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Livro Didatico Publico Educacao Fisica

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L788 Livro didático público: educação física./ Jeimison de Araújo Macieira, Fernando José de Paula Cunha, Lauro Pires Xavier Neto, organizadores. - João Pessoa: Editora Universitária da UFPB, 2012.

95p.: il.

ISBN: 978.85.7745.856-1

1.Educação Física – Ensino Fundamental. 2.Jogos. 3.Jogos Cooperativos. 4.Esportes. 5.Dança. 6. Ginástica Escolar. I.Macieira, Jeimison de Araújo. II.Cunha, Fernando José de Paula. III.Xavier Neto, Lauro Pires.

UFPB/BC CDU: 796

(3)

O LIVRO DIDÁTICO DA EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR DA REDE

PÚBLICA DE ENSINO DO MUNICÍPIO DE JOÃO PESSOA/PB

CELI NELZA ZULKE TAFFAREL (Professora Ora. Titular Pesquisadora do CNPq 10- GRUPO LEPEL/FACE/UFBA)

CLAUDIO LIRA SANTOS JUNIOR (PROFESSOR Dr. Adjunto FACED/UFBA Departamento

111

Coordenação Grupo LEPEL FACED/UFBA)

Algo de novo há no rugir das tempestades. A Educação Física não

é

mais a mesma. Isto é

evidente em três dados que nos são

apre-sentados no Livro Didático Público de Educação Física para o

Ensino Fundamental da Prefeitura Municipal de João Pessoa,

Paraíba.

1°)

Ele é fruto dos cursos de

formação continuada em exercício,

desenvolvidos no município nos anos de

2008, 2009

e

2010,

e

minis-trado por um grupo de professores, a maioria vinculada ao

Labo-ratório de Estudos e Pesquisas em Educação Física, Esporte e Lazer

da Paraíba (LEPELPB), da Universidade Federal da Paraíba (UFPB) e

de outras instituições de ensino superior, portanto,

é uma decisão

assumida coletivamente. Assumida publicamente.

(4)

11

2°) Ele continua uma iniciativa desenvolvida no Brasil que encontra ressonância em outros Estados e que coloca a Educação Física na posição de locomotora de mudanças na

organização do trabalho pedagógico na escola.

Os exemplos nos vêm do Paraná, Pernambuco, Bahia, entre outros estados do Brasil. Nestes Estados a Educação Física é considerada componente curricular, com conteúdos bem defini-dos, elaborados a partir do conhecimento clássico acumulado historicamente, que permite nos tornarmos seres humanos pelo acesso a este conhecimento. É conside-rada componente curricular relevante pelas decisões dos professores envolvidos na definição de objetivos e avaliações bem claras para a educação física escolar, consi-derando a função social da escola e do objeto do currículo que é elevar o pensa-mento teórico dos estudantes sobre a cultura corporal. Tem, portanto, objeto de estudo - a cultura corporal - e suas diretrizes curriculares bem construídas em pro-cessos participativos, onde professores, gestores, estudantes, pais e comunidade efetivamente tem a oportunidade de disputar os rumos que deve ter a formação humana, a escolarização, o currículo e a organização do trabalho pedagógico, ou seja, os rumos da educação física na escola com seu objeto de estudo que é a cultura corporal. A definição deste objeto não se dá de maneira aleatória, mas, sim, fruto de estudos e análises de proposições hoje colocadas de forma sistematizada na educação física brasileira e que defendem como objeto: o movimento humano, a ati-vidade física e a saúde; a motricidade humana, a cultura corporal de movimento.

Por que a cultura corporal como objeto? Porque o que entra na escola como com-ponente curricular é a produção social da humanidade acumulado historicamente nas relações de produção da vida. Portanto, a Educação Física trata na escola do que a humanidade acumulou nas suas relações de produção e reprodução da vida que lhe dão sentido e significado histórico. Ninguém nasce nadando jogando, dançando, pra-ticando ginástica, lutas, malabarismos etc. Apendemos tudo isto com seus sentidos e significados nas relações de produção da vida, como elementos da cultura que nos permitirão constatar o que existe, explicar o real, ampliar nossos conhecimentos, nos instrumentalizar, analisar, sintetizar e criar elementos novos da cultura corporal. Esta é a função social da escola e o objeto de seu currículo, enquanto programa de vida, elevar a capacidade teórica dos estudantes no campo da cultura corporal. Isto não significa separar a teoria da prática, muito pelo contrário. Significa dar conse-qüência pragmática a premissas teóricas.

É isto que a Rede Pública de João Pessoa intenta realizar apresentando o trata com os conteúdos específicos da Educação Física organizados em conteúdos relacio-nados aos jogos, ginástica, dança e esportes. Cada Caderno Didático traz em si pro-posições e não "receita de bolo" de como tratar o conhecimento historicamente acumulado, com seus sentidos e significados, nas aulas de educação física.

(5)

3°) Apresenta em cada caderno um conteúdo especifico com seus métodos,

organizados de acordo com a história de cada conteúdo, destacando o que é essen-cial ao estudante aprender na escola que são as dimensões históricas, pedagógicas e técnicas de cada conteúdos. Seguem-se assim, os conteúdos da dança, jogos, esporte, ginástica entre outros para serem tratados em ciclos de ensino que pressu

-põe constatar dados da realidade, constatar capacidades de ação, sistematizá-los, ampliá-los, aprofundá-los garantindo que as crianças, jovens e adultos, que ingressa-rem na Rede Municipal de Ensino de João Pessoa dominarão conteúdos fundamen-tais para compreender, explicar, intervir e construir através de uma pratica socialmente consequente o campo da cultura corporal, objeto do currículo escolar.

Apresenta ainda uma sistematização rigorosa de objetivos-avaliação,

conteú-dos-método, tempos e espaços, aprendizagens e relações fundamentais para inte-gralizar um currículo. Isto significa que todos - pais, professores, gestores, comunidade em geral -, podem compreender, acompanhar e avaliar o que uma criança, um jovem ou um adulto vai aprender quando ingressar na Rede Pública Municipal de João Pessoa. Fundamentalmente, a própria criança, jovem ou adulto, terá consciência dos rumos de sua própria formação. Esta apresentação significa que está sendo levantada uma hipótese de trabalho sobre a formação humana, visível, comparável, medível, questionável. E isto é novo na Educação Física brasi-leira. Até a década dos anos oitenta estava expresso em Lei, que cabia a Educação Física desenvolver a aptidão física, as valências físicas - força, velocidade, resistên-cia, etc. Isto tudo era compatível com uma dada fase de um dado modo de produção da vida, o modo de produção capitalista. Este modo de produção continua o mesmo, não alterou sua base - subsunção do trabalho ao capital, o trabalho assalariado, a propriedade privada dos meios de produção, a super-exploração da natureza que culmina em sua destruição -, no entanto, ele está em transição para outro modo de produção da vida. E as diretrizes curriculares da Rede Publica Municipal de João Pessoa procuram acompanhar este processo histórico, o processo de transição.

As evidencias desta transição aparecem em todos os setores da sociedade e também nas diretrizes curriculares da Educação Física para a Rede Pública do Estado da Paraíba. No setor primário da agricultura com a agricultura ecologicamente correta, a agricultura familiar, pelo fim do latifúndio e da propriedade privada da terra. No setor secundário da economia com a sociedade que busca equilibrar a sua sustentabilidade, mantendo a vida de todos sem destruir o planeta, com a economia que busca superar a super-exploração do trabalho assalariado. No setor terciário de serviços e quaternário da economia, superando o setor financeiro especulativo, que com sua ganância por lucros incomensuráveis destrói a classe trabalhadora, seus direitos e conquistas e as nações, destruindo a si mesmo, de forma irracional, buscando manter taxas de lucro. Ou seja, a Educação Física está sintonizada com uma transição visível, comparável e medível, reconhecendo que tem uma

(6)

IV

transição mais geral que está em processo e que a ela corresponde uma proposta concreta da Educação Física que é sustentada por uma dada teoria sobre projeto histórico, teoria do conhecimento, de teoria educacional, teoria pedagógica e metodologia do ensino. Teoria pedagógica histórico-critica e metodologia do ensino critico superadora a educação física, aqui exposta nas propostas concretas de trato com o conhecimento da cultura corporal nas aulas de educação física. Este processo partiu da prática real, problematizou a prática da Educação Física na Escola, instru-mentalizou os professores em processos de formação continuada, possibilitou a catarse, o que significa projetar uma outra organização do trabalho pedagógico para orientar a prática em um patamar mais elevado de conscientização desta prática. Isto foi o que a equipe que elaborou as referências curriculares e os CADERNOS DIDÁTICOS conseguiu construir no Município de João Pessoa, Paraíba.

Este é, enfim, o grande exemplo dos Cadernos Didáticos da Educação Física do Município de João Pessoa, Paraíba.

Os professores que irão dar consequência programática, ou seja, transformar estas referências em programas de vidas para os estudantes tem a responsabilidade de não separarem as premissas teóricas das programáticas em seus programas de ensino, enquanto programas de vida de crianças, jovens e adultos.

Os professores da Rede Municipal de João Pessoa devem se sentir orgulhosos porque estão contribuindo com a transição, no seu tempo, apesar do fardo histórico que o capitalismo nos impõe - péssimas condições objetivas de trabalhos, salários aviltados, carreira rebaixada, previdência, assistência e saúde privatizada, trabalhos na educação privatizado, terceirizado - para outro patamar qualitativo da prática social na educação. Ou seja, para a prática pedagógica nas escolas.

Por fim, reconhecemos que isso é resultado de um processo, processo que levou em conta a pratica social - a realidade objetiva da educação física na escola -, a necessidade de problematizar a educação física na escola e sua função social -, necessidade de instrumentalizar os professores, em cursos constantes de capacita-ção-, de possibilitar a catarse, a explicitação de uma nova objetivação, de novas pro-postas e, por fim, o retorna a prática social em um outro patamar qualitativo, mais elevado, da organização do trabalho pedagógico da Educação Física Escolar.

Enfim, a tempestade da desvalorização do magistério, da escola e da educação física, haveremos de atravessá-las, com nosso trabalho pedagógico e com nossa atuação política, como atravessamos as tempestades e as guerras. Atravessá-las como uma quilha rompe as ondas do mar.

Parabéns a todos pela belíssima iniciativa. Continue firme. A luta pelos rumos da Educação Física não é uma tarefa fácil. Está reservada aos trabalhadores que com ela se identificam e contribuem para a transição de uma sociedade capitalista rumo a uma sociedade para além do capital.

AVANTE!

(7)

V

APRESENTAÇÃO

O LIVRO DIDÁTICO DA EDUCAÇÃO FÍSICA

ESCOLAR DA REDE PÚBLICA DE ENSINO

DO MUNICÍPIO DE JOÃO PESSOA/PB

Jorge Fernando Hermida (LEPELPB/UFPB)

É

com grande satisfação que socializamos aos professores,

estudantes e comunidade educacional em geral o Livro Didático

Público de Educação Física para o Ensino Fundamental da Prefeitura

Municipal de João Pessoa (PB). Ele

é

fruto dos cursos de formação

continuada em exercício, desenvolvidos no município nos anos de

2008, 2009

e

2010,

e ministrado por um grupo de professores, a

maioria vinculada ao Laboratório de Estudos e Pesquisas em

Educação Física, Esporte e Lazer da Paraíba (LEPELPB), da

Universidade Federal da Paraíba (UFPB) e de outras instituições de

ensino superior.

(8)

VI

Neste período, as formações continuadas foram concretizadas

através de licitação pública, realizadas pela Secretaria de Educação

do Município de João Pessoa. Ter ganhado a licitação colocou os

professores formadores diante um grande desafio. Se, por um lado

isso foi motivo de orgulho, por outro, éramos cientes de que

assumíamos a tarefa de planejar e executar um processo de

aprofundamento teórico e prático de conhecimentos e saberes

escolares da Educação Física Escolar, a partir da perspectiva

pedagógica crítico-superadora, elaborada pelo Coletivo de Autores

em 1992.

O livro tem, no meu entender, um mérito inicial que não é

pequeno, e que deve ser reconhecido de imediato. Embora a

existência de um Livro Didático seja algo óbvio para outras disciplinas

constituintes do currículo escolar no Ensino Fundamental, se percebe

que o assunto é inédito na Educação Física de boa parte do Brasil, e

em especial na Educação Física escolar paraibana. Foi no Estado do

Paraná (PR), onde se concretizou pela primeira vez uma ação

educacional desta natureza. Os professores da rede se organizaram

para estudar e produzir seu livro didático. A iniciativa, concretizada

pelo Estado, envolveu no processo de elaboração todos os

professores da área. Essa experiência educacional foi analisada pelos

professores formadores e serviu de modelo a ser seguido, pois, na

opinião dos professores formadores, não temos como planejar e

executar uma proposta pedagógica municipal sem levar em

consideração os interesses e saberes dos sujeitos históricos

envolvidos no ato de educar, ou seja, os próprios professores de

Educação Física da rede municipal de ensino. O processo de

elaboração e planejamento considerou também as características da

sociedade paraibana, com múltiplas facetas que são, ao mesmo

tempo, contraditórias, com determinações de natureza política,

econômica, cultural e social.

(9)

VII

A proposta aqui apresentada foge da clássica máxima que define

à Educação Física como uma disciplina essencialmente prática,

desprovida de fundamentos sociais e culturais e que, por esses

motivos, ela não precisa tratar de conteúdos teóricos. Tudo pelo

contrário. Neste livro, as atividades da Educação Física escolar são

desenvolvidas numa perspectiva teórica e metodológica diferente,

que tem como categorias centrais o ensino, a práxis educacional, a

interdisciplinaridade e a cultura corporal.

Na perspectiva teórica e metodológica, escolhida para orientar a

proposta, a perspectiva histórica e crítica, reconhecem-se os limites

da

escola,

mas

também

suas

contradições,

limitações

e

possibilidades. Estas têm a ver com a sua função específica: o ensino.

Entende-se por ensino um processo consciente, deliberado,

sistemático, através do qual se procura dotar aos homens " ... dos

conhecimentos e habilidades referentes à experiência acumulada e

generalizada da sociedade, por meio das relações pedagógicas

historicamente determinadas" (SAVIAN I, N., 1994, p. 74 ).

É

através do

ensino que a escola cumpre com sua função social, isto é, transmitir

conhecimentos e exercer um papel ativo na construção da realidade

social. Eis aqui a função política da escola: " ... socializar o

conhecimento sistematizado, tornando-se um instrumento às classes

populares nas aquisição de conhecimentos e habilidades para a luta

contra as desigualdades e para a participação no processo de

transformação social" (SILVA, 1988, p. 14 ).

O entendimento do que é o ensino e a função social da escola nos

conduz até a segunda categoria central: a práxis educacional. Do

ponto de vista metodológico, a práxis educacional é o processo de

socialização do saber escolar no qual a teoria e a prática se cruzam, se

aproximam, ao ponto de chegar a ser duas faces de uma mesma

moeda.

(10)

VIII

Os processos de transmissão, assimilação e apropriação de

conteúdos que acontece no ensino devem relacionar teoria e prática

e reconhecer que, mesmo sendo aparentemente contrários (a teoria

e a prática), um contém ao outro dialeticamente. Por exemplo, na

maioria das vezes a vivência de uma boa aula de Educação Física

facilita o processo de apreensão e compreensão de conhecimentos

teóricos. Assim como também uma boa aula teórica de Educação

Física permite que na prática o conteúdo seja vivenciado de maneira

significativa.

Na práxis educacional, um esforço de elaboração teórica deve,

necessariamente, partir da prática e voltar-se para ela. Este tipo de

esforço contribui significativamente para a compreensão crítica da

realidade. Neste processo, a mediação do professor na sala de aula

ocupa um lugar central. A práxis educacional permite que o conteúdo

seja, de fato, valorizado e adequadamente trabalhado, para que a

educação possa cumprir com sua função social: dotar às massas

populares dos instrumentos necessários a uma efetiva participação

social (SAVIANI, N., 1994).

A práxis educacional é fundamental para o desenvolvimento do

trabalho pedagógico do professor numa perspectiva interdisciplinar.

Entende-se por interdisciplinaridade a passagem de um saber

setorizado a um conhecimento integrado. Para a professora Nereide

Saviani,

A necessidade

e

importância da interdisciplinaridade

se

impõem,

de um

lado,

como

forma

de compreender e

modificar

o mundo e, de outro

lado,

por

exigência interna das ciências

que

buscam

o

restabelecimento da unidade perdida

(11)

IX

Trabalhar os conteúdos da Educação Física interdisciplinarmente

permite aos professores superar visões fragmentadas do saber, que

colocam barreiras entre as disciplinas que fazem parte do currículo

escolar, além de modificar hábitos estabelecidos e favorecer o

enga-jamento pessoal. A interdisciplinaridade permite que o professor

aceite os limites do próprio saber para passar a acolher contribuições

de outras áreas. Ela também facilita a prática dialógica e enriquece os

textos, dotando-os de mais qualidade.

Finalmente temos a última das categorias centrais: a cultura

cor-poral. A perspectiva teórica e metodológica adotada para a

elabora-ção e construelabora-ção dos textos foi a perspectiva da cultura corporal,

Por entendermos ser

a cultura corporal a abordagem central na compreensão

do

cotidiano escolar, a qual contempla

em seu

arcabouço epistemológico uma teoria capaz

de compreender

as contradições da atual forma

de

organização social, a saber,

o

capitalismo

e, por responder

cientificamente aos anseios da classe traba-lhadora,

entendemos

essa abordagem

como sendo

a que propiciará essa unidade metodológica

no

trato

com o

conhecimento da Educação Física (RELATÓRIO DE ATI-VIDADES 2010 ).

Conforme comentamos no início deste texto, o Livro Didático

Públi-co de Educação Física para o Ensino Fundamental da Prefeitura

Muni-cipal de João Pessoa é fruto das formações continuadas realizadas em

anos anteriores. A formação realizada em

2008

concentrou seu

conte-údo na apresentação das diversas possibilidades de atuação

pedagó-gica que existem nos dias de hoje para fundamentar

à

Educação Física

escolar no Brasil. Os professores da rede municipal de ensino tiveram

a oportunidade de conhecer ou de voltar a estudar as diversas

pro-postas pedagógicas que surgiram no final da década de

1980.

Foi

nesse período histórico que começaram a emergir novas formas de

conceber a Educação Física que, com o passar do tempo,

concretiza-ram originais e inovadoras propostas pedagógicas.

(12)

X

Na época, a Educação Física começava a superar antigos

paradigmas dominantes, apenas respaldados na aptidão física, na

biologia e no rendimento. Vários autores chamaram esses

pensamentos emergentes de

11

discursos pedagógicos inovadores"

(Paulo Betti,

1991),

de

11

tendência histórico e crítica" (CASTELANI

FILHO, 1988), de

11

Educação Física progressista" (GUIRALDELLI, 1988)

e de

11

Educação Física revolucionária" (BRACHT,

1992).

Dentre as propostas surgidas, foram objeto de estudo na

formação continuada de 2008

as seguintes: a proposta de

Educação

Física numa abordagem desenvolvimentista,

de Go Tani et elii (

1988); a

proposta de

Educação

de Corpo

Inteiro,

de João Batista Freire (

1989 );

a proposta

Crítica e Superadora,

elaborada pelo Coletivo de Autores

(1992),

e a proposta

Crítico-Emancipadora,

do professor Elenor Kunz

(1994).

Foi nesse ano que surgiu a ideia de que os professores do

município elaborassem sua própria proposta de ensino e a

publicassem na forma de Livro Didático.

Na segunda versão da formação continuada de professores em

exercício, que aconteceu entre os meses de junho e dezembro de

2009,

os professores formadores tiveram o grande desafio de criar

uma unidade metodológica que tratasse do conhecimento referente

à

área da Educação Física, procurando entender a organização do

conhecimento pedagógico sobre a perspectiva da cultura corporal.

Essa tarefa inicial foi essencial para realizarmos um aprofundamento

teórico e prático dos conhecimentos ministrados e trabalhados na

formação continuada, realizada no ano de 2008,

em que se procurou

entender o processo de sistematização do conhecimento, a partir das

abordagens de ensino supracitadas.

(13)

XI

Tendo como conteúdos a concepção de currículo ampliado, os

saberes referentes à cultura corporal e por fim a avaliação do

processo ensino aprendizagem, as atividades planejadas conduziram

ao entendimento de que a perspectiva da cultura corporal contempla

uma teoria crítica da realidade social capaz de compreender as

contradições da sociedade brasileira, que propicia a tão desejada

unidade metodológica no trato com o conhecimento da Educação

Física.

A construção do livro didático de Educação Física continuou

nesse ano. A nobre tarefa gerou um marco divisório na Educação

Física do município, pois os professores da rede foram os principais

protagonistas no processo de construção da proposta, focando a

produção na realidade escolar das escolas públicas paraibanas.

Para a terceira versão da formação continuada, realizada em

2010,

foi

elaborada uma metodologia de trabalho centrada em encontros

semanais, nos quais os professores formadores agiriam como

11

facilitadores dos espaços de discussão" no processo de construção

e sistematização de conhecimentos para a redação de textos para a

versão final do Livro Didático. Também foram propiciados espaços de

trocas de experiências e valorização dos saberes que existiam e era

propriedade dos professores da rede. Para que essas trocas

acontecessem, foram organizados seminários durante os momentos

de formação, em particular na parte final. Conforme foi redigido no

Relatório Final de Atividades

2010

encaminhado às autoridades do

Município,

Nesse sentido, esperamos ter construído um espaço privilegiado onde o professor da rede não fosse apenas um receptor do processo de construção do conhecimento, mas sujeito de sua própria historia a partir de análises críticas das contradições cotidianas no contexto escolar (RELATÓRIO DE ATIVIDADES, 2010).

(14)

XII

Os conteúdos ministrados nas formações continuadas nos anos

de

2008

e

2009

e o acúmulo teórico e prático serviram para que os

professores pudessem elaborar seus textos, materializando, desta

forma, o Livro Didático. A tarefa não foi fácil, e tampouco esteve

isenta de dificuldades. Mas temos a destacar que os professores

da

rede

municipal de ensino de João Pessoa e

os professores

formadores

da formação continuada conseguiram

o trunfo

de redigir

seu texto em

menos

de

três

anos. Se,

por um lado, isto serve para demonstrar a

qualidade dos profissionais que atuam no município na nossa área,

por outro, somos cientes de que o texto ora apresentado mantém seu

caráter de inacabado, pois ele é produto das circunstâncias que

caracterizaram seu processo de produção. Acreditamos que isso não

seja um problema, pois abre a possibilidade de que num futuro

próximo outros colegas realizarem aprofundamentos, que sem

dúvidas serão incorporados nas futuras edições do Livro Didático.

Os conteúdos foram organizados na forma de capítulos,

adequando sua linguagem para que ela fosse acessível para

estudantes matriculados no setor de ensino Fundamental 11. No final

de contas, excetuando este texto introdutório, dirigido aos

professores, o livro tem como público alvo às crianças que estão

matriculadas do 5° ao 9° ano do Ensino Fundamental.

Cabe destacar o papel dos professores da rede municipal de

ensino, pois eles foram protagonistas na produção e sistematização

dos textos, tendo como ponto de partida a realidade escolar e

educacional que caracterizava o ensino da Educação Física no

Município de João Pessoa. As problemáticas, os desafios,

necessidades,

possibilidades

e principalmente as

limitações

estruturais e materiais e as dificuldades de ordem pedagógica

serviram de alicerce para a construção de um texto que está em

consonância com a realidade educacional que caracteriza os

processos de ensino e aprendizagem da Educação Física não só na

cidade de João Pessoa, mas também do Estado da Paraíba.

(15)

XIII

Estamos cientes que o grande desafio começa agora,

pois a

elaboração e sistematização de conteúdos é uma das tantas tarefas

que caracterizam a práxis educacional nos nossos dias.

A

tarefa mais

pontual daqui em diante seja a transposição do saber escolar para

nossos

estudantes,

valendo-se,

claro,

de

procedimentos

metodológicos que permitam que esse saber da Educação Física

possa ser assimilado pelas amplas camadas de filhos da classe

trabalhadora que frequentam os sistemas públicos de ensino.

Nos últimos anos, muito tem se discutido e escrito a respeito

da necessidade de recuperação da qualidade de ensino na Educação

Física, situada no plano da revalorização do conteúdo, que muitas

vezes era negligenciado aos filhos das classes trabalhadoras.

Sabemos das dificuldades que caracterizam a nossa área. Por

exemplo, no livro "Educação Física: conhecimento e saber escolar"

pode-se ler que:

Apesar de existir no Brasil nos dias de hoje diversas propostas pedagógicas que fundamentam de maneira teórica, metodológica e prática a

presença

da Educação Física nas escolas brasileiras, na realidade educacional concreta as coisas são diferentes. A improvisação, o desconhecimento das possibilidades de atuação pedagógica possíveis, a falta de

conteúdo

e

o

faz de conta caracterizam

o

cotidiano da grande maioria das aulas de Educação Física que são ministradas nas escolas de Educação Infantil e

do

Ensino Fundamental e

Médio

(HERMIDA, 2009,

p.

10)

(16)

XIV

Esperamos que com a publicação do Livro Didático essa realidade

supracitada não faça mais parte dos tempos e espaços escolares nas

aulas de Educação Física. Até porque depois de três anos de formação

continuada planejada desde perspectivas críticas da educação e da

Educação Física, manter esse modelo ancorado na

11

improvisação" e

no

11

descomprometimento" político do professor, seria um sério

desserviço da escola às camadas populares, dado seu caráter

fatalmente ideológico. Para exemplificar a questão debatida neste

parágrafo, vamos valer-nos das ideias da professora Nereide Saviani

sobre o assunto:

Nesse sentido, enuncio que atuar de acordo com os interesses populares passa por garantir que o conteúdo seja de fato valorizado e adequadamente trabalhado, a fim de que a educação cumpra a função técnico-política que lhe cabe: a de realmente dotar as massas populares dos instrumentos necessários a uma efetiva participação social (SAVIANI,

N, 1994, p.18).

Na dialética do processo pedagógico, vai ser necessário tomar

algumas iniciativas de natureza pedagógica e didática, que tenham

como principal objetivo estabelecer a relação conteúdo/método na

organização do saber escolar e sua tradução nos currículos e

programas das disciplinas escolares. O conteúdo e o método devem

ser compreendidos como sendo dois pólos que constituem uma

unidade didática e dialética, que permita a implantação de um

processo pedagógico numa perspectiva emancipatória.

(17)

XV

Tendo

com

premissa a importância da educação escolar para propiciar às massas populares instrumentos de efetiva participação social, e considerando

o

domínio

do

acervo de conhecimentos e técnicas acumuladas pela humanidade

como

um dos

mais importantes

desses

instrumentos, compartilho a visão

dos

que atribuem à escola

o

duplo papel de servir

como

fonte de informação e de organizar a atividade cognoscitiva

dos

alunos - dentre outras

funções

(SAVIANI,

N, 1994,

p.18).

Fica claro que o saber sistematizado, objetivo, sozinho não

garante nada, assim como a existência da escola sozinha não basta. É

necessário viabilizar as condições de sua transmissão e assimilação.

Assim que aconteça o processo de apropriação dos saberes pelas

crianças, de modo que elas passem gradativamente do seu

não-domínio a seu domínio absoluto, estaremos contribuindo para a

formação de seres críticos, criativos, auto-determinados e

organizados politicamente. É

desse tipo de estudantes-trabalhadores

que nosso cotidiano social precisa para superar as históricas

contradições que caracterizam as sociedades que, como a brasileira,

está dividida em classes.

/)

J

(18)

SUMÁRIO

CAPÍTULO 1 – O JOGO E SEUS SIGNOS SOCIAIS ... 1

Sugestão de debate ... 5

Jogar e/ou brincar? Vamos entender! ... 6

De acordo com o dicionário o que significa? ... 8

Atividade (Proposta de Seminário) mãos na massa! ... 9

Atividade ... 9

Pesquisa ... 10

Atividade ... 10

Quem era Jó? Por que ele tinha escravos? O que é caxangá? .... 11

Proposta de atividade ... 11

Os jogos eletrônicos e os jogos populares ... 12

Atividade ... 16

Atividade ... 17

Curiosidade/você sabia que...? ... 18

Pesquisa ... 18

Mais Pesquisas ... 19

Atividade ... 19

Jogos cooperativos: Uma possibilidade para todos ... 20

Você conhece? ... 20

Você imagina como surgiu? ... 20

Atividade ... 21

Atividades ... 22

Atividade ... 24

Leitura e discussão ... 25

Referências bibliográficas ... 26

CAPÍTULO 2 – ESPORTE: A PROSA E A POESIA NO FUTEBOL ... 27

Pesquisa ... 28 Debate ... 32 Atividade ... 33 Complemento ... 33 Curiosidades ... 33 Na marca do pênalti ... 35

(19)

Vamos ver um filme ... 35

Textos complementares ... 37

Sobre a copa de 2010 ... 37

Este domingo poderia ter sido diferente ... 37

Referências bibliográficas ... 40

ESPORTE: FUTEBOL SEM IMPEDIMENTO ... 41

O futebol ... 42

O futebol feminino ... 43

Um pouco da história ... 44

O futebol feminino na Paraíba ... 44

Jornada dupla ... 45

Sobre as Marias ... 46

Lei Maria da Penha ... 47

Atividade em grupo ... 48 Atividade ... 49 Atividade ... 49 Atividade de pesquisa ... 50 Atividade ... 50 Atividade ... 51 Leitura ... 52

Questões para o debate ... 54

Debate ... 54

E o futebol paraibano? ... 55

Pesquisa ... 55

Um pouco da historia do futebol paraibano ... 55

Atividade ... 57

Referências bibliográficas ... 58

CAPÍTULO 3 – UMA VIAGEM PELO MUNDO CHAMADO DANÇA ... 59

O ontem e o hoje: Origem de tudo e estilos de dança ... 62

Curiosidade ... 62

Você sabia? ... 63

Atividade – Vamos ao debate ... 63

(20)

Danças Populares: Compreendendo as nossas raízes ... 64 Atividade de pesquisa ... 66 O Balé ... 67 Curiosidades ... 68 Atividade de pesquisa ... 68 Dança Moderna ... 69 Atividade ... 70 Dança Contemporânea ... 70 Atividade de pesquisa ... 71

Dança de Rua/Danças Urbanas ... 72

Curiosidades ... 73

Atividade de pesquisa ... 73

Quem pode dançar? Meninos ou meninas: Questões de Gênero 74 Você sabia? ... 74

Atividade ... 75

Atividade ... 75

Funções da Dança ... 76

Atividade de pesquisa ... 77

Dança da moda: Moda da dança ... 77

Atividade de pesquisa ... 78

Curiosidade ... 78

Esperando novas viagens ... 78

Referências bibliográficas ... 79

CAPÍTULO 4 – A PRÁTICA CORPORAL DA GINÁSTICA ESCOLAR ... 81

Um pouco de história da ginástica ... 83

Atividade ... 84

Curiosidades ... 85

Pesquisa ... 85

As escolas de ginástica: Saúde, disciplina e civismo ... 86

Pesquisa ... 88

Atividade ... 88

Curiosidades ... 89

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A chegada da ginástica no Brasil ... 90

Sugestão de debate ... 91

Pesquisa ... 91

Você sabia? ... 91

Sistematizando o conhecimento até aqui ... 91

Texto de apoio ... 92

Atividade ... 94

Perguntas para pesquisas escolares ... 94

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EDUCAÇÃO FÍSICA EDUCAÇÃO

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EDUCAÇÃO FÍSICA

Rosalândia Nascimento Pessoa Escola Municipal Santa Emília de Rodat Francisca Dasminele Gomes Feitosa Escola Tharcilla Barbosa da Franca Adeilton dos Santos Gonzaga Escola Euclides da Cunha Francisco Alberione Teixeira Torres Escola Seráfico da Nóbrega Júlia Elisa Albuquerque de Almeida

Escola Tharcilla Barbosa da Franca Anne Caroline Lima de Melo Escola Ana Cristina Rolim Machado Carlos Alberto Antunes ‘NACO” Escola João Monteiro da Franca Marco Antônio de Oliveira Vilarin Escola Zumbi dos Palmares Noêmia Rodrigues do Oriente Escola Ana Cristina Rolim Machado Valéria Simonethe de Melo Albuquerque Escola Dr. José Novais Cristiane Maria Paolin Escola Anita Trigueiro do Valle Jeimison de Araújo Macieira Universidade Federal da Paraíba - UFPB

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CAPÍTULO 1: O JOGO E SEUS SIGNOS SOCIAIS

EDUCAÇÃO FÍSICA Olá pessoal! Nós somos uma turma de estudantes, assim como vocês, e

queremos convidá-los a embarcar em uma viagem cheia de conhecimentos, atividades e desafios. Desafios para os quais buscaremos respostas juntos, de forma coletiva e organizada. Temos aqui um conhecimento que historicamente vem sendo produzido por toda a humanidade: o JOGO! Vocês sabem o que é jogo? Quais formas de jogo vocês conhecem? De onde vem o jogo? Como ele nasce? Será que jogar é o mesmo que brincar?

Então vamos lá! O conteúdo que a partir de agora traremos para vocês faz parte da história da humanidade e tem demonstrado ser um importante elemento da cultura de diversos povos e comunidades do nosso planeta. A origem do jogo, não se sabe ao certo; porém verificam-se nas paredes de cavernas antiquíssimas desenhos que remontam atividades de jogos, reiterando, portanto, o caráter lúdico empregado pelos povos mais antigos a essa atividade, o jogo. Nesse sentido, o jogo configura-se como “uma invenção do homem, um ato em que sua intencionalidade e curiosidade resultam num processo criativo para modificar, imaginariamente, a realidade e o presente” (COLETIVO DE AUTORES, 1992, p. 65-66). De acordo com Huizinga (2007, p. 6),

Encontramos o jogo na cultura, como um elemento dado existente antes da própria cultura, acompanhando-a e marcando-a desde as mais diferentes origens até a fase de civilização em que agora nos encontramos. Em toda parte encontramos presente o jogo, como uma qualidade de ação bem determinada e distinta da vida comum.

Jogo é toda atividade praticada de forma descontraída, natural, divertida, prazerosa e espontânea, e cujas regras são construídas de acordo com seus costumes, cultura, vontade e meio social em que seus praticantes estão inseridos.

O jogo é um conteúdo fundamental nas aulas de Educação Física. Muitos jogos são conhecidos por vocês; outros são novidades. No jogo, todos participam, interagem, se divertem e, o mais interessante, aprendem. Esta talvez seja a principal característica do jogo: a aprendizagem através da ludicidade. Por intermédio dos jogos, aprendemos e desenvolvemos muito a cognição. Além disso, devemos considerar a alegria e o prazer que sentimos ao jogar com nossos colegas, bem como entender o desafio que cada jogo tem. O jogo é jogado, mas também é vivido. No jogo são colocados e explorados elementos que caracterizam as atividades humanas e suas expressões histórico-culturais. Cada jogo tem um significado importante e admite variações de acordo com cada região do território nacional, bem como com cada participante (criança ou não) aprende com ele. Cascudo (2003, p. 145) afirma que:

O jogo ensina-lhes as primeiras normas da vida, acomoda-o na sociedade, revela-lhes os princípios do homem, sacode-lhe os músculos, desenvolve-lhe o sistema nervoso, acentua-lhe a decisão, a rapidez do conhecimento, põe-lhe ao alcance do direito do comando, da improvisação, da criação mental.

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CAPÍTULO 1: O JOGO E SEUS SIGNOS SOCIAIS

EDUCAÇÃO FÍSICA

Nas palavras de Bregolato, em seu livro A Cultura Corporal do Jogo (2007), O Jogo é um fenômeno constituído de atividades lúdicas – brincadeiras – que envolvem pessoas e animais, que por sua vez podem, nessas atividades, interagir com objetos e com a natureza. Sendo o jogo o provocador dessa relação entre as pessoas e delas com o meio ambiente, ele torna-se uma fonte de conhecimento. Conhecimento que está presente em vários processos. Enfim, o jogo está incluído como um todo na vida do ser humano como parte integrante da existência.

O jogo, portanto, contém elementos lúdicos e atua de forma decisiva na formação humana de seus praticantes. Tendo o jogo uma função fundamentalmente lúdica, jogar necessariamente implica ser espontâneo, ser criativo, ser construtor do próprio conhecimento. Dessa forma, quando a criança joga “ela opera com os significados de suas ações, o que a faz desenvolver sua vontade e ao mesmo tempo tornar-se consciente de suas escolhas e decisões” (COLETIVO DE AUTORES, 1992, p. 66).

Nas aulas de educação física, o jogo é abordado como conteúdo estruturante de conhecimento, pois são desenvolvidos o caráter coletivo, os valores, a consciência social, o pensamento sobre a ação e as relações sociais, atuando, assim, de forma decisiva no trabalho das possibilidades corporais e, também, do elemento perceptivo.

Outro fator que faz do jogo um importante conteúdo das aulas de educação física é a “liberdade” que os alunos têm para recriar a prática cotidiana das atividades. Em outras palavras, jogar a amarelinha, o elástico, a barra-bandeira e outros jogos do nosso cotidiano não necessariamente significa jogar da mesma maneira todos os dias. O jogo e suas regras podem, devem e em sua maioria vão ser modificados ou recriados todas as vezes que seus praticantes acharem que devem fazê-lo.

Portanto, seria importante que o(a) professor(a) selecionasse jogos cujos conteúdos impliquem:

1. A possibilidade do conhecimento de si mesmo; 2. O conhecimento dos objetos/materiais de jogos;

3. As relações espaçotemporais e, especialmente, as relações com as outras pessoas;

4. A inter-relação do pensamento sobre uma ação com a imagem e a conceituação verbal dela;

5. A vida de trabalho do homem, da própria comunidade, das diversas regiões do país, de outros países

6. A auto-organização, a autoavaliação e a avaliação coletiva das próprias atividades;

7. A elaboração de brinquedos, tanto para jogar em grupo como para jogar sozinho.

(COLETIVO DE AUTORES, 1992, p. 67-68) É papel da escola garantir espaços para atividades lúdicas que venham dar aos alunos oportunidades de, com essa vivência, ampliar seus conhecimentos e poder opinar/escolher o que jogar e brincar. Com efeito, as

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CAPÍTULO 1: O JOGO E SEUS SIGNOS SOCIAIS

EDUCAÇÃO FÍSICA crianças de hoje não brincam ou jogam nas ruas como faziam antigamente,

pois os pais, por medo da violência e, por conseguinte, por motivo de segurança, muitas vezes privam seus filhos dos conhecimentos e vivências proporcionados por alguns jogos e brincadeiras.

Então, pessoal, feitas as primeiras interpretações sobre o conteúdo JOGO, agora vamos buscar entender como esse mundo cheio de ludicidade pode nos levar a lugares nunca dantes visitados. Vamos, através das atividades sugeridas, conhecer melhor o mundo em que vivemos. Mundo esse repleto de contradições para serem desvendadas. Para isso não estaremos a sós, pois contamos com nossos colegas de sala e de escola, além, é claro, do nosso querido(a) professor(a).

SUGESTÃO DE DEBATE Como o jogo é um dos conteúdos estruturantes das aulas de educação física, ele deve ser selecionado para o conjunto dos temas referentes ao plano de ensino. Dessa forma, devemos tratá-lo pedagogicamente, não apenas para possibilitar o acesso a esse conteúdo, que vem sendo criado e reconstruído historicamente, mas também oportunizar o trabalho com esse importante conteúdo no que diz respeito aos elementos sociais,

políticos, econômicos e culturais que o permeiam. É importante ressaltar que todas as características inerentes a esse conteúdo – criatividade, processo histórico de construção, transmissão de conhecimentos de pai para filho, diferentes modos de jogar nos diversos estados brasileiros, etc. – são imprescindíveis para a formação humana dos alunos.

Como sugestão de atividade, crie um momento onde a sala possa ser dividida em dois grandes grupos, sendo que um grupo defenderá a importância do conteúdo JOGO para as aulas de Educação Física, enquanto o outro defenderá que esse conteúdo não é importante para as aulas.

DICAS IMPORTANTES

ƒ O(a) professor(a) deve trazer para os alunos uma seleção de informações sobre o conteúdo, retiradas, por exemplo, de sites, revistas, livros, filmes e jornais;

ƒ Cada professor(a) pode escolher o período em que esta atividade acontecerá, ou seja, no início ou final do capítulo;

ƒ Procure adequar o conteúdo às possibilidades sociocognoscitivas de cada turma. Surgindo qualquer dúvida, recorra ao livro Coletivo de Autores, páginas 30 a 34.

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CAPÍTULO 1: O JOGO E SEUS SIGNOS SOCIAIS

EDUCAÇÃO FÍSICA

JOGAR E/OU BRINCAR? VAMOS ENTENDER!

Olá meus amigos, depois de entender um pouco sobre o jogo e sua íntima relação com a nossa vida social, vamos, a partir de agora, procurar melhorar nosso entendimento sobre o que seria jogar e/ou brincar? Será que podemos pensar nessas duas ações separadamente, ou uma depende da outra? Jogar e brincar tem o mesmo significado?

O jogar e o brincar são inerentes à vida de qualquer ser humano. Todos nós já nos deparamos com situações que envolveram jogos e/ou brincadeiras, não só na infância, mas em todas as fases de nossas vidas. Segundo Huizinga (2007, p.4), “no jogo existe alguma coisa ‘em jogo’ que transcende as necessidades imediatas da vida e confere um sentido à ação”. Quem nunca soltou pipa, brincou de casinha, escolinha, pião, baleado, dominó, dama, barra-bandeira, dono da rua, enfim, todos esses jogos/brincadeiras que são bem íntimos à nossa realidade?

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CAPÍTULO 1: O JOGO E SEUS SIGNOS SOCIAIS

EDUCAÇÃO FÍSICA

Os atos de brincar e jogar são indispensáveis à vida social e sempre estiveram presentes em qualquer povo, desde os mais remotos tempos. Através deles, a criança desenvolve a linguagem, o pensamento, a socialização, a iniciativa e a autoestima, preparando-se para ser um adulto capaz de enfrentar desafios e de participar da construção de um mundo mais igual, tanto do ponto de vista econômico quanto político, social e cultural.

O jogo e a brincadeira são atividades que envolvem a ludicidade. Bruhns (1993), citado por Fensterseifer (2008, p. 270),

(...) concebe a atividade lúdica como prática social real das relações sociais, como produto coletivo da vida humana, podendo se manifestar no jogo, no brinquedo e na brincadeira, desde que possua características como desinteresse, seriedade, prazer, organização, espontaneidade.

O jogo, nas suas diversas formas, auxilia no processo

ensino-aprendizagem da capacidade imaginativa, na possibilidade de interpretação, na tomada de decisão, na criatividade, no levantamento de hipóteses, na obtenção e organização de dados e na aplicação dos fatos e dos princípios a novas situações, as quais, por sua vez, acontecem quando jogamos, quando obedecemos a regras, quando vivenciamos conflitos numa situação real, etc. Através do brincar e do jogar, o aluno forma conceitos (os quais estão inseridos em nossa sociedade), seleciona ideias, estabelece relações lógicas, integra percepções, faz estimativas compatíveis com suas possibilidades e, o que é mais importante, se sociabiliza.

O jogo é uma atividade rica e de grande efeito que corresponde às atividades lúdicas, intelectuais e afetivas. É uma atividade que estimula a vida social à medida que representa os diferentes papéis assumidos na sociedade, desde as relações de poder (empregado x patrão, pai/mãe x filho, professor x aluno) até as estruturas de ações comunitárias (nas diferentes profissões, na igreja, no círculo de amigos). No campo social, os jogos permitem que o trabalho em grupo se estruture e que os alunos estabeleçam relações de trocas, que aprendam a esperar sua vez, que se acostumem a lidar com regras, conscientizando-se de que podem ganhar, perder ou simplesmente jogar. Luise Weisse (1992, p. 65) afirma que “através do brinquedo, a criança inicia sua integração social, aprende a conviver com os outros, a situar-se frente ao mundo que a cerca. Ela se exercita brincando.”

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CAPÍTULO 1: O JOGO E SEUS SIGNOS SOCIAIS

EDUCAÇÃO FÍSICA

Segundo Piaget (1967), “o jogo não pode ser visto apenas como divertimento ou brincadeira para desgastar energia, pois ele favorece o aprendizado [grifo nosso] cognitivo, afetivo, social e moral.” Em outras palavras, através do jogo se processa a construção do conhecimento.

Os alunos, desde pequenos, estruturam seu espaço e seu tempo, desenvolvem a noção de causalidade, chegando à interpretação e, finalmente, à sistematização. Além disso, os alunos ficam mais motivados para usar a inteligência, pois querem entender melhor o jogo. Dessa forma, esforçam-se para superar problemas, agindo nos planos cognitivo, afetivo, social e cultural, sendo estes problemas referentes a cada faixa etária. Por fim, estando mais motivados, os alunos ficam mais atentos durante o jogo.

“Nos domínios da psicologia, da dinâmica fisiológica, da memória, inteligência, raciocínio, vontade, virtudes de honra, disciplina, lealdade e obediência às regras, a brincadeira é o processo iniciador da criança” (CASCUDO, 2003, p. 145). Brincar não é perda de tempo nem é simplesmente uma forma de preencher o tempo. A criança que não tem oportunidade de brincar sente-se deslocada. A brincadeira possibilita o aprendizado integral da criança, já que, ao brincar, ela se envolve afetivamente, opera mentalmente e convive socialmente. Tudo isso ocorre de maneira envolvente, de modo que a criança despende energia, imagina, constrói normas e cria alternativas para resolver imprevistos que surgem no ato de brincar.

O jogo e a brincadeira, portanto, mesmo podendo ser definidos separadamente, agem em conjunto, pois as atividades de jogar e brincar propriamente ditas não se separam. Além disso, os conceitos devem moldar-se à realidade social sem perder sua essência, e conectar-se com a totalidade dos fatos presentes no cotidiano.

De acordo com o dicionário, o que significa?

- Jogar: do latim “jocare”: entregar-se ao ou tomar parte no jogo de; executar as diversas combinações de um jogo; aventurar-se ou arriscar-se ao jogo; perder no jogo; dizer ou fazer brincadeira; harmonizar-se.

- Brincar: “de brinco+ar”; divertir-se infantilmente; entreter-se em jogos de criança; recrear-se; distrair-se; saltar; pular; dançar, (...) (Dicionário da Língua Portuguesa – Aurélio, 1986)

Pois bem! Agora que temos um entendimento melhor sobre o que é brincar e/ou jogar, que tal realizarmos algumas atividades? Vamos entrar no mundo das brincadeiras e conhecer a importância desse conteúdo para as aulas de educação física.

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CAPÍTULO 1: O JOGO E SEUS SIGNOS SOCIAIS

EDUCAÇÃO FÍSICA

ATIVIDADE (Proposta de Seminário) mãos na massa!

Divida a turma em grupos para a realização de um seminário. Os grupos irão criar um jogo (com nome, regras, materiais a serem utilizados, número de participantes, etc.). Cada grupo deverá apresentar o jogo que sistematizou. A apresentação poderá conter uma parte teórica (de explicação do jogo, mostrando seu sentido, seu significado, sua forma de jogar e, principalmente, sua relação com a sociedade e com o meio em que estão inseridos) e uma parte prática (de demonstração do jogo). Enquanto um grupo faz a apresentação, o outro deverá estar atento à atividade.

ATIVIDADE Observe o quadro a seguir:

Brincando (Domínio público). Pintado por Cândido Portinari, sem data.

O quadro vem justamente nos mostrar elementos da cultura brasileira. Leva-nos para o passado, quando as cidades ainda não eram tão apertadas e cheias de carros por todos os lados. O desenho mostra crianças brincando de jogos infantis, como a cabra-cega, a gangorra, a carniça, a bola de gude e a pipa. Todos esses jogos e brincadeiras fazem parte de nossas vidas, de nosso processo histórico de formação. De acordo com Cascudo (2003, p.147),

Há brinquedos de 10.000 anos. E alguns mais antigos. O pião rodador, puxado a cordel, strombos grego, turbo romano, são encontrados nos túmulos mais velhos de Micenas, na quinta e nona Tróia, e continuam presentes, vistos em qualquer local, na mesma função que lhe davam escravos númidas e gladiadores, crianças de Atenas e de Roma, há mais de cinqüenta séculos.

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CAPÍTULO 1: O JOGO E SEUS SIGNOS SOCIAIS

EDUCAÇÃO FÍSICA

Vamos agora fazer uma viagem para o passado e descobrir um pouco mais sobre os jogos populares que fizeram e fazem parte da nossa história e da de nossos pais.

Pesquisa

Faça uma pesquisa com seus pais, tios, vizinhos, etc. (de preferência pessoas mais velhas) sobre os jogos que eles brincavam quando eram crianças. Pergunte-lhes sobre as regras, as maneiras de jogar e em que época (quantos anos atrás) eles jogavam. Relacione os jogos com o momento histórico, político e cultural vivido no Brasil e descubra como era a relação entre os entrevistados seus pais, principalmente no que se refere a características como respeito, obediência, palmatória, ditadura, censura, etc.

ATIVIDADE

Escravos de Jó

Enquanto manifestação espontânea da cultura popular, as brincadeiras tradicionais têm a função de

perpetuar a cultura infantil e desenvolver formas de convivência social.Considerada como parte da cultura popular, essa tradicional brincadeira “Escravos de Jó” guarda a produção de um povo em certo período histórico. Essa cultura não oficial, desenvolvida sobretudo pela oralidade, não fica cristalizada; está sempre em transformação, incorporando criações anônimas das gerações

que vão se sucedendo. Por ser elemento folclórico, essa brincadeira infantil assume características de anonimato, tradicionalidade, transmissão oral, conservação, mudança e universalidade.

“Escravos de Jó Jogavam caxangá Escravos de Jó Jogavam caxangá Tira, bota

Deixa o Zambelê ficar Guerreiros são guerreiros Fazem zigue-zigue-zá Guerreiros são guerreiros Fazem zigue-zigue-zá”. (Domínio público)

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CAPÍTULO 1: O JOGO E SEUS SIGNOS SOCIAIS

EDUCAÇÃO FÍSICA

Quem era Jó? Por que ele tinha escravos? O que é caxangá?1 Jó é um personagem do Antigo Testamento. Segundo o livro, Deus apostou com o Diabo que, mesmo perdendo os filhos e a riqueza, Jó não perderia a fé. E Deus ganhou a aposta. Daí a expressão "paciência de Jó".

Daí para frente é só mistério. Nada indica que Jó tivesse escravos. O mais provável é que a cultura negra tenha se apropriado de sua figura para simbolizar o homem rico da cantiga de roda. Os escravos que faziam o “zigue-zigue-zá” seriam os fujões que corriam em zigue-zague para despistar os capitães do mato.

O significado de caxangá é ainda mais obscuro. Segundo o Dicionário Tupi–Guarani – Português, de Francisco da Silveira Bueno, caxangá vem de ‘caá-çanga’, que significa mata extensa. Para o Dicionário do Folclore Brasileiro, é um adereço usado pelas mulheres alagoanas. A palavra também já foi associada aos saquinhos utilizados no contrabando de sementes para as

senzalas2.

Tudo indica que, de boca em boca, o significado da palavra ou até mesmo a composição dos versos tenham sido muito modificados. Isso também explicaria as variações regionais da cantiga. Afinal, deixamos o Zambelê ou o Zé Pereira ficar?

PROPOSTA DE ATIVIDADE

De acordo com o texto acima, tente elaborar uma atividade por meio da qual os alunos possam conhecer esse jogo (observe os ciclos de escolarização) presentes no livro Coletivo de Autores e adéque a atividade de acordo com os critérios da seleção de conteúdo). Antes de começar a aula, pergunte aos alunos se eles conhecem e/ou já jogaram "Escravos de Jó"? Como eram (são) as regras do jogo praticado/conhecido por eles? Durante a prática propriamente dita, problematize com os alunos a possibilidade de organizar o jogo de diferentes maneiras, de acordo com o que foi discutido na primeira parte da aula. No momento final da aula, momento de avaliação do que foi feito, faça uma discussão sobre: 1) o(s) significado(s) encontrado(s) no jogo (observe os diferentes significados para cada aluno); 2) as diferenças observadas nas práticas executadas (observe as diferenças na música e na forma); 3) as principais habilidades físicas, motoras, cognitivas e sociais exercitadas.

LEMBRETE: As atividades não são receitas, mas, sim, sugestões de possibilidades de aulas. Procure adequar os conteúdos ao cotidiano dos alunos e fazer novas relações com esse cotidiano. É sempre bom exercitar a criatividade e cognição! Mãos à obra.

1 Texto de Anna Virgínia Balousser (Revista Superinteressante, setembro, 2008) 2

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CAPÍTULO 1: O JOGO E SEUS SIGNOS SOCIAIS

EDUCAÇÃO FÍSICA

OS JOGOS ELETRÔNICOS E OS JOGOS POPULARES

Oba! Vamos jogar video game! Mas espera aí! Será que jogar video game é um conteúdo das aulas de educação física? Podemos utilizá-lo para aprender sobre nossa história? Se jogarmos video game deixaremos de lado os jogos populares?

Calma amiguinhos, vamos responder devagar! Em primeiro lugar, os conteúdos que fazem parte da disciplina de educação física são: dança, esporte, ginástica, lutas, mímicas, jogos, entre outros! Hum... se os jogos fazem parte da educação física, podemos trabalhar com o video game? Podemos, sim, mas temos que saber tratar esse conteúdo antes de trazê-lo para nossa aula. E como fazer isso?

Vamos lá!.Temos, antes de tudo, que estabelecer alguns critérios. dentre os quais selecionamos os seguintes: “relevância social” (verificar se esse conteúdo tem relação com a realidade social dos alunos); “contemporaneidade do conteúdo” (garantir aos alunos o que existe de mais avançado no mundo contemporâneo); “adequação às possibilidades sociocognoscitivas dos alunos” (adequar o jogo à capacidade cognitiva e à

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CAPÍTULO 1: O JOGO E SEUS SIGNOS SOCIAIS

EDUCAÇÃO FÍSICA prática social do aluno); “provisoriedade do conteúdo” (romper com a ideia

de terminalidade e retraçar o conteúdo desde sua gênese para que o aluno perceba-se enquanto sujeito histórico) (COLETIVO DE AUTORES, 1992, p. 31-33).

Feito isso, vamos ao conteúdo! O video game é um jogo adaptado para TV e PC (computador). Esse jogo tomou maiores proporções na década de 90, mas sua criação e história datam de algumas décadas anteriores. Em 1949, o engenheiro Ralph Baer foi incumbido de criar a melhor televisão do mundo, o que para a época era uma grande revolução tecnológica. Ele pensava em criar uma TV interativa, com jogos; mas a ideia não se proliferou. Alguns anos depois, mais precisamente em 1972, Baer, ao questionar se havia algo mais interessante do que ficar mudando de canal com o controle remoto, teve a ideia de desenvolver um jogo que seria conectado à TV. Ele apresentou sua ideia para um amigo que era engenheiro e, então, surgiu o primeiro jogo, que foi chamado Pong. “A Magnavox resolveu comprar o projeto de Baer, da Sanders Associates, e começou a desenvolver o console Odyssey, o primeiro video game para ser conectado à TV. Em contrapartida, nessa época a Atari foi acusada por Baer de plagiar o Odyssey” (WIKIPÉDIA, citado por FEITOZA, 2007, p. 15).

A humanidade está diariamente construindo sua história e, através da ciência e da tecnologia, modificando a forma de perceber a realidade. Nesse sentido, os video games têm se mostrado um importante meio pelo qual as crianças, os jovens e os adultos apreendem o sentido e o significado do meio social e da vida. Os video games, cada vez mais reais, copiam jogos que fazem parte dos nossos signos sociais – como o futebol, a dama, o xadrez, o bilhar, entre outros – atribuindo-lhes novos sentidos.

Com a ciência e a tecnologia mais avançadas, temos a possibilidade de acessar o conhecimento de forma mais rápida e direta. Para perceber isso é só ir até a esquina mais próxima e entrar nas famosas LAN HOUSES (que são casas de computadores conectados à internet). Lá temos a oportunidade de conhecer o mundo virtualmente. Todo esse conhecimento é muito importante. Mas atenção: ter acesso ao conhecimento de forma virtual não significa dizer que agora não precisamos mais de escola, de livros e de professores, pois todos esses elementos são responsáveis por tratar esse conhecimento e dar sentido e significado a eles. A partir dos jogos eletrônicos, podemos perceber que nossa história está sendo construída e reconstruída. Isso pode ser percebido nos diferentes jogos, nas diferentes tecnologias (equipamentos, suportes, etc.), nas formas de jogar (individual ou coletiva) e no modo como construímos nossas regras de convivência com nossos amigos e família.

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CAPÍTULO 1: O JOGO E SEUS SIGNOS SOCIAIS

EDUCAÇÃO FÍSICA

Os jogos populares são aqueles que estão na memória de todos e que ainda podemos ver nas ruas, nas praças, nos parques e nas aulas de educação física. Materializam-se na amarelinha, no pega-pega, no pique-esconde, no vivo-morto, na barra-bandeira, no baleado e inúmeras outras brincadeiras. Contudo, parece que esses jogos estão sendo deixados de lado por causa dos jogos eletrônicos. De fato, brinquedos mais tecnológicos vêm fazendo com que as crianças não precisem mais sair de casa para brincar nem precisem de outras crianças para se divertir. Dessa forma, elas acabam preferindo os jogos eletrônicos. O fato de os jogos populares serem, em grande parte, passados de geração a geração agrava ainda mais essa situação.

Os pais que são submetidos a jornadas de trabalho massacrantes para garantir o sustento de sua família, sendo, portanto, obrigados a ficar longe de casa por várias horas, geralmente não conseguem ensinar a seus filhos as brincadeiras que no passado lhes foram ensinadas por seus pais. Além disso, com o aumento significativo das grandes cidades (repletas de prédios e carros por todos os lados), os pais se veem na obrigação de proteger seus filhos de um meio cada vez mais perigoso e acabam deixando de lhes ensinar os jogos populares. Nesse sentido, a escola e principalmente a educação física têm um papel fundamental ao possibilitar o acesso a esse conteúdo – “apresentando (identificando), sistematizando (adquirindo a consciência), ampliando (reorganizando as referências conceituais) e aprofundando (refletindo e dando um salto qualitativo) o conhecimento do aluno sobre tais jogos”. (COLETIVO DE AUTORES, 1992, p. 35)

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CAPÍTULO 1: O JOGO E SEUS SIGNOS SOCIAIS

EDUCAÇÃO FÍSICA

Agora chegamos a nossa terceira pergunta: se jogarmos video game deixaremos de lado os jogos populares?

De forma alguma! Temos um conhecimento que vem sendo historicamente sistematizado pela humanidade, que são os jogos eletrônicos, e também um conhecimento que faz parte da história, que são os jogos populares. Portanto, ambos têm uma importância significativa na nossa vida social e devem ser selecionados para as nossas aulas de educação física. Além disso, ambos fazem parte de uma série de elementos que constituem a nossa cultura corporal. Sendo assim, vamos buscar entender o jogo, vamos relacioná-lo com o momento social, econômico e cultural do nosso país e do mundo, vamos recriá-lo a partir de nossas experiências concretas, vamos coletivamente e de forma organizada acessar mais essa possibilidade de entender o mundo ao qual estamos expostos.

Mãos na massa! E joguem à vontade!

SE LIGA AÍ...

Se você é um daqueles fanáticos por jogos eletrônicos, fique de olho nas seguintes observações:

ƒ Jogos violentos podem incentivar o comportamento agressivo;

ƒ Os jogos eletrônicos fazem com que a pessoa deixe de ser mero

espectador da violência, pois são projetados para que se participe dela;

ƒ Para os mais impressionáveis, pode ficar difícil distinguir a realidade da

fantasia;

ƒ Como um vício, os games podem levar o jogador a negligenciar

Referências

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