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CARACTERÍSTICAS GERAIS DO SISTEMA NACIONAL DE INOVAÇÃO BRASILEIRO: UMA COMPARAÇÃO COM RÚSSIA, ÍNDIA e CHINA (BRIC’s)

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA DEPARTAMENTO SÓCIO ECONOMICO

CURSO DE GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS ECONÔMICAS

CARACTERÍSTICAS GERAIS DO SISTEMA NACIONAL DE INOVAÇÃO BRASILEIRO: UMA COMPARAÇÃO COM RÚSSIA, ÍNDIA e CHINA (BRIC’s)

Amanda Rosa de Paiva

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ii AMANDA ROSA DE PAIVA

CARACTERÍSTICAS GERAIS DO SISTEMA NACIONAL DE INOVAÇÃO BRASILEIRO: UMA COMPARAÇÃO COM RÚSSIA, ÍNDIA e CHINA (BRIC’s)

Monografia submetida ao curso de Ciências Econômicas da Universidade Federal de Santa Catarina, como requisito obrigatório para a obtenção do grau de Bacharelado.

Orientador: Prof. Renato Ramos Campos, Dr.

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iii UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA

CURSO DE GRADUAÇÃO EM CIENCIAS ECONOMICAS

CARACTERÍSTICAS GERAIS DO SISTEMA NACIONAL DE INOVAÇÃO BRASILEIRO: UMA COMPARAÇÃO COM RÚSSIA, ÍNDIA e CHINA (BRIC’s)

Monografia submetida ao Departamento de Ciências Econômicas para a obtenção de carga horária na disciplina CNM5420 – Monografia.

Por: Amanda Rosa de Paiva

Orientador: Prof. Renato Ramos Campos, Dr.

Área de Pesquisa: Economia da Inovação

Palavras Chaves:

1. Sistema Nacional de Inovação

2. Indicadores de Ciência, Tecnologia e Inovação

3. BRIC

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iv UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA

CURSO DE GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS ECONOMICAS

A banca examinadora resolveu atribuir a nota... à aluna Amanda Rosa de Paiva (Matrícula 0320602-5) na disciplina CNM5420 – Monografia, pela apresentação deste trabalho.

Banca examinadora: __________________________________ Prof. Renato Ramos Campos, Dr.

Presidente

__________________________________ Prof. Jaime Coelho, Dr.

Membro

__________________________________ Pablo Felipe Bittencourt

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AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus, sem fé e amor não teria chegado até aqui.

A minha grande mãe que nunca me deixou desistir, esteve ao meu lado em todos os momentos. Acompanhou meu choro, meus sorrisos, minha ansiedade, minhas ausências e principalmente, a minha dedicação aos estudos.

Ao meu irmão Alexandre e sua esposa Viviane, aos meus sobrinhos Gabriel e Rafael, e minha irmã Andréia pelos incentivos e carinho.

A toda minha família que sempre esteve presente na minha vida.

Agradeço a minha querida sobrinha Vanessa, que me ajudou nas traduções dos textos.

A minha grande amiga, minha irmã de coração, Mary Angela, que leu este trabalho várias vezes, me ajudando na correção e revisão. Nunca esquecerei do seu apoio, seu carinho e seus incentivos.

Aos meus amigos e amigas: Edivânia, Wagner, Fran, Leonardo e Charles, que sempre estiveram junto a mim na faculdade. Muitas risadas, choro, companheirismo, festas e muita amizade; nunca esquecerei vocês.

A uma pessoa especial, Márcio, pelas palavras de carinho e conforto. Aos meus grandes amigos da UNIMED pelo carinho e apoio.

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RESUMO

PAIVA, Amanda Rosa de. Características Gerais do Sistema Nacional de Inovação Brasileiro: uma comparação com Rússia, Índia e China (BRIC’s). 2008, 77 páginas. Ciências Econômicas. Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis.

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viii

LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 – Modelo Linear de Inovação... 25

Figura 2 – Modelo Elo de Cadeia... 26

Figura 3 – Modelo Sistêmico de Inovação... 27

Figura 4 – Evolução do influxo de investimento direto externo (1995 – 2002)... 32

Figura 5 – Número de Institutos de P&D na Rússia (1990 e 2003)... 40

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Fontes de Tecnologia utilizadas pelas empresas... 19

Tabela 2 – A participação dos BRIC’s no PIB mundial (%) (1980 – 2003)... 30

Tabela 3 – Exportação: Participação dos BRIC's no total mundial, em %... 31

Tabela 4 – Importação: Participação dos BRIC's no total mundial, em %... 31

Tabela 5 – Participação dos BRIC's no influxo de Investimento Direto Externo (1995 – 2002)... 32

Tabela 6 – Volume de Investimento Direto Externo (IDE) na Rússia, em milhões de dólares (2000 – 2005)... 34

Tabela 7 – Evolução anual da taxa de inovação russa (1993 a 2005)... 40

Tabela 8 – Indicadores de P&D (1996 – 2000)... 42

Tabela 9 – Despesa doméstica total em P&D por fonte de fundos (1996 – 2001)... 43

Tabela 10 – Despesa doméstica em pesquisa e desenvolvimento (em Rupees) 1996 – 2001... 46

Tabela 11 – Indicadores de P&D (China, 1996 – 2001)... 49

Tabela 12 – Estatística nacional de atividades de Ciência e Tecnologia, China (1995 – 1998)... 50

Tabela 13 – Contrato de tecnologia importada, por tipo de tecnologia, 2004... 53

Tabela 14 – Taxa de inovação da indústria brasileira (2001 – 2003)... 55

Tabela 15 – Taxas de inovação por porte das empresas (1998- 2003), em (%)... 56

(10)

x Tabela 17 – Dispêndios realizados nas atividades inovativas (Brasil, 2000) (Valores

em R$ mil)... 58

Tabela 18 – Pesquisadores e pessoal de apoio envolvido em P&D, por setor institucional e categoria, 2000 – 2006... 60

Tabela 19 - Estimativa do potencial de recursos humanos disponível para a ciência e tecnologia (C&T), segundo diferentes categorias, 1996 a 2005 (em milhões de pessoas)... 61

Tabela 20 - Pessoas inseridas em ocupações técnico-científicas (RHCTo), segundo grupos ocupacionais e nível de escolaridade, 1992 a 2005 (em mil

pessoas)... 62

Tabela 21 - Número de doutores titulados anualmente no Brasil e número de habitantes, 1990-2001... 63

Tabela 22 – Número de mestres titulados anualmente no Brasil e número de habitantes, 1991-2001... 64

Tabela 23 – Evolução do número de instituições, grupo de pesquisa, pesquisadores e doutores no diretório dos grupos de pesquisa CNPq, Brasil (1993 – 2004)... 65

Tabela 24 - Total de publicações em periódicos científicos: base do ISI, 1990-2001... 66

Tabela 25 - Percentual de artigos de residentes no Brasil publicados em periódicos científicos internacionais indexados, em relação ao mundo segundo áreas selecionadas, 2002-2004... 67

Tabela 26 – Pedidos e concessões de patentes de invenção junto ao escritório de marcas e patentes dos EUA, 1998 a 2004... 68

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xi

SUMÁRIO

1. PROBLEMÁTICA... 13

1.1. OBJETIVOS... 15

1.1.1. Objetivo Geral... 15

1.1.2. Objetivo Específico... 15

1.2. METODOLOGIA... 16

2. REVISÃO DE LITERATURA SOBRE O CONCEITO DE SISTEMA NACIONAL DE INOVAÇÃO... 17

2.1. PAPEL DA INOVAÇÃO E DO CONHECIMENTO NAS ECONOMIAS CAPITALISTAS... 18

2.2. SISTEMA NACIONAL DE INOVAÇÃO: O CAMINHO PARA O DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO... 21

2.3. O ESTUDO SOBRE OS BRIC'S... 23

2.4. INDICADORES DE CIÊNCIA, TECNOLOGIA E INOVAÇÃO... 24

3. BRASIL, RÚSSIA, ÍNDIA E CHINA: PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS DO SISTEMA NACIONAL DE INOVAÇÃO... 29

3.1. ANÁLISE COMPARATIVA DOS AGREGADOS MACROECONÔMICOS... 29

3.1.1. Produto Interno Bruto... 29

3.1.2. Participação no Comércio Internacional: Volume das Exportações e Importações... 30

(12)

xii

3.2. RÚSSIA E O SISTEMA DE INOVAÇÃO EM TRANSIÇÃO... 37

3.2.1. As Instituições de C&T... 37

3.2.2. Taxa de Inovação Russa... 40

3.2.3. Principais Indicadores de Inovação na Rússia... 41

3.3. SISTEMA NACIONAL DE INOVAÇÃO DA ÍNDIA... 44

3.3.1. Os recursos humanos na Índia... 45

3.3.2. Indicadores de inovação... 46

3.4. SISTEMA NACIONAL DE INOVAÇÃO DA CHINA... 47

3.4.1. Gastos em P&D e Recursos Humanos... 48

3.4.2. Indicadores de conhecimento... 51

3.4.3. Particularidade Chinesa: O mercado doméstico de tecnologia... 52

3.5. O SISTEMA NACIONAL DE INOVAÇÃO DO BRASIL... 54

3.5.1. Taxa de Inovação Brasileira... 55

3.5.2. Gastos em P&D... 56

3.5.3. Recursos Humanos: caso brasileiro... 58

3.5.4. Produção científica brasileira... 65

3.5.5. Patentes: indicador de inovação... 68

3.6. BRIC: UMA ANÁLISE COMPARATIVA DOS SNI... 69

CONCLUSÃO... 72

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13

CAPÍTULO I

1 PROBLEMÁTICA

A economia capitalista ao longo dos anos vem passando por mudanças nas formas de Estado, regulação econômica, organizações, gerando novas formas de concorrência, novos produtos e novas relações econômicas. Uma das mudanças observadas é a passagem do fordismo para o pós-fordismo, este significando a superação da crise do fordismo, propondo algo novo, novas estruturas e a globalização do conhecimento. “O fordismo é caracterizado como um modo de regulação das economias capitalistas, envolvendo várias estruturas e elementos, como organização industrial e relação capital – trabalho”. O regime de acumulação fordista, atinge sua crise em 1970 nas economias capitalistas, dando espaço ao novo modo de produção, denominado pós – fordismo. (ARIENTI, 1997; HARVEY, 1993)

Com a transição do fordismo para pós fordismo o capitalismo inaugura uma nova fase chamada a Era do Conhecimento tendo como ênfase a inovação e o conhecimento como componentes importantes para a competitividade das organizações e dos países.

A ênfase passa a ser na capacidade de aprender e inovar, considerados processos cruciais para a produtividade e a competitividade dos agentes, e não na capacidade de adquirir e utilizar novas tecnologias e equipamentos. (CASSIOLATO; LASTRES; ARROIO, 2005, p.19)

A inovação é um processo de busca e aprendizado, possibilitando a criação de novos mercados e o desenvolvimento de novos projetos. Esse processo é fortemente influenciado por formatos institucionais e organizacionais.(CASSIOLATO; LASTRES, 2000; TIGRE, 2006)

A inovação não está somente em setores de tecnologia de ponta, mas também se verifica em setores tradicionais. Podemos verificar em Cassiolato; Lastres e Arroio (2005, p.31), onde exemplificam o caso da pesca:

(14)

14 A tecnologia, a inovação e o conhecimento são componentes estratégicos que estão se difundindo cada vez mais. Podemos definir “difusão como o processo pelo qual a inovação é comunicada através de canais, do tempo e entre participantes de um sistema”. (TIGRE, 2006)

A ocorrência de inovações está associada atualmente ao conhecimento, aprendizagem e instituições geográficas. Mas depende também do contexto macroeconômico, sistema financeiro do país e dos estímulos à política científica e tecnológica. Depende diretamente também da Política Industrial, Científica e Tecnológica focada no suporte ao desenvolvimento tecnológico, a melhoria de tecnologias, o aumento da eficiência produtiva e aumento da capacidade de inovação das empresas. Entende-se assim que a política de inovação é complementar aquela política porque leva em consideração as complexidades do processo inovativo e as interações dentro do sistema. (CASSIOLATO ; LASTRES, 2000)

Essas políticas estão inseridas no Sistema Nacional de Inovação (SNI), que é definido como um conjunto de instituições distintas onde, em conjunto ou individualmente, se promove o desenvolvimento e difusão de tecnologias. “O SNI não é somente as empresas, mas também, universidades, instituições de pesquisa, de financiamento, governo entre outras instituições.” É dentro desse quadro que o governo implementa e incentiva as políticas de inovação e o Sistema de Inovação pode ser analisado em níveis nacionais, regionais ou locais. (CASSIOLATO ; LASTRES, 2000)

Para Cassiolato; Lastres e Arroio (2005), a abordagem de sistema de inovação é uma ferramenta analítica que permite compreender os processos de criação, uso e difusão do conhecimento, tendo em vista as principais características do atual regime de produção e de acumulação.

Em todos os países há uma política industrial e tecnológica com incentivo à capacitação das empresas para o processo inovativo. Não somente países desenvolvidos, mas também, países emergentes possuem seus Sistemas Nacionais de Inovação. Recentemente, cientistas e economistas estão empenhados em estudar as economias dos países em desenvolvimento, ou emergentes, para compreender as possibilidades de desenvolvimento e inserção dos mesmos nas novas condições do capitalismo mundial.

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15 sistemas, e dentro dos países às condições para inovação, como por exemplo, a indústria aeronáutica do Brasil e a indústria de software na Índia, em contraste com os demais setores da atividade econômica em que o grau de inovação é bem menor.

OS BRICS estão na moda. A sigla, criada por analistas financeiros, estava associada sobretudo ao impacto que o grupo formado por Brasil, Rússia, Índia e China tem e terá cada vez mais na economia global. Com quase metade da população mundial, 20% da superfície terrestre, recursos naturais abundantes e economias diversificadas em ritmo sustentado de crescimento, era natural que fossem considerados grupo de indiscutível peso econômico, equivalente hoje a 15% do PIB mundial. (CELSO AMORIM) 1

O presente estudo objetiva mostrar as características atuais do Sistema Nacional de Inovação do Brasil em comparação com os sistemas dos países do RIC, apontando suas principais divergências e semelhanças.

1.1 Objetivos

1.1.1 Objetivo Geral

Este trabalho tem como objetivo geral mostrar as principais características do Sistema Nacional de Inovação do Brasil, Rússia, Índia e China (BRIC). No presente estudo serão analisados os principais indicadores de ciência, tecnologia e inovação dos países-BRICs, indicadores de P&D, dispêndios de P&D e a taxa de inovação.

1.1.2 Objetivos Específicos

Especificamente objetiva-se:

¬ Realizar uma revisão da literatura sobre o conceito de Sistema Nacional de Inovação desenvolvida pelos autores neoschumpeterianos, destacando o papel da inovação e conhecimento nas atuais condições do desenvolvimento capitalista;

(16)

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¬ Apresentar as condições nacionais de Brasil, Rússia, Índia e China e,

¬ Realizar uma análise preliminar comparativa do Sistema Nacional de Inovação do Brasil com os demais países (BRIC).

1.2 Metodologia

A revisão de literatura, que compreende o estudo do Sistema Nacional de Inovação está baseada em livros, pesquisas e fontes eletrônicas especializadas no assunto. O estudo está ancorado também nos textos disponíveis na RedeSist. 2 A RedeSist (Rede de Pesquisa em Sistemas Locais e Inovativos) é um grupo de pesquisa do Instituto de Economia da Universidade Federal do Rio de Janeiro. A RedeSist trata de assuntos relacionados com a Era do Conhecimento, política tecnológica e industrial e Sistema Nacional de Inovação.

Em cada país da sigla BRIC (Brasil, Rússia, Índia e China) existem pesquisadores envolvidos no estudo dos Sistemas Nacionais de Inovação; no Brasil, a pesquisa é coordenada pelo professor José Eduardo Cassiolato. A pesquisa será realizada com base em textos disponíveis na página do Projeto BRIC da RedeSist e complementada com a literatura especializada de economia da inovação.

A organização deste estudo está estruturada em três capítulos:

Neste primeiro capítulo tem-se a problemática, objetivos e a metodologia a ser usada no trabalho.

O segundo capítulo é uma revisão da literatura do conceito de Sistema Nacional de Inovação enfatizando o papel da inovação e conhecimento.

O terceiro capítulo apresenta as características dos sistemas de inovação de Brasil, Rússia, Índia e China (BRIC’s) e uma breve comparação analítica.

E na última parte as considerações finais sobre o estudo.

(17)

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CAPÍTULO II

2 REVISÃO DE LITERATURA SOBRE O CONCEITO DE

SISTEMA NACIONAL DE INOVAÇÃO

Durante os últimos anos a globalização vem intensificando o processo de concorrência entre as empresas, este processo não está, exclusivamente, relacionado à concorrência via preço. Verifica-se a importância de outros fatores como a capacidade de inovar das empresas, destacando a produção e uso do conhecimento.

A crescente competição internacional e a necessidade de introduzir eficientemente, nos processos produtivos, os avanços das tecnologias de informação e comunicações têm levado as empresas a centrar suas estratégias no desenvolvimento de capacidade inovativa. (CASSIOLATO; LASTRES, 2000 p. 237)

A nova fase do capitalismo inaugura a chamada “Economia do Conhecimento”. Na qual dá-se maior ênfase ao capital humano, e sua capacidade de aprender, de ampliar o estoque de conhecimentos e os reflexos a capacidade de inovar. É neste contexto que a noção de Sistema Nacional de Inovação (SNI) vem ganhando destaque. O conceito de SNI contribui para a compreensão dos processos de desenvolvimento de novas tecnologias, associados à criação, absorção e uso de conhecimentos economicamente úteis. (CASSIOLATO; LASTRES; ARROIO, 2005)

Para Cassiolato; Lastres e Arroio (2005), a abordagem de Sistema Nacional de Inovação:

♣ Privilegia a produção baseada na criatividade humana ao invés das trocas comerciais;

♣ Caracteriza a inovação e aprendizado como um processo interativo;

♣ Ressalta a importância da natureza sistêmica da inovação, isto é; consideram-se as dimensões macro e micro e;

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2.1 Papel da Inovação e do Conhecimento nas economias

capitalistas

No contexto atual, a inovação ganha papel central no desenvolvimento das economias capitalistas, não somente em setores de tecnologia de ponta, mas também em setores tradicionais. A ocorrência da inovação é sistêmica porque envolve várias dimensões, isto é, o contexto social, financeiro e as dimensões macro e micro. O processo inovativo está fortemente influenciado pelo conhecimento, o qual, se tornou a peça fundamental para o desenvolvimento, pois promove o aprendizado interativo e aumenta a capacidade de inovar das empresas.

A atual ênfase no uso das tecnologias da informação e comunicação revela um novo paradigma tecnológico. Nesse, o conhecimento individual e as estratégias interativas de aprendizado tornam crescentes as trocas de informação dentro e fora das empresas. Alguns autores chamam essa nova fase de “Era do Conhecimento”, “Economia do Conhecimento”, ou então, “Economia do Aprendizado”. (LEMOS, 1999)

Para Schumpeter (1968), a inovação não estava, necessariamente, associada ao conhecimento científico, para Schumpeter inovação é:

• Realização das novas combinações;

• Introdução de um novo bem;

• Introdução de um novo método de produção;

• Abertura de um novo mercado;

• Conquista de uma nova fonte de oferta de matérias–primas;

• Estabelecimento de uma nova organização de qualquer indústria.

Para Cassiolato e Lastres (2000), a inovação constitui-se num processo de busca e aprendizado, dependente das interações, sendo socialmente determinada e influenciada por instituições e organizações com potencial interativo. A inovação envolve aprendizado e criação de conhecimento de novas e diferentes competências nas empresas.

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19 existentes. O processo de inovação está associado à ligação das empresas com organizações de conhecimento científico e tecnológico de base. (MANUAL DE OSLO apud OCDE, 1996)

O processo de inovação é cumulativo, influenciado pela tecnologia que está sendo utilizada e por experiências passadas. As inovações podem ser incrementais ou radicais; a incremental se refere à melhoria contínua em design, qualidade do produto ou novas práticas de suprimentos e vendas. Tigre (2006), denomina a inovação radical como o rompimento de trajetórias tecnológicas já existentes, inaugurando uma nova rota tecnológica. A compreensão sistêmica do processo de inovação afirma que as empresas não inovam sozinhas, tal processo envolve um sistema interativo entre agentes econômicos, instituições de ensino e pesquisa, e outros. (TIGRE, 2006; LEMOS, 1999)

As fontes de informação para a inovação nas empresas podem ser internas ou externas, segundo Tigre (2006), as fontes internas são as atividades voltadas para o desenvolvimento de produtos e processos, podendo ser também a obtenção de melhorias incrementais através de programas de qualidade, treinamento de recursos humanos e aprendizado organizacional. As fontes externas envolvem a aquisição de informações, consultorias e obtenção de licenças de fabricação de produtos. (TIGRE, 2006)

Na tabela 1, um resumo das fontes de inovação descrita pelo autor:

Tabela 1 - Fontes de Tecnologia utilizadas pelas empresas Fontes de Tecnologia Exemplos Desenvolvimento tecnológico

próprio

P&D e experimentação.

Contratos de transferência de tecnologia

Licenças e patentes, contratos com universidades e centros de pesquisa.

Tecnologia incorporada Livros, manuais, revistas técnicas, feiras e programas educacionais.

Conhecimento tácito Consultoria, contratação de recursos humanos qualificados, informações de clientes e treinamento.

Aprendizado cumulativo Processo de aprender fazendo, usando, interagindo devidamente, e difundido na empresa.

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20 Conforme a tabela nota-se a importância do conhecimento e do aprendizado no processo de inovação. O conhecimento pode ser codificado ou tácito.

O conhecimento codificado pode ser transformado em uma mensagem, podendo ser manipulado como uma informação, o conhecimento tácito não pode ser explicitado formalmente ou facilmente transferido, pode ser exemplificado como, os conhecimentos implícitos a um agente social ou econômico ou as habilidades acumuladas por um indivíduo. (LEMOS, 1999)

Alguns autores preferem o conceito de economia do aprendizado ao de economia do conhecimento, para eles o que importa é a habilidade de aprender. Mas só se aprende uma nova técnica ou processo esquecendo as antigas técnicas. Para Lundvall e Johnson (2001), o aprendizado impõe mudanças no ambiente e nas pessoas e há uma interação entre aprendizado e conhecimento. (JOHNSON; LUNDVALL, 2001 apud CASSIOLATO; LASTRES; ARROIO, 2005)

Para OCDE (2000), a economia do aprendizado consiste na:

(..) capacidade de aprender que é crucial para o sucesso econômico de indivíduos, firmas, regiões e economias nacionais. Aprendizado refere-se ao desenvolvimento de novas competências e ao estabelecimento de novas capacitações, e não apenas ao acesso a novas informações. (OCDE, 2000 apud CASSIOLATO; LASTRES; ARROIO, 2005 p. 87)

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21

2.2 Sistema Nacional de Inovação: o caminho para o

desenvolvimento econômico

A abordagem em torno do Sistema Nacional de Inovação (SNI) vem se intensificando na literatura recente. Esse conceito é sistêmico, pois envolve vários atores que contribuem para o desenvolvimento econômico de uma região ou país.

O conceito de Sistema Nacional de Inovação foi utilizado pela primeira vez no início da década de 1980 por Christopher Freeman para o Grupo ad hoc em Ciência, Tecnologia e Competitividade Internacional da OCDE. (FREEMAN, 1982 apud CASSIOLATO; LASTRES; ARROIO, 2005)

Mais tarde, o conceito foi amplamente difundido em uma publicação de Freeman em 1987, com uma análise realizada sobre o desempenho econômico do pós-guerra do Japão. Neste livro, o autor conceitua Sistema Nacional de Inovação como “uma rede de instituições no setor público e privado cujas atividades e interações iniciam, auxiliam, transformam e difundem os processos inovativos de informação para criação de processos inovativos.”

(FREEMAN, 1987 apud CASSIOLATO; LASTRES; ARROIO, 2005)

Surgiram depois da contribuição de Freeman grupos de pesquisas que colaboraram para o desenvolvimento desse tema. Outros autores também se empenharam em contribuir para o conceito de SNI, como Bengt – Ake Lundvall (1985), Richard Nelson (1988) e Charles Edquidst (1997). Os organismos oficiais, a OCDE, UNCTAD e Comissão Européia vêm utilizando o conceito de SNI na análise do desenvolvimento econômico. (CASSIOLATO; LASTRES; ARROIO, 2005)

(22)

22 economia. O destaque estaria na importância das redes e sinergias entre os atores envolvidos no SNI.

Em seus textos, Lundvall destaca a importância do conceito de SNI como estratégia de desenvolvimento:

No contexto da economia do aprendizado crescentemente globalizada, os elementos e as redes cruciais do sistema de inovação são aqueles com impacto na capacidade de aprendizado de indivíduos, organizações e regiões. Até hoje, os estudos de sistemas nacionais de inovação têm dado muito pouca ênfase ao subsistema relacionado ao desenvolvimento de recursos humanos. Este inclui o sistema formal de treinamento e educação (....), a organização do processo de desenvolvimento do conhecimento, e do aprendizado nas empresas e redes. (CASSIOLATO; LASTRES; ARROIO, 2005, p.100)

Para os autores Cassiolato e Lastres (2000), o Sistema Nacional de Inovação é um conjunto de instituições distintas, que interagindo tanto em conjunto, como individualmente, contribuem para o desenvolvimento de tecnologias. Abrange não somente empresas, mas também instituições de pesquisa e ensino, financiamento, entre outras.

Nelson (1993), apresenta uma visão de SNI mais restrita, o foco está nas relações sistêmicas entre os esforços de P&D nas empresas, as organizações de ciência e tecnologia, que incluem as universidades. As derivações normativas são também mais restritas, portanto a política está voltada explicitamente para ciência e tecnologia. (NELSON 1993 apud

CASSIOLATO; RAPINI; BITTENCOURT, 2007)

A noção ampliada destaca que o Sistema Nacional de Inovação não se refere somente à dimensão de ciência e tecnologia, mas de um conjunto de personagens, como por exemplo universidades, instituições de financiamento e o próprio Estado, que contribuem para o desenvolvimento de um local, região ou nação. Envolve o Estado, porque este promove e introduz políticas de incentivo à inovação científica e tecnológica.

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2.3 O Estudo sobre os BRIC’s

Desde a passagem do fordismo para o pós fordismo, importantes transformações vem condicionando a competitividade das firmas. Os países em desenvolvimento como Brasil, Rússia, Índia e China, adquiriram um novo papel na economia mundial a partir dessas transformações. Entre elas destaca-se que passaram a ser consumidores potenciais, receptores de capital e produtores de bens e serviços.

O termo BRIC foi cunhado pelo grupo Goldmam Sachs para designar os quatros países emergentes: Brasil, Rússia, Índia e China, como as principais forças produtivas para os próximos 50 anos. Nesse sentido, Cassiolato e Lastres (2007) destacam que:

“Agências e analistas internacionais já perceberam o potencial dos BRIC’s, sugerindo que os investidores devem prestar atenção às oportunidades apresentadas por estes países. (...)” (CASSIOLATO; LASTRES, 2007 p. 3)

Apesar das perspectivas comuns pouco mais do que as dimensões territoriais e a classificação de “mercados ou potências emergentes” tornam os BRIC’s similares. Diferentes trajetórias recentes de desenvolvimento industrial, institucional, científico, e tecnológico explicam o desempenho atual e o potencial, ao qual, se referem os diferentes analistas.

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24 Para Lundvall e Cassiolato (2007), o processo de inovação pode ser uma intricada interação entre os fenômenos das estruturas macro e micro. O sistema nacional de inovação deve ser entendido como complexo, e característico pela co-evolução e auto-organização das estruturas de conhecimento, produção e co-ordenação.

2.4 Indicadores de Ciência, Tecnologia e Inovação

Os indicadores de C&T e inovação são importantes para a compreensão do crescimento, desenvolvimento e competitividade das empresas, regiões e países. Para Viotti (2003), a implementação dos indicadores de ciência, tecnologia e inovação são importantes para os países em desenvolvimento, porque aumentam a “eficácia das políticas e estratégias dirigidas para a superação das carências e limitações de seus sistemas de C&T.” (VIOTTI; MACEDO, 2003)

Segundo Viotti e Macedo (2003) a “existência de sistemas de indicadores de CT&I é instrumento essencial para melhor compreender e monitorar os processos de produção, difusão e uso de conhecimentos científicos, tecnologias e inovações”. Existem três razões para se medir esses indicadores, uma das razões seria a científica, que busca compreender os fatores determinantes dos processos de produção, difusão e uso do conhecimento. Uma outra razão seria a política, que avalia a possibilidade da utilização dos indicadores na formulação de políticas públicas e, a última razão seria a pragmática, que se refere ao uso dos indicadores como ferramenta na definição e avaliação de estratégias tecnológicas de empresas. (VIOTTI; MACEDO, 2003)

Viotti e Macedo (2003) descrevem que para o desenvolvimento dos indicadores de ciência, tecnologia e inovação requer-se a definição de variáveis passíveis de serem mensuradas, e qual a função de cada uma delas nos processos de produção, difusão e uso do conhecimento. (VIOTTI; MACEDO, 2003)

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25 Figura 1: Modelo Linear de Inovação

Fonte: Viotti, Macedo, 2003

Esse modelo baseia-se na idéia de que o conhecimento seria resultado da pesquisa básica e sua aplicação experimental em projetos de inovação explicaria o fenômeno. Os esforços em P&D seriam incorporados à produção, que logo atingiria a comercialização, transformando-se em inovação.

Segundo o modelo linear “quanto mais insumos são alocados na pesquisa básica maior deverá ser a produção de invenções e inovações.” Viotti e Macedo (2003) destacam a importância da política de C&T conforme a citação abaixo:

(...) a política de C&T de qualquer país deveria preocupar-se basicamente com a elevação dos investimentos em P&D, especialmente, em pesquisa básica. Em outras palavras, as políticas de C&T deveriam preocupar-se essencialmente com a elevação das concessões de recursos para pesquisadores ou instituições de pesquisa (...) (VIOTTI; MACEDO, 2003 p. 56)

O modelo linear foi dominante até fins do século XX, pois a partir daí estudiosos alegavam que o modelo considerava a empresa como simples usuária da tecnologia. Segundo Viotti e Macedo (2003) as críticas dos estudiosos em relação a esta característica do modelo linear, levaram a criação de modelos alternativos.

Neste contexto desenvolveu-se o modelo elo de cadeia (figura 2), na qual a ênfase passa a ser o processo de inovação. Uma diferença seria que, no modelo linear, a pesquisa aparece como fonte de invenção, mas no modelo elo de cadeia, a pesquisa é tratada como uma solução para os problemas que surgirem no processo de inovação. (VIOTTI; MACEDO, 2003)

Pesquisa Básica

Pesquisa Aplicada

Desenvolvimento

Experimental Produção Comercialização

Instituição/laboratório de pesquisa

(oferta de tecnologia)

(26)

26 Figura 2: Modelo Elo de Cadeia3

Estudos recentes mostram uma caracterização mais complexa para modelos analíticos de indicadores a partir da introdução da abordagem de Sistema de Inovação, uma vez que essa procura analisar o processo de produção, difusão e uso do conhecimento, considerados insumos centrais ao desenvolvimento de capacitações. Nesse enfoque, surge nos anos 90 o

modelo sistêmico de inovação, como demonstrado na figura 3.

(27)

27 Figura 3: Modelo Sistêmico de Inovação4

Segundo Viotti e Macedo (2003), o modelo sistêmico de inovação considera que as empresas não inovam isoladamente, mas a inovação surge dentro de um contexto de relação direta ou indireta com outras empresas, instituições de pesquisa e ensino e um conjunto de outras instituições.

(...) os esforços atuais de desenvolvimento e sistematização de indicadores em consonância com o modelo sistêmico estão centrados na mensuração de fluxos de recursos humanos, informações e conhecimentos (codificados e tácitos), assim como o mapeamento institucional dos sistemas nacionais de inovação e no comportamento inovador das empresas. (VIOTTI; MACEDO, 2003 p. 64)

Esses modelos mostram quais indicadores devem ser usados na análise do processo inovativo baseado nas variáveis a serem mensuradas. Existem instituições internacionais responsáveis pela padronização de conceitos e métodos para a utilização dos indicadores.

“Nos últimos anos a OCDE passou a exercer o papel de liderança no esforço de

(28)

28

desenvolvimento e sistematização dos indicadores e no aperfeiçoamento das metodologias utilizadas.” (VIOTTI; MACEDO, 2003)

Um marco na evolução dos indicadores de CT&I foi a elaboração pela OCDE, ainda em 1962, sob liderança de Christopher Freeman, do primeiro manual metodológico para a padronização das práticas de coleta, tratamento e uso de estatísticas sobre pesquisa e desenvolvimento experimental. Esse manual (...) veio receber o nome de Frascatti (...). (VIOTTI; MACEDO, 2003 p..73)

Viotti e Macedo (2003) destacam que existem cinco manuais Frascatti, e que são usados cinco tipos de indicadores:

(29)

29

CAPÍTULO III

3 BRASIL, RÚSSIA, ÍNDIA E CHINA: PRINCIPAIS

CARACTERÍSTICAS

DO

SISTEMA

NACIONAL

DE

INOVAÇÃO

Neste capítulo serão apresentadas algumas características que retratam os Sistemas Nacionais de Inovação dos países formadores da sigla BRIC.

Os quatros países em questão possuem características diferentes em relação aos seus sistemas de inovação. E as estratégias de inserção mundial também diferem de um país para outro. Serão abordadas as características do sistema de inovação e comparadas através de indicadores de inovação e macroeconômicos.

3.1 Análise comparativa dos Agregados Macroeconômicos.

Nesta seção serão mostrados os principais agregados macroeconômicos dos BRIC’s, enfatizando a participação dos países, Brasil, Rússia, Índia e China na economia mundial. Os principais agregados a serem analisados serão o Produto Interno Bruto, o volume de exportação/importação e os fluxos de investimentos diretos externos (IDE).

3.1.1

Produto Interno Bruto

(30)

30 A participação do Brasil apresentou algum crescimento no período de 1980 a 1998. Mesmo após a desvalorização monetária de 1999, a tendência que se apresenta desde o início do século é de deterioração da participação do Brasil no total da produção mundial. O país de destaque é a China, no qual se percebe crescimento relativo significativo em todo o período. A participação da Índia no PIB mundial foi regular, entre 1990 e 1995 verificou-se um decréscimo, mas em 1998 volta a crescer. Entre 2001 e 2003 que a participação indiana em relação ao PIB mundial manteve-se no mesmo percentual até 2003.

A partir das informações da tabela 2 percebe-se que a participação do PIB dos BRIC’s na economia mundial é impulsionada pela economia chinesa.

Cassiolato et al (2007) ressaltam que a variação do desempenho de cada país foi acompanhada de mudanças nas suas estruturas econômicas.

Tabela 2: A participação dos BRIC’s no PIB mundial (%) (1980-2003)

País 1980 1985 1990 1995 1998 1999 2000 2001 2002 2003

Brasil 2,1 1,5 1,9 2,4 2,6 1,7 1,9 1,6 1,4 1,3

Rússia 7,8 7,2 4,3 1,1 0,9 0,6 0,8 1 1,1 1,2

Índia 1,5 1,7 1,4 1,2 1,4 1,5 1,5 1,6 1,6 1,6

China 2,5 2,3 1,7 2,4 3,2 3,2 3,4 3,7 3,9 3,9

Fonte: United Nations Statistics Division5

3.1.2 Participação no Comércio Internacional: Volume das

Exportações e Importações

Os BRIC’s nos últimos anos apresentaram crescimento significativo no volume de exportação e importação. A tabela 3 mostra a participação dos quatros países nas exportações mundiais. O Brasil representou em 2004, 1,06% do total mundial. É um percentual baixo comparado a China que em 2004 registrou 6,5% do total mundial. A participação indiana foi a menor entre os BRIC’s e a Rússia superou a sua participação em relação ao Brasil.

A tabela 4 mostra a participação dos BRIC’s nas importações no total mundial, observa-se que no Brasil ocorreu um decréscimo na participação brasileira nas importações mundiais de 2000 para 2004. Em 2004 a participação do Brasil era a menor entre a Rússia,

(31)

31 Índia e China. Novamente o destaque é a China, sua participação em 2000 era de 3,36% atingindo em 2004, 5,94%. As participações da Rússia e Índia em 2004 foram praticamente a mesma, em torno de 1%.

Tabela 3: Exportação: Participação dos BRIC’s no total mundial, em %

País/Ano 2000 2002 2004

Brasil 0,85 0,93 1,06

China 3,87 5,02 6,50

Índia 0,66 0,76 0,79

Rússia 1,64 1,65 2,01

Fonte: UNCTAD apud CASSIOLATO et al, 2007

Tabela 4: Importação: Participação dos BRIC’s no total mundial, em %

País/Ano 2000 2002 2004

Brasil 0,87 0,74 0,70

China 3,36 4,39 5,94

Índia 0,77 0,84 1,01

Rússia 0,67 0,90 1,00

Fonte: UNCTAD apud CASSIOLATO et al, 2007

Mesmo sendo baixa a participação dos BRIC’s em relação ao total mundial, o volume de exportação e importação vem aumentando nos últimos anos.

3.1.3 Fluxos de Investimentos Diretos Externos (IDE): Uma

Visão Geral

(32)

32 Brasil. Observa-se pela tabela abaixo que a participação chinesa aumentou consideravelmente dentro dos BRIC’s. (CASSIOLATO et al, 2007)

A China se tornou a maior receptora mundial de IDE a partir de 1993. Cabe ressaltar que a política chinesa visa atrair empresas multinacionais como estratégia para aprimorar seus conhecimentos tecnológicos e, posteriormente, fortalecer empresas e indústrias nacionais. (CASSIOLATO et al, 2007 p. 14)

Cassiolato et al (2007) destacam que a China estabelece exigências para permitir que as subsidiárias atuem no território chinês e usufruam do mercado. Essas exigências pode ser o estabelecimento de joint ventures ou realização de P&D local, por exemplo.

Como apresentaremos melhor a seguir, Rússia e Brasil, receberam um fluxo considerável de investimentos em portfólios, mas também em IDE, sendo grande parte direcionada para aquisições de firmas locais. Já “na China e na Índia o IDE está concentrado em novos investimentos em produção e inovação.” (CASSIOLATO et al, 2007)

Tabela 5: Participação dos BRIC’s no Influxo de Investimento Direto Externo (1995 – 2002)

1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002

Brasil 1,3% 2,8% 3,9% 4,2% 2,6% 2,4% 2,7% 2,4%

Rússia 0,6% 0,7% 1,0% 0,4% 0,3% 0,2% 0,3% 0,4%

Índia 0,6% 0,6% 0,7% 0,4% 0,2% 0,2% 0,4% 0,5%

China 10,7% 10,3% 9,1% 6,3% 3,7% 2,9% 5,7% 7,8%

Fonte: UNCTAD6

Verifica-se pela tabela 5 e pela figura 4 que a China se destaca em relação aos outros países, no que se refere ao influxo de IDE. Em 2002 a participação chinesa no influxo mundial de IDE era de 7,8% enquanto a Rússia era de 0,4%. A participação do Brasil entre 1995 e 2002 no influxo de IDE superou a participação da Índia e da Rússia..

(33)

33

Figura 4: Evolução do Influxo de Investimento Direto Externo (1995 – 2002)

0,0 2,0 4,0 6,0 8,0 10,0 12,0

1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002

E

m

%

Brasil

Rússia

Índia

China

Fonte: UNCTAD7

Na Rússia, os investimentos estavam mais voltados para aquisição de firmas locais, o país passou de uma economia planificada para uma economia de mercado com o fim da URSS, e várias reformas foram introduzidas neste país. Conforme veremos adiante, o país decretou moratória em 1998, e a solução para a crise decorrente foi o estímulo aos investimentos externos.

Em 1999, o presidente Yeltsin assinou a Lei do Investimento Estrangeiro, a Lei nº160FZ, que ofereceu proteção à propriedade privada e incentivou o investimento direto estrangeiro. Esta lei oferecia benefícios aos investidores estrangeiros, mas ao mesmo tempo limitava a participação estrangeira em setores estratégicos, como gás, mineração, bancos e aviação civil. Com a nova lei e as reformas implementadas pelo Estado na década de 90, a economia russa passou a apresentar um bom desempenho econômico.8

Atualmente, a Rússia possui o Centro de Promoção de Investimento Estrangeiro, empresa estatal vinculada ao Ministério da Economia, que fornece informações sobre as oportunidades de investimentos e identifica os potenciais sócios para joint ventures.9 A atração de IDE no país está relacionada com os vastos recursos naturais, dos quais, o petróleo é o principal, destaca-se também, um grande mercado interno e uma base industrial diversificada.

(34)

34 Na tabela 6 o volume total de investimentos no país no período de 2000 a 2005 cresceu significativamente. Observa-se que o total de investimentos em 2000 atingiu US$ 10.958 milhões de dólares, cinco anos depois o total de investimento na Rússia atingiu US$ 53.651 milhões de dólares. O investimento direto estrangeiro apresentou crescimento no período de 2000 a 2005, sendo que estes investimentos foram destinados para os setores de coque e refino de petróleo, atacadista e varejista.

Tabela 6: Volume de Investimento Direto Externo (IDE), na Rússia, em milhões de dólares (2000-2005)

IDE/Ano 2000 2003 2004 2005

Total de

Investimentos 10.958,0 29.699,0 40.509,0 53.651,0

Investimento

Direto Externo 4.429,0 6.781,0 9.420,0 13.072,0

Fonte: Federal State Statistics Service of Russian Federation. 10

A Rússia é também o destino de investimento estrangeiro de empresas de bebidas, telecomunicações, fumo e automobilísticas.

Na Índia nas décadas de 60 e 70 o influxo de investimentos diretos externos (IDE) possuía restrições, como altas tarifas, limites ao percentual permitido de empresas multinacionais, e até a proibição desses investimentos. A entrada de IDE só era permitida quando acreditava-se que o país não possuía outra maneira de obter tecnologia. Na maioria dos casos as marcas estrangeiras eram proibidas no país. (CASSIOLATO et al, 2007)

A partir dos anos 80, com novas reformas implementadas observa-se uma diminuição das restrições ao IDE, as empresas multinacionais começaram a ter maior liberdade de atuação e permitiu-se a importação de bens de capital e tecnologia. Na década de 90, com a nova política industrial, os investimentos externos diretos tiveram maior estímulo. Nesse contexto:

(...) as empresas estrangeiras passam a ter acesso a novos setores, como a mineração, setor bancário, seguros, telecomunicações e construção. A entrada de IDE via joint ventures ou subsidiárias passam a ser encorajadas e, legalmente, filiais passam a ter os mesmos direitos que as firmas nacionais. (CASSIOLATO et al, 2007 p. 89)

Em 2000 intensifica-se o IDE e empresas novas são permitidas sem aprovação prévia. Algumas restrições ainda permanecem, como a restrição total ao setor agrícola.

(35)

35 Mesmo com os estímulos ao crescimento do IDE, a Índia ainda tem uma representação muito baixa em relação ao total de investimentos estrangeiros mundiais, conforme a citação abaixo:

“Em 2001, por exemplo, o fluxo de IDE para Índia representou apenas de 1,7% do total recebido.” (CASSIOLATO et al, 2007)

Na China várias alterações importantes vêm se processando nota-se principalmente o aumento significativo da sua participação no comércio internacional, além da posição privilegiada como receptor de investimentos diretos externos.

Até 1970, o estoque de investimento direto externo era praticamente nulo, somente em 1978 foi permitida a entrada de IDE, restritos a algumas províncias costeiras. Estas províncias foram denominadas de zonas econômicas especiais, para as firmas instaladas nestas zonas especiais o governo central não estabeleceu cotas de produção. Além disso, receberam vários incentivos fiscais. (KENNEDY, 2005 apud CASSIOLATO et al, 2007)

De 1978 até 1986 a entrada de IDE foi amplamente incentivada nos diversos segmentos industriais, com exceção para o setor de infra-estrutura. Este estímulo tinha como objetivo criar mais postos de trabalho, renda e geração de recursos via exportação. (TAN, 2002 apud CASSIOLATO et al, 2007)

Depois de 1986, o governo central começou a determinar as diretrizes do IDE, isto é, quais determinados projetos devem ser permitidos ou restringidos. Com essa medida, os investimentos diretos externos vêm sendo direcionados a setores específicos com a ênfase em setores de alta tecnologia. O país favorece o IDE desde que a alta tecnologia seja transferida através das multinacionais (EMNs).(LU, 2000 apud CASSIOLATO et al, 2007).

Segundo Lu (2000 apud Cassiolato et al, 2007), atualmente, existe, na China, algumas restrições ao capital estrangeiro, entre elas está à restrição das empresas estrangeiras de atuarem em segmentos industriais e distribuir produtos no mercado interno, além daqueles produzidos no país. Os bancos também sofrem restrições, estes só podem se instalar em algumas cidades litorâneas mediante licença e as operações financeiras são fortemente controladas.

(36)

36 Para as subsidiárias de EMNs de grande porte, o foco da exploração está nos setores de alta tecnologia, como química, farmacêutica, máquinas, equipamentos de telecomunicações e produtos elétricos e eletrônicos. O foco destas empresas relaciona-se à transferência de tecnologias de ponta. As empresas recebem incentivos fiscais, liberdade para importar insumos e acesso ao mercado interno. (CASSIOLATO et al, 2007)

Para as empresas de menor porte de países vizinhos o foco está na exploração dos fatores de produção, sendo que a atuação está voltada para o processamento para exportação. Estas empresas atuam em setores como têxteis e vestuário, brinquedos, relógios, couro e calçados. As empresas são atraídas por causa de diversos incentivos, mas estas têm a obrigação de gerar um saldo comercial positivo. (CASSIOLATO et al, 2007)

No Brasil desde 1996 verifica-se crescente participação do investimento direto externo, isto se deve a estabilização do plano Real e às reformas associadas à privatização. Cerca de ¼ do influxo de investimento direto entre 1996 e 2000 correspondeu às privatizações. 11

Em 2005, as entradas de IDE totalizaram U$ 30 bilhões de dólares, dos quais U$ 22 bilhões eram de participação de capital. Atualmente o país está entre o grupo de países com alto potencial de atração de investimentos.

No período de 1996 a 1999 os influxos de IDE foi maior para a indústria de transformação. Após a década de 90 diminuíram-se os ingressos de capitais, voltando a crescer somente em 2005. A indústria de transformação respondeu em 2005 por 30,2% das entradas de IDE. Mas o setor industrial mais expressivo, em 2005, foi o de alimentos e bebidas.

Em 2002, o total de investimento direto externo era de U$ 16.566 milhões caindo para US$ 10.144 milhões de dólares, isto se deve ao esgotamento das privatizações. Em 2002 foi realizada apenas uma operação para Sistema Telebrás equivalendo a US$ 280 milhões de dólares e em 2003 não se registrou nenhuma operação de privatização.12 Em 2007, o Brasil foi considerado um país de atração de investimentos e lugar mais seguro para investidores.

Conforme citado acima o Brasil configura-se entre os países com alto índice de potencial de atração de IDE, dentro dos países BRIC, o Brasil supera a Rússia e a Índia, mas não consegue ultrapassar a China.

(37)

37 Através dos indicadores mostrados percebe-se a importância da participação dos BRIC’s na economia mundial. Nas próximas seções serão mostradas as principais características do Sistema Nacional de Inovação dos países BRIC’s.

3.2 Rússia e o Sistema de Inovação em Transição.

O sistema de C&T russo tem sua origem antecedente à revolução russa de 1917, ocorrida após anos de estagnação econômica e na mesma época da revolução russa, explodia na Europa a 1ª Guerra Mundial. Desde essa época, “a ciência e a produção eram vistas de maneira separada, com fim em si mesmo, sendo que a busca pelas inovações produtivas ficavam em segundo plano.” Devido a forte hierarquia governamental que existia no país o sistema de C&T estava submetido ao governo e este decidia quais projetos seriam realizados.

Após a 2ª Guerra Mundial, essa configuração adquire novo formato e em 1960 começou-se a priorizar novos produtos no mercado e uma nova organização industrial. “No fim da década de 1960, foram criadas associações de ciência e produção que tinham como objetivo gerar incrementos na produção, combinando a instalação de P&D e unidades de produção numa mesma estrutura.” (CASSIOLATO et al, 2007)

“(...) as tentativas de adequação aos novos objetivos ocorriam em um ambiente de estagnação econômica em um país que priorizava a política de sustentação da posição militar.” (CASSIOLATO et al, 2007 p. 34)

Os gastos do governo na área de defesa eram superiores aos dos outros setores, sendo impossível sustentar essa posição após a década de 1980. Esta situação foi uma das causas do colapso do sistema russo, uma outra causa era a reduzida competitividade das firmas russas, desestimulando a implementação de inovações. (CASSIOLATO et al, 2007)

(38)

38

3.2.1 As Instituições de C&T

Com a transição para a economia de mercado, o sistema de C&T foi afetado, as reformas neoliberais não levaram em consideração as especificidades institucionais russas.

“Com a diminuição ampla do papel do Estado, o governo enfraqueceu as possibilidades futuras de crescimento econômico, traduzidas em potencialidades de desenvolvimento industrial, científico e tecnológico.” (CASSIOLATO et al, 2007)

Os quatros componentes do sistema de C&T russo, são as academias, as instituições de ensino superior (universidades), os institutos industriais de P&D e por último as empresas. A seguir serão apresentadas as principais características e evolução desses quatros componentes na década de 1990.

Historicamente, as academias exerciam maior influência no direcionamento dos gastos do governo em P&D, sendo que estes gastos eram alocados em pesquisa básica.

Pela legislação soviética as academias são propriedades do governo e são financiadas por ele. Além da Academia de Ciência Russa (RAS) que controla 450 organizações de P&D na Rússia, existem mais cinco academias: ciências agrícolas, medicina, educação, arte, arquitetura e construção.

Os recursos recebidos do gerenciamento das atividades das instituições de pesquisas são controladas pelas academias. Na prática, o poder dos “gerentes” inclui aumentar ou diminuir recursos e fechar ou abrir institutos de pesquisas. (CASSIOLATO et al, 2007 p. 35)

O autor Gokhberg et al (2007) ressaltam que em 2005 o governo decidiu modernizar essas estruturas e o relacionamento com outras instituições de pesquisa, para diminuir o inchaço humano e o caráter da especialização. Com este objetivo implementou reformas que incluem aumento salarial com corte do número de pessoal. (GOKHBERG et al, 2007)

(39)

39 Segundo Gokhberg et al (2007), a década de 1990 foi marcada pelo decréscimo do volume de recursos ao sistema de C&T. A resposta encontrada pelas universidades foi a de integrar-se a instituições de P&D e empresas. Essa integração não era considerada legal pela legislação soviética, que regulamentava as atividades das universidades, o que gerou dificuldades para a continuidade das atividades de diversas instituições. Em 1990, o número de instituições era de 453; em 2001 esse número caiu para 388. Em 2004 decidiu-se elaborar um projeto para uma nova integração, esse projeto tinha como objetivo descrever novas formas e áreas de integração entre instituições de educação e pesquisa. (GOKHBERG et al, 2007)

Os institutos industriais de P&D “foram estabelecidos por 70 secretarias e comitês estaduais. Todas as fases do processo de produção se desdobravam sob a tutela dessas instituições, inclusive a P&D.” Aproximadamente 700 instituições de P&D tiveram destaque em muitas áreas de tecnologia e especialmente instituições de P&D do setor de defesa. (GOKHBERG et al, 2007)

No final do processo de produção estão as empresas, que antes do período de transição tinham apenas 2,6% dos gastos totais realizados nas firmas russas. “Os esforços eram destinados à adaptação de P&D às suas necessidades internas.” Atualmente os gastos em P&D ainda são baixos e isso continua sendo um desafio para a política russa. (GOKHBERG, 2003)

Finalmente, para Gokhberg (2003), o período de transição revelou o atraso tecnológico e tornou essencial o planejamento político que considerasse as especificidades de ciência e tecnologia russa, sendo o principal propósito aumentar o desempenho tecnológico do país. O autor ainda ressalta que essa falta de planejamento foi um agravante para a crise russa.

(40)

40 Figura 5: Número de Institutos de P&D na Rússia (1990 e 2003)

0 500 1000 1500 2000 2500 3000 3500 4000 4500 5000 Instituto de Psquisa Org. de Design Org. de Projetos de construção e exploração Organizações de Educação Superior Empresas Produtivas Total 1990 2003

Fonte: Cassiolato, I Seminário sobre BRIC- Brasil, Rússia, Índia e China. (novembro, 2006).

Observa-se pela figura acima que os institutos de pesquisa, que são a principal forma de organização em P&D, aumentaram de 1.762 em 1990 para 2.564 em 2003. As organizações de educação superior possuíam 453 unidades em 1990, caindo em 2003 para 393 unidades. O número de empresas produtivas também diminuiu nesse período, de 249 em 1990 para 248 em 2003.

3.2.2 Taxa de Inovação Russa

Existe um esforço por parte do país para superar o atraso tecnológico, mas ainda é evidente a debilidade do sistema científico russo. A busca pela inovação ainda não é o principal objetivo das empresas. A tabela 7 mostra a taxa de inovação a partir de 1993:

Tabela 7: Evolução Anual da Taxa de Inovação Russa (1993 a 2005)

Ano 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 Taxa de

(41)

41

Em 1993 e 1994, a Rússia atingiu uma taxa de inovação de 17,3 e 19,5%, respectivamente, essas altas taxas correspondem às políticas adotadas no período. Em 1997 ocorreu à crise asiática, que atingiu a Rússia com a desvalorização da sua moeda, o rublo. Neste período observa-se uma taxa de inovação menor, entre 4 a 5%. Entre os anos de 1998 e 1999, o país assistiu a moratória russa que ocasionou fuga de capitais e recessão econômica; devido a essa crise econômica, os estímulos à inovação foram baixos, observa-se pela taxa de inovação de 5 e 6,2% respectivamente nos anos de 1998 e 1999. A economia recuperou-se a partir de 1999, entrando numa fase de expansão, desvalorização do rublo e aumento de produção, refletindo em uma taxa de inovação russa de 10%. (CASSIOLATO et al, 2007)

O setor de coque e petróleo teve a liderança na taxa de inovação, atingindo 31,4% em 2005. Outros setores, máquinas e eletro-eletrônicos químicos e transporte, que estão ligados ao conhecimento, também atingiram maiores taxas de inovação.

Segundo Gokhberg (2003), a principal atividade inovativa das firmas russas é a aquisição de máquinas e equipamentos. Em 1995 o percentual era de 50%, em 2000 atinge 65%. O autor ressalta que as inovações têm caráter adaptativo. Outra atividade inovativa é via P&D que em 1995 atingiu uma taxa de 57,9% e declinou em 2000 atingindo 42,7%, atualmente essa taxa está em torno de 30%.

“Atualmente existe incapacidade do sistema nacional de inovação russo em tornar endógeno o desenvolvimento de inovações”.(CASSIOLATO et al, 2007 p. 39)

O processo de inovação das empresas russas precisa ampliar a capacidade competitiva, pois a principal atividade inovativa é via aquisição de máquinas e equipamentos, sendo que os esforços vindos das empresas em relação à atividade inovativa são muito baixos, se comparados aos países desenvolvidos.(CASSIOLATO et al, 2007)

3.2.3 Principais Indicadores de Inovação na Rússia

(42)

42 pesquisadores decresce no período de 1996 a 1998, devido a crise financeira que ocorreu no período citado, e em 1999 observa-se um pequeno crescimento do número de pesquisadores na Rússia. O percentual dos gastos de P&D em relação ao PIB apresentou crescimento no período em análise.

Verifica-se pela tabela 8 que em 1996 o percentual do PIB em relação aos gastos em P&D foi de 0,90%, em 2001 atingiu 1,16%. O percentual ainda é baixo, isto mostra que os gastos em atividades de P&D ainda não é o principal esforço inovativo na Rússia.

Tabela 8: Indicadores de P&D (1996-2000)

Ano

Total de Recursos Humanos envolvidos em atividades de P&D

Recursos Humanos envolvidos em atividades

de P&D Gastos em P&D Pesquisadores em milhões

de habitantes Percentual do PIB

1996 1.132.440 3.801 0,90

1997 1.053.013 3.606 0,99

1998 967.499 3.354 0,92

1999 989.291 3.399 1,01

2000 1.007.257 3.481 1,05

2001 1.008.091 3.494 1,16

Fonte: UNESCO13

Na tabela 9 mostra-se a despesa doméstica total em P&D com as principais fontes de fundos no período de 1996 a 2001.

(43)

43 Tabela 9: Despesa doméstica total em P&D por fonte de fundos (1996 – 2001)

Fontes de Fundos

Ano Total de

Despesa em P&D (em Rublo)

Empresas Governo Ensino

Superior Fundos Privados Fundos Estrangeiros Não Distribuído

1996 19.393.892 31,5 62,1 0,8 0,6 5,6 -

1997 24.449.691 30,6 60,9 1,0 0,8 7,4 -

1998 25.082.066 34,9 53,6 1,3 - 10,3 -

1999 48.050.525 31,6 51,1 0,4 - 16,9 -

2000 76.697.100 32,9 54,8 0,4 - 12,0 -

2001 105.260.700 33,6 57,2 0,5 - 8,6 -

Fonte: UNESCO14

As despesas de P&D cresceram em torno de um percentual de 2,4%, o aumento nas despesas verifica-se nas academias que são financiadas pelo governo.

Os fundos alocados nos institutos de ensino superior para propósitos educacionais são extremamente escassos. A participação desse setor nas despesas é muito baixa, só recebem 5,5% da despesa apropriada. Em 2001 só tinha chegado a 0,5% de todas as despesas de P&D na Rússia e em 2004 reduziu-se para 0,2%.

Na década de 90, os fundos estrangeiros como fonte de fundos aparece como uma importante característica na Rússia. Pela tabela verifica-se que a participação maior foi no período de crise econômica no país entre 1998 e 2000, esses dados mostram a importância desses fundos como fontes de P&D.

Os fundos privados na Rússia não têm uma participação expressiva, pela tabela verifica-se a clara expressão da participação do público e do privado no sistema de C&T russo.

As empresas respondem em torno de 33% das fontes de fundos na Rússia, verifica-se que o governo ainda representa a maior fonte para fundos de P&D.

Durante os últimos 10 anos a estrutura das fontes de fundos não mudou significativamente, aproximadamente 60% dos fundos vêm do governo, 31 a 33% das empresas e 7 a 9% de outras fontes. A única exceção é o período de 1998 a 2000, conforme citado acima, onde a participação dos fundos estrangeiros aumentou, devido à crise financeira.

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44 Nas seções acima, mostrou-se as principais características do desenvolvimento do sistema de inovação russo, bem como seus principais indicadores de inovação. Cassiolato et al (2007), concluem que o país possui uma elevada infra-estrutura em C&T semelhantes aos padrões dos países desenvolvidos, mas que não tem representado desenvolvimento das inovações superior a estes países.

3.3 Sistema Nacional de Inovação da Índia.

A Índia possui uma população milenar, que passou pela experiência de ser colônia durante um século, ocasionando uma economia estagnada. A partir de 1947, os indianos tornaram-se independentes e adotaram uma estratégia de desenvolvimento para a implantação de novas políticas.

Após a experiência como colônia, a Índia estava ciente da necessidade de desenvolver atividades científicas e tecnológicas e, para isto, o país esforçou-se para desenhar políticas com ênfase em pesquisa científica, programas de treinamento e aquisição e difusão de conhecimento. (CASSIOLATO et al, 2007 p. 40)

A partir de 1958, os indianos implantaram a Scientific Policy Resolution, essa política tinha como essência promover e sustentar, por meios apropriados, o cultivo da ciência, pesquisa científica, incentivar programas de treinamento de pessoal técnico e científico, e encorajar a aquisição e disseminação do conhecimento. Essa política tinha como objetivo promover a pesquisa nas áreas de defesa, energia atômica, espaço e eletrônica, criar novos laboratórios de P&D e incentivar a criação de novas universidades. (JOSEPH; ABROL, 2007)

Alguns anos mais tarde, em 1985, foi criado o Ministério de Ciência e Tecnologia indiano juntamente com conselhos de pesquisas e departamentos científicos. Em 1986 foi criado o R&D Cess Act, que tinha como objetivo estimular as atividades de P&D e aplicação de produtos com tecnologia indiana.

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45 Outra instituição de C&T foi o DSIR (Departamento de Pesquisa Científica e Industrial) desenvolvido em 1985 juntamente com a criação do Ministério de Ciência e Tecnologia. “Em 1988 o DSIR lançou um programa para conceder reconhecimento às Organizações de Pesquisa Industrial (SIRO’s)”. Estas organizações apresentam uma boa infra-estrutura para pesquisa e empregam pesquisadores e cientistas qualificados. (CASSIOLATO et al, 2007)

Nos últimos anos o governo indiano vem investindo significativamente para aperfeiçoar o seu SNI. Esses esforços estão contribuindo no desenvolvimento de recursos humanos, no incentivo à P&D no setor público e na utilização de tecnologias nacionais. (CASSIOLATO et al, 2007)

As políticas do governo indiano voltadas ao fortalecimento das potencialidades tecnológicas locais tiveram muitos resultados positivos, incluindo a formação de um dos mais amplos estoques de mão-de-obra científica e tecnológica do mundo e uma vasta rede de infra-estrutura em C&T. Empresas indianas internacionalmente competitivas interagiram em setores como o farmacêutico (medicamentos genéricos) e software. (CASSIOLATO et al, 2007, p. 40)

Cassiolato et al (2007) descrevem que depois da reforma econômica dos anos noventa não ocorreu um impulso pela geração de inovação. O desempenho industrial indiano ainda apresenta limitações, dependendo da tecnologia importada e a participação indiana em patentes internacional ainda é precária.

3.3.1 Os Recursos Humanos na Índia

O governo indiano buscou formar uma sólida estrutura de instituições de educação com o objetivo de fortalecer o sistema educacional. Com este fim foram criados os Institutos Indianos de Tecnologias (IIT) e as Faculdades Regionais de Engenharia (FRE). Segundo Cassiolato et al (2007), os IIT’s recrutaram o corpo docente com alta qualificação e aplicaram um rigoroso sistema de seleção para buscar uma alta qualificação dos formados.

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estima-46

se que 9% destes especialistas estavam empregados em atividades de P&D, sendo que 80% com ocupações no setor governamental.” (MANI e KUMAR, 2001 apud CASSIOLATO et al, 2007)

A Índia apresenta alguns problemas quanto aos seus recursos humanos, no país está ocorrendo o desemprego da mão-de-obra especializada. Os indianos com alta qualificação estão fugindo para outros países da Europa e para os Estados Unidos, esse processo é conhecido como “brain drain” , a fuga dos cérebros. Os estudantes que vão para exterior, não retornam após a conclusão do curso, isso ocasiona a perda de conhecimentos no país que impulsionaria o sistema científico indiano. Cassiolato et al (2007) afirmam que mesmo com a expansão do sistema educacional, o país ainda é incapaz de universalizar a educação básica. Em 1991, apenas 52% da população era alfabetizada e menos de 5% estão matriculadas em faculdades e universidades.

3.3.2 Indicadores de Inovação.

A Índia apresentou um crescimento nos gastos em P&D após a política industrial de 1991, observa-se na tabela abaixo que em 1996 o país tinha uma despesa de 74.838.800

rupees, em 2001 esse número cresceu para 176.602.100 rupees. Os recursos são direcionados aos setores de defesa, energia nuclear e espacial. Observando-se os gastos de P&D em relação ao PIB, registra-se uma diminuição em 2000, e em 2005 observa-se um crescimento, igualando-se ao de 1990. Os gastos para a para as áreas de energia atômica e espacial atualmente atingem 35% do orçamento total em C&T (CASSIOLATO et al, 2007)

Tabela 10: Despesa Doméstica em Pesquisa e Desenvolvimento (em Rupees) 1996 – 2001.

Ano Total de Despesa doméstica em P&D (em Rupees)

1996 74.838.800

1997 89.136.100

1998 106.113.400

1999 129.015.400

2000 150.902.200

2001 176.602.100

Fonte: UNESCO 15

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Tabela 1 - Fontes de Tecnologia utilizadas pelas empresas  Fontes de Tecnologia  Exemplos  Desenvolvimento  tecnológico
Tabela 2: A participação dos BRIC’s no PIB mundial (%) (1980-2003)
Tabela 4: Importação: Participação dos BRIC’s no total mundial, em %
Tabela 5: Participação dos BRIC’s no Influxo de Investimento Direto Externo (1995 – 2002)
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Referências

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