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ACÓRDÃO N CAXIAS DO SUL MASI INDÚSTRIA E COMÉRCIO LTDA. LOREFAC FACTORING E SERVIÇOS LTDA. APELANTE APELADO(A)

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PAK

N° 70003666740 2001/CIVEL

FACTORING. DESÁGIO. REVISÃO CONTRATUAL. JUROS. RECOMPRA. LETRA DE CÂMBIO. EMISSÃO. REPETIÇÃO DE INDÉBITO. DESCABIMENTO.

1 - O contrato de factoring não constitui negócio jurídico bancário, razão pela qual descabe acolher-se a pretensão que visa a revisão das cláusulas relativas aos juros. Inaplicabilidade da limitação constitucional. A empresa faturizadora possui o direito de cobrar pelos serviços prestados ao faturizado, em percentual sobre os créditos, na modalidade de deságio, o que não revela a incidência de juros. Vedação inexistente na lei. 2 – Tarifa de cobrança. Inexistência de abusividade. 3 – Títulos endossados. Recompra. Possibilidade. Previsão legal. 4 - Inexistência de valores a restituir, razão pela qual descabe o pedido de repetição de indébito. Ação julgada improcedente em primeiro grau. Apelo improvido.

APELAÇÃO CÍVEL DÉCIMA CÂMARA CÍVEL

N° 70003666740 CAXIAS DO SUL

MASI INDÚSTRIA E COMÉRCIO LTDA.

APELANTE LOREFAC FACTORING E SERVIÇOS

LTDA.

APELADO(A)

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos os autos.

Acordam os Desembargadores integrantes da Décima Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Estado, à unanimidade, em negar provimento ao apelo.

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PAK

N° 70003666740 2001/CIVEL

Participaram do julgamento, além do signatário, os eminentes Senhores Desembargadores Jorge Alberto Schreiner Pestana e Luiz Ary Vessini de Lima.

Porto Alegre, 12 de dezembro de 2002.

DES. PAULO ANTÔNIO KRETZMANN, Presidente/Relator.

R E L A T Ó R I O

DES. PAULO ANTÔNIO KRETZMANN (RELATOR) – Masi Indústria e Comércio Ltda. ajuizou ação revisional de contrato em face de Lorefac Factoring e Serviços Ltda., na qual postulou: a) a declaração do não

pagamento dos títulos caucionados e não pagos; b) a declaração de nulidade das cláusulas que estipulam juros superiores aos previstos na Lei de Usura e no CC; c) a declaração de inexigibilidade do saldo devedor atual; d) a declaração de ilegalidade do anatocismo; e) a declaração de nulidade das notas promissórias emitidas como garantia ao contrato, em razão do excesso de valores; f) a rejeição da multa fixada no percentual de 10%, consoante art. 922, do CC; g) a restituição dos valores pagos à ré, a serem apurados em liquidação de sentença, em função da inadimplência dos sacados.

Postulou antecipação de tutela visando a concessão de liminar para impedir a inscrição no SPC e SERASA.

A liminar foi deferida.

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PAK

N° 70003666740 2001/CIVEL

No mérito, discorreu a respeito dos contratos de faturização, bem como o negócio entretido com a autora.

Postulou a improcedência.

Oportunizado o contraditório, foi designada audiência na qual a conciliação restou inexitosa.

Declarada encerrada a instrução, sobreveio sentença, a qual julgou improcedente a ação.

A autora apelou repisando as argumentações expendidas. Apresentadas as contra-razões, vieram os autos.

É o relatório.

V O T O

DES. PAULO ANTÔNIO KRETZMANN (RELATOR) – Colegas. A sentença

merece ser mantida por seus próprios fundamentos, os quais vão aqui adotados como razões de decidir, além do que adiante vai alinhado.

O contrato de fls. 59/67 define o negócio jurídico firmado pelas partes.

Os documentos que instruíram a inicial demonstram a cessão dos créditos com deságio.

Estes não se relacionam a eventuais juros praticados, pois não se trata o contrato de factoring de negócio jurídico bancário.

A empresa que recebe os títulos para faturização tem o direito de cobrar pelos serviços prestados. É o chamado deságio. É certo, assumem o risco.

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PAK

N° 70003666740 2001/CIVEL

A autora era ciente das cláusulas contratuais, bem como da prática de mercado. Foi beneficiada pelo negócio firmado com a ré.

A respeito da matéria, cabe referir o que diz Fábio Ulhoa Coelho

in Manual de Direito Comercial, Ed. Saraiva, 11ª ed., p. 447:

“Faturização é o contrato pelo qual uma instituição financeira (faturizadora) se obriga a cobrar os devedores de um empresário (faturizado), prestando a este os serviços de administração de crédito.

‘...

‘O contrato de faturização tem a função econômica de poupar o empresário das preocupações empresariais decorrentes da outorga de prazos e facilidades para pagamento aos seus clientes. Por esse negócio, o banco presta ao empresário o serviço de administração do crédito, garantindo o pagamento das faturas por ele emitidas. A instituição financeira faturizadora assume, com a faturização, as seguintes obrigações: a) gerir os créditos do faturizado, procedendo ao controle dos vencimentos, providenciando os avisos e protestos assecuratórios do direito creditício, bem como cobrando os devedores das faturas; b) assumir os riscos do inadimplemento dos devedores do faturizado; c) garantir o pagamento das faturas objeto de faturização.

‘...

‘O Banco Central já considerou a faturização um contrato bancário pela Res. BC n. 703/82, que foi revogada pela Res. BC n. 1.359/89. Atualmente, portanto, inexiste ato infralegal que vede a exploração da atividade de faturização de créditos a não-exercentes de atividade bancária. A legislação tributária, por sua vez, conceitua factoring como sendo “a prestação cumulativa e contínua de serviços de assessoria creditícia, mercadológica, gestão de crédito, seleção e riscos, administração de contas a pagar e a receber, compras de direitos creditórios resultantes de vendas mercantis a prazo ou de prestação de serviços” (Lei n. 8.981/95, arts. 28, § 1º, c.4, e 48, parágrafo único, c.4). Tomando esta definição por base, a Res. BC n. 2.144/95 esclarece que a prática de quaisquer atos financeiros pela faturizadora, estranhos à definição legal, caracteriza infringência à LRB e à Lei n. 7.492/86.”

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PAK

N° 70003666740 2001/CIVEL

O STJ assim decidiu:

COMERCIAL - "FACTORING" - ATIVIDADE NÃO ABRANGIDA PELO SISTEMA FINANCEIRO NACIONAL - INAPLICABILIDADE DOS JUROS PERMITIDOS ÀS INSTITUIÇÕES FINANCEIRAS.

I - O "FACTORING" DISTANCIA-SE DE INSTITUIÇÃO FINANCEIRA JUSTAMENTE PORQUE SEUS NEGÓCIOS NÃO SE ABRIGAM NO DIREITO DE REGRESSO E NEM NA GARANTIA REPRESENTADA PELO AVAL OU ENDOSSO. DAÍ QUE NESSE TIPO DE CONTRATO NÃO SE APLICAM OS JUROS PERMITIDOS ÀS INSTITUIÇÕES FINANCEIRAS. E QUE AS EMPRESAS QUE OPERAM COM O "FACTORING" NÃO SE INCLUEM NO ÂMBITO DO SISTEMA FINANCEIRO NACIONAL.

...

III - RECURSO NÃO CONHECIDO.

(RESP 119705/RS; Min. WALDEMAR ZVEITER; J. 07/04/1998)

Menciono também os arestos que seguem:

"FACTORING" - NATUREZA JURÍDICA DO CONTRATO. CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR. O "FACTORING" É UMA ESPÉCIE CONTRATUAL RECENTEMENTE INTRODUZIDA EM NOSSAS PRÁTICAS MERCANTIS, E SE SITUA ENTRE O DESCONTO MERCANTIL, A CESSÃO DE CRÉDITO, A SUB-ROGAÇÃO CONVENCIONAL DE OBRIGAÇÃO E O MANDATO MERCANTIL. CUIDA-SE DE ATIVIDADE MERCANTIL E NÃO FINANCEIRA. NO QUE IMPORTA, SE CARACTERIZA COMO DE PRESTAÇÃO DE SERVICO (ART. 36, XV DA LEI 8.981/95), NO QUAL O FATURIZADOR RECEBE DO FATURIZADO A CESSÃO DE CRÉDITOS, ASSUME O RISCO DE SUA LIQUIDAÇÃO, INCUMBE-SE DE SUA COBRANÇA E RECEBIMENTO E TRANFERE O LÍQUIDO AO CEDENTE. ASSIM, INDENTIFICADOS O CONSUMIDOR, O FORNECEDOR E O SERVIÇO: O FATURIZADO, COMO DESTINATÁRIO FINAL DO SERVIÇO (CDC, ART. 2); O FATURIZADOR, COMO PRESTADOR (CDC, ART. 3 PAR. 2); E O SERVICO, COMO A COBRANÇA E RECEBIMENTO DO CRÉDITO CEDIDO E SUA TRANSFERÊNCIA AO FATURIZADO. É, POIS, CONTRATO SUBMETIDO Á DISCIPLINA DO CÓDIGO DO CONSUMIDOR. PELO FATO DE PRESTAR SERVIÇO E ASSUMIR O RISCO DA LIQUIDAÇÃO DOS CRÉDITOS. O FATURIZADOR FAZ JUS A UMA REMUNERAÇÃO SOBRE OS RESULTADOS OBTIDOS, DE REGRA, UM PERCENTUAL SOBRE O VALOR DAQUELES CRÉDITOS

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PAK

N° 70003666740 2001/CIVEL

("AD VALOREM"), QUE HÁ DE ESTAR EXPRESSAMENTE FIXADO NO CONTRATO. APELAÇÃO PROVIDA. (6 FLS) (APC Nº 599475639, PRIMEIRA CÂMARA DE FÉRIAS CÍVEL, TJRS, RELATOR: DES. GENARO JOSÉ BARONI BORGES, JULGADO EM 11/11/1999)

"FACTORING" - O CONTRATO DE "FACTORING" É DE CESSÃO DE CRÉDITO, NÃO SE LHE APLICANDO AS NORMAS DA LEI DA USURA, NEM PRECEITOS RELATIVOS A NEGÓCIOS JURÍDICOS BANCÁRIOS. NÃO HÁ QUE SE FALAR EM LIMITAÇÃO DE JUROS ISSO PELAS PARTICULARIDADES DO NEGÓCIO. EXAME DA PRELIMINAR PREJUDICADA. PRECEDENTE DO TRIBUNAL DE ALÇADA. RECURSO PROVIDO. (APC Nº 598059194, SEXTA CÂMARA CÍVEL, TJRS, RELATOR: DES. DÉCIO ANTÔNIO ERPEN, JULGADO EM 12/08/1998)

"FACTORING". RECOMPRA DE TÍTULOS. ADMISSIBILIDADE. INEXISTINDO NORMA LEGAL IMPEDITIVA, NÃO DESCARACTERIZA A OPERAÇÃO DE "FACTORING" A RECOMPRA DE TÍTULOS, QUANDO AVENÇADA CONTRATUALMENTE. MANTIDA A NATUREZA DA OPERAÇÃO, TORNA-SE INVIÁVEL A REVISÃO PARA EXPURGAR JUROS EXCESSIVOS, EIS QUE INEXISTENTES. APELO IMPROVIDO. (APC Nº 197200199, DÉCIMA SEGUNDA CÂMARA CÍVEL, TARGS, RELATOR: DES. ULDERICO CECCATO, JULGADO EM 25/06/1998)

FACTORING. COMISSÃO. A OPERAÇÃO DE "FACTORING" DISTINGUE-SE DA OPERAÇÃO BANCÁRIA DE DESCONTO, POR ISSO A REMUNERAÇÃO DA CESSIONÁRIA NÃO ESTÁ LIMITADA A 12% AO ANO. NEGARAM PROVIMENTO. (APC Nº 197223753, QUINTA CÂMARA CÍVEL, TARGS, RELATOR: DES. RUI PORTANOVA, JULGADO EM 04/12/1997)

Assim, descabe a pretensão da autora que visa a limitação constitucional, no percentual de 12% a.a., sobre o desconto efetuado sobre os títulos faturizados.

Quanto à recompra dos títulos pendentes de pagamento, apresenta-se cabível porquanto previsto no contrato – cláusula 12ª e parágrafo único, o que bem estampa o seguinte aresto:

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PAK

N° 70003666740 2001/CIVEL

FACTORING – RECOMPRA DE TÍTULOS – ADMISSIBILIDADE – Inexistindo norma legal impeditiva, não descaracteriza a operação de "factoring" a recompra de títulos, quando avençada contratualmente. Mantida a natureza da operação, torna-se inviável a revisão para expurgar juros excessivos, eis que inexistentes. Apelo improvido. (TJRS – AC 197200199 – RS – 12ª C.Cív. – Rel. Des. Ulderico Ceccato – J. 25.06.1998) Por fim, inexistindo valores excessivos a serem restituídos, descabe o pedido de repetição de indébito.

O custo da cobrança em percentual que varia de 0,25% a 3% (cláusula 4ª), não se apresenta abusivo. Tampouco há limitação na lei. A autora não fez prova de qualquer ilegalidade praticada pela ré, salientando-se que não indicou qualquer outra prova, além das constantes dos autos, a ser produzida durante a instrução do feito – fl.125.

Da mesma forma não se apresenta ilícito o saque de letra de câmbio, conforme previsto na cláusula 13ª, por se tratar de um direito do credor de reaver seu crédito. Se a letra será honrada, se tiver origem, tudo isso são questões que não impedem o simples saque, matéria que poderá ser discutida oportunamente pelos interessados se houver cobrança.

No pertinente à multa mencionada pela autora, sequer tem previsão contratual àquela mencionada, de dez por cento (10%). A pena compensatória prevista é de 02%, consoante cláusula décima segunda.

De lembrar que a relação entretida entre as partes não caracteriza relação de consumo.

A propósito:

DIREITO PROCESSUAL CIVIL – PROCESSUAL CIVIL – CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA – INOCORRÊNCIA – CONTRATO DE FACTORING FIRMADO POR DUAS PESSOAS JURÍDICAS –

INAPLICABILIDADE DOS PRINCÍPIOS NORTEADORES DO CDC – CLÁUSULA CONTRATUAL

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PAK

N° 70003666740 2001/CIVEL

ABUSIVA – INOCORRÊNCIA – A onerosidade é uma das características do contrato de factoring. Deve o juiz policiar a tramitação do processo, inclusive indeferindo as diligências inúteis ou meramente protelatórias. Assim agindo, não cerceia o direito de defesa, mas dá cumprimento à lei (art. 130 do CPC). Não há que se falar na aplicação do Código de Defesa do Consumidor, se o contrato factoring que rendeu azo à pendenga foi firmado por comerciantes, pessoas jurídicas, portanto, sem nenhuma relação de consumo presente. Não há que cogitar de qualquer coação ou adesão forçada, se nada impedia a denunciação da avença, inexistindo cláusula proibitiva ou sequer embaraçadora de sua rescisão. O contrato de faturização é dos mais onerosos, eis que dá lugar à remuneração do faturizador por uma determinada importância, que é a contraprestação recebida para fazer frente aos riscos a que se sujeita e ao desembolso das importâncias pagas ao faturizado. Negar provimento à apelação cível, à unanimidade. (TJDF – APC 5224899 – 2ª T.Cív. – Rel. Des. Romão C Oliveira – DJU 02.08.2000 – p. 20)

Portanto, não há nulidade nas cláusulas que prevêem os custos do serviço prestado, não sendo possível o declarar da inexigibilidade do saldo devedor, como o quer a autora, nada havendo, sob tal fundamento, a restituir.

Por fim, a verba honorária.

Não vejo fundamentos para sua alteração. O montante fixado bem e condignamente remunera os serviços do profissional do direito.

Essas são as razões pelas quais improvejo o apelo, ficando revogada a liminar concedida initio litis (fl. 76).

É como voto.

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PAK

N° 70003666740 2001/CIVEL

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