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ESPORTE: A PROSA E A POESIA NO FUTEBOL

No documento Livro Didatico Publico Educacao Fisica (páginas 49-81)

EDUCAÇÃO FÍSICA

Você sabe a diferença entre prosa e poesia? Qual a relação existente entre prosa, poesia e futebol? O que você sabe sobre as Copas do Mundo de futebol de 1970 e 1982?

No Brasil, o futebol sempre foi considerado um esporte de grande importância na vida do povo. Somos conhecidos culturalmente como o “país do futebol” e fomos o primeiro país a receber o título de pentacampeão mundial. O futebol tornou nosso país mais conhecido internacionalmente. Jogadores como Pelé, Rivelino e Tostão, que atuaram na Copa de 1970, e Zico, Sócrates e Falcão, atuantes na Copa de 1982, são mundialmente conhecidos como legítimos praticantes e disseminadores do “futebol-arte”. Mas estes são apenas alguns exemplos, pois a lista de jogadores brasileiros que praticavam, e ainda praticam, o futebol-arte é imensa.

Leia com atenção o seguinte texto de Tostão:

Após a Copa de 1970, o grande poeta e cineasta italiano Pasolini escreveu que a poesia brasileira ganhou da prosa italiana. Em 1982, aconteceu o contrário. Evidentemente, a Seleção Brasileira, nas duas Copas, não era só poesia nem a italiana era só prosa. Mas havia um nítido predomínio de um estilo. Hoje, a diferença é pequena. (TOSTÃO, 2008, p. 7)

Pôster da Copa de 1970 Pôster da Copa de 1982

PESQUISA

- Pergunte ao seu professor(a) de português as diferenças entre prosa e poesia;

- Descubra o que seus avós, pais, familiares e pessoas de sua comunidade sabem sobre as Copas do Mundo de futebol de 1970 e 1982;

- Pesquise as mascotes das Copas do Mundo ao longo da história;

- Analise o texto do ex-jogador de futebol Tostão e explique porque Pasolini denomina a seleção brasileira de poesia e a seleção italiana de prosa;

- Na atualidade o futebol brasileiro é prosa ou poesia? Seus amigos(as) que jogam futebol praticam a prosa ou a poesia?

CAPÍTULO 2 - ESPORTE: A PROSA E A POESIA NO FUTEBOL

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Futebol, poesia, arte e música sempre estiveram presentes nas Copas do Mundo. Porém, nem só de poesia vive o futebol. A Copa de 1970 é um exemplo disso. Em 1970, o Brasil passava por um momento difícil da política nacional. Em 1964, o povo brasileiro sofreu um golpe: os militares depuseram o Presidente João Goulart e tomaram o poder por via da força, instaurando a Ditadura Militar, que durou até 1985. Infelizmente, os militares aproveitaram a Copa para fazer propaganda política. Enquanto matavam ou torturavam aqueles que eram contra o regime militar, utilizavam o futebol para tentar enganar o povo, encobrindo a dura realidade e fantasiando-a de um Brasil apenas de festa e alegria. Dessa forma, a maioria da população ficava alheia às discussões sobre economia e política.

QUADRO EXPLICATIVO

A 9a Copa do Mundo de Futebol (1970) foi realizada no México e teve como mascote Juanito, enquanto a Copa de 1982 aconteceu na Espanha e teve como mascote Naranjito.

Naranjito Juanito

Mascote de 1982 Mascote de 1970

“Os anos 1970 foram marcados pela humanização das mascotes nas Copas do Mundo. No México em 1970 a mascote escolhida foi Juanito, um menino com características caucasianas com um sombreiro e uma bola.

Em 1982, Naranjito foi a primeira fruta como mascote em Copas do Mundo. A laranja com a camisa da seleção espanhola fez muito sucesso por ser simples. Além de estar estampada em vários produtos da Copa a laranjinha da Copa protagonizou uma série de desenhos animados na televisão espanhola.”

Obtido em: http://www.duplipensar.net/dossies/copa-do-mundo-2006-

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Daí surgiu a música Pra Frente Brasil (composição de Miguel Gustavo), que dizia:

Noventa milhões em ação, Pra frente Brasil, Do meu coração; Todos juntos vamos,

Pra frente Brasil, Salve a seleção; De repente é aquela

Corrente pra frente,

Parece que todo Brasil deu a mão, Todos ligados na mesma emoção,

Tudo é um só coração; Todos juntos vamos, Pra frente Brasil, Brasil,

Salve a seleção...

Para Eduardo Galeano (2004, p. 136), Pra Frente Brasil “transformou- se na música oficial do governo. (...) O futebol é a pátria, o poder é o futebol: Eu sou a pátria, diziam essas ditaduras militares”. Para os militares, os resultados positivos da seleção na Copa ajudavam a manter o regime militar cada vez mais forte entre os brasileiros, visto que estes ficavam, em grande parte, concentrados apenas nas vitórias do Brasil.

Será que essa situação ainda existe nos dias de hoje? Será que o povo brasileiro conhece mais a seleção brasileira do que os assuntos sobre economia e política? Será que é mais fácil saber o nome de quem marcou o gol do Brasil no último jogo da seleção do que o nome do ministro da educação ou da economia? Será que o futebol ainda é o “ópio do povo”?

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Na Copa de 1982, o jogador paraibano Júnior, que atuava na lateral esquerda, cantava uma música que encantou o povo brasileiro. Conheça a letra da música “Voa Canarinho” (Composição de Memeco e Nonó):

Voa, canarinho, voa Mostra pra este povo que é rei

Voa, canarinho, voa

Mostra na Espanha o que eu já sei Verde, amarelo, azul e branco Formam o pavilhão do meu país O verde toma conta do meu canto

Amarelo, azul e branco Fazem meu povo feliz

E o meu povo Toma conta do cenário Faz vibrar o meu canário

Enaltece o que ele faz Bola rolando

E o mundo se encantando Com a galera delirando

Tô aqui e quero mais

O jornalista João Saldanha escreveu o livro O Trauma da Bola: a Copa

de 82, em que relata todos os jogos daquele certame. Saldanha sempre foi um

crítico de futebol e da política brasileira. Ele comandou a seleção de 1970 até as vésperas da Copa. Foi perseguido pela ditadura militar e expulso da seleção, dando lugar a Zagalo, ex-jogador da Copa de 58. João Saldanha chegou a criticar a poesia exagerada dos jogadores brasileiros da Copa de 1982 que, embalados pelo “Voa, Canarinho, Voa”, acabaram, segundo o jornalista, deixando de lado a seriedade (ou a prosa) necessária para vencer uma competição. “Não se ganha Copa do Mundo com musiquinha ou batendo bumbo.” (JOÃO SALDANHA, 2002, p. 191).

O que será que Saldanha quis dizer com a frase acima? Será que ele era mesmo contrário ao futebol-poesia?

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DEBATE

Para você, o que é mais importante num jogo de futebol: o placar final do jogo ou um futebol-arte, alegre e que encanta, independentemente do resultado?

Vamos realizar um debate em sala de aula? Um grupo irá defender o futebol-prosa e outro, o futebol-poesia.

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ATIVIDADE

Vamos formar duas equipes? Uma equipe será formada pelos(as) alunos(as) que defenderam o futebol-prosa e a outra, pelos(as) alunos(as) que defenderam o futebol- -poesia. Cada equipe deverá confeccionar sua própria mascote, seu pôster e sua música. Em seguida, vamos para a quadra ou campo para realizamos nosso jogo de futebol.

COMPLEMENTO

Brasil e Itália já se enfrentaram em várias Copas do Mundo, em diferentes momentos. O confronto mais recente foi em 1994, na final da competição. Foi uma Copa do Mundo cheia de novidades, tal como a realização do evento nos Estados Unidos, país que, apesar de não ter tradição no esporte, aproveitou o evento esportivo para tentar lucrar com a venda das imagens e produtos com a marca da Copa. Infelizmente, o sistema capitalista tenta transformar tudo em lucro. Até as mascotes se transformaram em artigos meramente de venda, perdendo seu significado histórico.

Outra novidade foi o resultado da final. Pela primeira vez a final da Copa foi um cansativo 0 a 0, de um futebol cheio de prosa e pouca poesia. Sobre esse fato, Galeano (2004, p.188) escreveu o seguinte:

A Itália jogou a final contra o Brasil. Foi uma partida aborrecida, mas entre bocejo e bocejo, Romário e Baggio deram algumas lições de bom futebol. A prorrogação terminou sem gols. Na definição por pênaltis, o Brasil se impôs por 3 a 2 e se consagrou campeão do mundo.

CURIOSIDADES Primeiro Tempo

O país escolhido pela FIFA para sediar a Copa de 1986 foi a Colômbia. Contudo, desde 1982 havia rumores de que o país sul-americano não conseguiria sediar o evento. As discussões sobre qual país poderia sediar a Copa gerou discordância, em especial quando os Estados Unidos colocaram- se à disposição. Veja o que Saldanha (2002, p. 186) escreveu a esse respeito:

Importantíssimo o ‘pacto sul-americano' se é que existe, de não participar da Copa de 86, caso não seja na Colômbia e sim transferida para os EUA. Pode parecer uma medida antiesportiva. Mas não é. Nos EUA, apesar dos esforços, o futebol não pegou. Até é chamado de soccer, cujo pronúncia é igual a outra não muito amável – sucker, que quer dizer otário, trouxa etc.

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(...) Como se sabe, o futebol lá não pegou, apesar dos esforços de alguns empresários. No momento está caindo no número de clubes, porque os donos, os tais empresários do futebol, como no vôlei, no comércio ou outro investimento qualquer, fecham um negócio não lucrativo.

Segundo Tempo

Na Copa de 1986, que acabou acontecendo no México, os jogos eram disputados sob um calor tremendo, em horários inconvenientes para os jogadores, mas convenientes para os interesses da televisão. Veja o que escreveu Galeano (2004, p. 165) sobre o assunto:

No Mundial de 86, Valdano, Maradona e outros jogadores protestaram porque as principais partidas eram disputadas ao meio-dia, debaixo de um sol que fritava tudo que tocava. O meio-dia do México, anoitecer da Europa, era o horário que convinha à televisão européia. (...) A venda do espetáculo importava mais do que a qualidade do jogo? (...) Quem dirigiu o Mundial de 86? A Federação Mexicana de Futebol? Não, por favor, chega de intermediários: quem dirigiu foi Guilermo Cañedo, vice-presidente da Televisa (...). Foi o Mundial da Televisa, o monopólio privado que é dono do tempo livre dos mexicanos e também dono do futebol no México. E nada era mais importante que o dinheiro que a Televisa podia receber, junto com a FIFA, pelas transmissões aos mercados europeus.

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Na marca do pênalti

É possível haver futebol-poesia quando o futebol é transformado num negócio que visa o lucro de empresários? O que é monopólio? No Brasil existem canais de televisão que monopolizam a programação do futebol e de outros programas?

VAMOS VER UM FILME?

Dois filmes retratam bem as discussões que fizemos em sala de aula:

O Ano em Que Meus Pais Saíram de Férias e Todos os Corações do Mundo. O primeiro mostra a realidade da Copa de 1970 sob o olhar de um

garoto de 12 anos que, alheio aos problemas enfrentados pelo país, deseja apenas que o Brasil se torne tricampeão mundial. O segundo é um documentário que mostra, sob um olhar menos técnico, a Copa do Mundo de 1994. Os dois filmes são imperdíveis!

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O Ano em Que Meus Pais Saíram de Férias (2006)

» Direção: Cao Hamburger

» Roteiro: Cao Hamburger, Cláudio Galperin, Bráulio Mantovani

» Gênero: Drama

» Origem: Brasil

» Duração: 110 minutos

» Tipo: Longa

» Sinopse: Em 1970, o Brasil e o mundo parecem estar de cabeça para baixo, mas a maior preocupação na vida de Mauro, um garoto de 12 anos, tem pouco a ver com a ditadura militar que impera no País, seu maior sonho é ver o Brasil tricampeão mundial de futebol. De repente, ele é separado dos pais e obrigado a se adaptar a uma "estranha" e divertida comunidade - o Bom Retiro, bairro de São Paulo, que abriga judeus, italianos, entre outras culturas. Uma história emocionante de superação e solidariedade.

Todos os Corações do Mundo(1995)

» Direção: Murilo Salles

» Gênero: Documentário

» Origem: Brasil

» Tipo: Longa

» Sinopse: Documentário oficial da Copa do Mundo de 1994, na qual o Brasil tornou-se tetracampeão. Além dos jogos, conhecemos culturas dos países envolvidos, imagens de bastidores das partidas e muitas outras curiosidades. (Obtido em: http://www.cineplayers.com/filme.php?id=3975. 16 de novembro de 2008, às 08h)

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Textos complementares

Sobre a Copa de 2010

O cineasta italiano Pasolini dividia o futebol em prosa e poesia, tendo como referência a final da Copa do México em 1970. Evidentemente que a seleção canarinho, com Pelé, Tostão, Rivelino, representava a poesia do futebol e aquele jogo burocrático europeu, a prosa. Infelizmente, em 1970, o país do futebol vivia sob a batuta de milicos burocratas, assassinos do povo brasileiro e que souberam utilizar o resultado da Copa do Mundo como propaganda ideológica em favor regime ditatorial. No jogo contra o Brasil os presos políticos da época chegaram a torcer pela Tchecoslováquia, representante do bloco comunista que tanto assustava a direita reacionária da América Latina. Euforia política, e com um tom exagerado, encerrada até o instante que Pelé, magistralmente, chutou do meio do campo tentando pegar de surpresa o goleiro do país comunista – lance antológico não convertido em gol.

Desde 1990 que o maior evento futebolístico se resume a prosa. Jogos enfadonhos, poucas revelações, poucos gols, poucas jogadas magistrais. Evidentemente que não somos saudosistas daquele 10 a 1 que a Hungria emplacou em El Salvador em 1982, que gerou protesto do time salvadorenho colocando a goleada como atitude antiesportiva da equipe húngara! Ou na mesma Copa aquele jogo entre Alemanha e Áustria no qual as duas equipes, já sabendo dos resultados anteriores do grupo, combinaram o placar para que pudessem se classificar para a segunda fase – face horrenda de uma Copa com problemas de organização.

A Copa de 2010 começa com a mesma prosa que marcou os últimos eventos. Quem teve a terrível sensação de assistir França e Suíça (0x0) em 2006 e ver o time francês chegar a final do certame e agora perder seu tempo, como eu perdi, assistindo França e Uruguai (0x0), pode perceber que a promessa de uma Copa do Mundo diferenciada, por ser, pela primeira vez, em Continente Africano, caiu por terra. A média de gols dos primeiros jogos é muito baixa, o nível técnico de algumas equipes é lastimável e as grandes promessas parecem ter deixado de lado a poesia futebolística – e ainda corremos o risco de times medíocres com o da França, mas com um futebol de resultado, possam chegar ä final.

Resta-nos assistir aos programas sobre o futebol tão comuns nesta época. Entre um jogo e outro, antes de cair no sono, recomendo mudar o canal e procurar excelentes documentários como um que passou na TV SESC (Futebol e Arte) durante o enfadonho Sérvia e Gana. Quando terminou o primeiro tempo corri para preencher na minha tabela aquele 0x0 parcial, ato falho, pois ainda transcorreria o segundo momento do jogo, que para mim não representava mais nada.

No referido documentário temos um dos convidados falando sobre a opinião de Bertold Brecht sobre o espetáculo futebolístico e sua relação com o

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teatro. Brecht desejava uma apresentação teatral com o público gritando, xingando, opinando, da mesma forma que os torcedores se comportam nos estádios. Ah, que cena fantástica a população nas câmaras de vereadores ou nas assembléias legislativas gerando atos de manifestação irada, diferente do torpor típico desses espaços.

Na verdade a história tem mostrado que a direita e os setores reacionários tem se privilegiado dos espetáculos esportivos, vide as Copas de 1970 e 1978, bem como a Olimpíada comandada por Hitler. No nosso pequeno-vasto mundo os noticiários de TV e os tablóides dão ênfase ao espetáculo em detrimento aos acontecimentos políticos que circulam no país e no mundo. Vários órgãos públicos em greve, parlamentares em “recesso branco” (quem quiser que acredite), fantasmas no Senado são esquecidos durante quase um mês. Em contrapartida a propagando ideológica segue se aproveitando do evento. Não deixam escapar que a Coréia do Norte é esquisita, é um país fechado que nada por lá presta e que são... comunistas (ainda bem que já não comem criancinhas). Até pensei em ir ao primeiro jogo do Brasil com uma camisa vermelha, provocativa, mas tenho certeza que eu não seria compreendido pelos meus alunos e os doutos professores, lembrando que a partida é em plena terça-feira, precedida por uma reunião departamental e logo em seguida, no período noturno, aula normal.

PS: Enfim tive que corrigir a minha tabela da Copa, Gana marcou 1x0 na Sérvia gol de... pênalti – e tome prosa!

Este domingo poderia ter sido diferente

Fim da Copa. Com uma atuação fantástica dos craques brasileiros conseguimos conquistar o hexacampeonato mundial. A vitória sobre a Argentina foi incontestável, apesar de los hermanos mostrarem um futebol de alto nível. Nossos jogadores desfilaram no campo e finalmente o futebol arte vingou o desastre de 1982 (apesar de termos vencido a Argentina naquele triangular classificatório para as semifinais, o futebol poesia perdeu para a Itália na catástrofe do Sariá). Uma final sul-americana, no primeiro campeonato no continente africano, afirma que um futebol bem jogado merece também resultados positivos.

Um 3x2 inesquecível com jogadas magistrais e uma atuação impecável dos goleiros, apesar do placar elástico para os tempos atuais. Os meninos da Vila Belmiro, leves e soltos, deslumbraram o mundo com jogadas geniais e souberam ouvir um técnico experiente, ofensivo, estudioso do futebol e que como um grande companheiro conseguiu retomar os ares idílicos de um esporte que merece ser lembrado pelas grandes jogadas e não por resultados frios.

A Argentina não perdeu o jogo. Todos nós sabíamos que o resultado seria inesperado. Nada mais exuberante que uma final de Copa do Mundo com dois times ofensivos, com dois técnicos experientes e amantes do futebol. Estes fatores só afirmam um outro futuro para esporte. Mudanças também vão

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EDUCAÇÃO FÍSICA acontecer na FIFA já que os técnicos das equipes vencedoras, bem como os

jogadores, já iniciaram uma campanha de moralização da entidade que está envolvida em várias denúncias de corrupção e tráfico de influências. As federações brasileiras também serão atingidas por esta campanha e tudo indica que teremos uma reorganização completa destas estruturas falidas e vinculadas aos interesses dos poderosos de plantão. As primeiras medidas indicam que a Adidas, Puma e principalmente a Nike, acusadas de usar mão de obra escrava nos países asiáticos, não mais interferirão nos resultados dos jogos e na organização dos Mundiais.

Empresas que produzem lixo alimentar, como a Coca-Cola e o McDonald´s, que viciam e adoecem a população mundial, em especial as crianças, serão banidas de todas as competições oficiais de futebol. Os grandes conglomerados de TV também serão punidos com novas normas. As imagens serão abertas para qualquer transmissora que desejar repassar o sinal da Copa, em especial as TV´s comunitárias e àqueles que postam vídeos na internet.

Com essas medidas o futebol tem tudo para voltar a ser um excelente mecanismo de divulgação cultural e uma das marcas indeléveis da identidade de um povo.

Não podemos deixar de aproveitar este momento de euforia para escrever sobre a grande festa que toma conta do país do futebol. Estive na praia e solidarizei-me às milhares de pessoas que estavam na orla da cidade, embriagadas com a vitória da seleção canarinho. Acostei-me aos gritos de “É campeão!” e por um momento esqueci que amanhã é segunda-feira. Na volta para casa fui abordado por um garoto, no máximo 10 anos de idade, que me perguntou com uma voz tímida e precedida do pedido de esmola. “Ei, o Brasil ganhou um jogo, foi?”.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

GALEANO, Eduardo. Futebol ao sol e à sombra. Porto Alegre: L&PM, 2004. SALDANHA, João. O trauma da bola: a Copa de 82. São Paulo: Cosac & Naify, 2002.

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Rogéria Maria Fabião de Araújo Escola Municipal Analice Caldas Adeilton dos Santos Gonzaga Escola Municipal Euclides da Cunha Marco Antônio de Oliveira Vilarim Escola Municipal Zulmira de Novais Carlos Alberto Antunes Escola Municipal João Monteiro da Franca Lauro Pires Xavier Neto Universidade Federal de Campina Grande (UFCG) Lucas Vieira de Lima Silva Universidade Regional do Cariri (URCA)

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Você joga futebol? Que tipo de futebol você joga? Em que condições você pratica futebol? Você adapta as regras do futebol para a sua realidade? Futebol é um esporte masculino? Existe futebol

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