Recolha, transformação e
reciclagem de resíduos de
plástico na costa litoral
(Plastic Labs)
Atividades: Reciclagem de desperdícios não metálicos
Sectores relacionados: Artesanato, Produção de consumíveis não metálicos, Fabrico de equipamentos TICE, Fabricação de matérias plásticas sob formas primárias
Síntese da ideia: Modelo de Negócio Canvas Parcerias principais - ONGs de Ambiente - Entidades gestoras de residuos sólidos - Produtores de resíduos plásticos (agricultores, superfícies comerciais, restauração) - Escolas - Incubadoras Atividades-chave - Recolha e transformação artesanal de resíduos plásticos - Desenvolvimento de um pacote de ações de sensibilização sobre a produção de residuos plásticos e respectivo impacte (exposições, ações de recolha colectiva) - Produção de artigos utilitários/ artísticos - Disseminação de Propostas de valor - Redução da produção de resíduos, valorização de paisagens - Produção de bens utilitários e artísticos com bem social e ambiental - Promoção de modo de vida sustentáveis e de valorização do ecossistema Relacionamento com clientes - Estabelecimento de relações de parceria/ colaboração (serviços de sensibilização workshops de diseminação) - Gestão da relação assente nas mais valias de plataformas colaborativas online e de partilha de informação de dados - Venda direta de artigos em eventos e feiras Segmentos de clientes - Autarquias - Empresas geradoras de resídudos de plástico - Particulares em feiras, eventos - Rede de makers
Estrutura de Custos
- Sustentada numa equipa pequena de recursos humanos com know how técnico na transformação e construção mecânica e educação ambiental
- Baixo investimento de partida, custos fixos reduzidos (modelos open source)
Fontes de receita
- Serviços de educação ambiental - Workshops de disseminação - Assistência técnica
- Venda de produtos de plástico transformado
Porquê estas atividades/ ideias? A que problemas/
oportunidades respondem?
A quantidade de resíduos de plástico lançados nos oceanos gera um problema de proporções globais, mas que adquirem contornos locais cada vez mais evidentes e prementes. As praias e linhas de costa são locais de deposição de resíduos plásticos com décadas de existência sem evolução na sua capacidade de biodegradação. Já existem, mas ainda muito poucos, os projetos que se dedicam a recolha e tratamento de plástico marítimo (recolhido junto na orla costeira) com fins artesanais/ industriais e ou de sensibilização ambiental.
Esta área de atividade pode organizar-se em torno de duas vertentes distintas mas complementares:
Educação/ sensibilização ambiental, com implicação na transformação de mentalidades em atividades económicas desenvolvidas na orla marítima no que respeita ao tratamento e gestão de resíduos da atividade;
Produção de peças/ produtos para comercialização, tirando partido da disponibilidade e interesse do mercado, como pelo surgimento de novos produtos, quer numa linha artesanal e/ ou artística, como pela via industrial, ainda que microindustrial, em virtude da disponibilidade e acessibilidade de novos equipamentos e máquinas de transformação do plástico.
Serviços de apoio à instalação/ lançamento
Os fatores críticos de instalação de empresas inovadoras, de consultoria e que atuam também, no sector das Tecnologias de Informação, Comunicação e Eletrónica (TICE) estão intimamente ligados à disponibilidade de recursos humanos qualificados e às redes de comunicação existentes. Os níveis de formação e especialização em áreas como as TICE, a reciclagem, a engenharia mecância e de materiais no contexto regional são assegurados por uma oferta diversificada mas não totalmente abrangente de cursos superiores nas Universidades e nos Institutos Politécnicos, no sector público e privado. No domínio da oferta de formação profissional as possibilidades são bastante inferiores. Ao nível do ensino superior, apesar de não existirem propostas formativas na sub-região as mesmas são supridas em estabelecimentos da região – Universidade de Évora e Instituto Politécnico de Beja – ou de proximidade – Instituto Politécnico de Setúbal. Bons exemplos desta oferta qualificada são as Licenciaturas em Engenharia Informática, no IPB, e Engenharia Mecatrónica e de Biossistemas, na Universidade de Évora.
As facilidades de instalação não se revelam determinantes, desde que garantidas as redes de comunicação. O principal fator de atratividade passa pela existência duma comunidade de makers que possa ampliar esta ação, pelo que a opção por espaços próximos de Fablabs será uma mais-valia, sendo essa rede ainda incipiente, pelo que será importante ter em conta o existente em Évora, da responsabilidade da ADRAL, que funcionando em rede, poderá proporcionar dinâmicas de colaboração. A diversidade de espaços disponíveis para instalação de empresas contempla incubadoras, ninhos e centros de empresas – Odemira, Vila Nova de Santo André, Sines e Grândola – e zonas de localização empresarial que incluem lotes de média e grande dimensão para projetos de maior envergadura. Desde a modalidade de incubação virtual, passando pelo coworking ou pela construção de instalações próprias, os concelhos do Alentejo Litoral oferecem um conjunto de soluções com custos de contexto muito reduzidos, que constituem um importante estimulo à instalação da atividade.
Enquadramento legal
Não existem normativos legais ou constrangimentos no que respeita à montagem ou instalação de uma empresa neste sector sendo, em termos de estatuto, similar a todas as atividades de consultoria.
Plano de Investimentos
A natureza dos investimentos depende da escala/ dimensão prevista para a atividade e do modelo de negócio escolhido. Se, por um lado, é possível arrancar atividade com um nível de investimento baixo, tirar partido do estabelecimento de parcerias e definir um plano de crescimento progressivo e gradual – opção de menor risco e recomendada – por outro, pode ser desenvolvido um plano de investimentos mais ambicioso que priorize a criação de condições de arranque com um pacote de serviços mais abrangente e integrado. Foi aposta deste exercício posicionar o investimento num limiar mínimo, para aferir da viabilidade:
De forma quantificada, com base em consultas de mercado, o plano de investimento detalha-se conforme se apresenta no quadro seguinte:
PLANO DE INVESTIMENTOS Descrição Valor Mobiliário 2.500,00 € Hardware 2.000,00 € Software ** 500,00 € Equipamentos:
- Peças para construção de trituradora e moldadora de plástico - Ferramentas e utensílios
- Viaturas*** 10.000,00 €
15.000,00 €
*Este cenário prevê a criação de dois postos de trabalho como patamar mínimo.
**O software previsto neste ponto consiste na aquisição das ferramentas essenciais do Office, contudo, quer no que respeita a esta solução ou outras de maior especialização e envergadura, o modelo de subscrição anual vigente é uma opção mais coerente e reduz o esforço inicial.
*** Viaturas de carga/ transporte de materiais (viatura usada)
O plano de investimento neste sector ajusta-se a uma visão cautelosa da atividade no arranque, de baixíssimo investimento pois tira partido de dinâmicas opensource para a construção dos equipamentos, sobretudo porque se procura estabelecer planos de investimento pouco dependentes de capital alheio e porque estamos perante uma atividade intensiva em conhecimento. Procura-se, sobretudo, potenciar saber-fazer e metodologias inovadoras e compatibilizá-las com a utilização de materiais reciclados e com preocupações e soluções ambientalmente sustentáveis.
Análise síntese de Viabilidade
Considerando o cenário de investimento, e tendo em conta os pressupostos do quadro seguinte, podemos retirar algumas conclusões numa análise da viabilidade a 10 anos, com base nas ferramentas de avaliação de projetos do IAPMEI:
Plano de Investimento
RH Dois Recursos Humanos em 2018 com vencimentos base de 600,00 €
FSE Encargos médios mensais com Fornecimentos e Serviços Externos de 955,00 €, que incluem sub-contratações de serviços específicos e trabalho especializado, rendas de viatura e de espaço, a custos controlados
VN Expectativa de faturação inicial anual de 25 mil euros em consultoria e assessoria, (workshops e demonstrações de sensibilização ambiental) e 10 mil euros em vendas de produtos transformados, atingindo em 10 anos, de forma gradual e progressiva, os 116 mil euros de faturação global anual
Valor Actual Líquido (VAL) 82 391
Taxa Interna de Rentibilidade 40,20%
Pay Back period (arred ano inteiro) 3 Anos
O baixo nível de investimento permite que se defina um período de Pay back curto, de 3 anos. Os outros indicadores permitem-nos aferir que o horizonte de faturação inicial e as taxas de crescimento anual do negócio têm estes valores como referenciais mínimos, ou seja, desde que estejam reunidas as condições para estabelecer como alcançáveis os objetivos comerciais definidos.
Análise de mercado e de concorrência
O mercado em análise para o desenvolvimento desta atividade é desafiante, tendo em conta a multivalência do projeto e da ideia de negócio. Por um lado, a transformação do plástico enquanto função económica de produção de novos produtos para venda (artesanato, briquedos, filamento para impressoras 3D, etc.) cujo alcance e potencial muito depende da estratégia comercial e da presença em eventos da especialidade. Por outro, a dinamização de atividades de sensibilização e educação ambiental junto de diferentes públicos.
Em Portugal não são muitos os exemplos para além dos dois seguintes:
Ana Pêgo é uma bióloga marinha que criou o projeto “Plasticus maritimus”, um inventário de lixo artístico que ganha vida graças a um jogo de tamanhos, formas e cores. que colecciona coisas que encontra no areal, quer sejam tesouros naturais ou lixo marinho. Após trabalhar como técnica do Laboratório Marítimo da Guia, decidiu enveredar pela via da educação ambiental. Desde 2013 utiliza as suas coleções de fauna e lixo marinho como ferramentas pedagógicas em ateliers para crianças, escolas e famílias na Fundação Calouste Gulbenkian e quando visita escolas em Cascais. Conhecer mais em https://www.cascais.pt/noticia/plasticus-maritimus-exposicao-assinala-dia-do-mar-em-cascais
“Guardiãs do mar: salvar o ambiente, preservar empregos” é uma iniciativa da Ocean Alive (projeto de Raquel Gaspar) que responde ao problema da degradação das pradarias marinhas do estuário do Sado. A resposta das “guardiãs do mar” é envolver as mulheres pescadoras do estuário do Sado como a peça catalisadora para a transformação de comportamentos necessária para a eliminação das causas da degradação das pradarias marinhas, causas que têm origem na comunidade piscatória e recreativa. A iniciativa “Guardiãs do mar” tem como parceiro institucional a Unesco, foi o projeto vencedor do Concurso Ideias de Origem Portuguesa 2016, da Fundação Calouste Gulbenkian, a partir do qual a Ocean Alive tem o apoio da Fundação Calouste Gulbenkian para a realização dos objetivos desta iniciativa. Mais informação em https://www.ocean-alive.org/
O grande desafio neste sector passa por romper barreiras associadas ao desconhecimento e, consequente, desvalorização do tipo de serviços que se pretendem instalar, ou seja, uma insuficiente percepção de necessidade junto dos destinatários destas ferramentas pode condicionar o sucesso deste tipo de iniciativa.
Contributos de I&DT: estudos, parcerias e investigação
A possibilidade de conhecer projetos de investigação e experiências, que permitam integrar know-how na atividade a criar, deve gerar uma pesquisa permanente que leve a identificar essas oportunidades.
Um dos exemplos e experiência mais motivadores é a do projeto Precious Plastic. Desenvolvido inicialmente na Holanda, é um projeto que ganhou dimensão internacional pelo respectivo carácter opensource da tecnologia e por uma visão transformadora do problema dos resíduos de plástico com ponto de vista económico. Máquinas de transformação do plástico de fabrico caseiro, com plantas e layouts gratuitos e disponibilizados online, que permitem que cada um, onde estiver, possa assumir um papel de criador e potenciador da riqueza existente nos resíduos de plástico. Mais em https://preciousplastic.com/
Financiamento
Considerando o plano de investimentos previsto podem ser identificados diferentes soluções de incentivo e apoio público ao investimento. De forma sucinta, e considerando que não se trata de uma lista exaustiva, mas sim da identificação de linhas de apoio mais adequadas, os sistemas de incentivo organizam-se da seguinte forma:
Apoios ao investimento e à criação de emprego
1. Investe Jovem - Programa do IEFP destinado a promover a criação de empresas por jovens desempregados, através das seguintes modalidades de apoio: Apoio financeiro ao investimento e Apoio financeiro à criação do próprio emprego dos promotores. Os apoios aos investimentos consistem numa linha de crédito, que ascende a um máximo de 100 x o Indexante de Apoio Social e que não pode representar mais de 95% do investimento elegível. O apoio à criação do emprego pode chegar a um máximo de 6 x IAS por posto de trabalho criado. Os promotores têm que estar inscritos no Centro de Emprego como Desempregados ou Jovens à procura do primeiro emprego e não ter mais de 29 anos de idade. Mais informação em www.iefp.pt
2. SI2E – Sistema de Incentivo ao Empreendedorismo e à Criação de Emprego – um sistema multifundos (Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional – FEDER - e Fundo Social Europeu - FSE), que combina apoio ao investimento não reembolsável, em taxas de comparticipação que variam entre os 40 e os 60%, e um apoio à criação de postos de trabalho através da concessão de um subsídio não reembolsável, que varia de acordo com os termos da contratação e as condições da pessoa que integra o posto de trabalho. Os tetos do investimento são os 100 mil euros ou os 235 mil euros, consoante a tipologia do investimento.
3. PDR 2020 – Medidas de diversificação nas explorações agrícolas - LEADER – caso a empresa se situe numa exploração agrícola, é possível beneficiar de um apoio a fundo perdido para o investimento de 40 ou 50%. O teto do investimento é os 200 mil euros. 4. SI QUALIFICAÇÃO – Apoio não reembolsável médio de 45% (50% no caso de despesas
de formação e de contratação de recursos humanos qualificados) para tipologias de investimento que consistem no apoio à aquisição de serviços de consultoria para o desenvolvimento organizacional e de desenvolvimento de processos internos de funcionamento da empresa.
Apoios ao investimento
5. O SI EMPREENDEDORISMO – O SI Empreendedorismo Qualificado e Criativo destina-se a PME com menos de 2 anos. Apoio reembolsável sem juros, que varia entre os 30 e os 75%. São suscetíveis de financiamento os projetos a dinamizar em sectores com fortes dinâmicas de crescimento, incluindo os integrados em indústrias criativas e culturais, e/ou sectores com maior intensidade de tecnologia e conhecimento ou que valorizem a aplicação de resultados de I&D na produção de novos bens e serviços transacionáveis e
