Alguns dados objectivos e subjectivos sobre
a situação política e social em Portugal
Epicentros das políticas de austeridade
● segurança social
● políticas fiscais
● desemprego e outros mecanismos produtores de assimetria na repartição dos
rendimentos
– bloqueio da contratação colectiva
– desemprego elevado
– precarização do trabalho
– esvaziamento da relação entre assalariados e patronato – esvaziamento dos sindicatos
– reforma antecipada ou compulsiva das gerações habituadas a conquistar direitos – Etc.
Distribuição do rendimento:
remuneração do trabalho em % do PIB
(1980-2012)
1980 1982 1984 1986 1988 1990 1992 1994 1996 1998 2000 2002 2004 2006 2008 2010 2012 0% 10% 20% 30% 40% 50% 60%Remuneração do trabalho em % do PIB (1980-2012)
%
d
o
P
Distribuição do rendimento:
remuneração do trabalho em % do PIB
(1960-2012)
19601961196219631964196519661967196819691970197119721973197419751976197719781979198019811982198319841985198619871988198919901991199219931994199519961997199819992000200120022003200420052006200720082009201020112012 30% 35% 40% 45% 50% 55% 60% 65% 70% 75% 80%Evolução do PIB e da remuneração do
trabalho (1974-2012)
197419751976197719781979198019811982198319841985198619871988198919901991199219931994199519961997199819992000200120022003200420052006200720082009201020112012 0 20.000 40.000 60.000 80.000 100.000 120.000 140.000 160.000 180.000 Remunerações do trabalho PIB m il h õ e s d e e u ro s = 1 0^ 6 €Greves e número de trabalhadores
envolvidos
1986 1987 1988 1989 1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 0 50 100 150 200 250 300 350 400 450 Greves Trabalhadores abrangidos (milhares)1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 0 2.000 4.000 6.000 8.000 10.000 12.000 m ilh õe s de e ur os
impostos directos sobre o rendimento das famílias
impostos directos sobre o rendimento das empresas
Impostos directos sobre o rendimento
(M €)
Impostos directos sobre o rendimento
(% do PIB)
1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2,0% 2,5% 3,0% 3,5% 4,0% 4,5% 5,0% 5,5% 6,0% 6,5% 7,0% % d o P IB trabalho empresasImpostos directos sobre o rendimento das
famílias +IVA (M €)
1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 0 5.000 10.000 15.000 20.000 25.000 30.000 m ilh õe s de e ur os famílias empresasImposto sobre o rendimento das empresas
(taxa efectiva média)
5% 10% 15% 20% 25% 17,00% 16,00% 16,02% 18,37% 19,37% 16,88%
Origens da Segurança Social
● Século XIX
– Desenvolvimento duma consciência de classe – Criação de associações de ajuda mútua
● Ditadura – 1933-1974
● 1974 – derrube da ditadura, fim da guerra colonial ● 1975 – período pré-revolucionário
● 25 Nov. 1975 – golpe militar – fim do período pré-revolucionário
● 1976 … – Constituição; pacto social; construção da segurança social e das funções sociais
Pacto social e segurança social
● O estado compromete-se:
– Aplicação universal dos princípios de solidariedade e do benefício
– Contribuição obrigatória (de cada um segundo as suas possibilidades, a cada um
segundo as suas necessidades)
– Autonomia da segurança social (separação entre contas do estado e contas da
segurança social)
– Participação de representantes dos trabalhadores na fiscalização e gestão da
segurança social
– Gratuitidade tendencial da saúde, ensino, etc.
– Política fiscal mais redistributiva (equitativa e progressiva) – Separação entre contribuições e impostos
● Dois regimes de segurança social:
– Regime contributivo
– Regime não contributivo (transferência de verbas dos impostos para apoiar quem não
Situação actual da segurança social:
quebra do pacto social
● Situação da segurança social:
– Quebra do princípio da aplicação universal da solidariedade social
– Quebra da separação entre rendimentos do Estado e rendimentos da segurança social – Quebra da equidade na tributação dos rendimentos
– Quebra da progressividade das tributações e contribuições
– Quebra da gratuitidade tendencial das funções sociais do estado
● Em resumo:
– Anulação do pacto social
– Transferência massiva dos rendimentos e contribuições dos trabalhadores para o
Cálculo do salário social líquido
O salário social líquido tem sido sempre positivo Conclusão:
● As contribuições e impostos dos trabalhadores são suficientes para sustentar a segurança
social
● Não existem razões para contrair dívida – a dívida não beneficia os trabalhadores – a dívida
pós-troika é ilegítima
● Uma parte do saldo excedentário do salário social líquido foi aplicada no regime não
contributivo da segurança social (devia caber ao patronato)
● Outra parte foi desviada para subsídios ao capital, à dívida pública e investimentos
financeiros especulativos
+ Contribuições dos trabalhadores para a segurança social
+ Parte dos impostos directos e indirectos pagos pelos trabalhadores – Custo das funções sociais do Estado
_________________________________________________ = Salário social líquido
Pirâmide etária portuguesa (1960)
0-04 05-09 10-14 15-19 20-24 25-29 30-34 35-39 40-44 45-49 50-54 55-59 60-64 65-69 70-74 75+ 9% 7% 5% 3% 1% 1% 3% 5% 7% 9% 1960 homens mulheres 15-64 anos: 63% 20-64 anos: 54% 25-64 anos: 47%Pirâmide etária portuguesa (2011)
0-04 05-09 10-14 15-19 20-24 25-29 30-34 35-39 40-44 45-49 50-54 55-59 60-64 65-69 70-74 75+ 9% 7% 5% 3% 1% 1% 3% 5% 7% 9% 2011 homens mulheres 15-64 anos: 66% 20-64 anos: 61% 25-64 anos: 55%Epicentro das lutas sociais
Tarefas principais a curto e médio prazo
● prosseguir o incentivo à criação de movimentos de auditoria cidadã, em especial ao nível do
poder local
● demonstrar em toda a parte que o salário social líquido é positivo – ou seja, que a dívida
pública é ilegítima
● demonstrar em toda a parte que a segurança social é sustentável ● denunciar a injustiça social das políticas fiscais
● demonstrar que a política fiscal actual é uma transferência de recurso dos trabalhadores
para o capital
● lutar pela extinção dos impostos indirectos (em especial o IVA)
● incentivar a luta pelo controle e reapropriação da segurança social em todos os países onde
ela exista
● lançar o debate sobre novas formas contributivas da segurança social, adequadas à fase
actual do capitalismo
Agradeço a extensa correcção e leitura crítica prestada por: Virginie Romanet
Jacques Dachary Marie-Christine Aubin Namur, Bélgica, 28-6-2013
Rui Viana Pereira
Autor de Dossier da Segurança Social – ed. CADPP, nov/2012 Autor, com Renato Guedes, de
□ «E Se Houvesse Pleno Emprego? A Sustentabilidade da Segurança Social em Portugal» – in A
Segurança Social É Sustentável, coord. Raquel Varela, ed. Bertrand, 2013.
□ «Quem Paga o Estado Social em Portugal?» – in Quem Paga o Estado Social em Portugal?, coord.