• Nenhum resultado encontrado

MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DA AMAZÔNIA

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DA AMAZÔNIA"

Copied!
120
0
0

Texto

(1)

AVALIAÇÃO DA POTENCIALIDADE DAS TERRAS PARA DETERMINAÇÃO DE ZONAS AGROECOLÓGICAS, NO MUNICÍPIO DE IGARAPÉ-AÇÚ, PARÁ.

CLOTILDE LEAL COSTA FILHA

BELÉM 2005

(2)

AVALIAÇÃO DA POTENCIALIDADE DAS TERRAS PARA DETERMINAÇÃO DE ZONAS AGROECOLÓGICAS, NO MUNICÍPIO DE IGARAPÉ-AÇÚ, PARÁ.

CLOTILDE LEAL COSTA FILHA

Geógrafa.

Dissertação apresentada à Universidade Federal Rural da Amazônia, como parte das exigências do Curso de Pós-Graduação em Agronomia, área de Concentração em Solos e Nutrição Mineral de Plantas, para a obtenção do título de Mestre.

Orientador

Engo. Agro. Tarcísio Ewerton Rodrigues Doutor.

BELÉM 2005

(3)

COSTA FILHA, Clotilde Leal. Avaliação da Potencialidade das terras para determinação de zonas agroecológicas no município de Igarapé-Açú, Pará. Belém: Universidade Federal Rural da Amazônia, 2005. Dissertação (Mestrado em Agronomia) – UFRA, 2005.

CDD. ___________ CDU. ___________

(4)

AVALIAÇÃO DA POTENCIALIDADE DAS TERRAS PARA DETERMINAÇÃO DE ZONAS AGROECOLÓGICAS, NO MUNICÍPIO DE IGARAPÉ-AÇÚ, PARÁ.

Dissertação apresentada à Universidade Federal Rural da Amazônia, como parte das exigências do Curso de Pós-Graduação em Agronomia, área de Concentração em Solos e Nutrição Mineral de Plantas, para a obtenção do título de Mestre.

.

APROVADA em ___/____/______

Comissão Examinadora:

Eng.o Agro Tarcísio Ewerton Rodrigues, Doutor (EMBRAPA) (Orientador)

Eng.o Agro Eduardo Jorge Maklouf Carvalho, Doutor (EMBRAPA)

Eng.o Agro José Raimundo Natividade Ferreira Gama, Doutor (EMBRAPA)

(5)

A Deus, que sempre nos diz sim, apesar de às vezes nos dizermos não.

A meu pai, Sr. Clodoaldo (in memorian);

A minha mãe, Dona Clotilde;

A minha amiga Margareth Monteiro da Gama que nos deixou muito cedo, mas marcou-nos para sempre através de seu sorriso constante e da ajuda desinteressada que a todos dispensou (in memorian);

(6)

A Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária/Embrapa-Amazônia Oriental, pela oportunidade concedida em utilizar suas instalações e recursos humanos.

À Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal do Nível Superior (CAPES), pela concessão de bolsa de estudo.

Ao Dr. Tarcísio Ewerton Rodrigues, pela orientação na realização e confecção deste trabalho.

Aos pesquisadores da Embrapa Amazônia Oriental, Sr. Furlan e Sr. Adérito, pela vontade e incentivo para que este trabalho fosse realizado.

A todos os professores do Departamento de Solos que transmitiram seus conhecimentos no decorrer do curso.

Aos pesquisadores da Embrapa Amazônia Oriental, setor de Pedologia, João Marcos Lima da Silva, Eduardo Jorge Makloouf, Moacir Azevedo Valente, José Raimundo Natividade Ferreira Gama e Raimundo Cosme de Oliveira Júnior pela amizade e colaboração.

Ao Sr.Pedro Alberto de Moura Rolim – Técnico em Hidroclimatologia da Sudam/DRN/ADA -, pela análise dos dados climatológicos de Igarapé-açú.

A Prefeitura Municipal de Igarapé-açú, na pessoa do Sr.João Pereira da Silva, ex-prefeito, que acreditou e apoiou financeiramente este trabalho.

A Agroindustrial Palmasa, em especial ao Sr. Roberto Lofrano, pelo custeio de nossa alimentação durante o trabalho de campo.

Ao Banco do Brasil, agência Igarapé-Açú, pela doação dos recursos necessários as viagens de campo e material de expediente.

A Coordenação e Administração da Fazenda Experimental da UFRA, em Igarapé-Açú, pelo apoio recebido na execução do trabalho.

Aos funcionários da Secretaria Municipal de Agricultura de Igarapé-Açú, especialmente ao Sr. Helivelton, Sr. Mauro e o famoso “Ceará”, pelo apoio efetivo durante o trabalho de campo.

A população rural de Igarapé-Açú, que nos permitiu entrar em suas propriedades para coleta de material.

Aos técnicos do laboratório de solos da EMBRAPA Amazônia Oriental pela valiosa ajuda no decurso da análise das amostras de solo.

Aos colegas da Pós-Graduação, em especial a Luiz, Jessivaldo, Nilton, Kátia Fernanda, Padilha e Edson pela amizade e colaboração.

A Dona Silvia que doou as tardes de sábados ao lado de seu esposo, para que este pudesse orientar-me. A todos que direta ou indiretamente contribuíram para a realização deste trabalho, seja com uma sugestão, observação ou apoio moral.

(7)

...O inevitável sempre acontece. É preciso paciência e disciplina para ultrapassá-lo, e Esperança. Não se pode gastar energias lutando com o impossível. Não se trata de Esperança no futuro. Trata-se de recriar o próprio passado. (Autor Desconhecido)

(8)

ABSTRACT

1. INTRODUÇÃO··· 10

2. REVISÃO DE LITERATURA ··· 11

2.1.Desenvolvimento Agrícola Sustentável ··· 11

2.2.Finalidade e aplicação do Zoneamento Ambiental··· 14

2.3.Parâmetros físicos e químicos de solo e características ambientais para determinação de zonas agroecológicas ··· 16

2.4.Características físicas e químicas das principais classes de solos da Amazônia brasileira ··· 22 3.MATERIAL E MÉTODOS ··· 26 3.1.Caracterização ambiental ··· 26 3.1.1.Localização··· 26 3.1.2.Geologia e Relevo··· 27 3.1.3.Vegetação ··· 28 3.1.4.Clima ··· 29 3.1.5.Hidrografia··· 34

3.2.Levantamento de solos e cartografia ··· 35

3.3.Métodos de análises de solo··· 36

3.3.1.Análises físicas ··· 37

3.3.2.Análises químicas ··· 38

3.4.Classificação de solos ··· 38

3.5.Avaliação da Aptidão Agrícola das Terras··· 39

3.6.Zonificação ambiental··· 46

3.6.1.Classes de Aptidão Agroecológicas ··· 51

4.RESULTADOS E DISCUSSÕES ··· 54

4.1.Caracterização dos solos ··· 54

(9)

4.1.4.Gleissolo Háplico··· 72

4.1.5.Neossolo Quartzarênico ··· 75

4.2.Classificação dos solos ··· 77

4.3.Análise de fatores limitantes da Aptidão Agrícola ··· 80

4.4.Caracterização e descrição das classes de Aptidão agrícolas··· 84

4.5.Caracterização das zonas agroecológicas mapeadas ··· 87

4.5.1.Descrição das zonas agroecológicas··· 91

4.5.1.1 - Zonas de alto potencial para agricultura··· 91

4.5.1.2 – Zonas de baixo potencial para agricultura ··· 92

4.5.1.3 – Zonas para preservação ambiental··· 92

5.CONCLUSÃO··· 94

BIBLIOGRAFIA ··· 95

(10)

A determinação de zonas agroecológicas no município de Igarapé-açú (PA), compreendeu as etapas de levantamento de solos e de avaliação da aptidão agrícola das terras, considerando-se as exigências edafoclimáticas das principais culturas recomendadas para o município. A metodologia adotada foi a preconizada pela Embrapa Solos em todas as fases de execução dos trabalhos de campo, laboratório e escritório. As principais classes de solo identificadas foram o Argissolo Amarelo (78,43%), Latossolo Amarelo (0,08%), Gleissolo (17,01%) e o Neossolo Quartzarênico (4,48%). A dominância de solos pertencentes à classe dos Argissolos Amarelos deve-se, provavelmente, a intensificação das atividades agrícolas ao longo dos anos e das práticas de manejo adotadas no município, favorecendo a mudança textural de seus solos através da eluviação e iluviação, devido à remoção da cobertura vegetal em épocas de plantio. As classes de solos identificadas foram arranjadas em unidades de mapeamento, considerando-se o tipo de horizonte A, características taxonômicas de natureza intermediária, grupamentos texturais, constituição macroclástica, profundidade, drenagem, capacidade de troca de cátions (atividade de argila), tipo de vegetação, classes de relevo e declividade. As classes de aptidão agrícola nos sistemas de manejo A, B e C resultaram de interpretações das características dos solos e avaliação das limitações quanto à fertilidade natural, deficiência de água, excesso de água, susceptibilidade à erosão e impedimentos a mecanização, possibilitando a identificação das classes de Aptidão Agrícola para uso em lavouras, apresentando classe BOA no sistema de manejo C, REGULAR no sistema de manejo B e RESTRITA no sistema de manejo A – 1(a)bC -, compreendendo 12,19% das terras do município; classe de aptidão agrícola 2(a)bc, representando terras aptas para uso de lavouras, com culturas de ciclo curto e longo, possuindo classe de aptidão REGULAR no sistema de manejo B e C e RESTRITA no sistema de manejo A, correspondendo a 46% da área total do município; classe de Aptidão 3(abc) compreendendo terras com aptidão RESTRITA para lavoura nos sistemas de manejo A, B e C, representando 20,32% do total da área e as terras sem aptidão agrícola foram identificadas como pertencentes á classe de aptidão 6, representando 21,49% das terras do município. Foram identificadas sete zonas agroecológicas em Igarapé-Açú, sendo duas com potencial para lavoura intensiva (ZAPA1 e ZAPA2) abrangendo aproximadamente 58,19% da área total do município; uma zona de baixo potencial para lavoura (ZBPA) representando 20.32% do total da área e quatro zonas para preservação ambiental (ZPR) abrangendo aproximadamente 21,49%; da área total.

Palavras chaves: Zoneamento Agroecológico; Solos tropicais; Igarapé-Açú, Pará; Amazônia; Desenvolvimento agrícola sustentável.

(11)

The determination of agroecological zones in the Municipal District of Igarapé-Açú (PA), understood the stages rising of soil and evaluation of the agricultural aptitude of the lands, considering the characteristic environmental requirements of the main cultures recommended for the city. The adopted methodology was the one recommended by Embrapa Solos in all the phases of execution the field works, laboratory and office. The main identified soil class had been the Yellow Argisols (78,43%), Yellow Latosols (0,08%), Gleysols (17,01%) and the Quartzarenic Neosols (4,48%). The predominance of soils belonging to the class of Yellow Argisols is likely due to the intensification of the agricultural activities along the years and of the handling practices adopted in the city, favoring the texture change of its soil through the removal and deposition of material of the soil in suspension, due to the removal of the vegetable covering in plantation times. The identified classes of soils above were subdivided in units taking into account the basic cation and aluminum saturations, type A horizon, taxonomic characteristics of intermediary nature, the textural groupings, coarse fragments composition, depth and drainage of the soil, cation exchange capacity (clay activity), vegetation type, relief and slope classes. The class of agricultural aptitude in the handling systems, A, B and C were a result of interpretations of the characteristics of the soils and evaluation of its limitations with related the natural fertility, water deficiency, water excess, susceptibility to the erosion and impediments to mechanization, facilitating the identification of the class of Agricultural Aptitude for use in farmings, presented GOOD class in the handling system C, REGULATE in the handling system B and RESTRICTED in the handling system A - 1(a)bC -, corresponding 12,19% of the lands of the municipal district. Class of agricultural aptitude 2(a)bc, representing capable lands for farmings use, with cultures of short and long cycle, which possess class REGULAR aptitude in handling system B and C and RESTRICTED in the handling A, corresponding to 46% of the total area of the municipal district; aptitude class 3(abc) corresponding lands with restricted aptitude for farming in the handling systems A, B and C, representing 20,32% of the total area and the lands without agricultural aptitude were identified as belonging to class of aptitude 6 and they represent 21.49% of the lands to the municipal district. Seven agroecological zones were identified in Igarapé-Açú, two of them with potential for intensive farming (ZAPA1 and ZAPA2) comprehending 58.19% of the total area of the municipal district, an area of potential low for farming (ZBPA), representing 20.32% of the total area and four zones environmental preservation (ZPR) comprehending 21,49% approximately of the total area.

Keys-word: Agroecological zoning; Tropical soils; Igarapé-Açú, Pará; Amazon; Sustainable agricultural development;

(12)

1. INTRODUÇÃO

Os recursos naturais são em quase todos os setores da economia a base do desenvolvimento econômico e social. Dentre esses o recurso solo merece destaque não apenas pela vocação agrícola e a grande extensão territorial brasileira, mas também por ser este a base concreta da espacialização humana. No contexto histórico de ocupação brasileira, a região do nordeste paraense desempenhou o papel de fronteira agrícola, incorporando em seu espaço, diversificados sistemas produtivos que foram da agricultura familiar à produção agrícola mecanizada da pimenta-do-reino (piper nigrum) e da mandioca (Manihot esculenta), num processo desordenado de ocupação e intensificação produtiva.

A maioria dos principais sistemas agrícola praticados na região tem ocasionado desequilíbrios socioecológicos resultando em um grande número de produtores sem perspectivas de melhoria de vida, principalmente, aqueles ligados a agricultura de subsistência.

A ocupação desordenada e o uso intensivo dos solos têm sido apontados como uma das causas da degradação ambiental e, consequentemente, da diminuição da qualidade de vida, principalmente daqueles que têm no recurso natural sua base produtiva. Neste sentido o desenvolvimento agrícola sustentável tornou-se um dos grandes desafios dos últimos tempos, exigindo o reconhecimento das características ambientais para que as mesmas possam ser preservadas para as futuras demandas da sociedade.

Diversas pesquisas têm demonstrado que o uso das terras no município de Igarapé-Açú, Estado do Pará, foi conduzido pela necessidade imediata de produção, sem que houvesse uma adequação das práticas de manejo empregadas às condições ambientais presentes. Em muitas áreas esse fato ocasionou o assoreamento de rios e a perda da capacidade produtiva dos solos, o que poderia ter sido minimizado com o emprego de práticas de manejo mais adequadas às características ambientais do município.

O uso das terras no município de Igarapé-açú é intenso, não havendo áreas inalteradas, o que torna necessário a adoção de medidas que diminuam o processo de assoreamento dos rios e empobrecimento dos solos, pois de acordo com Embrapa (1999), as características climáticas dessa região são favoráveis à ocorrência de processos erosivos.

O conhecimento da potencialidade dos recursos naturais é de fundamental importância para o planejamento do uso sustentável, em processos de ordenamento territorial que objetivam normatizar a ocupação do espaço, buscando racionalizar a gestão do território com vista a implantação de um modelo de desenvolvimento sustentável.

(13)

Nesse sentido, o objetivo deste trabalho de pesquisa é efetuar levantamento das características pedológicas e ambientais atuais do município de Igarapé-Açú e, elaborar, a partir desse levantamento, a classificação dos solos ali presentes para que se possa indicar a aptidão agrícola dos mesmos, bem como áreas que, pela fragilidade de seus ecossistemas, devam ser destinadas à preservação ambiental.

2. REVISÃO DE LITERATURA

2.1 – Desenvolvimento Agrícola Sustentável.

Um dos grandes desafios da humanidade é o de promover o desenvolvimento socioeconômico, com utilização racional dos recursos naturais, de modo que estes não se esgotem ao longo do tempo. Para Gualberto et al. (2003) esse desafio se torna difícil uma vez que à compreensão do termo desenvolvimento soma-se a busca por um máximo desenvolvimento científico e tecnológico que visam, em grande medida, o aumento da produtividade sem preocupação com o meio ambiente. Dupas (2000) suscita essa questão quando afirma que o grande problema do mundo capitalista é que o saber atual encontra-se a serviço do capital, que visa o máximo retorno do seu investimento e não tem compromisso com a preservação dos recursos naturais e com o bem-estar da humanidade.

A visão do máximo retorno econômico, em detrimento ao bem-estar da humanidade, começou a ser questionada a nível mundial a partir da década de 60, em função da forte influência dos movimentos ambientalistas, dando origem às conferências mundiais sobre o meio ambiente, tendo como um de seus resultados a conceituação do termo “desenvolvimento sustentável” (CUNHA; GUERRA, 1998; ROSS, 1998).

De acordo com a World Comission on Environment and Development – WCED – (1987), “desenvolvimento sustentável é aquele que atende as necessidades das gerações presentes sem comprometer as gerações futuras de satisfazerem as suas próprias necessidades”. Entretanto, essa definição não explica o termo sustentabilidade, o que torna esta conceituação de difícil interpretação, apesar de promover a integração e a igualdade inter e intra-regional.

Daniel (2000) coloca o desenvolvimento sustentável como promotor da sustentabilidade, onde esta é conceituada como a habilidade de um sistema em manter sua produtividade quando este se encontra sob intenso esforço ou alterações.

(14)

O conceito de sistema, presente na definição acima, compreende sistemas naturais, definidos por um conjunto de elementos componentes do subsistema abiótico e biótico e pela natureza das relações entre esses elementos (IBGE, 1993; MOREIRA,1992).

O intenso esforço ou alterações citado por Daniel (2000.) refere-se às atividades antrópicas que se dão no espaço geográfico onde o grau de alteração de um espaço em relação a outro, é avaliado pelos seus diferentes modos de produção ou diferentes estágios de desenvolvimento da tecnologia (CUNHA; GUERRA, 1998.).

Essas diferenças no modo de produção se tornam mais evidentes quando a atividade desenvolvida tem por substrato os recursos naturais e que tem sua exploração intensificada a partir das exigências produtivas do mercado. Este fato ressalta questões sobre a sustentabilidade das atividades agropecuárias, haja vista práticas de manejo mal planejadas que, de acordo com Gualberto et al. (2003), causam alterações no conjunto de características morfológicas, físicas, químicas e biológicas do solo.

Essa série de interferência no solo, em sua grande maioria causada pelas atividades agropecuárias, reforça a necessidade de definir mecanismos de ações menos impactantes ao meio físico, ressaltando a importância da definição de conceito sobre desenvolvimento agrícola sustentado. Sobre a questão conceitual Maalouf (2000) aponta que o Conselho de Alimentos e Organização Agrícola das Nações Unidas (FAO), com base na definição proposta pela WCED, definiu desenvolvimento agrícola sustentado como “o gerenciamento e conservação da base dos recursos naturais e a orientação da mudança tecnológica e institucional, assegurando a realização e satisfação continuada das necessidades humanas para gerações presentes e futuras.”.

Um dos grandes obstáculos ao desenvolvimento sustentável é o sistema depredador do modelo tecnológico atual, voltado para a insustentabilidade, que tem por base a utilização de insumos químicos, a biotecnologia e a motomecanização. Maalouf (2000), Flores e Macedo (1999) citam que a degradação do solo, a escassez de recursos naturais e a baixa disponibilidade de água são as causas básicas da insustentabilidade. Essas causas podem ser minimizadas a partir de um levantamento dos recursos disponíveis no ambiente, objetivando a ocupação menos impactante e a gestão mais planejada do território (CAMARA, 2001).

Para Camargo (1998), o desenvolvimento agrícola sustentável, para ser promissor, deve conciliar aspecto sócio-econômico com as dimensões biofísicas relacionadas aos recursos naturais e à própria capacidade dos distintos ecossistemas em responder à demanda que lhes submetem as sociedades humanas.

(15)

O entendimento ecológico da dinâmica da paisagem e seus elementos têm papel fundamental no planejamento da utilização dos recursos naturais da terra, incluindo decisões sobre a criação e proteção de áreas para uso sustentável (FORMAN, 1995). Exemplos de aplicações desses conceitos podem ser observados, tanto na conservação da biodiversidade como na exploração sustentável do meio ambiente (PIENKOWSKI et al., 1996).

Dentro da proposta de desenvolvimento sustentável a implementação de modelos de desenvolvimento agrícola de cunho agropecuário e agroflorestal, compatíveis com as condições ecológicas de municípios, tornou-se de fundamental importância, pois, gradativamente, devem substituir práticas predatórias ao meio ambiente.

Segundo Calderano et al (2003), a capacidade de suporte dos sistemas naturais tem sido afetada negativamente devido à falta de planejamento da ocupação das paisagens e da produção agrícola.

De acordo com Egler (1994), planejar o uso e o desenvolvimento de ambientes heterogêneos requer o reconhecimento, em todos os níveis, das desigualdades inerentes a fatores naturais ou sociais presentes no mesmo.

Para Alves et al (2003), o risco de degradação ambiental ressalta a necessidade da avaliação e do planejamento do uso da terra, diminuindo ou evitando o uso incorreto e a exploração ineficiente dos recursos naturais impedindo, com isso, a intensificação de diversos problemas sociais, como por exemplo, a pobreza.

Em regiões onde o processo de ocupação foi induzido de forma indireta através de abertura de estradas e financiamento de grandes projetos, tanto a ocupação do território quanto a expansão da fronteira agrícola se deram de forma espontânea (ESCADA; ALVES, 2001), refletindo em um baixo aproveitamento dos recursos naturais e um intenso processo de degradação dos mesmos.

Para Rebouças (1997), esta forma de ocupação espontânea, sem conhecimento técnico-científico, tem proporcionado ao longo dos anos o desmatamento, o desenvolvimento dos processos erosivos do solo, o empobrecimento das pastagens nativas e a redução das reservas de água.

Este quadro de dilapidação dos recursos naturais do ambiente tem influenciado a busca por novas áreas produtivas, tornando o uso da terra cada vez mais competitivo, onde todo e qualquer tipo de solo sofrerá pressão continuada para atender a crescente necessidade de expansão da produção de alimentos (PALMIERI; LARACH, 1998).

De acordo com Assad (1993), o aumento da produção de alimentos sem a destruição dos recursos naturais exige informações de base sobre as potencialidades das terras, que

(16)

conduzam a uma avaliação das possibilidades de uso, proporcionando a racionalização dos fatores utilizados na produção agropecuária.

No que se refere à importância da aptidão agrícola dos solos, Ramalho Filho e Beek (1995), afirmam que um solo ideal apresentaria potencialidade máxima para o desenvolvimento das culturas. Por outro lado, as diferenças observadas em relação ao solo ideal, são consideradas limitações ao uso agrícola das terras, sendo estas a deficiência de fertilidade, deficiência de água, excesso de água, susceptibilidade a erosão, impedimentos à mecanização e utilização de implementos agrícolas.

2.2 - Finalidade e aplicação do Zoneamento Ambiental.

O Zoneamento ambiental representa uma maneira de se obter maior conhecimento sobre o meio ambiente. Segundo IDESP (1991), o zoneamento surge como ferramenta indispensável para a definição e ordenamento dos espaços de produção e de preservação ambiental. Tem por finalidade fornecer informações básicas ao Estado e à sociedade civil, sobre os critérios de utilização dos espaços geoeconômicos, de tal maneira que fique assegurado o uso dos recursos naturais ao longo do tempo, como forma de utilizar adequadamente um determinado ecossistema.

Segundo Ab’Saber (1996), estabelecer as bases de um zoneamento em uma determinada conjuntura geográfica equivale a realizar um estudo para determinar a vocação de todos os subespaços que compõe um território, e efetuar o levantamento de suas potencialidades econômicas, sob um critério basicamente ecodesenvolvimentista. Os fatores físicos e biológicos que serão estudados e utilizados na caracterização das zonas dependerão dos objetivos da zonificação e do nível de detalhamento que se pretende alcançar.

Para atingir os objetivos de manejo estabelecidos para uma área é necessário, segundo Miller (1980), dividí-la em zonas de acordo com seus recursos e ao uso que deve ser dado aos mesmos. Assim, o zoneamento envolve aspectos de controle e manejo locais, além de normas e diretrizes para especificar os tipos de uso e instalações permitidas e necessárias, dentro de cada zona. Tal procedimento visa, em linhas gerais, otimizar a utilização dos recursos naturais e conservar a biodiversidade, dentro de um programa de planejamento ambiental (OREA, 1978).

De acordo com Krüger (2002) as escalas de análise para a elaboração do zoneamento são variáveis, diferenciando-se basicamente em macro zoneamento e zoneamento local, onde

(17)

o primeiro se refere à abrangência dos Estados e o segundo a municípios, grupos de municípios ou bacias hidrográficas.

O zoneamento, neste sentido, compreenderia o conjunto de cinco plataformas informativas, onde a primeira, considerada como plataforma básica ou degrau informativo, inclui diagnósticos ambientais e socioeconômicos, mapas, estatísticas, bancos de dados e informações geográficas. A segunda plataforma, ou degrau indicativo, compreende estudos de viabilidade e cenários de desenvolvimento. A terceira plataforma, degrau afirmativo, diz respeito à elaboração dos planos diretores, planos de desenvolvimento sustentável, programa de governo, guia de investimento entre outros. A quarta plataforma, degrau legislativo, corresponde à transformação dos planos e programas em leis, decretos e normas administrativas a serem implementados e aplicados através da quinta plataforma ou degrau impositivo (KRÜGER, 2002).

De maneira geral a aplicação do zoneamento se faz a partir da necessidade de promover o desenvolvimento econômico e social de determinado território, com base no conhecimento de sua base física e das características de seu potencial institucional e humano.

A partir do objetivo geral presente no zoneamento ambiental, é possível subdividí-lo de acordo com as plataformas informativas e o contexto local em zoneamento econômico e zoneamento agroecológico. Para áreas com histórico e vocação agrícola, o zoneamento agroecológico torna-se um instrumento essencial, oferecendo elementos necessários à elaboração do zoneamento ambiental ou zoneamento econômico-ecológico.

Segundo a Fundação de Pesquisas Cândido Rondon (1988), o zoneamento agroecológico é um modelo de organização espacial do território que visa o uso eficiente dos seus ambientes produtivos.

Segundo a FAO (1997), o zoneamento agroecológico define zonas homogêneas, com base nas combinações de solos, fisiografia, relevo (paisagem) e características climáticas. Os parâmetros particulares usados na definição são centrados nas exigências climáticas e edáficas das culturas e nos sistemas de manejo em que estas se desenvolvem. Cada zona tem uma combinação similar de limitações e potencialidades para o uso das terras e, serve como ponto de referência das recomendações delineadas para melhorar a situação existente do uso das terras, incrementando a produção ou limitando a degradação dos recursos naturais.

O zoneamento agroecológico tem como referencial o potencial geo-ambiental, correlacionando informações de relevo, classes de solo, uso da terra, aptidão agrícola das terras e informações complementares de clima, que definem as categorias de uso e a

(18)

espacialização de unidades geográfica, que melhor correspondem à potencialidade do solo (IBGE, 1995).

2.3 – Parâmetros físicos e químicos de solos e características ambientais para determinação de zonas agroecológicas

De acordo com Resende (2002); Vieira (1988) as características dos solos são decorrentes de condições ambientais como clima, organismos, material de origem e tempo, apresentado distinções em conseqüência da topografia, influenciando diretamente o uso das terras. Na Amazônia Brasileira, os solos de terra firme são, em sua grande maioria, pobres em nutrientes, o que ressalta a importância da determinação de suas características químicas e físico-hídricas para sua ocupação e uso.

Segundo Lopes; Guidolin (1989), a capacidade de troca de cátions (CTC) é uma característica físico-química fundamental ao manejo adequado da fertilidade do solo e, representa o número total de cátions trocáveis que um solo pode adsorver a um pH específico. Quanto maior a CTC a pH 7 do solo, maior o número de cátions que o solo pode adsorver. A CTC efetiva (CTCE) reflete a capacidade efetiva de troca de cátions do solo em seu pH natural. A capacidade de troca potencial do solo (CTC1) é definida como o máximo de cargas negativas liberadas a pH 7.0, passíveis de serem ocupadas por cátions.

O potencial hidrogeniônico (pH), define a acidez ou a alcalinidade relativa de uma solução, apresentando amplitude de 0 a 14, em que, valores de pH abaixo de 7 são considerados ácidos e acima, básicos. Solos que apresentam pH iguais a 7 são considerados neutros. O pH é um dos principais indicadores da fertilidade do solo, devido sua relação com os tipos de cátions, saturação de bases, saturação de alumínio, capacidade de troca de cátions, adsorção, precipitação, solubilidade, formação de agregados, infiltração de água e atividade microbiana. (PAVAN; MIYAZAWA, 1996).

A saturação por base (V) reflete a porcentagem de cargas negativas, passíveis de troca a pH 7.0, que estão ocupados por Ca++, Mg++, K+ e Na+, em comparação com aquelas ocupados por H e Al. É um parâmetro utilizado para separar solos considerados férteis (V > 50%) de solos de menor fertilidade (V < 50%), sendo indispensável para o cálculo da calagem pelo método da elevação da saturação de bases, em uso em vários estados (LOPES; GUIDOLIN, 1989).

Segundo Lopes; Guidolin (1989), a Saturação por alumínio (m%), expressa a fração da CTC efetiva que está ocupada pela acidez trocável ou Al extraível. É uma outra forma de

(19)

expressar a toxidez de alumínio. Em geral, quanto mais ácido é um solo, maior o teor de Al extraível em valor absoluto, menores os teores de Ca, Mg e K, menor a soma de bases e maior a percentagem de saturação de alumínio.

A matéria orgânica (MO) pode ser considerada como um dos atributos de maior importância no que diz respeito às modificações nas características e propriedades físicas e químicas do solo. Vários trabalhos têm abordado esta propriedade, com a preocupação em revelar os efeitos positivos e/ou negativos da sua adição e/ou remoção respectivamente, em diferentes tipos de solo encontrado sob diferentes variações de vegetação e clima.

De acordo com Costa (1983), a matéria orgânica é o principal atributo responsável pela formação da estrutura do solo, favorecendo a sua aeração e aumentando a capacidade de retenção de água. A CTC efetiva, e a soma de bases, são aumentadas pela mineralização da matéria orgânica e posterior liberação de cátions e ânions trocáveis, que serão adsorvidos pelos colóides do solo (BUCKMAN; BRADY, 1967).

Para Calderano Filho (2003), as propriedades físicas e químicas dos solos, quando agregadas às características ambientais, servem para definir as condições agrícolas das terras e a viabilidade de melhoramento relativo a fatores limitantes como fertilidade natural, excesso de água, deficiência de água, susceptibilidade à erosão e impedimentos ao uso de implementos agrícolas, admitindo graus de limitação nulo, ligeiro, moderado, forte e muito forte.

Resende et al (2002) colocam a classificação ou avaliação da terra como um processo de transferência de informações e experiências, a partir de elementos físicos e da avaliação socioeconômica do ambiente, que auxiliam na identificação dos principais problemas e soluções para a área estudada.

Os dados levantados em uma área podem ser transferidos para áreas semelhantes, a partir de índices selecionados, com base nos objetivos do trabalho. Neste sentido, Resende et al (2002) indicam que, através do método paramétrico, variáveis como Fósforo (P), Cálcio (Ca), Alumínio (Al), textura, cor e croma, são os elementos necessários para efetuar a transferência de dados ambientais.

Jorge e Prado (1988) destacam que, para práticas de manejo como irrigação, drenagem, cultivos e subsolagem, a caracterização físico-hídrica do ambiente é de extrema importância. Oliveira Junior et al (1998), citando outros autores ressaltam a importância de propriedades físicas como textura e estrutura na definição do tipo de manejo a ser empregado, bem como na economia de água no solo, devido essas propriedades serem responsáveis pela porosidade do mesmo. De acordo com Medina (1972) a textura do solo é uma de suas

(20)

propriedades físicas mais estáveis, sendo de suma importância nos estudos da descrição morfológica, identificação e classificação do solo. A textura do solo pode ser entendida, como sendo a distribuição percentual de suas partículas primárias em classes, de acordo com seus diâmetros, sem que se leve em consideração a Capacidade de Troca Catiônica das mesmas. Para Kiehl (1979) a estrutura do solo influencia no crescimento e no sistema radicular das plantas por atuar como um importante fator na aeração e na disponibilidade de oxigênio do solo.

A densidade do solo pode ser definida como sendo a relação existente entre a massa de uma amostra de solo seca a 110ºC e a soma dos valores ocupados pelas partículas e pelos poros. Por definição temos que Ds= M/V (g/cm3) e é também referida como massa especifica aparente, peso especifico aparente, peso do volume de terra, gravidade especifica aparente, densidade aparente ou ainda, densidade global. A densidade do solo geralmente aumenta com a profundidade do perfil, pois, as pressões exercidas pelas camadas superiores sobre as subjacentes, provocam o fenômeno da compactação, reduzindo a porosidade. A movimentação de material fino dos horizontes superiores para os inferiores, por eluviação, também ocorre reduzindo os espaços porosos e aumentando a densidade dessas camadas. A determinação da densidade do solo dos horizontes de um perfil, desde a superfície até a camada de rocha, permite avaliar certas propriedades do solo, como a drenagem, a porosidade, a condutividade hidráulica, a permeabilidade ao ar e a água, fornecendo informações para a recomendação da terra para determinadas culturas (Kiehl, 1979).

Para Brady (1989) as densidades dos solos de superfície argilosa, franco-argilosa e franco-siltosa, poderão variar de 1,00 até 1,60 kg/m3, dependendo das condições, podendo-se encontrar uma variação de 1,20 a 1,80 kg/m3 em solos arenosos. Subsolos muito compactos poderão apresentar densidades aparentes iguais ou acima de 2,00 kg/m3. Há uma tendência nítida para elevação da densidade do solo com o aprofundamento do perfil, o que é aparentemente conseqüência de um menor conteúdo de matéria orgânica, de menores agregações e penetração do sistema radicular e da compacidade ocasionada pelo peso das camadas sobrejacentes.

A densidade de partícula é o volume de sólidos de uma amostra de terra, sem considerar a porosidade. Por definição, entende-se densidade da partícula como sendo a relação existente entre a massa de uma amostra de solo e o volume ocupado pelas partículas sólidas (Kiehl, 1979), sendo também, designada como peso do volume de sólidos, massa especifica real e peso específico real; nos solos, seus valores variam, em média, entre os limites 2,3 e 2,9 g/cm3, com o valor médio para efeito de cálculos estimado em 2,65 kg/m3,

(21)

devido os constituintes minerais predominantes nos solos serem o quartzo, os feldspatos e silicatos de alumínio coloidais.

Segundo Kiehl (1979) e Jorge (1985) os solos desenvolvidos a partir de rochas ricas em minerais pesados, atingem valores elevados e nos que se desenvolvem a partir de arenitos, os valores são mais baixos.

Farias (1981) observou que, os menores valores de densidade de partícula ocorreram na camada superficial e maior densidade nas de profundidade, devido ao teor de matéria orgânica, por ser este maior na camada superficial e menor na mais profunda.

A porosidade de um solo está entre as propriedades físicas suscetíveis às alterações pelos mais variados sistemas de cultivo, porque, é nesta propriedade que se processam os principais fenômenos que controlam o bom desenvolvimento e a produção das plantas.

Dependendo da natureza de cada solo, há considerável diferença no total de poros nos diversos solos. Os arenosos de superfície mostram-se com faixa de 0,35 m-3.m-3 a 0,50 m-3.m -3, enquanto que, nos argilosos variam de 0,40 m-3.m-3 a 0,60 m-3.m-3 ou mais, quando estes apresentam elevados montantes de matéria orgânica, e com marcante granulação. Os espaços de poros variam também com a profundidade do solo, diminuindo bastante em alguns solos compactados, alcançando valores de 0,25 m-3.m-3 a 0,30 m-3.m-3 o que significa, em parte, à inadequada aeração dos horizontes (BRADY, 1989). Segundo Vomocil (1965) a porosidade total não tem muita utilidade prática, devendo ser considerada também, a distribuição de poros por tamanho, os quais apresentam maior relação com os fenômenos do solo que controlam o desenvolvimento da planta.

De acordo com Farias (1981) e Baver (1956) a retenção de água pelo solo é governada basicamente por três fatores: composição do solo, distribuição de tamanho de poros e temperatura. Em relação à composição, as variações que existem são devidas à mineralização e aos conteúdos de matéria orgânica e sais mais solúveis. A distribuição de tamanho de poros é função da textura, estrutura do solo (agregados), densidade do solo, enquanto que a temperatura atua por afetar as propriedades físicas da água e, qualquer alteração numa dessas características modificará a relação solo-água.

A capacidade de campo, em condições de drenagem livre é o máximo de água que o solo pode reter e que corresponde ao teor existente no solo saturado, após remoção do excesso de água, quando o movimento de drenagem praticamente cessa. Nessa situação, a água saiu dos poros maiores, ficando retida nos microporos ou poros capilares (KIEHL, 1979).

Para Kiehl (1979) a capacidade de campo tem recebido criticas quanto aos métodos de sua determinação em condições naturais, atribuído a vários fatores. A tensão que torna uma

(22)

coluna de água descontinua não é a mesma para todos os solos, pois, quanto mais grosseiro for o solo, menor será a tensão em que a coluna de água se partirá. Diante do exposto costuma-se empregar a capacidade de campo, determinada em condições naturais, e porcentagem de água contida em uma amostra de terra saturada e, depois, submetida à tensões de - 300 cm de água ou de - 60 cm de água (cm de coluna d’água).

Raij (1991) salienta que o ponto de murcha é o limite inferior de água disponível, correspondendo ao teor de água no solo em que as plantas murcham de forma permanente, por não conseguirem absorver a água ainda existente.

Raij (1991) considera como água disponível do solo, a água que pode estar contida entre o mínimo, correspondente ao ponto de murchamento, e o máximo, correspondente à capacidade de campo. Esses são conceitos estáticos, que permitem medidas no laboratório de física do solo, através de determinações de potenciais de água do solo. São considerados os potenciais –330 cm de água para a capacidade de campo, e -15000 cm de água para ponto de murchamento permanente.

Kiehl (1979) citando alguns conceitos divergentes de diferentes autores sobre disponibilidade de água do solo para as plantas, conclui que todas as plantas podem utilizar, com a mesma facilidade, a água disponível do solo. Ainda o mesmo autor, considera que em média o volume da água disponível, no caso dos solos arenosos, está em 0,10m-3. m-3 e para os franco, franco siltosos e franco argilosos entre 0,15 m-3.m-3 a 0,20 m-3.m-3. Para os solos de textura grosseira, Kiehl (1979), considera que a água disponível às plantas em volume é de cerca de 0,05 m-3.m-3 , e que a amplitude de variação vai de 0,05 m-3.m-3 a 0,20 m-3.m-3.

Rodrigues et al (1991) estudou as características físico-hídricas dos principais solos da Amazônia Legal e verificando que o Latossolo Amarelo de textura média sob vegetação de mata, presente na região do Nordeste paraense, apresentou maior teor de água disponível no horizonte A (variando de 0,06 a 0,08 m-3.m-3), e baixo teor de água disponível no horizonte B (variando de 0,03 a 0,05 m-3.m-3). Segundo a Rodrigues et al (1991), a baixa disponibilidade de água nos horizontes subsuperficiais foi devido apresentarem elevada retenção de água na tensão de – 15000 cm de água.

Segundo Ottoni Filho et al. (1998) deve-se considerar três faixas de variação de água disponível do solo: alta (>0,12 m-3.m-3), média (0,06 a 0,12 m-3.m-3) e baixa (<0,06 m-3.m-3). Para esse autor, um dos principais papéis que o solo desempenha é o de suprir de água e ar às raízes das plantas, e que este suprimento de água depende essencialmente do regime hídrico e da macro e micro porosidade do solo, que estão relacionadas à sua textura e matéria orgânica.

(23)

Para Oliveira Junior et al (1998), uma das principais causas da deterioração das propriedades físico-hídricas do solo é o cultivo intensivo, principalmente quando este se dá em regiões com altas precipitações pluviométricas.

Ramalho Filho e Beek (1995) desenvolveram metodologia para avaliação da aptidão agrícola das terras, na qual é possível distinguir grupos, subgrupos e classes de aptidão, classificando os diversos tipos de uso, a partir de três níveis de manejos considerados: A; B; C, em que o nível de manejo A reflete um baixo nível de conhecimento técnico e quase não há emprego de capital. O nível B corresponde a um nível razoável de conhecimento técnico e aplicação modesta de capital e, o nível C, diz respeito a um alto nível de conhecimento tecnológico, capaz de elevar a capacidade produtiva com emprego suficiente de capital.

Calderano Filho (2003) citando outros autores, afirma que a classe de aptidão agrícola das terras é definida em função do grau de limitação mais forte presente na área, sendo esta limitação referente aos fatores que influenciam o uso agrícola, tais como deficiência de fertilidade, deficiência de água, excesso de água, susceptibilidade à erosão e impedimentos à mecanização.

Para agrupar solos em classes de capacidade de uso, Lepsch (1991) adaptou para as condições brasileiras, o sistema de capacidade de uso da terra estruturado pelo Serviço de Conservação do Solo dos Estados Unidos. Essa adaptação do sistema norte americano busca, através da sistematização das limitações permanentes e capacidade de uso da terra, definir a máxima capacidade de uso, sem degradação do solo, com ênfase à erosão acelerada.

A classificação da capacidade de uso é constituída de quatro níveis hierárquicos, estruturados nas categorias de grupos, classes, subclasses e unidades. De acordo com Lepsch (1991), quanto maior o nível da categoria, maior a possibilidade de uso mais intenso e menor a restrição para a área.

Na classificação da capacidade de uso descrita por Lepsch (1991), o ordenamento das culturas agropecuárias, em ordem decrescente de intensidade de uso, é definido nos grupos, utilizando a simbologia A;B;C, considerando as culturas anuais, perenes, pastagens, reflorestamento e vida silvestre. No grupo “A” são identificadas terras onde é possível qualquer tipo de utilização, seguindo as indicações das classes I a IV, que indicam as restrições quanto às práticas de conservação. As terras impróprias para cultivo intenso, mas que ainda são adequadas para pastagens, reflorestamento e vida silvestre, pertencem ao grupo “B”, seguindo as restrições de uso constante nas classes V a VII. As terras impróprias para qualquer tipo de cultivo, destinadas apenas para proteção e abrigo da fauna e flora silvestre,

(24)

para fins de recreação e turismo e para armazenamento de água, pertencem ao grupo “C” e, têm indicação de restrição de uso indicada pela classe VIII.

Afloramentos de rochas, areias de praias, áreas escavadas pelo homem e quaisquer área que não possibilitem o desenvolvimento da vegetação, foram denominadas por Lepsch (1991) como “tipos de terreno”, não sendo enquadradas em nenhuma das oito classes de capacidade de uso.

2.4 – Características físicas e químicas das principais classes de solos da Amazônia brasileira.

De acordo com Rodrigues et al (1991), 85% dos solos existentes na Amazônia brasileira são distróficos e predominantemente álicos. As classes dominantes são os Latossolos e Argissolos Distróficos, representando 70% da região, seguidos pelos Plintossolos com 7,5%, Nitossolos, Argissolos Eutróficos e Latossolos Vermelhos com 4,5%, solos Gleissolos Eutróficos com 5% e o restante da região distribuída entre os Cambissolos, Neossolos Litólicos, Neossolos Quartzarênicos, Espodossolos e Neossolos Flúvicos.

Rodrigues (1996) descreveu as classes de solos existentes na Amazônia brasileira, destacando seus principais atributos físicos, morfológicos e químicos, conforme observado por diversos pesquisadores em seus trabalhos de exploração e caracterização ambiental, demonstrando que nessa região a classe dos Latossolos compreende os Latossolo Amarelo, Vermelho-Amarelo, Vermelho e Roxo. Apresentam capacidade de troca de cátions (CTC) menor que 17 cmolc kg-1 de argila, baixa soma de bases trocáveis, normalmente inferiores a 1,0 cmolc kg-1 de solo e capacidade de troca de cátions efetiva (CTCE) abaixo de 3,5 cmolc kg-1 de solo.

Os solos Argissolos (antigos Podzólicos) encontrados na Amazônia brasileira possuem variadas relações texturais entre os horizontes A e B. Nesta classe a presença dos Argissolos distrófico é mais comum que o eutrófico. Apresentam soma de bases normalmente inferiores a 1,0 cmolc kg-1 de solo, teores de Alumínio no complexo de troca elevados, variando de 1,0 a 10 cmolc kg-1 de solo. Os Argissolos eutróficos, no que se refere às características morfológicas e físicas, se apresentam semelhantes aos Argissolos Distróficos, entretanto, possuem fertilidade média a alta. Na região esta classe compreende os Argissolos Amarelos, Vermelho-Amarelos, Vermelhos e os Concrecionários, Cascalhentos e Plínticos.

(25)

Os Cambissolos existentes na Amazônia apresentam elevados teores de silte na superfície e em subsuperficie. Podem ser distróficos ou eutróficos e apresentam elevada susceptibilidade à erosão.

A classe de solos Nitossolos Vermelhos (antiga Terra Roxa Estruturada) são, de maneira geral, solos minerais com horizonte B nítico, de perfis bem desenvolvidos, profundos e bem drenados, apresentando seqüência de horizontes do tipo A, Bt e C, com pequena variação de cor e textura ao longo do perfil. Possuem estrutura moderada a forte na forma de blocos subangulares e angulares, com presença de cerosidade forte e abundante nos agregados. A textura desta classe normalmente é argilosa a muito argilosa, com saturação de bases acima de 50% e altos teores de oxido de ferro e oxido de titânio (Fe2O3 e TiO2).

Os Plintossolos se caracterizam por apresentarem solos minerais hidromórficos e seqüência de horizontes do tipo A-B-C. Comumente apresentam um acentuado aumento de argila no horizonte B, variando de 1,7 a 2,4 em relação ao horizonte A. Sua estrutura é fraca pequena e média granular, no A e, moderada a fortemente desenvolvida em blocos subangulares e angulares no B. Os plintossolos álicos apresentam pH em torno de 4,6 a 5,2, CTC variando de 1,8 a 25,8 cmolc kg-1, soma de base com valores em torno de 0,2 a 13,0 cmolc kg-1 e saturação de bases por volta de 14 a 72%, saturação por alumínio alta com valores máximos em torno de 92%. Os eutróficos possuem soma de bases superior a 8,3 cmolc kg-1, CTC acima de 43 cmolc kg-1 de argila, teores de fósforo baixos, relação Ki variando de 2,06 a 4,2 e teores de Fe2O3 entre 0,9 e 8,8.

Os solos da classe dos Argissolos e Latossolos Concrecionários (antigos solos Concrecionários) apresentam perfis profundos com alta concentração de concreções lateríticas que ocupam mais de 50% do volume da massa do solo. São semelhantes aos Latossolos, Argissolos e Cambissolos. Sua textura é argilosa a muito argilosa, em alguns casos apresentando significativo aumento de argila no horizonte B, caracterizando a presença de um B textural. Em sua grande maioria são distróficos ou álicos. Possuem pH em torno de 3,8 a 5,2, teores de carbono baixo a médios, CTC baixa, soma de bases inferior a 1,0 cmolc kg-1 de solo, saturação de bases inferior a 50%, relação Ki variando em 0,90 a 1,74.

Os Neossolos Quartzarênicos (antigas Areias Quartzosas) são solos minerais, hidromórficos ou não, essencialmente arenosos (fração areia >70%), geralmente profundos. Apresentam seqüência de horizonte A-C, com espessura superior a 2m. Sua estrutura é muito fraca, pequena granular, de aspecto maciço e grãos simples. Possui carência generalizada de nutrientes. Com baixos teores de matéria orgânica, apresentam soma de bases, saturação de bases, CTC e teores de fósforo muito baixos e saturação de alumínio normalmente alta.

(26)

Os Gleissolos são solos minerais, hidromórficos, pouco desenvolvidos, com horizonte glei dentro de 150cm da superfície, imediatamente abaixo de horizonte A ou E, ou de horizonte hístico com menos de 40cm de espessura. São mal a muito mal drenados, com forte gleização e seqüência de horizontes A-Cg, A-Big-Cg, A-Btg-Cg, A-E-Btg-Cg, A-Eg-Bt-Cg, Ag-Cg, H-Cg, com o horizonte A apresentando cores que vão de cinzentas a pretas. Sua espessura se encontra entre 10 e 50 cm e os teores de carbono orgânico entre médios e altos. Os valores de soma de bases estão entre 1,0 e 17,8 cmolc kg-1 e os de saturação de bases em 6 a 93%.

Os Gleissolos Sálico (antigo Solonetz-Solodizado) são solos minerais hidromórficos ou não, com horizonte B nátrico abaixo de um horizonte E álbico ou de A, com grande contraste. Apresentam seqüência de horizontes do tipo A-E-Btn-Cn e A-E-Btn-Cn. Sua classe textural varia de arenosa a argilosa. Possuem saturação de bases alta e atividade de argila alta ou baixa. Desenvolvem-se de materiais originários estratificados ou não, sujeitos ao excesso de água, de natureza marinha. Ocorrem tanto em faixas litorâneas como em continentais, sendo que no primeiro caso, os sais solúveis têm relação com a água do mar e, no segundo, é resultante das condições climáticas pela não lixiviação ou ascensão dos sais liberados ou formados pela intemperização dos minerais.

Os Gleissolos Sálico Sódico (antigo Solonchak) correspondem a solos minerais halomórficos com altas concentrações de sais solúveis, saturação com sódio acima de 15% e condutividade elétrica superior a 4 dS m-1. Sua seqüência de horizontes é do tipo C ou A-Cg. Apresentam soma de bases, saturação de bases e CTC altos.

Os Gleissolos Thiomórficos (antigos Solos indiscriminados de mangue) correspondem a solos halomórficos, mal drenados, gleizados, presentes em áreas sob influencia de maré com presença de vegetação típica deste tipo de solo.

Os Espodossolos (antigos Podzois Hidromórficos) são solos minerais hidromórficos com horizonte B espódico. Geralmente profundos, possuem seqüência de horizontes A-E-Bh ou Bs-Bhs-C. Sua textura normalmente é arenosa ao longo do perfil. Apresentam teores de soma de bases inferior a 1,0 cmolc kg-1 de solo, a fração argila não ultrapassa 10%, sendo normalmente de baixa atividade. A saturação com alumínio é elevada, os teores de fósforo são muito baixos.

Os Neossolos Litólicos (antigos solos Litólicos) são solos minerais não hidromórficos, pouco desenvolvidos, com profundidade inferior a 50 cm. O horizonte A se encontra sobre a rocha ou sobre um horizonte C de pequena espessura. Apresenta textura variada, estrutura predominante em blocos subangulares. Ocorre variabilidade nas propriedades, podendo ser

(27)

encontrado teores baixos, médios e altos de soma de base, saturação de bases, CTC e saturação com alumínio.

Os Planossolos são solos minerais hidromórficos ou não, com mudança textural abrupta entre um horizonte E álbico ou A e um horizonte B textural de densidade aparente elevada. São típicos de relevo plano e áreas rebaixadas, sujeitos a inundação ou com presença de lençol freático próximo a superfície durante parte do ano. Suas propriedades químicas são bastante variáveis, podendo ser álicos, distróficos e eutróficos ou solódicos, de atividade de argila alta ou baixa.

Os Vertissolos são solos minerais não hidromórficos ou com restrição temporária à percolação da água. Apresentam seqüência de horizontes do tipo A-Cv-Cvg, com eventual horizonte câmbico. De textura normalmente argilosa, possui estrutura fraca a fortemente desenvolvida, prismática, composta de blocos angulares e subangulares, extremamente duro, muito firme e muito pegajoso. Apresentam teores de soma de base superior a 35 cmolc kg-1 de solo, saturação de bases maior que 80%, CTC superior a 40 cmolc kg-1 de solo, relação Ki elevada com valores entre 3,24 a 3,35.

Os solos Neossolos Flúvicos (antigos solos Aluviais) são solos minerais pouco desenvolvidos, não hidromórficos. Não apresentam horizonte glei dentro de 60 cm da superfície, possuem seqüência de horizontes do tipo A-C e, ou, A-IIC-IIIC, com horizonte A freqüentemente moderado. Podem ser distróficos, álicos e eutróficos.

As classes de solo encontradas na Amazônia Brasileira estão espacializadas nos nove Estados que a compõe, sendo comum o predomínio de uma classe de solo em relação às demais, devido às diferenças geomorfológicas existente entre os Estados. No caso do Estado do Pará, o predomínio de uma classe sobre as demais é observado também em suas seis mesorregiões. Falesi et al. (1980) ao estudarem os solos da Região Bragantina, no Nordeste do Estado do Pará, identificaram como classes de solo dominantes nessa região, os Latossolos Amarelos Textura Média e os Neossolos Quartzarênicos observando que de maneira geral, nas áreas de cultivo intensivo, estava ocorrendo uma perda de argila do horizonte superficial, em conseqüência da erosão laminar provocada pelo uso do solo e por chuvas torrenciais incidentes na região. Embrapa (2005), ao efetuar levantamento e classificação de solos no município de Peixe-Boi, no Nordeste Paraense, identificou as classes de solo Latossolo Amarelo, Argissolo Amarelo, Argissolo Amarelo Concrecionário, Gleissolo, Neossolo Flúvico e Neossolo Quartzarênico.

(28)

De acordo com Falesi et al. (1980) os solos Latossólicos da Região Bragantina, independente da cobertura vegetal ou uso atual, não sofreram prejuízo em suas propriedades físicas ou químicas, não tendo ocorrido, portanto, degradação dos solos desta região.

3. MATERIAL E MÉTODOS

3.1 - Caracterização ambiental. 3.1.1 – Localização

O município de Igarapé Açu foi instituído através da promulgação da Lei nº 985, de 26 de outubro de 1906 e conta hoje com uma área territorial total equivalente a 798,92 km2, distribuído entre o distrito sede e o distrito de Caripi (IDESP, 1997). Pertencendo à Mesorregião do Nordeste Paraense e Microrregião Bragantina, esse município está localizado entre as Latitudes 00º55´00 e 1º20´00´´ S e as Longitudes 47º20´00´´ e 47º50´00´´ WGr, (Figura 1). Soure Santarém Novo Sta Maria do Pará Nova Timboteua Igarapé -Açu Maracanã Marapanim São Franc. do Pará

Belém

Baía de Mar ajó

Oceano Atlântico

w48º00´ w47º00´ s01º00

(29)

Limita-se ao norte com os municípios de Marapanim, Maracanã e Santarém Novo, ao sul com o município de Santa Maria, a leste com o município de Nova Timboteua e a oeste com o município de São Francisco do Pará. Tem como principal via de acesso a Rodovia Br-316 e PA-127, encontrando-se distante 120 km da cidade de Belém, capital do Estado do Pará.

3.1.2 – Geologia e Relevo

Similar a toda à Microrregião Bragantina, o município de Igarapé-Açú apresenta características sedimentares do Terciário Barreira e Quaternário Subatual e antiga. Na região foram identificadas as unidades morfo-estruturais de Planícies fluviais e flúvio-marinhas, com mangues e Planalto rebaixado da Amazônia.

As planícies fluviais e flúvio-marinhas com mangues foram identificadas em uma faixa de planície margeando os principais cursos d’água que sofrem inundação na época chuvosa, formada pela deposição dos sedimentos fluviais. Ocorrem, também, faixas a margem do Rio Maracanã que sofrem influência da água do mar por efeito das marés, formadas por sedimentos flúvio-marinhos, sendo observado a presença de áreas de mangues.

O Planalto Rebaixado da Amazônia está localizada ao sul do litoral de “rias”, como acontece na Folha Marapanim (BRASIL, 1973), continua num planalto rebaixado, já identificado em folhas imediatamente ao sul. Sua estrutura geológica é da Formação Barreiras. Localmente, a dissecação do planalto seguiu elementos naturais, principalmente linhas de fraturas, Nesse planalto estão compreendidos relevos planos, com Latossolos sob vegetação secundária (capoeira), e relevo suave ondulado e ondulado com solos Argissolos Amarelos e Latossolos Amarelos, ambos sob o mesmo revestimento florístico secundário. Nesta unidade morfo-estrutural os solos são formados por sedimentos terciários da Formação Barreiras (BRASIL, 1973).

Em decorrência da estrutura geológica o relevo é bastante simples, representado pelos baixos tabuleiros do Grupo Barreiras, terraços do Quaternário Antigo e várzeas do Quaternário Recente. Corresponde, regionalmente, à unidade morfo-estrutural do Planalto Rebaixado da Microrregião Bragantina (IDESP, 1997).

(30)

3.1.3 – Vegetação.

A análise da distribuição da vegetação primária é utilizada com o objetivo de suprir a insuficiência de dados referente às condições térmicas e hídricas do solo. Estas condições, além do significado pedogenético, têm grande implicação ecológica, o que permite o estabelecimento de relações entre unidades de solos e sua aptidão agrícola aumentando, pois, a utilização dos levantamentos de solos (EMBRAPA, 1988b).

A cobertura vegetal da região é representada dominantemente por vegetação secundária (capoeiras), floreta de várzea, campos e formações pioneiras de mangue.

A Floresta Equatorial Subperenifolia cobria a maior parte da região estudada e, atualmente, apresenta-se com constituição florística de capoeiras com várias idades e pouca vegetação primária, a qual foi moderadamente preservada, encontrando-se somente em pequenas manchas esparsas (RODRIGUES et al, 1991). As espécies mais freqüentes são a imbaúba (Cecropia sp), pau mulato (Chimanis turbinata D.C), mata-matá branco (Eschweilera odoratta), lacre (Vismia spp) e núcleos de palmeiras, principlamente, o buriti (Mauritia flexuosa), açaí (Euterpe oleracea) e bacaba (Oenocarpus bacaba) (BRASIL, 1973).

As formações Floresta Hidrófila e Higrófila de Várzea são regionalmente conhecidas como “mata de várzea”, ocupando uma faixa considerável. Caracterizam-se por permanecerem permanentemente e temporariamente inundadas, respectivamente, porém, sem interferência de água salina e, compõem-se de espécies florestais de porte mediano e ocorrências de alguns indivíduos de menor porte. Essas formações são caracterizadas pela grande proporção de madeiras moles, sem valor comercial, com exceção da andiroba (Carapa guianensis), açacu (Hura creptans), breu branco da várzea (Protium unifolium), jenipapo (Genipa americana), ingá (Ingá edulis), louro da várzea (Nectandra amazonium), taperebá (Spondea lútea) e samaúma (Ceiba pentandra) (BRASIL, 1973).

O Manguezal é uma formação com grande poder de regeneração e encontra-se normalmente em ambiente salino e salobre, instalando-se nas margens dos cursos d’água, que sofrem influências das marés, cuja denominação no Pará e no Maranhão é “apicum”. O mangue vermelho (Rhizophora mangle L. ), o mais ligado ao teor salino das águas salobres, ocoupa sempre a linha costeira das embocaduras dos rios. O mangue siriúba (Avicennia sp), forma uma segunda linha, atrás do mangue vermelho e acompanha as margens dos rios até onde as marés alcançam, mesmo com baixo teor salino (BRASIL, 1973). Esses mangues, na região estudada, mostram-se bem preservados.

(31)

3.1.4 – Clima.

As condições climáticas do município foram estabelecidas pelos dados da estação meteorológica de Igarapé-Açú, Pará, a partir dos dados climáticos coletados no período de 1981 a 2003 (BASTOS, 2000; SUDAM, 1984).

Com base na classificação de Köppen, a qual se fundamenta em valor numérico de temperatura e de pluviosidade, a região estudada está sujeita as condições do tipo climático Am. A precipitação pluviométrica e a temperatura do ar são parâmetros básicos para elaboração de balanços hídricos, os quais servem para interpretação dos processos de formação dos solos e para estimar as condições hídricas do solo ao aproveitamento agrícola. A precipitação pluviométrica é o elemento meteorológico de maior variabilidade na região, utilizado como fator principal na classificação climática e considerado o de maior influencia na produtividade agrícola. (Figura 2)

Figura 2: Variação da precipitação pluviométrica total anual no período de 1981 à 2003 – Igarapé-Açú-Pa – Estação climatológica 00147010

A precipitação pluviométrica média anual compreende valores elevados em torno de 2.521,1mm de chuvas. Apresenta um regime de precipitação caracterizado por um período chuvoso com chuvas abundantes que vão de janeiro a julho, compreendendo neste período um total aproximado de 2.148,8mm, equivalendo a 85,23% da precipitação total anual. No período mais seco, compreendido entre os meses de agosto a dezembro, apresenta 372,3mm de chuvas, equivalendo a 14,77% de precipitação total média anual na região (Figura 3). No

0 5 0 0 10 0 0 15 0 0 2 0 0 0 2 5 0 0 3 0 0 0 3 5 0 0 4 0 0 0 4 5 0 0 5 0 0 0 P re c ipit a ç ã o ( m m ) 1981 1985 1990 1995 2000 2003

(32)

trimestre mais chuvoso – março a maio – o conteúdo de chuvas observado foi de 1.094,1mm, correspondendo a 43,39% da precipitação total média anual. No trimestre menos chuvoso – setembro a novembro – observa-se um conteúdo de 166,7mm de chuva, equivalendo a 6,61% do total médio anual (Figura 3).

Figura 3: Precipitação média anual (1994-2003)

Há normalização da precipitação total anual no período de 1981 a 2003 (Figura 4), ocorrendo uma anomalia negativa nos anos de 1981, 1983 e 1991, e uma anomalia positiva nos anos de 1985 e 1994. A ocorrência de precipitação total anual máxima de 4.441,8mm em 1994 e a mínima de 1.585,00mm em 1981 evidenciam a variabilidade da precipitação na região e a necessidade de se considerar outros dados além das médias do período estabelecido.

(33)

Figura 4: Precipitação total anual normalizada de Igarapé-Açú no período de 1981 a 2003.

A evapotranspiração está relacionada diretamente com o maior e menor índice de insolação e de temperatura e inversamente aos períodos mais e menos chuvosos. As maiores taxas são observadas no período de agosto a dezembro com índice de 414,2mm, equivalendo a 58,27%, e as menores, no período de janeiro a julho, com índice de 296,6mm, representando 41,73% (Figura 5 e 6).

Figura 5: Evaporação média mensal anual de Igarapé-Açú – (1994-2003) Estação climatológica 00147010

Precipitação Total Anual - Normalizada por Z(i) = (P(i) - Pm) / Dp Posto: IGARAPÉ AÇU - 00147010

-4.0 -3.0 -2.0 -1.0 0.0 1.0 2.0 3.0 4.0 1980 1981 1982 1983 1984 1985 1986 1987 1988 1989 1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 A N O S Z (i ) P rp . N or m al iz ad a Z(i) Prp. Normalizada Z(i) > 1 (Anomalia Positiva) Z(i) < -1 (Anomalia Negativa)

(34)

Figura 6: Insolação média mensal anual de Igarapé-Açú – (1994-2003) Estação climatológica 00147010

A área apresenta umidade relativa elevada, acompanhando o ciclo de precipitação, com valores médios mensais entre 80% e 90% e média anual de 84%, o que a caracteriza como região úmida (Tabela 1).

(35)

Tabela 1 – Resumo Estatístico Mensal dos Parâmetros da Estação climatológica de Igarapé-Açú – Período de 1994 a 2003.

Em função dos dados meteorológicos disponíveis e considerando as distintas classes de solos encontradas na área, o cálculo de balanço hídrico mensal, seguiu a metodologia proposta por Thornithwaite e Matter (1955). Para a determinação do nível de retenção hídrica adequado a cada cultura ou essência florestal, adaptou-se para os tipos de solos e culturas de interesse o critério proposto por Thornithwaite e Matter (1955), que considera a retenção hídrica para grupos de culturas diferenciadas pelo sistema radicular em solos distintos quanto à textura (Tabela 2).

M e s e s Parâmetros

Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez Anual TEMPERATURA DO AR (ºC)

Média Compensada 26,6 26,5 26,5 26,7 26,8 26,6 26,5 26,8 26,9 27,1 27,5 27,4 26,8 Média das Máximas 31,5 31,0 30,9 31,3 31,8 32,0 32,0 32,5 32,8 33,4 33,9 33,3 32,2 Média das Mínimas 21,7 22,0 22,0 22,0 21,8 21,2 21,0 21,1 21,0 20,8 21,1 21,5 21,4 Máxima observada 35,4 34,4 33,6 34,4 34,8 34,6 34,2 34,8 35,6 36,6 36,4 35,8 36,6 Mínima observada 19,0 19,5 18,4 19,0 19,0 19,0 18,5 19,0 18,5 18,5 19,0 19,0 18,4 Amplitude térmica 16,4 14,9 15,2 15,4 15,8 15,6 15,7 15,8 17,1 18,1 17,4 16,8 18,2 PRECIPITAÇÃO (MM) Altura Max. 24h. 83,2 88,6 115,4 137,6 95,5 45,8 50,5 37,0 65,4 30,3 70,6 105,0 137,6 Freq.Média dias c/preci 23 23 26 26 26 23 22 16 11 6 6 9 214 Média % -Umid.Relativa do ar 89 88 92 92 85 85 86 82 80 77 76 80 84

(36)

Tabela 2 – Balanço hídrico estimado para uma capacidade de campo de 125mm, segundo Thornithwaite e Matter (1955). Estação climatológica de Igarapé-Açú, PA – 00147010.

Mês Temp. EP P P-EP NEG. ARM ALT ER DEF EXC Jan. 26.6 140.7 341.6 200.9 0 125 118 140.7 0 82.2 Fev. 26.5 124.9 330.5 205.6 0 125 0 124.9 0 205.6 Mar 26.5 137.4 421.7 284.3 0 125 0 137.4 0 284.3 Abr. 26.7 136.4 373.1 236.7 0 125 0 136.4 0 236.6 Mai. 26.8 142.7 299.3 156.6 0 125 0 142.7 0 156.6 Jun. 26.6 135.2 208.9 73.7 0 125 0 135.2 0 73.7 Jul. 26.5 137.4 173.7 36.3 0 125 0 137.4 0 36.3 Ago. 26.8 134.9 95.2 -39.7 -39.7 85 -40 134.9 81 0 Set. 26.9 114.2 82.6 -31.6 -71.3 54 -31 114.2 26.2 0 Out. 27.1 62 28.4 -33.6 -104.9 20 -33 62 88.9 0 Nov. 27.5 66.7 55.7 -11 -115.9 9 -11 66.7 86.9 0 Dez. 27.4 113.4 110.6 -2.8 -118.7 6 -3 113.4 43.8 0 Ano 26.8 1445.9 2521.1 1075.2 1049 0 326.8 1075.3

Considerando-se uma retenção hídrica dos solos de 125mm, obteve-se um total anual de deficiência hídrica de 326.8mm, distribuída nos meses de agosto a dezembro e um total de excedente hídrico de 1.075.3mm, entre os meses de janeiro a julho (Tabela 2), evidenciando que não haverá danos às culturas de ciclo longo.

3.1.5 – Hidrografia.

De maneira geral apresenta drenagem dentrítica para densa, devido à área de litologia sedimentar que percorre (IDESP, 1997). De acordo com o escoamento global (CHRISTOFOLETTI, 1974) as bacias de drenagem existentes em Igarapé-Açú são classificadas como exorreicas, possuindo cursos d´água perenes. Conforme o modelo proposto por Strahler (1989), a maioria de seus canais de drenagem é de 1ª e de 2ª ordem, sendo a hierarquia da rede de drenagem classificada como de 3ª, devido ao Rio Caripi, Rio Maracanã e Igarapé Jambú-Açú, estes últimos como limítrofes municipais, pertencerem a 3ª ordem hierárquica.

(37)

3.2 – Levantamento de solos e cartografia

Inicialmente foi realizada uma pesquisa bibliográfica para levantamento do material básico e das informações a respeito da área, assim como, foram separados dados para correlacionar com os resultados a serem obtidos neste trabalho. Em seguida fez-se a fotointerpretação analógica preliminar de produtos de sensores remotos (mosaico semicontrolados de imagem de radar na escala 1:100.000; e fotografias aéreas na escala 1:70.000), delineando-se os padrões pedofisiográficos, levando-se em consideração a uniformidade do relevo, geologia, vegetação e os tipos de rede de drenagem para preparação do mapa base (EMBRAPA, 1995).

O levantamento e cartografia dos solos constituíram etapa do trabalho de campo, no qual foram feitas prospecções, através de caminhamentos em estradas, ramais e caminhos, por meio de sondagens com trado holandês e observações em cortes de estradas, registrando-se as observações e georreferenciando os pontos observados com GPS (Sistema de Posicionamento Global). Durante os trabalhos de campo foram registradas as características morfológicas dos solos, coletadas amostras para análise em laboratório, julgadas necessárias à classificação dos solos que compõem as unidades identificadas pela fotointerpretação de imagens. Foi descrito um perfil completo por unidade de mapeamento, além de tradagens de horizontes diagnósticos e outras observações. A amostragem total do solo está em conformidade com a densidade de observações para área mínima mapeável (EMBRAPA, 1995; ESTADOS UNIDOS, 1993). A descrição detalhada das características morfológicas e a nomenclatura de horizontes e coleta de amostras de solos foram feitas de acordo com as normas e definições adotadas pela Sociedade Brasileira de Ciência do Solo - SBCS (EMBRAPA, 1988 a e b; ESTADOS UNIDOS, 1993; LEMOS; SANTOS, 1996; MUNSELL COLOR COMPANY, 2000).

O mapa base foi elaborado a partir do scaneamento e mosaico das cartas 337, MI-338, MI-385 e MI-386 do DSG e da aplicação do software de uso público SPRING, V 4.1 desenvolvido pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE). Os dados dos planos de informações (PI´S) sobre drenagem e vias de acesso foi complementada a partir da imagem de satélite LANDSTA_TM composição colorida 3R4G5B de Junho de 2003. O mapa de solos foi elaborado a partir do mapa base e da digitalização dos polígonos referentes às manchas de solos definidas através da fotointerpretação de fotografias aéreas na escala 1:70.000. Os mapas de aptidão agrícola e das zonas agroecológicas foram desenvolvidos, utilizando a linguagem LEGAL a partir do módulo de análise espacial do software SPRING.

Referências

Documentos relacionados

In the 1st growing period, total nitrogen content in leaves was higher in plants of H3 treatment, as well as in 2nd growing period for all the fertilizer treatments, indicating a

Since it has been established that Spx has a role in transcriptional control of genes involved in oxidative stress management (Nakano et al., 2003), and Δsmu1784c is under its

A afirmação de Martins Capítulo II de que o modelo baseado em autômatos celulares utilizando tipos funcionais de plantas além de simular a dinâmica da vegetação é capaz de

Tabela 1 – Médias dos graus de hidrofobicidade, espessura de cutícula e densidade de tricomas na face adaxial de folhas jovens e maduras de Croton blanchetianus, Combretum leprosum

Desta forma, passamos a nos referir a este trabalho e/ou pesquisa, como a dissertação que se intitula: “Análise de fatores de riscos e efeitos devidos às instalações de

Eu acho que dá muita oportunidade da gente trabalhar a autoestima, saber que a gente tem importância em grupo, que a gente não é invisível, porque no coral cada pequena coisinha

Sendo assim, este estudo teve como objetivo caracterizar os pro- cessos judiciais de alienação parental, o perfi l das crianças, seus pais e informações acerca do processo,

Esta dissertação contempla as seguintes etapas: Levantamento bibliográfico e escolha da área, Implantação do Sistema de referência planialtimétrico, Aplicação dos