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Cerro do Castelo de Santa Justa (Alcoutim): Campanha 5 (83): Objectivos, resultados, perspectivas

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(1)

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Revista da UNIARCH -

Unidade de Arqueologia do Centro de História da Universidade de Lisboa

(Instituto Nacional de Investigação Científica), vol. 1, 1983-84.

Direcção:

Victor GonçaJves

Colaboradores permanentes:

Ana Margarida Arruda,

J.

C.

Senna-Martínez, Pedro Barbosa, Helena

Cata ri no, Ana Carvalho Dias

Orientação gráfica e capa:

Victor Gonçalves

Capa: Ektachrome de V

.

G. (Vila Nova de S. Pedro, pormenor da fortificação interior)

Revisão de provas:

Ana Lúcia Esteves e Mário Cardoso

Fotocomposto por Textype, Lisboa

Impresso por Minerva do Comércio, Lisboa, 1985

Distribuído por Imprensa Nacional, Rua Marquês Sá da Bandeira, 16 A, 1000 Lisboa

As ideias expressas pelos colaboradores de CLlO/ ARQUEOLOGIA não são necessariamente

as

da

Unidade de Arqueologia.

Toda a correspondência:

Unidade de Arqueologia. Centro de História. Faculdade de Letras. 1699 Lisboa Codex - Portugal.

Aceita-se permuta/Echange accepted/On prie l'échangelTauschverkehr erwünscht

(4)

INDICE

Editorial

- Apresentação, seguida de uma Pavana por uma arqueologia (quase) defunta, com votos de pronto restabelecimento

Victor Gonçalves ... 9-15

Estudos e intervenções

- Um corte através da fortificação interior do castro calco lítico de Vila Nova de S. Pedro,

Santarém ( 1 9 5 9 ) . .

H. N. Savory ...... 19-29 - A cronologia absoluta (datações C14) de Zambujal

H. Schubart e

E.

Sangmeister ...... 31-40 - O povoado calcolítico de Leceia (Oeiras), La e 2.a Campanhas de escavação, (1982,

1983)

João L. Cardoso, Joaquina Soares e Carlos Tavares da Silva ... 41-68 - Cabeço do Pé da Erra (Coruche), contribuição da campanha 1 (83) para o

conhecimen-to do seu povoamenconhecimen-to calcolítico

'Victor Gonçalves ...... ... ... 69-75 - Resumos de intervenções em Escoural (Montemor-o-Novo) e Monte da Tumba

(Torrão)

Rosa e Mário Varela Gomes, M. Farinha dos Santos, Joaquina Soares e Carlos

Tava-res da Silva ... ... ... . . . 77 -79 - Doze datas 14C para o povoamento calcolítico do cerro do Castelo de Santa Justa

(Alcoutim): comentários e contextos específicos

Victor Gonçalves ... . 81-92 - Precisiones en torno a la cronologia antigua de Papa Uvas (Aljaraque. Huelva)

J. C. Martín de la Cruz .. ... 93-1 04 - Contribuições para uma tipologia da olaria do megalitismo das Beiras: olaria da Idade

do Bronze .

J. C. Senna-Martínez .... 105-138

Em discussão

-- Povoados calcolíticos fortificados no Centro/Sul de Portugal: génese e dinâmica evo-lutiva Victor Gonçalves, João Cardoso, Rosa e Mário Varela Gomes, Ana Margarida

Arruda, Joaquina Soares, Carlos Tavares da Silva, Caetano de Mello Beirão, Rui

Parreira. . . . . . .. 141-154

Arqueologia hoje (Conversas de Arqueologia

&

Arqueólogos)

- Jean Guilaine responde a Victor Gonçalves

Medir e contar

- Contribuições arqueométricas para um modelo socio-cultural: padrões volumétricos na Idade do Bronze do centro e NW de Portugal

157-166

J. C. Senna Martínez ...... 169-188

Varia Archaeologica

- Três intervenções sobre arqueologia no Algarve

Victor Gonçalves, Ana Margarida Arruda, Helena Catarino 191-196 - Arte~acto de pedra polida de grandes dimensões provenientes de Almodêvar (Beja)

(5)

Em construção. Relatórios de actividade

-

Programa para o estudo da antropização do Baixo Tejo e afluentes

:

Projecto para o

estudo da antropização do Vale do Sorraia (ANSOR)

Victor Gonçalves, Suzanne Daveal'

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203-206

-

Programa para o estudo da evolução das sociedades agro-pastoris, das origens

à

metalurgia plena, dos espaços abertos aos povoados fortificados, no Centro de

Portu-gal (ESAG).

Victor Gonçalves ..

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.... 207-211

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O monumento n.o 3 da Necrópole dos Moinhos de Vento, Arganil -

A Campanha

1(84).

J.

C.

Senna-Martínez

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213-216

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Alcáçova de Santarém. Relatório dos trabalhos arqueológicos de 1984.

Ana Margarida Arruda .

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217-223

-

Anta dos Penedos de S. Miguel (Crato). Campanha 2(82).

Victor Gonçalves, Françoise Treinen-Claustre, Ana Margarida Arruda, Jean Zammit

..

225-227

-

Anta dos Penedos de S. Miguel (Crato). Campanha 3(83).

Victor Gonçalves, Françoise Treinen-Claustre, Ana Margarida Arruda, Jean Zammit

229-230

-

Cerro do Castelo de Santa Justa (Alcoutim). Campanha 5(83). Objectivos, resultados,

perspectivas.

Victor Gonçalves ...

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.. 231 -236

-

Cerro do Castelo de Santa Justa (Alcoutim). Campanha 6(84)

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Resumo de conclusões.

Victor Gonçalves ...

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... 237-243

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Escavações arqueológicas no Castelo de Castro Marim

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Relatório dos trabalhos de

1983.

Ana Margarida Arruda ...

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. 245-248

-

Escavações arqueológicas no Castelo de Castro Marim. Relatório dos trabalhos de

1984.

Ana Margarida Arruda

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249-254

livros Novos, Novos Livros

-

Para uma arqueologia total.

Luís Gonçalves, Paula Ferreirinha

-

Pré-História e Decadência

.

257-259

Teresa Gomes da Costa, António Baptista ....

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.. 259-262

-

Pré-História Europeia, entre o ensino e o mito

.

Nuno Carvalho Santos ...

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... 262-264

Notícias e Recortes

As primeiras comunidades rurais no Mediterrâneo Ocidental ...

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Comissão Directiva do Centro de História .

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Quinta do Lago, uma intervenção de emergência da UNIARCH ...

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A UNIARCH e o projecto ANSOR em Coruche ..

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Encontros UNIARCH/MAEDS ...

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Novas grutas em Torres Novas ." ... , ...

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Doutoramento em Pré-História .,., .

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Novo doutoramento em Arqueologia

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Vila Nova de S, Pedro: o recomeço

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Publicações da UNIARCH .. ,

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Governador Civil de Faro visita escavações do Cerro do Castelo de Santa Justa

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RECORTES .. " . " " , .... " " , ... ",.", ...

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Em anexo

Textos de Arqueologia em CLlO, Revista do Centro de História da Universidade de

Lisboa (1979-1982) ....

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Autores de textos em CLlO/ARQUEOLOGIA 1: observações e endereços ..

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.267-269

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270-271

272-273

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279-283

287-288

289

(6)

eLlO/ARQUEOLOGIA, REVISTA DA UNIARCH, VOL. 1, LISBOA, 1983-1984 231

Cerro do Castelo de Santa Justa

(Alcoutim) Campanha

5 (83)

Objectivos, resultados,

perspectivas

·

VICTOR

GON~ALVES

O. Considerações prévias.

A campanha 5(83) iniciou-se em clima de grande agitação, não sendo possíveis previsões com média margem de probabilidade sobre se e quando seriam desbloqueadas as verbas concedidas para a arqueo-logia portuguesa e onde um escasso subsídio con-templava o Cerro do Castelo de Santa Justa. O que aliás originara um vigoroso protesto do responsável pelos trabalhos, protesto ao qual nunca foi endereça-da resposta.

Todas estas circunstâncias tinham conduzido ao desencadear de uma série de acções de emergência que incluiram um pedido de apoio à Fundação Ca-louste Gulbenkian e ao poder local. Perante as afir-mativas recebidas, a Unidade de Arqueologia do ,cen-tro de História da Universidade de Lisboa pôde assim iniciar as 'duas campanhas que tinha previstas para o Algarve Oriental, Santa Justa/Eira dos Palheiros e Castelo de Castro Marim (esta última dirigida por Ana Margarida Arruda).

Finalmente, o desbloquear das verbas, ainda que tardio, veio permitir o prolongamento dos trabalhos, o que viria particularmente a contribuir para o esclareci-mento de alguns pontos em aberto pela escavação, para a conclusão do desenho de estruturas e para a

consolidação e protecção, ainda que precárias, do monumento da Eira dos Palheiros.

1. Objectivos da campanha 5(83)

As circunstâncias verificadas ao longo de 1983, ini-cialmente a redução a praticamente 1/4 do subsídio

solicitado e o facto de em 06 de Setembro se desco-nhecer ainda se haveria ou não verbas para as es-cavações arqueológicas previstas, implicaram uma completa revisão da estratégia da escavação. Assim, tiveram de ser postos de parte objectivos comO a abertura de um extenso corte na encosta e a descida 'total' nas coordenadas 19/22 (inclusive).

Reposicionada a questão, defini os seguintes novos objectivos:

1. Desaterro da encosta a 709 (topo), onde se tinham vindo a acumular terras de anteriores es-cavações em torno a um pequeno muro de cons-trução recente. Nesta área, parecia possivel defi-nir ainda um bom alçado para o reforço ao Muro 1.

(7)

232

2. Escavação com isolamento do topo do Muro 1 /reforço, na sua ligação à Torre 4.

3. Idem na sua ligação à torre 1. 4. Consolidação das Torres 1 e 2.

5. Desenho final do fecho da elipse constituída pelo dispositivo defensivo.

Perante as verbas atribuídas, e mesmo que elas venham efectivamente a ser concedidas, é em abso-luto impossível concluir este ano os trabalhos cujo prolongamento deverá implicar, no caso .de virem a ser alterados (para melhor) os quantitativos atribuídos

à arqueologia, outras duas campanhas.

2. Resultados

2.1 Materiais arqueológicos

Como se poderia depreender dos objectivos fixados no início dos trabalhos, não era esta a finalidade desta campanha, nem sequer se inscrevendo na lista não citada dos objectivos menores. Santa Justa forne-ceu já abundantes materiais, nomeadamente cerâmi-cos e metálicerâmi-cos, pelo que a recolha de outros como objectivo específico apenas entrará em linha de conta quando se iniciar a escavação das poucas áreas do povoado onde uma sequência de solos de ocupação parece particularmente densa.

Apesar dos trabalhos visarem, portanto, e tão só, estruturas, algum espólio foi recolhido.

A cerâmica recolhida não apresenta nenhuma ca-racterística que altere significativamente o que já se sabe sobre a olaria calcolítica de Santa Justa. No en-tanto, especialmente menção deverá ser feita a um núcleo encontrado aquando da remoção de entulhos que obstruiam parcialmente o acesso à Torre 9. In-cluem alguns fragmentos mamilonados, até agora re-lativamente raros em Santa Justa. Infelizmente prove-nientes de área muito convulsionada, a informação que poderíamos extrair deles torna-se escassa, por ausência de contexto.

O material lítico integra os artefactos habituais, mas deverei salientar duas peças em particular. Uma, apresenta sulcos para fixação e encabamento (trata--se de um pequeno machado). Outra, sendo proveni-ente de uma nova estrutura, uma cabana extra-muros, apresenta um gume intacto, tal como tivesse sido aca-bada de fabricar ou se tratasse de uma peça votiva.

Intra-muros, na face do povoado virada a 270", nas coordenadas 19/21, a limpeza superficial do terreno, com vista à identificação do topo do Muro 1/reforço, revelou um primeiro solo de ocupação com dezenas de fragmentos de crescentes. O solo foi protegido até que a escavação total da área, prevista para a cam-panha 6(84), possa ser empreendida.

Resta acrescentar que nas limpezas gerais levadas a efeito no perímetro exterior da fortificação se reco-lheram, tal como em anos anteriores, numerosos componentes de mós manuais.

2.2 Estmturas

Foi no campo das estruturas que a campanha 5(83) forneceu maior número de informação, confirmando, aliás, suposições e hipóteses de trabalho formuladas desde a primeira campanha (nomeadamente CLlO 2, 1980, p. 139; CLlO 3, 1981, p. 170; idem, p. 176).

Sumariando as novas aquisições neste domínio, es-pecificadas adiante nos Anexos, poderíamos apresen-tar agora uma primeira listagem:

- Nova Torre 11, sob a Torre 4, já identificada mas apenas numa pequena extensão em campanhas anteriores. De salientar que a pequena inflexão do Muro 1 interpretada como sendo o arranque da Torre 4 se encontrava num plano completa-mente diverso do que resta da Torre 11 e que o seu traçado integral só agora ficou definitiva-mente esclarecido.

- (Nova) Torre 8. - (Nova) Torre 10 (?). - (Nova) Torre 9.

-- (Nova) cabana, extra-muros e adossada ao Muro 1, no sector da Porta 1.

Este conjunto de torres define de forma definitiva o núcleo principal' do dispositivo defensivo, que ora sa-bemos composto por um Muro, um outro adossado, designado por Reforço e por dez Torres a funciona-rem simultaneamente. Torres, ocas ou macissas, que desempenharam importante papel nas concepções sucessivas de elaboração de uma protecção eficaz ao espaço a defender ou proteger e de apoio estrutural à própria construção.

Para melhor se compreenderem os aspectos e pro-blemas relacionados com este conjunto será aconse-lhável a leitura da síntese publicada adiante e das anotações do caderno de campo (nomeadamente 09.09.83/13.09.83, dias em que tais estruturas foram pela primeira vez analisadas e discutidas, ainda em curso de escavação).

Está, portanto, obtida a necessária leitura geral do dispositivo defensivo, sendo apenas negativa a im-possibilidade, por escassez da verba disponível, de se verificarem os enchancramentos dé muros na área a Sul da Porta 1, o que será, sem dúvida, uma das prioridades para 1984 ou 1985.

Outro importante contributo da Campanha 5(83) re-sidiu na definição de um espaço habitacional adossa-do ao exterior da área a que se faz referência no parágrafo anterior. Este espaço habitacional, muito degradado pela agricultura, pelas remoções de pedras e pelas deslocações de terrenos devidas aos efeitos da chuva e à acção eólica, revelou, no 'entanto, uma extensa cabana, consideravelmente maior que o habitual em Santa Justa, cuja planta oval representa uma novidade em relação às numerosas estruturas habitacionais já detectadas e divulgadas (ver, nomea-damente, ARQUEOLOGIA, Porto, 1983, pp.

Esta cabana, a 10, pode ser definida como uma estrutura oval, em grauvaque, construída em fieiras sobrepostas, com terra amassada a consolidar o conjunto. As suas dimensões são superiores ao dobro de qualquer cabana de fase 2 já identificada.

(8)

A principal questão em torno a esta cabana reside em saber se ela se entrosa no Muro 1 e seu reforço ou na suposta Torre 10. Este ponto apenas poderá ser esclarecido aquando da Campanha 6(84), através de um corte perpendicular ao sector em discussão.

3. Perspectivas

Não

é

possível, sem um conhecimento exacto das

verbas disponíveis para 1984, elaborar um detalhado plano de trabalhos. Os objectivos ideais, mesmo de acordo com uma previsão de restritivismo orçamental, parecem obviamente ser:

I

1. Esclarecimento da sequência de ocupação nas coordenadas 19/22. 20 21 ..-

-

1

,

-+

1m '----_ _ .L....-_ _ --',

2.-Esclarecimento da relação entre o Muro 1, a

provável Torre 10 e a cabana 10.

3. Consolidação geral das estruturas defensivas, particularmente no caso dos troços do reforço ao Muro 1 particularmente ameaçados pelo escorri-mento e infiltração de águas.

Continua a não parecer possível a desejada

ex-tensa sondagem na encosta virada a 2709 , a menos

que reforços de verbas o permitam. Deve salientar-se que a execução desta sondagem parece essencial para se definir com rigor a futura área de protecção ao sítio e que trabalhos agrícolas anteriores revelaram extenso espólio em proveniência exactamente deste sector.

22

-:-I

-,

-Fig. 1 - Torre 9 e reforço intemo ao Muro 1.

233

(9)

234

ANEXO

Anotações do Caderno de Campo e observações pontuais

04.09.83

A Campanha 5(83) iniciou-se com dificuldades já esperadas, devido ao lamentável estado da viatura todo-a-terreno da Faculdade de Letras que presta apoio em transporte de material e técnicos: A impossi-bilidade de encontrar alojamento em Santa Justa mais uma vez implicou a instalação da equipa em Martim Longo.

05.09.843

Desmonta-se o sector do muro moderno, trans-versal ao eixo mais longo do povoado, próximo da encosta a 709. Recolhem-se vários dormentes e mo-ventes que tinham sido integrados na construção. Um amontoado de pedras de aspecto contemporâneo do muro, ao ser desmontado, revela o topo de uma pro-vável torre. Se confirmada, tratar-se-á da n.o 8.

06.09.83

Verificada a fraca rentabilidade do desmonte ma-nual dos muros modernos, recorre-se a uma D4 da Câmara Municipal de Alcou~m. As facilidades na utili-zação dessa máquina vão permitir (1) remover o troço do muro moderno no topo da encosta apontado a 2709 (2) remover as terras acumuladas entre as coor-denadas 18-23/PQRS e provenientes das Campa-nhas 1 (79) e 2(80) (3) remover a acumulação de terras provenientes da campanha 4(82) e concentra-. das em B-C/23-24 (4) regularizar o caminho Santa Justa/Cerro do Castelo (5) efectuar estas operações nos acessos Santa Justa/Eira dos Palheiros.

A limpeza, seguida de desmonte, do pequeno troço de muro moderno, em P-18, demonstrou ter ele sido construído com pedras arrancadas a uma torre [que ele ocultava por sobre ela se encontrar]. Trata-se,

as-sim, da Torre 8, macissa e em tudo idêntica à Torre 6. Sobre a Torre 8, pequeno furador de cobre P 18-1, fragmento de lâmina P 18-4 e frs. de cerâmica P 18-2, 3,5,6,7,8.

08.09.1983

Prossegue a reformulação dos objectivos da campanha, insistindo-se (1) no desaterro da encosta a 70 9, onde se vinham a acumular terras e onde pare-cia provável definir-se um bom alçado do muro de reforço e da junção à Torre 4 (2) na escavação com isolamento do topo do Muro 1 na sua ligação à Torre 4 (3) idem na sua ligação à Torre 1 (4) no reforço com cimento das Torres 1 e 2 (5) desenho final do fecho da elipse constituída pelo núcleo dos dispositivo de-fensivo. A necessidade de concentrar esforços de tra-balhadores e técnico,s disponíveis, e economizar cus-tos, conduz à abertura de uma sondagem destinada a isolar o topo do Muro 1 num sector determinado, cor-respondendo a parte de G-H/20 a 22.G-H/19 permi-tem o acesso ao interior do dispositivo defensivo a partir da encosta virada a 2709, pelo que permanece-rão, por enquanto, por escavar.

09.08.1983

Progressos sensíveis nas três áreas em escavação: 1. Torre 8: conclui-se a limpeza e isolamento do topo desta Torre, com vista ao seu desenho e cota-gem altimétrica.

2. Torre 4: o avanço na escavação da área de jun-ção entre os troços do Muro 1 em 18 e 23 (de onde arranca a Torre 4) permite confirmar a grande dimen-são da torre aí já parcialmente visível e ainda o facto de se tratar de uma torre oca [de 1.a fase?].

(10)

3. Muro 1 em G-H/19 a 22: verificado um estranho espessamento no interior do Muro 1. A recordar

ob-servações de campanhas anteriores, nomeadamente

2(80), sobre idêntico espessamento verificado em H 18. Decidiu-se alongar a sondagem, de forma a abranger a integralidade dos quadrados e não a área mais restrita inicialmente prevista.

Prosseguimento dos trabalhos em F-G/20, 21, 22, conduz à identificação de mais uma torre, a 9, macis-sa e de segunda fase, tal como as 5, 6, 7 e 8, ligeira-mente mais pequena que a 7, É, aliás, e depois da Torre 2, a mais pequena do povoado. Se admitirmos como provável, como se fez desd.e 1979, a existência de uma outra Torre, muito destruída, nas imediações da Porta 1, teríamos 10 Torres em Santa Justa, 3 ocas e 7 macissas. A menos que a Torre 4 seja outra coisa que o que parece ser.

13.09.1983

Início da abertura de nova área de trabalho, junto à

Porta 1, procurando esclarecer alguns obscuros ados

-samentos e derrubes nesse sector do Muro 1. TORRE GRAUVAQUE XISTO OCA MACISSA FASE 1 FASE 2

1 + + 2 + + + 3 + + +? 4 + + +? 5 + + + 6 + + + 7 + +? + 8 + + + 9 + + + 10 + + +

Se o quadro supra pode resumir uma dada linha de suposições relativas às Torres de Santa Justa, supo-sições que se limitam obviamente à sua integração numa dada fase ou momento de canstrução, diversos cenários são possíveis, todos eles levantando estimu-lantes questões. Assim (1) todo o troço do Muro 1 virado a 709 foi reconstruído, o que implicou, aliás, uma pequena ampliação do espaço habitável (2) esta reconstrução constitui um desdobramento da Fase 1 de construção - designável por fase 1 b, ou merecerá a designação de Fase 2, passando tudo o que era assim designado a referir-se como Fase 3? (3) a re-construção do Muro 1 neste sector é contempor2.:1ea do reforço geral e, consequentemente, o Muro 1 é aqui parte integrante da Fase 2.

Outras observações são possíveis, numa perspecti-va mais completa:

1. O traçado do Muro 1 virado a 2709, ond~ se enchancra a Torre 1, corresponde a parte do mais antigo traçado do dispositivo defensivo do Cerro do Castelo de Santa Justa, que incluiria a Porta 1, então

em funcionamento.

2. O traçado do Muro 1 virado a 709 foi destruído e reconstruído de seguida. Esta reconstrução corres-ponde ao entaipamento da porta 1 e à construção de um Muro de reforço adossado ao Muro 1, reforço esse que inclui Torres macissas, geralmente de xisto [tal como o próprio ~uro de Reforço em que elas se inte-gram]. Deste momento seriam a Porta 2, a partir daí em utilização, e outras Torres, nas faces a 2709.

3. Uma análise morfológica das Torres evidencia aproximações. Assim:

3.1 as Torres 5, 8, 6 e 7 parecem idênticas; 3.2. as Torres 2 e 9 são muito próximas de

concep-ção;

3.3. a Torre 3 é uma torre de protecção de ângulo, sem réplica conhecida;

3.4. sendo pouco legível, a Torre 4 parece, no en-tanto, próxima da 1;

3.5. A Torre 1 continua a constituir, apesar do que se sugere em 3.4, um caso particular.

4. Uma explicação para 3.1.: construção simultânea e função idêntica.

5. Uma explicação para 3.5.: (1) a Torre 1 não tem significado defensivo intrínseco, podendo ter servido inclusivamente como silo aéreo ou área de armazena-gem. Interessante será lembrar que o primeiro ídolo de cornos recolhido em Santa Justa provém exacta-mente das camadas mais profundas desta torre. Aliás;

em 1980, Ana Margarida Arruda fizera uma primeira observação sobre o encurvamento das paredes inter-nas da Torre 1, sugerindo num dos briefings de campo poder tratar-se de indícios de esta torre fechar em falsa cúpula. O que significaria poder ela ser considerada como um espaço utilizável, aberto à área protegida (2) a concepção das torres como parte inte-grante de um dispositivo defensivo faz-se num segun-do momento da construção e da vida segun-do povoasegun-do, justamente aquele em que são mais abundantes os vestígios da metalurgia do cobre. Nesse momento,

assistimos a importantes alterações na estratégia da reconstrução e reforço, com a instalação de um muro adossado ao primitivo e incluindo torres. Torres que,

onde se encontram, são o próprio reforço [e não um

qualquer aditivo a considerar separadamente]. 6. Se bem que o número de torres e o eventual espessamento do Muro torne inevitáveis ilações sobre o impressionante aspecto da fortificação, e o seu significado estratégico, até pelo local escolhido para a sua implantação, não deverá ser excluída, à partida e liminarmente, a hipótese de as torres terem desempe-nhado um papel também de c0ntraforte do Muro 1, cuja localização em encosta íngreme não deixaria de colocar graves problemas de segurança e conserva-ção.

7. De qualquer forma, contrafortes ou não, as torres representam, ao mesmo nível das reconstruções, o levantar de uma série extensa de questões, por vezes em alternativa ou em contradição aparente.

- uma fortificação a tal ponto complexa pressupõe inimigos identificados ou receio da sua eventual exis-tência.

- A destruição do Muro 1 no sector a 709 e a sua reconstrução apenas algumas dezenas de centíme-tros mais

à

frente pode traduzir (1) assalto bem suce-dido, obrigando a reconstrução (2) calamidade natural (sismo?), a atingir mais severamente a área do po-voado assente em declive mais pronunciado. De no-tar, no entanto, que neste caso as torres teriam de ser obrigatoriamente contrafortes. Não parece muito

(11)

236 co [palavra é certo cem grande significado no estudo de comunidades tão distantes de nós], porém, que a reconstrução, neste caso, colocasse de novo o Muro 1 em posição perigosa.

No que respeita à preocupação com possíveis ini-migos surge ainda uma dupla possíbilidade: ou (1) se trata de inimigos exógenos ou (2) são os habitantes de Santa Justa, eles próprios, exógenos.

Ainda assim, num caso ou noutro, qual a origem dos estranhos à região? ou estaríamos perante sobre-posições parciais de territórios, provocando ocasio-nais ou sistemáticos conflitos?

Neste feixe de questões uma hipótese emerge, a de representarem os calcolíticos de Santa Justa os ele-mentos estranhos (de onde o aparato defensivo) e os opositores os pastores sem i-nómadas ou transuman-tes, construtores de megálitos, já em rarefacção na área. Estes últimos construtores de megálitos presu-mivelmente ainda activos, pela sua dispersão e mobi-lidade explicariam a escassez dos seus lugares de acampamento na Serra Algarvia, sendo as suas marcas de território os próprios monumentos funerá-rios. A este respeito,

ó

monumento do Curral da Castelhana forneceu interessantes informações.

Considero indi.spensável salientar que esta seduto-ra e prática hipótese não deixa de parecer demasiado simples e linear mas tornou-se absurdo o contumaz hábito de alguns escolares afastarem à partida tudo o que se lhes afigura simples, em favor de modelos mais complexos, o que não quer necessariamente di-zer mais adequados às situacões e cenários em discussão. Claro que colocar face a face, mesmo epi-sodicamente, e em afrontamento, calcolíticos constru-tores de tholoi e 'neolíticos finais' construtores dos últimos megálitos tem aqui um significado especifica-mente regional e não se vê que este modelo possa ser usado sem atento aferimento a outras regiões: Eu

próprio, na recente escavação do Cabeço do Pé da Erra (Coruche), recolhi elementos que invalidam, na-quela região, a aplicação do que aqui parece menos polémico.

Resumindo os pontos que me parecem incontestá-veis:

1. O conjunto Muro 1/seus reforços sob a forma de muro ou torre, incluindo as TI 7,6,8, nas coordenadas 9 a 18, na face virada a 709 , é contemporâneo.

2. O conjunto de fecho da Porta 2 (construído na evidente intenção de a proteger), incluindo as Torres 5 e 3, é contemporâneo. A semelhança morfológica das torres como factor explicativo é, aqui, substituída pelo seu específico posicionamento. A proximidade morfológica entre as Torres 2 e 9 parece incluí-Ias neste momento.

3. O Muro 1, no seu troço mais antigo hoje preser-vado, a 2709 , interrompe-se para abrir à Torre 1, o que os torna naturalmente contemporâneos.

21.09.1983

Cabana de planta ovalou elíptica, extra-muros, pra-ticamente anexa à Porta 1. Deverá dizer-se que a sua estrutura difere consideravelmente das estruturas de habitação já identificadas em Santa Justa. Os muros estão muito destruídos apresentando afastamentos do alinhamento vertical talvez devidos a pressões laterais provocadas pela acumulação de sedimentos no seu exterior. Independentemente de um machado de gu-me intacto, recolhido logo no início da identificação do topo actual da estrutura, localizaram-se núcleos de cerâmica fragmentada.

[Após uma curta interrupção, a campanha 5(83) prosseguiu entre 22 e 30 de Outubro, tendo em vista a conclusão de alguns desenhos e, sobretudo, e paralelamente, a montagem de estruturas de pro-tecção ao tholos da Eira dos Palheiros].

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Imagem

Fig.  1 - Torre  9  e  reforço  intemo  ao  Muro  1.

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