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BOLETIM JURÍDICO JUNHO DE 2021

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Academic year: 2021

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BOLETIM JURÍDICO

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2 1. TRIBUTÁRIO | WEALTH PLANNING

1.1. STF - Constitucionalidade da cobrança de diferença de alíquota para empresas no SIMPLES

1.2. CARF - Utilização de embalagens de produtos alimentícios para obtenção de créditos de PIS/COFINS

1.3. STF - Gilmar Mendes pede vista em julgamento sobre seletividade da alíquota do ICMS sobre energia e telecomunicações 1.4. STF - Inconstitucionalidade de dispositivos que limitam a apuração de créditos de PIS e COFINS sobre aquisição de insumos recicláveis (Lei 11.196/05)

1.5. Decreto Rio de Janeiro 48.985/21 - IPTU - Estabelece regras para entrega da DeCAD 1.6. Município de São Paulo - Programa de

Parcelamento Antecipado e alterações no processo administrativo municipal

2. CÍVEL | CONTRATUAL

2.1. TJ/RJ defere o pedido de recuperação judicial da SUPERVIA

2.2. TJ/SP determina o reembolso de passageira que não embarcou por apresentar sintomas de Covid-19

2.3. STJ - Atraso na obra - Resolução Antecipada de compra e venda - Eventual valorização do imóvel não enseja indenização por perdas e danos

3. SOCIETÁRIO | LGPD

3.1. Marco Legal das Startups - Lei Complementar nº 182/2021

3.2. ANPD - Guia Orientativo para Definição de Agentes de Tratamento de Dados Pessoais e Encarregado

4. ENERGIA | O&G

4.1. Modernização do setor elétrico: Avanços na Regulação das Usinas Híbridas

4.2. Decreto nº 10.712/21 - Regulamentação da Nova Lei do Gás (Lei 14.134/21)

BOLETIM MENSAL

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3 1.1. STF decide pela constitucionalidade da

cobrança de diferença de alíquota ICMS na compra interestadual de empresas optantes do simples nacional

No julgamento do RE 970.821, ocorrido no dia 14.05.2021 sob regime de repercussão geral (Tema 517), o STF, por maioria, firmou o entendimento de que é constitucional a cobrança de diferencial de alíquota de ICMS nas compras interestaduais realizadas por empresas optantes pelo Simples Nacional, independentemente de sua posição na cadeia produtiva ou da possibilidade de compensação de créditos.

Em suma, os contribuintes sustentaram a tese de que a referida cobrança feria o princípio da não-cumulatividade e, além disso, mitigaria o tratamento favorecido dado às microempresas e empresas de pequeno porte.

Entretanto, o Ministro Relator Edson Fachin proferiu voto vencedor no sentido que (i) a Lei Complementar 123/2006, que institui o Simples Nacional, veda expressamente a compensação de impostos ou contribuições abrangidos pelo simples, além de autorizar a cobrança de diferencial de alíquota de ICMS em operações interestaduais; e (ii) a opção pelo Simples Nacional é facultativa, cabendo aos optantes arcarem com os ônus e bônus trazidos pelo regime que é evidentemente mais favorável.

1.2. CARF admite utilização de embalagens de produtos alimentícios para obter crédito de PIS

A 3ª Turma da Câmara Superior de Recursos Fiscais do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (CARF) decidiu ser possível apurar créditos referente a PIS/COFINS nas “despesas incorridas com materiais de embalagens para transporte de produtos alimentícios, desde que indispensáveis à manutenção, preservação e qualidade do produto...” (CARF - Acórdão 9303-011.412).

1.3. STF - Gilmar Mendes pede vista em julgamento sobre a seletividade das alíquotas de ICMS sobre energia elétrica e telecomunicações

No dia 11.06.2021 teve início julgamento do RE 714.139/SC pelo STF. O referido processo versa sobre a constitucionalidade das alíquotas instituídas pelo Estado de Santa Catarina para o ICMS incidente sobre energia elétrica e telecomunicações no Estado.

O Estado de Santa Catarina estabeleceu alíquotas de ICMS 12% e 25% (a depender do perfil do consumo) sobre a venda de energia elétrica e 25% sobre a prestação de serviços de telecomunicações, enquanto a alíquota geral de incidência do ICMS no Estado é de 17%.

Desta forma, a discussão gira em torno da adequação das disposições estaduais ao princípio da seletividade, visto a essencialidade da energia elétrica e das telecomunicações. Segundo o princípio constitucional da seletividade, as alíquotas de determinados impostos incidentes sobre o consumo devem ser inversamente proporcionais à sua essencialidade, ou seja, quanto mais essencial é o produto, menor deve ser a alíquota.

BOLETIM MENSAL

Junho de 2021

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4 Considerando que a constituição não obriga o ICMS

a aplicar a seletividade, simplesmente dispondo que este imposto “poderá ser seletivo em função da essencialidade das mercadorias e dos serviços”, a tese resultante deste julgamento pode representar importante precedente para a aplicabilidade do princípio da essencialidade ao ICMS incidente sobre referidas operações.

Entretanto, após três votos favoráveis ao contribuinte (Ministro relator Marco Aurélio, Ministra Carmen Lúcia e Ministro Dias Toffoli) para redução das alíquotas para 17% e um parcialmente favorável (Ministro Alexandre de Mores, reconhecendo a redução de ICMS apenas com relação aos serviços de telecomunicações), pediu vista o Ministro Gilmar mendes, suspendendo a sessão.

1.4. STF julga inconstitucionais dispositivos que limitavam a apuração de crédito de PIS e COFINS sobre aquisição de insumos recicláveis. (artigo 47 da Lei 11.196/2005.) RE 607.109

O STF julgou o RE 607.109 sob o rito da repercussão geral, sedimentando a tese de que “são inconstitucionais os artigos 47 e 48 da Lei 11.196/2005, que vedam a apuração de créditos de PIS/COFINS na aquisição de insumos recicláveis”. Os mencionados artigos impediam o crédito de PIS e CONFINS decorrentes de despesas incorridas na aquisição de determinados produtos recicláveis, mas se entendeu que os dispositivos desrespeitavam o dever de proteção ao meio ambiente, pois favoreceriam a compra de produtos

da indústria extrativista em detrimento das empresas que utilizavam material reciclável.

1.5. Decreto Municipal nº 48.985/2021, do Município do Rio de Janeiro, estabelece regras para entrega da DeCAD (IPTU)

Em 16.06.2021 foi publicado o Decreto Municipal 48.985 que regulamenta da Declaração Anual de Dados Cadastrais (DeCAD) pelos contribuintes de Imposto Sobre a Propriedade Territorial Urbana (IPTU).

O procedimento deve ser realizado por meio eletrônico, através do site Carioca Digital, e está disponível a partir do próximo dia 21.06.2021. A apresentação das DeCADs será dividida em 3 períodos conforme a Área de planejamento do imóvel do contribuinte, e se dará da seguinte forma:

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1. Tributário | Wealth

Área de

planejamento Período Bairros

AP1 e AP2 21.06.2021a

31.07.2021

AP1 – Saúde, Gamboa, Santo Cristo, Caju, Centro, Lapa, Catumbi, Rio Comprido, Cidade Nova, Estácio, Imperial de São Cristóvão, Mangueira, Benfica, Vasco

da Gama, Paquetá e Santa Teresa. AP2 – Flamengo, Glória, Laranjeiras, Catete, Cosme Velho, Botafogo, Humaitá, Urca, Leme, Copacabana,

Ipanema, Leblon, Lagoa, Jardim Botânico, Gávea, Vidigal, São Conrado, Rocinha, Praça da Bandeira, Tijuca, Alto da Boa Vista, Maracanã, Vila Isabel,

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5 1.6. São Paulo - Programa de Parcelamento

Antecipado e Alterações no Processo Administrativo Municipal

Em 26.05.2021 foi sancionada a Lei Municipal 17.577/2021, que oferece benefícios para quitação de dívidas, cujos fatos geradores tenham ocorrido até 31.12.2020, com o Município de São Paulo.

Dentre os benefícios, temos as reduções de multa e juros de acordo com a natureza dos débitos e as modalidades de pagamento a seguir:

Pagamento a vista de débito tributário:

redução de 85% dos juros e 75% das multas

Parcelamento em 120 parcelas de débito

tributário: redução de 60% dos juros e 50% das multas

Pagamento a vista de débito não tributário:

redução de 85% dos encargos moratórios incidentes sobre o débito principal

Parcelamento em 120 parcelas de débito

não tributário: redução de 60% dos encargos moratórios incidentes sobre o débito principal

O não pagamento de qualquer parcela por mais de 90 dias gera exclusão do parcelamento, acarretando o cancelamento dos benefícios da Lei. A Lei veda a instituição de novos programas de parcelamento pelos próximos 4 anos.

A referida lei também estabeleceu diversas alterações no processo administrativo municipal.

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AP3 01.08.2021a

31.08.2021

Manguinhos, Bonsucesso, Ramos, Olaria, Maré, Jacaré, São Francisco Xavier, Rocha, Riachuelo, Sampaio, Engenho Novo, Lins de Vasconcelos, Méier, Todos os Santos, Cachambi, Engenho de Dentro, Água

Santa, Encantado, Piedade, Abolição, Pilares, Jacarezinho, Vila Cosmos, Vicente de Carvalho, Vila da

Penha, Vista Alegre, Irajá, Colégio, Campinho, Quintino Bocaiúva, Cavalcanti, Engenheiro Leal, Cascadura, Madureira, Vaz Lobo, Turiaçu, Rocha Miranda, Honório Gurgel, Oswaldo Cruz, Bento Ribeiro, Marechal Hermes, Higienópolis, Maria da Graça, Del Castilho, Inhaúma, Engenho da Rainha, Tomás Coelho, Complexo do Alemão, Penha, Penha

Circular, Brás de Pina, Cordovil, Parada de Lucas, Vigário Geral, Jardim América, Guadalupe, Anchieta,

Parque Anchieta, Ricardo de Albuquerque, Coelho Neto, Acari, Barros Filho, Costa Barros, Pavuna, Parque Colúmbia, Ribeira, Zumbi, Cacuia, Pitangueiras,

Praia da Bandeira, Cocotá, Bancários, Freguesia, Jardim Guanabara, Jardim Carioca, Tauá, Moneró,

Portuguesa, Galeão e Cidade Universitária.

AP4 e AP5

01.09.2021 a 31.09.2022

AP4 – Jacarepaguá, Anil, Gardênia Azul, Curicica, Freguesia, Pechincha, Taquara, Tanque, Praça Seca, Vila Valqueire, Cidade de Deus, Cidade de Deus, Joá,

Itanhangá, Barra da Tijuca, Camorim, Vargem Pequena, Vargem Grande, Recreio dos Bandeirantes e

Grumari.

AP5 – Padre Miguel, Bangu, Senador Camará, Gericinó, Deodoro, Vila Militar, Campo dos Afonsos,

Jardim Sulacap, Magalhães Bastos, Realengo, Santíssimo, Campo Grande, Senador Vasconcelos, Inhoaíba, Cosmos, Paciência, Santa Cruz, Sepetiba, Guaratiba, Barra de Guaratiba e Pedra de Guaratiba

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6 2.1. TJ/RJ defere o pedido de recuperação

judicial do grupo SuperVia

A 6ª Vara Empresarial do Rio deferiu o pedido de recuperação judicial grupo SuperVia composto pelas empresas: (i) SuperVia Concessionária de Transporte Ferroviário, (ii) Rio Trens Participações, (iii) SC Empreendimentos e Participações, (iv) Hotel Central, (v) Teleféricos do Rio de Janeiro e (vi) F.L.O.S.P.E. Empreendimentos e Participações. Na referida decisão judicial fora nomeado para a função de administrador judicial, a pessoa jurídica E. Ferreira Gomes Advogados, bem como fora determinada a suspensão de todas as ações ou execuções contra as devedoras.

O grupo Supervia havia ingressado com o requerimento de recuperação judicial no dia 07/06/2021 – o qual tramita sob o nº 0125467-49.2021.8.19.0001 –, sob o argumento de que com o avanço da pandemia de Covid-19, teria ocorrido uma relevante redução na sua receita, em razão do declínio do número diário de passageiros em circulação. Aliado ao declínio do número de passageiros, alega o grupo que fora necessária a realização de investimentos imediatos visando à proteção de funcionários e passageiros, gerando a situação momentânea de dificuldade financeira que justifica a sua recuperação judicial.

No entanto, por avaliarem que há viabilidade econômico-financeira, sendo a crise momentânea superável, foi pedida a recuperação judicial para preservar as atividades empresariais.

2.2. TJ/SP determina o reembolso de passageira que não embarcou por apresentar sintomas de Covid-19

A 45ª Vara Cível de São Paulo condenou uma agência de viagens on-line e uma companhia aérea a reembolsarem, solidariamente, passageira que solicitou cancelamento de viagem após apresentar sintomas da Covid-19.

Conforme narrado pela passageira nos autos da ação 1040834-87.2021.8.26.0100, após apresentar sintomas de Covid-19, esta solicitou às empresas Rés o reembolso do valor dispendido com as passagens aéreas – devido a orientação médica para não viajar –, tendo tido sua solicitação recusada.

Em sede de sentença – ainda passível de recurso – o juiz Guilherme Ferreira da Cruz analisou pontos como a legitimidade passiva e responsabilidade solidária das empresas e a forma de tratamento jurídico – de acordo com a Lei nº 14.034/20, a qual dispõe sobre medidas emergenciais para a aviação civil brasileira em razão da pandemia da Covid-19, visto que o voo não foi cancelado e não foi configurada desistência da autora.

Quanto à cláusula de não reembolso, o juiz declarou que é abusiva e, portanto, nula, pois “o

problema decorreu de irresistível necessidade da consumidora, não de opção livremente exercida (desistência pura e simples), o que não se pode ignorar pena de chancelar-se indevido enriquecimento sem causa das fornecedoras”.

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7 2.3. STJ - Eventual valorização do imóvel não

enseja indenização por perdas e danos, caso o adquirente opte pela resolução antecipada de contrato de compra e venda por atraso na obra

O Ministro Ricardo Villas Bôas Cueva, da Terceira Turma do STJ entendeu, nos autos do Recurso Especial nº 1.750.585/RJ, que eventual valorização do imóvel não enseja indenização por perdas e danos ao adquirente, caso este opte pela resolução antecipada de contrato de compra e venda por atraso na obra.

O acórdão em questão dispõe que a valorização do imóvel, além de não ter relação direta com o inadimplemento do contrato pela incorporadora, também não se enquadra no conceito de perdas e danos.

Assim, sustenta que eventual valorização não representaria uma diminuição do patrimônio do adquirente, nem significaria a perda de um ganho que se devesse, legitimamente, esperar.

Ressalta-se que diante do atraso na obra, poderia o comprador optar por aguardar a sua conclusão – tendo direito, inclusive, ao recebimento de aluguéis durante todo o período –, e, ao final, incorporar ao seu patrimônio o eventual incremento do valor venal do imóvel. Todavia, escolhendo o adquirente pelo desfazimento do negócio, presumia-se que o promitente comprador preferiu receber, no presente, a integralidade dos valores pagos, devidamente atualizados, a aguardar uma eventual e incerta valorização futura do imóvel, pronto e acabado, adquirido ainda na planta – cenário que

não enseja o dever de indenizar por parte da incorporadora.

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8 3.1. LC 182/2021 - Marco Legal das Startups

Após longa demora, foi publicada a Lei Complementar 182/2021, Marco Legal das Startups ou MLS, com ambiente regulatório favorecedor a empresas inovadoras. Destacamos como principais pontos do MLS:

1) A definição do que seja uma startup como uma organização empresarial ou societária*:

a. receita bruta anual de até R$16 milhões b. em estágio inicial (até 10 anos de

inscrição no CNPJ)

c. Inovadora (que declare em seu contrato social utilizar modelos de negócios inovadores, que introduzam elemento novo ou aperfeiçoem o ambiente produtivo e social, resultando em novos produtos, serviços ou processos, ou agregando-lhes novas funcionalidades para melhora de qualidade ou desempenho; ou se enquadre no regime especial Inova Simples da Lei Complementar 123/2006, art. 65-A).

2) A formas de captação de recursos, por aporte de capital ou outros instrumentos de dívida como opção de subscrição ou de compra de participação societária, debêntures conversíveis, mútuo conversível, sociedade em conta de participação, investimento anjo na forma da LC 123/2006 ou outros instrumentos de aporte em que o investidor – pessoa natural ou jurídica – não integre formalmente o

quadro de sócios nem tenha subscrito participação representativa do capita. Ficou claro que o investidor que aporte capital e não tiver ingerência na administração da empresa não responderá por dívidas, inclusive em recuperação judicial, salvo situações que impliquem dolo, fraude ou simulação.

3) Sandbox regulatório, anteriormente aplicável somente a instituições reguladas pelo Banco Central do Brasil e pela Comissão de Valores Mobiliários, possibilitando que startups em outros setores se beneficiem com a simplificação de normas para testagem de produtos e operações, técnicas experimentais. Os órgãos reguladores deverão editar procedimentos facilitados para suas áreas de atuação.

4) Incentivo à contratação de startups pela Administração Pública, por meio de procedimentos e normas diferenciadas para startups.

3.2. ANPD - Guia Orientativo para Definição de Agentes de Tratamento de Dados Pessoais e Encarregado

AEm 31/5/2021, a ANPD – Autoridade Nacional de Proteção de Dados editou Guia Orientativo para Definição de Agentes de Tratamento de Dados Pessoais e Encarregado. Como já estabelecera a LGPD – Lei Geral de Proteção de Dados (Lei n. 13.709 /2018), os agentes de tratamento são o controlador (responsável por tomar as decisões

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9 principais referente ao tratamento de dados

pessoais e definir a sua finalidade) e o operador (responsável por realizar tratamento de dados pessoais em nome do controlador, conforme a finalidade por ele determinada). O guia deixa claro que uma pessoa natural só será controlador ou operador quando tomar por si, de forma independente e em nome próprio, as decisões referentes ao tratamento; quando a pessoa natural assim fizer por subordinação a uma pessoa jurídica, ou como membro ou órgão da pessoa jurídica, não será considerada agente de tratamento. Além disso, o guia definiu as situações em que há controladores ou operadores conjuntos: situações em que mais de um ente é responsável pelo tratamento, ambos respondendo solidariamente, ressalvadas as hipóteses do art. 43 da LGPD: quando não realizaram o tratamento, quando mesmo tendo realizado, não tiver havido violação à legislação, ou quando o dano decorre de culpa exclusiva do titular ou de terceiro). Esclareceu, também, que ainda que o mesmo conjunto de dados seja tratado, se os objetivos do tratamento forem diferentes, não haverá controladoria conjunta. O guia não fala de operadores conjuntos, pois o processamento realizado por operadores, a princípio, é individualmente feito. Mas a experiência mostra que pode haver tratamento de dados simultâneos por operadores distintos, hipótese em que entendemos estarmos diante de operadores independentes.

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10 4.1. Modernização do Setor Elétrico: Avanços

na Regulação das Usinas Híbridas

Em voga desde 2017, quando a EPE (Empresa de Pesquisa Energética) iniciou seus estudos, as usinas híbridas são aquelas conhecidas por combinar duas ou mais fontes complementares na produção de energia em um mesmo ponto de conexão à rede elétrica. A importância desse tipo de usina se dá em razão da possibilidade de suprimento de uma fonte em caso de interrupção da outra fonte.

Em outubro de 2020 a ANEEL abriu a Consulta Pública 061 (“CP 061”) para regular as usinas híbridas. Na época, a diretora da ANEEL Elisa Bastos Silva enfatizou que as usinas híbridas poderiam representar ganhos de eficiência e redução nos custos de operação do sistema. A diretora relatou, ainda, que a intenção é preparar o ambiente regulatório para novos modelos de negócio para esse tipo de usina. Embora a complementariedade se justifique do ponto de vista econômico, não é um requisito obrigatório para as usinas, ficando essa análise a cargo dos empreendedores.

Na proposta discutida, a ANEEL propõe que somente usinas novas poderão se enquadrar nas regras, ou seja, não será possível a associação entre empreendimentos já existentes. As usinas híbridas terão uma só outorga, com medição única ou distinta, diferente das centrais geradoras associadas que são aquelas com outorgas e medições distintas, mas que compartilham fisicamente e contratualmente a infraestrutura de conexão e acesso à rede de transmissão ou de distribuição.

Além da CP 061, a ANEEL aprovou, em 18 de maio de 2021, o projeto de usina híbrida que será desenvolvido pelo fundo canadense CPPIB e pela joint venture VTRM, no Piauí. Este projeto piloto é muito importante pois requer uma série de alterações regulatórias, uma vez que tratam de usina solar com capacidade inicial para gerar 68,7 MW (85,2 MWp).

Esse projeto terá um papel importante não só por ser o primeiro a ser aprovado, mas em razão da combinação de fontes de energia com diferentes perfis de produção horária, o que possibilita a otimização e utilização da capacidade ociosa do sistema de transmissão de energia bem como permite a criação de um tipo mais estável de produção, o que contribui para a mitigação da exposição à variações do preço de energia de curto prazo ao longo do dia.

Entretanto, ocorre que, do ponto de vista operacional, assim como do ponto de vista técnico, ainda existe a necessidade de regulação específica, pois, eventualmente, a soma da geração dos dois projetos poderá coincidir em algum momento. Ainda são diversas as questões sobre o assunto, mas, a partir deste projeto piloto será possível que o mercado tenha uma melhor visão das dificuldades e dos benefícios desse tipo de estrutura.

De fato, atualmente o Brasil não conta, ainda, com uma regulação própria para esse tipo de projeto e para que possamos ter um avanço significativo, necessitamos que a regulação do setor acerte algumas lacunas e é o que se espera para o futuro.

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11 4.2. Decreto nº 10.712/21 - Regulamentação

da Nova Lei do Gás (Lei 14.134/21)

Foi publicado em 04 de junho de 2021 o Decreto 10.712/21, no intuito de regulamentar a chamada “Nova Lei do Gás Natural”, editada em abril deste ano, norma em que foram detalhadas algumas regras relativas às principais etapas da cadeia do gás natural.

Como pontos relevantes podemos destacar: (i) o estabelecimento das regras para o processo de outorga de autorização relativo à atividade de transporte e construção de gasodutos; (ii) as regras sobre estocagem subterrânea, escoamento da produção, instalações de processamento, tratamento, liquefação e regaseificação; e (iii) distribuição e comercialização do gás natural. Como já previsto na própria Lei do Gás, a ANP permanece com enorme relevância para o setor, especialmente pela responsabilidade recebida para a regulamentação de diversos temas, assim como para a elaboração e edição dos atos normativos necessários para que esta nova modelagem da cadeia do gás seja posta em prática.

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Referências

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