta acção pretende alertá-lo e tentar prevenir excessos de confiança, que conduzem, na maior parte dos casos, a acidentes graves.

A entidade empregadora deve manter-se actualizada relativamente às novas medidas de protecção. A segurança é um aspecto fulcral na actualidade e novos equipamentos estão constantemente a ser fabricados e validados. Embora isto implique uma maior capacidade

Análise e Discussão de Resultados que laborando com melhores condições de segurança, se obtêm uma redução do número de acidentes, originando assim ambientes e postos de trabalho mais seguros.

Outra das causas que contribui para a ocorrência de acidentes prende-se com a falta de programação dos trabalhos, bem como com a falta de comunicação das chefias com os trabalhadores. Os trabalhos deveriam ser programados diariamente, em conjunto com as chefias, técnicos de SHT e representantes dos próprios trabalhadores. Deste modo, conseguir-se-ia efectuar avaliações de risco mais fiáveis, pois que, na maior parte dos casos, os técnicos de SHT necessitam da ajuda dos próprios trabalhadores na procura das melhores soluções preventivas ou correctivas. Isto permitiria uma melhor compreensão dos perigos reais, bem como dos equipamentos de protecção a serem utilizados, consoante a tarefa em questão.

No documento Acidentes de Trabalho Universidade Do Minho (páginas 54-59)

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