2017
THE BEST OF
De lá para cá o artista contou com a colaboração
dos produtores Marcelo Lobato, Kassin e Berna
Ceppas e dos músicos Bruno Di Lulo, Domenico
Lancelotti, Gustavo Benjão e Guilherme Monteiro.
Em março de 2016, sob a supervisão da Rato BranKo
Produções, dá-se início ao trabalho da finalização
do disco agora concebido como um canal multimídia
com lançamento previsto para 2017.
2003
2006
2011
2012
2016
Após o fim de sua banda Boato, Cabelo reúne em 2003
os músicos Leo Saad (guitarra), Fabrício Oliveira (baixo) e
Fernando Jacutinga (bateria) para seu novo projeto musical.
Com esse power trio, intitulado
Os piolhos, o artista realiza
shows pelo Brasil e gravações conhecidas como Hanoi
Tapes, no estúdio Hanoi-Hanoi no Rio de Janeiro.
Em 2006 o músico Lulu Santos se junta ao grupo
dirigindo sessões de ensaio para a produção de
uma demotape jamais realizada.
Após 6 anos de hiato musical, o artista inicia
o processo de gravação de seu primeiro disco
com a produção de Jongui e Leo Saad.
THE BEST OF
CABELO
SOM
IMAGEM
CANAL
+
=
EXPERIMENTAÇÃO
MULTIMÍDIA
11 MÚSICAS
ABUSADA
RABO DE FOGUETE
TSUNAMI
A PERNA DA BONECA
NÃO ÉS HUMANA
LUZ COM TREVAS
LADAINHA DO MORTO
PRA JÁ
VOVÔ VAI VOLTAR
JE VOUS SALUE MARIE
SIDARTA
Parece muito natural
Rima do morro com asfalto
Rachando o concreto a erva brotou
Nas ruas de Copa foi criada
Dormia em frente ao Peep Show
Cheirando cola com a rapaziada
Cantando funk samba rock ‘n`roll
Aos doze transou a Coroa
Quinze mandava na estica
Lapa BotecoTaco perseguindo a boa
A fim de ficar rica
A dama bandida fugiu com mocinha
A dama bandida sumiu com a parada
Se mandou de madrugada
Rio Santos
Curtindo praias , motéis
Em Parati provou cachaça
Bala na balada em Maresias
Bailou com o sol
Silêncios ao vento
Ela com ela adivinharam pensamentos
Chegou no porto acelerada
Ouviu do cara numa gíria Charlie Brown
Que ela é abusada , abusada , abusada
Ela é abusada
ABUSAD
Beira do mato
Caboclo Cobra Coral
Da gira na Baixada
Vem num trem pra Central
Beira do mar
Na areia
Ouve o canto da Sereia
Você pergunta que bicho vai dar
Os números se misturam na esquina
Navalha de um vento frio
No abismo do meio fio
Um som que atravessa a rua
Enquanto engole a fumaça
Fumaça de gasolina
Pedaços de dinossauros
Daqui da beira dá pra perceber
Um abalo que vem do fundo
Um baque de fim do mundo
Daqui da beira dá pra perceber
A onda , a onda , a onda ...
A onda é grande a onda vai avançar
A onda é grande a onda vai avançar
Amor inumano
Tem nome de Tsunami
Djavan viu Diva de Java
Djavan viu invadir
Djavan viu
Invadir Jarbas
Vovô era um homem de alegria
Vovô vivia na boemia
Ligado num papo num rabo de saia
Na briga soltava sopapo rabo de arraia
Cabeça branca era um coroa disposto
Tomava Parati com um bom tira gosto
Não era mole quando improvisava no samba
Bailava de sapato branco na corda bamba
Quando o aluguel estava atrasado
Se virava na mesa do carteado
Levando aquela vida sereno e tranquilo
Um belo dia o véio acordou bolado
Meu neto eu já estou a um passo da cova
Nunca me liguei nas coisas do além
Desconfio que quando chegar minha hora
Vou apelar pra Oxalá pra Nossa Senhora
Se realmente alguma coisa houver por lá
Juro que venho para lhe contar
Vovô vai voltar
Trazendo notícias do mundo de lá
Vovô vai voltar
Trazendo notícias do mundo de lá
VOVÔ
Hei , Sidarta Gautama
Como cavalo comendo grama
Eu não converso
Por meio de palavras com o universo
Os homens morrem , o capim morre
Logo os homens são capim
Hei , Sidarta Gautama
Como o cabelo do Dalai Lama
Eu não preciso
Mas gosto de ver o seu sorriso
Ando pra cima , ando pra baixo
Sempre aqui agora que me acho
Nesse caminho , um e o mesmo
Mesmo que o barco navegue a esmo
Eu em você , você em mim
Eu em você , você em mim
Sem princípio nem fim
SID
AR
A luz do aroma furtacor que o seu suor emana
Me revela a morte ou é alucinação
No galope da égua atravessa a planície em chamas
Agarra na crina da a volta na razão
Crepúsculo púrpura o coração
Dispara sem direção
Soltando sangue a vapor
Viúva negra
Noite de mil olhos
Me envolve e injeta o veneno
Sob as pétalas de Vênus
Eu amo mas não entendo
Nãnãnãnãnãnãnã não és humana
Não és humana não
Arrombando as portas da percepção
Engolindo meus olhos por diversão
Na contramão do mundo sequestra minha alma
E vaga pelos planetas
Com as pernas que eu quero
Nãnãnãnãnãnãnã não és humana
Não és humana não
O enxame de olhos piscando no céu
É o sinal da abdução
HUMANA
NÃO ÉS
Seu sorriso de meia lua exala uma brisa
Que embriaga e seduz
Meu corpo sugado por um gigantesco canudo de luz
Qual escada Magirus projeta minha alma no espaço
De onde misturo
Em um só ponto
Visões de eras passadas presente futuro
Por toda a Terra se espalha a guerra
E um mar de miséria econômica e espiritual
Mas vejo emergir a luz nos guetos
Apesar da nuvem escura de medo que paira
Oh Nana Oh Nana Oh Nana ...
Comandante da nave mãe do funk
Lampiã bandoleira cyberpunk
Coração na boca procura força
Na poça da ilusão
Evapora-se a espiã cósmica
Viúva negra noite de mil olhos
Me envolve e injeta o veneno
Sob as pétalas de Vênus
Eu amo mas não entendo
Nãnãnãnãnãnãnãnã não és humana
Não és humana não
Tava indo do nada pro lugar nenhum
Parei numa casinha em Cafarnaum
Entrei e vi um velho bêbado ele lia a Bíblia
Pela boca de um bode preto e branco que dizia
Je vous salue Marie , je vous salue Marie
Tava saindo da casa do japonês
Da menina do Lido outra vez virei freguês
Ela saiu da boate toda suada
No peito a língua dos Stones tatuada
Na cama do hotel cantou assim num tom confuso
A língua se enrolando como um parafuso
Je vous salue Marie , je vous salue Marie
Tava no meio do caminho da minha vida
Na selva de concreto atravessando a avenida
Pra ver o ninho da ave subi uma escada
Cada degrau da escada uma estrada bifurcada
Viola na porteira menino sentado
Dos lábios do menino mudo um fraseado
Je vous salue Marie , je vous salue Marie
JE VOUS
SALUE
MARIE
LADAINHA
DO MORTO
Com dezessete facadas na feira de Canabrava Amaro Sampaio Mello morreu por mim.
Com uma bala na testa no Engenho de Canamansa Francisco Bezerra Lima morreu por mim
Bordel de Valparaíso:
com um punhal na garganta Raquel Medina- a morena – morreu por mim.
Com seu fuzil já sem balas soldado de Ho Chi Minh Cao Cih aos doze anos morreu por mim.
Hans Alfred von Ahlenfeld com a cabeça arrancada por uma granada russa morreu por mim.
Um conde de Budapeste no Ponto Euxino um Ovídio em Bucareste outro Ovídio morreu por mim.
O poeta Mandelstamm não terminou seu soneto em sua prisão na Rússia morreu por mim.
Landsberg era alemão era grego e era judeu
no campo dos concentrados morreu por mim.
Sansão sem olhos em Gaza entre as ruínas do templo destroçando os filisteus morreu por mim.
Na rua Bento Lisboa com carta de despedida Marina bebeu veneno morreu por mim. Iracema abriu o gás Ana Lúcia abriu as veias um tiro na boca – Mary morreu por mim.
Em Belém Mafalda flor da beleza palestina
pisou na bomba entre relvas morreu por mim.
Na Polônia na Rumânia cada Raquel cada Sara mirando o fuzil da Prússia morreu por mim.
Em paredones de Havana o frade de São Francisco benzendo Paco Figueres morreu por mim.
E nas ruas de Manágua padre Ernesto Cardenal um guerrilheiro sandino morreu por mim.
No mesmo dia de sol na rua de Pablo Cuadra um “contra”de quinze anos morreu por mim.
O jangadeiro Jerônimo nos verdes mares bravios alagado pelas águas
morreu por mim.
Em Lavras da Mangabeira poeta Dimas Macedo
um irmão da Coronela morreu por mim.
O poeta Kusakabe
ouviu o estouro da bomba deu um grito em Hiroshima morreu por mim.
Na praça de Little Rock com uma guitarra na mão o negro Bem baleado morreu por mim.
Heitor nos muros de Tróia Aquiles com o pé flechado Pátroclo com sua lança morreu por mim.
Em seu palácio Cleópatra a cobra mordendo o seio ninho de amores e aromas morreu por mim.
Punhal de Brutus no peito no sangue de sua toga
César meu rei meu pontífice morreu por mim.
O grego e o troiano o líbio o soldado o general
como Helena e Clitemnestra morreu por mim.
E Teresa de Cepeda
chamada Teresa de Ávila morrendo por não morrer morreu por mim.
Em Paris Jorge – e no Chile Baeza Pepe e Girola
Efraín, Napoleão, morreu por mim.
Nos campos em flor da França Jacques Alain e Charles
a flor-de-lis da esperança morreu por mim.
Cada cabra do sertão
cada matador de engenho cada jagunço da várzea morreu por mim.
Uma noite Margarida Olhou meu retrato triste Saltou a janela verde Morreu por mim. A afogada do Leblon o enforcado de Bangu a defunta do Encantado morreu por mim.
Um negro em Camaragibe um João em Tanque d’Arca uma cigana em Belgrado morreu por mim.
Fui pregado em duas cruzes e na cruz do meio um Deus depois de sete palavras morreu por mim.
Um por um eu os matei
um por um me assassinaram fui salvo por cada um
cada um morreu por mim. Estalo a língua na boca a morte no céu da boca tem gosto de vinho e mel vou gozando seu sabor: por cada um vou morrendo vou morrendo devagar. Amén.