Segunda parte.
Bem, o sexto foi este bonito navalheiro.
Estava eu em casa aborrecido, porque estava a passar o tempo da lua e eu sem ter porcos a comer no cevadouro, quando me lembrei de ir dar um giro aos soutos para ver o que por ali andava.
Já era bastante tarde e sabia que dificilmente ainda andaria por ali algum artista a comer, mas mesmo assim peguei na trouxa e fui. Saí de casa por volta das 11:30, ia consciente de que a esta hora já andam a “marear”, por isso não ia com grande fezada. A noite não podia estar melhor, sem pontinha de vento e com muita luz, quando cheguei ao souto e comecei a andar pelo meio dos castanheiros não se ouvia um rato. Pensei -‐ pra mim estavas tão bem na cama, mas já que lá estava resolvi esperar um bocado na mesma passagem onde tinha cobrado a porca grande; pode ser que algum se lembre de vir por esta estrada e, não sei se por obra do destino ou por uma caga (sorte) não tive que esperar muito. Pouco mais de um quarto de hora e aí vem ele imponente a partir monte como se fosse invencível.
Não contava ele que eu estivesse no meio do caminho. O lance foi tão rápido que nem tive tempo de pensar. Abri o arco enquanto ele vinha a descer e, quando me pareceu que já estava perto acendi o (isqueiro) e ele parou a olhar pra mim,não queria acreditar que quase lhe tocava com a mão, tinha-‐o parado há minha frente a pouco mais de 4 ou 5 metros, a reacção que tive foi de apontar ao mesmo sitio que tinha apontado à porca, atiro e ele cai e fica a (fazer na meia) e eu começo a subir para ir ter com ele e, não é que quando já estou ao pé, ele num último fôlego lavanta-‐se só nas patas de trás e quase me cai em cima. Ainda me havia de rir: eu só no meio do nada e de noite com o navalheiro em cima de mim a espernear. Lá acabou de morrer. Liguei a
Bem, o sétimo foi este aspirante a navalheiro.
Peço desculpa pela qualidade da foto mas perdi a carregador da máquina fotográfica e foram tiradas com o telemovel.
Era um porquito novo com uns 60kg, o lance não foi nada de especial o tiro foi bem colocado e andou cerca de 40 metros antes de morrer.
O oitavo foi esta pequena.
Andava ela e um irmão, que na lua anterior tinha atirado, e por falta de um (MAX) não fui capaz de cobrar. Deu-‐nos uma noitada que só visto e que acabou por encontrá-‐lo um pastor 2 dias depois, a cerca de 30 metros de onde desistimos do rastro. O tiro ficou filmado na trailcam e pelo que se vê não é mau de todo.
Este dia estava com muitas expectativas porque estavam a comer bem e tudo apontava para que iria ser uma noite mexida. Fui bastante cedo porque tinha uma fezada enorme.
Quando cheguei e estacionei a minha máquina infernal -‐ o meu panda 4x4, e saí, o tempo estava do melhor sem ponta de vento. Começo a tirar a tralha e vou fazer a mija do costume. Estava eu admirando a paisagem enquanto esvasiava a bexiga, quando de repente escuto barulho nas folhas de um animal a andar mesmo em frente de onde eu estava, por detrás de uns medronheiros. Pensei pra mim -‐ javali não é. Deve ser uma raposa e começo a andar lentamente para o lado para a tentar ver e para meu espanto tratava-‐se de um corço! Ali estava ele a pouco mais de 15 metros a olhar pra mim, e eu sem mexer um cabelo enquanto pensava “então rapaz são estes pequenos descuidos que são fatais. Vai-‐te lá embora que hoje a guerra não é contigo”. E ele começa a correr e a ladrar pelo meio dos carvalhos. Bem já valeu a pena vir tão cedo. Fui então acabar de preparar tudo. Já em cima do treestand sentadinho e com muita luz ainda pensando no que se tinha passado, escuto um galho a partir nas minhas costas. Viro-‐me muito lentamente e outro corço. Desta vez era uma fêmea que comia tranquilamente a uns 50 metros. Que noite me espera pensei eu e ali fiquei a
uma máquina de filmar boa para poder gravar estes momentos, que para mim são do melhor.
A noite acabou por cair. Pensei -‐ chegou o momento da verdade. Agora silêncio absoluto que não tardarão em vir.
Começou o desânimo. Vi passar as 9, as 10, as 11 e nada de nada. Não pode ser, é impossível que se tenham mudado assim do nada. Vou esperar mais um bocado. Veio a meia noite e recebo uma mensagem de um amigo a perguntar se quero ir comer um cachorro com ele que também não sentiu nada. Vamos respondi-‐lhe eu e levantei-‐me para começar arrumar tudo para descer,quando escuto que vinha um a descer voltei a sentar-‐me e peguei no arco. O artista andava três ou quatro metros e parava a escutar, pensei -‐ pra mim vens desconfiado, porque será?
Quando já estava perto de mim, vejo que não tinha ideias de ir comer porque estava a tomar a direção contrária, lembrei-‐me do que já me tinha acontecido numa outra noite com outro javardo que por esperar que entrasse a comer, seguiu caminho e eu fiquei a chupar no dedo.
Desta vez não me dás a volta, por isso levantei-‐me mas ao passar por onde eu estava não parou e pensei já não me vais dar oportunidade de te atirar, mas um pouco mais abaixo volta a parar e é agora. Puxo a corda aponto e ZASS!!! Ela corre 6 ou 7 metros e para, dá uma bufadela e segue caminho. Pensei pra mim -‐ será que falhei? Como não tinha nock luminoso não consegui ver se lhe tinha batido mas pelo barulho que fez a flecha tudo aponta para que sim.
Depois de esperar uns dez minutos, vou ver ao sítio do tiro se há rasto de sangue e encontro a flecha espetada num castanheiro com sangue. Tento encontrar o rastro mas nada de sangue no chão mas, como vi por onde ele tinha ido, segui esse mesmo trilho e foi quando vi que deixava bastante sangue. Decidi dar-‐lhe tempo e enquanto podia ir arrumando a tralha, liguei ao pobre do meu amigo que já desesperava há minha espera, veio ter comigo e fomos ver se o encontrávamos, depois de andar uns 40 metros decidi que seria melhor deixalo para o outro dia.
No dia seguinte levantei-‐me bem cedo e combinei com um rapaz que tem uma matilha para me deitar uma mão, quando chegamos ao local onde deixei o rasto ele soltou os cães ao todo eram 6,não tardaram muito em encontrá-‐lo e a morde-‐lo. Ficou bastante mordido mas ao menos não ficou por lá como o irmão.
O último, por agora, foi este numa noite em que não tinha esperanças.
Porque dois dias antes houve festa numa aldeia que fica perto do cevadouro e entre a música e os foguetes, foi um barulho dos diabos; mas mesmo assim e como não tinha nada a perder lá fui eu.
Cheguei ao cevadouro já quase a anoitecer,preparei a tralha e ala que se faz tarde. Já em cima do treestand, como a esperança era pouca, acendi um cigarro e ali fiquei a espera que se passassem as horas. Passados dez ou quinze minutos escuto barulho nas minhas costas de algum animal a subir. No princípio pensei que seria algum corço mas rápido constatei que era um javardo. Peguei no arco e esperei que se aproximasse do cevadouro -‐ coisa que fez sem cerimónias. Começou a malhar nas amendoas e no milho como se não houvesse amanhã, mas como estava de frente para mim tive que esperar que me desse um flanco. Passados alguns minutos lá se resolveu e virou-‐se; é agora, pensei. Abri o arco aponto e ZASS!!!! Vi claramente como a flecha passava por ele como se nada fosse, ele arranca a correr por ali abaixo até que deixei de o ouvir. Como ainda era cedo, deixei-‐me estar mais um bocado.
Passada uma horita, mais ou menos, desci do tree e fui ao sítio do tiro. Encontrei a flecha cheia de sangue e um rasto que até um cego conseguia seguir. Fui ao carro deixar a mochila e o arnês e peguei na bolsa que tenho com tudo o que faz falta para pistear e lá fui eu à procura do bicho. E não tive que procurar muito estava a uns 40 ou 50 metros do tiro já sem vida. Carreguei-‐o e lá fui para casa a tratar dele.
Espero que gostem. Não está grande coisa, mas não tenho nenhum jeito para escrever. Tenho mais para outras coisas.