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DECISÃO. de 6 16/10/ :13

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Academic year: 2021

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DECISÃO

Trata-se de pedido de liminar em Ação Civil Pública ajuizada por MINISTÉRIO PÚBLICO ESTADUAL em desfavor do ESTADO DO MARANHÃO, com a finalidade de que:

“b) seja determinada a imediata suspensão do “prazo de validade” do concurso público em curso, regido pelo Edital nº 02, de 10 de outubro de 2012 para provimento de vagas nos cargos de Auxiliar de Perícia Médica Legal, Escrivão de Polícia, Farmacêutico Legista, Investigador de Polícia, Médico Legista, Odontolegista e Perito Criminal do quadro permanente do Estado do Maranhão;

c) sejam tomadas as providências necessárias à oferta do Curso de Formação e Investigação Social aos candidatos aprovados até a 3ª Fase da 2ª Etapa, estabelecendo-se ao réu o dever de dar ampla

publicidade à decisão de deferimento, tudo sob pena de multa diária conforme determinam os arts. 11 e 12, §2º, da Lei nº 7.347/85.”.

Relata a Inicial, em síntese, que “a publicação do Edital que restringiu o quantitativo de candidatos à participação no Curso de Formação e Investigação Social - EDITAL Nº 21, DE 29 DE MAIO DE 2013, RETIFICAÇÃO DO EDITAL Nº. 02/2012, DE 10 DE OUTUBRO DE 2012, comprometeu

significativamente a lisura do procedimento, pois, a criação de critérios de classificação ad hoc, criados de última hora, é conduta francamente ofensiva ao princípio da moralidade administrativa e da

isonomia.”.

Alega o Ministério Público que “O Edital do concurso NÃO estabeleceu, em nenhum dos seus itens, norma limitadora acerca da convocação para o Curso de Formação. Foi, então, com a publicação do Edital nº 21, de 29 de Maio de 2013, que se acrescentou ilegalmente o item 9.5.2, o qual limitava a quantidade de candidatos para participação no Curso de Formação, Para o cargo de Investigador de Polícia Civil, foram considerados APTOS após na 3ª Fase da 2ª Etapa - Exames Médico e Odontológico, 423 (quatrocentos e vinte e três) candidatos, destes, aproximadamente 134 (cento e trinta e quatro) não realizaram o Curso de Formação, apesar de devidamente aprovados para participação no referido curso. Para o cargo de Escrivão de Polícia, foram considerados APTOS após a 3ª Fase da 2ª Etapa - Exames Médico e Odontológico, 104 (cento e quatro) candidatos, destes, aproximadamente 23 (vinte e três)

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candidatos não realizaram o Curso de Formação, apesar de devidamente aprovados para participação no referido curso. Já no cargo de Auxiliar de Perícia Médica Legal, foram considerados APTOS após a 3ª Fase da 2ª Etapa - Exames Médico e Odontológico, 29 (vinte e nove) candidatos, desdes,

aproximadamente 8 (oito) candidatos não fizeram o Curso de Formação, apesar de devidamente aprovados para participação no referido curso.”.

O Estado do Maranhão alegou que “não sendo competente o Juizado Especial da Fazenda Pública para processar, conciliar e julgar ação civil pública que trate de interesse difuso e coletivo, está ausente na espécie pressuposto de constituição válida e regular do processo, devendo ser reconhecida e decretada a incompetência absoluta deste Juízo”.

Traçadas estas considerações, passa-se a analisar o pleito liminar.

FUNDAMENTAÇÃO

Como se sabe, a medida liminar requerida é provimento que visa a resguardar a eficácia de eventual sentença favorável, cuja concessão requer a demonstração da relevância dos fundamentos do pedido, associada a uma situação objetiva que possa causar dano irreparável ou de difícil reparação ao titular da pretensão.

Acrescente-se aos requisitos citados a ausência do perigo reverso do provimento judicial, pois o art. 273, parágrafo 2º do CPC dispõe que “não se concederá a antecipação da tutela quando houver perigo de irreversibilidade do provimento antecipado.”.

Desta feita, em apreciação sumária, própria deste momento processual, merece deferimento a liminar requerida.

Com efeito, a cautela, no caso em questão, milita em prol do MPE, isso em razão do cerne da questão girar em torno da nulidade da inovação de regra de concurso público.

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dúvidas e omissão, inovação, existem limites a da discricionariedade da administração pública, mormente em respeito aos princípios da igualdade, legalidade, segurança jurídica e da vinculação ao instrumento convocatório (edital).

Nessa toada, a Corte Constitucional brasileira já se manifestou, in verbis:

RECURSO EXTRAORDINÁRIO. REPERCUSSÃO GERAL. CONCURSO PÚBLICO. PREVISÃO DE VAGAS EM EDITAL. DIREITO À NOMEAÇÃO DOS CANDIDATOS APROVADOS. I. DIREITO À NOMEAÇÃO. CANDIDATO APROVADO DENTRO DO NÚMERO DE VAGAS PREVISTAS NO EDITAL. (...) II. ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA. PRINCÍPIO DA SEGURANÇA JURÍDICA. BOA-FÉ. PROTEÇÃO À CONFIANÇA. O dever de boa-fé da Administração Pública exige o respeito incondicional às regras do edital, inclusive quanto à previsão das vagas do concurso público. Isso igualmente decorre de um necessário e incondicional respeito à segurança jurídica como princípio do Estado de Direito. Tem-se, aqui, o princípio da segurança jurídica como princípio de proteção à confiança. Quando a Administração torna público um edital de concurso, convocando todos os cidadãos a

participarem de seleção para o preenchimento de determinadas vagas no serviço público, ela

impreterivelmente gera uma expectativa quanto ao seu comportamento segundo as regras previstas nesse edital. Aqueles cidadãos que decidem se inscrever e participar do certame público depositam sua

confiança no Estado administrador, que deve atuar de forma responsável quanto às normas do edital e observar o princípio da segurança jurídica como guia de comportamento. Isso quer dizer, em outros termos, que o comportamento da Administração Pública no decorrer do concurso público deve se pautar pela boa-fé, tanto no sentido objetivo quanto no aspecto subjetivo de respeito à confiança nela depositada por todos os cidadãos. III. SITUAÇÕES EXCEPCIONAIS. NECESSIDADE DE MOTIVAÇÃO.

CONTROLE PELO PODER JUDICIÁRIO. Quando se afirma que a Administração Pública tem a obrigação de nomear os aprovados dentro do número de vagas previsto no edital, deve-se levar em consideração a possibilidade de situações excepcionalíssimas que justifiquem soluções diferenciadas, devidamente motivadas de acordo com o interesse público. Não se pode ignorar que determinadas

situações excepcionais podem exigir a recusa da Administração Pública de nomear novos servidores. Para justificar o excepcionalíssimo não cumprimento do dever de nomeação por parte da Administração

Pública, é necessário que a situação justificadora seja dotada das seguintes características: a)

Superveniência: os eventuais fatos ensejadores de uma situação excepcional devem ser necessariamente posteriores à publicação do edital do certame público; b) Imprevisibilidade: a situação deve ser

determinada por circunstâncias extraordinárias, imprevisíveis à época da publicação do edital; c) Gravidade: os acontecimentos extraordinários e imprevisíveis devem ser extremamente graves,

implicando onerosidade excessiva, dificuldade ou mesmo impossibilidade de cumprimento efetivo das regras do edital; d) Necessidade: a solução drástica e excepcional de não cumprimento do dever de nomeação deve ser extremamente necessária, de forma que a Administração somente pode adotar tal medida quando absolutamente não existirem outros meios menos gravosos para lidar com a situação excepcional e imprevisível. De toda forma, a recusa de nomear candidato aprovado dentro do número de vagas deve ser devidamente motivada e, dessa forma, passível de controle pelo Poder Judiciário. IV. FORÇA NORMATIVA DO PRINCÍPIO DO CONCURSO PÚBLICO. Esse entendimento, na medida em que atesta a existência de um direito subjetivo à nomeação, reconhece e preserva da melhor forma a força normativa do princípio do concurso público, que vincula diretamente a Administração. É preciso

reconhecer que a efetividade da exigência constitucional do concurso público, como uma incomensurável conquista da cidadania no Brasil, permanece condicionada à observância, pelo Poder Público, de normas de organização e procedimento e, principalmente, de garantias fundamentais que possibilitem o seu pleno exercício pelos cidadãos. O reconhecimento de um direito subjetivo à nomeação deve passar a impor limites à atuação da Administração Pública e dela exigir o estrito cumprimento das normas que regem os

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certames, com especial observância dos deveres de boa-fé e incondicional respeito à confiança dos cidadãos. O princípio constitucional do concurso público é fortalecido quando o Poder Público assegura e observa as garantias fundamentais que viabilizam a efetividade desse princípio. Ao lado das garantias de publicidade, isonomia, transparência, impessoalidade, entre outras, o direito à nomeação representa também uma garantia fundamental da plena efetividade do princípio do concurso público. V. NEGADO PROVIMENTO AO RECURSO EXTRAORDINÁRIO. (RE 598099, Relator(a): Min. GILMAR MENDES, Tribunal Pleno, julgado em 10/08/2011, REPERCUSSÃO GERAL - MÉRITO DJe-189 DIVULG 30-09-2011 PUBLIC 03-10-2011 EMENT VOL-02599-03 PP-00314 RTJ VOL-00222-01 PP-00521)

Assim, com fulcro em um exame preliminar, próprio deste momento, infere-se que a primeira regra do edital há de ser obedecida, devendo ser afastada, até eventual decisão contrária, o novo critério acrescido pelo administrador público.

In casu, infere-se do edital original que tão somente a aprovação dos candidatos seria o requisito para a participação no curso de formação, sem o preenchimento de nenhum outro critério.

Destarte, a omissão no instrumento convocatório deve ser interpretada em favor do candidato, sendo, inviável, a meu sentir, esse suprimento em ato posterior, entre as fases da seleção. A respeito do tema, colaciona-se julgado do Tribunal da Cidadania, nestes termos:

PROCESSUAL CIVIL E ADMINISTRATIVO. RECURSO ORDINÁRIO EM MANDADO DE SEGURANÇA. CONCURSO PÚBLICO. PROMOTOR DE JUSTIÇA. MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE RONDÔNIA. INTERPRETAÇÃO DE REGRAS EDITALÍCIAS. ALTERAÇÃO DAS REGRAS DO EDITAL NO DECORRER DO CERTAME. PRINCÍPIOS DA BOA-FÉ E DA

SEGURANÇA JURÍDICA. POSICIONAMENTO DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. DIREITO LÍQUIDO E CERTO EVIDENCIADO. 1. Recurso ordinário no qual se discute as regras de edital de concurso para o cargo de Promotor de Justiça do Estado de Rondônia. 2. No caso, o Edital nº 40, de 19 de agosto 2010 procedeu a alteração na fórmula de cálculo da nota de corte prevista, inicialmente, no Edital nº 39, de 21 de julho de 2010, na medida em que passou a exigir que a nota mínima de 6 pontos para a aprovação na fase discursiva fosse apurada por meio de média aritmética, e não mais por simples somatório das notas, como previsto no edital inaugural. 3. Não pode a Administração Pública, durante a realização do concurso, a pretexto de fazer cumprir norma do Conselho Superior do MP/RO, alterar as regras que estabeleceu para a classificação e aprovação dos candidatos, sob pena de ofensa aos princípios da boa-fé e da segurança jurídica. 4. Recurso ordinário provido. (Recurso em Mandado de Segurança nº 37699/RO (2012/0082935-3), 1ª Turma do STJ, Rel. Benedito Gonçalves. j. 21.03.2013, unânime, DJe 02.04.2013).

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Por fim, o periculum in mora se mostra evidente, seja pela proximidade do fim do prazo de validade do certame, bem como pela carência de servidores na área da segurança pública, a qual segundo o art. da CF, é dever do Estado, direito e responsabilidade de todos.

DISPOSITIVO

Diante do exposto, DEFIRO,LIMINAR REQUERIDA e, por conseguinte:

1 – DETERMINO a imediata suspensão do “prazo de validade” do concurso público em curso, regido pelo Edital nº 02, de 10 de outubro de 2012 para provimento de vagas nos cargos de Auxiliar de Perícia Médica Legal, Escrivão de Polícia, Farmacêutico Legista, Investigador de Polícia, Médico Legista, Odontolegista e Perito Criminal do quadro permanente do Estado do Maranhão;

2 – DETERMINO que o Estado do Maranhão tome as providências necessárias à oferta do Curso de Formação e Investigação Social aos candidatos aprovados até a 3ª Fase da 2ª Etapa, devendo dar ciência efetiva aos interessados, ou seja, com comunicação pessoa. Devendo, no prazo de 45 (quarenta e cinco) dias, informar a este juízo as medidas tomadas e o cronograma estabelecido visando à realização do certame;

FIXO multa diária no valor de R$ 10.000,00 (dez mil reais), a ser contada após o transcurso do prazo de informações (45 dias) em caso de descumprimento.

INTIMEM-SE.

CITE-SE o réu para responder a ação, com as advertências legais.

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São Luís, 14 de outubro de 2015.

CLÉSIO COELHO CUNHA

Juiz de Direito

Assinado eletronicamente por: CLESIO COELHO CUNHA

https://pje.tjma.jus.br/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam

Referências

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