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ALTERNATIVAS À VIOLÊNCIA NA ESCOLA: EDUCAÇÃO PARA UMA CULTURA DE PAZ

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Academic year: 2021

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UMA CULTURA DE PAZ

CASTELLANI, Adriane Lodi1 - UPF DE MARCO, Rosane Rigo2 - UPF BEDIN, Silvio Antonio3 - UPF Grupo de Trabalho - Violências nas Escolas Agência Financiadora: não contou com financiamento

Resumo

O presente artigo objetiva apresentar as principais ações desenvolvidas pelo Observatório da Juventude e de violências nas Escolas (Cátedra da UNESCO-UPF), grupo de pesquisa que os signatários integram especialmente o Projeto de Alternativas à Violência (PAV) que é desenvolvido, sob forma de oficinas, visando capacitar facilitadores para a resolução não violenta dos conflitos que emergem nos contextos escolares. O estudo foi realizado por meio de pesquisa bibliográfica e reflexões vivenciadas no grupo de pesquisa, nas oficinas do PAV e pelas observações em algumas escolas da Educação Básica aonde o projeto vem sendo desenvolvido. Conforme Maldonado, o uso abusivo de palavras ou ações que machucam as pessoas, o uso injusto do poder, bem como uso da força que resulta em ferimentos, sofrimento, tortura ou morte considera-se violência. Constatou-se que a escola tornou-se um lugar onde também ocorrem manifestações de violência, como a depredação escolar, as brigas entre alunos, os conflitos entre professores, alunos e pais e outras situações destrutivas vivenciadas cotidianamente pelos sujeitos que ali convivem. A partir de metodologias de intervenção e construção de um olhar clínico nos espaços compartilhados de escuta e diálogo, as manifestações de violência são observadas e trabalhadas, motivando o despertar da pessoa pela valorização de suas próprias capacidades e potencialidades, desconstruindo o caminho que leva à violência. Assim, o presente artigo apresenta a problemática da violência, analisa alguns aspectos do ser humano e suas relações, descreve sobre o Observatório da juventude e de violência nas escolas e identifica o Projeto Alternativas para a Violência- PAV como uma

1Acadêmica do V semestre de Pedagogia da Universidade de Passo Fundo. Acadêmica bolsista do Observatório

da Juventude e de violências nas escolas (Cátedra da UNESCO-UPF). E-mail: adriane_castellani@hotmail.com.

2 Mestre em Educação pela Universidade de Passo Fundo. Especialista em Orientação Educacional. Docente no

Curso de Pedagogia da UPF e no Curso de Pós-graduação lato sensu- Especialização em Orientação Educacional. Assessora na vice-reitoria de Graduação da UPF. Integrante do Projeto Observatório da Juventude e de violências nas escolas (Cátedra da UNESCO – UPF). E-mail: rosanerm@upf.br.

3 Mestre e Doutor em Educação pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Professor Adjunto

da Faculdade de Educação da Universidade de Passo Fundo. Coordenador do Observatório da Juventude e de violências nas escolas (Cátedra da UNESCO - UPF) – E-mail: sbedin@upf.br.

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possibilidade para o enfrentamento da violência e engajamento na construção de uma cultura de paz.

Palavras-chave: Observatório da Juventude. Violência. Educação para a paz. Introdução

O processo de transformação social, resultado principalmente dos avanços tecnológicos, está exigindo uma profunda reflexão sobre as situações de violências. Ao assistir televisão imergimos em um universo com conteúdos dos mais diversos significados e formas. As informações transmitidas, muitas vezes veladas, declaram muito sobre a sociedade em que vivemos. Certas produções emitidas pelos meios de comunicação expõem problemas de agressividade que tem tanto o poder de chocar como o de entreter as pessoas dependendo do contexto em que é exibido. As violências presentes nas mídias nada mais são do que a reprodução do que está sucedendo-se no contexto atual. A sociedade brasileira vem constituindo-se em um contexto de agressividade e violência tornando o Brasil, pelos dados do Anuário Brasileiro de Segurança Pública de 2011, como um dos países com maior população carcerária do mundo.

A problemática da violência

As observações e reflexões sobre os dados acima citados podem conduzir aos seguintes questionamentos: O que é violência, onde surgiu e que hábitos diários colaboram para a constituição desse fenômeno? Em que contextos sociais há maior abrangência da violência? Quais são as alternativas para o enfrentamento desta problemática? O processo que produz instabilidade emocional do sujeito a partir de situações em que esse é submetido ao domínio e controle de outro se constitui violência. Toda ação violenta implica práticas diversificadas configurando a violência como multidimensional e multifacetada, tornando-se um fenômeno complexo.

Maldonado (2012, p.12) define violência como “uso abusivo de palavras ou ações que machucam as pessoas. Uso abusivo ou injusto do poder, bem como uso da força que resulta em ferimentos, sofrimento, tortura ou morte.” A violência se manifesta de diversas formas e em diferentes contextos sociais. Segundo a autora há os seguintes tipos de violência: Violência estrutural e sistêmica; Violência doméstica intrafamiliar: violência física, o abuso psicológico, negligência e abandono e abuso sexual. A violência estrutural e sistêmica

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caracteriza-se por condições que a sociedade manifesta, como condições adversas e injustas com a população desfavorecida: “quadro de miséria, má distribuição de renda”, [...] “exploração de trabalhadores, crianças nas ruas” [...] “falta de condições mínimas para uma vida digna” [...] “falta de assistência em educação e saúde.” (MALDONADO, 2012, p.14) Essa violência é gerada pela transgressão dos direitos humanos e é considerada sistêmica, pois seu surgimento vem da prática autoritária que permeia a sociedade mesmo depois da Constituição de 1988. Existem vários tipos de violência doméstica em todas as classes sociais: a violência física (bater, beliscar, empurrar, chutar), a violência psicológica (humilhar e agredir com palavras), o abuso sexual, a negligência e o abandono. Em ambos os tipos de violência doméstica, poucas pessoas admitem e consideram suas práticas como violentas. Muitos dos casos mais graves como espancamento, distúrbios psicológicos gerados pela agressão com palavras e abuso sexual são justificados hereditariamente e culturalmente.

O ser humano e suas relações

Nesse contexto, considera-se o ser humano como único e constituindo–se por meio de suas relações com os outros. Quaisquer que sejam suas outras características, o indivíduo é uma organização singular, internamente consistente, de processos mentais e físicos. (ALLPORT, 1973, p. 25). A identidade constrói-se, numa dinâmica contínua e transformadora. Começa a partir das internalizações, de percepções, experiências e sentimentos que provém de fora. É o processo pelo qual a pessoa chega a conclusões a partir de experiências significativas em torno dela. Sendo assim, a identidade é algo inerente dos seres humanos, diferenciando-os dos animais. As situações vividas colaboram para a construção da identidade e personalidade, como as experiências individuais e coletivas na trajetória cultural, familiar, educacional, religiosa, fazendo com que este ser defina seus valores, vínculos afetivos e tradições que irá seguir. De acordo com Allport (1973), é dispensável ter conhecimento quanto ao estágio do desenvolvimento humano em que a personalidade acontece, mas é inevitável mencionar a cultura como fator decisivo para a formação desta.

A cultura é, em parte, um conjunto de invenções que surgiram em várias partes do mundo (ou em subgrupos de populações), a fim de tornar a vida eficiente e inteligível para mortais que enfrentam os mesmos problemas básicos da vida: nascimento, crescimento, morte, a busca de saúde, bem-estar e sentido. (ALLPORT, 1973, p. 216).

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Constata-se que é por meio da interação com o meio externo que a personalidade se desenvolve como condição interna do ser humano. “É a forma singular de um indivíduo perceber o seu ambiente e a si mesmo.” (STANGNER, 1961, apud ALLPORT, 1973, p. 344). A personalidade torna cada ser humano em um ser peculiar, possibilitando que este julgue o que é melhor para si, entretanto, suas escolhas podem alcançar a pessoa do outro.

De acordo com Maturana (1998) há dois períodos na vida do ser humano que resguardam situações que trarão conseqüências por toda a sua vida, a infância e a juventude:

Na infância, a criança vive o mundo em que se afunda sua possibilidade de converter-se num ser capaz de aceitar e respeitar o outro, a partir da aceitação e do respeito de si mesmo. Na juventude, experimenta-se a validade desse mundo de convivência na aceitação e no respeito pelo outro, a partir da aceitação e do respeito por si mesma, no começo de uma vida adulta social e individualmente responsável. (MATURANA, 1998, p. 29-30)

Nessa alternância nos constituímos pela convivência social através do contexto e da cultura na qual estamos inseridos. Reforçando essa ideia, Martin Buber (1974) explica que entre um EU e um TU há um espaço que não é vazio, é um abrigo de NÓS, constituído por uma agregação de um e de outro como indivíduos que se complementam. Para Buber (1974) é na presença do outro que a nossa existência ganha sentido de humanização.

Considerando as relações humanas e suas influências na construção da identidade e personalidade do sujeito, releva-se que nem sempre as situações de convívio e de troca de saberes, contribuem para uma boa formação pessoal. Nessa perspectiva de análise sobre como o meio interfere na constituição do eu (psicológico, social e cultural) percebe-se que o fenômeno da violência e suas facetas se faz presente em múltiplos lugares e a escola, instituição onde o sujeito passa boa parte de sua vida, constitui-se como um deles. Além dos variados desafios que a educação brasileira enfrenta cotidianamente como o analfabetismo, a evasão escolar, a educação de jovens e adultos entre outros, surge um novo ponto a ser estudado que há tempos permeia a sociedade, a violência agora no âmbito escolar. Observa-se que ultimamente a indisciplina tem-se desenvolvido com certa rapidez entre crianças e adolescentes. Explicado como ação cultural por buscar uma estabilização emocional, os jovens apresentam atitudes de desobediência e rebeldia para desafiar as autoridades que lhe rodeiam e para experimentar sua própria autonomia. Entretanto, é correto relevar estas ações consideradas popularmente como culturais? Até que ponto certas ações podem ser caracterizadas como indisciplina?

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Violência e paz são temas complexos, muitas vezes mascarados como indisciplina, entretanto, esses assuntos não se esgotam numa primeira análise, pois abrangem um vasto e complexo de causas e variáveis como já mencionadas. Cabe expor que muitas vezes a própria escola contribui com o processo de formação e consolidação da violência como quando concebe a relação direção, professor, aluno, família e funcionários como níveis de superioridade e inferioridade. Longe de constituir-se como um processo intelectual que pode ser estruturado em uma disciplina ou atividade complementar, a violência ocupa um espaço indimensionável no âmbito escolar que decorre de toda uma trajetória de vivências experienciadas muitas vezes diariamente.

Piaget afirma:

[...] podemos chegar a pensar que uma educação para a paz realmente eficaz deveria, em cada país e segundo o ponto de vista de cada um, enxertar-se na própria educação nacional [...]. O principal problema da educação para a paz é, com efeito, encontrar um interesse real que possa levar cada um a compreender o outro, em particular a compreender o adversário (PIAGET, 1998, p.133).

Promover a paz na escola constitui-se em um processo longo e desafiador. É preciso primeiramente analisar qual é o conceito de paz dos educadores. O desconhecimento sobre o assunto pode não só contribuir para ineficiência da ação como agravar a situação constatada como violenta. Compreendendo o fenômeno, o educador poderá intervir através de sua própria mudança tanto na sala de aula como em sua própria vida, como declara Freire: “Não sou apenas objeto da História, mas seu sujeito igualmente. No mundo da História, da cultura, da política, constato não para me adaptar, mas para mudar (1996. p.85-86).” Assim, o espaço escolar poderá ser transversalizado pela cultura da paz como prática pedagógica.

Descrição sobre o observatório da juventude e de violência nas escolas

Participando do grupo de pesquisa, o Observatório da Juventude e de Violências nas Escolas da Universidade de Passo Fundo, situado no município de Passo Fundo, no Rio Grande do Sul, constata-se a necessidade de construir ações mais eficazes para o enfrentamento da violência.

O projeto do Observatório da Juventude e de Violências nas Escolas foi proposto no ano de 2010, a partir de um convênio celebrado entre a Universidade de Passo Fundo e Cátedra da UNESCO de Juventude, Educação e Sociedade, representada pela Universidade Católica de Brasília. Seu surgimento nasceu de uma demanda social expressa em dados de pesquisa no

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âmbito nacional e internacional que apontam para significativas expressões de violência às quais está exposta a população juvenil no Brasil e no mundo. A propositura do projeto veio justamente ao encontro da necessidade de se produzirem dados, estatísticas e indicadores sobre a violência juvenil e a violência escolar no município de Passo Fundo e região. O Observatório tem como objetivo geral consolidar um centro de referência no desenvolvimento de intervenções e produção de conhecimentos relacionados à juventude e violências nas escolas, visando realizar ações (ensino, pesquisa e extensão), voltadas ao enfrentamento da problemática. Entre essas ações está a construção de um canal de comunicação junto às escolas, através de oficinas de escuta junto a escolas da rede municipal e estadual de educação do município de Passo Fundo, que vem propiciando o levantamento de dados e informações sobre as particularidades da realidade local e regional. Compreende-se que a elaboração de um diagnóstico dessa natureza e amplitude é um processo complexo que precisa ser realizado sob uma perspectiva interdisciplinar, característica central do projeto do Observatório da Juventude e de Violências nas escolas. Do mesmo modo, um diagnóstico adequado precisa levar em conta a implicação e envolvimento da população alvo das ações que serão propostas a partir dele, processo que exige intenso planejamento, organização e tem implícito uma dimensão política importante que precisa ser construída com todos aqueles envolvidos no processo, o que exige o desenvolvimento de um processo de médio e longo prazo.

Há também um subprojeto, cuja análise é priorizada neste artigo, o Projeto Alternativas à Violência4 que propõe contribuir com processos educativos voltados à educação para paz oferecendo a sujeitos mobilizados, instrumentos teórico-metodológicos que remetam a novas formas de pensar e agir, possibilitando para os aprendizados de ser e de conviver em sociedade. O Curso tem como objetivo fundamental fomentar a formação de facilitadores para a resolução não violenta de conflitos, metodologia pautada numa lógica de diálogo e de comunicação intersubjetiva, criação de vínculos ético-estéticos e afetivos grupais, de compartilhamento de ações comuns em prol de uma cultura de paz.

O Projeto de Alternativas à Violência (PAV) constitui-se como projeto de formação, desenvolvido sob forma de oficinas, de 20 horas cada, onde são usadas dinâmicas que estimulam as pessoas no processo de descoberta de si e dos outros na convivência social. As oficinas de resolução de conflitos são constituídas de grupos com até 20 participantes, que são

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O projeto de Alternativas às Violências (PAV) nasceu nos EUA com a finalidade de contribuir com resolução dos conflitos nos presídios americanos. Hoje está constituído em movimento internacional, presente em mais de 30 países.

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atendidos sempre por três facilitadores habilitados pelo SERPAZ5 e ECOPAZ6, entidades parceiras deste projeto.

As oficinas se constituem em estratégias de capacitação na prevenção de violências e resolução de conflitos, promovendo a vivência dos valores humanos nos espaços coletivos. Através de práticas de comunicação efetiva e afetiva, de forma dinâmica e interativa, as oficinas estimulam a afirmação subjetiva, de auto-estima, autoconfiança gerando sentimentos de pertença a uma comunidade de vida; incidem no empoderamento pessoal e do grupo, desenvolvendo vínculos ético-afetivos fundados no diálogo, confiança, tolerância, cooperação, solidariedade, geradores de participação, construção de consensos, compromissos e ações nos espaços comunitários e na sociedade. Utilizam-se da metodologia da reflexão sobre as ações, focando as emoções e as causas geradoras de conflitos e violências no cotidiano, levando a ações que contribuam para a sua prevenção e resolução. Desta forma, contribuem para a criação de valores de uma Cultura de Paz fundada no reconhecimento e promoção dos Direitos Humanos.

Há cinco tipos de oficinas proporcionadas pelo PAV:

a) Oficina de Sensibilização (4hs): promove dinâmica e vivências que criam disposições de abertura para olhar, sentir e pensar a si e ao outro como legítimo outro, favorecendo a criação de vínculos e relações saudáveis na convivência social.

b) Oficina Básica (20hs): focaliza a construção de vínculos de pertença a uma comunidade de vida, trabalha as habilidades básicas de resolução de conflitos, desenvolvendo a auto-estima, autoconfiança, solidariedade e cooperação no grupo.

c) Oficina Avançada (20hs): promove vivências e reflexões de situações geradoras de conflitos e violências: injustiças sociais, preconceitos, discriminações; busca aprofundar as raízes subjetivas da violência, trabalhando as suas emoções originárias. Desenvolve habilidades de diálogos intersubjetivos, a partir de pautas comuns e da construção de consensos na convivência social.

5 O SERPAZ, com sede em São Leopoldo (RS) foi criado pelo Pastor Luterano Ricardo Wängen, de

nacionalidade norte-americana, Ricardo foi soldado e lutou na Segunda Guerra Mundial, quando, frente ao horror, viveu um processo de conversão radical de vida que o fez assumir a vida religiosa e a dedicar-se, no Brasil, a ser um soldado da paz. Ricardo zelou pela coordenação do SERPAZ (Serviço de Paz), até as partida em 14 de março de 2006. Conf. www.serpaz.org.br.

6 A ECOPAZ, com sede em Guaporé (RS), foi criada em 2007 por um por grupo multidisciplinar que acredita e

investe na educação como força mediadora na construção de uma cultura de paz, a partir de ações concretas no resgate de valores que qualifiquem o ser e o conviver nas instituições e desenvolvam uma consciência de cuidado consigo mesmo, com o outro e com o meio de pertença.

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d) Oficina de Capacitação de Facilitadores (20hs): focaliza o aprendizado de atuar como integrante de uma equipe, a auto-avaliar (se) nos processos de integração grupal, desenvolvendo autoconfiança e espírito de liderança, aprendendo a facilitar e construir valores de pertença a uma comunidade de vida.

e) Oficinas e Estudos de Manutenção e Aprofundamento: oferece condições de continuidade ao fortalecimento dos vínculos de grupo, às ações afirmativas de cultivo e de reforço do poder transformador, bem como ao estudo e aprofundamento de perspectivas da educação como formação humana, centrada na gestão e na ética do cuidado consigo mesmo, com o outro, com a vida.

Foram realizadas até o momento três oficinas de sensibilização, três oficinas básicas, duas oficinas avançadas, uma oficina de capacitação de facilitadores, e uma oficina e estudo de manutenção e aprofundamento. Ao todo cento e vinte e três pessoas participaram de todas as oficinas desenvolvidas pelo Observatório.

A amplitude desse projeto vem promovendo um trabalho integrado de professores e alunos da Universidade de Passo Fundo em torno dos objetivos. Trata-se de uma temática instigante e desafiadora onde fontes precisam ser descortinadas, utilizando a própria violência como ferramenta para a mudança, criando alternativas para o que transversalisa todos os espaços sociais.

A partir de questionários de avaliação realizados ao final das oficinas desenvolvidas pode-se perceber a ânsia pela busca de um espaço em que se possa analisar e refletir o cotidiano. Os resultados apresentam-se através da tomada de consciência pelos participantes sobre a importância do seu protagonismo frentes às ações violentas e mudanças comportamentais nas relações interpessoais na Escola. E esta é a intenção do PAV, capacitar às pessoas para que aperfeiçoem seu potencial de mudança e trabalhem as dimensões de poder e influência em vista de um maior engajamento na causa da paz.

Considerações Finais

Constata-se em determinados contextos, que a violência tornou-se algo comum, acontecendo em todo lugar e parecendo algo impossível de ter fim. A tendência é pensar na paz como um ideal distante, cabendo somente aos governantes e às ações de caráter mundial torná-la real. Entretanto perante os sujeitos que participam e se interessam pelo Projeto de Alternativas a Violência é impossível manter-se indiferente e acomodar-se frente à situação

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atual. Nas metodologias de intervenção e construção de um olhar clínico através da criação de espaços compartilhados de escuta e diálogo, as manifestações de violência são observadas e trabalhadas. Algumas iniciativas na Escola, tais como, a criação coletiva de normas de convivência, empoderamento de professores e pais, fortalecimento da gestão democrática e incentivo à liderança juvenil, fundamentadas nos valores de uma cultura de paz, tem contribuído para uma educação humanizadora.

REFERÊNCIAS

ALLPORT, Gordon Willard. Personalidade: padrões de desenvolvimento. 4ª ed. São Paulo: Editora Pedagógica e Universitária Ltda; Editora da Universidade de São Paulo, 1973. BUBER, Martin. Eu e tu. Introdução e tradução de Newton Aquiles Von Zuben. São Paulo: Moraes, 1974.

FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. 8ed. São Paulo: Paz e Terra, 1996.

MALDONADO, Maria Tereza. O que é violência? Expressões e raízes. In:______. Os

construtores da paz: caminhos da prevenção da violência. 3 ed. São Paulo: Moderna, 2012.

cap.1, p. 12 - 46.

MATURANA, Humberto. Emoções e linguagem na educação e na política. Tradução de José F.C. Fortes. Belo Horizonte: UFMG, 1998.

PIAGET, Jean. Sobre a Pedagogia. Textos Inéditos. PARRAT, S.; TRYPHON, A. (Org.). São Paulo: Casa do Psicólogo, 1998.

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