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SANEAMENTO BÁSICO - REGIÃO METROPOLITANA - COMPETÊNCIA ESTADUAL PARECER

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Academic year: 2021

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para que seja compensado o aumento ex-traordinário do preço de compra do f?ás, pela concessionária, quando comprovado que este aumento nos custos da concessionária prOl'O-cou o rompimento do equilíbrio econômico-financeiro do contrato?"

RESPOSTA AO QUESITO:

59. A resposta é afirmativa. Entendemos que. uma vez verificado o pressuposto básico para o procedimento de revisão tarifária ex-traordinária. como ocorre no caso em tela. não pode a CSPE, enquanto representante do Po-der Concedente, furtar-se ao seu dever cons-titucional. legal e contratual de promover a recomposição tarifária da Concessionária. Tal recomposição deve ser integral, abrangendo todas as categorias de consumidores, na me-dida em que o aumento extraordinário do

pre-ço de compra pela concessionária do gás, pela concessionária, afetou o seu custo para todas estas classes de usuários. não se justificando. ademais. atribuir a apenas algumas categorias o acréscimo tarifário decorrente da revisão de tarifas. numa discriminação descabida.

60. Ademais, conforme aduzido acima. foi reconhecido o direito da CONSULENTE à recomposição tarifária. pela própria Agência Reguladora, em pleito formulado, com base no mesmo pressuposto. previsto contratual-mente.

É o nosso parecer.

São Paulo, 28 de fevereiro de 2000 ARNOLDO W ALO - Advogado inscrito no OAB/RJ /lo 6.582 e OAB/SP nU 46.560.A. Professor Catedrático de Direito Civil da Fa-CIlidade de Direito da Universidade do Esta-do Esta-do Rio de Janeiro

SANEAMENTO BÁSICO - REGIÃO METROPOLITANA - COMPETÊNCIA ESTADUAL

PARECER

A par do princípio territorial, que distingue o âmbito de poder entre a União, os Estados e os Municípios, a distribuição de competên-cias no sistema constitucional qualifica, em razão da matéria, campos próprios de cada ente federativo.

À União são reservadas atividades e servi-ços exclusivos. enumerados no art. 21 e a competência privativa para legislar sobre ma-térias específicas (art. 22).

Em outros temas de caráter geral são rela-cionadas as hipóteses de competência comum à União, Estados, Distrito Federal e Municí-pios (art. 23) e a competência legislativa con-corrente entre União, Estados e Distrito Fe-deral (art. 24).

Lei complementar federal fixará o processo

de cooperação entre a União. Estados, Distrito Federal e Municípios. visando ao equilíbrio do desenvolvimento e do bem-estar em âm-bito nacional (parágrafo único do art. 23).

A Emenda Constitucional nO 19, de 4 de junho de 1998. aditou a possibilidade de

con-vênios de cooperação entre a União, os Esta-dos, o Distrito Federal e os Municípios, a serem objeto de lei reguladora, no sentido da gestão associada de serviços públicos e a transferência total ou parcial de encargos e serviços (nova redação do art. 241 da Cons-tituição).

São expressões modernas do federalismo cooperativo.

Ao Município, de histórica tradição, a Constituição de 1988 explicitamente reconhe-ce a presença como ente federativo (art. l° e 18) e dedica-lhe capítulo especial no qual

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des-taca a competência própria. garantindo-lhe a autonomia legislativa e a gestão de serviços públicos de interesse local (art. 30).

II

A pedra de toque da autonomia municipal se concentra, em suma. na preservação da matéria de interesse local, expressão que, na presente Constituição, substitui, com mais ob-jetividade, a anterior terminologia, nas Cartas precedentes, da reserva de assuntos de pecu-liar interesse dos Municípios (Constituição de 1946, art. 28, n° lI: Constituição de 1967, art. 16, n° 11; Emenda Constitucional n° I. de 1969, art. 15, n° lI).

Ambos os tennos definidores da autonomia municipal se filiam ao entendimnto que obe-dece ao princípio da subsidiariedade, no sen-tido de que a melhor solução para o interesse público deve ser procurada na proximidade do fenômeno jurídico e social. Ressalvados os assuntos que, por sua complexidade e im-portância, estão constitucionalmente reserva-dos à competência federal e estadual, a admi-nistração municipal presume-se mais afeiçoa-da à prestação de serviços estritamente locais. postos diretamente à disposição dos muníci-pes, na área do território municipal. sem pre-juízo da cooperação dos entes superiores na escala federativa, inclusive pela via de con-vênios administrativos.

O Município não é, porém. um ente estan-que e isolado na comunidade nacional da qual participa. A noção antes do peculiar interesse como agora do interesse local não deverá ser entendida em tennos absolutos. mas segundo o grau de sua dominância no atendimento a necessidades comunitárias.

O saneamento básico, incluindo serviços de águas e de esgotos, é, por sua essencialidade, um serviço público de prestação às comuni-dades que pressupõe a interligação com fontes de suprimento e serviços conexos que exce-dem aos limites territoriais dos municípios.

A própria Constituição prevê limites ao exercício da autonomia municipal não somen-te na excepcionalidade traumática da insomen-ter-

inter-venção federal ou estadual. em situações es-peciais (art. 35), como na capacidade avoca-tória conferida aos Estados para, mediante lei complementar, instituir regiões metropolita-nas, agrupando municípios limítrofes para a integração de funções públicas de interesse comum (art. 25, § 3°).

O conceito de interesse comum, a ser aferi-do pelo legislaaferi-dor estadual mediante um juízo político de valor, sobrepõe-se ao conceito pri-mário do interesse local, que qualifica a com-petência municipal.

A lei complementar estadual, instituidora da região metropolitana, afinna a intima cor-relação de interesses que, em benefício do princípio da continuidade, da produtividade e da eficiência, toma unitária e coordenada, em entidade própria do Estado. segundo a lei complementar, a gestão de serviços e ativida-des originariamente adstritos à administração local.

A avocação estadual de matéria ordinaria-mente municipal não viola a autonomia do Município na medida em que se fundamenta em norma constitucional, ou seja, em nonna de igual hierarquia. É a própria Constituição que. ao mesmo tempo, afirma e limita a au-tonomia municipal.

A eficácia de lei complementar instituidora da região metropolitana prescinde, conse-qüentemente, de anuência ou prévio consen-timento do município cujos serviços passam a integrar a competência comum concentrada na administração regional.

A Constituição de 1937 inaugurou, ainda, a previsão de agrupamento de municípios da mesma região para a administração de servi-ços comuns, cabendo ao Estado regular o meio de constituir-se o agrupamento e a forma de sua administração (art. 29).

O projeto da Constituição seguinte, subme-tido ao Congresso Nacional em 1966. silen-ciou sobre a matéria. Todavia, emenda aditi-va, proposta pelo Senador Eurico Rezende, inspirada em anterior sugestão de Hely Lopes Meirelles, viria a se traduzir no preceito do art. 157, § IO da Carta Constitucional de 1967, atribuindo à União, mediante lei complemen-tar, o estabelecimento de regiões

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metropoli-tanas constituídas por municípios integrantes da mesma comunidade sócio-econômica, vi-sando à realização de serviços de interesse comum. Com semelhante conteúdo a norma se reproduz no art. 164 da Emenda Constitu-cional n° 1, de 1969 (Ver, sobre o histórico - RAUL MACHADO HORTA - Regiões Metropolitanas e o Direito Constitucional Brasileiro - Revista de Direito Público -n° 29, p. 9 e s; HEL Y LOPES MEIRELLES

- Direito Municipal Brasileiro - 4" edição - p. 57).

Com o advento da Constituição de 1988 manteve-se a transferência para os Estados da competência para instituir Regiões Metropo-litanas e dela se valeu o Estado de São Paulo para criar as Regiões Metropolitanas do Gran-de São Paulo e da Baixada Santista.

Evidencia-se, por esta forma, no sistema das Regiões Metropolitanas a presença dominante da gestão estadual. O interesse comum sobre-leva, em suma, ao interesse local.

O agrupamento de municípios, a ser gerado em lei complementar específica, exprime igualmente um grau de afinidade e de neces-sária unidade operacional que sobrepõe aos serviços locais a continuidade de serviços co-muns a serem integrados em uma administra-ção unificada.

A Região Metropolitana representa uma comunhão de urbes que fez nascer o neolo-gismo, que já ingressou no Dicionário Aurélio: conurbação (com+urbe+ação) -"conjunto formado por uma cidade e seus subúrbios, ou por cidades reunidas, que constituem uma seqüência, sem contudo, se confundirem" .

A Região Metropolitana não é, contudo, uma entidade política intermediária entre o Estado e o Município, mas apenas uma área administrativa de serviços especiais, cuja ad-ministração poderá ser atribuída a uma pes-soa administrativa autárquica ou paraestatal, ou mesmo a órgão da administração direta estadual (HEL Y LOPES MEIRELLES

-Direito Municipal Brasileiro, cit., p. 59; EU-RICO DE ANDRADE AZEVEDO - Insti-tuição de Regiões Metropolitanas no Brasil

- Revista de Direito Público - 2/196;

ROBERTO ROSAS - Perspectiva jurídica da Região Metropolitana - Revista de Di-reito Público - 29/89).

III

A instituição das Regiões Metropolitanas é, como visto, ato legislativo complementar que a atual Constituição passou a colocar na esfera de competência dos Estados.

A eficácia da Lei Complementar estadual é, por sua própria natureza, de caráter impe-rativo que, como assinalado, não se condicio-na à aprovação dos municípios por ela abran-gidos, tendo como finalidade compor uma ad-ministração uniforme.

A Região Metropolitana não tem origem consensual, em moldes de convênio ou acordo entre os Municípios ou entre eles e o Estado. Nasce da lei complementar e segundo ela se exercita.

Como assinala SERGIO FERRAZ é da ín-dole do sistema metropolitano o módulo coer-citivo (Regiões Metropolitanas no Direito Brasileiro - Revista de Direito Público - n° 37/38 - p. 22).

Na Região Metropolitana, visando à inte-gração de serviços comuns às áreas associa-das. a predominância do interesse metropoli-tano se impõe dominante, acima do estrito interesse local.

Conforme a lição de mOGO DE FIGUEI-REDO MOREIRA NETO, à luz do art. 25. § 3° da vigente Constituição, "o interesse comum nele considerado é aquele que trans-cende o municipal e passa a ser considerado estadual" e a ser caracterizado pela" predo-minância do regional" (Poder concedente para o abastecimento de água - edição do Governo do Estado do Rio de Janeiro -pago 13).

A Região Metropolitana pressupõe uma ne-cessária e contínua competência estadual para a prestação do serviço público comum ofere-cido a uma comunidade que ultrapassa as fronteirds municipais, embora a lei instituido-ra possa admitir a ação conjunta do Estado e dos Municípios agrupados, como prevê o art.

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153, § l° da Constituição do Estado de São Paulo.

Caberá ao legislador, no uso dos poderes que lhe outorga a Constituição, a opção polí-tica, dentre os modelos previstos, pela moda-lidade mais adequada à integração dos inte-resses comunitários, definindo a atribuição dos órgãos de gestão dos serviços.

IV

As atividades do poder público em matéria de saneamento básico comportam uma varie-dade de entendimento que, segundo o grau de abrangência e de interdependência, podem li-mitar-se ao plano municipal ou exigir a inte-gração em entidade de nível estadual, segundo a mencionada competência prevista no art. 25, § 3° da Constituição.

O destinatário final de tais serviços é o mu-nicipe - o que faz supor, em princípio, o interesse local - mas a integração de áreas limítrofes e, especialmente, a fonte de origem dos recursos físicos e financeiros indispensá-veis à prestação dos serviços marca, conforme o caso, a predominância do interesse metro-politano ou conurbano, que excede e supera aos limites da autonomia municipal.

De duas formas poderá se deslocar do Mu-nicípio para o Estado (representado por ór-gãos ou entidades de sua administração) a efetividade da prestação de serviços de sanea-mento básico: ou, pela forma coercitiva de integração, a que se refere a previsão do art. 25, § 3° da Constituição, pela via de lei com-plementar, ou, em menor grau de integração, mediante acordo, consubstanciado em convê-nio administrativo quando não venha a ser criada Região Metropolitana, ou ainda, me-diante convênio de cooperação (previsto na Emenda Constitucional n° 19/98). Por último, a prestação do serviço poderá ser delegada à iniciativa privada, pela outorga de concessão de serviço público, precedida de licitação, tendo como poder concedente o titular da competência administrativa (Estado ou Muni-cípio, conforme a prevalência do interesse co-mum ou local).

V

De todo o exposto decorrem, quanto à subs-tância da consulta premissas essenciais:

a) nos Municípios incluídos na Região Me-tropolitana, os serviços de saneamento básico são, em sua totalidade, de competência esta-dual plena, conforme regulado em legislação específica;

b) a reunião dos Municípios em aglomera-ção urbanas ou microregiões atenderá às nor-mas específicas na respectiva Lei Comple-mentar (art. 25, § 3° da Constituição);

c) mediante convênio de cooperação, nos termos do art. 241 da Constituição, como re-digido pela Emenda Constitucional n° 19/98, caberá a gestão associada dos serviços;

d) acresce mais que, mesmo nos Municípios não abrangidos nas hipóteses das alíneas aci-ma, o princípio da indispensável continuidade dos serviços de saneamento básico, a partir de suas origens até sua disponibilidade pelos usuários, poderá colocar em plano dominante a competência estadual, cabendo, ademais, a estipulação de convênio de cooperação que venha a ser pactuado entre o Estado e o Mu-nicípio (Emenda Constitucional n° 19/98).

Em síntese, a excepcional reserva de com-petência municipal para serviços de sanea-mento básico pressupõe que, em todas as suas fases (da captação até o consumo de água, de que é complementar a coleta e tratamento de esgoto) eles se realizam, por inteiro, na área municipal.

Na medida em que ultrapassem tais limites, cabe ao Estado sua regulação e administração, em conformidade com a supremacia do inte-resse comum sobre o do peculiar inteinte-resse local.

VI

Com base nos pressupostos acima enuncia-dos, cumpre responder pela forma seguinte aos quesitos propostos na consulta.

Primeiro quesito - Dentro das competên-cias materiais comuns previstas pelas Consti-tuição Federal como se situa a titularidade dos serviços de saneamento básico?

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Resposta - Nos casos em que, por lei com-plementar, determinados Municípios inte-grem Região Metropolitana, aglomerações urbanas ou micro-regiões, a titularidade os serviços de saneamento básico fixa-se, com exclusividade, na competência estadual.

Igualmente, na hipótese de convênios de cooperação. previstos no art. 241 da Consti-tuição, a gestão associada de serviços públi-cos coloca em plano de prevalência a compe-tência estadual.

Somente na hipótese comprovada de que os serviços de saneamento básico. compreen-dendo abastecimento de água e tratamento de esgotos, tenham início e término exclusivos no território municipal, caberá ao Município o seu desempenho, sendo. ainda, possível transferi-los ao Estado. mediante convênio-concessão.

Caso contrário, o princípio da continuidade de tais serviços situa em plano superior a competência estadual. a ser exercida pela ad-ministração direta ou indireta.

Segundo questio - Quais os limites políti-cos - administrativos de atuação municípios para o saneamento?

Resposta - Como assinalado na resposta anterior, o interesse local. característico de competência municipal, somente pode ser in-vocado se os serviços de saneamento básico se desenvolverem, em sua totalidade, dentro dos limites da área geográfica do Município. Em caso diverso, prevalece, em razão da unidade e da continuidade de tais serviços. a competência estadual.

Terceiro quesito - Pode-se afirmar que é exclusivamente de responsabilidade dos Es-tados e exploração dos serviços de saneamen-to básico?

Resposta - Com a ressalva de excepcio-/lalidade assinalada acima, o quesito merece resposta afirmatil'a.

Quarto quesito - Com base no princípio da cooperação mútua entre os entes federati-vos, a supremacia do Estado pode ser invoca-da para harmonização na prestação do servi-ços de saneamento básico?

Resposta - Resposta afirmativa pelos pres-supostos antes enumerados.

Rio de J~neiro, 22 de agosto de 2000. CAIO TACITO

PROFESSOR UNIVERSITÁRIO - CONCURSO PÚBLICO - FACULDADE DE DIREITO

A ilustre advogada dra. Maria Leonor Leite Vieira, formula-nos a seguinte

CONSULTA

"A qualidade de professor titular. por con-curso público. de Faculdade de Direito em Universidade federal é qualificação em si mesma bastante para conferir o direito de dis-putar cargo de professor titular da mesma área de conhecimento em Faculdade de Direito de Universidade estadual ou a autonomia

univer-sitária confere a esta última a válida prerro-gativa de exigir que o interessado possua tí-tulo de livre docente por ela expedido ou re-conhecido, quando conquistado mediante provas análogas às que exige para os integran-tes da própria carreira?

O propósito de defender os integrantes da própria carreira valeria como justificativa para supeditar tal exigência?

Haveria ofensa ao princípio da igualdade se o professor titular de Universidade federal fosse dispensado da necessidade de possuir de livre docente para concorrer ao cargo na

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